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MÓDULO DE ÉTICA

Prof. Samuel Medeiros


samuel_medeiros@ymail.com
AS TEORIAS FUNDAMENTAIS SOBRE A ÉTICA AO LONGO DO TEMPO
As teorias éticas nascem e desenvolvem-se em diferentes sociedades como resposta aos
problemas resultantes das relações entre os homens. Os contextos históricos são elementos muito
importantes para se perceber as condições que estiveram na origem de certas problemáticas morais
que ainda hoje permanecem atuais. Vejamos algumas concepções sobre ética ao longo dos períodos
históricos:
ANTIGA GRÉCIA
Sócrates (470-399 a.C). Defende o caráter eterno de certos valores como o Bem, Virtude,
Justiça, Saber. O valor supremo da vida é atingir a perfeição e tudo deve ser feito em função deste
ideal, o qual só pode ser obtido através do saber. Na vida privada ou na vida pública, todos tinham a
obrigação de se aperfeiçoarem fazendo o Bem, sendo justos. O homem sábio só pode fazer o bem,
sendo as injustiças próprias dos ignorantes (Intelectualismo Moral).
Platão (427-347 a.C.). Defende o valor supremo do Bem. O ideal que todos os homens
livres deveriam tentar atingir. Para isto acontecesse deveriam ser reunidas, pelo menos duas
condições: 1. Os homens deviam seguir apenas a razão desprezando os instintos ou as paixões; 2. A
sociedade devia de ser reorganizada, sendo o poder confiado aos sábios, de modo a evitar que as
almas fossem corrompidas pela maioria, composta por homens ignorantes e dominados pelos
instintos ou paixões.
Aristóteles (384-322 a.C.). Defende o valor supremo da felicidade.A finalidade de todo o
homem é ser feliz. Para que isto aconteça é necessário que cada um siga a sua própria natureza,
evite os excessos, seguindo sempre a via do "meio termo" (Justa Medida). Ninguém consegue
todavia ser feliz sozinho. Aristóteles, à semelhança de Platão coloca a questão da necessidade de
reorganizar a sociedade de modo a proporcionar que cada um do seus membros possa ser feliz na
sua respectiva condição. Ética e política acabam sempre por estar unidas.
IDADE MÉDIA
O longo período que se estende entre o século IV e o século XV, é marcado pelo
predomínio absoluto da moral cristã. Deus é identificado com o Bem, Justiça e Verdade. É o
modelo que todos os homens deviam procurar seguir. Neste contexto dificilmente se concebe a
existência de teorias éticas autônomas da doutrina da Igreja Cristã, dado que todas elas de uma
forma ou outra teriam que estar de concordo com os seus princípios.
Santo Agostinho (354-430). Fundamentou a moral cristã, com elementos filosóficos da
filosofia clássica. O objetivo da moral é ajudar os seres humanos a serem felizes, mas a felicidade
suprema consiste num encontro amoroso do homem com Deus. Só através pela graça de Deus
podemos ser verdadeiramente felizes.
St. Tomás Aquino (1225-1274). No essencial concorda com Santo Agostinho, mas
procura fundamentar a ética tendo em conta as questões colocadas na antiguidade clássica por
Aristóteles.
IDADE MODERNA
Entre os séculos XVI e XVIII, a sociedade Européia é varrida por profundas mudanças que
alteram completamente as concepções anteriores. Vejamos as mudanças que ajudaram a definir
teorias éticas da época:
Renascimento. Na Itália a partir do século XIV desenvolve-se um movimento filosófico e
artístico que retoma explicitamente idéias da Antiguidade Clássica. O homem ocupa nestas idéias o
lugar central (antropocentrismo). Este movimento acaba por ser difundir por toda a Europa a partir
do século XVI.
Descobertas Geográficas. A aventura iniciada em 1415 pelos portugueses, teve um
profundo impacto na sociedade européia. Em conseqüência destas descobertas as concepções sobre
a Terra e o Universo tiveram que ser alteradas. A terra, o Sol, mas também o Homem perderam
neste processo a sua importância e significado. As descobertas revelaram igualmente a existência de
outros povos, culturas, religiões até aí desconhecidas. A realidade tornou-se muitíssima mais
