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CONHECIMENTOS GERAIS/ATUALIDADES

CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO RUSSA (1917)

ATUALIDADES

O centenário da Revolução Russa é importante para se revisar e repensar esse que foi um dos
eventos mais significativos da história contemporânea.

Que importância tem o centenário da Revolução Russa?

Em 2017, a Revolução Russa completa cem anos. A revolução que ocorreu em duas fases do
ano de 1917 foi um dos principais acontecimentos da história mundial. Isso porque foi a
primeira tentativa de se instaurar o sistema comunista em um país após décadas de
discussões teóricas derivadas do pensamento marxista e de levantes de menor porte, como
a Comuna de Paris, ocorrida em 1871.

Para além de quaisquer apologias ou objeções ideológicas a esse acontecimento, revisitar e


estudar a fundo a Revolução Russa é importante por vários motivos. Um deles, e o principal, é
o fato de que foi a partir dos desdobramentos dessa revolução que, em toda a segunda
metade do século XX, o mundo viu-se dividido em dois sistemas político-ideológicos – um dos
traços definidores da chamada Guerra Fria. Além disso, os vestibulares e o Enem certamente
explorarão alguns pontos dessa temática.

Como ocorreu a Revolução Russa?

A Revolução Russa de 1917 teve um “ensaio” iniciado em São Petersburgo – antiga capital da
Rússia – no ano de 1905. A Rússia ainda estava sob o regime czarista, com Nicolau II à frente
do poder procurando inserir-se na estrutura da economia industrial. Nas cidades, os primeiros
industriais (donos de fábricas) lidavam de forma autoritária e, não raro, brutal com os
operários. Em 9 de janeiro de 1905, uma massa de trabalhadores marchou em direção ao
Palácio de Inverno do czar com o objetivo de entregar-lhe uma lista de reivindicações para a
melhoria das condições de trabalho nas fábricas. A reação da guarda do palácio foi violenta.
Milhares de pessoas foram alvejadas com tiros; centenas morreram. O fato ficou conhecido
como Domingo Sangrento.

Desse fato irrompeu a primeira tentativa de revolução. Operários, camponeses e militantes


políticos que estavam na clandestinidade, como os próprios bolcheviques, procuraram
articular-se em conjunto com vistas a pressionar o czar e a aristocracia russa. A pressão,
contudo, não redundou na efetiva revolução, mas em uma relativa abertura política
promovida pelo czar, que abriu o espaço da Duma (Assembleia).

O fator revolucionário propriamente dito começou em fevereiro de 1917. O Império Russo,


como é sabido, entrou na Primeira Guerra contra o Império Alemão e os aliados deste.
Entretanto, o exército russo estava obsoleto, sem equipamentos ou mesmo mantimentos
adequados, de modo que milhares de soldados desertaram em massa, forçando a saída da
Rússia da Primeira Guerra Mundial.

A massa de soldados desertores passou a se juntar aos trabalhadores e aos partidos


revolucionários insatisfeitos com a política czarista. Em fevereiro, tendo como estopim greves
gerais promovidas por mulheres operárias, aconteceu o primeiro estágio da Revolução,
quando as forças moderadas (democratas) e as forças radicais revolucionárias conseguiram
fazer com que Nicolau II abdicasse do trono.

A partir de então, foi formado um Governo Provisório, que se caracterizou pelo “Duplo
Poder”: a Duma, com representação parlamentar mais hierarquizada, e os sovietes, conselhos
populares revolucionários. Entre os líderes que organizavam as massas dos sovietes, estavam
os bolcheviques, partidários da revolução radical com base na tradição marxista. Entre os
principais líderes bolcheviques, podemos citar: Lenin, Trostky, Kalinin e Stalin. Com o lema de
“todo o poder aos sovietes”, os bolcheviques “completaram” o processo revolucionário,
sobrepondo-se, em outubro de 1917, aos outros partidos políticos do governo provisório, com
representação na Duma.

Guerra Civil Russa

A ascensão dos bolcheviques e a execução dos planos de um partido único, centralizado, e da


ditadura do operariado provocaram a Guerra Civil Russa, que durou de 1918 a 1921. Nessa
guerra, o Exército Vermelho (comandado pelos bolcheviques) enfrentou os Exércitos Branco,
Verde e Negro, formados por opositores – desde conservadores representados pela Duma até
anarquistas ucranianos, como Nestor Makhno.

SUSPENSÃO DA VENEZUELA DO MERCOSUL

ATUALIDADES

O descumprimento de regras do bloco foi a justificativa oficial para a suspensão da Venezuela


do Mercosul. Entretanto, outros fatores podem ter contribuído para a sanção.

A Venezuela foi suspensa do Mercosul em dezembro de 2016, vamos, neste artigo, discorrer
sobre os motivos que resultaram nessa penalidade. Vamos lá?

Primeiro, vamos entender o que é o Mercosul: é um bloco econômico fundado em 1991 por
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, países classificados como membros plenos do bloco. A
Venezuela, até então, também figurava nessa categoria – embora não fosse um dos países
fundadores, pois sua adesão ocorreu em 2012. No entanto, uma série de motivações culminou
na suspensão da Venezuela no final de 2016.

Então! O que fez com que a Venezuela fosse suspensa do Mercosul?

Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, membros efetivos (ou plenos) do Mercosul, com direito a
voto, anunciaram, em 02 de dezembro de 2016, a suspensão – por prazo indeterminado – da
Venezuela do Mercosul. O documento que anuncia a suspensão, justifica que a sansão é fruto
do desrespeito às regras do bloco econômico, no entanto, o fundamento para a sentença não
se restringe apenas a esse aspecto técnico.

Fazendo uma consideração ampla, que contempla fatores que influenciaram na decisão dos
membros efetivos do bloco, encontramos diversos elementos. Vamos à análise?

→ MoBvações de ordem técnica

A alegação contida no documento de suspensão é a de que a Venezuela deixou de cumprir


com os compromissos assumidos na sua adesão ao Mercosul, em razão disso perdeu todos os
direitos de participação no bloco. De acordo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a
Venezuela renunciou à obrigação do cumprimento de significativa parcela das normas
estabelecidas no Protocolo de Adesão ao bloco econômico.

A Venezuela cumpriu apenas 25% do total de tratados e apenas 80% das mais de 1200 normas
técnicas que constam do tratado de adesão e das normas do bloco econômico. Formalidades
classificadas como essenciais pelos demais membros do bloco. A mais significativa delas seria o
Acordo de Complementação Econômica 18 que estabelece a Tarifa Externa Comum – TEC (que
estabelece uma taxa única de tarifação sobre produtos exportados para países de fora do
bloco) e um programa que visa eliminar as barreiras tarifárias dentro do bloco. Esse acordo é
entendido como a base normativa do tratado comercial do Mercosul.

Embora outras nações – como a Argentina – descumpram uma série de normas internas sem
serem penalizadas, a Venezuela teve a punição da suspensão, teoricamente, em razão de
outros fatores agravantes.

→ MoBvações de ordem política

O processo de adesão da Venezuela ao Mercosul foi cercado de controvérsias. A sua entrada


como membro permanente, em 2012, ocorreu no mesmo período da suspensão do Paraguai.
A entrada da Venezuela foi favorecida pelo apoio dado pelos governos brasileiro e argentino (à
época exercidos pelas presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner). Segundo analistas, a
entrada da Venezuela no bloco se deu prioritariamente por razões de ordem política, embora
o Mercosul possua foco nas relações comerciais entre os países.

A saída da presidente brasileira Dilma Rousseff, que foi alvo de impeachment em agosto de
2016, e a consequente posse de Michel Temer, além da eleição de Maurício Macri na
Argentina (os dois opositores políticos de suas antecessoras), promoveu uma mudança na
direção da política no Mercosul.

O Brasil, nação com maior poderio econômico e, por consequência, com maior importância
política, contou com o apoio da Argentina e do Paraguai para decidir a respeito da retirada da
Venezuela, que expressa direção política, em muitos aspectos, em forte oposição aos demais
membros plenos do Mercosul. Esse conjunto de fatores de ordem política, entre outros, teria
intensificado a orientação do grupo de sancionar a Venezuela com a sua suspensão do bloco.

A postura de Nicolás Maduro (presidente da Venezuela em 2016) – por muitos considerada


ditatorial e antidemocrática – também teria sido considerada na decisão de suspensão da
Venezuela do Mercosul, já que o polêmico governante também coleciona acusações de
violação dos direitos humanos.

→ Outras moBvações

A extrema dependência da economia venezuelana em relação ao petróleo sempre foi alvo de


preocupação, embora não se configurasse verdadeiramente como um problema. O petróleo
manteve, durante um longo período, um valor de comercialização em nível elevado. As
significativas reservas de combustível fóssil proporcionaram ao país períodos de tranquilidade
econômica e ele chegou a ser a nação mais rica da América do Sul. Entretanto, esses ventos de
prosperidade econômica começaram a mudar de direção a partir do ano de 2013. O valor pago
ao barril do petróleo despencou desde então, o que provocou uma grave crise econômica na
Venezuela.

Em 2016 a crise alcançou proporções inacreditáveis. O país sofre com a falta de produtos e
serviços básicos como alimentos, água e energia elétrica.

O Mercosul, como a maior parte dos blocos de países, possui interesses fundamentalmente
econômicos. A situação caótica que a economia venezuelana vivencia influenciou de maneira
significativa para o fim da condescendência em relação ao desrespeito às normas do bloco,
que culminou em sua suspensão – por prazo indeterminado - como membro efetivo do bloco.

E no vestibular ou Enem?

A suspensão da Venezuela envolve temas das Ciências Humanas que necessitam ser
compreendidos de forma ampla, para que a análise do estudante seja completa. Temas
relacionados ao mercado e geopolítica do petróleo, blocos econômicos, política e economia
regional e mundial podem ser abordados por questões envolvendo a temática analisada.

MORTE DE FIDEL CASTRO

ATUALIDADES

A morte de Fidel Castro pode ser um “gatilho” para reavivar debates sobre sua figura e sobre a
Revolução Cubana, e isso pode repercutir nos vestibulares e no Enem.

A morte de Fidel Castro Ruiz, que foi líder do Partido Comunista de Cuba, presidente e ditador
do país caribenho, ocorreu em 25 de novembro de 2016. Morto aos 90 anos de idade, Castro
foi o comandante-em-chefe da Revolução Cubana de 1959. Sua morte tende a reforçar os
debates sobre a sua trajetória política no meio jornalístico, universitário, político e intelectual
de forma geral. Do mesmo modo, os conteúdos escolares relacionados à sua figura, como os
fatos antecedentes à revolução, o próprio processo revolucionário de 1959, a adesão ao
comunismo, entre outros aspectos, poderão ser recorrentes nos vestibulares e no Enem do
próximo ano.
Pensando nisso, selecionamos algumas questões elaboradas por universidades há alguns anos
que abordaram esses temas. O objetivo é tentar vislumbrar o que poderá ser cobrado em
questões futuras.

Questões sobre Fidel Castro e a Revolução Cubana

Vejamos a primeira questão, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV):

Em janeiro de 1959, tropas revolucionárias comandadas por Fidel Castro tomaram o poder em
Cuba. A luta revolucionária:

a) foi dirigida por uma guerrilha comunista que pôde derrotar o exército de Fulgêncio Batista,
graças ao apoio militar oferecido pela União Soviética.
b) foi dirigida pelo Partido Comunista de Cuba, que conseguiu mobilizar camponeses e
trabalhadores urbanos contra a ditadura de Fulgêncio Batista.
c) foi dirigida por dissidentes do governo de Fulgêncio Batista, com apoio inicial do governo dos
Estados Unidos, interessado em democratizar a região do Caribe.
d) foi dirigida por uma guerrilha nacionalista e anti-imperialista, que angariou apoios da
oposição burguesa e de setores da esquerda cubana.
e) foi dirigida por um movimento camponês espontâneo que, gradativamente, foi controlado
pelos comunistas liderados por Fidel Castro.

A alternativa correta dessa questão é a letra D. Explicamos o porquê: Fidel Castro só passou a
ser declaradamente comunista a partir de 1961, seguindo uma linha especificamente de
orientação marxista-leninista. E o Partido Comunista de Cuba (PCC) só foi criado em 1965.
Antes disso, Castro havia entrado para a vida revolucionária, estabelecendo conexões com
socialistas cubanos de orientação nacionalista e – como eles próprios diziam – anti-
imperialistas, isto é, contrários à influência dos Estados Unidos na ilha. Além disso, o
movimento revolucionário organizado por ele, Che Guevara, Raul Castro e outros no México,
o Movimento Revolucionário 26 de Julho, teve tanto o apoio dos socialistas quanto o da
burguesia cubana contrária ao governo de Fulgêncio Batista.

Curiosamente, vale dizer que os comunistas cubanos (ligados à Internacional Comunista)


apoiavam Batista e eram contrários a Fidel. Vale dizer também que foi da guerrilha montada
por Castro, no México, que nasceu o foco que se instalou em Sierra Maestra, ao Sul de Cuba. O
nome do movimento era 26 de Julho porque fazia referência ao Assalto ao Quartel Moncada,
liderado por Fidel Castro e ocorrido nesse dia, no ano de 1953.

Passemos à segunda questão, elaborada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR):

A Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, estimulou a intelectualidade de esquerda na


América Latina na busca por um futuro melhor para os povos latino-americanos.

Em relação à Revolução Cubana, é CORRETO afirmar que:

01. a tomada do palácio La Moneda deu início ao processo revolucionário em Cuba.


02. contou com a participação decisiva do grupo guerrilheiro de inspiração marxista chamado
Sendero Luminoso.
04. no processo da Revolução, o governo corrupto e repressivo de Fulgêncio Batista foi
derrubado do poder por meio de um golpe apoiado pelos EUA.
08. na década de 1950, a economia cubana, controlada por capital norte-americano, baseava-
se fundamentalmente na produção de açúcar.
16. com a vitória da Revolução, empresas foram estatizadas e as propriedades rurais
submetidas à reforma agrária. Em represália, os EUA suspenderam a compra do açúcar
cubano, criando dificuldades econômicas e forçando Cuba a se aproximar da URSS.
32. teve início em 1959 e o seu significado para a América Latina equivale ao significado que a
Revolução Russa (1917) teve para a Europa e a Revolução japonesa (1949) para a Ásia.

A resposta correta dessa questão é: 08 + 16 = 24. Novamente, a Revolução Cubana não foi, de
início, um movimento comunista, no sentido estrito, mas uma mescla de tendências
nacionalistas, socialistas e anti-imperialistas muito específicas. Desse modo, o número 32 pode
ser excluído, visto que, ao contrário das revoluções russa e chinesa, não houve o emprego da
estratégia comunista propriamente dita.

