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Regiane – Pólo Blumenau.

Escolha DOIS filmes vistos no curso – sendo um de cada tópico – e escreva sobre
sua relação com a linguística a partir do material e discussões que fizemos.

Filmes:
Projeto Nim e A Chegada

O filme Projeto Nim é uma ideia sensível que foi criada por psicanalistas,
linguistas e biólogos, em que um chipanzé é tratado como um bebê. Ao analisar as
diferenças entre a linguagem humana e a linguagem animal, no caso – a do chipanzé,
seguindo o entendimento da linguística por meio do pensamento de Benveniste - a
comunicação é um elemento presente nos animais que vivem em sociedade, no entanto,
isso não bastaria para a concepção de linguagem. Para esse autor (1976, p. 60)
“condições fundamentais de uma comunicação propriamente linguística parecem faltar
no mundo dos animais”. O chimpanzé Nim é capaz de formular mensagens (signos),
interpretá-los, no entanto, somente a linguagem humana possui a tomada de
consciência. A linguagem animal é limitada, segundo Benveniste não há simbolização,
há uma mensagem objetiva, concreta. Para ele - a capacidade do símbolo (signo) é
construção do pensamento humano, da linguagem humana - estar no lugar do outro,
trazer o pensamento para o outro, são propriedades exclusivamente humanas.
Benveniste (1976, p. 60) revela então que:

“Falharam todas as observações sérias praticadas sobre as


comunidades animais, todas as tentativas postas em prática mediante
técnicas variadas para provocar ou controlar uma forma qualquer de
linguagem que se assemelhe à dos homens. Não parece que os animais
que emitem gritos variados manifestem, no momento dessas emissões
vocais, comportamentos dos quais possamos inferir que se transmitem
mensagens ´faladas’” (BENVENISTE, 1976, p. 60).

Nesse sentido, o modo de comunicação empregado pelos animais; não se trata


de uma linguagem, mas sim, de um código de sinais. O Chimpanzé Nim passou por
distintas situações de aprendizagem da linguagem de sinais, morou com um dos
envolvidos no projeto e seguiu ainda para outras instituições. Assim, percebeu-se que
todo o esforço dedicado ao trabalho para ensinar a linguagem de sinais para o
chimpanzé, com o intuito de fazê-lo se comunicar - por mais que se avançasse com a
linguagem humana, havia um limite na aprendizagem dele, distante daquela alcançada
pelo ser humano. Percebeu-se assim que a linguagem é o diferencial da condição
humana, a consciência de si e dos outros, a existência da cultura, a sua organização.
Em A Chegada a história da personagem está intimamente ligada à história do
filme. A linguista e tradutora presente na história Louise Banks executa a tarefa para a
qual foi convocada – o de se comunicar com uma raça alienígena. Esse contato com
uma língua outra, de acordo com o co-protagonista professor Ian Donnelly, revela que
ao mergulhar em uma língua estrangeira o cérebro é reprogramado. Pode-se dizer então
que o enredo do filme procura interpretar a teoria linguística de Sapir-Whorf, também,
conhecida como relativismo linguístico – sua hipótese é de que a língua que o sujeito
fala determina como ele pensa, e afeta a forma como ele vê as coisas - a estrutura da
língua pode assim elucidar o entendimento de um mundo que o acompanhe.
A história ainda que vagarosa, é tensa, pois o pouco tempo para conclusão dos
trabalhos, exaure os envolvidos na tarefa, e os deixa sem margem de erro, afinal o
desfecho positivo ou negativo depende única e exclusivamente dos dois protagonistas.
A forma como a história aborda a importância da linguagem, e da compreensão de suas
diversas nuances, trabalhada de forma correlata ao crescente das emoções das
personagens, demonstra uma vibrante percepção acerca da vida, de propósitos nobres, e
de emoções ricas e únicas, como a importância da família e dos vínculos advindos das
escolhas que cada um de nós faz. Para Sapir-Whorf (2005, p. 63) É uma grande ilusão
imaginar que alguém se ajusta substancialmente à realidade sem usar a língua ou que a
língua é uma maneira fortuita de resolver problemas específicos da comunicação e da
reflexão. O fato é que o “mundo real” é em grande medida construído
inconscientemente sobre os hábitos linguísticos do grupo.”
O filme como um todo, é de uma beleza ímpar, presente inclusive na trilha
sonora, que dá ênfase às emoções retratadas, e nos ensina sobre esperança, tolerância,
respeito, amor, carinho, e a delicadeza que a vida humana possui em sua essência, pois
somos etéreos quando sozinhos, mas eternos quando unidos por um objetivo comum.

REFERÊNCIAS

BENVENISTE, Emile. Problemas de linguística geral. Trad.: Maria da Glória Novak


e Luiza Neri. São Paulo, 1976.
ABRIL, revista. “Ciência Hoje”, 2005.

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