complexa e plural.
Divisões na Igreja. O século XVI é marcado por diversos movimentos de ruptura no
cristianismo, que provocam o aparecimento de novas igrejas, cada uma reclamando para si a
interpretação mais correta da palavra divina. Não admira que este período seja marcado numerosos
e sangrentos conflitos religiosos. O resultado global foi o aumento da descrença, o desenvolvimento
do ateísmo.
Ciência Moderna. O grande critério do conhecimento deixa de ser a tradição, a autoridade
e passa a ser a experiência. Fato que coloca radicalmente em causa crenças milenares.
É o resultado destes e muitos outros fatores, que assistimos ao longo de toda a Idade
Moderna ao desenvolvimento do Individualismo e a afirmação da razão humana. O grande sinal
desta mudança foi a multiplicação das teorias éticas, muitas das quais em contradição com os
fundamentos do próprio cristianismo. Vejamos:
Descartes (1596-1650). Este filósofo simboliza toda a fé que a Idade Moderna depositava
na razão humana. Só ela nos permitiria construir um conhecimento absoluto. Em termos morais
mostrou-se, todavia, muito cauteloso. Neste caso reconheceu que seria impossível estabelecer
princípios seguros para a ação humana. Limitou-se a recomendar uma moral provisória de tendência
estóica: o seu único princípio ético consistia em seguir as normas e os costumes morais que visse a
maioria seguir, evitando deste modo rupturas ou conflitos.
John Locke (1632-1704). Este filósofo parte do princípio que todos os homens nascem
com os mesmos direitos (Direito á Liberdade, à Propriedade, à Vida). A sociedade foi constituída,
através de um contrato social, que visava garantir e reforçar estes mesmos direitos. Neste sentido,
as relações entre os homens devem ser pautadas pelo seu escrupuloso respeito.
David Hume (1711-1778). Defende que as nossas ações são em geral motivadas pelas
paixões. Os dois princípios éticos fundamentais são a utilidade e a simpatia.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), concebe o homem como um ser bom por natureza
(mito do "bom selvagem”) e atribui a causa de todos os males à sociedade e à moral que o
corromperam. O Homem sábio é aquele que segue a natureza e despreza as convenções sociais. A
natureza é entendida como algo harmonioso e racional.
IDADE CONTEMPORÂNEA
Se quisermos estabelecer um começo para a Idade Contemporânea, temos que recuar até
aos finais do século XVIII. O que então se iniciou na Europa veio a contribuir de forma decisiva
para formar o mundo em que vivemos.
Revoluções. A Revolução Francesa (1789) marcou uma ruptura deliberada e radical com o
passado. Depois dela muitas outras ocorreram até aos nossos dias com idênticos propósitos. Quase
sempre foram iniciadas em nome da libertação do povo da opressão (ditaduras, regimes
colonialistas etc). Prometeram criar novas sociedades e homens, mas o que produziram foi
freqüentemente novas matanças.
Guerras Mundiais. A partilha do mundo, a conquista de recursos naturais, o saques de
riquezas acumulados foram sempre uma constante ao longo da história da Humanidade. A grande
novidade na Idade Contemporânea assentou numa aspectos essencial: a crescente eficiência da
barbárie praticada por poderosas máquinas de guerra passaram a operar numa escala cada vez mais
global. A França napoleônica, no inicio do século XIX, mostrou o caminho que outros países ou
alianças de países haviam de prosseguir na guerra e no saque de povos. A dimensão desta barbárie
colocou os causa os fundamentos da racionalidade e moralidade do mundo ocidental.
Progresso científico e tecnológico. A ciência substituiu o lugar que antes era ocupado pela
religião na condução dos homens. Os cientistas foram apontados como os novos sacerdotes. O
balanço desta substituição continua a ser objeto de enormes polemicas, mas três coisas são hoje
evidentes:
a) A ciência e a tecnologia mudaram o mundo possibilitando uma melhoria muito
