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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI

RENAN ARAUJO DE MATOS


GABRIEL DALA ROSA COSTA
FÁBIO ROSSATTI GIANZANTI
SOLANGE LUZIA INACIO DOS SANTOS

NSTIM: NEUROESTIMULADOR HANDHELD PARA MAPEAMENTO CORTICAL


E LOCALIZAÇÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS

São Bernardo do Campo

2022
RENAN ARAUJO DE MATOS
GABRIEL DALA ROSA COSTA
FÁBIO ROSSATTI GIANZANTI
SOLANGE LUZIA INACIO DOS SANTOS

NSTIM: NEUROESTIMULADOR HANDHELD PARA MAPEAMENTO CORTICAL


E LOCALIZAÇÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao Centro Universitário FEI, como parte dos
requisitos necessários para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Elétrica. Orientado
pela Profa. Dra. Maria Claudia Ferrari de Castro

São Bernardo do Campo

2022
NSTIM: NEUROESTIMULADOR HANDHELD PARA MAPEAMENTO
CORTICAL E LOCALIZAÇÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS / Renan
Araujo de Matos...[et al.]. São Bernardo do Campo, 2022.
97 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso - Centro Universitário FEI.


Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Claudia Ferrari de Castro.

1. Neuroestimulador. 2. Mapeamento Cortical. 3. Localização de


Nervos. I. Matos, Renan Araujo de. II. Gianzanti, Fábio Rossatti. III.
Costa, Gabriel Dala Rosa. IV. Santos, Solange Luzia Inacio dos. V. Castro,
Maria Claudia Ferrari de, orient. VI. Título.

Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica da FEI com os


dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Dedicamos o desenvolvimento desse projeto à
paciência de nossos familiares, que por diversas
vezes sentiram nossa ausência e mesmo assim
foram compreensivos e nos deram o suporte
necessário.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos toda dedicação de nossa orientadora, Profa. Dra. Maria Claudia Ferrari
de Castro, bem como à todas valiosas contribuições realizadas pela banca examinadora, Prof.
Dr.Valter Fernandes Avelino e Prof. MSc. Wellington Pinheiro. Agradecimentos especiais pela
ajuda e contribuição de Dra. Leticia Frajuca, Dr. Neurocirurgião Paulo Diego e Prof. Dr. Walter
Pereira da Silva Júnior.
“I have not failed. I’ve just found 10,000 ways
that won’t work. (Eu não falhei. Só encontrei
10.000 maneiras que não funcionam.)”

Thomas Alva Edison


RESUMO

Para a ressecção de regiões corticais, fundamentais no tratamento contra tumores cerebrais,


benignos ou não, ou para a remoção de zonas epileptogênicas na terapia de casos de epilepsia,
é fundamental a correta delimitação das regiões a serem ressecadas. No tratamento de dores
crônicas, também é necessário a correta localização dos nervos periféricos para a aplicação de
fármacos ou ablação por radiofrequência para mitigar os efeitos dessas dores.
O mapeamento por estimulação elétrica (ESM) é uma técnica amplamente conhecida
e utilizada, que consiste na emissão de pulsos elétricos com características como corrente,
frequência e duração específicas para cada protocolo de mapeamento, permitindo a identificação
visual da resposta ao estímulo e a correta localização das áreas desejadas.
Por meio de buscas nas principais bases de dados e equipamentos similares no mercado,
foi identificada a necessidade de um equipamento que atenda ambos os tipos de aplicação, cortical
e de nervos periféricos, de maneira simples, que possa ser usado diretamente pelo cirurgião
dentro do campo estéril durante o procedimento cirúrgico, sem a necessidade da intervenção de
um outro operador e que seja de fácil transporte entre as salas cirúrgicas.
Pode-se concluir que os objetivos iniciais foram alcançados, pois foi desenvolvido um
protótipo, que pode ser empunhado pelo usuário, com parâmetros ajustáveis e que atendem
as técnicas de mapeamento. O NStim é uma ferramenta orientada ao usuário equipada com
tecnologias de segurança, auxiliando ao máximo o cirurgião durante o procedimento cirúrgico.

Palavras-chave: Neuroestimulador. Mapeamento Cortical. Localização de Nervos. Bloqueio de


Nervos. Estímulo por Corrente.
ABSTRACT

For resection of fundamentally untreated cortical regimens against brain tumors, benign
or not, or for the removal of epileptogenic zones in the treatment of cases of epilepsy, it is
fundamental for the correct delimitation of regimes and sequences. No hand treatment chronically,
it is also necessary to correct the location of peripheral nerves for application of formats or
radiofrequency ablation to measure or perform these hands.
Electricity estimating device (ESM) is a connected amplifier technique used, which
consists of emitting electrical pulses with characteristics such as current, specific frequency and
duration for each mapping protocol, allowing and identifying visual response to the stimulus and
correcting the location of target areas.
Through searches in the main databases and similar equipment on the market, identifying
the need for equipment that addresses both types of application, cortical and peripheral nerves,
in a simple way, which can be used surgically sterile field during the surgical procedure, no
intervention required operates outdoors and is easy to transport between operating rooms.
It is possible to conclude that the initials in the form of probabilities prototype, which can
be used as a user, with adjustable parameters and at the same time as technical techniques. NStim
is a oriented fermenter or user equipment with safety technologies, auxiliaries to maximize or
undergo surgical procedure

Keywords: Neurostimulator. Cortex Mapping. Nerve localization. Nerves blocking. Current


stimulis
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Sistema Nervoso Central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19


Figura 2 – Sistema Nervoso Periférico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 3 – Regiões anatômicas telencéfalo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 4 – Córtex Eloquente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 5 – Tumores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 6 – Tumores intracranianos primários – distribuição de acordo com a histologia 24
Figura 7 – Estimulação Cortical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 8 – Demarcando áreas funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 9 – Mapeamento final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 10 – Localização e Mapeamento de nervos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 11 – Localização de um nervo periférico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Figura 12 – Representação do experimento em sapos por Luigi Galvani . . . . . . . . 29


Figura 13 – Representação do experimento em cadáveres por Giovanni Aldini . . . . . 30
Figura 14 – A - Sir David Ferrier (1843–1928), B e C - Desenhos sagitais e axiais de
ESM em cérebro de macaco do livro de Ferrier . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 15 – Wilder Penfield . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Figura 16 – Formas de Onda para o Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42


Figura 17 – Dimensões do Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 18 – Vista Explodida do Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 19 – Display LCD TFT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 20 – Diagrama de blocos geral do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 21 – Diagrama de blocos detalhado do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 22 – Eletrodo para nervos periféricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 23 – Eletrodo para mapeamento cortical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 24 – Lista de Eletrodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 25 – Teste do LCD com Luva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 26 – Teste do LCD com Luva Molhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 27 – Placa de desenvolvimento da IHM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 28 – Diagrama de um circuito “Ponte H” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Figura 29 – Circuito Ponte H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Figura 30 – Layout do Circuito da Ponte H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 31 – Circuito espelho de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 32 – Layout do circuito do espelho de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 33 – Esquemático do circuito de feedback de corrente . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 34 – Layout do circuito de feedback de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 35 – Esquemático do inversor de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 36 – Integração dos blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 37 – Transferência térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 38 – Após transferência(A) - Após Corrosão(B) . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 39 – Circuito IHM: Placas envernizadas (A) Frente (B) Verso . . . . . . . . . . 61
Figura 40 – Circuito Estímulo: Placas envernizadas (A) Frente (B) Verso . . . . . . . 61
Figura 41 – Circuito Estímulo: Montagem (A) Frente (B) Verso . . . . . . . . . . . . 62
Figura 42 – Circuito IHM: Montagem (A) Frente (B) Verso . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 43 – Gerenciamento de Estados da Unidade Master . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 44 – Configuração da Unidade Master . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 45 – Fluxograma da unidade de gerenciamento de estímulos . . . . . . . . . . . 67
Figura 46 – Máquina de Estados - Geração dos sinais - Diagrama 1/3 . . . . . . . . . . 68
Figura 47 – Máquina de Estados - Geração dos sinais - Diagrama 2/3 . . . . . . . . . . 68
Figura 48 – Máquina de Estados - Geração dos sinais - Diagrama 3/3 . . . . . . . . . . 69

Figura 49 – Estímulo Monofásico com frequência de 1 Hz . . . . . . . . . . . . . . . 70


Figura 50 – Estímulo Monofásico com frequência de 10 Hz . . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 51 – Estímulo Monofásico com frequência de 100 Hz . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 52 – Estímulo Monofásico com frequência de 1000 Hz . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 53 – Estímulo Monofásico com Largura de Pulso de 0,1ms . . . . . . . . . . . 72
Figura 54 – Estímulo Monofásico com Largura de Pulso de 7ms . . . . . . . . . . . . 73
Figura 55 – Estímulo Monofásico com Largura de Pulso de 9,9ms . . . . . . . . . . . 73
Figura 56 – Estímulo Bifásico Positivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 57 – Estímulo Bifásico Negativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 58 – Estímulo Bifásico Positivo Trem de Pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 59 – Estímulo Bifásico Negativo Trem de Pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 60 – Estímulo Monofásico Trem de Pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 61 – Estímulo Monofásico com Corrente de 0,1mA . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 62 – Estímulo Monofásico com Corrente de 3mA . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 63 – Estímulo Monofásico com Corrente de 10mA . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 64 – Estímulo Monofásico com Corrente de 20mA . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 65 – Protótipo Final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Figura 66 – Protótipo Final sendo pesado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 67 – Protótipo Final conexão eletrodo positivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 68 – Protótipo Final conexão eletrodo negativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 69 – Protótipo Final iniciando estímulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

Figura 70 – Página 1 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo) . . . . . . . . . . . . 90


Figura 71 – Página 2 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo) . . . . . . . . . . . . 91
Figura 72 – Página 3 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo) . . . . . . . . . . . . 92
Figura 73 – Página 4 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo) . . . . . . . . . . . . 93
Figura 74 – Página 5 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo) . . . . . . . . . . . . 94
Figura 75 – Página 1 do esquema elétrico (Unidade de gerenciamento da IHM) . . . . 95
Figura 76 – Página 1 do esquema elétrico da Placa de IHM de Testes . . . . . . . . . . 96

Figura 77 – Página 1 do Layout da Placa (Unidade de gerenciamento da IHM) . . . . . 98


