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Cinesioterapia

Prof. Paulo Heraldo Costa do Valle

Indaial – 2020
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020

Elaboração:
Prof. Paulo Heraldo Costa do Valle

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

V181c

Valle, Paulo Heraldo Costa do


Cinesioterapia. / Paulo Heraldo Costa do Valle. – Indaial: UNIASSELVI,
2020.

246 p.; il.

ISBN 978-65-5663-185-1
ISBN Digital 978-65-5663-181-3

1. Cinesiologia. - Brasil. 2. Fisioterapia. – Brasil. Centro Universitário Leonardo


da Vinci.

CDD 610

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático de Cinesioterapia.

Na Unidade 1, estudaremos assuntos muito importantes para a sua


formação. Abordaremos a história e os personagens que contribuíram através
dos seus estudos para a avaliação da evolução do movimento humano:
Aristóteles, Arquimedes de Siracusa, Cláudio Galeno, Leonardo da Vinci,
Galileu Galilei, Giovanni Alfonso Borrelli e Isaac Newton.

Posteriormente, estudaremos a anamnese completa e todas as fases


que fazem parte da anamnese, como o exame, a avaliação, o diagnóstico, o
prognóstico e a intervenção.

Na sequência, estudaremos a definição e a utilização da cinesioterapia


por meio da abordagem de várias funções, como o equilíbrio, a coordenação,
a flexibilidade, a mobilidade, o desempenho muscular, o controle
neuromuscular e a estabilidade.

Também abordaremos a amplitude de movimento, a mobilidade e o


alongamento, os tipos de exercícios de amplitude de movimento (amplitude
de movimento passivo, amplitude de movimento ativo e amplitude de
movimento ativo assistido), indicações da amplitude de movimento, metas
da amplitude de movimento passivo, limitações do movimento passivo,
indicações da amplitude de movimento ativo e ativo assistido, metas da
amplitude de movimento ativo, benefícios fisiológicos da contração muscular
ativa e mobilidade (envolvimento da mobilidade com a integridade articular,
hipomobilidade, alongamento e contratura).

Por último, estudaremos a goniometria através dos princípios do


método, articulações do membro superior (articulação do ombro, articulação
do cotovelo, articulação radioulnar, articulação do punho), articulações do
membro inferior (articulação do quadril, articulação do joelho e articulação
do tornozelo) e movimentos da articulação da coluna vertebral.

Na Unidade 2, abordaremos sobre a cadeia cinética no membro inferior,


que apresenta a importância da cadeia cinética, ações musculares na cadeia
cinética, particularidades dos exercícios em cadeia cinética fechada e aberta,
utilização dos exercícios em cadeia cinética, cocontração dos músculos,
recuperação do controle neuromuscular, confrontos da biomecânica nas
atividades em cadeia cinética e tratamento das lesões através dos exercícios
em cadeia cinética fechada; e também sobre a cadeia  cinética no membro
superior,  articulação do ombro, articulação do cotovelo, reabilitação de
lesões do membro superior e transferência de peso (push-ups, push ups com
um plus, press ups step e prancha de deslizamento).
III
Na sequência, estudaremos sobre as técnicas  de treinamento
resistido, o  exercício isométrico, o exercício resistido progressivo, as
contrações concêntricas versus excêntricas, pesos livres comparados com os
equipamentos de musculação, faixas elásticas, resistência variável, técnicas
de exercícios resistidos e técnicas preconizadas quanto ao treinamento
resistido.

Nesta unidade falaremos sobre as lesões  do tecido muscular,


suas propriedades musculares e lesão muscular (câimbras, dor muscular
tardia, contusões, laceração muscular, estiramento, processo cicatricial,
tratamento); e também sobre as lesões do tecido tendinoso, sua estrutura,
fisiopatologia e etiologia, a classificação das tendinopatias e o tratamento
fisioterapêutico.

 Por fim, sobre as lesões do tecido nervoso, as lesões por estiramento,


as lesões por compressão, a divisão das lesões nervosas traumáticas
(neuropraxia, axonotmese e neurotmese), a mobilização do tecido nervoso
e o tratamento fisioterapêutico (objetivos do tratamento fisioterapêutico e
recursos terapêuticos).

Na Unidade 3, abordaremos o treinamento de estabilização do core


em reabilitação, estudaremos a eficiência e atuação do core, treinamento
do core, observações sobre a postura, desequilíbrios musculares, condutas
específicas para o treinamento do core, protocolo de estabilização do core e
programas de treinamento do core.

Na sequência, abordaremos a psicomotricidade por meio do estudo


de todos os fatores responsáveis pela estruturação psicomotora global, entre
eles, a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, o esquema e a imagem corporal,
a estruturação espaço-temporal e a percepção, também será estudado a
importância da associação da fisioterapia com a psicomotricidade.

Estudaremos o sistema sensório motor por meio do controle


neuromuscular, grupos responsáveis pela estabilização das articulações,
definição de propriocepção, mecanismos (mecanismo de feedback e
mecanismo de feedforward), mecanorreceptores e níveis de atenção (tipos
de mecanorreceptores) e treinamentos (treinamento proprioceptivo e
treinamento neuromuscular).

Na sequência, abordaremos, através da introdução, a marcha humana,


técnicas para avaliação da marcha (análise observacional, rastreamento
optoeletrônico tridimensional, videografia e eletromiografia dinâmica),
biomecânica da marcha normal, determinantes da marcha e ciclo da marcha
(fase de apoio e fase de balanço).

IV
Por último, estudaremos a marcha patológica através das classes
funcionais (deformidade funcional, fraqueza muscular, perda sensorial,
dor e déficit de controle motor ou espasticidade) e alterações biomecânicas
(pronação excessiva do pé, supinação excessiva do pé, flexão plantar
excessiva, impulsão insuficiente, pé caído, flexão excessiva do joelho, joelho
hiperestendido, rotação excessiva medial ou lateral do fêmur, base de suporte
alargada, base de suporte reduzida, circundação, elevação do quadril, flexão
não adequada do quadril, extensão não adequada do quadril, extensão do
tronco, flexão do tronco e flexão lateral do tronco).

Portanto, esperamos que os conteúdos abordados estimulem sua


leitura e que o livro de estudos seja útil e relevante em sua aprendizagem e
formação profissional. Boa leitura e bons estudos!

Prof. Paulo Heraldo Costa do Valle

V
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

VI
VII
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

VIII
Sumário
UNIDADE 1 – MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR.............................................1

TÓPICO 1 – HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO...................................................................3


1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 ARISTÓTELES.........................................................................................................................................4
3 ARQUIMEDES DE SIRACUSA............................................................................................................5
4 CLÁUDIO GALENO...............................................................................................................................5
5 LEONARDO DA VINCI........................................................................................................................6
6 GALILEU GALILEI.................................................................................................................................8
7 GIOVANNI ALFONSO BORRELLI.....................................................................................................8
8 ISAAC NEWTON....................................................................................................................................9
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................10
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................11

TÓPICO 2 – ANAMNESE COMPLETA...............................................................................................13


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................13
2 PROCESSO COMPLETO DE AVALIAÇÃO....................................................................................13
2.1 EXAME...............................................................................................................................................14
2.2 AVALIAÇÃO.....................................................................................................................................15
2.3 DIAGNÓSTICO................................................................................................................................15
2.4 PROGNÓSTICO................................................................................................................................16
2.5 INTERVENÇÃO................................................................................................................................16
2.6 OBJETIVOS DA MOBILIZAÇÃO ARTICULAR..........................................................................17
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................18
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................19

TÓPICO 3 – DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CINESIOTERAPIA.............................................21


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................21
2 DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO.............................................................................................................21
2.1 FUNÇÃO............................................................................................................................................23
2.2 EQUILÍBRIO......................................................................................................................................24
2.3 COORDENAÇÃO.............................................................................................................................24
2.4 FLEXIBILIDADE...............................................................................................................................25
2.4.1 Tipos de flexibiidade ..............................................................................................................26
2.5 MOBILIDADE...................................................................................................................................27
2.6 DESEMPENHO MUSCULAR.........................................................................................................27
2.7 CONTROLE NEUROMUSCULAR................................................................................................27
2.8 ESTABILIDADE................................................................................................................................27
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................28
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................29

IX
TÓPICO 4 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO..............31
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................31
2 INTRODUÇÃO À AMPLITUDE DE MOVIMENTO....................................................................31
2.1 TIPOS DE EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO.................................................33
2.1.1 Amplitude de movimento passivo........................................................................................34
2.1.2 Amplitude de movimento ativo............................................................................................34
2.1.3 Amplitude de movimento ativo assistido............................................................................35
2.2 INDICAÇÕES DOS MOVIMENTOS.............................................................................................35
2.3 METAS DA AMPLITUDE MOVIMENTO PASSIVO..................................................................36
2.4 LIMITAÇÕES DO MOVIMENTO PASSIVO................................................................................36
2.5 INDICAÇÕES DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO E ATIVO ASSISTIDO..............36
2.6 METAS DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO................................................................37
2.7 BENEFÍCIOS FISIOLÓGICOS DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ATIVA................................37
3 MOBILIDADE........................................................................................................................................38
3.1 ENVOLVIMENTO DA MOBILIDADE COM A INTEGRIDADE ARTICULAR.....................38
3.2 HIPOMOBILIDADE.........................................................................................................................38
4 ALONGAMENTO.................................................................................................................................39
4.1 ALONGAMENTO SELETIVO........................................................................................................40
4.2 ALONGAMENTO EM EXCESSO E HIPERMOBILIDADE.......................................................40
4.3 ALONGAMENTO MANUAL OU MECÂNICO.........................................................................41
4.4 AUTOALONGAMENTO................................................................................................................41
4.5 PRINCIPAIS INDICAÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DO ALONGAMENTO........................42
4.6 CONTRAINDICAÇÕES PARA O ALONGAMENTO................................................................42
5 CONTRATURAS...................................................................................................................................43
5.1 TIPOS DE CONTRATURAS............................................................................................................43
5.1.1 Contratura miostática.............................................................................................................44
5.1.2 Contratura pseudomiostática................................................................................................44
5.1.3 Contratura artrogênica e periarticular..................................................................................44
5.1.4 Contratura fibrótica e contratura irreversível ....................................................................45
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................46
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................47

TÓPICO 5 – GONIOMETRIA................................................................................................................49
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................49
2 APARELHO GONIÔMETRO..............................................................................................................49
2.1 PRINCÍPIOS DO MÉTODO............................................................................................................50
2.2 ARTICULAÇÕES DO MEMBRO SUPERIOR...............................................................................51
2.2.1 Articulação do ombro..............................................................................................................51
2.2.2 Articulação do cotovelo..........................................................................................................53
2.2.3 Articulação rádio ulnar...........................................................................................................53
2.2.4 Articulação do punho..............................................................................................................54
2.3 ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR...............................................................................55
2.3.1 Articulação do quadril............................................................................................................55
2.3.2 Articulação do joelho...............................................................................................................57
2.3.3 Articulação do tornozelo........................................................................................................57
2.4 MOVIMENTOS DA ARTICULAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL........................................58
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................61
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................62

X
TÓPICO 6 – MOBILIZAÇÃO ARTICULAR.......................................................................................63
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................63
2 INTRODUÇÃO À MOBILIZAÇÃO ARTICULAR.........................................................................63
2.1 MOBILIZAÇÃO E MANIPULAÇÃO DOS TECIDOS MOLES.................................................64
RESUMO DO TÓPICO 6........................................................................................................................65
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................66

TÓPICO 7 – DOR......................................................................................................................................67
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................67
2 RECEPTORES DA DOR.......................................................................................................................68
3 CLASSIFICAÇÃO DA DOR................................................................................................................68
3.1 DOR AGUDA....................................................................................................................................69
3.2 DOR CRÔNICA................................................................................................................................69
4 TIPOS DE DORES.................................................................................................................................69
4.1 DOR REFERIDA...............................................................................................................................70
4.2 DOR IRRADIADA............................................................................................................................70
5 TRATAMENTO DA DOR....................................................................................................................71
6 AVALIAÇÃO DA DOR.........................................................................................................................71
7 ESCALAS DA DOR...............................................................................................................................72
8 TRATAMENTO DA DOR: AGUDA E CRÔNICA .........................................................................73
8.1 TRATAMENTO DA DOR AGUDA................................................................................................73
8.2 TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA............................................................................................74
9 OBSERVAÇÕES PARA O PACIENTE...............................................................................................74
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................75
RESUMO DO TÓPICO 7........................................................................................................................79
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................80

UNIDADE 2 – CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS....................................................81

TÓPICO 1 – CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR........................................................83


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................83
2 IMPORTÂNCIA DA CADEIA CINÉTICA......................................................................................83
2.1 AÇÕES MUSCULARES EM CADEIA CINÉTICA......................................................................84
2.2 PARTICULARIDADES DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA FECHADA................85
2.3 PARTICULARIDADES DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA ABERTA....................85
2.4 UTILIZAÇÃO DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA.....................................................85
2.5 COCONTRAÇÃO DOS MÚSCULOS............................................................................................86
2.6 RECUPERAÇÃO DO CONTROLE NEUROMUSCULAR.........................................................88
2.7 CONFRONTOS DA BIOMECÂNICA NAS ATIVIDADES EM CADEIA CINÉTICA...........90
2.7.1 Articulação do pé e tornozelo................................................................................................90
2.7.2 Articulação do joelho...............................................................................................................91
2.7.3 Articulação femoropatelar......................................................................................................93
2.8 TRATAMENTO DAS LESÕES ATRAVÉS DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA
CINÉTICA FECHADA....................................................................................................................93
2.8.1 Bicicleta ergométrica...............................................................................................................94
2.8.2 Leg press...................................................................................................................................95
2.8.3 Miniagachamento e deslizamento.........................................................................................96
2.8.4 Step lateral................................................................................................................................96
2.8.5 Pranchas de equilíbrio e minicama elástica.........................................................................97
2.8.6 Simulador de escadas..............................................................................................................98
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................100
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................101

XI
TÓPICO 2 – CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR......................................................103
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................103
2 BIOMECÂNICA NAS ATIVIDADES EM CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO
SUPERIOR............................................................................................................................................103
2.1 ARTICULAÇÃO DO OMBRO......................................................................................................104
2.2 ARTICULAÇÃO DO COTOVELO...............................................................................................105
2.3 REABILITAÇÃO DE LESÕES DO MEMBRO SUPERIOR........................................................105
2.4 TRANSFERÊNCIA DE PESO........................................................................................................106
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................109
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................110

TÓPICO 3 – TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO.........................................................113


