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Na sociedade contemporânea a ética não mais representa apenas um

dever moral. Com a chegada da idade moderna, o avanço simultâneo dos


diversos campos do conhecimento humano possibilitou a ramificação da ética
em nível científico, político e institucional. A velocidade deste avanço
multifacetado interfere diretamente na própria noção de ética, onde, torna-se
difícil compreendermos o que deve ser preservado como moral diante iminente
desenvolvimento humano:
“O vulto das mudanças que se operam no mundo,
sequer consegue ser identificado, passam como um completo
de informações e imagens simultâneas, assaltam de tal
maneira o modo de vida humano, que não há tempo para se
refletir eticamente, para se transformar uma experiência
imediata em uma experiência compreendida, como se não
houvesse tempo nem mesmo para escolher” (BORGES, 2015.
P.4)

Esta reflexão sobre moral e desenvolvimento se faz presente desde o


século XVIII com a chegada da corrente filosófica do Iluminismo. O avanço e as
descoberta científicas trouxeram melhorias consideráveis para a qualidade de
vida da sociedade. Entretanto, a filósofos da época já advertiam cautela com as
práticas abordadas pelos cientistas, principalmente no campo da medicina:
“Age de modo que consideres a humanidade tanto na tua pessoa quanto na de
qualquer outro, e sempre com o objetivo, nunca como simples meio” (KANT,
2007, p 69)
Paralelamente, podemos associar este pensamento com as recentes
descobertas científicas sobre células tronco. O uso de tais células possibilitou
um avanço significativo no campo da medicina, alavancando os estudos para
tratamento de doenças degenerativas. Contudo, há um debate no meio
científico sobre a moralidade por trás de seu uso, visto que para possibilitar o
estudo da célula, é necessária a destruição de um embrião humano.
Ademais, também podemos observar uma disputa ética no meio de
produção. No século XVIII, a descoberta da tecnologia à vapor causou o
estopim da indústria, marcando o começo da Revolução Industrial. Todavia, a
demanda de produção causou danos significativos à saúde dos trabalhadores,
onde, de forma sub-humana, a jornada de trabalho diária totalizava 16 horas.
Desta forma, houve a disputa entre a ética do mercado e a ética do
trabalhador, onde a primeira visa descartar a moral da segunda: “Eu não aceito
que a ética do mercado, que é profundamente malvada, perversa, a ética da
venda, do lucro, seja a que satisfaz ao ser humano (FREIRE, 1997)
Por fim, é necessário que nós, como sociedade, demonstremos
preocupação com o avanço exacerbado do desenvolvimento, onde, a ética e a
moral devem preservar a nossa humanidade diante do fluxo constante da
mudança.

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