O número 04 está incorreto pelo mesmo motivo, já que, sendo uma revolução anti-
imperialista, o apoio dos EUA não existiu – salvo o apoio de alguns cidadãos cubanos radicados
nos EUA à época. O número 02 está incorreto pelo fato de o grupo marxista Sendero
Luminoso (também inspirado em Mao Tsé-Tung) ter aparecido no Peru, e não em Cuba, e em
1964, portanto, alguns anos após a Revolução Cubana.

Já o fato descrito no número 01 também está incorreto porque não ocorreu em Cuba, mas,
sim, em Santigo do Chile, em 1985 – tendo sido uma ação do grupo M-19, patrocinado pelo
narcotraficante Pablo Escobar. As opções corretas, então, são as de número 08 e 16.

Segue a terceira questão, elaborada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie:

O episódio conhecido como “a crise dos mísseis”, de 1962, que pôs em grande risco a paz
mundial, resultou da:
a) invasão do território sul-coreano pelo exército da Coreia do Norte, então apoiada pela União
Soviética e pela China.
b) intervenção militar realizada pela URSS na Hungria, com a ocupação de Budapeste e a
deposição de I. Nagy.
c) descoberta, pelos EUA, dos trabalhos de instalação de armas nucleares soviéticas em Cuba.
d) ereção de um muro em Berlim, pelo governo comunista, dividindo fisicamente a cidade e a
República Democrática Alemã.
e) ruptura das relações diplomáticas entre a China e a URSS, em razão das acusações de
“revisionismo” feitas pelo PCC a dirigentes soviéticos.

A alternativa correta da questão é a letra C. O episódio da “Crise dos Mísseis” é um dos mais
emblemáticos da Guerra Fria e, especificamente, da história de Cuba no tempo de Castro. A
crise desencadeou-se após a descoberta, por parte dos EUA, em outubro de 1961, de
instalações de mísseis balísticos de médio alcance em solo cubano contendo ogivas nucleares.
As instalações foram feitas pela URSS, mediante acordo entre Nikita Krutschev e Fidel Castro,
como forma de fazer pressão geopolítica no continente americano. O mundo esteve à beira de
uma guerra nuclear, mas o impasse foi resolvido com um acordo definido em 28 do mesmo
mês: os EUA prometeram não alimentar nenhuma tentativa contrarrevolucionária contra
Cuba, como foi a invasão da Baía dos Porcos, bem como se comprometeu a retirar mísseis
balísticos de mesmo teor de bases da Turquia.

Vejamos a quarta e última questão, elaborada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ):

A partir da década de 1990, a resistência à hegemonia dos EUA na América Latina se fortaleceu
com o surgimento de lideranças nacionais que constituem a chamada "nova esquerda latino-
americana". O ano de 2008 colocou um ponto de interrogação nesse processo, o que pode
ocasionar mudanças capazes de enfraquecer essa composição política.

Essa nova conjuntura está relacionada a possíveis alterações em:


a) sistema econômico cubano com a renúncia de Fidel Castro
b) política externa boliviana com a vitória eleitoral de Evo Morales
c) regime tarifário brasileiro com a retomada do diálogo entre os países do Mercosul
d) estrutura agrícola paraguaia com a ação das forças de direita do governo recém-eleito

A alternativa correta é a letra A. Há a referência direta ao fato da Renúncia de Fidel Castro,


que ocorreu em 19 de fevereiro de 2008 por alegados motivos de saúde. A renúncia foi
informada pelo jornal oficial do Partido Comunista de Cuba, o Granma. No lugar de Castro,
assumiu o seu irmão, Raul, que, junto ao presidente estadunidense, Barack Obama, anunciou,
em 17 de dezembro de 2014, a retomada de relações diplomáticas entre os dois países. Isso
implicou os seguintes pontos, entre outros tantos: autorização de vendas e exportações de
bens e serviços dos EUA para Cuba, início de auxílio a Cuba na área de telecomunicações e
internet e a facilitação da viagem de americanos a Cuba.

AIDS NA ATUALIDADE: TRATAMENTO E CURA

ATUALIDADES

Na atualidade, a AIDS ainda causa a morte de várias pessoas, entretanto, percebe-se um


grande avanço nos estudos relacionados com a cura dessa doença.

Recentemente vimos nos noticiários reportagens que citavam uma possível cura para
a AIDS, uma doença sexualmente transmissível que mata várias pessoas todos os anos.
Apesar da necessidade de um acompanhamento maior do paciente para afirmar que houve
cura, o novo tratamento pode ser considerado uma esperança para as pessoas que sofrem
com os impactos da doença no campo físico e também pessoal.

Por ser um tema extremamente relevante não só para o Brasil, mas para todo o mundo, é
importante estar atento às notícias relacionadas ao assunto, pois elas podem ser material para
a criação de questões do Enem e de vestibulares. Diante disso, esclareceremos alguns pontos
relevantes sobre a AIDS, os tratamentos disponíveis e como o tema pode ser abordado em
provas.

→ O que é a AIDS e como o HIV age no organismo humano?


A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma doença causada pelo retrovírus HIV
(sigla utilizada para vírus da imunodeficiência humana) e que tem por principal característica
o efeito danoso causado ao sistema imunológicodo doente. Pessoas com essa doença têm
suas células de defesa atacadas, tornando-se mais vulneráveis a outras enfermidades.

O HIV, ao entrar no organismo humano, ataca as células de defesa, mais precisamente


os linfócitos T CD4+. Nessas células, o HIV divide-se e, ao final do processo, promove a lise da
estrutura, ou seja, o rompimento da célula. O vírus continua a infecção, procurando outros
linfócitos para sua reprodução.

→ Ser portador do HIV e ter AIDS é a mesma coisa?

Ser portador do vírus HIV não significa que uma pessoa tem AIDS. Muitas vezes os afetados
passam anos com o vírus sem apresentar nenhum sintoma da doença. Infelizmente, por não
causar sintomas específicos, uma pessoa portadora do HIV pode viver por um longo período
sem saber que possui o vírus e, consequentemente, transmitir a doença mais facilmente para
outras pessoas, principalmente por meio de sexo desprotegido.

→ Quais são os sintomas da infecção por HIV?

Inicialmente, os sintomas causados pela infecção por HIV são muito inespecíficos, restringindo-
se a uma febre e a um pequeno mal-estar. Depois dessa fase, inicia-se a fase
assintomática, que pode durar um tempo variável de acordo com o organismo do portador. À
medida que as células de defesa são afetadas, o organismo torna-se cada vez mais fraco e
inicia-se, então, a fase sintomática.

Na fase sintomática inicial, observa-se um grande queda dos níveis de linfócitos T CD4+, o
que vem acompanhado de sintomas como febre, suores noturnos, diarreia e
emagrecimento. Com o tempo, a diminuição das células de defesa acaba levando ao
surgimento de doenças oportunistas. Nesse estágio, o indivíduo passa de portador de HIV
para um paciente com AIDS.

→ Quais são os tratamentos para AIDS atualmente disponíveis?

O tratamento da AIDS é feito com o uso de antirretrovirais, os quais impedem a multiplicação


exagerada do vírus. Esse tratamento não possui a função de matar o vírus, estando
relacionado apenas com o retardo da doença e, consequentemente, com o enfraquecimento
do sistema imunológico.

→ A cura realmente foi encontrada?

Pesquisadores do Reino Unido anunciaram, em outubro de 2016, que um paciente havia sido
curado por meio de uma combinação de medicamentos que causou a morte de todos os
vírus presentes no organismo. A técnica baseia-se na introdução de uma vacina que permite
que o organismo identifique as células infectadas e na administração de um medicamento que
ativa as células com o vírus dormente para que elas possam ser também identificadas pelo
sistema imunológico.
Os pesquisadores destacaram, no entanto, que, apesar da cura aparente, é necessária uma
avaliação por pelo menos cinco anos. Isso se deve ao fato de que, anteriormente, outros
tratamentos funcionaram inicialmente, entretanto, o vírus voltou a ser identificado no
organismo.

É importante salientar que uma pessoa já se curou da AIDS após a realização de transplante
de medula óssea para tentar reverter um quadro de leucemia. O paciente recebeu uma
medula de um doador que apresentava uma resistência natural ao vírus.

→ Como o tema AIDS pode ser abordado no Enem?

A Saúde Pública é bastante cobrada em provas do Enem e, com essa doença, não seria
diferente. A AIDS já foi cobrada em questões que abordaram os conceitos de vacina e também
em questões que tratavam da prevenção dessa doença. Veja a seguir uma questão de 2015
sobre o tema:

(Enem 2015) Um gel vaginal poderá ser um recurso para as mulheres na prevenção contra a
AIDS. Esse produto tem como princípio ativo um composto que inibe a transcriptase reversa
viral.

Essa ação inibidora é importante, pois a referida enzima

a) corta a dupla-hélice do DNA, produzindo um molde para o RNA viral.

b) produz moléculas de DNA viral que vão infectar células sadias.

c) polimeriza molécula de DNA, tendo como molde o RNA viral.

d) promove a entrada do vírus da AIDS nos linfócitos T.

e) sintetiza os nucleotídeos que compõem o DNA viral.

Resolução: Como o HIV é um retrovírus, é encontrada uma enzima conhecida como


transcriptase reversa, que faz uma transcrição inversa por meio de uma molécula de RNA
como molde para fabricar uma molécula de DNA.

IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF

ATUALIDADES

O Impeachment de Dilma Rousseff foi um dos acontecimentos recentes mais importantes do


Brasil, do ponto de vista político, e precisa ser estudado desde já.

Em 31 de agosto de 2016, a presidente do Brasil, Dilma Vana Rousseff, foi destituída do cargo
após a conclusão de um processo de impeachment, aberto contra ela em 12 de maio do
mesmo ano. Entretanto, Dilma Rousseff não perdeu seus direitos políticos com a destituição,
isto é, não ficou inabilitada para exercer cargos públicos por um período de oito anos, como
prevê a Constituição Federal em seu artigo 52. Neste texto, além de explicarmos como
ocorreu esse acontecimento, também indicaremos alguns temas históricos correlatos que
podem ser alvos de questões de vestibulares e do Enem nos próximos anos.

• Acolhimento do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados

Ao longo do ano de 2015, a Câmara dos Deputados, então presidida pelo


deputado Eduardo Cunha (PMDB), recebeu 50 pedidos de impeachment contra a presidente
Dilma Rousseff. Desses pedidos, 39 foram rejeitados por não apresentarem provas e
argumentos satisfatórios. Dos 11 restantes, Eduardo Cunha acolheu, em 2 de dezembro,
aquele que foi protocolado em 15 de outubro. Esse pedido foi elaborado pelos juristas Miguel
Reale Jr., Janaína Conceição Paschoal e Hélio Bicudo e subscrito por três líderes de
movimentos populares que articularam parte da massa de pessoas que foi para as ruas em
várias cidades do país em 2015, sobretudo em 15 de março. São eles: Kim Patroca
Kataguiri (Movimento Brasil Livre – MBL), Rogério Chequer (Vem Pra Rua) e Carla Zambelli
Salgado (Movimento Contra a Corrupção).

• Abertura do processo e afastamento da presidente

O pedido foi encaminhado ao plenário da Câmara para ser votada a sua admissibilidade. A
votação ocorreu no dia 17 de abril de 2016. 367 deputados federais foram favoráveis e 137
votaram contra. Aos doze dias do mês seguinte, foi a vez de o plenário do Senado Federal
votar contra ou favor da abertura do processo de impeachment. 55 senadores votaram a favor
e 22, contra. Sendo assim, o processo estava oficialmente em curso e, como previsto no texto
constitucional, Dilma Rousseff teve que se afastar temporariamente do cargo. Seu
vice, Michel Temer, assumiu interinamente o posto.

• Argumentos da acusação e da defesa

Segundo a Constituição Federal do Brasil, durante o processo de impeachment, os senadores


desempenham função de juízes. Portanto, foi montada uma Comissão Especial de
Impeachment para apurar as denúncias do processo, ouvir testemunhas da acusação e da
defesa e debater política e juridicamente o caso.

No pedido que foi acolhido, os denunciantes formularam a acusação de crime de


responsabilidade contra a presidente Dilma com base no artigo 85 da Constituição Federal e
Lei 1. 079/1050. O argumento principal dizia respeito à violação, por parte da presidente, de
leis relativas ao orçamento e ao controle fiscal, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Essa violação teria sido cometida com a edição de
decretos de créditos suplementares sem a aprovação do Congresso Nacional e a realização de
operação de crédito com instituição financeira controlada pela União.

A defesa, que foi realizada pelo advogado José Eduardo Cardozo, bem como os senadores
partidários da presidente, justificou que a edição dos decretos consistia apenas em
autorização de gastos, sem impacto na realização da despesa, já que esta seria “controlada
pelos decretos de contingenciamento. Quanto a esse aspecto, no ano de 2015, o governo teria
promovido o maior contingenciamento da história e cumprido a meta vigente ao final do
exercício”. [1] Além disso, a defesa também argumentou que toda a realização do processo
de impeachment não tinha legitimidade porque não havia crime algum cometido por Dilma
Rousseff. Fez parte desse argumento a narrativa de que o processo, na verdade, era um
“golpe parlamentar”, orquestrado por alguns personagens da cena política, como Eduardo
Cunha e Michel Temer.

• Votação final

Finalizados os trâmites da Comissão Especial de Impeachment, o processo seguiu para sua fase
final, que transcorreu durante os dias 29, 30 e 31 de agosto de 2016. No primeiro dia, a
presidente Dilma foi ao plenário do Senado Federal fazer a sua defesa e responder aos
questionamentos dos senadores. Depois, acusação e defesa fizeram seus discursos finais,
seguidos pelos discursos, também finais, dos senadores contra e a favor do impeachment. No
dia 31, houve a votação decisiva.

Todavia, antes que tivesse início, o primeiro-secretário do Senado, senador Vicentinho Alves,
apresentou um requerimento da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) – partido da
Presidente da República – que pedia o destaque do texto da votação que fala da penalidade
aplicada ao presidente que sofre impeachment. O texto integral prevê a destituição do cargo e
a perda dos direitos políticos, isto é, a inabilitação para o exercício de funções públicas, por
oito anos. O requerimento pedia que ocorressem duas votações, uma para cada quesito da
sentença. Os senadores votariam: 1) a favor ou contra a perda do mandato da presidente e 2)
a favor ou contra a perda dos direitos políticos.

O requerimento foi deferido pelo presidente da mesa do julgamento, que era, na ocasião, o
ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Ocorreram,
então, duas votações e a presidente foi destituída de seu posto (primeira votação), mas ficou
com os seus direitos políticos preservados (segunda votação). Esse “fatiamento” do texto da
pena gerou intensa discussão entre juristas, políticos e jornalistas, já que foi considerado
inconstitucional por muitos.

