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Universidade Federal de Goiás

Faculdade de História
Disciplina: História Contemporânea II
Discente: Theles Eugenio Teodoro do Carmo Lopes

Análise Imagética
Da construção á queda dos Muros de Berlim e a demonização do socialismo
através das transitórias identidades.
Considerado o principal monumento que marcou o turbulento período conhecido
como Guerra Fria, os muros de Berlim foram o estopim da separação e polarização ideológica
do mundo, especialmente na Alemanha, que fora dividida pela cortina de ferro ( construída
inicialmente com arames farpados e malhas metálicas para a construção de barreiras
provisórias e posteriormente com blocos de concreto ) em Alemanha oriental ( República
Democrática Alemã ), associada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e responsável
pela construção dos muros em Agosto de 1961, devido a evasão dos cidadãos para o lado
ocidental buscando melhores condições de vida; E Alemanha Ocidental ( República
Federativa Alemã ), que estava no eixo do mundo capitalista encabeçado pelos Estados
Unidos da América.

Conforme imagem, antes de serem erguidos as enormes muralhas de concreto, as


barreiras que iniciaram a divisão alemã se constituíram de arames farpados. Tal evento
causou diversas manifestações no lado ociental e diversas tentativas de fugas daqueles
‘’presos’’ ao lado oriental, uma vez que o cotidiano de milhares de famílias foi quebrado,
ficando estes de lados opostos e sem possibilidade de reencontro, uma vez que aqueles que
tivessem coragem o
suficiente para tentar atravessar os muros estaria sujeito aos ataques da frota oriental
responsável por vigiar as fronteiras.
Após longas décadas com intensas mobilizações do lado ocidental contra a cortina de
ferro, a crise ecônomica enfrentada pela URSS em 1980 que intensificou a insatisfação da
população que além dos problemas financeiros lidava ainda com a repressão e censura do
governo. A queda dos muros de Berlim ocorreu de forma notadamente equivocada: em
Novembro de 1989, o governante da Alemanha Oriental anunciou erroneamente que as
fronteiras com o lado ocidental estavam abertas, gerando um enorme fluxo de pessoas que
foram as fronteiras e exigiram direito de atravessarem para o lado ocidental, tal pressão fez
com que o governante da RDA confirmasse a abertura das fronteiras, e assim ocorreu na
madrugada do dia 9 para 10 de Novembro, onde milhares de pessoas e servidores uniram-se
para derrubada dos muros de Berlim, conforme imagem abaixo, resultando na unificação
alemã que ocorreu cerca de um ano depois.
A tentativa aqui foi de tentar se situar quanto ao que resultou no processo de
demonização do socialismo vivido no tempo presente, apesar que se formos nos situar pelos
preceitos de Girgio Agamber, o retorno precisaria ser maior uma vez que esse conflito tem
raízes na Europa pré-capitalista, especialmente com os autores da Escola Histórica Escocesa,
como John Locke, Adam Smith e David Humme. Estes criam a escola escocesa como um
futuro mecanismo que seguraria as rédeas das massas camponesas desprovidas da razão, que
compuseram as forças revolucionárias da Europa; através do estabelecimento de uma nova
visão de mundo universalmente aceita, com um utópico futuro cheio de promessas em troca
da aceitação e conformismo com o presente, dessa forma, estes unificaram a História ao
progresso e a ascensão humana a economia capitalista, de forma com que esta fosse o auge de
sua evolução, modelo único de sistema sócio-político-econômico, conforme Josep Fontanna.
Isso considerando o âmbito nacional, se nos privarmos ao Brasil contemporâneo, o
imperialismo estadunidense agiu diretamente na política nacional e esteve por trás da ditadura
brasileira de 1964-1985, justamente durante a Guerra Fria, de forma a impedir quaisquer
