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2022
RENAN ARAUJO DE MATOS
GABRIEL DALA ROSA COSTA
FÁBIO ROSSATTI GIANZANTI
SOLANGE LUZIA INACIO DOS SANTOS
2022
NSTIM: NEUROESTIMULADOR HANDHELD PARA MAPEAMENTO
CORTICAL E LOCALIZAÇÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS / Renan
Araujo de Matos...[et al.]. São Bernardo do Campo, 2022.
97 f. : il.
Agradecemos toda dedicação de nossa orientadora, Profa. Dra. Maria Claudia Ferrari
de Castro, bem como à todas valiosas contribuições realizadas pela banca examinadora, Prof.
Dr.Valter Fernandes Avelino e Prof. MSc. Wellington Pinheiro. Agradecimentos especiais pela
ajuda e contribuição de Dra. Leticia Frajuca, Dr. Neurocirurgião Paulo Diego e Prof. Dr. Walter
Pereira da Silva Júnior.
“I have not failed. I’ve just found 10,000 ways
that won’t work. (Eu não falhei. Só encontrei
10.000 maneiras que não funcionam.)”
For resection of fundamentally untreated cortical regimens against brain tumors, benign
or not, or for the removal of epileptogenic zones in the treatment of cases of epilepsy, it is
fundamental for the correct delimitation of regimes and sequences. No hand treatment chronically,
it is also necessary to correct the location of peripheral nerves for application of formats or
radiofrequency ablation to measure or perform these hands.
Electricity estimating device (ESM) is a connected amplifier technique used, which
consists of emitting electrical pulses with characteristics such as current, specific frequency and
duration for each mapping protocol, allowing and identifying visual response to the stimulus and
correcting the location of target areas.
Through searches in the main databases and similar equipment on the market, identifying
the need for equipment that addresses both types of application, cortical and peripheral nerves,
in a simple way, which can be used surgically sterile field during the surgical procedure, no
intervention required operates outdoors and is easy to transport between operating rooms.
It is possible to conclude that the initials in the form of probabilities prototype, which can
be used as a user, with adjustable parameters and at the same time as technical techniques. NStim
is a oriented fermenter or user equipment with safety technologies, auxiliaries to maximize or
undergo surgical procedure
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1 OBJETIVO GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.1 SISTEMA NERVOSO CENTRAL E SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO . . 19
3.2 CÓRTEX CEREBRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3 TUMORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.4 ESTIMULAÇÃO CORTICAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.5 ESTIMULAÇÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.1 COMO CHEGAMOS AQUI ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5 ESTADO DA ARTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.1 DISPOSITIVOS SIMILARES NO MERCADO . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2 DISPOSITIVOS SIMILARES NA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.3 LIMITAÇÕES ATUAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6.1 LEVANTAMENTO DE REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6.1.1 Requisitos Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6.1.2 Requisitos não Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
6.2 DIAGRAMA DE BLOCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
6.2.1 Unidade de Gerenciamento da Interface de Usuário . . . . . . . . . . . . . 46
6.2.2 Unidade de Gerenciamento da Geração e Controle dos Estímulos . . . . . 49
6.2.3 Unidade Gerenciamento de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6.2.4 Eletrodos de Estimulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6.3 DESENVOLVIMENTO DO HARDWARE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.3.1 Teste do touch do LCD com o uso de luvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.3.2 Circuito da IHM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6.3.3 Circuito para Geração de Pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.3.4 Circuito para Controle de Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.3.5 Circuito para Monitoramento da Corrente de Saída . . . . . . . . . . . . . 57
6.3.6 Circuito para Geração de Tensão Negativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.4 DESENVOLVIMENTO DA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO . . . . . . . 59
6.4.1 Fabricação e Montagem das Placas de Circuito Impresso . . . . . . . . . . 59
6.5 DESENVOLVIMENTO DO FIRMWARE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
7.1 Sinais de Saída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
7.2 Apresentação do protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
8 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
9 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
10 TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
APÊNDICE A – ESQUEMAS ELÉTRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
APÊNDICE B – LAYOUTS DAS PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO . 98
APÊNDICE C – LISTA DE MATERIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
APÊNDICE D – CÓDIGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
15
1 INTRODUÇÃO
em termos de tais lesões” Raja et al. (2020). Porém, após quatro décadas o IASP convocou uma
força tarefa para revisar a definição de dor, para desfazer-se da visão dicotômica de que a dor
seria considerada como nociceptiva ou neuropática, fato que exclui outros fenômenos da dor,
como a fibromialgia. A Diretoria da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED) publicou
a tradução oficial para língua portuguesa da definição da dor como sendo “uma experiência
sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão
tecidual real ou potencial”.