Figura 78 – Silk dos componentes da Unidade de gerenciamento da IHM . . . . . . . . 99
Figura 79 – Página 1 do Layout da Placa (Unidade de Estímulo) . . . . . . . . . . . . 100
Figura 80 – Silk dos componentes da Unidade de Estímulo . . . . . . . . . . . . . . . 101
Figura 81 – Página 1 do Layout da Placa da IHM de Testes . . . . . . . . . . . . . . . 102

Figura 82 – Lista de Materiais (Unidade de gerenciamento da IHM) . . . . . . . . . . 104


Figura 83 – Lista de Materiais (Unidade de gerenciamento de estímulo) . . . . . . . . 105
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros de ESM utilizadas pelos 56 centros cirúrgicos de epilepsia . . 25

Tabela 2 – Neuroestimuladores usados nos grandes centros de cirurgia de epilepsia . . 34


Tabela 3 – Benchmarking de neuroestimuladores - secção 01 . . . . . . . . . . . . . . 35
Tabela 4 – Benchmarking de neuroestimuladores - secção 02 . . . . . . . . . . . . . . 36
Tabela 5 – Benchmarking de neuroestimuladores - secção 03 . . . . . . . . . . . . . . 37
Tabela 6 – Benchmarking de neuroestimuladores - secção 04 . . . . . . . . . . . . . . 38
Tabela 7 – Neuroestimuladores Literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Tabela 8 – Requisitos Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41


Tabela 9 – Menus de Navegação Neuroestimulador - parte 1 . . . . . . . . . . . . . . 47
Tabela 10 – Menus de Navegação Neuroestimulador - parte 2 . . . . . . . . . . . . . . 48
LISTA DE ABREVIATURAS

DAC Digital to Analog Converter / Conversor analógico digital


ESM Electrical Stimulation Mapping / Mapeamento Cortical por Estimulação Elétrica
IASP International Association for the Study of Pain / Associação Internacional para
Estudos da Dor
IHM Interface Homem Máquina
Inca Instituto Nacional de Câncer
SBED Sociedade Brasileira para Estudo da Dor
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Periférico
LISTA DE SÍMBOLOS

Iin Corrente drenada pelo circuito


VDAC Tensão aplicada pelo conversor digital analógico
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1 OBJETIVO GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.1 SISTEMA NERVOSO CENTRAL E SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO . . 19
3.2 CÓRTEX CEREBRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3 TUMORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.4 ESTIMULAÇÃO CORTICAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.5 ESTIMULAÇÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.1 COMO CHEGAMOS AQUI ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5 ESTADO DA ARTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.1 DISPOSITIVOS SIMILARES NO MERCADO . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2 DISPOSITIVOS SIMILARES NA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.3 LIMITAÇÕES ATUAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6.1 LEVANTAMENTO DE REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6.1.1 Requisitos Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6.1.2 Requisitos não Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
6.2 DIAGRAMA DE BLOCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
6.2.1 Unidade de Gerenciamento da Interface de Usuário . . . . . . . . . . . . . 46
6.2.2 Unidade de Gerenciamento da Geração e Controle dos Estímulos . . . . . 49
6.2.3 Unidade Gerenciamento de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6.2.4 Eletrodos de Estimulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6.3 DESENVOLVIMENTO DO HARDWARE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.3.1 Teste do touch do LCD com o uso de luvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.3.2 Circuito da IHM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6.3.3 Circuito para Geração de Pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.3.4 Circuito para Controle de Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.3.5 Circuito para Monitoramento da Corrente de Saída . . . . . . . . . . . . . 57
6.3.6 Circuito para Geração de Tensão Negativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.4 DESENVOLVIMENTO DA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO . . . . . . . 59
6.4.1 Fabricação e Montagem das Placas de Circuito Impresso . . . . . . . . . . 59
6.5 DESENVOLVIMENTO DO FIRMWARE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
7.1 Sinais de Saída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
7.2 Apresentação do protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
8 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
9 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
10 TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
APÊNDICE A – ESQUEMAS ELÉTRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
APÊNDICE B – LAYOUTS DAS PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO . 98
APÊNDICE C – LISTA DE MATERIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
APÊNDICE D – CÓDIGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
15

1 INTRODUÇÃO

O cérebro é um órgão de vital importância para o funcionamento do organismo e manutenção da


nossa vida, sendo responsável por funções como a capacidade de pensamento e a linguagem,
movimentos voluntários e a percepção. Portanto qualquer lesão cerebral pode comprometer
diversas funções.
A epilepsia é definida como o estado de crises convulsivas recorrentes, sendo uma
doença crônica que atinge indivíduos em todas as faixas etárias. Existem várias possibilidades
terapêuticas para o tratamento da epilepsia, sendo o farmacológico a primeira opção. No entanto,
vários pacientes são refratários aos anti-epilépticos, sendo o tratamento cirúrgico, entendido
como a ressecção completa da zona epileptogênica, uma alternativa bastante eficaz na cura ou
controle desta doença (RITACCIO; BRUNNER; SCHALK, 2018). Entretanto, não é possível
demarcar com exatidão esta zona.
Um tumor cerebral, independentemente de ser benigno ou maligno, também pode causar
danos significativos ao paciente. No geral, as principais linhas de tratamento são, de forma
isolada ou combinada, a cirurgia, a quimioterapia e/ou radioterapia. O principal objetivo da
cirurgia é remover a maior parte do tumor possível sem ferir o tecido cerebral importante para a
função neurológica do paciente.
Para tanto, em ambos os casos a delimitação da região a ser ressecada pode ser definida
com o uso de mapeamento cortical por estimulação elétrica.
A utilização de métodos convencionais de Electrical Stimulation Mapping / Mapeamento
Cortical por Estimulação Elétrica (ESM) por quase um século tem produzido resultados confiáveis
e específicos. Existem diversos estudos que corroboram que esta técnica elimina ou minimiza os
déficits linguísticos e pós-operatório sensório-motor, quando utilizada em estratégias de ressecção
neurocirúrgica (RITACCIO; BRUNNER; SCHALK, 2018). Fazendo deste método o padrão
ouro, utilizado nos grandes centros cirúrgicos para ressecção tumoral ou para o tratamento de
epilepsia, por se tratar de um método possui aplicabilidade prática e causalidade comprovada na
questão de delinear as regiões funcionais do cérebro, através de estímulos elétricos, realizando o
processo de inibição ou excitação dos nódulos estimulados, delimitando melhor a região a ser
ressecada.
A dor, segundo a International Association for the Study of Pain / Associação Internacional
para Estudos da Dor (IASP), tem uma definição datada de 1979 como sendo “uma experiência
sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita
16

em termos de tais lesões” Raja et al. (2020). Porém, após quatro décadas o IASP convocou uma
força tarefa para revisar a definição de dor, para desfazer-se da visão dicotômica de que a dor
seria considerada como nociceptiva ou neuropática, fato que exclui outros fenômenos da dor,
como a fibromialgia. A Diretoria da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED) publicou
a tradução oficial para língua portuguesa da definição da dor como sendo “uma experiência
sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão
tecidual real ou potencial”.
A dor ao se tornar continua ou recorrente, superando um período mínimo maior que
seis meses, classifica-se como dor crônica (RAJA et al., 2020). A dor tem por função
alertar, e a determinação da causa ou origem desta dor é incerta. Ao se tornar uma dor
crônica, os procedimentos terapêuticos convencionais não são capazes de mitigar a dor até
o desaparecimento dela, sendo a principal causa de comprometimento funcional, sofrimento,
incapacidade progressiva e custo socioeconômico (MARTINEZ et al., 2004).
Buscando mitigar essa dor recorrente, surgem diversos procedimentos invasivos, tais
como procedimentos ablativos tanto por radiofrequência, micro-ondas ou criogênico, e além
destes existem as técnicas para intervenção da dor ao se aplicar fármacos a essas regiões indicadas.
Para estes procedimentos existe a premissa básica da localização exata dos nervos periféricos,
que podem ser localizados através de um estímulo elétrico.
Pode-se notar que as problemáticas abordadas têm como premissa a geração e aplicação
de um estímulo elétrico a determinada área do corpo humano. O que faz deste método de
mapeamento por estimulação elétrica ser amplamente adotado, é a praticidade da técnica por
estar facilmente disponível, ser barato, relativamente fácil de usar. Requerendo apenas que
o equipamento seja móvel para ser prontamente transportado para a sala do paciente ou sala
cirúrgica.
O desenvolvimento de um equipamento handheld de baixo custo enquadra-se nas
perspectivas atuais de mercado, pois, atualmente, os estimuladores elétricos para mapeamento
cortical possuem dimensões que dificultam o seu transporte entre salas cirúrgicas, além de não
poderem estar dentro do campo estéril. Ao quesito inovação do projeto é acrescentado uma
proposta de junção das funcionalidades apresentadas de mapeamento cortical e localização de
nervos periféricos.
Portanto, este projeto trata do desenvolvimento de um dispositivo handheld para mapea-
mento cortical e localização de nervos periféricos, visando tratar dessas duas problemáticas de
grande importância. A primeira a questão do mapeamento cortical para auxiliar o neurocirurgião
17

durante uma ressecção cirúrgica e a segunda questão é a localização de nervos periféricos para
realização de procedimentos para o bloqueio da dor crônica.
18

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um equipamento neuroestimulador para o mapeamento cortical e a localização de


nervos periféricos contemplando o hardware, firmware. Com testes em bancada com uma carga
simulando a aplicação em um paciente.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Desenvolvimento de um equipamento handheld.


b) Desenvolver o hardware, com esquemas elétricos, placa de circuito impresso,
montagem e testes de adequação do funcionamento.
c) Desenvolver o firmware, com controle e geração dos estímulos e gerenciamento da
Interface Homem Máquina (IHM).
d) Realizar os testes do protótipo .
19

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 SISTEMA NERVOSO CENTRAL E SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O sistema nervoso do corpo humano é o responsável por realizar a transmissão de sinais


entre diferentes partes e a coordenação das ações voluntarias e involuntárias, possuindo duas
subdivisões principais, sendo o Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico
(SNP).
O sistema nervoso central, é subdivido entre o encéfalo e a medula espinhal (Figura 1).
O encéfalo é a divisão que se localiza no interior da caixa craniana, constituído pelo cérebro,
cerebelo e tronco encefálico; já a medula espinhal se conecta ao encéfalo e é envolvida pelos
ossos da coluna vertebral. O SNC possui a função de receber, processar e transmitir inúmeras
informações diferentes para o organismo.
Figura 1 – Sistema Nervoso Central

Fonte: Oncoguia, 2020

O sistema nervoso periférico é composto pelos nervos, gânglios, plexos entéricos e


receptores sensoriais (Figura 2). E sua função é transmitir e receber informações entre o SNC e os
órgãos receptores. Um nervo é um feixe com milhares de axônios, responsáveis por transmitir os
impulsos nervosos entre o SNC e o receptor. Da base do encéfalo emergem doze pares de nervos,
20

denominados nervos cranianos e da medula espinal emergem trinta e um pares, chamados de


nervos espinais. Sendo classificados, ainda, segundo o tipo de fibra nervosa que o constitui, entre
nervos sensitivos, motores e mistos. Já os Gânglios são pequenas massas de tecidos nervosos,
compostos por aglomerado de corpos celulares de neurônios, funcionando como estações de
interligação entre neurônios e estruturas do organismo. Plexos entéricos são redes de neurônios
localizadas nas paredes dos órgãos do trato gastrintestinal. Os receptores sensoriais se referem a
estruturas do sistema que monitoram alterações no ambiente externo e interno, compostos, por
exemplo, pelos receptores de toque na pele, fotorreceptores no olho e os receptores olfativos do
nariz.