• O que pode ser explorado no Enem e Vestibulares

Como foi um acontecimento de grande impacto, o impeachment de Dilma Rousseff


certamente será abordado, no futuro, em Vestibulares e no Enem. Para este ano de 2016, é
provável que apareçam, sobretudo no Enem, não questões diretamente relacionadas com esse
fato – já que ainda é muito recente –, mas correlatas a ele, isto é, no Brasil, já tivemos, além
desse envolvendo Dilma Rousseff, dois pedidos de impeachment que foram acolhidos na
Câmara dos Deputados e submetidos à admissibilidade no plenário.

O primeiro foi protocolado pela União Democrática Nacional (UDN), em maio de 1954,
contra Getúlio Vargas. O pedido foi acolhido e votado em junho. 136 deputados federais
rejeitaram o pedido, 35 votaram favoravelmente e 40 não votaram nem a favor nem contra. O
segundo foi protocolado por Marcello Lavenère e Barbosa Lima Sobrinho, no dia 3 de
setembro de 1992, contra Fernando Collor de Mello. O pedido também acusava Collor de ter
cometidos crimes de responsabilidade, previstos no artigo 85 da Constituição de 1988 e na lei
1.079, de 1950 – a mesma acusação feita contra Dilma.
Esses dois casos podem ser objeto de questões que podem requerer conhecimentos sobre o
contexto político de cada época. No caso de Vargas, por exemplo, houve o livramento do
impeachment, mas as circunstâncias políticas levaram-no ao suicídio em agosto de 1954.

Uma dica importante é estudar também o desempenho que cada vice-presidente teve ao
assumir o posto em cada casa citado acima. No primeiro caso (Vargas), o vice a assumir
foi Café Filho; no segundo (Collor), Itamar Franco.

Outro caso importante que pode ser cobrado em questões é o de FernandoLugo, que,
quando presidente do Paraguai, sofreu um processo de impeachment em 2012. Muitas crises
políticas levaram chefes de Estado da América do Sul à renúncia e à fuga, mas o caso de
Fernando Lugo, fora os que ocorreram no Brasil, é o único em que também houve (um
polêmico) processo de impeachment que se concretizou, terminando com a sua destituição.

SAÍDA DO REINO UNIDO DA UNIÃO EUROPEIA

ATUALIDADES

A saída do Reino Unido da União Europeia ocorreu em 23 de junho de 2016 por meio de um
referendo.

O que foi o Brexit?

No dia 23 de junho de 2016, os cidadãos da Grã-Bretanha foram às urnas votar o referendo


que decidiria a saída ou permanência do Reino Unido na União Europeia. A opção pela saída
foi vitoriosa, com cerca de 17,4 milhões de votos. O anseio dos defensores dessa saída ficou
caracterizado pela expressão Brexit, que é uma abreviação das palavras
inglesas Britain (Bretanha) e Exit (Saída).

A vitória pela saída do Reino Unido da União Europeia também resultou no pedido de
demissão do primeiro-ministro britânico David Cameron, que advogava contra a saída. Foi
Cameron que, ao ser eleito primeiro-ministro em 2015, fez a promessa de realizar o referendo
como forma de lidar com a pressão de seus oposicionistas, isto é, do Partido
Conservador inglês e do UKIP (United Kingdom Independence Party – Partido da
Independência do Reino Unido).

Para compreender melhor que importância tem o Brexit no contexto internacional atual, é
necessário entender como se formou a União Europeia e que relação ela teve com o Reino
Unido.

• Formação da União Europeia

A União Europeia é uma associação política e econômica de 28 países do continente europeu


(27 agora, com a saída do Reino Unido) que surgiu em 1957, por meio do Tratado de Roma,
sob a alcunha de Comunidade Econômica Europeia (CEE). Os objetivos mais óbvios da então
CEE eram: integrar política e economicamente a Europa e evitar novas guerras (como as duas
guerras mundiais) que derivassem da rivalidade nacionalista dos países europeus.
Além do Tratado de Roma, de 1957, que criou a CEE e instituiu o mercado comum europeu, a
União Europeia foi sendo gradativamente articulada por outros tratados. Os principais foram:
o Tratado de Maastricht, de 1992, que estabeleceu a união monetária e resultou na criação da
moeda Euro; o Tratado de Amsterdã, de 1997, que instituiu a Política Estrangeira de
Segurança Comum (PESC); a Constituição Europeia, de 18 de junho de 2004; e o Tratado de
Lisboa, de 2007, assinado no dia 13 de dezembro, que reformou alguns pontos da Constituição
Europeia.

Além disso, a União Europeia é também composta por quatro instituições políticas principais:
o Parlamento Europeu, o Tribunal de Justiça da União Europeia, a Comissão Europeia e
o Conselho Europeu.

• Ingresso do Reino Unido na UE

O ingresso do Reino Unido na CEE ocorreu em 1º de janeiro de 1973, mas mal isso ocorreu e já
houve discussões intensas tanto entre a população quanto entre os políticos a respeito da
perda da soberania nacional e da ameça de o Reino Unido ter que cobrir gastos irresponsáveis
de outros membros da Comunidade. Esse impasse só foi resolvido com um referendo realizado
em 5 de junho de 1975. Tal referendo ratificou a permanência do Reino Unido no bloco com
67,2% dos votos válidos.

O fato é que os ingleses, mesmo permanecendo no bloco, sempre foram reticentes com a
estrutura supranacional da União Europeia. A recusa em integrar a “zona do Euro”, isto é, em
submeter a moeda nacional, libra esterlina, à zona comum da moeda da UE, era um sintoma
flagrante disso.

• Opiniões pró e contra o Brexit

Com a aprovação da saída da União Europeia, um dos nomes de maior vulto será o do
parlamentar Boris Johnson, ex-presidente da Câmara dos Lordes e chefe da campanha pró-
Brexit. Johnson foi um dos parlamentares que mais criticaram as políticas da UE, acusando-as
de invadir a vida particular dos cidadãos europeus e violar a soberania dos países-membros
por meio do que ele qualificou como “super-Estado de Bruxelas” (Bruxelas, capital da Bélgica,
é o centro de decisões da UE). Além de Johnson, Nigel Farage, líder do UKIP (United Kingdom
Independence Party – Partido da Independência do Reino Unido) e defensor ferrenho das
posições anti-imigração, também é uma das figuras que tendem a ter maior projeção no
contexto político britânico daqui para frente.

Por outro lado, David Cameron, do Partido Conservador, e líderes de países-membros da


União Europeia, como a premiê da Alemanha, Angela Merkel, lamentaram a saída do Reino
Unido. Julgaram tal fato como extremamente prejudicial à integração da Europa e à situação
dos imigrantes que vivem na Inglaterra.

• Brexit no Enem e nos Vestibulares

O tema do Brexit pode ser explorado no Enem e em vestibulares sob enfoques diferentes. É
possível que possa haver questões que deem maior relevância às consequências
econômicas que a saída da Reino Unido provocará no mundo, em geral, e na Europa, em
particular. A moeda inglesa, libra esterlina, tende a diminuir de valor e pode haver
desemprego e redução da produção econômica no Reino Unido.

As consequências políticas também podem ser exploradas. É preciso ficar atento às


negociações após a entrega da carta assinada pela primeira-ministra Theresa May, do Partido
Conservador, oficializando a saída do Reino Unido, que deve durar cerca de dois anos. Além
disso, é preciso ficar atento também à possível adesão popular ao UKIP e às suas propostas
anti-imigração. Pode haver desconforto diplomático entre a Inglaterra e a Irlanda, já que essa
última permanece na UE, mas faz fronteira com a Irlanda do Norte, membro do Reino Unido. A
fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte pode tornar-se um foco de disputa política.

VÍRUS ZIKA E O GRANDE SURTO DE MICROCEFALIA

ATUALIDADES

O vírus Zika e o grande surto de microcefalia apresentam relação direta, sendo fundamental,
portanto, o controle do mosquito que transmite o vírus.

Uma doença recém-chegada no Brasil está deixando todos em alerta, em especial as grávidas:
a Febre por vírus Zika. Essa doença, causada pelo vírus Zika, apesar de, até então, não estar
relacionada com danos graves à saúde, foi relacionada recentemente com um grave surto
de microcefalia no Brasil.

O vírus Zika é um arbovírus da família Flaviviridae, que assim como a dengue e


a chikungunya, é transmitido pelos mosquitos do gênero Aedes, como o Aedes aegypti. Além
dessa forma de contaminação, estudos indicam que a transmissão pode ocorrer de forma
perinatal, sexual e até mesmo transfusional.

O vírus foi descoberto em 1947 em um macaco que vivia na Floresta de Zika, em Uganda (daí a
origem do nome). No Brasil, o vírus foi introduzido em 2014, e as hipóteses mais aceitas é que
ele tenha chegado ao território brasileiro durante a Copa do Mundo desse mesmo ano.

Após a introdução, o vírus espalhou-se rapidamente por grande parte do Brasil, e a


transmissão autóctone foi confirmada em abril de 2015. Segundo o Boletim Epidemiológico
nº36 de 2015, até a semana epidemiológica 45, autóctone Unidades da Federação já haviam
confirmado a doença com transmissão autóctone.

Ao se contaminar com o vírus Zika, o paciente pode apresentar febre, vômitos, tosse, dores no
corpo, de cabeça, musculares e nas articulações, mal-estar, irritação nos olhos e manchas no
corpo. A doença normalmente tem duração de três a sete dias e pode ser assintomática em
alguns casos.

De uma maneira geral, considera-se que a febre por vírus Zika não causa grandes
complicações, mas, recentemente, observou-se o comprometimento do sistema nervoso
central em alguns casos. Além disso, a infecção pelo vírus Zika foi associada ao
desenvolvimento de microcefalia, uma malformação em que recém-nascidos possuem
perímetro cefálico menor que o normal (menor que 33 cm). Essa malformação está
relacionada com retardo mental em 90% dos casos, além de desencadear comprometimento
da fala, audição e visão, baixo peso e episódios de convulsão.

Apesar de a microcefalia também ser causada por infecções, problemas genéticos, contato
com produtos radioativos e utilização de substâncias químicas, observou-se uma relação direta
entre o vírus Zika e o grande surto em 2015. A suspeita foi levantada após mães de bebês com
microcefalia relatarem que, durante a gestação, apresentaram sintomas da contaminação por
vírus Zika. Em razão do grande número de casos, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
emitiu um alerta em 1º de dezembro de 2015 para que todos os países ficassem atentos aos
casos de febre por vírus Zika em seu território.

Assim como a dengue, a febre por vírus Zika não possui tratamento específico, sendo
recomendado apenas o tratamento de sintomas. O uso de paracetamol ou dipirona pode
ajudar o paciente a diminuir a dor e, em casos de coceiras, pode ser recomendado o uso de
anti-histamínicos. Não se recomenda o uso de ácido acetilsalicílico, uma vez que aumenta os
riscos de hemorragias.

Por não ter tratamento nem vacina, a melhor maneira de evitar complicações é protegendo-
se do mosquito que transmite o vírus. As medidas de prevenção da febre por vírus Zika são as
mesmas utilizadas na prevenção contra a dengue e a chikungunya, isto é, voltam-se para a
eliminação de criadouros do mosquito. Além do combate ao mosquito, as pessoas podem
desenvolver algumas proteções individuais, como usar roupas de manga comprida, telas nas
janelas e portas e mosquiteiros. O uso de repelente também é indicado, mas grávidas podem
utilizar apenas repelentes com DEET na concentração de 10% a 30%.

→ Como esse tema pode ser cobrado em vestibulares e Enem?

Em razão do grande surto de microcefalia em 2015, muitas provas de vestibular e o Enem


devem abordar esse assunto. Esse ponto é bastante importante, pois mostra como a falta de
conhecimento a respeito de uma determinada doença pode causar danos consideráveis em
uma geração.

Diante da importância do tema abordado, é fundamental que o aluno que esteja se


preparando para a prova tenha noções básicas sobre esse grave problema de saúde pública. É
fundamental conhecer as formas de transmissão, compreender a relação entre o Aedes e a
microcefalia, bem como as formas de prevenção. Compreender os assuntos em destaque em
saúde pública pode ajudar bastante no momento da prova, uma vez que a cada dia as
questões apresentam-se mais contextualizadas.

DESASTRE AMBIENTAL EM MARIANA (MG)

ATUALIDADES

O desastre ambiental em Mariana teve consequências catastróficas para vários ecossistemas,


que, provavelmente, demorarão décadas para se recuperar.
No dia 05 de novembro de 2015, o Brasil presenciou o maior acidente da História com
rejeitos de mineração. O material liberado, além de destruir completamente o distrito de
Bento Rodrigues, avançou por outras regiões do município de Mariana, Minas Gerais,
deixando por onde passava um rastro de prejuízos materiais e ambientais, sem contar as
perdas humanas.

→ O acidente

A barragem de Fundão da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton,
rompeu-se no dia 05 de novembro de 2015 e liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos
de rejeitos de mineração. Inicialmente, acreditava-se que duas barragens haviam se rompido,
entretanto, a mineradora desmentiu o fato dias após o acidente e explicou que o rompimento
de Fundão fez com que a barragem de Santarém transbordasse.

A lama liberada, que, segundo a Samarco, é formada apenas por óxido de ferro, água e areia,
destruiu uma grande área, desabrigando centenas de pessoas, principalmente no distrito de
Bento Rodrigues. Os rejeitos, além dos danos materiais, provocaram um grande desastre
natural que pode afetar o meio ambiente por décadas.

→ Impactos ambientais

Apesar de, segundo a mineradora Samarco, a lama não ser tóxica, os efeitos dos rejeitos no
meio ambiente são extremamente graves, principalmente em razão da quantidade de material
liberada. De acordo com o Ibama, a quantidade de rejeitos seria capaz de encher mais de 20
mil piscinas olímpicas.

O primeiro impacto causado pela lama foi observado nos municípios atingidos, que foram
parcialmente cobertos. Essa cobertura, quando secar, pavimentará o local, formando uma
espécie de capa de cimento, onde nada cresce. Além disso, o material possui pouca matéria
orgânica, o que dificultará o surgimento de uma nova vegetação. Nesse local, será impossível,
por exemplo, o desenvolvimento de agricultura. Podem ocorrer ainda desestruturação química
do solo e alteração do pH.

Vale frisar que a grande quantidade de lama demorará anos para secar completamente e,
enquanto isso, nada poderá ser construído ali. Sem resistência para a construção de casas e
sem formas de desenvolvimento de vida, a área tornou-se completamente inabitável.

A lama também atingiu os rios da região, começando pelo Rio Gualaxo, atingindo o rio Carmo,
até chegar ao Rio Doce, responsável pelo abastecimento de vários municípios. Ao atingir os
rios, a lama tornou a água imprópria para o consumo humano e para a sobrevivência de várias
espécies.