significativa da vida de uma parte significativa da humanidade. Apesar do imenso bem estar por
proporcionado, a verdade é que as desigualdades a nível mundial não diminuíram antes se
acentuaram. Uns não sabem o que fazer a tanto desperdício, outros lutam diariamente por obter
restos que lhes permitam sobreviver.
b) Não parecem existir limites para o desenvolvimento da ciência e da técnica.Aquilo que
era antes impensável tornou-se hoje banal: manipulações genéticas, clonagem de seres, inseminação
artificial, morte assistida etc. Valores tidos por sagrados são agora quotidianamente aniquilados por
experiências científicas.
c) O progresso humano fez-se mais lentamente que o progresso científico e tecnológico, ou
dito de outro modo, o progresso moral não acompanhou o científico. Ao longo de todo o século XX
inúmeras foram as figuras do mundo da ciência e da técnica envolvidas em intermináveis de atos de
pura bárbarie, em nada se distinguindo dos antigos "selvagens".
O século XIX e XX foi por tudo isto marcado pelo aparecimento de um enorme número de
teorias éticas, mas também pela própria crítica dos fundamentos da moral. Esta pluralidade revela
igualmente a enorme dificuldade que os homens têm sentido em estabelecer consensos sobre as
normas em que devem de assentar as suas relações. Vejamos:
Kant (1724-1804). Partindo de uma concepção universalista do homem, afirma que este só
age moralmente quando, pela sua livre vontade, determina as suas ações com a intenção de respeitar
os princípios que reconheceu como bons. O que o motiva, neste caso, é o puro dever de cumprir
aquilo que racionalmente estabeleceu sem considerar as suas conseqüências. A moral assume assim,
um conteúdo puramente formal, isto é, não nos diz o que devemos fazer (conteúdo da ação), mas
apenas o princípio (forma) que devemos seguir para que a ação seja considerada boa.
Jeremy Bentham(1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873) desenvolveram uma ética
baseada no princípio da utilidade. As ações morais são avaliadas em função das conseqüências
morais que originam para quem as pratica, mas também para quem recai os resultados. Princípio
que deve nortear a ação moral: "A máxima felicidade possível para o maior número possível de
pessoas". O Bom é aquilo que for útil para o maior número de pessoas, melhorando o bem-estar de
todos, e o Mal o seu contrário.
Habermas (1929). Após a 2ª.Guerra Mundial, Habermas surge a defender uma ética
baseada no diálogo entre indivíduos em situação de equidade e igualdade. A validade das normas
morais depende de acordos livremente discutidos e aceites entre todos os implicados na ação.
Hans Jonas (1903-1993). Perante a barbárie quotidiana e a ameaça da destruição do
planeta, Hans Jonas, defende uma moral baseada na responsabilidade que todos temos em preservar
e transmitir às gerações futuras uma terra onde a vida possa ser vivida com autenticidade. Daí o seu
princípio fundamental: "Age de tal modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a
permanência da uma vida humana autêntica na terra".
Novas Problemáticas . As profundas transformações sociais, culturais e científicas das
nossas sociedades colocaram novos problemas éticos, nomeadamente em domínios como a
tecnociência (clonagem, manipulação genética, eutanásia,etc), ecologia, comunicação de massas,
etc.
CONCEITOS GERAIS DE ÉTICA
- Ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado.
- É um modelo de conduta humana que seja capaz de guiar o indivíduo,
concomitantemente, ao bem pessoal e ao bem público no sentido de coletivo, do que é bom para a
sociedade.
- É um conjunto de princípios e valores morais aceitáveis pela sociedade humana num
período específico.
- A ética brota de dentro do ser humano, daqueles elementos que o caracterizam como ser
humano.
- Ética é o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de
um grupo social ou de uma sociedade.