A dor ao se tornar continua ou recorrente, superando um período mínimo maior que
seis meses, classifica-se como dor crônica (RAJA et al., 2020). A dor tem por função
alertar, e a determinação da causa ou origem desta dor é incerta. Ao se tornar uma dor
crônica, os procedimentos terapêuticos convencionais não são capazes de mitigar a dor até
o desaparecimento dela, sendo a principal causa de comprometimento funcional, sofrimento,
incapacidade progressiva e custo socioeconômico (MARTINEZ et al., 2004).
Buscando mitigar essa dor recorrente, surgem diversos procedimentos invasivos, tais
como procedimentos ablativos tanto por radiofrequência, micro-ondas ou criogênico, e além
destes existem as técnicas para intervenção da dor ao se aplicar fármacos a essas regiões indicadas.
Para estes procedimentos existe a premissa básica da localização exata dos nervos periféricos,
que podem ser localizados através de um estímulo elétrico.
Pode-se notar que as problemáticas abordadas têm como premissa a geração e aplicação
de um estímulo elétrico a determinada área do corpo humano. O que faz deste método de
mapeamento por estimulação elétrica ser amplamente adotado, é a praticidade da técnica por
estar facilmente disponível, ser barato, relativamente fácil de usar. Requerendo apenas que
o equipamento seja móvel para ser prontamente transportado para a sala do paciente ou sala
cirúrgica.
O desenvolvimento de um equipamento handheld de baixo custo enquadra-se nas
perspectivas atuais de mercado, pois, atualmente, os estimuladores elétricos para mapeamento
cortical possuem dimensões que dificultam o seu transporte entre salas cirúrgicas, além de não
poderem estar dentro do campo estéril. Ao quesito inovação do projeto é acrescentado uma
proposta de junção das funcionalidades apresentadas de mapeamento cortical e localização de
nervos periféricos.
Portanto, este projeto trata do desenvolvimento de um dispositivo handheld para mapea-
mento cortical e localização de nervos periféricos, visando tratar dessas duas problemáticas de
grande importância. A primeira a questão do mapeamento cortical para auxiliar o neurocirurgião
17
durante uma ressecção cirúrgica e a segunda questão é a localização de nervos periféricos para
realização de procedimentos para o bloqueio da dor crônica.
18
2 OBJETIVOS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Fonte: Autor
21
Fonte: Autor
Também pode ser organizado em áreas funcionais, como por exemplo as regiões que
são responsáveis pela função motora, sensorial, visual, auditiva, fala e associações. Estas áreas
funcionais têm sido objeto de diversos estudos, com objetivo de determinar suas estruturas e
funções. Dentre esses estudos, o mais amplamente utilizado nas pesquisas médicas e uso clínico,
é o estudo feito pelo neurologista alemão Korbinian Broadman, que em 1909, publicou o mapa
das áreas corticais, divido em 52 áreas. A localização das áreas eloquentes está distribuída
comumente no lobo frontal, parietal, temporal, occipital e insular do cérebro. O modelo clássico
apresentado na Figura 4, feito a partir dos mapas das áreas de Broadman, serve como referência
para o neurocirurgião durante uma ressecção de tumor no córtex eloquente. com o surgimento de
tumores cerebrais nas ditas áreas eloquentes, o cérebro realiza o processo de neuroplasticidade,
que é a adaptação ou realocação das funções neurológicas comprometidas para as extremidades
22
do tumor, ou para outras regiões. Logo, se faz necessário o mapeamento intraoperatório para
determinar a nova localização dessas áreas, a fim de que durante a ressecção tumoral elimine-se
o risco de déficit neurológico transitório ou definitivo caso ocorra uma remoção indesejada.
3.3 TUMORES
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) nem todos os tumores são cânceres, e o termo
tumor corresponde a um aumento do volume em uma parte do corpo (Figura 5), em função
do crescimento do número de células. Essa neoplasia pode ser classificada entre benigna ou
maligna, diferindo na velocidade e organização com que evoluem.