Figura 2 – Sistema Nervoso Periférico

Fonte: Autor
21

3.2 CÓRTEX CEREBRAL

O cérebro, o principal órgão do corpo humano, é responsável pela capacidade de pensamento,


movimento, linguagem, julgamento e percepção. O córtex cerebral, a porção externa do cérebro,
é dividido em dois hemisférios e separado em cinco regiões, chamadas de lobos (Figura 3), sendo
lobos frontal, temporal, parietal e occipital e mais internamente o lobo insular.

Figura 3 – Regiões anatômicas telencéfalo

Fonte: Autor

Também pode ser organizado em áreas funcionais, como por exemplo as regiões que
são responsáveis pela função motora, sensorial, visual, auditiva, fala e associações. Estas áreas
funcionais têm sido objeto de diversos estudos, com objetivo de determinar suas estruturas e
funções. Dentre esses estudos, o mais amplamente utilizado nas pesquisas médicas e uso clínico,
é o estudo feito pelo neurologista alemão Korbinian Broadman, que em 1909, publicou o mapa
das áreas corticais, divido em 52 áreas. A localização das áreas eloquentes está distribuída
comumente no lobo frontal, parietal, temporal, occipital e insular do cérebro. O modelo clássico
apresentado na Figura 4, feito a partir dos mapas das áreas de Broadman, serve como referência
para o neurocirurgião durante uma ressecção de tumor no córtex eloquente. com o surgimento de
tumores cerebrais nas ditas áreas eloquentes, o cérebro realiza o processo de neuroplasticidade,
que é a adaptação ou realocação das funções neurológicas comprometidas para as extremidades
22

do tumor, ou para outras regiões. Logo, se faz necessário o mapeamento intraoperatório para
determinar a nova localização dessas áreas, a fim de que durante a ressecção tumoral elimine-se
o risco de déficit neurológico transitório ou definitivo caso ocorra uma remoção indesejada.

Figura 4 – Córtex Eloquente

Fonte: Adaptado de Vitorino, 2019

3.3 TUMORES

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) nem todos os tumores são cânceres, e o termo
tumor corresponde a um aumento do volume em uma parte do corpo (Figura 5), em função
do crescimento do número de células. Essa neoplasia pode ser classificada entre benigna ou
maligna, diferindo na velocidade e organização com que evoluem.
Quando o crescimento é acelerado e desorganizado, invadindo outros tecidos, este tumor
evoluiu para o que é chamado de metástase, constituindo uma neoplasia maligna com alto índice
de morbidade. porém, quando o crescimento das células é lento e organizado classifica-se esta
neoplasia como benigna.
23

Figura 5 – Tumores

Fonte: Adaptado de Heilman, 2021

Os tumores do SNC acometem indivíduos em todas as faixas etárias, podendo surgir em


qualquer ponto anatômico do encéfalo ou medula. Sua incidência e mortalidade tem aumentado
nos países desenvolvidos principalmente na faixa etária mais avançada.
Tumores cerebrais supratentoriais surgem nas áreas nobres do cérebro responsáveis pelos
movimentos do corpo, sensibilidade, visão, audição, raciocínio, memoria dentre muitas outras,
denominadas de áreas eloquentes. E destes tumores, os mais frequentes são os meningiomas que
representam 34%, seguidos dos gliomas 30%. Esse levantamento está apresentado na Figura 6,
que é resultado de um estudo epidemiológico das neoplasias intracranianas realizado no Hospital
do Servidor Público Estadual de São Paulo no período de 2010 a 2012, sendo em sua maioria
benignas e, portanto, podendo ser ressecadas.
24

Figura 6 – Tumores intracranianos primários – distribuição de acordo com a


histologia

Fonte: Rodrigues et al., 2014

3.4 ESTIMULAÇÃO CORTICAL

A estimulação cortical tem por objetivo mapear e avaliar as funções cerebrais em tempo real,
com o intuito de otimizar o grau de ressecção da lesão, buscando preservar as funções cerebrais e
reduzir os riscos de déficits pós-operatórios. A técnica é indicada para ressecções de neoplasias
de baixo grau, classificadas como benignas, localizadas nas áreas supratentoriais, que são áreas
com funções essenciais. O procedimento é realizado de forma intraoperatória, com o paciente
inicialmente sedado e anestesiado durante a craniotomia. Logo após o paciente é acordado da
sedação, para o início do mapeamento com o uso de um eletrodo conectado ao neuroestimulador
(Figura 7). Os parâmetros utilizados no neuroestimulador na cirurgia não são padronizados,
sendo que cada centro cirúrgico adota seus próprios parâmetros. Uma pesquisa realizada coletou
respostas de 56 centros de cirurgia de epilepsia em todo o mundo que utilizam a técnica de
mapeamento por estimulação elétrica para identificar o córtex funcional antes da ressecção
Hamberger, Williams e Schevon (2014). Esta pesquisa teve como objetivo determinar a faixa
atual dos parâmetros utilizados na prática por estes centros. A Tabela 1 mostra estes parâmetros
e as áreas de mapeamento estudadas.
25

Tabela 1 – Parâmetros de ESM utilizadas pelos 56 centros cirúrgicos de epilepsia

Área de Corrente Frequência Duração do Largura de


mapeamento (mA) (Hz) estímulo(s) Pulso (ms)
Linguagem 3 - 17 14 - 60 2 - 20 0,1 - 2,0
Motora 1,2 - 20 1 - 60 2 - 20 0,1 - 2,0
Fonte: Adaptado de Hamberger, Williams e Schevon, 2014

Figura 7 – Estimulação Cortical

Fonte: Adaptado de Cohen-Gadol, 2016

Conforme é realizado o estímulo, e consequentemente identificado o local estimulado


como sendo uma área funcional, são colocadas bandeiras ou etiquetas que servem para demarcar
essas regiões (Figura 8).
26

Figura 8 – Demarcando áreas funcionais

Fonte: Adaptado de Cohen-Gadol, 2016

Durante a ressecção de um tumor na área da linguagem (Figura 9), após a demarcação


das áreas de linguagem, é demarcada a região onde se encontra o tumor, com um fio de seda. Na
Figura 9 é possível observar como a neuroplasticidade alocou as áreas funcionais da linguagem
para as extremidades do tumor.
Figura 9 – Mapeamento final

Fonte: Adaptado de Cohen-Gadol, 2016

Com a demarcação do tumor, é possível iniciar a ressecção, retirando apenas a área do


tumor, pois o grau de ressecção está diretamente relacionado com o aumento de sobrevida, uma
vez que diminui as chances deste tumor reincidir.
27

3.5 ESTIMULAÇÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS

A estimulação de nervos periféricos tem por objetivo localizar e mapear nervos em tempo real,
servindo para direcionar o cirurgião durante uma cirurgia de bloqueio de dor. O mapeamento
ocorre de forma não invasiva, sendo realizado o estímulo sobre a pele do paciente para uma
pré-identificação da localização do alvo, utilizando um eletrodo com formato de caneta Figura
10-B. Devido a impedância mais elevada da pele o mapeamento utiliza correntes da ordem de 10
mA, uma corrente mais elevada do que a utilizada para realizar o procedimento percutâneo.

Figura 10 – Localização e Mapeamento de nervos

Fonte: Adaptado de AG, 2021 p.32

Com a localização do alvo, é trocado o eletrodo de mapeamento, para uma cânula eletrodo.
É inserido esta cânula na região demarcada e iniciado o estímulo partindo do valor mínimo de
corrente que o equipamento fornece e aumentando gradativamente (Figura 10-A), até se observar
uma resposta motora ou sensitiva, dependendo da região de aplicação. Conforme é realizada
a inserção da cânula, observam-se respostas mais intensas no paciente, fazendo-se necessário
diminuir a corrente de estímulo. Na Figura 11 é mostrado a utilização de trens de pulsos, que
são observados no paciente conforme realizado o estímulo. Reduzindo a corrente, percebe-se
que se diminui o número de respostas, portanto permitindo o avanço da cânula até se observar
a resposta dos três impulsos (AG, 2021) ao chegar no nível de aproximadamente 0,3 mA, e
obtendo a mesma quantidade de impulsos de respostas, pode-se concluir que chegou o mais
próximo possível do alvo. Com a localização do nervo, é injetado um fármaco afim de anestesiar
ou realizar o bloqueio da dor. A estimulação de nervos periféricos utilizando mapeamento e
28

localização depende de cada procedimento: alguns vão utilizar as duas técnicas, e outros somente
a localização quando se tratar de um procedimento invasivo.

Figura 11 – Localização de um nervo periférico

Fonte: Adaptado de AG, 2021 p.35


29

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 COMO CHEGAMOS AQUI ?

O grande percursor da estimulação elétrica é o médico fisiologista italiano Luigi Galvani (1737-
1798), que em uma série de experimentos por volta de 1786 revolucionou a neurofisiologia,
ao descobrir que tecidos neurais podiam ser excitados eletricamente. Suas descobertas foram
realizadas ao se estimular músculos e nervos de rãs, provocando respostas motoras (Figura 12).
Porém sua técnica utilizava-se de equipamentos relativamente primitivos, tais como geradores de
eletricidade estática e jarros Leiden (SABBATINI, 2003).