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................113
2 EXERCÍCIO ISOMÉTRICO...............................................................................................................114
2.1 EXERCÍCIO RESISTIDO PROGRESSIVO..................................................................................116
2.2 FAIXAS ELÁSTICAS......................................................................................................................119
2.3 RESISTÊNCIA VARIÁVEL............................................................................................................120
2.4 TÉCNICAS DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS................................................................................120
2.5 TÉCNICAS PRECONIZADAS QUANTO AO TREINAMENTO RESISTIDO......................121
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................122
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................123

TÓPICO 4 – LESÕES DO TECIDO MUSCULAR............................................................................125


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................125
2 INTRODUÇÃO ÀS LESÕES DO TECIDO MUSCULAR...........................................................125
2.1 PROPRIEDADES MUSCULARES................................................................................................126
2.2 LESÃO MUSCULAR......................................................................................................................128
2.2.1 Câimbras.................................................................................................................................128
2.2.2 Dor muscular tardia .............................................................................................................129
2.2.3 Contusões ..............................................................................................................................130
2.2.4 Laceração muscular...............................................................................................................131
2.2.5 Estiramento.............................................................................................................................131
2.2.6 Processo cicatricial.................................................................................................................133
2.2.7 Tratamento..............................................................................................................................133
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................135
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................136

TÓPICO 5 – LESÕES DO TECIDO TENDINOSO..........................................................................137


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................137
2 ESTRUTURA........................................................................................................................................137
2.1 FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIA...............................................................................................138
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TENDINOPATIAS...............................................................................139
2.2.1 Tendinose................................................................................................................................139
2.2.2 Tendinite.................................................................................................................................140
2.2.3 Paratendinite..........................................................................................................................140
2.3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO.......................................................................................140
2.3.1 Fase I (0 a 6 dias)....................................................................................................................141
2.3.2 Fase II (4 a 21 dias).................................................................................................................141
2.3.3 Fase III (acima de 18 dias)....................................................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................144
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................145

XII
TÓPICO 6 – LESÕES DO TECIDO NERVOSO...............................................................................147
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................147
2 LESÕES POR ESTIRAMENTO.........................................................................................................147
2.1 LESÕES POR COMPRESSÃO.......................................................................................................148
2.2 DIVISÃO DAS LESÕES NERVOSAS TRAUMÁTICAS............................................................149
2.2.1 Neuropraxia............................................................................................................................149
2.2.2 Axonotmese............................................................................................................................150
2.2.3 Neurotmese............................................................................................................................150
2.3 MOBILIZAÇÃO DO TECIDO NERVOSO..................................................................................150
2.4 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO......................................................................................151
2.4.1 Objetivos do tratamento fisioterapêutico...........................................................................151
2.4.2 Recursos terapêuticos ...........................................................................................................151
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................153
RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................159
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................160

UNIDADE 3 – TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA................163

TÓPICO 1 – TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM REABILITAÇÃO........165


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................165
2 EFICIÊNCIA E ATUAÇÃO DO CORE............................................................................................166
3 TREINAMENTO DO CORE..............................................................................................................166
4 OBSERVAÇÕES SOBRE A POSTURA...........................................................................................168
5 DESEQUILÍBRIOS MUSCULARES................................................................................................169
6 CONDUTAS ESPECÍFICAS PARA O TREINAMENTO DO CORE.........................................170
7 PROTOCOLO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE.........................................................................171
8 PROGRAMAS DE TREINAMENTO DO CORE..........................................................................171
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................176
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................177

TÓPICO 2 – PSICOMOTRICIDADE..................................................................................................179
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................179
2 FATORES RESPONSÁVEIS PELA ESTRUTURAÇÃO PSICOMOTORA GLOBAL............181
2.1 TONICIDADE.................................................................................................................................181
2.2 EQUILÍBRIO....................................................................................................................................181
2.3 LATERALIDADE............................................................................................................................181
2.4 ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL..........................................................................................182
2.5 ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL..................................................................................182
2.6 PERCEPÇÃO...................................................................................................................................182
3 IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA A FISIOTERAPIA................................183
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................184
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................185

TÓPICO 3 – SISTEMA SENSÓRIO MOTOR...................................................................................187


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................187
2 CONTROLE NEUROMUSCULAR..................................................................................................187
3 GRUPOS RESPONSÁVEIS PELA ESTABILIZAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES.....................188
4 DEFINIÇÃO DE PROPRIOCEPÇÃO .............................................................................................189
5 MECANISMOS....................................................................................................................................190
5.1 MECANISMO DE FEEDBACK....................................................................................................190
5.2 MECANISMO DE FEEDFORWARD............................................................................................191

XIII
6 MECANORRECEPTORES E NÍVEIS DE ATENÇÃO..................................................................191
6.1 TIPOS DE MECANORRECEPTORES.........................................................................................191
7 TREINAMENTOS...............................................................................................................................193
7.1 TREINAMENTO PROPRIOCEPTIVO.........................................................................................193
7.2 TREINAMENTO NEUROMUSCULAR......................................................................................194
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................195
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................196

TÓPICO 4 – MARCHA HUMANA.....................................................................................................199


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................199
2 INTRODUÇÃO À MARCHA HUMANA.......................................................................................199
3 TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DA MARCHA..........................................................................200
3.1 ANÁLISE OBSERVACIONAL......................................................................................................201
3.2 RASTREAMENTO OPTOELETRÔNICO TRIDIMENSIONAL..............................................201
3.3 VIDEOGRAFIA...............................................................................................................................202
3.4 ELETROMIOGRAFIA DINÂMICA.............................................................................................202
4 BIOMECÂNICA DA MARCHA NORMAL...................................................................................202
5 DETERMINANTES DA MARCHA.................................................................................................204
6 CICLO DA MARCHA.........................................................................................................................205
6.1 FASE DE APOIO.............................................................................................................................206
6.2 FASE DE BALANÇO......................................................................................................................208
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................210
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................211

TÓPICO 5 – MARCHA PATOLÓGICA.............................................................................................213


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................213
2 CLASSES FUNCIONAIS...................................................................................................................213
2.1 DEFORMIDADE FUNCIONAL...................................................................................................214
2.2 FRAQUEZA MUSCULAR.............................................................................................................215
2.3 PERDA SENSORIAL......................................................................................................................215
2.4 DOR..................................................................................................................................................216
2.5 DÉFICIT DE CONTROLE MOTOR OU ESPASTICIDADE......................................................216
3 ALTERAÇÕES BIOMECÂNICAS....................................................................................................217
3.1 PRONAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ................................................................................................218
3.2 SUPINAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ...............................................................................................218
3.3 FLEXÃO PLANTAR EXCESSIVA.................................................................................................219
3.4 IMPULSÃO INSUFICIENTE.........................................................................................................219
3.5 PÉ CAÍDO........................................................................................................................................219
3.6 FLEXÃO EXCESSIVA DO JOELHO.............................................................................................219
3.7 JOELHO HIPERESTENDIDO.......................................................................................................220
3.8 ROTAÇÃO EXCESSIVA MEDIAL OU LATERAL DO FÊMUR..............................................220
3.9 BASE DE SUPORTE ALARGADA...............................................................................................220
3.10 BASE DE SUPORTE REDUZIDA...............................................................................................220
3.11 CIRCUNDAÇÃO..........................................................................................................................221
3.12 ELEVAÇÃO DO QUADRIL........................................................................................................221
3.13 FLEXÃO NÃO ADEQUADA DO QUADRIL...........................................................................221
3.14 EXTENSÃO NÃO ADEQUADA DO QUADRIL.....................................................................221
3.15 EXTENSÃO DO TRONCO..........................................................................................................221
3.16 FLEXÃO DO TRONCO................................................................................................................222
3.17 FLEXÃO LATERAL DO TRONCO............................................................................................222
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................223
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................224

XIV
TÓPICO 6 – PRÁTICA DE EXERCÍCIOS..........................................................................................227
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................227
2 EXERCÍCIOS PARA A ARTICULAÇÃO DO OMBRO................................................................227
3 EXERCÍCIOS PARA A ARTICULAÇÃO DO COTOVELO E DO ANTEBRAÇO..................229
4 ARTICULAÇÕES DO PUNHO, MÃOS E DEDOS......................................................................231
5 ARTICULAÇÃO DO QUADRIL......................................................................................................232
6 ARTICULAÇÃO DO JOELHO..........................................................................................................233
7 ARTICULAÇÕES DO TORNOZELO E DOS DEDOS................................................................234
8 EXERCÍCIOS PARA AS ARTICULAÇÕES....................................................................................236
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................238
RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................243
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................244

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................245

XV
XVI
UNIDADE 1

MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO


DA DOR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• estudar em detalhes todos os personagens da história que foram


fundamentais no estudo do movimento humano;
• demonstrar de forma bastante didática todas as etapas de uma anamnese
completa;
• identificar o que é a cinesioterapia e aprender todas as funções que
devem ser avaliadas (equilíbrio, coordenação, flexibilidade, mobilidade,
desempenho muscular, controle neuromuscular e estabilidade);
• estudar a utilização da amplitude de movimento, mobilidade e
alongamento para a avaliação em todos os pacientes;
• conhecer os princípios da goniometria e todos os movimentos das
articulações do membro superior, articulações do membro inferior e da
articulação da coluna vertebral.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em sete tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO


TÓPICO 2 – ANAMNESE COMPLETA
TÓPICO 3 – DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CINESIOTERAPIA
TÓPICO 4 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E
ALONGAMENTO
TÓPICO 5 – GONIOMETRIA
TÓPICO 6 – MOBILIZAÇÃO ARTICULAR
TÓPICO 7 – DOR

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO

1 INTRODUÇÃO
O movimento humano é considerado como uma importante forma de
exercício terapêutico e sua prática é bastante antiga, os dados históricos indicam
que até antes de Cristo na Grécia e Roma Antiga já existia a prática dos exercícios
terapêuticos (VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 1 – MOVIMENTO HUMANO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-vector/running-female-athlete-style-ancient-
600w-710590516.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Você sabia que existem vários indivíduos que se destacaram ao longo de


toda a história com o estudo do movimento humano? A seguir, estudaremos em
detalhes a participação fundamental de vários pesquisadores que ao longo da
história contribuíram bastante com o estudo do movimento humano. São eles:
Aristóteles, Arquimedes de Siracusa, Cláudio Galeno, Leonardo da Vinci, Galileu
Galilei, Giovanni Alfonso Borrelli e Isaac Newton.

3
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

2 ARISTÓTELES
O filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C e faleceu em 322 a.C, aos 62
anos de idade, ele foi aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande.

FIGURA 2 – ARISTÓTELES

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/greek-philosopher-aristotle-sculpture-
isolated-600w-202409776.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Ao longo de toda a sua vida, ele escreveu vários livros englobando algumas
áreas do conhecimento, entre elas a biologia, o drama, a economia, a ética, a física, a
linguística, a lógica, a metafísica, a música, a poesia, a retórica e a zoologia. Estudou
profundamente biologia e fisiologia, devido às atividades profissionais médicas
exercidas tanto pelo seu pai como pelo seu tio (CENCI, 2012).

NTE
INTERESSA

Você sabia que Aristóteles é considerado até os dias atuais como o pai da
cinesioterapia? O que significa afirmar que todos os seus conhecimentos e descobertas são
importantes até hoje para a cinesioterapia.

4
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO

3 ARQUIMEDES DE SIRACUSA
Arquimedes foi considerado um dos principais cientistas da Antiguidade
Clássica, ele nasceu em 287 a.C e faleceu em 212 a.C, aos 75 anos de idade.

FIGURA 3 – ARQUIMEDES DE SIRACUSA

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-illustration/archimedes-syracuse-greek-
mathematician-physicist-600w-1273498459.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Foi um importante astrônomo, físico, engenheiro, inventor e matemático,


ao longo de toda a sua vida teve uma contribuição muito importante para a física,
descobrindo a lei do empuxo e a lei da alavanca, além de outras tantas leis que
ele descobriu.

Obteve também um grande destaque por meio dos estudos dos princípios
hidrostáticos com relação ao mecanismo de flutuação dos corpos.

Ele é considerado como um melhores e maiores matemáticos de todo o


mundo, com Isaac Newton e outros nomes importantes. Foi considerado também
fundamental para o aparecimento da ciência moderna (PEDROSO, 2013).

4 CLÁUDIO GALENO
Cláudio Galeno foi um importante médico e filósofo, nasceu em 129 a.C
e faleceu em 217 a.C, aos 88 anos de idade, também era conhecido como Élio de
Galeno.

5
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

FIGURA 4 – CLÁUDIO GALENO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/greece-circa-1996-stamp-printed-
600w-144481807.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Ele foi considerado como um dos médicos com maior aptidão durante
todo o período romano, apresentando uma grande influência na ciência médica
ocidental por mais de 1000 anos. Todas as suas pesquisas foram executadas com
macacos, visto que durante a época em que ele viveu, a prática da dissecação
em humanos era proibida. Foi pioneiro na realização da vivissecção e com o
experimento nos animais (STULP; MANSUR, 2019).

E
IMPORTANT

Ele foi o primeiro a apresentar que o movimento humano era consequente


da contração muscular de todos os músculos agonistas e antagonistas. Este é um ponto
muito importante, visto que tal conceito ainda é válido até os dias atuais.

5 LEONARDO DA VINCI
Leonardo da Vinci nasceu em 1452 e faleceu em 1519, aos 67 anos de
idade. Ele foi um importante polímata da sua época. Durante toda a sua vida, teve
grande destaque em pesquisas de várias áreas do conhecimento, como anatomia,
arquitetura, botânica, ciência, escultura, engenharia, invenção, matemática,
música, pintura e poesia (KICKHÖFEL, 2011).

6
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO

FIGURA 5 – LEONARDO DA VINCI

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/istanbul-turkey-march-16-2017-
600w-1213566349.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

NOTA

Polímata é um indivíduo que possui uma curiosidade infinita, portanto, um


indivíduo excepcional. Ele estuda e conhece muitas ciências, ao mesmo tempo, ou seja,
seu conhecimento não está restrito em uma única área. Outros importantes exemplos de
polímatas, além de Leonardo da Vinci, foram Isaac Newton, William Shakespeare, Albert
Einstein, entre outros.

Leonardo foi um homem que possuía uma grande curiosidade, sendo


considerado um dos maiores pintores de todos os tempos, além de ser consagrado
como um dos maiores talentos de toda a história. Todos os trabalhos de da
Vinci surgiram logo após um grande período na história, em que tudo ficou
parado, inativo, decorrente da Idade Média, também conhecida como a época
das trevas, pois tudo era proibido, sendo marcado, portanto, como um grande
período de estagnação em todas as áreas. Só no período do Renascimento é que
foram retomadas as grandes contribuições sobre o corpo humano por meio do
estudo sobre a relação do movimento, centro de gravidade e o equilíbrio corporal
(KICKHÖFEL, 2011).