Quando o crescimento é acelerado e desorganizado, invadindo outros tecidos, este tumor
evoluiu para o que é chamado de metástase, constituindo uma neoplasia maligna com alto índice
de morbidade. porém, quando o crescimento das células é lento e organizado classifica-se esta
neoplasia como benigna.
23
Figura 5 – Tumores
A estimulação cortical tem por objetivo mapear e avaliar as funções cerebrais em tempo real,
com o intuito de otimizar o grau de ressecção da lesão, buscando preservar as funções cerebrais e
reduzir os riscos de déficits pós-operatórios. A técnica é indicada para ressecções de neoplasias
de baixo grau, classificadas como benignas, localizadas nas áreas supratentoriais, que são áreas
com funções essenciais. O procedimento é realizado de forma intraoperatória, com o paciente
inicialmente sedado e anestesiado durante a craniotomia. Logo após o paciente é acordado da
sedação, para o início do mapeamento com o uso de um eletrodo conectado ao neuroestimulador
(Figura 7). Os parâmetros utilizados no neuroestimulador na cirurgia não são padronizados,
sendo que cada centro cirúrgico adota seus próprios parâmetros. Uma pesquisa realizada coletou
respostas de 56 centros de cirurgia de epilepsia em todo o mundo que utilizam a técnica de
mapeamento por estimulação elétrica para identificar o córtex funcional antes da ressecção
Hamberger, Williams e Schevon (2014). Esta pesquisa teve como objetivo determinar a faixa
atual dos parâmetros utilizados na prática por estes centros. A Tabela 1 mostra estes parâmetros
e as áreas de mapeamento estudadas.
25
A estimulação de nervos periféricos tem por objetivo localizar e mapear nervos em tempo real,
servindo para direcionar o cirurgião durante uma cirurgia de bloqueio de dor. O mapeamento
ocorre de forma não invasiva, sendo realizado o estímulo sobre a pele do paciente para uma
pré-identificação da localização do alvo, utilizando um eletrodo com formato de caneta Figura
10-B. Devido a impedância mais elevada da pele o mapeamento utiliza correntes da ordem de 10
mA, uma corrente mais elevada do que a utilizada para realizar o procedimento percutâneo.
Com a localização do alvo, é trocado o eletrodo de mapeamento, para uma cânula eletrodo.
É inserido esta cânula na região demarcada e iniciado o estímulo partindo do valor mínimo de
corrente que o equipamento fornece e aumentando gradativamente (Figura 10-A), até se observar
uma resposta motora ou sensitiva, dependendo da região de aplicação. Conforme é realizada
a inserção da cânula, observam-se respostas mais intensas no paciente, fazendo-se necessário
diminuir a corrente de estímulo. Na Figura 11 é mostrado a utilização de trens de pulsos, que
são observados no paciente conforme realizado o estímulo. Reduzindo a corrente, percebe-se
que se diminui o número de respostas, portanto permitindo o avanço da cânula até se observar
a resposta dos três impulsos (AG, 2021) ao chegar no nível de aproximadamente 0,3 mA, e
obtendo a mesma quantidade de impulsos de respostas, pode-se concluir que chegou o mais
próximo possível do alvo. Com a localização do nervo, é injetado um fármaco afim de anestesiar
ou realizar o bloqueio da dor. A estimulação de nervos periféricos utilizando mapeamento e
28
localização depende de cada procedimento: alguns vão utilizar as duas técnicas, e outros somente
a localização quando se tratar de um procedimento invasivo.
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O grande percursor da estimulação elétrica é o médico fisiologista italiano Luigi Galvani (1737-
1798), que em uma série de experimentos por volta de 1786 revolucionou a neurofisiologia,
ao descobrir que tecidos neurais podiam ser excitados eletricamente. Suas descobertas foram
realizadas ao se estimular músculos e nervos de rãs, provocando respostas motoras (Figura 12).
Porém sua técnica utilizava-se de equipamentos relativamente primitivos, tais como geradores de
eletricidade estática e jarros Leiden (SABBATINI, 2003).