Figura 12 – Representação do experimento em sapos por Luigi


Galvani

Fonte: GALVANI, 1841

Foi só partir de 1800, com a invenção da pilha por Alessandro Volta (1745-1827), que o
físico italiano Giovanni Aldini (1762-1834), sobrinho de Galvani, realizou diversos experimentos
de estimulação elétrica utilizando a pilha de Volta em cadáveres de humanos que haviam
sido enforcados ou decapitados recentemente (Figura 13). Suas descobertas evidenciaram que
os músculos e nervos humanos, ao serem estimulados, geravam uma resposta motora como
observado nos experimentos de Galvani em rãs (PARENT, 2004). Suas experiências foram de
grande inspiração para o romance gótico de 1818, escrito pela inglesa Mary Wollstonecraft
Shelly (1797-1851), denominado “Frankenstein, ou Prometeu Moderno”(SHELLEY, 1818),
onde se acreditava que era possível ressuscitar um cadáver através da eletricidade.
30

Figura 13 – Representação do experimento em cadáveres por


Giovanni Aldini

Fonte: Aldini, 1804

Giovanni Aldini, através de seus experimentos em cabeças de cadáveres humanos, queria


demonstrar que era possível obter algum efeito à estimulação do cérebro mesmo que externamente.
Porém, seu experimento estimulava os músculos e nervos faciais, e não o cérebro em si. Em
1809, o anatomista italiano Luigi Rolando (1773-1831) realizou experiências com estimulação
elétrica diretamente no cérebro exposto, estimulando eletricamente o córtex cerebral de animais
vivos, utilizando as pilhas voltaicas, comprovando que partes do cérebro podiam ser estimuladas
eletricamente resultando em um efeito fisiológico((ROLANDO, 1809)).
A técnica utilizada por Luigi ainda era considerada muito grosseira, devido aos eletrodos
utilizados não possuírem uma ponta fina que facilitasse a estimulação de pequenas áreas de
interesse e não possuir controle da intensidade e duração da corrente de estimulação. Porém,
com o avanço do eletromagnetismo, entre os anos de 1845 e 1850, o físico e neurofisiologista
italiano Carlo Metteucci (1811-1868) e o fisiologista alemão Emil Heinrich du Bois-Reymond
(1818-1896) revolucionaram a eletrofisiologia, ao desenvolver técnicas de estimulação únicas
ou repetitivas com pulsos de curta duração e com controle de intensidade (HESS, 1994).
Neste mesmo período, o médico e fisiologista francês Claude Bernard (1813-1878), em 1856,
desenvolveu um instrumento que incorporava uma pilha elétrica de Alessandro Volta a um par de
pinças metálicas, utilizando-as nos experimentos de estimulação nervosa e muscular, a fim de
31

investigar os efeitos do curare, substância que causa inibição de impulsos nervosos na junção
neuromuscular, que causa paralisia dos músculos (KUSZNIR; SANVITO, 2021).
Os primeiros testes em seres humanos vivos foram realizados pelo neurologista americano
Roberts Bartholow(1831-1904), que observou movimentos dos membros contralaterais ao se
estimular o córtex de seu paciente, demonstrando que a estimulação elétrica permite a localização
de funções cerebrais (BARTHOLOW, 1874). Baseado nos experimentos de Bartholow, em
1870 os fisiologistas alemães Gustav Theodor Fritsch (1838-1927) e Eduard Hitzig (1838-1907),
fizeram experimentos que mapeavam eletricamente as áreas funcionais do córtex cerebral de cães
anestesiados ou semi-anestesiados, observando efeitos semelhantes aos resultados em humanos
feitos por Bartholow, obtendo assim um mapeamento mais fino da função motora cortical e
mostrando que era possível obter mapas mais precisos das funções cerebrais(FRITSCH, 1870).
Em 1875, inspirado no trabalho desenvolvido por Fritsch e Hitzig, o neurologista britânico
Sir David Ferrier (1843-1924) (Figura 14-A) fez experimentos de estimulação no cérebro de cães
e primatas, mapeando e identificando áreas funcionais. No caso envolvendo primatas, Ferrier
identificou 29 áreas no total (Figura 14-B e 14-C), criando, a partir de seus experimentos, a
metodologia básica para o mapeamento cortical (FERRIER, 1876).

Figura 14 – A - Sir David Ferrier (1843–1928), B e C - Desenhos sagitais e axiais de ESM em


cérebro de macaco do livro de Ferrier

Fonte: Adaptado de Ritaccio, Brunner e Schalk, 2018

Contribuindo e ampliando os resultados obtidos nos experimentos do Sir David Ferrier, o


fisiologista britânico Sir Charles Scott Sherrington (1852-1952) e o neurocirurgião americano
Harvey Cushing (1869-1939), realizaram estudos mais extensos em primatas, constando nos
seus estudos em chimpanzés e gorilas, uma zona no córtex pré-frontal que corresponde nos seres
humanos a área de expressão da fala, denominada área de Broca (LEYTON; SHERRINGTON,
32

1917). Seus estudos foram amplamente difundidos, devido serem muito mais precisos que os de
seus antecessores, devido ao aperfeiçoamento considerável da técnica de estimulação elétrica
cortical, possibilitando a abertura para investigações experimentais em humanos, uma vez que
tais experimentos haviam se tornado um problema ético.
O neurocirurgião alemão Fedor Krause (1857-1937) foi um dos primeiros a aplicar a nova
metodologia em seres humanos (KRAUSE et al., 1909). De 1902 a 1912 realizou o primeiro
trabalho sistemático de exploração da superfície cortical em seres humanos anestesiados através
da estimulação elétrica. Entretanto, entre os anos de 1930 e 1950 foi o neurocirurgião canadense
Wilder Penfield (1891-1976) (Figura 15), que definiu em grande parte os métodos que ainda
estão em uso atualmente, ao publicar a série mais influente e expansiva de estudos clínicos
experimentais de mapeamento intraoperatório (PENFIELD; BOLDREY, 1937).

Figura 15 – Wilder Penfield

Fonte: Staff, 2018

A história da estimulação elétrica do sistema nervoso periférico, tem seu desenvolvimento


inicial ligado ao da estimulação elétrica cortical, pois surgem da mesma série de experimentos.
Porém, só em 1965, com a publicação de Melzack e Wall sobre a Teoria do Portão da Dor,
a história se tornou conhecida, possibilitando o inicio de diversos estudos possíveis com a
estimulação elétrica para o tratamento de dores crônicas. Em 1967, J.C. White e W.H. Sweet
publicam os primeiros experimentos com estimulação do sistema nervoso periférico, observando
uma melhora significativa da dor, enquanto o estímulo permanecia acionado (FREITAS et al.,
33

2013). A mesma técnica, quando utilizada por médicos anestesiologistas, auxilia na colocação
das cânulas, reduzindo os riscos de lesões aos nervos e aumentando a qualidade de bloqueios
periféricos (FERRI et al., 2012). A estimulação elétrica do SNP, atualmente, tem possibilitado
aumentar a qualidade de vida das pessoas, uma vez que ao ser utilizada para localização de
nervos periféricos para bloqueio da dor ou estimulação continua mitiga os efeitos dolorosos sobre
o paciente.
34

5 ESTADO DA ARTE

5.1 DISPOSITIVOS SIMILARES NO MERCADO

Foi realizado um levantamento dos equipamentos de mercado que realizam funções de mapea-
mento cortical e localização de nervos periféricos, além disso foi utilizado o estudo feito por
(HAMBERGER; WILLIAMS; SCHEVON, 2014) que, em sua pesquisa, procurando determinar a
faixa de parâmetros de ESM atualmente utilizados na prática pelos grandes centros de epilepsia no
mundo, determinou quais equipamentos são mais utilizados nesses centros cirúrgicos, resultado
apresentado na Tabela 2, identificando o modelo e o percentual de uso destes equipamentos nos
56 centros avaliados. Com essas informações foi feito um processo de benchmarking com o
objetivo de fazer um levantamento de funções e parâmetros dos dispositivos de mercado. Nas
tabelas 3, 4, 5, 6 apresenta-se o resultado dos equipamentos para localização de nervos periféricos
e para os equipamentos de mapeamento cortical.

Tabela 2 – Neuroestimuladores usados nos grandes centros de cirurgia de epilepsia

Modelo Percentual
Grass 42%
Ojemann 33%
Nicolet 6%
Nihon Kohden 6%
Osiris 6%
Outros 7%
Fonte: Adaptado de Hamberger, Williams e Schevon, 2014
35

Tabela 3 – Benchmarking de neuroestimuladores - secção 01

Fonte: Adaptado de: (INOMED, 2010; ERBE, 2017; VYGON, 2022; TECHNOLOGY, 2022)
36

Tabela 4 – Benchmarking de neuroestimuladores - secção 02

Fonte: Adaptado de: (STIMUPLEX, 2021; MÉDICA, 2003; LIFETECH, 2021; NATUS, 2012)
37

Tabela 5 – Benchmarking de neuroestimuladores - secção 03

Fonte: Adaptado de: (NATUS, 2021; INTEGRA, 2021; MICROMAR, 2021)


38

Tabela 6 – Benchmarking de neuroestimuladores - secção 04

Fonte: Adaptado de: (INOMED, 2021a,b; KOHDEN, 2021)

Dos equipamentos observados no benchmarking, o que mais se assemelha com a proposta


deste projeto é o equipamento Nicolet Cortical Stimulator, por possuir uma interface com usuário,
que pode ser empunhado pelo cirurgião durante o procedimento, com usos pretendidos de servir
tanto para mapeamento cortical quanto para localização de nervos. Porém a interface deste
equipamento possui uma conexão via cabo, que conecta com a unidade de estímulo à interface.
Algo que difere da proposta que pretendemos desenvolver, que é um equipamento com interface
com usuário e unidade de estímulo no mesmo equipamento.
39

5.2 DISPOSITIVOS SIMILARES NA LITERATURA

Para o levantamento dos dispositivos similares na literatura, foi realizado uma busca nas principais
bases de dados, Science Direct e Google Scholar. Foram encontrados trabalhos desenvolvidos
no Brasil, que se assemelham o princípio de funcionamento e parâmetros da proposta, porém
divergindo o uso pretendido destes dispositivos. A Tabela 7 apresenta os parâmetros retirados
dos trabalhos desenvolvidos por (OLIVEIRA, 2016; FERRI et al., 2012; SANTOS; GOMES,
2015). Estes trabalhos fornecem referência para o desenvolvimento dos módulos para localização
e mapeamento de nervos periféricos.