Os rios atingidos tiveram grande perda em biodiversidade. Após o acidente, os peixes, por
exemplo, tiveram suas brânquias obstruídas pela lama, morrendo em consequência da falta de
oxigênio. Além de peixes, outras espécies morreram, tanto macroscópicas quanto
microscópicas, o que significa que, em alguns pontos dos rios atingidos, todo o ecossistema
aquático foi destruído. Segundo alguns biólogos, o rio Doce, por exemplo, precisará de 10
anos para se recuperar do dano causado pelo acidente.
É importante salientar que os rios foram afetados também de outras formas. Além da morte
trágica da vida aquática, a lama pode provocar assoreamento de rios, desvio de cursos de
água, diminuição da profundidade e soterramento de nascentes. A mata ciliar ao redor dos
rios também foi completamente destruída. Com a passagem dos resíduos, muitas árvores
foram arrancadas e algumas espécies vegetais foram completamente soterradas pela lama.

Como toda a lama que está no rio Doce chegará ao mar, no Espírito Santo, os rejeitos podem
prejudicar também a vida marinha. Estima-se que os efeitos sejam sentidos em pelo menos
três áreas de conservação marinha, como os recifes de corais de Abrolhos, que se destaca pela
grande biodiversidade.

→ Como o acidente em Mariana pode ser cobrado em provas?

Estão cada vez mais comuns em provas de Enem e vestibulares questões sobre o meio
ambiente, sendo amplamente cobrados os impactos ambientais decorrentes do
desenvolvimento humano. Assim sendo, é importante entender os problemas gerados pela
falta de fiscalização de grandes obras, a falta de planejamento em caso de acidentes, os efeitos
negativos desses acidentes para o meio ambiente e quais medidas podem ser tomadas para
reverter, mesmo que parcialmente, a situação.

No caso de Mariana (MG), é importante entender como esse acidente afetou diferentes
ecossistemas e que todas as nossas ações causam impactos não somente locais. Entre os
pontos que merecem destaque, podem ser citados os efeitos dos rejeitos na cadeia alimentar
e os problemas desencadeados pelo assoreamento de rios e soterramento de nascentes.

ATENTADOS DE 13 DE NOVEMBRO EM PARIS

ATUALIDADES

Os Atentados de 13 de novembro em Paris foram efetuados por 8 membros do grupo


terrorista Estado Islâmico, e resultaram na morte de 129 pessoas.

Na noite de 13 de novembro de 2015, a cidade de Paris, capital da França, sofreu um dos mais
expressivos atentados terroristas da história da Europa, o qual deixou 129 mortos e cerca de
350 feridos. Esse atentado caracterizou-se por ataques feitos em vários pontos da capital
francesa, perpetrados por pelo menos oito terroristas vinculados ao grupo Estado Islâmico,
que reivindicou a autoria do massacre por meio de uma carta que analisaremos mais adiante.

O primeiro ataque ocorreu às 21h16min, nas imediações do Stade de France (o estádio de


futebol que foi palco da abertura e do fim da Copa do Mundo de 1998), quando um homem-
bomba acionou um cinto com explosivos. A explosão pôde ser ouvida no interior do estádio,
onde se encontrava, entre os espectadores, o presidente da França, François Holland, que
assistia ao jogo em que as seleções francesa e alemã disputavam. Em seguida, houve o
primeiro fuzilamento da noite, por volta de 21h20min, nas ruas Bichat e Alibert. Os terroristas
estavam munidos de metralhadoras e fuzis modelo AK-47. Os alvos foram pessoas que
estavam nas áreas externas do café Le Carillon e no interior do restaurante Le Petit
Cambodge. Os suspeitos fugiram em carro (segundo testemunha) com placa da Bélgica,
deixando dezenas de mortos e feridos nesses locais.

Por volta das 21h30min, houve uma segunda explosão perto do Stade de France – outro
homem-bomba se matara. Dessa vez, sabia-se que se tratava de um ataque terrorista. O
presidente da França foi retirado do estádio e, com o fim da partida, os milhares de
espectadores presentes foram para o centro do campo para resguardar-se e saber mais
informações a respeito do que estava ocorrendo na cidade. Mais ou menos nesse mesmo
horário outros fuzilamentos ocorreram nas ruas Fontaine-au-Roi e Charonne, atingindo
pessoas que estavam presentes nos restaurantes La Casa Nostra e La Belle Équipe, o que
atingiu mais dezenas de vítimas.

Por volta das 21h45min, a casa de espetáculos Bataclan, que recebia uma banda de rock
americana, foi invadida por quatro terroristas armados com fuzis, metralhadoras e bombas. Os
terroristas começaram a desferir tiros a esmo em quem se encontrava dento da Bataclan.
Muitos dos presentes conseguiram fugir, mas cerca de oitenta pessoas continuaram como
reféns dentro da casa de shows. Ao mesmo tempo, uma terceira explosão ocorria perto
do Stade de France. Das 22h do dia 13 até a primeira hora do dia 14 de novembro, o terror dos
ataques tomou conta da cidade. A casa Bataclan, ao contrário dos muitos cenários de diversão
que já oferecera aos seus espectadores, tornou-se naquela madrugada um cenário de
carnificina. Quando se viram cercados pela polícia, os terroristas acionaram as bombas que
traziam em seu corpo e vitimaram mais de 80 pessoas. No total, 129 mortes foram
confirmadas.

Esses ataques ocorreram dez meses após o massacre de 07 de janeiro, ocorrido na redação do
jornal satírico Charlie Hebdo, também situado em Paris. Esse ataque ao jornal foi efetuado
pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi, que mataram 12 pessoas – entre elas os principais
membros da equipe do Charlie Hebdo. Os irmãos Kouachi estavam vinculados ao ramo da Al-
Qaeda do Iêmen e suas ações contra o jornal foram diretamente associadas às sátiras que os
cartunistas faziam com a figura do profeta Maomé. No mesmo dia (07 de
janeiro), AmedyCoulibaly, um francês muçulmano, matou um policial na região periférica de
Paris chamada Montrouge; depois seguiu para um supermercado onde matou mais quatro
pessoas. Em seguida, foi morto pela polícia. Alguns dias depois, descobriu-se que Coulibaly era
membro do Estado Islâmico, o mesmo grupo que elaborou e executou os atentados do dia 13
de novembro.

É importante ressaltar que Coulibaly comprou as armas que usou em seu atentado em um
bairro de Bruxelas chamado de Molenbeek. Foi nesse bairro que viveram dois dos terroristas
envolvidos no atentado de 13 de novembro. A polícia suspeita que um oitavo terrorista,
chamado Salah Abdslam, irmão de dois dos envolvidos, tenha se refugiado nesse mesmo
lugar. Alguns especialistas em contraterrorismo acreditam que esse lugar da capital belga seja
um dos maiores redutos de conexões terroristas, sobretudo vinculadas às bases da Síria e
do Iraque, como o Estado Islâmico.
O grupo terrorista Estado Islâmico assumiu o atentado de 13 de novembro

Outro ponto importante a se ressaltar é o teor antiocidental das declarações do Estado


Islâmico, que transparecem em documentos como a carta em que é assumida a autoria do
atentado em Paris. Há constantes referências aos europeus não apenas como “pagãos” e
“infiéis”, mas sobretudo como “cruzados”, isto é, uma referência ao símbolo da reconquista
europeia dos territórios que foram ocupados pelos muçulmanos nos séculos VII e VIII. Essa
reconquista foi empreendida pelas primeiras Cruzadas cristãs. Vejamos o trecho seguinte da
referida carta:

E assim oito irmãos equipados com cintos de explosivos e armas de fogo atacaram
precisamente os alvos escolhidos no centro da capital da França. Esses alvos incluíram o Stade
de France durante uma partida de futebol — entre os times da Alemanha e França, ambas
nações cruzadas — na qual compareceu o imbecil da França (François Hollande), o Bataclan,
onde centenas de pagãos se reuniram em uma festa idólatra e perversa. Ocorreram também
ataques simultâneos a outros alvos no 10º, 11º e 18º distritos. Paris tremeu sob os pés de seus
cruzados, e suas ruas tornaram-se estreitas para eles. O resultado dos ataques é nada menos
que 200 cruzados mortos e muitos feridos. Todo louvor e o mérito pertencem a Alá.

A referência aos “cruzados” acentua o teor de ódio à religião que moldou a civilização
ocidental, o cristianismo, que tem como símbolo máximo a Cruz; símbolo esse que estava
estampado no peito dos cruzados medievais. Sabemos que o Estado Islâmico elimina
sistematicamente os cristãos que encontram pela frente nos territórios da Síria e do Iraque. A
“guerra santa” por eles promovida não é revestida de um discurso como o da Al-Qaeda – do
qual eles surgiram –, que condena o Ocidente pela intervenção no Oriente Médio e por seu
alto desenvolvimento econômico e tecnológico. O Estado Islâmico não tem apenas
ressentimento com relação à opulência de nações como os Estados Unidos, mas deixa claro
que estão combatendo um modelo de civilização pautado na tradição cristã e a liberdade que
tal modelo proporcionou ao Ocidente – liberdade essa que tem por característica até permitir
que se negue ou rejeite essa crença – como ocorreu a partir do século XVIII iluminista.

Não é exagero dizer que, para eles, trata-se de uma guerra civilizacional. Para tanto, não
perdem a oportunidade de se valerem de trechos do Corão para validar seu ponto de vista
tortuoso e absurdo, como o trecho da quinquagésima sura, intitulada Al-Harsh, que serviu
como epígrafe para a carta a que nos referimos: Alá (ta'ala) disse: Eles pensaram que suas
fortalezas iriam defendê-los de Alá, mas Alá veio sobre eles de onde eles não esperavam, e
infundiu o terror em seus corações para que eles destruíssem suas casas através de suas
próprias mãos e pelas mãos dos fiéis. Então fiquem avisados, ó povo de visão. (Al-Hashr: 2).

Vestibular

Estes atentados certamente gerarão repercussões tremendas nos próximos anos e, com
grande probabilidade, poderão ser temas de vestibulares e do ENEM de 2016. A crise dos
refugiados na Europa, gerada a partir da recepção da massa de imigrantes muçulmanos vindos
da Síria, e de países do norte da África, se agravará ainda mais depois destes atentados, o que
pode torná-lo um tema adjacente a este, haja vista que há a suspeita de que, entre estes
imigrantes, possa haver mais células de terroristas – seja do Estado Islâmico ou de qualquer
outra organização. Isto faz com que as já volumosas posturas xenófobas por parte de europeus
se intensifiquem ainda mais e dê mais força partidários da política anti-imigração, como a
defendida, na França, pela Frente Nacional Francesa, comandada por Marine Le Pen.

CRISE DA GRÉCIA

ATUALIDADES

Crise econômica da Grécia é assunto constante na editoria Internacional dos jornais em 2015.

Além da crise dos refugiados, alguns países da Europa enfrentam dificuldade financeira, em
destaque a Grécia. A crise econômica grega é assunto cotidiano nos noticiários do mundo e,
por isso, pode aparecer em questões de vestibular e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
que envolvem temas atuais. Mas por que a crise na Grécia é tão noticiada? O Brasil Escola te
ajuda a esclarecer o tema e a se preparar para eventuais questões em processos seletivos.

A crise econômica na Grécia tem sua origem no gasto público exacerbado, que se tornou
patente a partir de 2001, quando o país adotou o Euro como moeda. A situação piorou com os
gastos para as Olimpíadas de 2004, em Atenas. Segundo dados do Ministério de Finanças da
Grécia, quase 9 bilhões de euros foram gastos nas obras e grande parte desse recurso foi
financiado com empréstimos privados. A expectativa era recuperar o valor investido com o
turismo durante os jogos e com o legado olímpico, mas a Olimpíada arrecadou bem menos do
que esperado, algo em torno de 25% do investimento.
No entanto, desde a década de 1990 os gastos gregos com seguridade social, previdência,
entre outras áreas são vultosos, o que acabou por elevar o valor da dívida a 320 bilhões de
euros. Para cobrir o rombo, o governo grego passou a buscar crédito em organismos de
finanças internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Fato semelhante
aconteceu com o Brasil durante do Governo de Fernando Henrique Cardoso (FCH), quando
foram acordados três empréstimos com órgão.

União Europeia

A Grécia faz parte da União Europeia (U.E) desde 1981, mas somente em 2001 passou a adotar
o Euro como moeda oficial. A união monetária entre os países do bloco econômico os torna
economicamente integrados, ou seja, se a Grécia ou qualquer outro país da U.E não quita sua
dívida, os outros membros terão que arcar com as despesas, em especial a Alemanha.

Segundo Cláudio Fernandes, mestre em História e professor do Brasil Escola, “o valor do Euro
se pauta basicamente no Marco (a moeda alemã), pois, dos países da zona do Euro, a
Alemanha é o mais próspero e o mais austero”. Os bancos alemães foram alguns dos principais
credores da economia grega, fazendo transações como empréstimos a empresários do país.

Mas será que a Grécia pode sair da União Europeia? De acordo com Rodolfo Ferreira, mestre
em Geografia, é improvável que isso aconteça. “Uma saída da Grécia da União Europeia seria,
economicamente, ruim para os gregos e, politicamente, ruim para o bloco. Primeiro, porque a
Grécia teria que reorganizar toda a sua política monetária em torno de uma nova moeda.
Segundo, porque os demais países da União Europeia que possuem altas dúvidas, como
Portugal e Itália, poderiam seguir o caminho da Grécia, gerando um efeito cascata”. Por outro
lado, Rodolfo comenta que uma saída da Grécia poderia unir ainda mais os países em torno do
Euro, sendo prejudicial somente para o país mediterrâneo, que representa apenas 2% do
Produto Interno Bruto (PIB) da U.E.

Tsípras

Afinal, quem é esse tal de Tsípras que se ouve tanto? Aléxis Tsípras, político de extrema
esquerda, é o atual primeiro-ministro da Grécia, reeleito em setembro desse ano após
renunciar em agosto. Como assim foi reeleito um mês depois? Tsípras é conhecido por
atitudes incomuns, como se negar a fazer um juramento religioso na sua cerimônia de posse
por se dizer ateu, e renunciou porque, segundo ele, tinha o dever moral de convocar novas
eleições após ser aprovado um novo pacote feito pelos credores europeus para salvar a
economia da Grécia.

Aléxis Tsípras é líder do partido de esquerda Syrisa. Seus discursos e suas ações acentuam a
perspectiva oposta à da política de austeridade alemã, ou seja, de racionalização dos gastos
públicos, corte de verbas para programas sociais e assistencialistas, etc. Além disso, chamou a
atenção a sua retórica pautada na ideia da "justiça histórica", quando disse publicamente que
a Alemanha devia à Grécia cerca de 278 bilhões de euros por conta da ocupação nazista na
década de 1940.

Esses discursos em nada agradam aos credores europeus, principalmente os alemães, o que
acaba gerando também uma crise política, além da econômica. No entanto, o Syrisa anunciou
recentemente que se unirá com outros partidos, até mesmo de direita, para formar uma
coalização para recuperação da economia. A Grécia deve aplicar o plano de reformas acordado
com os credores europeus para receber uma ajuda de 86 bilhões de euros.