Foi só partir de 1800, com a invenção da pilha por Alessandro Volta (1745-1827), que o
físico italiano Giovanni Aldini (1762-1834), sobrinho de Galvani, realizou diversos experimentos
de estimulação elétrica utilizando a pilha de Volta em cadáveres de humanos que haviam
sido enforcados ou decapitados recentemente (Figura 13). Suas descobertas evidenciaram que
os músculos e nervos humanos, ao serem estimulados, geravam uma resposta motora como
observado nos experimentos de Galvani em rãs (PARENT, 2004). Suas experiências foram de
grande inspiração para o romance gótico de 1818, escrito pela inglesa Mary Wollstonecraft
Shelly (1797-1851), denominado “Frankenstein, ou Prometeu Moderno”(SHELLEY, 1818),
onde se acreditava que era possível ressuscitar um cadáver através da eletricidade.
30
investigar os efeitos do curare, substância que causa inibição de impulsos nervosos na junção
neuromuscular, que causa paralisia dos músculos (KUSZNIR; SANVITO, 2021).
Os primeiros testes em seres humanos vivos foram realizados pelo neurologista americano
Roberts Bartholow(1831-1904), que observou movimentos dos membros contralaterais ao se
estimular o córtex de seu paciente, demonstrando que a estimulação elétrica permite a localização
de funções cerebrais (BARTHOLOW, 1874). Baseado nos experimentos de Bartholow, em
1870 os fisiologistas alemães Gustav Theodor Fritsch (1838-1927) e Eduard Hitzig (1838-1907),
fizeram experimentos que mapeavam eletricamente as áreas funcionais do córtex cerebral de cães
anestesiados ou semi-anestesiados, observando efeitos semelhantes aos resultados em humanos
feitos por Bartholow, obtendo assim um mapeamento mais fino da função motora cortical e
mostrando que era possível obter mapas mais precisos das funções cerebrais(FRITSCH, 1870).
Em 1875, inspirado no trabalho desenvolvido por Fritsch e Hitzig, o neurologista britânico
Sir David Ferrier (1843-1924) (Figura 14-A) fez experimentos de estimulação no cérebro de cães
e primatas, mapeando e identificando áreas funcionais. No caso envolvendo primatas, Ferrier
identificou 29 áreas no total (Figura 14-B e 14-C), criando, a partir de seus experimentos, a
metodologia básica para o mapeamento cortical (FERRIER, 1876).
1917). Seus estudos foram amplamente difundidos, devido serem muito mais precisos que os de
seus antecessores, devido ao aperfeiçoamento considerável da técnica de estimulação elétrica
cortical, possibilitando a abertura para investigações experimentais em humanos, uma vez que
tais experimentos haviam se tornado um problema ético.
O neurocirurgião alemão Fedor Krause (1857-1937) foi um dos primeiros a aplicar a nova
metodologia em seres humanos (KRAUSE et al., 1909). De 1902 a 1912 realizou o primeiro
trabalho sistemático de exploração da superfície cortical em seres humanos anestesiados através
da estimulação elétrica. Entretanto, entre os anos de 1930 e 1950 foi o neurocirurgião canadense
Wilder Penfield (1891-1976) (Figura 15), que definiu em grande parte os métodos que ainda
estão em uso atualmente, ao publicar a série mais influente e expansiva de estudos clínicos
experimentais de mapeamento intraoperatório (PENFIELD; BOLDREY, 1937).
2013). A mesma técnica, quando utilizada por médicos anestesiologistas, auxilia na colocação
das cânulas, reduzindo os riscos de lesões aos nervos e aumentando a qualidade de bloqueios
periféricos (FERRI et al., 2012). A estimulação elétrica do SNP, atualmente, tem possibilitado
aumentar a qualidade de vida das pessoas, uma vez que ao ser utilizada para localização de
nervos periféricos para bloqueio da dor ou estimulação continua mitiga os efeitos dolorosos sobre
o paciente.
34
5 ESTADO DA ARTE
Foi realizado um levantamento dos equipamentos de mercado que realizam funções de mapea-
mento cortical e localização de nervos periféricos, além disso foi utilizado o estudo feito por
(HAMBERGER; WILLIAMS; SCHEVON, 2014) que, em sua pesquisa, procurando determinar a
faixa de parâmetros de ESM atualmente utilizados na prática pelos grandes centros de epilepsia no
mundo, determinou quais equipamentos são mais utilizados nesses centros cirúrgicos, resultado
apresentado na Tabela 2, identificando o modelo e o percentual de uso destes equipamentos nos
56 centros avaliados. Com essas informações foi feito um processo de benchmarking com o
objetivo de fazer um levantamento de funções e parâmetros dos dispositivos de mercado. Nas
tabelas 3, 4, 5, 6 apresenta-se o resultado dos equipamentos para localização de nervos periféricos
e para os equipamentos de mapeamento cortical.