- Ética - princípios ou pautas da conduta humana, também denominada filosofia moral.


Como ramo da filosofia, é considerada uma ciência normativa.
- Ser ético é fazer o que tem de ser feito dentro dos critérios aceitos pelo grupo humano.
Concluindo...
- Ética é vida! Sem princípios éticos é inviável a organização social.
- Ética empresarial é a alma do negócio. É o que garante o conceito público e a
perpetuidade.
Moral e Ética

Quando falamos em ética, estamos nos referindo aos bons costumes, bons valores, válidos
para todos os seres humanos, como amor, paz, bondade e tolerância, entre outros tantos. Costume
em grego é “Éthos” (ética) e em latim significa “mores” (moral). Talvez esteja aí a origem da
costumeira confusão que fazemos sobre moral e ética.

A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. A


capacidade ética tem por objetivo a reflexão crítica do ato moral, ou seja, sobre o que é (ou pode
ser) errado. Assim a ética não é moral. Moral é o objeto de estudo da ética, diz respeito aos
costumes, valores e normas de conduta de cada sociedade.

A ética, então, pode ser o regimento, a lei do que seja ato moral, o controle de qualidade da
moral. Daí os códigos de ética que servem para as diferentes micro-sociedades dentro do sistema
maior. A moral por sua vez, de acordo com Kant, “é aquilo que precisa ser feito,
independentemente das vantagens ou prejuízos que possa trazer”. Assim, quando praticamos um ato
moral, poderemos até sofrer conseqüências negativas, pois o que é moral para uns pode ser amoral
ou imoral para outros. Veja o exemplo.

A família do Sr. João tem o costume de tomar banho junta. Pai, mãe e filhos (meninas e
meninos) sempre tomaram banho juntos. É cultural, dentro da casa, a exposição do corpo nu entre
eles sem que haja conotações de sexualidade ou de promiscuidade. No entanto, seus vizinhos,
regidos por uma cultura totalmente avessa a esse tipo de comportamento, quando ficaram sabendo
do banho coletivo familiar daquela família, passaram a denomina-la de imoral. Esse simples e
pequeno exemplo, pode justificar o que foi afirmado acima: que ações morais, para uns, podem ser
imorais para outros. Não há como definir quem está “certo” ou quem está “errado”, é uma questão
cultural familiar, de uma micro-sociedade. Duas pessoas podem ter valores diferenciados a respeito
do que seja ato moral ou imoral, é uma questão de consciência pessoal. Daí o conceito do Kant
sobre “aquilo que precisa ser feito”.

Para qualificar, ou seja, para normatizar o que é ou não moral em micro e macro-
sociedades, instituíram-se os códigos de ética. Todas as sociedades têm o seu. Pode ser
documentado com parágrafos e capítulos ou pode ser, no caso de algumas culturas, uma forma de
viver aceita pelos seus membros. Na Índia existem algumas aldeias em que os mais velhos mutilam
sexualmente as meninas ainda crianças extirpando o seu clitóris. Não está escrito em lugar algum
que isso deve ser feito, mas todos, apesar da revolta do resto da humanidade, mantém essa atitude
em nome de um ato ético que diz que, naquela sociedade a mulher não pode sentir prazer.

Os códigos de ética, então, servem para definir o que é e o que não é ato moral. Em nossa
sociedade capitalista que valoriza a posse de bens materiais e do lucro em detrimento dos valores
morais, o que vale é não quebrar o código de ética estabelecido. Assim, quando um deputado,
senador, prefeito ou vereador aumenta o seu salário em 300%, argumenta sem constrangimento que
“a legislação nos permite essa manobra”, colocando a culpa num regimento, estará sendo ético,
mas, imoral ao mesmo tempo.

A democracia, mal interpretada no seu objetivo, autoriza a sociedade, de modo geral, a


usar de qualquer forma manipulativa, que não atente aos códigos de ética como os regimentos e
código penal, por exemplo, para o acúmulo de bens. A minoria apoiada pelos políticos, pelos
capitalistas, enfim, por quem detêm o poder, cada vez ganha mais e, conseqüentemente, acumula
mais. Por outro lado temos a maioria dessa sociedade que não possui essas habilidades e
oportunidades, ou não se interessa por elas. Representam o contraponto das diferenças sociais, no
qual algumas pessoas possuem o que não conseguiriam consumir em sua existência e por isso
esbanjam adquirindo carros de milhões e casas suntuosas, desvirtuando por completo o conceito de
ética representar bons costumes e bons valores, e por outro lado indivíduos mantendo suas famílias
com salário mínimo e vivendo uma sub vida, na miséria. É ético? Sim! Pois não viola as leis do
sistema. É moral? Não! Pois viola os direitos humanos em toda a sua essência. Conseqüências?
Muitas! Principalmente no quesito, aumento do comportamento anti-social como a corrupção,
sonegação, agressividade e violência, o que resta a muitos como recurso para demonstrar a sua
indignação.