Vestibular e Enem

O que será que pode cair no vestibular e Enem sobre a crise na Grécia? Segundo Cláudio
Fernandes, os alunos precisam se atentar para a história econômica recente da Europa,
sobretudo após a queda do muro de Berlim. “Procurar informações sobre a criação do Euro e
da União Europeia, estudar o fato citado por Tsipras sobre a invasão nazista da Grécia em
1941 e os desdobramentos que isso teve para o país e tomar conhecimento do 'modus
operandi' dos credores da Grécia: FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu” -
aconselha o professor de História do Brasil Escola.

Já o professor Rodolfo Ferreira acredita que, se a crise da Grécia aparecer no Enem, ela estará
relacionada com a própria crise financeira do capital que a gerou ou com alguma característica
socioespacial e política da Europa, como a formação da União Europeia, as medidas de
austeridade impostas pelo FMI ou a perspectiva da população que não aceita tais medidas de
arrocho financeiro.

O professor de Geografia lembra que o Enem costuma cobrar questões interdisciplinares entre
Geografia e História, como no caso da crise econômica iniciada em 2008 nos Estados Unidos e
agravada na Europa em 2011. “O Enem relacionou o episódio com a crise de 1929, que foi uma
crise de superprodução, enquanto que a crise recente foi financeira. Depois, o exame também
abordou o assunto sob a perspectiva da falta de empregos na Espanha” - relata Rodolfo.

Os vestibulares e Enem também podem cobrar as características de um bloco com União


Política e Monetária, como é o caso da União Europeia. O professor Rodolfo destaca algumas:
a) possibilidade de grandes acordos comerciais internacionais (vide o acordo recente entre
União Europeia e Estados Unidos); b) adoção do euro, que é uma moeda valorizada, embora
isso possa trazer impactos negativos em economias mais fragilizadas; c) livre circulação entre
os países e também entre mercadorias nas áreas dos países-membros, o que promove uma
integração comercial e social maior; d) aumento no número de investimentos recebidos.

CRISE DOS REFUGIADOS NA EUROPA

ATUALIDADES

A crise dos refugiados na Europa, no primeiro semestre de 2015, tem produzido muita
discussão e gerado muitos problemas de ordem política e humanitária.

Durante o primeiro semestre de 2015, houve uma grande leva de migrações de povos
muçulmanos para países europeus. Essa leva continuou no ano de 2016. Mais de 350.000
pessoas deslocaram-se de países islâmicos, sobretudo da Síria e da Líbia, em direção à Europa.
Os países que mais receberam esses imigrantes foram a Grécia (cerca de 235.000 indivíduos) e
a Itália (cerca de 115.000 indivíduos). Mas o que tem provocado todo esse surto migratório?
• Causas do surto migratório muçulmano para a Europa

Duas são as principais razões para esse fenômeno: 1) a instabilidade política provocada pelo
terrorismo e pelas guerras civis, sobretudo pela guerra civil na Síria e pela atuação da facção
terrorista Estado Islâmico em boa parte do território sírio; 2) a recusa de outros países
muçulmanos, sobretudo os países do Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, em receber
os refugiados em seu território; bem como as dificuldades de instalação em países vizinhos,
como a Jordânia, que tem acomodado os refugiados em acampamentos com condições
precárias.

A guerra civil na Síria estende-se desde 2011, época em que ocorreu a chamada Primavera
Árabe. Desde essa época, muitas pessoas saíram da Síria em direção aos países muçulmanos
vizinhos, como a Turquia, que assimilou um enorme contingente de refugiados. Há pouco
tempo, entretanto, esses países vêm restringindo a entrada desses refugiados, que agora
partem em direção ao leste e ao sul da Europa. Famílias inteiras estão deslocando-se à procura
de abrigo.

• A questão dos imigrantes que saem do Norte da África

Grande parte dos imigrantes que saem da Síria com destino à Europa optam pelo caminho da
travessia do Mar Mediterrâneo. Para tanto, esses imigrantes precisam ir para o norte africano
e de lá seguir para o Sul da Europa. O problema é que essa via, que também é seguida por
milhares de africanos, é extremamente perigosa e vem resultando, desde 2014, em milhares
de mortes.

A rota de saída do Norte africano em direção ao Sul europeu é controlada por traficantes e
contrabandistas de pessoas. Esses contrabandistas assemelham-se aos coiotes que atravessam
imigrantes ilegais do México para os Estados Unidos. O destino de quem segue essa rota
geralmente são as ilhas italianas de Lampedusa e Sicília.

Os imigrantes são colocados pelos contrabandistas em embarcações pequenas e


desprotegidas, sempre guiadas por um imigrante voluntário que nem sempre sabe pilotar um
barco. Os imigrantes ficam expostos ao sol, à chuva e à violência do mar. Após dois dias de
navegação, se tiverem sorte, podem ser encontrados por pescadores ou pela guarda costeira
italiana. Caso contrário, ficam perdidos no Mediterrâneo e acabam mortos.

Só no ano de 2014, 3.600 pessoas morreram tentando fazer essa travessia. Os mortos provêm,
em sua maior parte, do Oriente Médio, mas há muitos também do Chifre africano (costa leste
da África Subsaariana), principalmente da Eritreia (governada pelo ditador Isaias Afwerki), um
dos piores países do mundo para se viver.

• As indagações sobre as consequências da crise dos refugiados

Assimilação da massa de imigrantes pelo Estado

O fato é que as decisões de cada país europeu em aceitar ou não os refugiados geram uma
crise de teor ético e político ao mesmo tempo. Muitas são as indagações levantadas por
especialistas que acompanham esse fluxo migratório. Uma delas diz respeito à capacidade de
países em plena crise econômica, como a Grécia, de acomodar, dar emprego e assistência
social a milhares de refugiados.

Outra diz respeito à divergência cultural entre muçulmanos e europeus, como o uso de regras
de conduta específicas para mulheres, o uso da língua árabe como língua sagrada, o estudo do
alcorão e a prática das orações públicas diárias etc.

Há ainda problemas como a deportação de muçulmanos já fixos na Europa desde antes do


fluxo migratório iniciado em 2014. A Noruega, por exemplo, vem deportando milhares de
imigrantes para os seus países de origem.

Ameaça de terrorismo e reação extremista

Há ainda a preocupação com as ligações possíveis que grupos terroristas, como a Al-Qaeda e
o Estado Islâmico, podem estabelecer com indivíduos infiltrados entre os imigrantes. Essas
ligações podem resultar em ações terroristas como as que ocorreram em Paris, em 2015, e em
Bruxelas, em 2016.

Outro problema são as reações extremistas de alguns setores da sociedade europeia, como é o
caso do grupo “Soldiers Of Odin” (Soldados de Odin), atuante na Finlândia. Os Soldados de
Odin atuam como milícia urbana anti-imigrantista e patrulham as cidades finlandesas sob o
argumento de “proteger a população”. A organização foi criada em 19 de setembro de 2015,
na cidade de Kemi. Esse tipo de patrulha pode tornar-se uma forma recorrente de reação ao
fluxo migratório muçulmano para a Europa.

De toda forma, a crise dos refugiados muçulmanos está apenas no começo e, como dito, gera
uma situação política e ética muito complexa, que permanecerá sendo discutida pelos
próximos anos.

IMINÊNCIA DE CRISE ECONÔMICA NA CHINA

ATUALIDADES

A iminência de crise econômica na China é posta em questão desde a crise dos EUA, em 2008.

A crise econômica que se fez patente a partir do ano de 2008, que ocasionou a quebra de uma
série de bancos internacionais e exigiu medidas de austeridade financeira para muitos países
dos cinco continentes do globo, teve seu epicentro na bolha imobiliária dos Estados Unidos e
na expansão de crédito que esse país promovia em torno do sistema de hipotecas dos imóveis
vendidos. A razão para isso ter desencadeado uma crise de grandes proporções está no fato de
que, quanto mais crédito (papel-moeda, títulos e crédito financeiro em geral) é colocado em
circulação, mais lastro real ele precisa ter.

Acontece que o lastro real é o que o país produz, sua receita, isto é, os valores reais advindos
do trabalho da população, das respectivas poupanças e da arrecadação feita pelo Estado.
Quando o nível de crédito é muito superior a esse lastro real, ocorrem as crises – haja vista que
não se consegue honrar as amplas dívidas contraídas. Países de grandíssima influência
financeira internacional, como os EUA e a China, quando apresentam exorbitância no
fornecimento de crédito, com o passar dos anos, podem comprometer todo o sistema
financeiro que está a eles atrelado.

Durante a crise de 2008, a China foi um dos poucos países que não demonstraram, à época,
sinais de instabilidade. Isso ocorreu por causa dos ajustes que eram feitos com a expansão de
crédito, expansão essa feita, sobretudo, para fomentar o setor da construção civil. Desde a
década de 1990, a China vem sofrendo um enorme processo de êxodo rural e, ao mesmo
tempo, vem apostando na ampliação dos cenários urbanos. O problema é que o preço dos
imóveis vem sofrendo progressivos picos inflacionários e as medidas de expansão creditícia
não estão mais dando conta de camuflar essa situação, como afirmou o ex-congressista
americano David Stockman:

“a China é uma nação que, em decorrência de uma monumental bolha de crédito, incorreu em
uma insana mania especulativa direcionada majoritariamente para a construção civil. As
implicações desse endividamento (todo crédito é um endividamento) e dessa especulação
imobiliária estão sendo resolutamente ignoradas por analistas que ainda estão iludidos pela
noção de que a China criou um modelo econômico singular chamado 'capitalismo vermelho.'”
[1]

Ainda segundo Stockman, em um espaço de menos de 15 anos, a dívida pública da China


passou de US$1 trilhão para US$25 trilhões. Essa realidade começou a mostrar os seus
sintomas em 2015. A economia chinesa começou a desacelerar porque está na iminência de
uma recessão. Em agosto de 2015, a Bolsa de Xangai caiu mais de 8%, refletindo em negócios
do mundo inteiro. A China é a segunda economia do mundo, e uma recessão poderia levar a
uma crise em escala global tão ou mais grave que a de 2008.

O sistema de governo autoritário, centrado no Partido Comunista Chinês, com política


econômica centralizada no capitalismo de Estado, dificulta ainda mais a situação. Os reflexos
de uma recessão chinesa seriam sentidos principalmente nos países que mais dependem do
mercado de importações chinês, como é o caso do Brasil, que exporta grande parte do que
produz de soja e minério de ferro para os chineses.

TORNADOS EM SANTA CATARINA

ATUALIDADES

Os tornados em Santa Catarina ocorridos nesse ano de 2015 vieram de uma sequência
histórica de desastres atmosféricos na região.

O estado de Santa Catarina, nesse mês de abril de 2015, sofreu com uma sequência de dois
grandes tornados que atingiram as cidades de Xanxerê e Ponte Serrada, situadas a 550 km e
463 km de Florianópolis, respectivamente. Porém, esse fenômeno não é uma novidade para os
catarinenses, haja vista que o estado, nos últimos 40 anos, foi alvo de mais de 80 tornados
segundo dados do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas Sobre Desastres da
Universidade Federal de Santa Catarina (CEPED/UFSC).
Vale lembrar, no entanto, que os tornados são diferentes dos furacões, principalmente por
serem mais intensos e velozes e também por abrangerem áreas menores. Além disso, Santa
Catarina localiza-se em uma área geograficamente favorável à formação desse tipo de ciclone,
em uma zona chamada de Sistema de Baixa Pressão do Chaco.

Confira a seguir algumas perguntas frequentes sobre esse tema:

Qual é a diferença entre tornados e furacões?

A diferença entre tornados e furacões é que, como já mencionamos, os tornados são bem
menores, porém mais rápidos e intensos. Enquanto os furacões possuem um diâmetro que
varia entre 200 km e 400 km e velocidades de 120 km/h, os tornados atingem geralmente um
diâmetro de 2 km e podem alcançar velocidades entre 180 e 500 km/h.

Portanto, por onde passa, um tornado gera mais estragos do que um furacão, embora os
efeitos desse último sejam mais graves por ocorrerem em uma área muito maior. Um
observador mais ou menos distante pode observar um tornado inteiramente a olho nu,
enquanto os furacões só podem ser vistos dessa forma em imagens de satélite.

Por que em Santa Catarina há tantos tornados?

A explicação para os tornados em Santa Catarina serem tão frequentes é a combinação de


uma série de fatores específicos da área onde se localiza esse estado. A ocorrência desse
terrível fenômeno é natural e, portanto, não pode ser relacionada com anomalias climáticas ou
desequilíbrios, como o Aquecimento Global. Existem, no entanto, cientistas que afirmam que
as mudanças climáticas estejam intensificando a presença desses tornados na região, o que
não foi ainda provado.

O interior catarinense localiza-se em uma área intracontinental, onde a amplitude térmica


(variação de temperatura) é muito elevada em razão da menor umidade. Além disso, o ar
atmosférico local é mais quente e a pressão é menor, o que faz com que exista certa atração
de fortes ventos oriundos de regiões onde essa pressão atmosférica é mais elevada. Essas
configurações climáticas constituem o que chamamos de sistema de baixa pressão.

Soma-se a essa dinâmica a presença de correntes de ar oriundas do oeste, advindas da


Cordilheira dos Andes. Como nessa localidade as temperaturas são menores, o ar frio dela
proveniente vai se aquecendo enquanto se desloca, tornando-se mais leve e auxiliando na
formação do sistema de baixa pressão em questão. Como todo esse processo ocorre próximo
ao Trópico de Capricórnio – onde é comum o encontro entre massas e frentes de ar –, gera-se
uma zona de instabilidade responsável por fortes ventos, tempestades e, eventualmente,
tornados.

Confira o esquema a seguir:


Mapa esquemático dos tornados em Santa Catarina

Quais foram os dois tornados que atingiram Santa Catarina em 2015?

Ambos os tornados ocorreram no dia 20 de abril e causaram mortes, estragos e muitos


prejuízos sociais em estruturas básicas para a sustentação das cidades.

O primeiro deles atingiu a cidade de Xanxerê às 15h e durou pouco menos de 10 minutos. O
resultado foi 2,5 mil casas afetadas, 120 pessoas feridas e duas mortes. Os ventos, nesse caso,
atingiram uma velocidade superior a 250 km/h, sendo capazes de afetar até torres de alta
tensão previamente construídas para resistir a ventos de até 200 km/h.

O segundo atingiu a cidade de Ponte Serrada às 16h e durou pouco menos de cinco minutos.
Atingiu 200 casas, deixou oito feridos e nenhuma morte. Sua velocidade foi um pouco inferior,
200 km/h, mas ainda sim capaz de causar muitos estragos, embora tenha ocorrido em bairros
onde a densidade populacional é reduzida.

Na cidade de Xanxerê, os estragos foram maiores e as autoridades declararam estado de


calamidade pública. Já em Ponte Serrada foi declarado um estado de emergência. Porém,
ambas as localidades, com a tragédia, carecem de recursos para necessidades básicas, como
alimento e água.