7
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

6 GALILEU GALILEI
Galileu foi um astrônomo, filósofo, físico e matemático muito importante,
nasceu em 1564 a.C e faleceu em 1642 a.C, aos 78 anos de idade.

FIGURA 6 – GALILEU GALILEI

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/galileo-galilei-on-italy-money-
600w-1273707244.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Através de todos os seus trabalhos, foi o primeiro a desenvolver os estudos


sistemáticos sobre o movimento uniformente acelerado, assim como o movimento
do pêndulo. Foi ele que apresentou o princípio da inércia. Por meio de todas
as pesquisas sobre o movimento humano, contribuiu muito na concretização do
estudo como uma ciência, conseguindo estabelecer uma importante relação de
todos os conceitos com os princípios matemáticos (SOUZA, 2005).

7 GIOVANNI ALFONSO BORRELLI


Borrelli foi um importante físico, fisiologista e matemático, nasceu em
1608 e faleceu em 1679, aos 71 anos de idade. Ele se destacou por meio das suas
pesquisas sobre a relação dos ossos, músculos e articulações relacionados aos
sistemas de alavancas (KAPANDJI, 2013).

8
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO

FIGURA 7 – GIOVANNI ALFONSO BORRELLI

FONTE: <http://twixar.me/HyKm>. Acesso em: 26 mai. 2020.

NTE
INTERESSA

Borrelli é considerado o pai da biomecânica devido aos seus estudos sobre a


locomoção humana e a contração muscula

8 ISAAC NEWTON
Isaac Newton foi um importante alquimista, astrônomo, cientista, filósofo,
físico e matemático, ele nasceu em 1643 e faleceu em 1727, aos 84 anos de idade.
Apresentou todas as bases da dinâmica moderna, criando as leis da inércia, do
movimento e da interação (MARTINS; SILVA, 2015).

FIGURA 8 – ISAAC NEWTON

FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/indonesia-january-29-2019-illustration-
pop-1298575162>. Acesso em: 23 abr. 2020.

9
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Aristóteles é considerado até os dias atuais como o pai da cinesioterapia em


função das suas grandes contribuições.

• Arquimedes de Siracusa foi considerado um dos principais cientístas da


Antiguidade Clássica, sendo conhecido como um melhores e maiores
matemáticos de todo o mundo.

• Cláudio Galeno foi o pioneiro ao estudo do movimento humano como


consequência da contração muscular de todos os músculos agonistas e
antagonistas.

• Leonardo da Vinci foi um grande polimata destacando-se ao longo de toda


a sua vida no estudo de várias áreas do conhecimemto como a anatomia,
arquitetura, botânica, ciência, escultura, engenharia, invenção, matemática,
música, pintura e poesia.

• Galileu Galilei contribui significativamente para as pesquisas sobre o movimento


humano como uma ciência, estabelecendo uma relação significativa de todos
os conceitos com os princípios matemáticos.

• Giovanni Alfonso Borrelli é conhecido como o pai da biomecânica devido aos


estudos sobre a locomoção humana e a contração muscular.

• Issac Newton expôs todas as bases da dinâmica moderna, criando as leis da


inércia, movimento e da interação.

10
AUTOATIVIDADE

1 Existem vários indivíduos que se destacaram ao longo de toda a história


do estudo do movimento humano. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta quem é considerado o pai da biomecânica:

a) ( ) Isaac Newton.
b) ( ) Leonardo da Vinci
c) ( ) Cláudio Galeno.
d) ( ) Giovanni Alfonso Borrelli.

2 Ao longo da história existem vários indivíduos que obtiveram grandes


destaques com o estudo do movimento humano. Sobre a correlação desses
indivíduos com os seus respectivos destaques sobre o estudo do movimento
humano, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Aristóteles.
II- Arquimedes de Siracusa.
III- Cláudio Galeno.
IV- Leonardo da Vinci.
V- Galileu Galilei.

( ) Foi o primeiro a apresentar que o movimento humano era decorrente da


contração muscular de músculos agonistas e antagonistas.
( ) É considerado até os dias atuais como o pai da cinesioterapia.
( ) Através de todas as suas importantes contribuições sobre o corpo humano,
foi retomado o estudo da relação do movimento, centro de gravidade e o
equilíbrio corporal.
( ) Foi considerado o maior matemático da antiguidade, estando entre os
maiores matemáticos de todos os tempos.
( ) Através de suas pesquisas sobre o movimento humano, ele acabou
auxiliando na concretização do estudo do movimento humano como uma
ciência.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – e; II – c; III – d; IV – b; V – a.
b) ( ) I – b; II – d; III – a; IV – c; V – e.
c) ( ) I – a; II – d; III – e; IV – c; V – b.
d) ( ) I – d; II – b; III – c; IV – a; V – e.

3 Durante toda a sua vida ele escreveu vários livros sobre a biologia, drama,
economia, ética, física, linguística, lógica, metafísica, música, poesia, retórica
e zoologia, devido as suas grandes contribuições ele é considerado até os
dias atuais como o pai da cinesioterapia. Assinale a alternativa CORRETA
que apresenta quem é considerado o pai da cinesioterapia:

11
a) ( ) Arquimedes de Siracusa.
b) ( ) Giovanni Alfonso Borrelli.
c) ( ) Aristóteles.
d) ( ) Galileu Galilei.

12
UNIDADE 1
TÓPICO 2

ANAMNESE COMPLETA

1 INTRODUÇÃO
A anamnese é um diagnóstico complementar ao exame físico. Durante a
realização da anamnese, deve ser realizado uma avaliação dos seguintes sistemas:

• cardiorrespiratório;
• neuromuscular;
• musculoesquelético;
• tegumentar;
• outros sistemas.

Desta forma, por meio de todas as informações coletadas na anamnese,


através da história clínica, você, acadêmico, terá condições de definir quais são
os melhores testes que podem ser utilizados durante a avaliação (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016).

Com todos esses dados em mãos, você terá condições de propor todos
os exercícios físicos que podem e devem ser aplicados em um programa de
tratamento.

Bons estudos!

2 PROCESSO COMPLETO DE AVALIAÇÃO


O processo de avaliação é dividido em vários itens importantes, entre eles,
o exame, a avaliação, o diagnóstico, o prognóstico e a intervenção. Esse conteúdo
é fundamental para a sua formação de anamnese completa. Vamos lá?

FIGURA 9 – PROCESSO COMPLETO DE AVALIAÇÃO

Exame Avaliação Diagnóstico Prognóstico Intervenção

FONTE: O autor

13
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

2.1 EXAME
O exame corresponde ao mecanismo referente à coleta de toda a história
do paciente. Nessa ocasião deve ser realizado, por exemplo, um levantamento de
todos os sistemas, procurando avaliar a presença de regiões com dores, limitação
de movimento através da realização de vários testes específicos para permitir um
excelente diagnóstico (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 10 – EXAME

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/high-schooluniversity-student-
studyhands-holding-600w-1568764300.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Durante a aplicação do exame no paciente, deve ser avaliado vários itens


considerados como fundamentais, entre eles devem ser observados:

• alterações na memória;
• angina;
• crises de dispneia;
• incontinência urinária;
• perda da audição;
• perda da visão;
• quedas;
• tonturas.

Um ponto muito importante que sempre deve ser levado em consideração


é o cuidado com relação à observação quanto à presença de qualquer sintoma. É
necessário que todo profissional esteja atento, devendo sempre procurar qual é a
causa de cada um dos sintomas (SILVA; CAMPOS, 2006).

14
TÓPICO 2 | ANAMNESE COMPLETA

2.2 AVALIAÇÃO
A avaliação é executada através da utilização de todos os dados que
foram reunidos durante o exame, sempre deve ser levado em consideração
todas as patologias que podem estar presentes, além da existência das limitações
funcionais e as deficiências que estão presentes (VOIGHT et al., 2014).

Durante esse processo podem aparecer problemas que podem não estar
diretamente envolvidos com a área de atuação, sendo necessário, muitas vezes, o
encaminhamento para os outros profissionais da área da saúde.

Durante a avaliação inicial, nem sempre toda história clínica é atingida


por completo, sendo necessário, portanto, a coleta de informações, nas sessões
seguintes, fundamentais para o sucesso do tratamento. Para isso, o profissional
deve estar atento a todos os detalhes (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

2.3 DIAGNÓSTICO
Essa etapa está relacionada ao processo em que o resultado final está
envolvido à somatória de todos os dados que foram atingidos durante o exame e
a avaliação, sendo baseado em todos os sinais e sintomas (VOIGHT et al., 2014).

NOTA

A maioria dos diagnósticos musculoesqueléticos estão relacionados com um


certo comprometimento ou uma limitação funcional, que está diretamente relacionada ao
movimento.

Para facilitar a sua conduta, o profissional pode realizar uma organização


através de grupos ou regiões, síndromes ou categorias para possibilitar um auxílio
quanto ao diagnóstico e, posteriormente, para que possa fazer a determinação do
prognóstico.

Um dos itens mais importantes na prática é o diagnóstico, esse processo é


sempre muito dinâmico, sendo considerado o ponto máximo de toda a anamnese.

Através do diagnóstico correto, é possível tomar todas as decisões


necessárias que estão diretamente relacionadas ao processo de intervenção
e prognóstico. Para isso, é necessário que o profissional possua uma excelente
habilidade para realização da avaliação e a interpretação de todas as informações
que foram coletadas ao longo desse processo, por meio da história clínica e dos
testes realizados durante o exame físico (VOIGHT et al., 2014).
15
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

FIGURA 11 – DIAGNÓSTICO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/doctor-patient-discussing-something-
while-600w-736552108.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

2.4 PROGNÓSTICO
Ao longo do prognóstico, é determinado qual o nível de melhora que pode
ser atingido por meio do programa de exercícios, e qual é o tempo necessário
para que esses objetivos possam ser alcançados.

O plano de exercícios terapêuticos possibilita avaliar quais são os


procedimentos necessários, além da utilização da intensidade, duração e
frequência das sessões de tratamento (VOIGHT et al., 2014).

2.5 INTERVENÇÃO
A intervenção corresponde ao momento em que existe uma interação
entre o profissional e o paciente, além de toda a equipe multiprofissional, sendo
considerada fundamental para o sucesso de toda a intervenção.

Por meio dos vários métodos e técnicas utilizados, existem grandes


modificações em todos os sistemas do paciente, devido às interações realizadas,
que dependem diretamente do monitoramento de todas as respostas do paciente
com relação às metas que foram estabelecidas inicialmente (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016).

FIGURA 12 – INTERVENÇÃO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/green-man-influences-opinion-crowd-
600w-1421607878.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

16
TÓPICO 2 | ANAMNESE COMPLETA

Intervenção: é o próprio tratamento fisioterapêutico. O tratamento


fisioterápico engloba inúmeras técnicas.

Algumas das técnicas são:

• Exercícios ativos;
• Exercícios passivos;
• Exercícios ativos assistidos;
• Exercícios contra-resistência;
• Exercícios isométricos;
• Alongamentos;
• Relaxamento muscular;
• Descarga de peso gradual;
• Exercícios ativos para motricidade fina.

2.6 OBJETIVOS DA MOBILIZAÇÃO ARTICULAR


• Aumento de amplitude de movimento;
• Reposicionamento e realinhamento da articulação;
• Restauração da artrocinemática;
• Redução de dor;
• Definição da distribuição de forças de maneira uniforme ao redor da
articulação.

17
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O processo da anamnese completa é dividido em vários itens importantes,


entre eles, o exame, a avaliação, o diagnóstico, o prognóstico e a intervenção.

• O exame está relacionado ao processo que envolve a coleta de toda a história


do paciente.

• A avaliação é realizada por meio da utilização de todos os dados que foram


obtidos durante o exame, neste momento, deve ser levado em consideração
todas as patologias que podem estar presentes.

• O diagnóstico corresponde a somatória de todos os dados que foram atingidos


durante o exame e a avaliação, estando pautado em todos os sinais e sintomas.

• O prognóstico determina o nível de melhora que pode ser atingido através do


programa de exercícios e o tempo necessário para que estes objetivos sejam
alcançados.

• A intervenção é o momento onde existe a relação entre o profissional e o


paciente, além da equipe multiprofissional, sendo fundamental para o sucesso
de toda a intervenção.

18
AUTOATIVIDADE

1 As cinco etapas que fazem parte da anamnese completa são: o exame, a


avaliação, o diagnóstico, o prognóstico e a intervenção. Assinale a alternativa
que apresenta a correlação das etapas da anamnese completa com os seus
respectivos significados.

I- Exame.
II- Avaliação.
III- Diagnóstico.
IV- Prognóstico.
V- Intervenção.

( ) É considerado um dos principais itens na prática em qualquer área de


atendimento, sendo um processo dinâmico.
( ) Esta etapa vai determinar todos os procedimentos que deverão ser
realizados como a duração e frequência, como também o nível de melhora
que poderá ser atingido.
( ) Nesta etapa deve ser verificado a existência de angina, crises de
dispneia, equilíbrio muito precário, incontinência urinária, limitação da
marcha, limitações funcionais, perda da audição e/ou visão e perda da
independência.
( ) Esta etapa deve ser realizada através da utilização de vários métodos e
técnicas fisioterapêuticas específicas para o paciente/cliente com o objetivo de
proporcionar grandes mudanças no status do paciente/cliente.
( ) Nesta etapa devem ser coletadas várias informações como nome completo,
idade, sexo, etnia, nacionalidade e naturalidade, ocupação e estado civil.

a) ( ) I – e; II – c; III – a; IV – b; V – d.
b) ( ) I – c; II – e; III – a; IV – b; V – d.
c) ( ) I – b; II – d; III – a; IV – c; V – e.
d) ( ) I – a; II – d; III – b; IV – c; V – e.

2 A anamnese completa é formada pelas etapas de exame, avaliação,


diagnóstico, prognóstico e intervenção. Assinale a alternativa CORRETA
que apresenta o nome da etapa que deve ser avaliada a presença de angina,
crises de dispneia, perda da audição e/ou visão e tonturas:

a) ( ) Avaliação.
b) ( ) Intervenção.
c) ( ) Diagnóstico.
d) ( ) Exame.

19
3 A intervenção é a etapa onde existe a interação entre o profissional e o
paciente, além de toda a equipe multiprofissional. Com relação às principais
questões que precisam ser levadas em consideração durante a intervenção,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Não precisa ser realizado o encaminhamento para os outros profissionais.


( ) Descobrir qual será o tempo necessário para o tratamento.
( ) Descobrir qual é o estágio da cicatrização neste momento é agudo,
subagudo ou crônico?
( ) Descobrir qual é o nível de colaboração do paciente?
( ) Descobrir quais são as atividades que o paciente pode realizar?
( ) Descobrir qual é a experiência necessária do profissional?

a) ( ) V – V – V – V – V – F.
b) ( ) F – V – V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V – F – V.
d) ( ) V – V – V – F – F – V.