Tabela 7 – Neuroestimuladores Literatura

Fonte: Adaptado de: (FERRI et al., 2012; SANTOS; GOMES, 2015; OLIVEIRA, 2016)

5.3 LIMITAÇÕES ATUAIS

Percebe-se que existe uma carência na literatura de trabalhos de desenvolvimento de equipamentos


com objetivo de mapeamento cortical. Do benchmarking realizado sobre os equipamentos
40

de mercado, os equipamentos voltados para mapeamento cortical majoritariamente possuem


dimensões maiores e um peso aproximadamente de 4Kg em média, além dessas limitações
mecânicas, são equipamentos que ficam fora do campo estéril, distante do cirurgião, sendo
necessário o auxílio de uma segunda pessoa para realizar os ajustes dos parâmetros durante o
procedimento, ficando fora do campo de visão do cirurgião. Os equipamentos para localização
de nervos periféricos são em sua maioria handheld, possuindo dimensões menores e sendo
equipamentos com baixo peso, podendo ser utilizado dentro do campo estéril, com os parâmetros
dentro do campo de visão do cirurgião e podendo ser operado pelo mesmo, porém possuem
como limitante a questão de que os parâmetros como frequência e largura de pulso, só podem ser
ajustados para valores específicos, não possuindo faixa de parâmetros flexíveis para ajuste.
Com o levantamento dos equipamentos similares de mercado e na literatura, pode-se
observar os parâmetros que estes equipamentos alcançam e as funções que apresentam, além
disso foram elencadas as limitações destes equipamentos. Com base nesses limitantes, a proposta
desse projeto pretende na metodologia, desenvolver um equipamento que seja capaz de suprir
essas lacunas, ao unir a flexibilidade de ajuste de parâmetros e robustez que os equipamentos
para mapeamento cortical possuem e a solução handheld dos equipamentos para localização de
nervos periféricos, sem a necessidade de uma conexão via cabo da interface de usuário com a
unidade de estímulo, como é a proposta handheld do equipamento Nicolet Cortical Stimulator.
41

6 METODOLOGIA

6.1 LEVANTAMENTO DE REQUISITOS

Com os estudos obtidos a respeito dos dispositivos de mercado e da literatura, como suas funções,
parâmetros e limitações, foi realizado o levantamento dos requisitos do projeto, separados entre
os requisitos funcionais (Tabela 8) os quais determinam o que o sistema deve fazer e os requisitos
não funcionais, que são aqueles que declaram as características de qualidade que o sistema deve
possuir e que se relacionam com as suas funcionalidades.

6.1.1 Requisitos Funcionais

Tabela 8 – Requisitos Funcionais

Fonte: Autor

As formas de onda adotadas como requisitos (Figura 16) são as apresentadas pelos
Neuroestimuladores Nicolet Cortical Stimulator e Grass S88X da Natus Neurology, sendo as
formas de onda quadrada monofásica, bifásica positiva ou negativa, ou twin que é basicamente
um trem de pulsos. Este trem de pulsos será adotado para todas as formas de onda.
42

Figura 16 – Formas de Onda para o Projeto

Fonte: Autor

O parâmetro de frequência adotado como requisito será a frequência máxima apresentada


pelo Grass S88X da Natus Neurology e frequência mínima do Stimpod da XAVANT; portanto a
frequência será variável de 1 Hz a 1000 Hz, com passo de 1 Hz.
Para a largura de pulso foi considerado o valor mínimo de 0,1 ms do OpusOne da
Micromar e o valor máximo de 9,9 ms do SEN-4100J/K da Nihon Kohden; logo a largura de pulso
será variável de 0,1 ms a 9,9 ms, podendo ser ajustada com passo de 0,1 ms. Para a duração dos
trens de pulsos foram adotadas as faixas de valores apresentados pelo Nicolet Cortical Stimulator
de 0,1 s até 30 s, diferente deste neuroestimulador, esta faixa será variável com um passo de 0,1 s.
A corrente adotada para o projeto é corrente utilizada no OCS2 Ojemann Cortical, que é
de 20 mA pico a pico e com uma tensão máxima de saída de 40V para uma carga declarada de
2KOhm.
Estes parâmetros serão adotados de forma variável entre as faixas máximas e mínima,
possibilitando ao usuário uma maior flexibilidade no ajuste destes parâmetros e adotando os
valores conforme o padrão utilizado pelo centro cirúrgico.

6.1.2 Requisitos não Funcionais

Por se tratar de um projeto de um dispositivo handheld, as dimensões e peso devem ser


consideradas de forma a não trazer problemas ergonômicos para o usuário / operador. Para isso,
desenvolveu-se o modelo 3D no software NX 12 da Siemens, buscando manter as dimensões
próximas das dimensões dos dispositivos handheld de mercado (Figura 17). Para estimativa
43

do peso, foi considerado, no modelo 3D, o material de todas as peças; a partir da densidade e
volume, o software calcula o peso do conjunto, sendo 450 g.

Figura 17 – Dimensões do Projeto

Fonte: Autor

A alimentação do projeto deve ser feita por meio de quatro baterias 18650 recarregáveis
de 3,7 V com capacidade 3300 mAh. A escolha dessa bateria fornece uma boa autonomia para o
dispositivo. Buscando minimizar o número de circuitos e aumentar o tempo de uso do dispositivo,
foi adotada a estratégia de recarregar as baterias externamente (Figura 18). Utilizando um
carregador externo, o dispositivo não necessita de um circuito de carregamento e como as baterias
podem ser substituídas por outras carregadas, diminui-se o tempo do dispositivo ficar ocioso.

Figura 18 – Vista Explodida do Projeto

Fonte: Autor
44

Para a interface ser simples e intuitiva para o usuário, facilitando a visualização e os


ajustes dos parâmetros, foi adotado um display LCD TFT touchscreen resistivo de 2,8” da Victor
Vision (Figura 19), que pode ser utilizado mesmo pelo usuário com luvas nas mãos. Além
disso, a interface de usuário possui botões para iniciar e parar a estimulação, ligar e desligar um
encoder com botão, que permite navegar entre os parâmetros ao pressionar o knob e o ajuste
destes parâmetros conforme rotação. O dispositivo também conta com conectores touchproof
(conectores à prova de toque, são projetados para que a superfície condutora de um conector
não possa ser tocada.), que são compatíveis com os conectores dos eletrodos de mercado.

Figura 19 – Display LCD TFT

Fonte: Autor
45

6.2 DIAGRAMA DE BLOCOS

O diagrama de blocos da Figura 20, representa arquitetura básica do neuroestimulador.

Figura 20 – Diagrama de blocos geral do Sistema

Fonte: Autor

A unidade de gerenciamento da interface com o usuário é responsável por gerir todas as


interações do usuário através do touchscreen, botões e knob. Essas interações geralmente são
de manipulação de variáveis, início e parada de estímulo. Logo, esta unidade compila essas
informações, parametrizando a unidade responsável pela geração e controle de estímulo. Esta,
por sua vez, recebe os parâmetros da forma de onda, frequência, largura de pulso e corrente de
estímulo, interagindo com a unidade de potência, gera o sinal de estimulação e realiza o controle
em malha fechada da corrente entregue. A unidade de potência fica responsável por realizar a
conversão das tensões da bateria para as diferentes tensões que os circuitos do projeto necessitam.
A partir do diagrama de blocos geral do sistema, é realizado um detalhamento desses
blocos, subdividindo-os em blocos que representam os circuitos e funções que devem desempenhar
(Figura 21), os blocos detalhados possuem as mesmas cores dos blocos referenciados na Figura
20. Estes blocos buscam atender aos requisitos estabelecidos no capítulo anterior.
46

Figura 21 – Diagrama de blocos detalhado do Sistema

Fonte: Autor

6.2.1 Unidade de Gerenciamento da Interface de Usuário

Esta unidade é composta pelos blocos de cor amarelo apresentados no diagrama da Figura 21.
A CPU 1 é responsável pelo controle principal do sistema, pelo processamento e manipulação
das variáveis de controle e pela compilação dessas informações para envio e controle da CPU 2.
Além disso, esta unidade realiza o controle do LCD TFT via serial.
O estudo dos dispositivos de mercado permitiu observar as principais informações que
deveriam ser exibidas ao usuário, bem como o fluxo de navegação do dispositivo. Com este
background, a Tabela 9 apresenta um design final.
47

Tabela 9 – Menus de Navegação Neuroestimulador - parte 1

Menus Descrição
Este é o menu de estimulação que permite apenas o
ajuste de corrente durante o procedimento, possuindo
o status de operação, como por exemplo se a
estimulação está pausada ou em progresso. Os
parâmetros configurados em cinza claro, indicando
que são fixos, a forma de onda utilizada, corrente
entregue e a impedância. Além disso, o modo que
.
está sendo utilizado, bem como os indicadores de
volume e bateria.

Com a estimulação parada, o usuário seleciona o


ícone da forma de onda, que logo muda para cor azul
claro, trocando para o menu que permite a escolha da
forma de onda que se deseja utilizar.
.

Quando selecionado o trem de pulso, é possível


configurar a quantidade e o intervalo entre os pulsos.

Com a estimulação parada, o usuário seleciona o


ícone de miliampere, que logo muda para cor azul
claro, trocando para o menu que permite o ajuste
da corrente de estímulo.
.

Com a estimulação parada, o usuário seleciona o


ícone de milissegundos, que logo muda para cor azul
claro, trocando para o menu que permite o ajuste da
largura de pulso de estímulo.
.

Com a estimulação parada, o usuário seleciona o


ícone de hertz, que logo muda para cor azul claro,
trocando para o menu que permite o ajuste da
frequência de estímulo.
.
Fonte: Autor
48

Tabela 10 – Menus de Navegação Neuroestimulador - parte 2

Menus Descrição

Com a estimulação parada, o usuário seleciona o


ícone da engrenagem, que logo muda para cor azul
claro, trocando para o menu que permite as
configurações do dispositivo.
.

Selecionando o primeiro submenu, troca-se para o


menu que permite realizar configurações de
usuário, tais como idioma, volume, intensidade da
luz do LCD
.

Selecionando o segundo submenu, troca-se para o


menu que permite realizar a escolha do modo de
operação do equipamento.
.