Modelo Percentual
Grass 42%
Ojemann 33%
Nicolet 6%
Nihon Kohden 6%
Osiris 6%
Outros 7%
Fonte: Adaptado de Hamberger, Williams e Schevon, 2014
35
Fonte: Adaptado de: (INOMED, 2010; ERBE, 2017; VYGON, 2022; TECHNOLOGY, 2022)
36
Fonte: Adaptado de: (STIMUPLEX, 2021; MÉDICA, 2003; LIFETECH, 2021; NATUS, 2012)
37
Para o levantamento dos dispositivos similares na literatura, foi realizado uma busca nas principais
bases de dados, Science Direct e Google Scholar. Foram encontrados trabalhos desenvolvidos
no Brasil, que se assemelham o princípio de funcionamento e parâmetros da proposta, porém
divergindo o uso pretendido destes dispositivos. A Tabela 7 apresenta os parâmetros retirados
dos trabalhos desenvolvidos por (OLIVEIRA, 2016; FERRI et al., 2012; SANTOS; GOMES,
2015). Estes trabalhos fornecem referência para o desenvolvimento dos módulos para localização
e mapeamento de nervos periféricos.
Fonte: Adaptado de: (FERRI et al., 2012; SANTOS; GOMES, 2015; OLIVEIRA, 2016)
6 METODOLOGIA
Com os estudos obtidos a respeito dos dispositivos de mercado e da literatura, como suas funções,
parâmetros e limitações, foi realizado o levantamento dos requisitos do projeto, separados entre
os requisitos funcionais (Tabela 8) os quais determinam o que o sistema deve fazer e os requisitos
não funcionais, que são aqueles que declaram as características de qualidade que o sistema deve
possuir e que se relacionam com as suas funcionalidades.
Fonte: Autor
As formas de onda adotadas como requisitos (Figura 16) são as apresentadas pelos
Neuroestimuladores Nicolet Cortical Stimulator e Grass S88X da Natus Neurology, sendo as
formas de onda quadrada monofásica, bifásica positiva ou negativa, ou twin que é basicamente
um trem de pulsos. Este trem de pulsos será adotado para todas as formas de onda.
42
Fonte: Autor
do peso, foi considerado, no modelo 3D, o material de todas as peças; a partir da densidade e
volume, o software calcula o peso do conjunto, sendo 450 g.
Fonte: Autor
A alimentação do projeto deve ser feita por meio de quatro baterias 18650 recarregáveis
de 3,7 V com capacidade 3300 mAh. A escolha dessa bateria fornece uma boa autonomia para o
dispositivo. Buscando minimizar o número de circuitos e aumentar o tempo de uso do dispositivo,
foi adotada a estratégia de recarregar as baterias externamente (Figura 18). Utilizando um
carregador externo, o dispositivo não necessita de um circuito de carregamento e como as baterias
podem ser substituídas por outras carregadas, diminui-se o tempo do dispositivo ficar ocioso.
Fonte: Autor
44
Fonte: Autor
45
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Esta unidade é composta pelos blocos de cor amarelo apresentados no diagrama da Figura 21.
A CPU 1 é responsável pelo controle principal do sistema, pelo processamento e manipulação
das variáveis de controle e pela compilação dessas informações para envio e controle da CPU 2.
Além disso, esta unidade realiza o controle do LCD TFT via serial.
O estudo dos dispositivos de mercado permitiu observar as principais informações que
deveriam ser exibidas ao usuário, bem como o fluxo de navegação do dispositivo. Com este
background, a Tabela 9 apresenta um design final.
47
Menus Descrição
Este é o menu de estimulação que permite apenas o
ajuste de corrente durante o procedimento, possuindo
o status de operação, como por exemplo se a
estimulação está pausada ou em progresso. Os
parâmetros configurados em cinza claro, indicando
que são fixos, a forma de onda utilizada, corrente
entregue e a impedância. Além disso, o modo que
.
está sendo utilizado, bem como os indicadores de
volume e bateria.