20
UNIDADE 1
TÓPICO 3

DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CINESIOTERAPIA

1 INTRODUÇÃO
A  cinesioterapia  é a terapia do movimento e se dedica à prevenção e à
recuperação de lesões osteoraticulares e musculoesqueléticas.

Ela corresponde à forma de tratamento que está diretamente relacionada


à utilização do movimento ou exercício terapêutico (KISNER; COLBY, 2009),
através da utilização dos conhecimentos de várias áreas.

Neste tópico, você estudará a definição e a utilização da cinesioterapia,


além do equilíbrio, coordenação, flexibilidade, mobilidade, desempenho
muscular, controle neuromuscular e a estabilidade.

Vamos lá?

2 DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO
A cinesioterapia auxilia no tratamento de todo os pacientes, possibilitando
que ocorra a prevenção, o tratamento e a reabilitação para todos os pacientes de
forma muito eficiente.

FIGURA 13 – ÁREAS DO CONHECIMENTO

Anatomia Fisiologia Cinesiologia

Vários outros conteúdos


Patologia Biomecânica fundamentais para a
cinesioterapia

FONTE: O autor

21
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

Entre todos os objetivos do exercício terapêutico, os principais são a


manutenção, a correção e a recuperação, favorecendo a reparação da função
normal do corpo humano, além da manutenção do seu bem-estar físico. Segundo
Cook (2005), todos os efeitos devem estar fundamentados na:

• força;
• resistência à fadiga;
• mobilidade;
• flexibilidade;
• relaxamento;
• coordenação motora.

FIGURA 14 – EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS

FONTE: <https://www.shutterstock.com/it/image-photo/kinesiologist-doing-therapeutic-
exercises-elderly-patient-1538921750>. Acesso em: 23 abr. 2020.

ATENCAO

O exercício terapêutico pode ser caracterizado como um treinamento que


é realizado sempre de forma planejada e sistemática, através da utilização de todos os
movimentos corporais, posturas ou atividades físicas.

É indicado que todos os programas de exercícios terapêuticos sejam


sempre realizados de forma individual. Seus objetivos são:

• tratamento ou prevenção de deficiências;


• melhora, restauração ou potencialização da função física;
• prevenção ou redução dos fatores de risco que estão relacionados com a saúde;
• melhora do estado geral, preparo físico ou sensação de bem-estar.

22
TÓPICO 3 | DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CINESIOTERAPIA

E
IMPORTANT

O principal objetivo é atender a todas as necessidades de cada paciente,


respeitando, portanto, todas as suas limitações e as suas deficiências, trazendo como
consequência a melhora da sua função, além da prevenção quanto às possíveis
incapacidades.

2.1 FUNÇÃO
A função corresponde às habilidades que cada indivíduo possui, estando
diretamente relacionado a sua atuação, em várias áreas, entre elas:

• casa;
• trabalho;
• comunidade;
• atividades de lazer e recreação.

Todas essas atividades estão diretamente relacionadas com a função


física, psicológica e social de cada paciente (KISNER; COLBY, 2009). Existem
vários aspectos que devem ser levados em consideração com a  função física,
relacionando-se com o exposto na Figura 15. 

FIGURA 15 – ASPECTOS RELACIONADOS COM A FUNÇÃO FÍSICA

Equilíbrio

Coordenação

Flexibilidade

Mobilidade

Desempenho muscular

Controle neuromuscular

Estabilidade

FONTE: O autor

23
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

2.2 EQUILÍBRIO
O equilíbrio é a capacidade de alinhamento de todos os segmentos
corporais contra a ação da gravidade, tem o objetivo de manter ou mover o corpo
(centro de massa) dentro da base de apoio disponível.

Existem dois tipos de equilíbrio: o equilíbrio estático, que corresponde ao


corpo em repouso ou sem nenhum movimento; e o equilíbrio dinâmico, que está
presente nas forças aplicadas e nas inerciais que atuam sobre o corpo que está em
movimentos, promovendo uma compensação que vai gerar um movimento com
velocidade ou direção sem nenhuma alteração (FLOYD, 2011).

FIGURA 16 – EQUILÍBRIO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/portrait-delightful-confident-expert-
attractive-600w-1116273803.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

2.3 COORDENAÇÃO
A coordenação está diretamente relacionada à regularidade e à sequência
correta de todos os disparos musculares, implicados à intensidade necessária
para a contração muscular que possibilita o início, a condução e a graduação de
forma mais efetiva de todo o movimento.

Deve estar sempre baseada no movimento suave, preciso e eficiente,


sendo realizado tanto de forma consciente como inconsciente.

24
TÓPICO 3 | DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CINESIOTERAPIA

2.4 FLEXIBILIDADE
A flexibilidade está relacionada ao movimento de forma livre, sem a
presença de restrição, estando diretamente envolvida com a amplitude do
movimento de uma articulação ou um conjunto de articuações.

A melhor definição da flexibilidade pode ser a qualidade física, que é


responsável pela realização do movimento voluntário de uma amplitude máxima,
dentro dos limites fisiológicos de uma articulação ou de várias articulações sem
que exista qualquer tipo de lesão (KISNER; COLBY, 2009).

FIGURA 17 – FLEXIBILIDADE

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/flexibilityperson-represented-by-
wooden-dummy-600w-394215874.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Consequentemente, a flexibiidade está diretamente relacionada a maiores


amplitudes de movimento em algumas articulações, sendo cada uma com certa
quantia de movimentos específicos.

No caso dos atletas, é necessário a utilização de forma completa de todos


os arcos articulares envolvidos em cada movimento, de acordo com a modalidade
esportiva praticada, sendo necessário, portanto, uma excelente performance, além
de uma estraordinária flexibilidade em todos os segmentos envolvidos (KISNER;
COLBY, 2009).

Nos casos em que existe a falta de flexibilidade, ocorre uma limitação da


velocidade máxima para a realização do movimento, além da sua aprendizagem,
provocando, nesse caso, um maior gasto energético e uma maior chance de entrar
em fadiga.

É fundamental frisar, nesse momento, que todos os hábitos posturais estão


diretamente relacionados a uma certa limitação da amplitude das articulações,
extensibilidade dos músculos e à plasticidade dos ligamentos e tendões.

25
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

A retificação postural e a elevação da amplitude articular causam um


efeito relaxante, auxiliando na tomada de comportamentos corporais que são
considerados mais adequados e mais confortáveis, garantindo um certo alívio
quanto à presença de tensões musculares (KISNER; COLBY, 2009).

Além da especificidade que existe quanto à flexibilidade para cada


articulação, pode ser observado que a especificidade também está relacionada a
cada indivíduo, sendo observado uma diferença entre os sexos.

Com o passar da idade também existe uma variação, estando estável até
os 10 anos de idade, sendo que, ao ingressar na puberdade, já pode ser observado
uma certa redução, principamente para os indivíduos que não realizam nenhum
tipo de treinamento.

Normalmente, as mulheres são mais flexíveis do que os homens, e no caso


das mulheres que estão grávidas, a flexibilidade está maior ainda, em função da
elevada concentração dos hormônios estrogênio e relaxina.

2.4.1 Tipos de flexibiidade


Existem vários tipos de flexibilidade entre eles:

• flexibilidade ativa;
• flexibilidade passiva;
• flexibilidade estática;
• flexibilidade dinâmica (SILVA; CAMPOS, 2006).

A flexibilidade ativa está relacionada à máxima ampitude, sendo possível


obter dos movimentos que são realizados pelos músculos voluntariamente
(KISNER; COLBY, 2009).

A flexibilidade passiva é a máxima amplitude articular, possível em um


movimento em função da ação de outro indivíduo, por meio da utlização de
equipamentos e a força da gravidade.

A flexibilidade estática está relacionada à utilização da amplitude de


movimento, sem um foco na velocidade, tendo como característica a manutenção
de uma determinada posição da articulação, através de um certo período de
tempo (SILVA; CAMPOS, 2006).

A flexibilidade dinâmica está relacionada à capacidade para utilizar


a amplitude de movimento na realização de uma atividade física em uma
velocidade normal ou rápida e dinâmica (SILVA; CAMPOS, 2006).

26
TÓPICO 3 | DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CINESIOTERAPIA

2.5 MOBILIDADE
A mobilidade está relacionada à capacidade das estruturas ou dos
segmentos do corpo humano se moverem ou serem movidos de uma forma que
possa ocorrer uma amplitude de movimento mais adequada.

A mobilidade passiva está diretamente relacionada com a extensibilidade


dos tecidos moles, já na mobilidade ativa é necessário que ocorra uma ativação
neuromuscular (VOIGHT et al., 2014).

2.6 DESEMPENHO MUSCULAR


Desempenho muscular é conceituado como um conjunto de parâmetros
que caracterizam a função muscular em diferentes tipos de contrações
musculares (DVIR, 2002). Estes parâmetros são representados por medidas
objetivas, as quais são obtidas com o uso de equipamentos especializados para
a sua mensuração. Os protocolos de teste para avaliar o desempenho muscular
comumente enfatizam o máximo desempenho possível pelo indivíduo, o que
permite a comparação entre diferentes grupos populacionais e entre diferentes
momentos do mesmo indivíduo (como  pré  e pós-intervenções) (KARATAS et
al., 2004; TANAKA et al., 1998).

2.7 CONTROLE NEUROMUSCULAR


O contato dos sistemas sensorial e motor possibilita que os músculos,
considerados sinergistas, agonistas e antagonistas, e os músculos estabilizadores
e neutralizadores, consigam responder todas as informações proprioceptivas
e cinestésicas de forma correta e, principalmente, na sequência correta para a
elaboração do movimento coordenado (KISNER; COLBY, 2009).

2.8 ESTABILIDADE
A estabilidade está relacionada à capacidade do sistema neuromuscular
de manter o segmento corporal proximal ou distal, por meio de uma posição
estacionária ou por meio do controle, através de uma base estável durante todo o
movimento por meio de ações musculares sinérgicas.

A estabilidade articular está relacionada à manutenção do alinhamento


de forma apropriada de todas as partes ósseas da articulação, por meio dos
componentes passivos e dinâmicos (VOIGHT et al., 2014).

27
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• É fundamental estudar as várias funções, entre elas o equilíbrio, a coordenação, a


flexibilidade, a mobilidade, o desempenho muscular, o controle neuromuscular
e a estabilidade.

• O equilíbrio está relacionado à capacidade de alinhamento de todos os


segmentos corporais contra ação da gravidade.

• A coordenação está envolvida com a regularidade e a sequência correta dos


disparos musculares que estão relacionados à intensidade necessária para a
contração muscular.

• A flexibilidade corresponde ao movimento voluntário de uma amplitude


máxima dentro dos limites fisiológicos de uma articulação ou de várias
articulações.

• A mobilidade é a capacidade das estruturas ou dos segmentos corporais para


se moverem ou serem movidos de uma forma que exista uma amplitude de
movimento mais adequada.

• O desempenho muscular está envolvido com a capacidade do músculo para


produzir uma tensão necessária para a realização do trabalho físico.

• O controle neuromuscular corresponde ao contato dos sistemas sensorial e


motor que permitem que os músculos sinergistas, agonistas, antagonistas,
estabilizadores e neutralizadores respondam todas as informações
proprioceptivas e cinestésicas de forma correta.

• A estabilidade está envolvida com a capacidade do sistema neuromuscular


para manter o segmento corporal proximal ou distal por meio de uma posição
estacionária ou por meio do controle.

28
AUTOATIVIDADE

1 A habilidade relacionada à atuação do indivíduo nas atividades realizadas


em casa, trabalho, comunidade ou em todas as atividades de lazer e
recreação, estão relacionadas com a função física, psicológica e social. Sobre
a correlação da função física com os seus respectivos significados, associe os
itens, utilizando o código a seguir:

I- Equilíbrio.
II- Coordenação.
III- Flexibilidade.
IV- Mobilidade.
V- Desempenho muscular.
VI- Estabilidade.

a) Está relacionado à capacidade do músculo em produzir tensão necessária


para a execução do trabalho físico.
b) Está relacionada à regularidade e à sequência correta de todos os disparos
musculares.
c) Corresponde à capacidade do sistema neuromuscular de manter o segmento
corporal proximal ou distal, através de uma posição estacionária.
d) Corresponde à capacidade das estruturas ou dos segmentos do corpo
humano poderem se mover ou serem movidos.
e) Corresponde ao movimento de forma livre sem a presença de alguma
restrição.
f) Corresponde à capacidade de alinhamento de todos os segmentos corporais
contra a ação da gravidade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – d; II – f; III – c; IV – b; V – e; VI – a.
b) ( ) I – f; II – b; III – e; IV – d; V – a; VI – c.
c) ( ) I – e; II – a; III – d; IV – c; V – f; VI – b.
d) ( ) I – b; II – d; III – f; IV – a; V – e; VI – c.

2 Existem vários tipos de flexibilidade, entre eles, a flexibilidade ativa, a


flexibilidade passiva, a flexibilidade estática e a flexibilidade dinâmica.
Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o significado de flexibilidade
estática:

a) ( ) Capacidade para utilizar a amplitude de movimento na realização de


uma atividade física.
b) ( ) Máxima ampitude possível dos movimentos que sãor realizados pelos
músculos de forma voluntária.
c) ( ) Utilização da amplitude de movimento sem um foco na velocidade.
d) ( ) Movimento em função da ação de outro indivíduo por meio da utlização
de equipamentos.

29
3 Existem dois tipos de equilíbrio, o estático e o dinâmico. Assinale a
alternativa CORRETA que apresenta o objetivo do equilíbrio:

a) ( ) Manter ou mover o corpo estando fora da base de apoio disponível.


b) ( ) Mover o corpo estando dentro da base de apoio disponível.
c) ( ) Manter ou mover o corpo estando dentro da base de apoio disponível.
d) ( ) Manter o corpo estando dentro da base de apoio disponível.

30
UNIDADE 1
TÓPICO 4

AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você estudará, em detalhes, os tipos de exercícios de
amplitude de movimento (amplitude de movimento passivo, amplitude de
movimento ativo e amplitude de movimento ativo assistido), indicações dos
movimentos, metas da amplitude movimento passivo, limitações do movimento
passivo, indicações da amplitude de movimento ativo e ativo assistido,
metas da amplitude de movimento ativo, benefícios fisiológicos da contração
muscular ativa, mobilidade, hipomobilidade, alongamento (seletivo, excesso e
hipermobilidade, manual ou mecânico e autoalongamento), principais indicações
para a utilização do alongamento, contraindicações para o alongamento e
contraturas (miostática, pseudomiostática, artrogênica e periarticular e fibrótica
e contratura irreversível).