ÉTICA, ÉTICA PROFISSIONAL e ÉTICA ORGANIZACIONAL


Ética de forma simples pode-se definir como sendo um ramo da filosofia que lida com o
que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. Parece simples, mas é complexo. Os desafios éticos
surgem, ás vezes, de uma forma violenta e cruel, e necessitam ser resolvidos, mesmo que, pareçam
ser intransponíveis.
O uso popular do termo ética implica em diferentes significados. Regras éticas são
quebradas a todo o momento. Existem éticas para a sociedade e ética dentro de grupos
determinados.

Já a ética profissional é a parte da ética que ensina o homem a agir em sua profissão, tendo
em vista os princípios da moral. Ela é a aplicação geral no campo das atividades profissionais.
Assim, a ética profissional do engenheiro, consiste em conhecer a ética, nela acreditar e viver
eticamente, na vida privada como na vida pública.
Então, ética profissional trata dos deveres e dos direitos, dos engenheiros, entre outros. Assume o
compromisso do crescimento ético - retidão de consciência.

Do ponto de vista organizacional a ética deve ser vista como um conceito utilitário com o
sentido de uma ferramenta útil ao dirigente de qualquer organização. Enquanto a ética profissional
está voltada para as profissões e os profissionais do setor correspondente, a ética organizacional
atinge as empresas e organizações em geral.

Portanto, vamos definir ética organizacional como um comportamento regido por padrões claros,
explícitos, que correspondem à postura real dos dirigentes dessa organização. Ou seja, a ética é
parte daquilo que se define como cultura ou filosofia organizacional: são padrões de
comportamento que correspondem a valores reais, aceitos e assumidos pelos componentes da
organização, a partir de sua cúpula. Isso significa que a ética organizacional não corresponde
necessariamente a padrões morais ou religiosos, embora seja de esperar e desejar que isso ocorra.
Valores são critérios gerais, padrões ou princípios que as pessoas utilizam para determinar quais
comportamentos, eventos e situações são desejáveis ou indesejáveis.

Temos exemplos de ética organizacional em setores cujos negócios são ilegais ou até amorais. Um
exemplo típico são os bicheiros: eles têm a sua ética, um padrão de comportamento claro, que
permite que as pessoas apostem usando um pedacinho de papel como comprovante e tenham a
certeza de receber seus prêmios.

A importância dessa clareza organizacional fica óbvia quando se sabe que a população - e são as
pesquisas que indicam - confia mais nos bicheiros do que nos comerciantes, industriais ou
banqueiros. Por quê? A resposta é óbvia: há mais clareza nas posições dos bicheiros do que nas dos
outros grupos mencionados. Portanto, é preciso não apenas adotar princípios éticos nas
organizações, como deixá-los claros aos diversos públicos com que elas se relacionam.

ÉTICA NAS EMPRESAS


Inserido no gênero da “ética organizacional”, vamos abordar um tema atualíssimo e muito
importante para o desenvolvimento e a credibilidade de uma empresa no mercado.
Atualmente, para que uma empresa possa adquirir e garantir credibilidade junto ao
mercado, não basta somente oferecer produtos ou serviços de qualidade, preços competitivos e
obter exposição na mídia. Embora estes fatores sejam fundamentais e os consumidores estejam cada
vez mais exigentes, a conquista da credibilidade junto ao público exige mais, pois engloba outros
fatores tão cruciais quanto os primeiros. A ética é, com certeza, um destes principais itens.

O ambiente empresarial se encontra em constante mudança e aqueles empresários mais preparados


devem enxergar a necessidade de acompanhar os novos tempos. Passamos por algumas fases, onde
a modernidade nos trouxe a necessidade da obtenção da qualidade, através da ISO-9000. Depois,
passamos à preocupação com o meio ambiente, que introduziu a ISO-14000 e chegamos à época da
ISO-Ética. É a intenção de se adotar certificados de qualidade ética para as empresas.

Analisemos nosso próprio comportamento como consumidores, ao escolher entre adquirir


produtos ou serviços de uma empresa que é reconhecida no mercado como detentora de padrões
éticos e responsáveis e de outra que fere os princípios da ética e da responsabilidade social para
colocar seus produtos ou serviços no mercado. Com quem você negociaria?