Menus Descrição
A ligação dos estímulos gerados pelo equipamento para o paciente, é feito através de eletrodos.
Estes eletrodos possuem conectores touchproof (a prova de toque) para auxiliar na segurança
do usuário. No mercado brasileiro a empresa Micromar fabricante de equipamentos médicos,
fabricam eletrodos para localização de nervos periféricos (Figura 22) e também eletrodos para
mapeamento cortical (Figura 23).
50
Por ser um dos principais players do mercado, ao compatibilizar a conexão com esses
eletrodos, o equipamento se tornou mais intuitivo para os usuários, uma vez que já estão
habituados com a utilização destes eletrodos. A Micromar fabrica eletrodos monopolares e
bipolares. No catálogo da empresa encontra-se esses quatro tipos de eletrodos bipolares (Figura
24) que podem ser utilizados com o equipamento desenvolvido.
Fonte: Autor
Foi realizado o uso simulado com a luva molhada, aplicando-se sobre a tela cloreto de
sódio conforme as Figura 26.A e Figura 26.B, e posteriormente simulando o uso do touch-screen
52
(Figura 26.C e Figura 26.D). Conclui-se que o LCD atende o uso pretendido e ao perfil do usuário
que irá utilizar o equipamento.
Fonte: Autor
possuir um estriado no manipulo, que torna o equipamento compatível com os knobs de mercado,
e retirando a necessidade de parafusar o knob no encoder.
Fonte: Autor
Para geração das formas de onda dos requisitos do projeto, foi projetado um circuito Ponte H
conforme o diagrama apresentado na Figura 28, que permite, através da abertura e fechamento
das chaves, o controle do sentido da corrente e polaridade da tensão sobre a carga, que neste caso
é o tecido nervoso.
54
Fonte: Autor
55
Fonte: Autor
Para o controle de corrente sobre a carga, foi projetado o circuito espelho de corrente da Figura
31, de tal forma que pudesse ser controlada a corrente do espelho pela aplicação de tensão do
DAC. Os MOSFETS utilizados são 2N700, adotados devido a capacidade máxima de corrente de
dreno tanto contínua quanto pulsada ser superior a corrente necessária a ser drenada da carga.
56
Fonte: Autor
Com base no esquemático, foi feito o layout de circuito impresso da Figura 32, e realizado
os testes em bancada para validar a simulação e obtenção da função (1) que correlaciona a tensão
aplicada pelo conversor analógico digital (VDAC ) com a corrente drenada pelo circuito (Iin ).
VDAC − 1,08
Iin = (1)
5,1 ∗ 10−3
Fonte: Autor
57
Para o feedback de corrente aplicada sobre a carga (Figura 33), foi colocado em série com
o circuito da ponte H, um resistor shunt de 1 Ohm, e além disso, foi projetado um circuito
amplificador de instrumentação para medição e amplificação da tensão sobre o resistor shunt.
Como requisito do projeto, sendo a menor corrente de 0,1 mA e, portanto, a tensão obtida sobre o
resistor shunt de 0,1 mV e, a entrada analógica do ATMEGA328P possuindo resolução de 10 bits,
a representação de um bit seria 4,88 mV, sendo necessário uma amplificação da tensão medida.
Para isso, foi projetado o circuito de amplificação para obtenção de um ganho resultante de 244,
para que cada 0,1 mA fosse representado dentro de um range de 24,4mV que é o equivalente a
cinco vezes 4,88 mV para cada bit, diminuindo as oscilações na leitura da corrente.
Fonte: Autor
Com o layout desenvolvido da Figura 34, a partir do esquemático, sua montagem foi
realizada utilizando resistores com 1% de variação para que se obtivesse o ganho mais próximo
do projetado.
58
Fonte: Autor
Para geração da tensão negativa utilizadas nos circuitos que utilizam os LM324, foi projetado
o circuito inversor de tensão da Figura 35, onde o circuito integrado 4093 em cascata gera um
sinal de clock, que ao passar pelo capacitor C2 e os diodos permite a passagem apenas do ciclo
negativo na saída; este circuito possui uma corrente baixa de saída, sendo utilizado apenas para
alimentação negativa dos amplificadores operacionais.