A amplitude de movimento é uma técnica utilizada com o objetivo de


avaliar a mobilidade e iniciar o movimento durante todos os programas de
exercícios terapêuticos (KISNER; COLBY, 2009).

2 INTRODUÇÃO À AMPLITUDE DE MOVIMENTO


O movimento necessário para a execução de todas as atividades funcionais
pode ser manifestado através da ação de todas as forças musculares ou externas,
movimentando os ossos em diferentes padrões ou amplitudes de movimento
(RIBEIRO, 2016).

FIGURA 18 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/senior-man-hurt-knee-getting-
600w-1318617491.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

31
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

Para que o paciente consiga realizar o movimento necessário em uma


atividade muito complexa, ocorre o envolvimento de vários músculos que estão
relacionados a esse movimento, sendo controlados por meio do sistema nervoso
central.

Os ossos se movimentam sempre em relação aos outros ossos, através


das articulações que estão conectados. Tanto a estrutura das articulações como a
integridade e a flexibilidade dos tecidos moles, afetam diretamente a amplitude
do movimento através de dois segmentos (TORTORA, 2011).

Conforme, Ribeiro (2016), a movimentação completa é chamada de


amplitude do movimento; ao longo da movimentação do segmento, todas as
estruturas estão envolvidas, entre eles:

• músculos;
• superfícies articulares;
• cápsulas;
• ligamentos;
• fáscias;
• vasos;
• nervos.

Os exercícios de amplitude de movimento são representados com maior


facilidade em termos de amplitude articular e muscular (VOIGHT et al., 2014).
Durante os exercícios de amplitude articular são utilizados os movimentos de:

• flexão;
• extensão;
• abdução;
• adução;
• rotação.

A amplitude do movimento articular deve ser avaliada por meio da utilização


de um goniômetro, sendo medida em graus, enquanto que a amplitude muscular é
referente à excursão funcional dos músculos (MOREIRA; RUSSO, 2005).

32
TÓPICO 4 | AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO

FIGURA 19 – AVALIAÇÃO DA AMPLITUDE MUSCULAR ATRAVÉS DO GONIÔMETRO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/doctor-checking-patients-joint-flexibility-
600w-1069121627.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2010.

Para a manutenção da amplitude de movimento normal, todos os


segmentos devem ser movimentados de forma frequente, sendo que a sua
amplitude é considerada possível tanto em nível articular como muscular
(VOIGHT et al., 2014). Existem várias condições que podem estar relacionadas à
redução da amplitude de movimento, entre elas:

• doenças sistêmicas;
• doenças articulares;
• doenças neurológicas;
• doenças musculares;
• traumas;
• inatividade ou imobilização.

Com relação ao ponto de vista terapêutico, os exercícios de amplitude de


movimento são empregados para a manutenção da mobilidade articular e dos
tecidos moles, de maneira que a falta da flexibilidade dos tecidos e a formação
dos encurtamento está reduzida (VOIGHT et al., 2014).

2.1 TIPOS DE EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO


Existem vários tipos de exercícios para amplitude de movimento. Entre
eles, temos: amplitude de movimento passivo, amplitude de movimento ativo e
amplitude de movimento ativo assistido.

33
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

FIGURA 20 – TIPOS DE MOVIMENTOS DE AMPLITUDE DO MOVIMENTO

Amplitude de movimento passivo

Amplitude de movimento ativo

Amplitude de movimento de ativo assistido

FONTE: O autor

2.1.1 Amplitude de movimento passivo


A amplitude de movimento passivo está relacionada ao movimento de
um segmento dentro da amplitude do movimento livre, realizado por meio de
força externa, não existindo uma contração muscular voluntária.

Essa força externa pode ser devido à ação da gravidade, do aparelho ou


do terapeuta, ou ainda, outra parte do corpo do próprio paciente (VOIGHT et al.,
2014).

2.1.2 Amplitude de movimento ativo


A amplitude de movimento ativo corresponde ao movimento de um
segmento dentro da amplitude de movimento livre, gerado através da contração
ativa dos músculos relacionados ao movimento (VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 21 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/balance-training-close-sports-man-
600w-1061797886.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

34
TÓPICO 4 | AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO

2.1.3 Amplitude de movimento ativo assistido


A amplitude de movimento ativo assistido corresponde a uma forma de
exercício físico, em que existe uma força externa manual ou mecânica, concedendo
uma assistência com relação aos músculos mobilizadores primários, precisando
de um auxílio para completar o movimento (FLOYD, 2011).

2.2 INDICAÇÕES DOS MOVIMENTOS


A amplitude de movimento passivo deve ser aplicada nos locais onde
estão presentes os tecidos com inflamação aguda, sendo considerado muito
benéfico o movimento passivo (FLOYD, 2011).

Já o movimento ativo não é indicado nesse caso, visto que pode levar a
uma piora do quadro, em função da cicatrização ou da dor. Nessa situação, o
movimento pode atrapalhar o processo de cicatrização.

A imobilização total pode levar à formação de aderências e contraturas,


além de prejudicar a circulação e aumentar o período de recuperação.

O trabalho voltado para a amplitude de movimento passivo pode ser


iniciado precocemente, nesses casos pode ser utilizado uma faixa que não vai
causar dor, sendo benéfica no processo de cicatrização e também na recuperação
rápida, referente às várias lesões dos tecidos moles e articulações (RIBEIRO,
2016). Agora, abordaremos alguns exemplos quanto à utilização dessa técnica:

• Período de duração de uma inflamação posterior a uma cirurgia com duração


de dois a seis dias.
• O paciente não consegue realizar a movimentação de forma ativa de um
segmento do corpo.

O objetivo principal da amplitude de movimento passivo é diminuir as


complicações que podem ocorrer em função da imobilização, devido a várias
situações, entre elas:

• degeneração da cartilagem;
• formação de aderências;
• contraturas;
• má circulação.

35
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

2.3 METAS DA AMPLITUDE MOVIMENTO PASSIVO


Para Floyd (2011), os movimentos passivos são considerados muito
importantes para garantir uma boa amplitude de movimento para todos os
pacientes, apresentando excelentes resultados quando praticados de forma
correta, entre eles:

• manutenção da mobilidade da articulação e do tecido conjuntivo;


• redução dos efeitos da formação das contraturas;
• manutenção da elasticidade mecânica do músculo;
• auxílio à circulação e à dinâmica vascular;
• auxilílio ao movimento sinovial relacionado com a nutrição da cartilagem e a
difusão dos materiais que estão no interior da articulação;
• redução ou inibição da dor;
• auxílio no processo de cicatrização posteriormente uma cirurgia ou lesão;
• auxílio na manutenção do paciente quanto à percepção dos movimentos.

2.4 LIMITAÇÕES DO MOVIMENTO PASSIVO


Para Moreira e Russo (2009), apesar de existir grandes vantagens quanto
à utilização dos movimentos passivos, eles apresentam algumas limitações que
precisam ser consideradas, entre elas:

• não vai prevenir a atrofia muscular;


• não aumenta a força ou a resistência à fadiga;
• não auxilia na circulação na mesma proporção que os exercícios ativos por
meio da contração muscular voluntária

2.5 INDICAÇÕES DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO


E ATIVO ASSISTIDO
Tanto a amplitude de movimento ativo quanto a amplitude de ativo
assistido podem ser utilizadas quando um paciente consegue realizar a contração
dos músculos de forma mais ativa e movimentar um determinado segmento que
pode ser através ou não da assistência, utilizando a amplitude de movimento de
forma ativa.

Quando o paciente possui uma musculatura fraca e não é capaz de


movimentar uma articulação por toda a amplitude, é indicado, então, a amplitude
de movimento assistido, visto que auxilia, suficientemente, todos os músculos
para que possam atuar em um nível máximo e atingir o fortalecimento de forma
progressiva.

36
TÓPICO 4 | AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO

Com a progressão do tratamento, os pacientes ganham um controle da


amplitude de movimento, sendo indicado a utilização de exercícios terapêuticos
de contrarresistência que podem ser tanto manual como mecânico (RIBEIRO,
2016). O objetivo é atingir uma melhora com relação ao desempenho muscular e
o retorno para as atividades funcionais.

Sempre que um determinado segmento corporal for submetido a um


grande período de imobilização, é necessário que seja realizado o trabalho através
da amplitude de movimento ativo nos locais que estão acima do segmento que
estava imobilizado, este local deve ser mantido o mais próximo do normal
possível para que fique preparado para, no futuro, ser trabalhada a deambulação
(SILVA; CAMPOS, 2006).

A amplitude de movimento ativo também pode ser empregada nos


programas de condicionamento físico aeróbico.

2.6 METAS DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO


Nos casos em que não existe outros tipos de alterações como as inflamações
ou, ainda, algum outro tipo de contraindicação que esteja relacionada à prática da
amplitude de movimento ativo, as metas são praticamente as mesmas do que as
levadas em consideração referente à amplitude de movimento passivo (MOREIRA;
RUSSO, 2009).

2.7 BENEFÍCIOS FISIOLÓGICOS DA CONTRAÇÃO


MUSCULAR ATIVA
Existem vários benefícios que são considerados fisiológicos referentes à
prática da contração muscular ativa, além, é claro, do aprendizado motor devido
ao controle muscular voluntário. Os principais benefícios encontrados são:

• manutenção da elasticidade fisiológica e da contratilidade dos músculos envolvidos;


• oferecimento de feedback sensorial em função dos músculos que estão contraídos;
• liberação de estímulos quanto à integridade dos ossos e das articulações;
• auxílio na circulação, além de prevenção da formação dos trombos;
• desenvolvimento da coordenação e das habilidades motoras para as atividades
funcionais.

Existe uma limitação quanto à amplitude de movimento ativo no caso


dos músculos que já estavam fortalecidos, visto que eles não aumentam a força,
ao mesmo tempo que também não desenvolvem uma maior habilidade ou
coordenação (GUYTON, 2017).

37
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

3 MOBILIDADE
A mobilidade é definida como a habilidade que um indivíduo possui para
o inicío, controle ou manutenção dos movimentos ativos do corpo humano para
que possa realizar todas as atividades simples e complexas (TORTORA, 2011).

3.1 ENVOLVIMENTO DA MOBILIDADE COM A INTEGRIDADE


ARTICULAR
A mobilidade está envolvida diretamente à integridade articular e à
flexibilidade, o que mostra que está relacionada à extensibilidade dos tecidos moles
que unem e envolvem várias estruturas, proporcionando que os movimentos
sejam realizados sem a presença de dor, entre eles estão:

• articulações;
• músculos;
• tendões;
• fáscias;
• cápsulas articulares;
• ligamentos;
• nervos;
• vasos sanguíneos;
• pele.

Para que a mobilidade dos tecidos moles e a amplitude de movimento


das articulações sejam consideradas como suficientes, é preciso que se tenha um
suporte suficiente quanto à força muscular, resistência à fadiga e ao controle
neuromuscular de forma que o corpo consiga receber todas as sobrecargas que
são impostas durante os movimentos funcionais.

A mobilidade dos tecidos moles, controle neuromuscular, resistência


à fadiga, força muscular e as demandas podem ser considerados como um
importante fator para a prevenção das lesões, ou ainda, das novas lesões que
possam ocorrer no sistema musculoesquelético (TORTORA, 2011).

3.2 HIPOMOBILIDADE
A pequena mobilidade é chamada de hipomobilidade, sendo a sua causa
o encurtamento de forma adaptativa de todos os tecidos moles, consequente de
vários distúrbios, entre eles:

• imobilização de um segmento corporal por um longo período de tempo;


• sedentarismo;
• desalinhamento postural e desequilíbrios musculares;

38
TÓPICO 4 | AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO

• desempenho muscular diminuído decorrente da fraqueza, em função de vários


distúrbios musculoesqueléticos ou neuromusculares;
• traumas nos tecidos em função da inflamação e da dor;
• deformidades congênitas ou adquiridas.

Qualquer fator que modifique a mobilidade ou que provoque uma


diminuição na extensibilidade dos tecidos moles vai provocar o comprometimento
quanto ao desempenho muscular.

Nessas situações, o alongamento é um elemento muito importante,


devendo, portanto, fazer parte do programa de tratamento de todos os pacientes
(KISNER; COLBY, 2009).

4 ALONGAMENTO
O alongamento é definido como qualquer manobra que possui a
finalidade de aumentar a extensibilidade dos tecidos moles, atuando de forma
positiva quanto à flexibilidade e à amplitude de movimento, existindo, portanto,
uma elevação quanto ao tamanho das estruturas que vão se adaptar, encurtando
e se tornando hipomóveis com o tempo.

Só através do exame, avaliação e o diagnóstico de forma sistemática é


que o profissional consegue avaliar com segurança quais são as estruturas que
estão provocando uma certa restrição quanto ao movimento e quais os tipos de
alongamentos que podem ser realizados (TORTORA, 2011).

FIGURA 22 – ALONGAMENTO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/thai-masseur-used-hand-smash-
600w-706844410.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

39
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

4.1 ALONGAMENTO SELETIVO


O alongamento seletivo está relacionado ao processo de busca quanto à
melhoria da função geral do paciente, por meio da utilização de técnicas exclusivas
de alongamentos para alguns determinados músculos e articulações, podendo,
inclusive, nesses casos, apresentar uma certa limitação do movimento referente a
outros músculos e articulações (KISNER; COLBY, 2009).

4.2 ALONGAMENTO EM EXCESSO E HIPERMOBILIDADE


O alongamento em excesso está relacionado ao alongamento efetuado de
forma excessiva, portanto, está além do comprimento normal do músculo e da
amplitude de movimento de uma articulação e dos tecidos moles que estão ao
seu redor, causando uma hipermobilidade, o que significa um grande aumento
da mobilidade.

A realização da hipermobilidade seletiva por meio da execução de


alongamentos acima do limite normal, em alguns casos, é necessária para os
indivíduos que são considerados saudáveis, mas que apresentam a força e a
estabilidade normal e que são praticantes de esportes, sendo necessário, nesse
caso, uma maior flexibilidade (KISNER; COLBY, 2009).

ATENCAO

O alongamento excessivo não é indicado na maioria dos casos, uma vez que
vai provocar uma certa instabilidade articular nas estruturas de suporte da articulação e da
força dos músculos em volta, não sendo, portanto, suficientes, não conseguindo manter
uma posição mais estável e funcional durante a realização de todas as atividades.

• A instabilidade de uma articulação geralmente vai provocar dor e,


consequentemente, acarretar uma lesão musculoesquelética no indivíduo.
Existem vários procedimentos que podem ser utilizados para aumentar a
mobilidade dos tecidos moles e as articulações. Entre eles, temos: alongamento
manual ou mecânico e auto alongamento.