Este menu, congela todos os parâmetros para


fornecer um aviso importante para o usuário,
de que a estimulação foi interrompida.
.

Este menu, congela todos os parâmetros para


fornecer um aviso importante para o usuário,
que é necessário trocar as baterias.
.
Fonte: Autor
49

6.2.2 Unidade de Gerenciamento da Geração e Controle dos Estímulos

A unidade de gerenciamento da geração e controle dos estímulos é apresentada na cor vermelho


conforme Figura 20. A CPU 2 é responsável pelo controle da geração dos pulsos e controle
da corrente de estímulo. A geração dos pulsos será feita através de dois pinos de saída do
microcontrolador, onde a combinação de acionamento das saídas aplicadas no circuito da ponte
H, controla a polaridade da tensão sobre a carga, obtendo os sinais monofásicos e bifásicos, o
controle da frequência é feito via software utilizando um Timer do microcontrolador. O controle
da corrente desta unidade é feito através do Digital to Analog Converter / Conversor analógico
digital (DAC) MCP4725 via I2C, este componente possui resolução de 10 bits, para cada bit
representando 1,22mV. A tensão do DAC é aplicada no circuito de espelho de corrente, que drena
da carga a corrente estipulada, além disso é colocado um circuito de feedback de corrente para
que microcontrolador possa fazer o controle de malha fechada da corrente sobre a carga.

6.2.3 Unidade Gerenciamento de Potência

A unidade de gerenciamento de potência consiste, basicamente, na bateria, na fonte de alimentação


feita a partir de conversores DC/DC e um circuito inversor de tensão para gerar a tensão negativa
que os circuitos que utilizam amplificador operacional necessitam. As tensões do circuito são 5V
para alimentação dos microcontroladores, LCD, botões, LED´s. 12V e -9V para alimentação
positiva e negativa dos amplificadores operacionais, e uma tensão de 40V para alimentar o
circuito da ponte H.

6.2.4 Eletrodos de Estimulação

A ligação dos estímulos gerados pelo equipamento para o paciente, é feito através de eletrodos.
Estes eletrodos possuem conectores touchproof (a prova de toque) para auxiliar na segurança
do usuário. No mercado brasileiro a empresa Micromar fabricante de equipamentos médicos,
fabricam eletrodos para localização de nervos periféricos (Figura 22) e também eletrodos para
mapeamento cortical (Figura 23).
50

Figura 22 – Eletrodo para nervos periféricos

Fonte: Micromar, 2021

Figura 23 – Eletrodo para mapeamento cortical

Fonte: Micromar, 2021

Por ser um dos principais players do mercado, ao compatibilizar a conexão com esses
eletrodos, o equipamento se tornou mais intuitivo para os usuários, uma vez que já estão
habituados com a utilização destes eletrodos. A Micromar fabrica eletrodos monopolares e
bipolares. No catálogo da empresa encontra-se esses quatro tipos de eletrodos bipolares (Figura
24) que podem ser utilizados com o equipamento desenvolvido.

Figura 24 – Lista de Eletrodos

Fonte: Micromar, 2021


51

6.3 DESENVOLVIMENTO DO HARDWARE

6.3.1 Teste do touch do LCD com o uso de luvas

O equipamento é destinado a ser utilizado dentro de um centro cirúrgico, e o usuário, geralmente,


está utilizando luvas e, em alguns casos, essa luva fica molhada por soro ou sangue. Para avaliar
se o LCD seria capaz de manter a performance ao ser exposto a essas condições de contorno, foi
realizado os testes da Figura 25 e Figura 26. Foi desenvolvido um programa que ao pressionar o
ícone verde com símbolo de positivo (Figura 25.A), o valor na cor rosa é incrementado em uma
unidade, ao pressionar e manter pressionado o ícone muda sua cor para lilás, simbolizando que o
ícone foi pressionado (Figura 25.B e Figura 25.D), e somente após deixar de pressionar o valor é
incrementado (25.C).

Figura 25 – Teste do LCD com Luva

Fonte: Autor

Foi realizado o uso simulado com a luva molhada, aplicando-se sobre a tela cloreto de
sódio conforme as Figura 26.A e Figura 26.B, e posteriormente simulando o uso do touch-screen
52

(Figura 26.C e Figura 26.D). Conclui-se que o LCD atende o uso pretendido e ao perfil do usuário
que irá utilizar o equipamento.

Figura 26 – Teste do LCD com Luva Molhada

Fonte: Autor

6.3.2 Circuito da IHM

Para o projeto do circuito da IHM, desenvolveu-se o esquemático e o layout (Figura 76 e Figura


81), sendo esta primeira parte do projeto fabricada e montada, com o intuito de ser uma jiga
de teste do software da interface, com saídas e entradas selecionáveis e LED´s embutidos na
placa para debug do código (Figura 27). Como a placa final seria feita de forma manual, com a
fabricação dessa placa, foram ajustados os tamanhos dos PAD´s dos terminais da placa final,
para facilitar a montagem dos componentes. O circuito da IHM contempla todos os blocos na
cor amarelo da Figura 27, com a CPU1 sendo utilizado o ATMEGA328P numa placa de Arduino
Nano, os botões são do tipo push button com capa, os LEDs utilizados são do tipo RGB 3528
onde a cor vermelha tem uma queda de tensão entre 2V e 2,2V e as cores verde e azul entre 3V
e 3,2V, o encoder adotado foi o EY-11, um encoder rotativo com botão, foi escolhido devido
53

possuir um estriado no manipulo, que torna o equipamento compatível com os knobs de mercado,
e retirando a necessidade de parafusar o knob no encoder.

Figura 27 – Placa de desenvolvimento da IHM

Fonte: Autor

6.3.3 Circuito para Geração de Pulso

Para geração das formas de onda dos requisitos do projeto, foi projetado um circuito Ponte H
conforme o diagrama apresentado na Figura 28, que permite, através da abertura e fechamento
das chaves, o controle do sentido da corrente e polaridade da tensão sobre a carga, que neste caso
é o tecido nervoso.
54

Figura 28 – Diagrama de um circuito “Ponte H”

Fonte: Silveira, Rafael, 2017

O esquemático do circuito baseado no diagrama da Figura 28 é apresentado na Figura 29.


As chaves representadas no diagrama foram substituídas pelo MOSFET IRF7492; este transistor
foi adotado devido sua facilidade de aquisição, redução de perdas por chaveamento, tempos de
subida e descida baixos variando entre 13 e 14 nanosegundos, e tensão VDS superior a tensão de
operação do equipamento e por possui encapsulamento SMD.

Figura 29 – Circuito Ponte H

Fonte: Autor
55

Para o controle do IRF7492 pelo microcontrolador foi utilizado um o transistor bipolar


BC847B, adotado pela facilidade de aquisição, encapsulamento SMD e tensão de coletor emissor
máxima (VCEO Max) de 45 V que é a tensão máxima do sistema. Os pontos de controle do
circuito são representados pelo SP e SN, onde o acionamento de SP e o desligamento de SN,
faz com que o sentido da corrente flua da esquerda para a direita, e medindo a tensão sobre a
carga com a ponta de prova positiva em LOAD 01 e a negativa em LOAD 02, observa-se que a
polaridade da tensão é positiva. Acionando SN e desligando SP, o sentido da corrente se inverte,
e medindo, novamente, nos mesmos pontos, observa-se que a polaridade é negativa. Portanto,
com o controle dessas chaves é possível, via software, gerar formas de ondas monofásicas ou
bifásicas.
Com base no esquemático foi realizado o layout da placa circuito impresso (Figura 30),
com os pontos de testes, para verificação nos testes de bancada.

Figura 30 – Layout do Circuito da Ponte H

Fonte: Autor

6.3.4 Circuito para Controle de Corrente

Para o controle de corrente sobre a carga, foi projetado o circuito espelho de corrente da Figura
31, de tal forma que pudesse ser controlada a corrente do espelho pela aplicação de tensão do
DAC. Os MOSFETS utilizados são 2N700, adotados devido a capacidade máxima de corrente de
dreno tanto contínua quanto pulsada ser superior a corrente necessária a ser drenada da carga.
56

Figura 31 – Circuito espelho de corrente

Fonte: Autor

Com base no esquemático, foi feito o layout de circuito impresso da Figura 32, e realizado
os testes em bancada para validar a simulação e obtenção da função (1) que correlaciona a tensão
aplicada pelo conversor analógico digital (VDAC ) com a corrente drenada pelo circuito (Iin ).

VDAC − 1,08
Iin = (1)
5,1 ∗ 10−3

Figura 32 – Layout do circuito do espelho de corrente

Fonte: Autor
57

6.3.5 Circuito para Monitoramento da Corrente de Saída

Para o feedback de corrente aplicada sobre a carga (Figura 33), foi colocado em série com
o circuito da ponte H, um resistor shunt de 1 Ohm, e além disso, foi projetado um circuito
amplificador de instrumentação para medição e amplificação da tensão sobre o resistor shunt.
Como requisito do projeto, sendo a menor corrente de 0,1 mA e, portanto, a tensão obtida sobre o
resistor shunt de 0,1 mV e, a entrada analógica do ATMEGA328P possuindo resolução de 10 bits,
a representação de um bit seria 4,88 mV, sendo necessário uma amplificação da tensão medida.
Para isso, foi projetado o circuito de amplificação para obtenção de um ganho resultante de 244,
para que cada 0,1 mA fosse representado dentro de um range de 24,4mV que é o equivalente a
cinco vezes 4,88 mV para cada bit, diminuindo as oscilações na leitura da corrente.

Figura 33 – Esquemático do circuito de feedback de corrente

Fonte: Autor

Com o layout desenvolvido da Figura 34, a partir do esquemático, sua montagem foi
realizada utilizando resistores com 1% de variação para que se obtivesse o ganho mais próximo
do projetado.
58

Figura 34 – Layout do circuito de feedback de corrente

Fonte: Autor

6.3.6 Circuito para Geração de Tensão Negativa

Para geração da tensão negativa utilizadas nos circuitos que utilizam os LM324, foi projetado
o circuito inversor de tensão da Figura 35, onde o circuito integrado 4093 em cascata gera um
sinal de clock, que ao passar pelo capacitor C2 e os diodos permite a passagem apenas do ciclo
negativo na saída; este circuito possui uma corrente baixa de saída, sendo utilizado apenas para
alimentação negativa dos amplificadores operacionais.