Enfim, estamos na "Era da Ética" e tal consciência tem feito aumentar o número de causas
submetidas à Justiça, o que nos mostra uma cobrança crescente para que se obedeça a parâmetros
que suplantem as necessidades imediatas e primárias, instintivas. Por isso a importância da
certificação ISO-Ética. Ou seja, a busca de um padrão respeitável, global, vanguardista e lucrativo
de atuação nas relações comerciais e, como conseqüência, eleva-se o nível dos relacionamentos,
estreitam-se laços de parceria, minimiza-se a desconfiança do consumidor em relação ao produto
oferecido e simplificam-se os contratos comerciais.

Hoje, para que uma empresa consiga credibilidade junto ao mercado, não basta só auferir
qualidade a seus produtos ou serviços. Embora esse fator seja primordial e o público consumidor
esteja cada vez mais exigente nesse sentido, a conquista da credibilidade é mais ampla. Ela engloba
outros itens – e a ética é, notadamente, um desses principais itens.

Não existe, na grande maioria das empresas, a preocupação com a ética sistematizada para a
organização. Existe a necessidade da preparação de um Código de Ética, que seja seguido por todos
os colaboradores da empresa e seus fornecedores.

Exemplo simples de comportamento ético:


Imaginemos duas empresas que atuem num mesmo segmento de negócios. Vamos chamar
estas empresas de A e B. No nosso exemplo, ambas atuam no segmento de panificação.
Na empresa A o empreendedor, zeloso por manter uma postura ética e não apenas
comercial, ajusta o layout (as instalações) de seu estabelecimento para permitir livre trânsito a
pessoas portadoras de necessidades especiais (deficientes físicos e pessoas da terceira idade),
instalando rampas de acesso no interior de sua panificadora, aumentando a distância interna das
gôndolas, demarcando vagas preferenciais no seu estacionamento, fazendo a identificação de
produtos em braile, demarcando o chão do estabelecimento com sinalizadores especiais para
pessoas portadoras de deficiência visual, entre outras medidas. Certamente todos estes ajustes e
alterações terão um custo financeiro.
Por outro lado, a empresa B não adota nenhuma dessas medidas por considerar que a
legislação do município onde está instalada não obriga a adoção de tais providências. Qual o
resultado prático desses comportamentos diferenciados?
O custo adicional suportado pela empresa A será de alguma forma compensado? A
resposta a esta pergunta é muito simples. Num mercado saturado, onde a concorrência é acirrada,
empresa A com certeza sairá ganhando.
Na medida em que os consumidores identificam as alterações promovidas por seu
empreendedor para permitir o adequado atendimento de pessoas com necessidades especiais, a
mensagem que ficará gravada na mente do consumidor é que se trata de uma empresa ética, que não
só respeita as pessoas, mas também se importa com seu bem estar.
Dessa forma, a empresa A terá alcançado um diferencial de mercado positivo em relação à
empresa B, que, mesmo não agindo contra a lei, terá maior dificuldade em cativar e manter sua
clientela (este processo é conhecido como fidelização de clientes). Desta forma, além da
possibilidade de atender a demanda de pessoas portadoras de necessidades especiais, ainda manterá
sua cliente habitual e terá uma imagem de excelência que certamente atrairá novos consumidores.
Este é apenas um dos exemplos que ilustram, de forma clara, que a adoção de
comportamentos eticamente responsáveis podem resultar num diferencial positivo em relação ao
público consumidor.
Os valores são os pilares internos das organizações, são ações que se apresentam em
condutas que definem "o caráter da Empresa".
Por Exemplo, comprometimento no atendimento ao cliente, respeitando-o, resolvendo e
solucionando seu problema ou, ouvindo sua sugestão pode ser definido pelo grupo de executivos
como um valor corporativo na empresa, e que deve ser multiplicado no dia-a-dia pelos funcionários
no seu relacionamento com o cliente quer seja interno ou externo, quando ele fornece uma resposta,
quando é contatado ou presta alguma orientação. Este valor pode ser transportado para outras
condutas internas, que deverão refletir no comportamento do funcionário. Comprometimento nas
tarefas que desenvolve, nas responsabilidades que assume
no atendimento de um problema interno, com a imagem da Empresa, salvaguardando-a de
qualquer conduta que venha a denegri-la.