40
TÓPICO 4 | AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO

FIGURA 23 – PROCEDIMENTOS PARA AUMENTAR A MOBILIDADE

Alongamento manual ou mecânico

Autoalongamento

FONTE: O autor

4.3 ALONGAMENTO MANUAL OU MECÂNICO


O alongamento manual ou mecânico deve ser executado através de
uma força de alongamento externo ao final da amplitude de movimento, nesse
caso, pode ser mantido ou intermitente, sendo necessário a aplicação de uma
pressão adicional por meio do contato manual ou através de um dispositivo
mecânico que vai estimular o alongamento da unidade musculotendínea que,
anteriormente, estava encurtada e os tecidos conjuntivos periarticulares, causando
a movimentação da articulação limitada para acima da amplitude de movimento
possível (KISNER; COLBY, 2009).

O alongamento passivo é realizado pelo fisioterapeuta, quando o paciente


é incapaz de mover ativamente um segmento sozinho.

4.4 AUTOALONGAMENTO
O autoalongamento é o exercício realizado de forma mais livre, ou seja,
são os alongamentos executados de forma independente pelo paciente, após a
supervisão do terapeuta (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 24 – AUTOALONGAMENTO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/different-ages-teenagers-stretching-
preparing-600w-665205772.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

41
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

4.5 PRINCIPAIS INDICAÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DO


ALONGAMENTO
As principais indicações para a utilização do alongamento, conforme
Silva e Campos (2006), são:

• Quando a amplitude de movimento está limitada devido aos tecidos moles ter
perdido a sua extensibidadade, em decorrência da existência de aderências,
contraturas e a constituição do tecido cicatricial, acarretando uma diminuição
de todas as atividades, provocando limitações funcionais ou limitações quanto
a sua participação ou incapacidades.
• Limitações quando à mobilidade acarreta em deformidades estruturais, que
poderiam ser evitadas de outra forma.
• Encurtamento ou fraqueza muscular do tecido provocam uma diminuição na
amplitude de movimento.
• Utilização de um programa de preparação física ou um programa de
condicionamento físico, tendo como objetivo a prevenção ou a redução das
lesões musculoesqueléticas.
• Pode, também, ser utilizado os exercícios mais vigorosos tanto antes como
depois, tendo como objetivo a redução da dor muscular após a realização do
exercício físico.

4.6 CONTRAINDICAÇÕES PARA O ALONGAMENTO


Para Tortora (2011), as principais contraindicações quanto ao alongamento
são:

• existênca de um bloqueio ósseo levando à limitação do movimento articular;


• fratura recente e consolidação óssea não completa;
• existência de sinais de um processo inflamatório agudo ou infeccioso, ou ainda,
a presença de cicatrização dos tecidos moles, dificultando os tecidos que estão
encurtados e todas as regiões vizinhas;
• existência de dor aguda instantânea com o movimento articular ou alongamento
muscular;
• existência de hematoma ou indicação do trauma nos tecidos;
• existência de uma hipermobilidade;
• os tecidos encurtados possibilitam que o paciente com paralisia ou fraqueza
muscular grave seja capaz de produzir habilidades funcionais específicas.

42
TÓPICO 4 | AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO

5 CONTRATURAS
As contraturas têm como definição um encurtamento adaptativo da
unidade muscular e dos tendões, como também dos outros tecidos moles
que vão executar o cruzamento ou envolver uma articulação, causando uma
resistência de forma significativa com relação ao alongamento passivo ou ativo,
além da limitação da amplitude do movimento, o que acaba comprometendo as
habilidades funcionais.

A redução ou restrição dos movimentos pode ser classificada desde leve até
chegar ao ponto de contraturas, consideradas como irreversíveis (GUYTON, 2017).

FIGURA 25 – CONTRATURA MUSCULAR

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/muscle-spasm-woman-neck-shoulder-
600w-1280299276.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

5.1 TIPOS DE CONTRATURAS


As contraturas são descritas por meio das alterações patológicas que estão
presentes nos diferentes tipos de tecidos moles que estão envolvidos, sendo eles
(Figura 26):

FIGURA 26 – DIFERENTES TIPOS DE TECIDOS MOLE

Contratura miostática

Contratura pseudomiostática

Contratura artrogênica e periarticular

Contratura fibrótica e contratura irreversível

FONTE: O autor

43
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

5.1.1 Contratura miostática


Na contratura miostática, a unidade musculotendínea está adaptada de
forma encurtada, existindo uma redução com relação à amplitude de movimento,
nesse caso, não existe uma patologia muscular específica que esteja presente.

Essas contraturas já podem ser resolvidas por meio de um período de tempo


reduzido, através da utilização de exercícios de alongamento. As contraturas são
descritas por meio das alterações patológicas que estão presentes nos diferentes tipos
de tecidos moles que estão envolvidos (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016):

5.1.2 Contratura pseudomiostática


Na contratura pseudomiostática existe uma relação com a mobilidade
e a limitação da amplitude de movimento, visto que estão alteradas devido
à hipertonicidade, portanto, a existência da espasticidade ou rigidez estão
diretamente relacionadas a uma lesão do sistema nervoso central, os exemplos,
nesse caso, são:

• acidente vascular cerebral;


• lesão medular;
• traumatismo craniano.

Ao serem utilizados os procedimentos de inibição com o propósito de


promover uma diminuição temporária da tensão muscular, é indicado a realização
do alongamento passivo completo (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

5.1.3 Contratura artrogênica e periarticular


A contratura artrogênica ocorre em função de uma patologia intra-
articular, estando incluídas as alterações como:

• aderências;
• proliferação sinovial;
• edema articular;
• irregularidades na cartilagem articular;
• desenvolvimento dos osteófitos.

Na contração periarticular, os tecidos conjuntivos que estão


inseridos em uma articulação têm a mobilidade bastante alterada, o que
acaba, consequentemente, limitando o movimento artrocinemático normal
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

44
TÓPICO 4 | AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO

5.1.4 Contratura fibrótica e contratura irreversível


Nesses tipos de contraturas ocorrem alterações fibróticas no tecido
conjuntivo do músculo e as estruturas periarticulares provocam aderências nos
tecidos, além do desenvolvimento de uma contratura fibrótica (SILVA; CAMPOS,
2006). Nessas situações, dificilmente é restabelecido a elasticidade considerada
ideal para este tecido .

A permanente perda da extensibilidade dos tecidos moles não pode ser


revertida por meio dos tratamentos conservadores, nesses casos, o tecido muscular
e o tecido conjuntivo foram modificados devido às enormes quantidades de
aderências fibróticas e de tecido cicatricial (SILVA; CAMPOS, 2006).

A dificuldade com relação à recuperação está diretamente relacionada


à duração da contratura fibrótica, ou ainda, quanto à elevada modificação do
tecido muscular e conjuntivo normal, em decorrência da presença de aderências
não extensíveis e tecido cicatricial ou ósseo, levando, então, a uma contratura
irreversível.

45
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para o estudo da amplitude de movimento humano é necessário conhecer em


detalhes todos os tipos de exercícios de amplitude de movimento, sendo eles o
movimento passivo, movimento ativo e o movimento ativo assistido, além das
suas indicações, limitações, metas e benefícios.

• A amplitude de movimento tem o objetivo de avaliar a mobilidade e iniciar o


movimento ao longo de todos os programas de exercícios terapêuticos.

• Existem vários tipos de exercícios envolvendo os movimentos de amplitude


do movimento entre eles a amplitude de movimento passivo, ativo e ativo
assistido.

• A amplitude de movimento passivo deve ser utilizada nos locais onde estão
presentes os tecidos com inflamação aguda, não sendo indicado, neste caso, o
movimento ativo.

• Existem várias metas para amplitude de movimento passivo, entre elas a


manutenção da mobilidade da articulação e do tecido conjuntivo.

• O aprendizado motor em função do controle muscular voluntário é considerado


um dos vários benefícios fisiológicos.

• A mobilidade é a habilidade que um indivíduo possui para iniciar, controlar ou


manter os movimentos ativos do corpo humano para realizar toda as atividades
simples e as complexas, estando envolvidos, neste caso, a mobilidade com a
integridade articular, hipomobilidade, alongamento e a contratura.

• Para um excelente tratamento, você precisa conhecer em detalhes a amplitude


de movimento, mobilidade e o alongamento.

46
AUTOATIVIDADE

1 O exercício terapêutico é caracterizado como um treinamento realizado


sempre de forma planejada e sistemática, através da utilização de todos
os movimentos corporais, posturas ou atividades físicas. Com relação
aos objetivos dos exercícios terapêuticos, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Tratamento ou prevenção de deficiências.


( ) Melhora, restauração ou potencialização da função física.
( ) Prevenção ou redução dos fatores de risco que estão relacionados com a saúde.
( ) Melhora do estado geral, preparo físico ou sensação de bem-estar.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) F – V – V – F.

2 Existem vários tipos de exercícios de amplitude de movimento passivo;


amplitude de movimento ativo e a amplitude movimento ativo assistido.
Sobre a correlação dos tipos de movimentos com os seus respectivos
significados, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Amplitude de movimento passivo.


II- Amplitude de movimento ativo.
III- Amplitude movimento ativo assistido.

a) É uma forma de exercício onde existe uma força esterna manual ou mecânica
que proporciona uma assistência com relação aos músculos mobilizadores
primários.
b) Corresponde ao movimento de um segmento dentro da amplitude de
movimento livre, produzido por meio da contração ativa dos músculos
envolvidos no movimento.
c) Corresponde ao movimento de um segmento dentro da amplitude de
movimento livre, sendo realizado por uma força externa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – c; II – b; III – a.
b) ( ) I – c; II – a; III – b.
c) ( ) I – a; II – b; III – c.
d) ( ) I – b; II – a; III – c.

47
3 Existem vários benefícios que são considerados como fisiológicos referentes
a prática da contração muscular ativa. Com relação aos benefícios
fisiológicos referentes a prática da contração muscular ativa, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Manutenção da elasticidade fisiológica e da contratilidade dos músculos


envolvidos;
( ) Oferecimento de feedback sensorial em função dos músculos que estão
contraidos;
( ) Liberação de estímulos quanto a integridade dos ossos e das articulações;
( ) Auxílio na circulação além de prevenção da formação dos trombos;
( ) Desenvolvimento da coordenação e das habilidades motoras para as
atividades funcionais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V – V.
d) ( ) F – V – V – F – F.

48
UNIDADE 1
TÓPICO 5

GONIOMETRIA

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, sobre a amplitude de movimento, alongamento e contraturas,
estudaremos, em detalhes, vários conteúdos muito importantes, entre eles: a
introdução à amplitude de movimento, os tipos de exercícios de amplitude de
movimento (amplitude de movimento passivo, amplitude de movimento ativo e
a amplitude de movimento ativo assistido), indicações dos movimentos, metas da
amplitude de movimento passivo, limitações do movimento passivo, indicações
da amplitude de movimento ativo e ativo assistido, metas da amplitude de
movimento ativo, benefícios fisiológicos da contração muscular ativa, mobilidade
e as contraturas (contratura miostática, contratura pseudomiostática, contratura
artrogênica e periarticular e a contratura fibrótica e contratura irreversível).

Para o processo de avaliação, é fundamental que sejam levados em


consideração todos os aspectos quantitativos e qualitativos, devendo sempre ser
utilizados antes, durante e após o tratamento.

Bons estudos!

2 APARELHO GONIÔMETRO
Entre os métodos que podem ser utilizados durante o exame físico é a
goniometria. Através desta técnica é quantificado toda a amplitude de movimento
articular por meio de graus (MARQUES, 2014).

FIGURA 27 – GONIÔMETRO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/physical-therapy-mecical-clinic-
physiotherapy-600w-661237852.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

49
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

O aparelho goniômetro, também conhecido como goniômetro universal,


é constituído por um círculo completo de 0° a 360° ou meio círculo de 0° a 180°, a
maioria dos aparelhos são de plásticos ou de metal.

Nesse aparelho, existem dois braços, sendo um deles fixo e o outro é


móvel, o móvel vai seguir todo o arco de movimento da articulação que está
sendo examinada. O goniômetro possui inúmeras vantagens, entre elas:

• baixo custo;
• fácil utilização;
• medidas fidedignas.

Para a avaliação também pode ser utlizado o eletrogoniômetro, nesse


equipamento, os braços do goniômetro devem ser inseridos nos segmentos e o
eixo deve estar alinhado com o centro da articulação (MARQUES, 2014).

ATENCAO

O eletrogoniômetro possui uma desvantangem em comparação ao


goniômetro universal, visto que é menos preciso, além de ser mais difícil a sua colocação
no paciente e do custo ser mais alto.

Através do pleno conhecimento dos valores de amplitude de movimento,


considerados normais, é possível utilizar o goniômetro para definir alterações de
ADM na primeira avaliação, assim como para verificar posteriormente o ganho
de ADM durante as fases de tratamento.

O registro quanto à amplitude do movimento deve sempre mostrar os


valores iniciais e finais, dessa forma, vai possibilitar que os dados sejam mais
confiáveis e precisos (MARQUES, 2014).

2.1 PRINCÍPIOS DO MÉTODO


Antes de começar a realizar todas as medidas, é necessário que seja levado
em consideração alguns itens:

• As roupas não podem atrapalhar o processo de palpação de todos os pontos


anatômicos utilizados durante a inserção dos braços do goniômetro, é
aconselhado que a região a ser avaliada fique totalmente desnuda. Durante
a realização da goniometria, todos os movimentos devem ser passivos, visto
que os registros podem ser modificados em função da presença de um quadro

50
TÓPICO 5 | GONIOMETRIA

álgico ou de fraqueza muscular, o que dificulta bastante durante a contração


voluntária. O paciente deve estar em um bom ainhamento corporal, visto que
qualquer tipo de compensação prejudica quanto aos resultados.
• A medida de amplitude de movimento deve ser comparativa, devendo sempre
realizar o registro do arco do movimento em ambos os lados, ou seja, do lado
que está acometido e do lado que não está acometido, para que se possa saber
quais são as diferenças entre os valores normais e patológicos no indivíduo.
• Deve-se evitar muitas mudanças de posição no paciente, para isso, o que deve
ser realizado é fazer todas as medidas em cada um dos decúbitos, podendo, por
exemplo, iniciar no decúbito dorsal, posteriormente para o decúbito ventral,
posição sentada e em pé (MARQUES, 2014).

2.2 ARTICULAÇÕES DO MEMBRO SUPERIOR


Agora, abordaremos, em detalhes, os movimentos de cada uma das
articulações que fazem parte do membro superior: ombro, cotovelo, radioulnar
e punho.

FIGURA 28 – MOVIMENTOS DO MEMBRO SUPERIOR

Ombro

Cotovelo

Radioulnar

Punho

FONTE: O autor

2.2.1 Articulação do ombro


Com relação à articulação do ombro, os movimentos avaliados são de
flexão, extensão, abdução, adução horizontal, rotação interna e rotação externa
(VOIGHT et al., 2014).