Quais foram os piores tornados que ocorreram no estado?

Além do conhecido caso do ciclone Catarina de 2004, o estado de Santa Catarina conheceu
uma série de fortes tornados nas últimas décadas. O mais marcante aconteceu no município
de Canoinhas, no ano de 1948, que atingiu velocidades superiores aos 300 km/h e matou mais
de 20 pessoas.

Em 2003, no município de Painel, situado na Serra Catarinense, centenas de casas foram


destelhadas por rajadas de vento próximas aos 180 km/h. Em 2005, a cidade de Criciúma
também foi afetada por um forte tornado. Em Guaraciaba, em 2009, um tornado alcançou os
200 km/h, ao passo que, na cidade de Ponte Alta, os ventos ultrapassaram os 250 km/h no ano
de 2012.

DEBATE SOBRE A TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO

ATUALIDADES

A terceirização do trabalho é um tema que vem gerando certa repercussão em razão de sua
possível liberação para todas as atividades produtivas de uma empresa.

Um dos principais acontecimentos políticos desse primeiro semestre do ano de 2015 foi a
emergência do debate sobre a terceirização do trabalho no Brasil, gerando uma série de
opiniões tanto nos meios jornalísticos quanto nas redes sociais. Desse modo, muitas dúvidas
surgiram sobre essa questão, tais como o conceito de terceirização, o que é o projeto de lei
sobre o tema que está em votação, entre outras indagações.

O que é terceirização?

A terceirização é a transferência de serviços e funcionários de uma empresa para outra.


Tecnicamente, esse conceito é definido como um modelo de gestão e organização
administrativa que permite que um determinado serviço seja executado por terceiros, que
terão autonomia técnica e jurídica.

Exemplo: uma empresa “X” resolve demitir todos os funcionários responsáveis pela segurança
de seus imóveis (porteiros, vigilantes etc.) e terceiriza essa função para uma empresa
especializada nesse tipo de serviço. Os novos contratados para a função exercem as mesmas
atividades, mas o patrão deles não é a empresa “X”, e sim a companhia terceirizada.

A terceirização é permitida no Brasil?

A prática da terceirização no Brasil é permitida, mas com ressalvas. Atualmente, ela só pode
ser realizada para as chamadas atividades-meio, aquelas que não são diretamente
relacionadas com o intuito principal das instituições. Já as chamadas atividades-fim não
podem ser executadas por funcionários terceirizados.

Para entender melhor a diferença entre atividades-meio e atividades-fim, considere um


exemplo de uma escola. O objetivo principal dela é oferecer educação escolar para os seus
estudantes. Portanto, os profissionais diretamente ligados a essa função (professores,
diretores, secretários, coordenadores pedagógicos etc.) exercem as atividades-fim. Já a equipe
que cuida de funções não diretamente relacionadas, tais como limpeza, segurança e
manutenção, são categorizadas como atividades-meio.

Se a terceirização é permitida, o que pretende o projeto de lei que tramita no Congresso


Nacional?

O Projeto de Lei 4.330/2004 tem como objetivo principal regulamentar a prática da


terceirização do Brasil a fim de sanar conflitos – sob o ponto de vista do esclarecimento de leis
– no meio jurídico a respeito dessa questão.

O ponto principal e mais polêmico da proposta, no entanto, é a permissão para que as


atividades-fim também possam ser terceirizadas. No exemplo da escola acima, os professores
e pedagogos, por exemplo, poderiam ser contratados de uma empresa especializada em
educação que não apresenta vínculos trabalhistas com a instituição; já as funções de secretaria
poderiam ser executadas por outra empresa de gestão escolar e assim sucessivamente.

Por que os debates sobre a terceirização começaram a acontecer somente em 2015?

Na verdade, o debate sobre a terceirização do trabalho sempre ocorreu no Brasil. No entanto,


ele tornou-se mais acirrado quando o Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB/RJ), resgatou o PL4.330, proposto pelo ex-deputado Sandro Mabel (PSDB/GO) em
2004.

Por causa disso, as polêmicas sobre essa questão, tais como a permissão da terceirização para
as atividades-fim, elevaram-se em razão dos rumores referentes à votação da pauta no
Congresso. A proposta não só foi votada como também aprovada no dia 07 de abril, com 324
votos de deputados a favor, 137 contra e 2 abstenções. O projeto agora seguirá para o
Senado.

Outra polêmica sobre o PL 4.330 relaciona-se com os concursos públicos, uma vez que o
Estado também poderia terceirizar os serviços, o que acabaria com as vagas para efetivos. No
entanto, essa questão gerou tanta repercussão que foi retirada pelos deputados, fazendo com
que a terceirização integral aplique-se somente para empresas privadas, se ocorrer aprovação
do projeto de lei.

O que dizem aqueles que são favoráveis ao projeto da terceirização?

Os defensores do PL 4.330 afirmam que o projeto é necessário para a total regulamentação da


prática da terceirização no Brasil e para reduzir os conflitos jurídicos sobre o tema. Eles
afirmam que não existe uma separação clara e concisa sobre o que seriam as atividades-meio
e as atividades-fim e nem um ordenamento jurídico que oriente claramente essa questão.

Outro ponto defendido pelos favoráveis à extensão da terceirização para todas as atividades é
que isso ampliaria a competitividade das empresas por considerarem que os ofícios seriam
mais bem executados por empresas especializadas em cada função.

Eles ainda defendem que somente a empresa terceirizada possui vínculos e responsabilidades
sobre os trabalhadores, mas, na PL 4.330, as questões referentes aos direitos dos
trabalhadores e às condições de trabalho seriam de responsabilidade também da empresa
contratante.

E o que dizem os grupos contrários ao projeto da terceirização?

A prática da terceirização sempre foi muito criticada por grupos de esquerda e organizações
sindicais e trabalhistas por considerarem que essa prática gera uma redução dos ganhos da
classe trabalhadora e amplia o processo de precarização do trabalho. Em geral, um trabalhador
terceirizado recebe menos, trabalha mais e possui uma menor estabilidade no seu emprego do
que um trabalhador diretamente contratado e que realiza a mesma função. E isso sem contar
que o poder de negociação com os patrões – e até de greve – ficaria comprometido e de difícil
realização.

Afirma-se também que poderá haver uma redução das vagas de trabalho, uma vez que a
flexibilidade gerada pela terceirização costuma produzir menos contratações. Além disso,
segundo estudos realizados pelo Dieese, um empregado terceirizado trabalha, em média, três
horas a mais do que os outros. Portanto, o aumento da jornada de trabalho reduziria, em tese,
o número de vagas disponíveis.

Outras afirmações passam pelas estatísticas a respeito da terceirização, que responde por 80%
dos acidentes de trabalho (embora ela responda por apenas 25% das vagas existentes) e 90%
das pessoas resgatadas de grandes casos de trabalho escravo no país. Em resumo, os
opositores dessa prática afirmam que, com a terceirização, os trabalhadores seriam os maiores
prejudicados.

Quem é contra e quem é a favor?

Como já mencionamos, são contrários à lei da terceirização os grupos de esquerda e boa parte
das centrais sindicais, tais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central dos
Trabalhadores do Brasil (CTB). Dessas centrais, apenas a Força Sindical é favorável ao projeto.
Algumas instituições e organizações de direita também assumiram posição contrária ao
projeto, embora em minoria.

O governo federal também é contra a PL 4.330 e a tendência é de que a presidenta Dilma


Rousseff vete o projeto caso ele chegue à sua mesa para sanção presidencial. Em termos
partidários, PT, PC do B e PSOL votaram maciçamente contra a proposta, enquanto DEM,
PMDB, PP, PSB, PR, PROS, SD, PSD, PSDB e outros votaram a favor, embora esse último partido
citado tenha recuado após a repercussão do tema.

O tema da terceirização no Enem

A prova do Enem dificilmente cobrará o tema da terceirização de forma isolada ou com apelos
políticos. A tendência é a de que, se o assunto cair, ele apareça como uma forma de
contextualização de abordagens sobre o atual processo de flexibilização do trabalho e as
transformações nas atividades industrial e trabalhista.

Por isso, o candidato deve inteirar-se sobre a atual fase do sistema capitalista e o processo de
globalização, que, entre outras questões, intensificou a fragmentação produtiva e a ligeira
desregulamentação do trabalho, além do relativo enfraquecimento dos sindicatos em todo o
mundo. Não obstante, é preciso estar por dentro de questões sobre o sistema Toyotista de
produção e o regime de Acumulação Flexível, que têm em suas características o aumento dos
processos de terceirização e terciarização (expansão do setor terciário: comércio e serviços).

ASPECTOS ATUAIS E RELEVANTES SOBRE A DENGUE

ATUALIDADES

As epidemias de dengue são mais frequentes no verão, quando as condições climáticas


favorecem a reprodução do mosquito que transmite o vírus causador dessa doença.

As epidemias de dengue não são novidades no nosso país. Desde o século XIX, todos os anos,
principalmente no verão, quando os fatores climáticos favorecem a reprodução do mosquito,
observa-se um crescente aumento no número de casos dessa doença. Em razão da grande
quantidade de afetados e de mortos, a dengue é considerada um problema grave de saúde
pública.

Até 07 de março de 2015, segundo o Boletim Epidemiológico 9, já haviam sido registrados


224.101 casos da doença, sendo a região Sudeste a mais afetada, com assustadores 145.020
casos. Para o mesmo período foram identificados 102 casos graves da doença e a confirmação
de 52 mortes. Apesar dos números alarmantes, verificou-se uma redução de 32% nos casos de
morte pela dengue em comparação com as ocorrências de 2014.

A dengue é uma doença viral transmitida, principalmente, pela picada do mosquito do gênero
Aedes. Nas Américas, o vetor é o Aedes aegypti; já na Ásia, esse papel é atribuído também
ao Aedes albopictus. Vale destacar, no entanto, que essa última espécie já foi introduzida nas
Américas na década de 1980, mas ainda não é responsável pela transmissão do vírus. Além da
picada dos mosquitos, existem trabalhos que comprovam que a doença pode ser transmitida
por meio de transfusão de sangue e da mãe para o bebê durante a gravidez.

O vírus causador da dengue é de RNA e pertence ao gênero Flavivírus e à família Flaviviridae.


Atualmente são conhecidos quatro sorotipos no Brasil (DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4),
que circulam de forma simultânea ou alternada.

Após ter contraído o vírus, este pode ficar em média de 5 a 6 dias incubado. Após esse
período, a dengue pode apresentar-se de forma assintomática ou não. Quando apresenta
sintomas, estes podem ser brandos ou graves com evolução até mesmo para a morte.

Desde 2014 adota-se uma nova classificação para a dengue, em substituição aos termos
clássicos, como febre hemorrágica da dengue, síndrome do choque da dengue e dengue com
complicações. Atualmente, de acordo com os sintomas apresentados, podemos classificar o
quadro em: dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave.

As principais manifestações clínicas da dengue são febre superior a 39°C, com início súbito, e
dores na cabeça, nos músculos, nas articulações e na região atrás dos olhos (retro-orbital).
Além disso, vômitos, enjoo, anorexia, coceira e erupções cutâneas podem ocorrer.
Quando o paciente apresenta, além dos sintomas descritos, sangramento de mucosas, vômitos
persistentes, diminuição da temperatura do corpo, desconforto ao respirar, queda acentuada
das plaquetas, tontura, irritabilidade, hepatomegalia (aumento do fígado) e/ou dores
abdominais, considera-se um caso suspeito de dengue com sinais de alarme. Quando se
observa taquicardia, pulso rápido e fino, cianose (coloração azul da pele), hipotensão arterial,
sangramentos graves e/ou comprometimento de órgãos, suspeita-se de caso grave da doença.

Para a confirmação do diagnóstico de dengue, é necessário realizar testes laboratoriais.


Entretanto, quando se lida com epidemias, a confirmação pode ser feita analisando-se os
sintomas de pacientes. Em caso de suspeita de dengue, o Ministério da Saúde recomenda a
procura imediata do serviço de saúde e que se evite tomar medicamentos por conta própria.

Apesar de ser conhecida por vários anos, a dengue é uma doença sem tratamento específico, e
a terapia volta-se apenas para a redução dos sintomas. A principal recomendação para garantir
uma recuperação adequada é a ingestão de grande quantidade de água e a hidratação venosa
em casos mais graves.

Para diminuir os riscos de contaminação pelo vírus, recomenda-se que todos colaborem para
a redução dos criadouros do mosquito, evitando água parada, tampando bem as caixas d'água,
limpando calhas e lajes e sempre evitando que objetos que possam acumular água fiquem
expostos. Além disso, estudos estão sendo feitos para garantir que mosquitos transgênicos
sejam lançados no ambiente para realizar o controle biológico. Até o momento, os testes estão
apresentando resultado positivo.

Como esse tema é cobrado em vestibulares e Enem?

Por ser um grave problema de saúde pública, a dengue recorrentemente aparece em provas
de vestibulares e no Enem. Entre os assuntos ligados a essa doença que já apareceram em
provas, podemos destacar a criação dos Aedes aegypi transgênicos, as formas de prevenção da
doença e medidas que diminuam a reprodução do mosquito.

Assim sendo, é de fundamental importância compreender bem todos os aspectos relacionados


com a dengue, uma vez que as provas estão cada vez mais contextualizadas e temas de grande
relevância, como a saúde pública, sempre são destaque.

REAPROXIMAÇÃO ENTRE CUBA E ESTADOS UNIDOS

ATUALIDADES

A recente reaproximação entre Cuba e Estados Unidos pode render especulações sobre a
relação entre esses países no passado que podem ser exploradas em vestibulares e no Enem.

O dia 17 de dezembro de 2014, os Estados Unidos da América (EUA) e Cuba tornaram públicas
suas intenções de reaproximação diplomática. O anúncio desse começo de abertura de
relações políticas entre os dois países veio acompanhado de negociações para libertação do
americano Alan Gross, em Cuba, bem como a libertação de três cubanos na Flórida (EUA),
acusados de espionagem. Tanto o líder cubano, Raúl Castro, como o presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, discursaram sobre o fato da libertação desses indivíduos e assinalaram
a perspectiva de uma nova fase entre os dois países.

Esse acontecimento tem uma relevância notória (e, por isso mesmo, vem sendo amplamente
noticiado na imprensa internacional) exatamente por terem sido publicamente declaradas as
intenções de reaproximação. Contudo, a história da relação entre Cuba e EUA, desde os anos
1960 até agora, é marcada por várias contradições, tanto de um lado quanto de outro. As
contradições começam logo com as investidas revolucionárias do grupo liderado por Fidel
Castro, na década de 1950, contra o governo de Fulgêncio Baptista. Há já um longo debate
historiográfico que esmiúça, nesse contexto, a participação dos EUA tanto em apoio às forças
de Baptista quanto em eventuais auxílios aos guerrilheiros.