Fonte: Autor
59
Fonte: Autor
Com a integração dos circuitos e ajustes realizados foi desenvolvido o circuito final do
bloco de estimulação contemplando a integração dos circuitos apresentados anteriormente; o
esquemático se encontra em Apêndice A e Apêndice B.
As placas de circuito impresso utilizadas no projeto foram fabricadas de forma manual, pelo
processo de termo transferência. O papel utilizado na impressão dos circuitos foi do tipo glossy
de 180g/m2. As placas fabricadas são dupla face, logo foi necessário imprimir face superior e
inferior na mesma página, dobrando a folha, e sobre uma mesa de luz, foi realizado o alinhamento
das faces, através de referenciais colocados nos layouts dos circuitos.
60
Fonte: Autor
Fonte: Autor
61
Fonte: Autor
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Pode se observar que na Figura 41, na parte superior da placa, são utilizados os módulos
comerciais para os conversores de tensão e DAC, além do microcontrolador numa placa de
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arduino nano. Estes circuitos seriam implementados no layout como os demais circuitos, porém,
por se tratar de um processo manual, impossibilita a utilização de mais camadas na placa e,
portanto, esse foi o modo adotado para prototipação desses circuitos em uma única placa. A
Figura 42 mostra o microcontrolador na placa do arduino nano, com a mesma metodologia da
placa da Figura 41 para facilitar o processo de montagem.
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Nesse ponto, entra-se no loop principal do gerenciamento em que é disparada uma rotina
de detecção de erros, que fiscaliza o status da bateria, conexão dos cabos, comunicação com
a unidade de estímulos e, no caso de algum erro detectado uma marcação é feita de forma a
impedir a continuidade do processo normal de operação e a mensagem de erro correspondente é
exibida. Juntamente com essa rotina é enviada a atualização dos dados atuais para o display/leds
e o equipamento entra no estado de pronto para uso.
Utilizando o encoder e os botões presentes no equipamento ou então manipulando a tela,
por meio do touch, é possível utilizar todas as funcionalidades do NStim.
Na figura 44, vemos um detalhamento das diversas configurações possíveis de serem
realizadas quando é selecionado o modo de configuração do equipamento, onde todas as
características listadas podem ser ajustadas fisicamente, usando botões e encoder, ou por meio
da tela. Realizadas as alterações, esses dados são armazenados em memória e a unidade de
gerenciamento de estímulos é novamente atualizada com essas novas informações.
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para a unidade principal, com o objetivo de informar o usuário do atual status do estímulo. Na
figura 45 observa-se o fluxo geral desse processo.
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7 RESULTADOS
Com o auxílio de um osciloscópio, foi realizada a obtenção dos sinais de saída do equipamento.
Na saída do neuroestimulador foi conectado uma carga puramente resistiva no valor de 2kΩ. As
Figuras 49 até 52 apresentam ondas monofásicas, nas frequências 1Hz,10Hz,100Hz e 1000Hz,
mostrando que o equipamento consegue atingir os valores de frequência mínima e máxima
estabelecidas, além dos valores de frequência intermediários.
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Nas Figuras 56 até 60 são apresentadas as demais formas de ondas geradas pelo
equipamento, sendo onda bifásica positiva e bifásica negativa, além dos trens de pulsos para
formas de onda monofásica e bifásica.
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8 DISCUSSÃO
9 CONCLUSÕES
10 TRABALHOS FUTUROS
a) Apesar da norma ABNT NBR IEC 60601-1 (ABNT, 2022) ter orientado o
desenvolvimento do projeto, ela não foi seguida à risca, pois a certificação não era
o escopo do projeto. Entretanto caso venha a ser comercializado será necessário
passar por esse processo, guiando-se por essa norma.
b) Implementação da visualização remota da IHM, utilizando comunicação bluetooth
e/ou WI-FI, para que outro operador possa auxiliar o cirurgião, durante a execução
do procedimento, e também para registrar o histórico dos dados.
c) Desenvolver o software, para controle externo do dispositivo, testes de usabilidade
e estudos de funcionalidade de controle.
d) Implementação de comandos por voz, de forma a aumentar ainda mais a praticidade
do uso.
e) Ampliar a capacidade de operação dos circuitos.
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REFERÊNCIAS
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APÊNDICE B – LAYOUTS DAS PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO
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APÊNDICE C – LISTA DE MATERIAIS
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APÊNDICE D – CÓDIGO
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