O movimento de flexão na articulação do ombro varia de 0° a 180°, esse


movimento deve ser executado por meio do levantamento do braço do paciente
para frente, estando com a palma da mão na direção medial paralela ao plano
sagital.

51
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

O braço fixo do goniômetro deve estar ao longo da linha axilar média,


direcionando para o tubérculo maior do fêmur. Já o braço móvel deve estar
inserido na superfície lateral do úmero, na direção do epicôndilo lateral. Quanto
ao eixo, este deve estar perto do acrômio.

A extensão do ombro varia de 0° a 45°, a palma da mão deve estar


direcionada medialmente, estando paralela ao plano sagital e braço para trás.
Para a avaliação, a melhor posição é sentado, em pé ou em decúbito ventral,
deixando o braço ao longo do corpo.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido ao longo da linha axiliar


média, direcionado para o tubérculo maior do úmero (VOIGHT et al., 2014). Já o
braço móvel deve estar inserido sobre a face lateral do úmero, direcionado para
o epicôndilo lateral. Quanto ao eixo, este deve estar sobre o eixo látero lateral da
articulação glenoumeral perto do acrômio.

A abdução do ombro varia de 0° a 180°, devendo ser elevado o braço


do paciente lateralmente com relação ao tronco, o posicionamento ideal deve
ser sentado ou em pé, de costas para o terapeuta. A palma da mão deve estar
direcionada anteriormente paralela ao eixo frontal.

O braço fixo do goniômetro deve estar sobre a linha axilar posterior. Já o


braço móvel deve estar situado sobre a face posterior do braço do paciente, em
direção à região dorsal da mão. Quanto ao eixo do movimento, este deve estar
perto do acrômio, mas não se deve ajustar o goniômetro para que coincida o eixo
sobre o ponto anatômico (VOIGHT et al., 2014).

A adução do ombro varia de 0° a 45°, o movimento de adução é realizado


na frente do corpo estando com a palma da mão situada posteriormente em flexão
do ombro de 90°. A posição ideal para o teste deve ser sentado, em pé ou com o
cotovelo, punho e dedos em extensão na frente do profissional.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo à linha mediana anterior.


Já o braço móvel deve estar sobre a superfície lateral do úmero. Quanto ao eixo,
este deve estar sobre o eixo ântero posterior da articulação glenoumeral (VOIGHT
et al., 2014).

A rotação interna do ombro varia de 0° a 70°, a posição considerada como


ideal é em decúbito dorsal e o ombro em abdução de 90°, com o cotovelo também
em flexão de 90° e o antebraço na posição neutra.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo ao solo. Já o braço móvel
deve estar sobre a região posterior do antebraço, voltado para o terceiro dedo da
mão. Quanto ao eixo, este deve estar no olécrano (SILVA; CAMPOS, 2006).

52
TÓPICO 5 | GONIOMETRIA

A rotação externa do ombro varia de 0° a 90°. Quanto à posição ideal,


ela deve ser em decúbito dorsal e o ombro deve estar em uma abdução de 90°,
estando o cotovelo também em flexão a 90° e o antebraço na poisção neutra.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo ao solo. Já o braço móvel


deve estar sobre a região posterior do antebraço, em direção ao terceiro dedo da
mão. Quanto ao eixo, este deve estar no olécrano (VOIGHT et al., 2014).

2.2.2 Articulação do cotovelo


Com relação à articulação do cotovelo, os movimentos avaliados são de
flexão e extensão.

O movimento de flexão e extensão do cotovelo varia de 0° a 145°, o


movimento de extensão corresponde ao retorno da flexão, devendo ser realizado
por meio da palma da mão que deve estar na posição anatômica. A posição ideal
deve ser sentado ou em pé ou ainda em decúbito dorsal com o membro superior
ao lado do tronco.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido ao longo da superfície


lateral do úmero, na direção do acrômio. Já o braço móvel deve estar sobre a face
lateral do rádio, voltado para o processo estiloide. Quanto ao eixo, este deve estar
no epicôndilo lateral do úmero (VOIGHT et al., 2014).

2.2.3 Articulação rádio ulnar


Com relação à articulação radioulnar, os movimentos avaliados são de
pronação e supinação.

O movimento de pronação varia de 0° a 80° e o de supinação varia de 0°


a 90°, a posição ideal deve ser sentado com o cotovelo fletido em 90°, deixando o
braço mantido ao longo do corpo e o antebraço na posição de pronação, medindo
a supinação ou em supinação medindo a pronação. O goniômetro deve estar
inserido na superfície dorsal dos metacarpos.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido na superfície dorsal


metarcapiana, paralelo ao eixo longitudinal do úmero. Já o braço móvel deve estar
alinhado ao eixo do polegar. Quanto ao eixo, este deve estar sobre a articulação
metacarpofalagiana do terceiro dedo (VOIGHT et al., 2014).

53
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

2.2.4 Articulação do punho


Com relação à articulação do punho, os movimentos avaliados são de
flexão, extensão, desvio radial e desvio ulnar (SILVA; CAMPOS, 2006).

O movimento de flexão do punho varia de 0° a 90°, a posição ideal é


sentado ou em pé, com o antebraço em pronação e o cotovelo em 90° de flexão.

O braço fixo do goniômetro deve estar sobre a face medial da ulna. Já o


braço móvel deve estar sobre a superfície medial do quinto metacarpo. Quanto
ao eixo, este deve estar na superfície medial do punho (SILVA; CAMPOS, 2006).

O movimento de extensão da articulação do punho varia de 0° a 70°, sendo


que a posição ideal deve ser em pé ou sentado, com o antebraço em pronação e o
cotovelo fletido por volta de 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar sobre a face medial da ulna. Já o


braço móvel deve estar sobre a superfície medial do quinto metacarpo. Quanto ao
eixo, este deve estar na superfície medial do punho.

O movimento de desvio radial na articulação do punho varia de 0° a 20°,


devendo manter a posição anatômica da mão quando as medidas forem coletadas,
a posição ideal deve ser sentado ou em pé, com o cotovelo em flexão a 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar sobre a região posterior do


antebraço, na direção do epicôndilo lateral. Já o braço móvel deve estar sobre a
superfície dorsal do terceiro metacarpo. Quanto ao eixo, este deve estar sobre a
articulação radiocárpica (SILVA; CAMPOS, 2006).

O movimento de desvio ulnar na articulação do punho varia de 0° a 45°,


a posição ideal deve ser sentado ou em pé, estando o cotovelo em flexão com 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido sobre a região posterior


ao antebraço, voltado para o epicôndilo lateral. Já o braço móvel deve estar sobre
a superficie dorsal do terceiro metacarpo. Quanto ao eixo, este deve estar sobre a
articulação radiocárpica.

A figura as seguir apresenta uma situação patológica, um desvio ulnar já


instalado em função de uma patologia crônica, o reumatismo (SILVA; CAMPOS,
2006).

54
TÓPICO 5 | GONIOMETRIA

FIGURA 29 – DESVIO ULNAR

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/layyah-pakistan-october-27-2019-
600w-1542907745.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

2.3 ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR


Agora, abordaremos os movimentos de cada uma das articulações que
fazem parte do membro inferior.

FIGURA 30 – ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR

FONTE: O autor

2.3.1 Articulação do quadril


Com relação à articulação do ombro, os movimentos avaliados são de
flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna e rotação externa (SILVA;
CAMPOS, 2006).

A flexão na articulação do quadril varia de 0° a 125°, é fundamental


recordar que a flexão do quadril com o joelho em extensão a 90°, sendo que a
posição ideal para a avaliação deve ser em decúbito dorsal e decúbito lateral.

55
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

O braço fixo do goniômetro deve estar na linha média axiliar do tronco. Já


o braço móvel deve estar localizado na face lateral da coxa, na direção ao côndilo
lateral do fêmur. Quanto ao eixo, este deve estar no trocânter maior do fêmur
(SILVA; CAMPOS, 2006).

O movimento de extensão do quadril na articulação do quadril varia de 0°


a 10°, a posição ideal para a avaliação é de decúbito ventral.

O braço fixo do goniômetro deve estar na linha média axilar do tronco. Já


o braço móvel deve estar situado na face lateral da coxa, na direção do côndilo
lateral do fêmur. Quanto ao eixo, este deve estar no trôcanter maior do fêmur.

O movimento de abdução da articulação do quadril varia de 0° a 45°, a


posição ideal deve ser em decúbito dorsal.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido na linha traçada entre as


espinhas ilíacas ântero superiores ou no mesmo nível. Já o braço móvel deve estar
na face anterior da coxa, ao longo do diáfise do fêmur. Quanto ao eixo, este deve
estar próximo na altura do trôcanter maior do fêmur (SILVA; CAMPOS, 2006).

O movimento de adução da articulação do quadril varia de 0° a 30°, sendo


que a posição ideal deve ser em decúbito dorsal.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido na linha traçada entre as
espinhas ilíacas ântero superiores ou no mesmo nível. Já o braço móvel deve estar
situado na face anterior da coxa, ao longo da diáfise do fêmur. Quanto ao eixo,
este deve estar próximo na altura do trocânter maior do fêmur.

O movimento de rotação interna na articulação do quadril varia de 0° a


30°, a posição ideal deve ser na posição sentado, os joelhos e os quadris devem
estar em flexão a 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar perpendicular à margem anterior


da tíbia, estando o eixo axial sobre a linha articular do joelho. Já o braço móvel
deve estar de forma paralela sobre a linha média anterior da tíbia. Quanto ao eixo,
este deve estar na face anterior da patela.

O movimento de rotação externa da articulação do ombro varia de 0° a


45°, sendo que a posição ideal deve ser sentado com os joelhos e quadris em
flexão a 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar perpendicular à margem anterior


da tíbia, com o eixo axial sobre a linha articular do joelho.

Já o braço móvel deve estar de forma paralela e sobre a linha média


anterior da tíbia.

Quanto ao eixo este deve estar na face anterior da patela (SILVA; CAMPOS,
2006).

56
TÓPICO 5 | GONIOMETRIA

2.3.2 Articulação do joelho


Com relação à articulação do joelho, os movimentos avaliados são de
deflexão e extensão.

Os movimentos de flexão e extensão da articulação do joelho varia de 0°


a 140°, sendo que a posição ideal deve ser de decúbito dorsal com a flexão do
quadril a 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar situado na face lateral da coxa, em


direção ao trocânter maior do fêmur. Já o braço móvel deve estar situado na face
lateral da fíbula, em direção ao maléolo lateral. Quanto ao eixo, este deve estar
sobre a linha axilar articular do joelho (MARQUES, 2014).

2.3.3 Articulação do tornozelo


Com relação à articulação do tornozelo, os movimentos avaliados são de
dorsiflexão, flexão plantar, inversão e eversão.

O movimento de dorsiflexão da articulação do tornozelo varia de 0° a 20°,


sendo que a posição ideal deve ser sentado ou em decúbito dorsal ou ventral, os
joelhos em flexão a 30° e com o pé na posição neutra.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo à face lateral da fíbula.


Já o braço móvel deve estar situado paralelo à face lateral do quinto metatarso.
Quanto ao eixo, este deve estar sobre a articulação do tornozelo com o maléolo
lateral (MARQUES, 2014).

O movimento de flexão plantar da articulação do tornozelo varia de 0° a


45°, sendo que a posição ideal deve ser sentado, ou ainda, em decúbito dorsal ou
ventral, os joelhos em flexão a 30° e o pé na posição neutra.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo à face lateral da fíbula. Já


o braço móvel deve estar paralelo à face lateral do quinto metatarso. Quanto ao
eixo, este deve estar localizado na articulação do tornozelo próximo ao maléolo
lateral.

O movimento de inversão da articulação do tornozelo varia de 0° a 40°,


sendo que a posição ideal deve ser sentado, o pé na posição neutra, deve-se tomar
cuidado para que não seja realizado a rotação do joelho ou do quadril quando for
fazer a inversão.

O braço fixo do goniômetro deve estar em alinhamento e paralelo sobre


a margem anterior da tíbia. Já o braço móvel deve estar na superfície dorsal
do segundo metatarso. Quanto ao eixo, este deve estar próximo na altura da
articulação tíbio társica.

57
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

O movimento de eversão da articulação do tornozelo varia de 0° a 20°,


sendo que a posição ideal deve ser sentado, o pé na posição neutra, deve-se tomar
cuidado para que não seja realizado a rotação do joelho ou do quadril quando for
fazer a eversão.

O braço fixo do goniômetro deve estar em alinhamento e paralelo sobre


a margem anterior da tíbia. Já o braço móvel deve estar na superfície dorsal do
terceiro metatarso. Quanto ao eixo, este deve estar próximo no nível da articulação
tíbio társica (MARQUES, 2014).

2.4 MOVIMENTOS DA ARTICULAÇÃO DA COLUNA


VERTEBRAL
A coluna vertebral compreende o equivalente a uma articulação com os
três graus de liberdade, possibilitando a realização de movimentos de:

• flexão e extensão;
• inclinação lateral a esquerda;
• inclinação lateral a direita;
• rotação axial.

Todas as amplitudes possuem vários movimentos que são considerados


essenciais, mas são deficientes em cada nível da coluna vertebral, sendo
fundamentais quanto à função do número das articulações vertebrais.

Os movimentos de flexão e extensão da coluna são realizados no plano


sagital, sendo que a flexão total da coluna vertebral deve ser de 110°, já a extensão
total da coluna vertebral deve ser de 140°. Todas estas amplitudes variam de
acordo com os indivíduos e com o sexo.

Os movimentos de inclinação lateral devem ser executados no plano


frontal, sendo que a inclinação lateral total da coluna entre o sacro e o crânio deve
ser de 80°, enquanto que o movimento de rotação axial total da coluna vertebral
é de 90°.

É fundamental recordar que nem sempre a amplitude de movimento


normal da coluna vertebral quer dizer que a coluna está hígida, uma vez que
pode existir algum tipo de compensação de um segmento, ou ainda, a redução
de um outro segmento vertebral, o que significa que a amplitude do movimento
total está com o valor normal, porém existe um segmento hipermóvel e um outro
hipomóvel, o que vai provocar o surgimento de um quadro álgico.

58
TÓPICO 5 | GONIOMETRIA

Isso significa afirmar que a melhor forma do registro da ampitude de


movimento da coluna vertebral deve ser a inspeção a olho nu, dessa forma, já é
possível realizar a avaliação de forma segmentar da amplitude de movimento da
coluna vertebral.

Agora, para facilitar o seu conhecimento e o entendimento, apresentaremos


três tabelas que possuem todas as amplitudes de movimento das articulações do
membro superior, inferior e da coluna vertebral (MARQUES, 2014).