Figura 35 – Esquemático do inversor de tensão

Fonte: Autor
59

Com todos os circuitos fabricados e testados individualmente, foi realizada a integração


dos circuitos do bloco de estimulação (Figura 36). Foi adotada essa metodologia de montar
cada parte do bloco separado por placas, para que pudesse ser feito correções pontuais circuito a
circuito. Inicialmente, os circuitos das (Figuras 31 e 33) utilizavam os amplificadores TL071 e
TL072, porém devido a problemas encontrados durante os testes em bancada, foram substituídos
pelos amplificadores LM324. Os testes em bancada serviram para validar a geração das formas
de onda e controle da corrente entregue.

Figura 36 – Integração dos blocos

Fonte: Autor

Com a integração dos circuitos e ajustes realizados foi desenvolvido o circuito final do
bloco de estimulação contemplando a integração dos circuitos apresentados anteriormente; o
esquemático se encontra em Apêndice A e Apêndice B.

6.4 DESENVOLVIMENTO DA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO

6.4.1 Fabricação e Montagem das Placas de Circuito Impresso

As placas de circuito impresso utilizadas no projeto foram fabricadas de forma manual, pelo
processo de termo transferência. O papel utilizado na impressão dos circuitos foi do tipo glossy
de 180g/m2. As placas fabricadas são dupla face, logo foi necessário imprimir face superior e
inferior na mesma página, dobrando a folha, e sobre uma mesa de luz, foi realizado o alinhamento
das faces, através de referenciais colocados nos layouts dos circuitos.
60

Figura 37 – Transferência térmica

Fonte: Autor

Para transferência, foi utilizada a laminadora da Menno® (Figura 37), ajustando a


temperatura para 150°C e passando a placa entre as calandras por um período de 20 minutos; os
valores de temperatura e período utilizados foram obtidos através de testes, resultando em valores
satisfatórios que garantiram uma boa transferência. O resultado da transferência é apresentado
na Figura 38.A, e logo após a transferência do circuito foi realizado o processo de corrosão do
cobre, por um período de 20 minutos; a Figura 38.B mostra a uma outra placa após o processo de
corrosão.

Figura 38 – Após transferência(A) - Após Corrosão(B)

Fonte: Autor
61

As placas foram destacadas e envernizadas para proteção contra oxidação do cobre,


conforme as Figuras 39 e 40. Com as placas prontas foram feitas as furações e inspeções das
trilhas para observar a presença de algum curto devido à corrosão não ter eliminado totalmente o
material entre as trilhas. A montagem foi feita conforme o Apêndice A e Apêndice B.

Figura 39 – Circuito IHM: Placas envernizadas (A) Frente (B) Verso

Fonte: Autor

Figura 40 – Circuito Estímulo: Placas envernizadas (A) Frente (B)


Verso

Fonte: Autor

Pode se observar que na Figura 41, na parte superior da placa, são utilizados os módulos
comerciais para os conversores de tensão e DAC, além do microcontrolador numa placa de
62

arduino nano. Estes circuitos seriam implementados no layout como os demais circuitos, porém,
por se tratar de um processo manual, impossibilita a utilização de mais camadas na placa e,
portanto, esse foi o modo adotado para prototipação desses circuitos em uma única placa. A
Figura 42 mostra o microcontrolador na placa do arduino nano, com a mesma metodologia da
placa da Figura 41 para facilitar o processo de montagem.

Figura 41 – Circuito Estímulo: Montagem (A) Frente (B) Verso

Fonte: Autor

Figura 42 – Circuito IHM: Montagem (A) Frente (B) Verso

Fonte: Autor
63

6.5 DESENVOLVIMENTO DO FIRMWARE

Para o protótipo de controle da unidade de gerenciamento da interface de usuário foi utilizada a


plataforma de prototipagem eletrônica Arduino Nano, em virtude da sua versatilidade, flexibili-
dade, baixo custo e ampla utilização no mercado. Além disso, na eventualidade de entrar em
processo fabril, é possível substituir a plataforma por um microcontrolador da mesma família
Atmel AVR. Essa plataforma consiste de um microcontrolador ATmega328, com 16Mhz e
22 portas de entrada e saída, sendo 8 delas analógicas e 6 compatíveis com a função PWM.
Possui também a capacidade de armazenamento de 32KB em memória flash. A linguagem
de programação utilizada é baseada em C/C++ e foi desenvolvida utilizando o ambiente de
desenvolvimento fornecido pelo próprio fabricante. A listagem do código está fornecida em
Apêndice D.
Essa unidade é responsável pelo gerenciamento completo do projeto, inclusive da outra
unidade, a de gerenciamento da geração e controle dos estímulos por meio da comunicação serial
I2C.
Após a energização do equipamento e o início da execução do firmware é feito um
processo de controle da inicialização do hardware, definição das pinagens dos diversos elementos
conectados às portas analógicas e digitais do Arduino, além da pré-configuração necessária para
a utilização da porta serial, usada para controle do desenvolvimento e exibição de mensagens de
erro, porta serial por software, para comunicação com o display, a configuração dos diversos
mecanismos necessários para a exibição e controle da tela touch, além do estabelecimento da
configuração da comunicação I2C com a unidade de geração e controle.
O controle mais refinado do equipamento pode ser observado na figura 43, que demonstra
o controle da máquina de estado dessa unidade, e que tem início assim que o processo inicial é
realizado.
64

Figura 43 – Gerenciamento de Estados da Unidade Master

Fonte: Autor

Todas as configurações anteriormente estabelecidas são carregadas da EEPROM, per-


mitindo a facilidade de manuseio do equipamento e, caso não haja uma configuração já feita,
os dados padrões (estabelecidos no processo de inicialização) são automaticamente registrados
nessa memória. Em seguida, por meio do protocolo I2C, é iniciado o processo de envio
das configurações atuais para a unidade slave, para que ambas tenham a mesma configuração
atualmente utilizada.
65

Nesse ponto, entra-se no loop principal do gerenciamento em que é disparada uma rotina
de detecção de erros, que fiscaliza o status da bateria, conexão dos cabos, comunicação com
a unidade de estímulos e, no caso de algum erro detectado uma marcação é feita de forma a
impedir a continuidade do processo normal de operação e a mensagem de erro correspondente é
exibida. Juntamente com essa rotina é enviada a atualização dos dados atuais para o display/leds
e o equipamento entra no estado de pronto para uso.
Utilizando o encoder e os botões presentes no equipamento ou então manipulando a tela,
por meio do touch, é possível utilizar todas as funcionalidades do NStim.
Na figura 44, vemos um detalhamento das diversas configurações possíveis de serem
realizadas quando é selecionado o modo de configuração do equipamento, onde todas as
características listadas podem ser ajustadas fisicamente, usando botões e encoder, ou por meio
da tela. Realizadas as alterações, esses dados são armazenados em memória e a unidade de
gerenciamento de estímulos é novamente atualizada com essas novas informações.
66

Figura 44 – Configuração da Unidade Master

Fonte: Autor

A unidade de gerenciamento de geração e controle de estímulos consiste de outro micro-


controlador (no protótipo também desenvolvido com a plataforma Arduíno Nano), responsável
pela comunicação com a unidade principal, para troca de informações e também com a unidade
de gerenciamento de potência, ambas via protocolo serial I2C.
O firmware desenvolvido para essa unidade consiste de um loop infinito para comunicação
com a unidade principal e por uma interrupção por tempo, responsável por fazer a geração do
sinal desejado para o estímulo, controlando a forma de onda, tempos e amplitudes. Esses dados
são usados tanto para excitar a unidade de gerenciamento de potência, como também feedback
67

para a unidade principal, com o objetivo de informar o usuário do atual status do estímulo. Na
figura 45 observa-se o fluxo geral desse processo.

Figura 45 – Fluxograma da unidade de gerenciamento de estímulos

Fonte: Autor
68

O detalhamento do gerenciamento de estados, responsável por toda inteligência da geração


dos sinais, está ilustrado nas Figuras 46, 47 e 48.

Figura 46 – Máquina de Estados - Geração dos sinais - Diagrama 1/3

Fonte: Autor

Figura 47 – Máquina de Estados - Geração dos sinais - Diagrama 2/3

Fonte: Autor
69

Figura 48 – Máquina de Estados - Geração dos sinais - Diagrama 3/3

Fonte: Autor
70

7 RESULTADOS

7.1 SINAIS DE SAÍDA

Com o auxílio de um osciloscópio, foi realizada a obtenção dos sinais de saída do equipamento.
Na saída do neuroestimulador foi conectado uma carga puramente resistiva no valor de 2kΩ. As
Figuras 49 até 52 apresentam ondas monofásicas, nas frequências 1Hz,10Hz,100Hz e 1000Hz,
mostrando que o equipamento consegue atingir os valores de frequência mínima e máxima
estabelecidas, além dos valores de frequência intermediários.

Figura 49 – Estímulo Monofásico com frequência de 1 Hz

Fonte: Autor
71

Figura 50 – Estímulo Monofásico com frequência de 10 Hz

Fonte: Autor

Figura 51 – Estímulo Monofásico com frequência de 100 Hz

Fonte: Autor
72

Figura 52 – Estímulo Monofásico com frequência de 1000 Hz

Fonte: Autor

As Figuras 53 até 55 apresentam ondas monofásicas, com as larguras de pulso de 0,1ms,


7 ms e 9,9ms, mostrando que o equipamento consegue atingir as larguras de pulso mínima e
máxima estabelecidas, além dos valores de larguras de pulso intermediários.

Figura 53 – Estímulo Monofásico com Largura de Pulso de 0,1ms

Fonte: Autor
73

Figura 54 – Estímulo Monofásico com Largura de Pulso de 7ms

Fonte: Autor

Figura 55 – Estímulo Monofásico com Largura de Pulso de 9,9ms

Fonte: Autor
74

Nas Figuras 56 até 60 são apresentadas as demais formas de ondas geradas pelo
equipamento, sendo onda bifásica positiva e bifásica negativa, além dos trens de pulsos para
formas de onda monofásica e bifásica.