‘’flerte’’ do país aos ideais socialistas. Os discursos e debates recentes oriundos da Ditadura
divergem entre opiniões diversas, há aqueles que equivocadamente se referem a esta como a
‘’salvação’’ do país contra o fantasma vermelho, até os que dizem ter sido uma ‘’revolução’’.
Os eventos associados a derrubada dos muros de Berlim, a ditadura brasileira e a
Guerra Fria como um todo refletem especialmente no Brasil dos tempos modernos, com
extrema polarização política e ideológica; desde as eleições presidenciais de 2018, acredito
que criou-se uma identidade nacional ligada a normalização do politicamente incorreto,
associada a extrema direita e suas representações, exacerbada pela execração do presente e
cultivação de um passado utópico, nos eixos das facetas identitárias propostas por Elisabeth
Roudinesco, pode-se situar a enorme polarização que abrange diversos espaços do presente: O
eu, o outro e ‘’nós’’, essas divergências que compõem o indivíduo sobre sua própria
identidade, seu pertencimento e a negação do outro, são intensificadas pelas redes socais
conforme se evidencia com o avanço de correntes de extrema direita no cyber-espaço ( uma
vez que possui a capacidade de viralizar e levar determinadas mensagens a milhares;
independentes se estas são verdadeiras ou não, se possuem o mínimo de coerência ou não)
bem como de seus representantes. Desde 2013 grupos políticos perceberam tal ocasião e
começarem a investir quantidades absurdas de dinheiro sobre a rápida comunicação dos
espaços virtuais; o primeiro grupo político a fazer isso foi o clã Bolsonaro, não a toa que este
é um dos políticos com maior influência e números na internet; ninguém consegue chegar
perto dele.
Desde o ‘’histórico de atleta’’ aos ataques a esquerda e a tudo que esta se relacione,
Bolsonaro levanta debates diversos e possui enorme poder de alienação. A demonização do
socialismo ( apesar que aqueles que o demonizam mal devem saber sobre o que se trata ) na
sociedade brasileira se dá especialmente por aqueles imersos na ignorância e nas bolhas
bolsonaristas que rondam o espaço virtual. A polarização política ressurge mais do que nunca
nesse ano, após uma intensa pandemia e um show de horrores de negacionismos diversos,
evoluindo para e forma mais violenta e autoritária possível: o ataque e negação do outro,
como ocorreu com um eleitor do Partido dos Trabalhadores que comemorava seu aniversário
que continha o mesmo tema de sua opção partidária, até ser assassinado por um eleitor
adversário que acreditava estar combatendo o fantasma vermelho, estando no eixo da
moralidade e da razão que engloba aqueles imersos no pertencimento bolsonarista.
Referências bibliográficas:
1- FONTANA, Josep. ‘’Capitalismo e História: A Escola Escocesa’’In: História: análise
do passado e projeto social, 1998, p. 79-98.
2- ROUDINESCO, Elisabeth: ‘’A Designação Identitária’’. In: O Eu Soberano: ensaio
sobre as derivas identitárias, Rio de Janeiro: Zahar, 2022, p. 13-25.
3- AGAMBER, Georgio: ‘’O Que é o Contemporâneo’’. In: O que é o Contemporâneo e
outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009, p. 55-76.
4- BARRACLOUGH, Geofrey: ‘’Natureza da História Contemporânea’’. In: Introdução
a História Contemporânea. SP: Jorge Zahar, 1964, p. 09-38.
5- DUNKER, Chistian: Subjetividade em Tempos de Pós-Verdade’’. In: Ética e Pós-
Verdade. Porto Alegre, 2017, p. 09-41.
6- Getty Images e google imagens, onde foram retirados as imagens utilizadas.
7- Revista History da BBC, edição de 2019.
8- https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/07/10/tesoureiro-do-pt-de-foz-
do-iguacu-e-assassinado-na-propria-festa-de-aniversario-policia-investiga-se-o-
crime-teve-motivacao-politica.ghtml

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