Outros exemplos de valores:

Integridade: pessoas comprometidas a agir com integridade em suas atividades.


Justiça: justiça com o significado de "equidade", ou seja, tratar todo mundo de uma maneira justa
e igual.
Responsabilidade Social: a coisa mais socialmente responsável que uma empresa pode fazer é
realizar um trabalho excepcional no atendimento às necessidades da sociedade. Apoiar projetos
sociais das comunidades.
Ambiente de trabalho: ter um ambiente de trabalho em que possamos usar novos dons e
habilidades. Criar um ambiente saudável, requer uma visão positiva da humanidade, que começa
com as pessoas que trabalham na empresa.
Valorizar a pontualidade, a qualidade de cada serviço e presteza no.atendimento.
Comportamento ético e desenvolvido de acordo com a legislação vigente.
Lealdade para com a Empresa.
Tratamento justo, cortês e respeitoso entre os colegas de trabalho.
Justiça e consideração apropriadas aos interesses de outras pessoas vinculadas à Empresa:
acionistas, clientes, outros parceiros comerciais, autoridades governamentais e o público em geral.
Respeito e proteção ao meio ambiente.

Valores no ambiente de trabalho que devemos ter sempre do nosso lado: Dinamismo –
Observação – Esperteza – Sensibilidade – Emotividade – Criatividade – Liderança - Espírito de
equipe – Humildade - Atualização
Lembre-se: a postura ética constrói ou destrói a reputação de uma empresa. A adoção de
um comportamento ético consagra valor à imagem da empresa.
A LEGISLAÇÃO E A ÉTICA
Na “Lei Maior”, além de outros dispositivos constitucionais, onde a ética permeia,
verifica-se que é no capítulo VII, do título III da Constituição Federal de 1988, que se encontra de
forma mais evidente a imposição da necessidade da ética, no exercício da honrosa função de servir
a sociedade, estando esse princípio dentre os mais importantes da Administração Pública, a saber:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
No âmbito da atividade empresarial, o § 4º, do art. 173, da Constituição Federal de 1988,
estabeleceu as práticas que devem ser evitadas na exploração da atividade econômica, por ferir a
ética empresarial, dispondo que: "A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros".
Verificamos ainda que a Constituição Federal brasileira defende o uso da propriedade em
atendimento ao seu fim social e o respeito ao meio ambiente. Tudo isso só tem resultado prático se
forem observados os deveres éticos.

Na legislação ordinária, existem leis que motivam os empresários a adotarem posturas


levando em conta a repercussão social que suas decisões possam gerar, tal como a legislação
ambiental, que orienta a empresa para que respeite a natureza que é um bem da coletividade.

O Governo Federal regulamentou a participação dos empregados nos resultados gerados


pela empresa, o que representa uma possibilidade de distribuição de renda realizada pela iniciativa
privada. Desta forma, empresários poderão proporcionar um incentivo incomensurável a seus
funcionários, podendo gerar melhoria na produtividade e na qualidade de trabalho.
Outra lei importante a ser ressaltada é o Código de Defesa do Consumidor. Na medida em
que a ética permear as preocupações dos empresários, o Código de Defesa do Consumidor será
utilizado esporadicamente e exatamente para punir os poucos marginais que sobrarem no mercado.
É provável que até que tenhamos condições de vivenciar este estágio decorra ainda um longo
tempo, mas é importante ter consciência de que é possível o aperfeiçoamento ético das empresas, se
dirigentes e funcionários se engajarem nesse processo. Foram citados, de forma esparsa, alguns
mandamentos legais apenas para demonstrar que a legislação referente ao tema estudado advém de
várias fontes. O Estado de Direito tem como fundamento o cumprimento de leis, que de vem ser
observadas e respeitadas.

Devemos lembrar que a tradicional ética normativa, na qual a conduta ética está
intimamente ligada a obediência às leis, deve acompanhar a ética valorativa, no sentido de se levar
em consideração os valores da pessoa humana. Valores são critérios gerais, padrões ou princípios
que as pessoas utilizam para determinar quais comportamentos, eventos e situações são desejáveis
ou indesejáveis.

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