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Mas pode perguntar-se se ainda hoje, numa sociedade que diz ter já
interiorizado a democracia, não são visíveis, no desporto, estas facetas:
quando o lucro é quase tudo, tudo o resto é quase nada; uma
competição-hostil, no lugar de uma competição-solidariedade; uma
conceção objectiva e funcional do ser humano e da natureza, que produz
especialistas, gera campeões, está na base de um declarado progresso
tecnológico, mas não é mensagem de vida. Quero eu dizer: mesmo nos
atuais regimes democráticos, o desporto tem de repensar-se, de
reexaminar-se, de recriar-se. E como? Salvo melhor opinião, começando
pelos pequenos clubes, pelas pequenas agremiações locais. Leonardo
Boff, um dos pais da teologia da libertação, propõe um conceito de
revolução molecular: «Certamente necessitamos de revoluções, para
provocar as mudanças necessárias; mas os caminhos para tais mudanças
são hoje diferentes. Mudanças estruturais já não bastam; também os
promotores das mudanças (sejam pessoais ou colectivas) precisam
modificar-se. Acreditamos em revoluções moleculares. Como a molécula,
a menor massa de matéria viva garante sua sobrevivência por sua relação
e articulação com outras moléculas e com o meio ambiente, do mesmo
modo precisam as revoluções realizar-se em grupos e comunidades,
interessados em mudanças(...). A partir daí podem outros setores da
sociedade começar a modificar-se» (conferência realizada com o teólogo
alemão Eugen Drewermann, em Junho de l993, em Dortmund).