Ademais, no contexto da Guerra Fria, a Revolução Cubana só representou, de fato, um ícone


do comunismo na América Latina quando começou a estreitar relações com a União Soviética
no início dos anos de 1960. Até 1959, quando os revolucionários ocuparam Havana e
empossaram Manuel Urrutia Lléo presidente — um advogado com tendências ideológicas
liberais —, os rumos de uma “Cuba comunista” e de uma “luta contra o imperialismo Ianque”
ainda não haviam sido plenamente traçados. Essa perspectiva só se definiu quando os irmãos
Castro assumiram de fato o controle da ilha, tanto político quanto econômico e militarmente,
optando pelo apoio ao bloco soviético.

Essa opção de Cuba implicava, naturalmente, rechaçar a estrutura econômica americana que
havia na ilha há décadas. As “plantations” e os demais investimentos americanos em Cuba
foram desapropriados ou expropriados pelo Estado comandado pelos Castro. A
institucionalização de uma burocracia gerenciadora do país, estatizante e profundamente
dependente da URSS, valendo-se da retórica revolucionária socialista, provocou a reação do
bloco ocidental, sobretudo dos EUA, que, a partir de 1961, romperam relações diplomáticas
com Cuba após o episódio da invasão da Baía dos Porcos. O momento mais crítico e tenso da
Guerra Fria no que se refere à relação EUA-Cuba foi o da Crise dos Mísseis, que pode ser
consultado neste link.

Com a queda do bloco soviético em 1989 e as reformas estruturais na Rússia e nos demais
países, as relações entre Estados Unidos e Cuba passaram a tomar outro rumo. Cuba foi
submetida à pressão de embargos econômicos na forma de duas leis principais: A Lei Torricelli,
de 1992, e a Lei Helms-Burton, de 1996. Essas leis dificultavam a articulação econômica de
empresas que tinham ou queriam estabelecer negócios em Cuba, já que esse país não contava
mais com o auxílio soviético. Além disso, há ainda a posição dos emigrados cubanos que vivem
nos EUA. Essa comunidade cubano-americana possui opiniões bastantes diversas e
contundentes com relação aos embargos. Enquanto uns apoiam o seu fim, outros defendem a
sua manutenção como forma de pressão para a ruína do regime instalado pelos Castro.

A partir dos anos 2000, houve uma maior flexibilidade com relação às parcerias econômicas
entre Cuba e diversos outros países, incluindo o Brasil e os EUA. Recentemente, o
financiamento do Porto de Mariel em Cuba pelo governo brasileiro repercutiu enormemente,
sobretudo por conta de acusações em torno da obscuridade na prestação de contas de tal
empreendimento. Mas o fato é que Cuba tem buscado manter-se “de pé” politicamente,
segurando a moldura de um regime autoritário, ao mesmo tempo em que se articula
economicamente como pode e com quem pode. A renúncia de Fidel Castro trouxe mais uma
reviravolta a esse cenário, e seu irmão, que sempre foi considerado mais radical e mais ligado
ao núcleo duro das Forças Armadas cubanas, vem demostrando, contraditoriamente, essa
perspectiva de abertura. Essa postura talvez seja influenciada por uma articulação política que
leva em conta a idade avançada tanto de Fidel quanto do próprio Raúl Castro e dos demais
membros da elite dirigente de Cuba. O regime precisará ser reformado nos próximos anos; e
ao que tudo indica, Raúl Castro deve estar preparando uma nova elite para isso, como acentua
o pesquisador Maurício Santoro, no trecho a seguir:

“Expectativas moderadas e uma clara noção dos limites do possível podem levar à melhoria
expressiva das relações entre Estados Unidos e Cuba, abrindo possibilidades positivas para o
futuro imprevisível após a morte dos irmãos Castro. A ausência de uma figura pública com
legitimidade comparável à dos líderes revolucionários pode criar um perigoso vácuo político,
com o risco de disputas violentas pelo poder. Nesse contexto, faz sentido que Washington
aposte na construção de vínculos de confiança com altos funcionários do governo cubano, nas
esferas diplomática, militar e econômica, que seriam de grande valia num cenário turbulento
como esse.” (SANTORO, Maurício. Cuba após a Guerra Fria: mudanças econômicas, nova
agenda diplomática e o limitado diálogo com os EUA. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 53, n. 1,
July, 2010. p. 138)

Ademais, é preciso ficar atento à situação atual de Cuba, às principais reivindicações da


população cubana, aos motivos de haver tanta evasão do país e ao interesse que a
comunidade econômica internacional, incluindo o Brasil, tem na ilha. Essas podem ser as
principais especulações que os vestibulares e o Enem poderão explorar no ano que vem.

O AVANÇO DO ESTADO ISLÂMICO E A TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO

ATUALIDADES

O avanço do Estado Islâmico em direção à fronteira com a Turquia tem gerado forte tensão no
Oriente Médio e grande polêmica em torno da posição dos turcos nesse processo.

O grupo jihadista (terrorismo associado à Jihad – guerra santa – islâmica) Estado Islâmico (EI),
atuante no Iraque e na Síria, declarou, em 29 de agosto de 2014, que seu líder Abu Bakr al-
Baghdadi havia se autoproclamado o novo califa do Oriente Médio. Desde o início de 2014 o
Estado Islâmico vem expandindo os seus domínios sobre regiões do Iraque e da Síria,
chegando até bem próximo do limiar da fronteira desses dois países com a Turquia. Esse
progressivo avanço do Estado Islâmico tem provocado uma enorme tensão na região do
Oriente Médio, sobretudo no que tange à posição da Turquia.

Desde o ano de 2011 os países muçulmanos, tanto do Oriente Médio quanto do norte da
África, vêm sofrendo levas de transformações políticas importantes. Com a
chamada Primavera Árabe, alguns líderes desses países sucumbiram, como os presidentes da
Líbia e do Egito. Grande parte dos rebeldes que atuaram durante os levantes de 2011 também
tinha apoio da Irmandade Muçulmana, organização jhadista internacional que financia grupos
terroristas e defende o emprego da Sharia, “Lei islâmica”.
A Síria, governada por Bashar Al-Assad, possui um longo histórico de guerras civis
desencadeadas contra rebeldes. Desde 2011 que sua situação interna piorou, sobretudo em
virtude da guerra travada contra rebeldes que tentam derrubar Assad do poder. Rebeldes
esses que, inclusive, receberam auxílio de países como os EUA (Para mais informações sobre
isso, consultar este link: Conflitos na Síria e intervenção dos EUA). Paralelamente à situação
da Síria, houve a sistemática retirada das tropas americanas da região do Iraque, que lá
estavam desde a guerra desencadeada em 2003. Foi nesse contexto que o Estado Islâmico –
antes conhecido como Estado Islâmico no Iraque e na Síria – passou a ganhar espaço.

O Estado Islâmico nasceu como uma ramificação da Al-Qaeda (organização terrorista jihadista
fundada por Bin Laden e responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001) com o
objetivo de ocupar espaços ao norte da Síria e do Iraque. Com o tempo, o Estado Islâmico
rompeu com a Al-Qaeda e passou a seguir suas próprias diretrizes. A própria rede Al-Qaeda
considera o Estado Islâmico excessivamente radical. Práticas como decapitações, mutilações,
fuzilamentos em massa, crucificação, estupro de mulheres e crianças e outras atrocidades são
comumente praticadas por esse grupo. As principais cidades controladas pelo Estado Islâmico
são Mossul, Tal Afar, Kikuk e Tkrit.

Milhares de refugiados curdos foram para a Turquia saídos da Síria.*

Além dos exércitos iraquiano e sírio, combatentes curdos também resistem contra o avanço
do Estado Islâmico. A cidade síria de Kabane, que fica na fronteira com a Turquia, é o centro da
resistência curda. A posição estratégica dessa cidade atrai os jihadistas. Em 2014, milhares de
curdos que viviam em Kabane cruzaram a fronteira e refugiram-se em solo turco. Desde então
a situação dessa cidade vem ficando cada vez mais delicada, pois os suprimentos e os
armamentos da resistência curda estão se escasseando.

Além disso, a presença do Estado Islâmico em Kabane tem suscitado uma enorme polêmica
em torno da posição da Turquia em relação ao grupo jihadista. Desde que foi anunciada a
decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual a Turquia faz parte, de
auxiliar os EUA no combate ao Estado Islâmico, os turcos têm se mantido reticentes e
ambivalentes em vários pontos. Em setembro de 2014, o Estado Islâmico libertou 49 reféns
turcos (que haviam sido sequestrados em Mossul, Iraque), trocando-os por 50 de seus
membros, que haviam sido capturados. Entretanto, a Turquia possui conflitos históricos com
os curdos e com os sírios e teme que, se der apoio militar a esses dois povos na luta contra o
Estado Islâmico, poderá, posteriormente, ficar vulnerável as esses inimigos históricos. Por
outro lado, a Turquia também reclama da falta de repercussão internacional que sua recepção
aos refugidos curdos teve.

Os turcos temem sobretudo a ascensão do Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) e o


fortalecimento do Curdistão. Além disso, há acusações de que a Turquia teria dado apoio aos
grupos rebeldes radicas da Síria com o objetivo de derrubar Assad em 2011 – possivelmente,
parte desde apoio teria sido dado ao próprio Estado Islâmico. As tensões nessa região tendem
a agravar-se em 2015, principalmente se a resistência curda sucumbir e a cidade de Kabane for
tomada pelo Estado Islâmico. Os EUA e a Otan provavelmente continuarão a pressionar a
Turquia para que ela tome uma posição clara no conflito. Enquanto isso, centenas de
militantes jihadistas engrossam as filas de adesão ao Estado Islâmico.

METEOROS PERSEIDAS

ATUALIDADES

A chuva de meteoros Perseidas, que é um fenômeno astronômico que ocorre anualmente no


mês de agosto, é ocasionada pela passagem de partículas deixadas por um cometa.

O mês de agosto de 2014 foi marcado pelo fenômeno astronômico dos meteoros Perseidas, o
que gerou muito curiosidade por parte da população sobre a sua ocorrência, além de ser uma
bela visão para aqueles que cultivam a prática de observar os astros celestes.

O que são os meteoros Perseidas?

As Perseidas, um fenômeno astronômico que corresponde a uma chuva de meteoros – ou


chuva de estrelas, no dizer popular –, ocorrem pela nuvem de poeira deixada pelo
meteoro Swift-Tuttle. Apesar de não ser o único fenômeno do tipo que ocorre próximo à Terra,
é, sem dúvidas, o mais popular, pois é perfeitamente visível a olho nu em várias regiões do
planeta.

Em 2014, o fenômeno pôde ser visto de forma mais evidente no hemisfério norte, sobretudo
nos países do norte da Europa. No Brasil também foi possível a sua observação nas regiões
Norte e Nordeste. É claro que a visibilidade das Perseidas depende de outras condições, como
o estado atmosférico (tempo com nebulosidade, obviamente, atrapalha) e outras variáveis.
Nesse ano, por exemplo, o evento ocorreu durante a lua cheia, cujo brilho ofuscou parte da
chuva de meteoros.

A chuva de meteoros Perseidas, em 2014, teve seu ápice – ou seja, os dias em que foi possível
observar mais facilmente os “riscos” traçados pelos cometas no céu – nos dias 11 e 12 de
agosto durante a madrugada. As estimativas é de que, no momento de maior intensidade,
tenham passado mais de 100 cometas pelo céu noturno.
É claro que essa não é a primeira vez que esse fenômeno ocorre, sendo sua presença nos céus
quase que anual. No entanto, nem todos os anos existem condições práticas que permitem a
sua observação com clareza. O cometa Swift-Tuttle, com um núcleo estimado em 27
quilômetros de extensão, segundo aponta os estudos astronômicos, orbita em uma região
relativamente próxima à da Terra e completa uma volta para cada 11 voltas realizadas pelo
planeta Júpiter, o maior do sistema solar.

Imagem da chuva das Perseidas do dia 12 de agosto de 2008 *

Os meteoros Perseidas – que também são chamados de Lágrimas de San Lorenzo – receberam
esse nome por tornarem-se visíveis da Terra na posição aparente da constelação de Perseu,
sendo mais comum em meados de agosto. Além disso, como já mencionamos, eles não
constituem a única chuva de meteoros que ocorre ao longo do ano. Nos meses de maio e
outubro, por exemplo, ocorrem outras chuvas de meteoros relacionadas com o cometa Halley,
chamadas, respectivamente, de Eta Aquarídeos e Orionídeos.

ARIEL SHARON E A QUESTÃO PALESTINA

ATUALIDADES
A vida de Ariel Sharon esteve intimamente ligada à história do Estado de Israel e,
consequentemente, à Questão Palestina.

No dia 11 de janeiro de 2014 morreu Ariel Sharon após ficar oito anos em estado vegetativo
em decorrência de um derrame sofrido em 2006. Militar e político israelense, a vida de Sharon
esteve intimamente ligada à história do Estado de Israel e, consequentemente, à Questão
Palestina. Por isso, seu legado foi extremamente controverso, gerando reações de amor e ódio
durante sua vida e após sua morte.

Ariel Sharon (apelidado de Bulldozer, o Trator) nasceu em 1928 em um assentamento judeu na


Palestina, quando a região era ainda administrada pela Grã-Bretanha. Filho de judeus bielo-
russos, desde a juventude se envolveu na luta pela criação de um Estado judaico na região.
Participou ativamente da organização paramilitar Haganah, lutando na guerra árabe-
israelense entre 1948 e 1949 após a criação do Estado de Israel. O Haganah foi um dos
embriões do exército israelense, do qual Ariel Sharon foi um dos fundadores.

Ariel Sharon foi considerado um herói de guerra israelense por participar de diversos
enfrentamentos com os países vizinhos de Israel. Além da guerra acima citada, esteve presente
na Guerra do Suez, na Guerra dos Seis Dias e na Guerra do Yom Kippur, por exemplo. Essas
guerras ampliaram o território israelense, resultando ainda em ocupações de áreas
pertencentes aos palestinos, como a Faixa de Gaza, Jerusalém e a Cisjordânia.

Sharon era conhecido pela dureza no tratamento dos inimigos e também pela insubordinação
em relação aos seus superiores. Essas características foram geralmente invocadas para
explicar, em parte, a execução de alguns massacres sobre populações palestinas.

Em 1953, à frente da chamada Unidade 101 — uma força especial do exército israelense
destinada a combater guerrilheiros palestinos (os fedayeen) —, Sharon ordenou a explosão de
50 casas no vilarejo de Qibya, resultando na morte de 69 pessoas, sendo a maioria mulheres e
crianças. Diversas autoridades internacionais condenaram o ataque à época. Entretanto,
nenhum oficial israelense foi condenado pelo massacre.