Figura 56 – Estímulo Bifásico Positivo

Fonte: Autor

Figura 57 – Estímulo Bifásico Negativo

Fonte: Autor
75

Figura 58 – Estímulo Bifásico Positivo Trem de Pulso

Fonte: Autor

Figura 59 – Estímulo Bifásico Negativo Trem de Pulso

Fonte: Autor
76

Figura 60 – Estímulo Monofásico Trem de Pulso

Fonte: Autor

As Figuras 61 até 64 apresentam ondas monofásicas, com ajuste de corrente de 0,1mA,


3mA, 10mA e 20mA, mostrando que o equipamento consegue atingir os valores de corrente
mínima e máxima estabelecidos, bem como os valores de corrente intermediários. Na Figura
64 é evidenciado que para uma carga resistiva de 2kΩ o equipamento fornece 40V na saída,
conforme as especificações do projeto.

Figura 61 – Estímulo Monofásico com Corrente de


0,1mA

Fonte: Autor
77

Figura 62 – Estímulo Monofásico com Corrente de 3mA

Fonte: Autor

Figura 63 – Estímulo Monofásico com Corrente de 10mA

Fonte: Autor

Figura 64 – Estímulo Monofásico com Corrente de 20mA

Fonte: Autor
78

7.2 APRESENTAÇÃO DO PROTÓTIPO

Na Figura 65 é apresentado o protótipo do neuroestimulador com as dimensões conforme as


especificações, o protótipo pode ser empunhado pelo usuário ou pode ser apoiado em um suporte
de forma que os valores fiquem dentro do campo de visão do usuário. Na Figura 66 é apresentado
o peso final do protótipo, o valor medido é aproximadamente ao obtido pela estimativa do
software de desenho 3D.

Figura 65 – Protótipo Final

Fonte: Autor

Na Figura 67 e 68 é apresentado a conexão do neuroestimulador com um eletrodo


monopolar comercial e Na Figura 69 a inicialização da estimulação.
79

Figura 66 – Protótipo Final sendo pesado

Fonte: Autor

Figura 67 – Protótipo Final conexão eletrodo


positivo

Fonte: Autor
80

Figura 68 – Protótipo Final conexão eletrodo


negativo

Fonte: Autor

Figura 69 – Protótipo Final iniciando estímulo

Fonte: Autor
81

8 DISCUSSÃO

Através do benchmarking realizado sobre os equipamentos de mercado e trabalhos similares,


pode-se observar os parâmetros e as funções que estes equipamentos disponibilizam para o
usuário, além disso foi possível elencar as limitações que estes apresentavam.
Para os neuroestimuladores voltados para execução da técnica de mapeamento cortical,
observou-se que são equipamentos de grandes dimensões e de peso considerável, o que dificulta
o transporte, armazenamento e utilização deles. Por serem equipamentos que ficam distante do
campo estéril, se faz necessário um segundo operador para realizar os ajustes dos parâmetros
durante o procedimento, além disso as respostas de corrente entregue e impedância ficam fora
do campo de visão do cirurgião. Para os equipamentos utilizados na execução da técnica de
localização de nervos periféricos, em sua maioria os parâmetros de ajustes, permitiam apenas a
utilização de valores específicos, não possuindo flexibilidade para ajuste destes parâmetros.
Baseado nessas limitações e especificações, foi desenvolvido o protótipo do neuroesti-
mulador que atende as técnicas de mapeamento cortical e localização de nervos periféricos,
pois através dos resultados obtidos no capítulo anterior fica evidenciado que o equipamento
opera dentro das especificações levantadas no estudo de mercado e literatura, para execução das
técnicas.
Os resultados obtidos nos ajustes de corrente, mostram que o equipamento opera dentro
da faixa de corrente mínima e máxima estabelecidos, bem como os ajustes flexíveis entre os
limites superior e inferior. O mesmo resultado se apresenta satisfatório para os ajustes de largura
de pulso e frequência, além de gerar todas as formas de onda proposta.
O equipamento desenvolvido por ter dimensões menores e baixo peso facilita o transporte,
armazenamento e utilização. Uma vez que o neuroestimulador pode ser empunhado pelo usuário,
permitindo a utilização do equipamento próximo ao cirurgião, onde os parâmetros estão dentro
campo de visão dele, podendo realizar os ajustes de parâmetros tanto pelos botões quanto via
touchscreen.
No sinal de saída apresentado no capítulo anterior, pode-se observar a presença de ruídos.
Estes ruídos podem ser minimizados com a implementação de circuitos de filtros de saída.
As maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento do equipamento, foram com
relação a fabricação e montagem das placas de circuito impresso, por serem feitas de forma
manual, foram realizados alguns ajustes para interligação entre a face superior e inferior, o que
aumentou o trabalho e complexidade na montagem dos circuitos.
82

Para a inserção deste equipamento no mercado, é necessário realizar as adequações dos


circuitos para atender as normas de segurança, bem como a substituição do microcontrolador,
por um mais robusto e veloz. Essa substituição é algo viável, a partir do desenvolvimento e
implementação de um firmware baseado nos fluxogramas e máquinas de estados apresentados
anteriormente. As topologias utilizadas tanto para o controle de polaridade e direção da corrente
de estímulo quanto para o controle de corrente, podem ser substituídos por circuitos integrados
dedicados. Essas topologias foram adotadas devido a facilidade de sua implementação, uma vez
que os componentes são de fácil acesso, além do conhecimento agregado devido desenvolvimento
e implementação destas topologias.
83

9 CONCLUSÕES

A maioria dos neuroestimuladores presentes no mercado, atualmente, possuem grandes dimensões


e costumam ficar fora do campo estéril, dificultando o trabalho do cirurgião. O desenvolvimento
deste trabalho teve como objetivo a criação de um neuroestimulador para realizar mapeamentos
corticais e localização de nervos periféricos, que seja de fácil utilização, portátil, versátil, e que
pode ser utilizado para a execução de diferentes técnicas e procedimentos médicos ligados à
proposta.
Com base no benchmark realizado, foram definidas algumas premissas e, durante o
desenvolvimento do projeto, algumas limitações em relação a proposta original foram feitas
(capacidade da corrente e tensão máxima), devido a complexidade de adaptação do hardware
para aderir a algumas das normas de segurança. Sendo assim, o projeto final foi construído
visando um produto funcional que possa ser facilmente aprimorado para o uso comercial.
Por fim, o NStim é uma alternativa que pode auxiliar os cirurgiões na ressecção de
tumores intracranianos e de baixo grau, na remoção de zonas epileptogênicas e guiar no bloqueio
de nervos periféricos, tudo isso utilizando técnicas de mapeamento por estimulação elétrica
(ESM). Possui compatibilidade com um dos maiores players do mercado de eletrodos e utiliza
tecnologias orientadas ao usuário em questão de segurança e experiência, como: eletrodos
touchproof, hardware adaptado para condições de contorno hospitalares, software intuitivo e
funcional, design minimalista resultando em uma ferramenta handheld para fácil utilização.
Existe espaço para possíveis evoluções do projeto, seja no escopo de atuação ou na micro
configuração disponível para o usuário, conforme discutido nos trabalhos futuros.
84

10 TRABALHOS FUTUROS

No decorrer do desenvolvimento do projeto novas ideias surgem e outras morrem, ou ficam


impossibilitadas de serem implementadas. Diante disso estamos sugerindo nessa seção as
melhorias que podem ser implementadas numa futura versão do NStim:

a) Apesar da norma ABNT NBR IEC 60601-1 (ABNT, 2022) ter orientado o
desenvolvimento do projeto, ela não foi seguida à risca, pois a certificação não era
o escopo do projeto. Entretanto caso venha a ser comercializado será necessário
passar por esse processo, guiando-se por essa norma.
b) Implementação da visualização remota da IHM, utilizando comunicação bluetooth
e/ou WI-FI, para que outro operador possa auxiliar o cirurgião, durante a execução
do procedimento, e também para registrar o histórico dos dados.
c) Desenvolver o software, para controle externo do dispositivo, testes de usabilidade
e estudos de funcionalidade de controle.
d) Implementação de comandos por voz, de forma a aumentar ainda mais a praticidade
do uso.
e) Ampliar a capacidade de operação dos circuitos.
85

REFERÊNCIAS

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -. ABNT NBR IEC 60601:


Equipamento eletromédico. [S.l.]: ABNT, 2022. Citado na p. 84.

AG, B. Braun Melsungen. Stimuplex® HNS12 Manual. Disponível em:


https://www.bbraun.com.br/pt/products/b/stimuplex-hns12.html. Acesso em: 28 nov. 2021.
Citado nas pp. 27, 28.

ALDINI, Giovanni. Essai théorique et expérimental sur le Galvanisme: avec une série
d’expériences faites en présence des commissaires de l’Institut Nationale de France, et en
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p. 35.
APÊNDICE A – ESQUEMAS ELÉTRICOS
90

Figura 70 – Página 1 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo)

Fonte: Autor
91

Figura 71 – Página 2 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo)

Fonte: Autor
92

Figura 72 – Página 3 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo)

Fonte: Autor
93

Figura 73 – Página 4 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo)

Fonte: Autor
94

Figura 74 – Página 5 do esquema elétrico (Unidade de Estimulo)

Fonte: Autor
95

Figura 75 – Página 1 do esquema elétrico (Unidade de gerenciamento da IHM)

Fonte: Autor
96

Figura 76 – Página 1 do esquema elétrico da Placa de IHM de Testes

Fonte: Autor
APÊNDICE B – LAYOUTS DAS PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO
98

Figura 77 – Página 1 do Layout da Placa (Unidade de gerenciamento da IHM)

Fonte: Autor
99

Figura 78 – Silk dos componentes da Unidade de gerenciamento da IHM

Fonte: Autor
100

Figura 79 – Página 1 do Layout da Placa (Unidade de Estímulo)

Fonte: Autor
101

Figura 80 – Silk dos componentes da Unidade de Estímulo

Fonte: Autor
102

Figura 81 – Página 1 do Layout da Placa da IHM de Testes

Fonte: Autor
APÊNDICE C – LISTA DE MATERIAIS
104

Figura 82 – Lista de Materiais (Unidade de gerenciamento da IHM)

Fonte: Autor
105

Figura 83 – Lista de Materiais (Unidade de gerenciamento de estímulo)

Fonte: Autor
APÊNDICE D – CÓDIGO
107

O código desenvolvido está dividindo em 2 projetos distintos: o da unidade de gerenciamento 1


e o da unidade 2.
Devido à dinamicidade que o desenvolvimento de códigos exige, estamos deixando um
link para o download (https://github.com/Gianzanti/NStim) e visualização do código desenvolvido
e aplicado ao projeto.
Dessa forma, também possibilitamos a qualquer um que queira desenvolver o projeto ter
acesso facilitado ao mesmo.

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