Quase trinta anos depois, outros dois massacres a palestinos ocorreram sobre
responsabilidade de Ariel Sharon. Como Ministro da Defesa israelense, Sharon ordenou a
invasão do sul do Líbano, em 1982, com o objetivo de expulsar os militantes da Organização
para a Libertação da Palestina (OLP) da região, principalmente o líder da OLP, Yasser Arafat. O
país vizinho a Israel estava em guerra civil entre cristãos e muçulmanos.

Cerca de 14 mil militantes da OLP foram expulsos, mas havia ainda nas cercanias da cidade
libanesa, Beirute, dois campos de refugiados palestinos: Sabra e Shatila. Após o assassinato do
presidente cristão Bachir Gemayel (que considerava os palestinos no Líbano como “população
excedente”), uma milícia formada por seus seguidores foi autorizada pelas forças israelenses
que ocupavam a região a invadir os campos de refugiados. O resultado foi o assassinato de
cerca de 3,5 mil palestinos. A ONU declarou os massacres como um genocídio.

Os chamados massacres de Sabra e Shatila fizeram com que Ariel Sharon fosse julgado pela
Corte Suprema de Israel e condenado, em 1983, por sua responsabilidade pessoal nos
massacres, já que os campos de refugiados estavam sob o comando do exército israelense,
que não tomou as medidas de seguranças necessárias para garantir a vida dos refugiados. Ariel
Sharon foi afastado do cargo de Ministro da Defesa, mas não da vida política.

Soldados israelenses em frente ao muro que separa Israel da Cisjordânia, com grafite que
retrata o líder palestino Yasser Arafat.**

Na década de 1970, Sharon participou da fundação do Likud, um dos principais partidos da


direita israelense. Ele exerceu mandatos parlamentares desde a década de 1970, ocupando
ainda postos ministeriais em diversos governos, como o de Ministro da Agricultura e da
Habitação. Nesses postos, é de se destacar a sua política de construção de assentamentos de
judeus em territórios palestinos, principalmente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, após a
década de 1990. Essa política ampliou os territórios israelenses ao maior nível desde a Guerra
dos Seis Dias, de 1967. Tais assentamentos são considerados irregulares e ilegais até hoje,
sendo fonte de constantes conflitos entre israelenses e palestinos.

O ponto alto da vida política de Ariel Sharon ocorreu na primeira metade da década de 2000.
Como líder do Likud, Sharon realizou uma visita à Esplanada das Mesquitas (ou Monte do
Templo, para os judeus), na cidade de Jerusalém, em 2000. A visita ao local sagrado para os
muçulmanos gerou uma onda de revoltas entre os palestinos, no processo que ficou conhecido
como Segunda Intifada (revolta) Palestina. A Segunda Intifada resultou em uma série de
ataques palestinos a Israel, com mísseis lançados no território israelense ou através de atos
terroristas.

A ação palestina serviu como mote de campanha eleitoral para Sharon, prometendo alcançar
“segurança e paz verdadeira”. Com uma vitória eleitoral esmagadora, Ariel Sharon tornou-se
primeiro-ministro de Israel, em 2001.

Seu mandato foi marcado por inúmeros fatos. O combate militar à Segunda Intifada e o cerco
à OLP nos territórios palestinos merecem destaque. O cerco ao quartel-general de Yasser
Arafat, em Ramallah, isolou o líder da OLP até sua morte, em 2004, sob fortes suspeitas de
envenenamento.
Foi também sob o governo de Ariel Sharon que foi iniciada a construção de um
imenso muro (semelhante ao Muro de Berlim) que separa territórios sob comando israelense
da Cisjordânia, controlada pela Autoridade Nacional Palestina (ANP). O objetivo era evitar que
terroristas adentrassem o Estado de Israel e cometessem atos contra a população do país.

Protesto de israelenses contra a retirada dos colonos da Faixa de Gaza.***

Por outro lado, Ariel Sharon é defendido por ter realizado a retirada unilateral de colonos
israelenses da Faixa de Gaza, além da remoção de quatro assentamentos na Cisjordânia, em
2005. A medida teria por suposto objetivo conter as ações da Segunda Intifada. Entretanto, foi
evocada a insustentabilidade da manutenção da segurança dos colonos na Faixa de Gaza em
virtude dos altos custos para manter uma população de cerca de 9 mil israelenses entre 1,5
milhão de palestinos. Pode-se argumentar ainda que, com a medida, Ariel Sharon congelou as
negociações de paz com os palestinos, já que seria uma concessão israelense sem uma
contrapartida. Dessa forma, a ação de Sharon poderia conter a consolidação do Estado
Palestino.

Tais medidas geraram uma oposição da direita à Ariel Sharon. Como consequência, ele formou
um novo partido, o Kadima, após sua saída do Likud. Sua intenção era tentar a reeleição.
Entretanto, um derrame em janeiro de 2006 tirou-o da vida política. Sharon ficou em estado
vegetativo por oito anos, morrendo em 11 de janeiro de 2014. Várias manifestações
ocorreram após sua morte. Seus apoiadores defenderam o legado do chamado “Rei de Israel”,
em contrapartida, seus opositores comemoraram a morte de uma pessoa que eles
consideraram como um criminoso de guerra impune.

FORO PRIVILEGIADO É PORTA ABERTA PARA A IMPUNIDADE?

Por Carolina Cunha, da Novelo Comunicação


“Todos são iguais perante a lei”. A Constituição Brasileira estabelece que todos os brasileiros e
estrangeiros residentes no país são iguais perante a lei, mas o foro por prerrogativa de função,
mais conhecido como foro privilegiado, pode ser considerado uma exceção a essa regra.

O foro privilegiado se refere a como as autoridades são julgadas. Ele garante tratamentos
diferentes aos réus de processos, a depender da importância do cargo da pessoa. Esse direito
determina que algumas autoridades são julgadas apenas em cortes superiores (especiais), ao
contrário do cidadão comum, que é julgado pelo Poder Judiciário comum.

Foro privilegiado não é um privilégio de uma pessoa, mas do cargo público que ela ocupa. Ou
seja, assim que as pessoas deixam o cargo, elas perdem esse direito.

Esse mecanismo jurídico foi criado com a ideia de proteger o exercício de determinada função
ou mandato. Foi na Constituição de 1988 que o sistema de atribuição de foros privilegiados
incluiu uma ampla gama de autoridades. No contexto da época, ele foi reforçado sob o
argumento de preservar a democracia e impedir a volta de práticas da ditadura militar, como
eventuais perseguições políticas.

A premissa fundamental desse direito é a garantia da estabilidade necessária ao exercício das


funções públicas ao assegurar o máximo de imparcialidade nos julgamentos.

Caso não existisse o foro privilegiado, um acusado de cometer um crime deveria ser julgado
pelo juiz do local onde o fato ocorreu, independentemente do cargo que ele exerça. Com o
foro privilegiado, evita-se que o alvo da investigação não seja pressionado por quem queira
prejudicá-lo ou, ainda, evita que a decisão de um juiz seja fruto de uma pressão de um
determinado político local. Desta forma, no entendimento da lei, pode-se manter a
estabilidade do país, garantindo um julgamento justo e imparcial.

Possuem esse direito o Presidente da República, os ministros (civis e militares), todos os


parlamentares do Congresso Nacional, prefeitos, governadores dos Estados e do Distrito
Federal, chefes de missão diplomática (embaixadores), integrantes do Poder Judiciário, do
Tribunal de Contas da União (TCU) e todos os membros do Ministério Público.

A análise de processos envolvendo pessoas que gozam de foro privilegiado é designada a


órgãos superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF), o Senado ou as Câmaras
Legislativas.

O STF é responsável por julgar presidentes, ministros e parlamentares. Ao Superior Tribunal de


Justiça (STJ), cabem os casos que envolvem governadores, membros de tribunais de contas e
desembargadores dos Tribunais de Justiça. Os prefeitos são julgados pelos Tribunais de Justiça
estaduais. Já os tribunais regionais federais julgam os membros do Ministério Público Federal e
os juízes federais de primeira instância.

Foro privilegiado e impunidade

O Brasil é considerado por especialistas como o país com mais autoridades resguardadas pelo
foro especial no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, nem o presidente tem direito a
esse benefício.
O levantamento mais recente feito pela Associação dos Juízes Federais (Ajufe) mostrou que
mais 45 mil pessoas são beneficiadas pelo foro especial nas diversas instâncias do Poder
Judiciário. A estimativa feita pela força-tarefa da Operação Lava-Jato em 2015 chegou ao
número de 22 mil pessoas.

O foro especial é alvo de crítica de muitos juristas. A Associação dos Juízes Federais do Brasil
(Ajufe) defende o fim total do foro privilegiado. Para Roberto Veloso, presidente da Ajufe,
“todos devem ter foro na primeira instância a partir da competência dos crimes cometidos”.
Outros juristas defendem um “enxugamento” dos beneficiados, de forma que o mecanismo
seja concebido apenas a poucas autoridades.

Um dos argumentos contra o mecanismo é que ele seria um privilégio que fere o princípio de
igualdade da Carta Magna, que garante que todos os cidadãos brasileiros são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza ou regalias. Os defensores do foro privilegiado
entendem que a regra não é concedida à pessoa, mas ao cargo que ela exerce.

Outra questão é que o foro privilegiado estimularia a impunidade e a condenação de políticos


pela Justiça. Isso porque os tribunais de instâncias superiores não teriam estrutura para julgar
o imenso número de processos relacionados a agentes públicos com foro privilegiado.

O prazo médio para recebimento de uma denúncia no STF é de 617 dias. Ao contar com a
morosidade do sistema, o julgado poderia “fugir da justiça” até o crime prescrever e ser
arquivado por excesso de tempo. Ou seja, o Estado perde o prazo para julgá-lo e com isso
provocaria a impunidade.

A taxa de processos que o Supremo não consegue julgar é muito alta. Uma recente pesquisa
da FGV mostra que 68% das ações penais concluídas no STF entre 2011 e 2016 prescreveram
ou foram repassadas para instâncias inferiores porque a autoridade em questão deixou o
cargo.

No entanto, o julgamento em instâncias inferiores não significa a garantia de um julgamento


rápido. Quando ele começa na primeira instância, há uma maior possibilidade de recursos. Já a
pessoa condenada pelo STF não tem mais a quem recorrer, uma vez que ele é a última
instância da Justiça Federal.

No caso do escândalo de corrupção do “mensalão", por exemplo, 25 autoridades foram


punidas pelo Supremo em 2012, enquanto alguns casos do mesmo escândalo que ficaram em
instâncias inferiores até hoje não foram adiante.

Operação Lava Jato

A Operação Lava Jato reacendeu o debate sobre o fim do foro privilegiado por colocar em
xeque a capacidade do STF de analisar um volume tão expressivo de investigações criminais
por corrupção. A investigação policial envolve dezenas de parlamentares com foro especial em
denúncias de recebimento de propinas e lavagem de dinheiro.

Dois fatos recentes também colocaram em pauta a questão do foro.


Em 2015, quando a então presidenta Dilma Rousseff indicou o ex-presidente Lula para
substituir Jaques Wagner como ministro na Casa Civil, ela foi acusada de tentar proteger seu
antecessor, usando o foro especial. Isso porque Lula era alvo da Operação Lava Jato e poderia
ser julgado pelo juiz Sergio Moro. Em decisão do Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente foi
afastado do cargo.

Em fevereiro de 2017, Moreira Franco foi nomeado ministro da Secretaria Geral da


Presidência. A medida foi anunciada pelo presidente Michel Temer na mesma semana em que
o STF homologou as delações premiadas de executivos da empreiteira Odebrecht, em que
Moreira Franco é mencionado como operador de propinas. O STF validou a posse alegando
que a nomeação por si só não indicava desvio de finalidade.

Recentemente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez uma lista de abertura de


investigação contra parlamentares no âmbito da Operação Lava Jato, com base nos acordos de
delação premiada de executivos da Odebrecht. São 83 pedidos de investigação contra políticos
com foro no STF, como deputados e senadores. A lista reúne nomes de cinco partidos: PMDB,
PP, PT, PTB e PSDB.

Para procuradores e delegados da Lava Jato, o excesso de processos pode inviabilizar os


resultados da operação, em decorrência da demora no julgamento. A avaliação é de que, sem
alterações legais para que o rito do processo seja mais rápido, a estrutura do Supremo não
dará conta de julgar os processos de combate à corrupção.

Em entrevista ao Correio Braziliense, o delegado Adriano Anselmo afirmou que “o foro


privilegiado é um salvo conduto para a impunidade. É inaceitável que no Brasil tantas castas se
perpetuem com esse privilégio, incompatível com o princípio republicano. O cenário que se vê
no país hoje é, em grande parte, fruto do foro privilegiado. Após três anos de operação, não
temos perspectiva, por menor que seja, de casos concluídos a curto prazo envolvendo essas
autoridades”.

Projetos de lei

Ao todo, 11 propostas de emendas à Constituição (PECs) estão tramitando na Comissão de


Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ).

O debate sobre o foro foi reaberto no Senado em fevereiro deste ano, depois da apresentação,
pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), de uma proposta de PEC que visava dar imunidade aos
ocupantes de cargos na linha sucessória presidencial, mesmo para atos cometidos antes da
vigência do mandato. Pela Constituição, apenas o presidente da República tem esse benefício
atualmente.

Para Jucá, seria legítimo dar o mesmo tratamento aos presidentes dos três poderes para
garantir maior equilíbrio às instituições. “Os presidentes não podem ficar suscetíveis a sair do
cargo por conta de uma decisão pessoal do procurador-geral da República. Acho que isso não é
consistente com a harmonia dos poderes”, afirmou o senador à imprensa.

O projeto de Jucá beneficiaria diretamente o presidente do Senado, Eunicio Oliveira (PMDB-


CE) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dando a eles a mesma imunidade do
presidente da República, Michel Temer. Os dois são citados em delações premiadas no âmbito
da Lava Jato. A proposta foi arquivada.

Em março deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso
enviou ao plenário da Corte uma proposta que discute a restrição do foro privilegiado para
deputados federais, senadores e ministros.

No despacho, o ministro diz que os detentores de foro privilegiado somente devem responder
a processos criminais no STF se os fatos imputados a eles ocorram durante o mandato. No caso
de fatos que ocorreram antes da posse, a competência para julgamento seria da Primeira
Instância da Justiça. Por esse entendimento, os processos da Lava Jato “desceriam” para a
Justiça Comum.

Barroso argumenta que o privilégio precisa ser revisto por dificultar investigações de
autoridades e colaborar para que haja impunidade. Ele propôs ainda que fosse criada uma vara
especial em Brasília, vinculada ao STF, para processar casos de foro privilegiado. "Não é preciso
prosseguir para demonstrar a necessidade imperativa de revisão do sistema. Há problemas
associados à morosidade, à impunidade e à impropriedade de uma Suprema Corte ocupar-se
como primeira instância de centenas de processos criminais. Não é assim em parte alguma do
mundo democrático".

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