QUADRO 1 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO DAS ARTICULAÇÕES DO MEMBRO SUPERIOR

Flexão 0° a 180°
Extensão 0° a 45°
Adução horizontal 0° a 40°
OMBRO
Abdução 0° a 180°
Rotação externa 0° a 90°
Rotação interna 0° a 70°
COTOVELO Flexão 0° a 145°
Pronação 0° a 80°
RADIOULNAR
Supinação 0° a 90°
Flexão 0° a 90°
Extensão 0° a 70°
PUNHO
Desvio ulnar 0° a 45°
Desvio radial 0° a 20°
Flexão 0° a 15°
CARPOMETACÁRPICA DO
Extensão 0° a 70°
POLEGAR
Abdução 0° a 70°
Flexão 0° a 90°
Extensão 0° a 30°
METACARPOFALANGIANAS
Abdução 0° a 20°
Adução 0° a 20°
Flexão 0° a 110°
INTERFALANGIANAS
Extensão 0° a 10°

FONTE: Silva e Campos (2006, p. 40)

59
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

QUADRO 2 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO DAS ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR

Flexão 0° a 125°
Extensão 0° a 10°
Abdução 0° a 45°
QUADRIL
Abdução 0° a 30°
Rotação externa 0° a 45°
Rotação interna 0° a 30°
JOELHO Flexão 0° a 140°
Flexão plantar 0° a 40°
Dorsiflexão 0° a 20°
TORNOZELO
Eversão 0° a 20°
Inversão 0° a 40°
Flexão - 1° dedo 0° a 45°
Flexão - 2° ao 5° dedo 0° a 40°
METATARSOFALANGIANAS
Extensão - 1° dedo 0° a 90°
Extensão - 2° ao 5° dedo 0° a 45°
Flexão 0° a 15°
INTERFALANGIANAS Extensão 0° a 70°
Abdução 0° a 70°
Flexão 0° a 45°
Extensão 0° a 40°
METACARPOFALANGIANAS
Abdução 0° a 90°
Adução 0° a 45°
Flexão (I)- 1° dedo 0° a 90°
INTERFALANGIANAS (IP) - 2° ao 5° dedo 0° a 35°
(ID) - 2° ao 5° dedo 0° a 60°

FONTE: Silva e Campos (2006, p. 40)

QUADRO 3 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO DAS ARTICULAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

COLUNA COLUNA
MOVIMENTO COLUNA LOMBAR
CERVICAL TORÁCICA
Flexão 0° a 40° 0° a 45° 0° a 60°
Extensão 0° a 75° 0° a 25° 0° a 35°
Inclinação lateral 0° a 40° 0° a 20° 0° a 20°
Rotação 0° a 50° 0° a 35° 0° a 05°

FONTE: Silva e Campos (2006, p. 40)

60
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:

• A utilização da goniometria é fundamental para a avaliação da amplitude de


movimento de todas as articulações do membro superior (ombro, cotovelo,
rádio ulnar e punho), membro inferior (quadril, joelho, tornozelo) e coluna
vertebral.

• A articulação do ombro possui os movimentos de flexão, extensão, abdução,


adução horizontal, rotação interna e rotação externa.

• A articulação do cotovelo apresenta os movimentos de flexão e de extensão.

• A articulação rádio ulnar possui os movimentos de pronação e supinação.

• A articulação do punho tem os movimentos de flexão, extensão, desvio radial


e desvio ulnar.

• A articulação do quadril possui movimentos de flexão, extensão, abdução,


adução, rotação interna e rotação externa.

• A articulação do joelho apresenta os movimentos de flexão e extensão.

• A articulação do tornozelo possui os movimentos de dorsiflexão, flexão plantar,


inversão e eversão.

• Os movimentos da articulação da coluna vertebral são o de flexão e extensão,


inclinação lateral a esquerda, inclinação lateral a direita e rotação axial.

61
AUTOATIVIDADE

1 Marcelo é um estudante de fisioterapia e, durante a sua aula de cinesioterapia


dessa semana, estudou a utilização do goniômetro. Esse importante aparelho
é formado por um círculo completo de 0° a 360°, a maioria dos equipamentos
são de plásticos ou de metal. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta a
variação em graus do movimento de flexão na articulação do ombro:

a) ( ) 0° a 120°.
b) ( ) 0° a 150°.
c) ( ) 0° a 140°.
d) ( ) 0° a 180°.

2 A articulação do cotovelo apresenta os movimentos de flexão e extensão.


Assinale a alternativa CORRETA que possui a variação em graus do
movimento de flexão e extensão na articulação do cotovelo:

a) ( ) 0° a 145°.
b) ( ) 0° a 115°.
c) ( ) 0° a 135°.
d) ( ) 0° a 125°.

3 A articulação do tornozelo apresenta os movimentos de dorsiflexão, flexão


plantar, inversão e eversão. Assinale a alternativa CORRETA que possui
a variação em graus dos movimento de dorsiflexão da articulação do
tornozelo:

a) ( ) 0° a 20°.
b) ( ) 0° a 10°.
c) ( ) 0° a 35°.
d) ( ) 0° a 25°.

62
UNIDADE 1
TÓPICO 6

MOBILIZAÇÃO ARTICULAR

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos, em detalhes, o que é a mobilização articular.
Você observará, por meio de todos os conteúdos estudados, como estas
informações serão primordiais para a sua formação.

A mobilização articular também é chamada de manipulação. Essa


importante técnica está relacionada às manobras de terapia manual utilizadas
para o tratamento das mais diversas patologias.

Vamos lá?

2 INTRODUÇÃO À MOBILIZAÇÃO ARTICULAR


O objetivo da mobilização articular é realizar a modulação da dor, além
de tratar as disfunções articulares que acabam acarretando na limitação da
amplitude do movimento (KISNER; COLBY, 2009).

FIGURA 31 – MOBILIZAÇÃO ARTICULAR

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/young-womans-knee-joint-being-
600w-715019407.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

63
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

2.1 MOBILIZAÇÃO E MANIPULAÇÃO DOS TECIDOS MOLES


As técnicas de mobilização e manipulação dos tecidos moles são indicadas
para a melhoria da extensibilidade muscular, estando diretamente envolvidas
com a aplicação de forças manuais específicas e progressivas. As técnicas
utilizadas podem ser:

• massagem transversa;
• liberação miofascial;
• acupressão;
• terapia através de pontos gatilho;
• entre outras técnicas muito importantes.

Massagem Transversa Profunda

• É uma técnica de massagem que tem por justificativa mobilizar a pele e o tecido
subcutâneo sobre o músculo ou outras estruturas profundas.

• Aplica-se nas sequelas de lesões das partes moles do aparelho locomotor,


principalmente em síndromes álgicas pós-traumáticos em que tenham sido
afetados as áreas musculo-tendinosas, cápsulo-ligamentosas e as bainhas
sinoviais.

Acupressão

Pode-se se dizer que é uma forma não invasiva de acupuntura, geralmente


é realizada através de massagens ou inserção de sementes de mostarda nos
acupontos.

Todas essas técnicas são indicadas para a melhoria da mobilidade dos


tecidos, por meio da utilização da mobilização e manipulação dos tecidos
conjuntivos, que vão se ligar aos tecidos moles (KISNER; COLBY, 2009).

NOTA

A mecânica articular é modificada devido à dor, sendo considerada um


mecanismo de defesa muscular, derrame articular, contraturas ou aderências nas cápsulas
articulares ou ligamentos de suporte, ou ainda, o desalinhamento das superfícies ósseas.

As técnicas de alongamento em união com a mobilização articular são


diferentes das outras formas de alongamento passivo ou autoalongamento, visto
que utilizam as restrições do tecido capsular, simulando a mecânica articular
normal e, ao mesmo tempo, reduzir as sobrecargas compressivas anormais na
cartilagem articular.
64
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para a utilização da cinesioterapia é fundamental um conhecimento profundo


da mobilização e da manipulação dos tecidos moles.

• O objetivo da mobilização articular é executar a modulação da dor para poder


tratar as disfunções articulares que limitam a amplitude do movimento.

• As técnicas de mobilização e manipulação dos tecidos moles, vão promover


a melhora da extensibilidade muscular estando diretamente relacionado à
aplicação das forças manuais específicas e progressivas.

65
AUTOATIVIDADE

1 A mobilização articular também é conhecida como manipulação, estando


relacionada às técnicas de terapia manual. Assinale a alternativa CORRETA
que apresenta o objetivo da mobilização articular:

a) ( ) Modulação da dor, além de tratar as disfunções articulares que acabam


provocando a limitação da amplitude do movimento.
b) ( ) Modulação da dor, além de tratar as disfunções musculares que acabam
impedindo a limitação da amplitude do movimento.
c) ( ) Modulação da dor, além de negligenciar as disfunções articulares que
acabam provocando a limitação da amplitude do movimento.
d) ( ) Modulação da dor, além de tratar as disfunções articulares que acabam
provocando o desenvolvimento da amplitude do movimento.
e) ( ) Desmodulação da dor, além de tratar as disfunções articulares que
acabam provocando a limitação da amplitude do movimento.

2 As técnicas de mobilização e manipulação são utilizadas para o tratamento


das diversas patologias. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta
para que as técnicas de mobilização e manipulação dos tecidos moles são
indicadas:

a) ( ) Aumento da força muscular.


b) ( ) Melhoria da velocidade.
c) ( ) Diminuição da força muscular.
d) ( ) Melhoria da extensibilidade muscular.

3 As técnicas de mobilização articular são indicadas para a melhoria da


mobilidade dos tecidos moles. Asssinale a alternativa CORRETA que
apresenta o que as técnicas de alongamento em união com a mobilização
articular vão simular:

a) ( ) Mecânica articular normal e, ao mesmo tempo, reduzir as sobrecargas


compressivas anormais na cartilagem articular.
b) ( ) Mecânica articular patológica e, ao mesmo tempo, reduzir as sobrecargas
compressivas anormais na cartilagem articular.
c) ( ) Mecânica articular normal e, ao mesmo tempo, aumentar as sobrecargas
compressivas anormais na cartilagem articular.
d) ( ) Mecânica articular normal e, ao mesmo tempo, reduzir as sobrecargas
compressivas normais na cartilagem articular.

66
UNIDADE 1
TÓPICO 7

DOR

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, sobre a dor, você estudará, em detalhes, os receptores da
dor, classificação da dor (aguda e crônica), tipo de dor (referida e irradiada),
tratamento da dor, avaliação da dor, escalas da dor, tratamento da dor (aguda e
crônica) e as observações para o paciente.

A dor é uma sensação psicossomática que está relacionada a vários fatores,


entre eles, culturais, históricos, ambientais e sociais.

Através da dor, pode ser observada a presença de limitações funcionais


e incapacidades, considerado um mecanismo de proteção do corpo humano,
sempre presente quando um tecido sofreu uma lesão, obrigando que o indivíduo
tenha uma reação na tentativa de retirar o estímulo que está provocando a dor
(TORTORA, 2011).

FIGURA 32 – DOR

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/pain-mans-body-isolated-on-
600w-580655305.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

67
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

2 RECEPTORES DA DOR
Existem receptores de dor tanto na pele como em outros tecidos, formando
as terminações nervosas livres. Sua distribuição ocorre de forma difusa nas
camadas mais superficiais da pele, tecidos internos, como:

• periósteo;
• paredes das artérias;
• superfícies articulares;
• foice da abóboda craniana.

Já os outros tecidos existentes não são supridos por uma grande quantidade
de terminações nervosas da dor (SILVA; CAMPOS, 2006). Existem vários tipos de
estímulos que podem provocar a dor, entre eles:

• mecânicos;
• térmicos;
• químicos.

Diferentemente dos outros tipos de receptores sensoriais, os receptores da


dor não se adaptam facilmente, essa resposta é muito importante, uma vez que
a falta de adaptação vai garantir que o indivíduo continue com as informações
referentes aos estímulos que estão envolvidos nesta lesão (TORTORA, 2011).

3 CLASSIFICAÇÃO DA DOR
A dor é classificada de acordo com o período de duração, sendo que em
um dos tipos, ela aparece posterior a 0,1 segundo do estímulo doloroso, enquanto
que no outro tipo a dor só está presente após 1 segundo ou mais, durante minutos,
horas ou até dias (GUYTON, 2017). Os dois tipos existentes de dor são: aguda e
crônica.

FIGURA 33 – CLASSIFICAÇÃO DA DOR

Aguda Crônica
FONTE: O autor

68
TÓPICO 7 | DOR

3.1 DOR AGUDA


A dor aguda também é conhecida como dor rápida, é decorrente de lesões
teciduais que podem ser microtraumáticas ou macrotraumáticas.

O microtrauma está relacionado a um problema musculoesquelético


que pode ser de longa duração ou, ainda, recidivante. Os exemplos são a lesão
em função do excesso de utilização, mais conhecido como overuse, nesse caso, a
capacidade de repetição excede à capacidade de reparação; e a modelagem do
tecido, em função de todas as cargas impostas.

Já o macrotrauma é uma lesão que é descoberta facilmente, e que está


relacionada a um trauma inesperado direto ou indireto (SILVA; CAMPOS, 2006).

3.2 DOR CRÔNICA


A dor crônica ou dor lenta, é aquela que continua mesmo após a retirada
do estímulo nocivo, posteriormente a cicatrização de uma lesão aguda, não
tendo uma causa conhecida. Os indivíduos que estão com uma dor crônica,
normalmente apresentam:

• distúrbios do sono;
• sintomas que podem levar à depressão;
• alterações no apetite;
• alterações quanto à socialização;
• redução de todas as atividades.

As teorias relacionadas à fonte da dor crônica, indicam a existência de uma


maior sensibilização dos nociceptores e as alterações ao nível medular (SILVA;
CAMPOS, 2006).

4 TIPOS DE DORES
Há dois tipos de dores: a dor referida e a dor irradiada. É fundamental que
o tipo de dor seja sempre descoberto, para que se possa escolher qual o melhor
tratamento a ser utilizado (SILVA; CAMPOS, 2006).

69
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

4.1 DOR REFERIDA


Este tipo de dor é observado em um local longe da área de lesão ou da
doença, ou seja, longe do local que está causando a dor. A dor originada nos
tecidos viscerais profundos pode ser referida para uma região cutânea que tenha a
mesma inervação segmentar. Essas referências são em função do influxo aferente
dos receptores viscerais, que realizam a sinapse no corno dorsal em conjunto aos
sinais que atingem o corno dorsal, ocasionando a sensação de dor, possuindo a
origem na pele.

Um exemplo, nesse caso, é a dor cardíaca que, muitas vezes, é sentida


no ombro em função da origem segmentar ser comum, por exemplo, T11 a L2. A
avaliação dos diferentes tipos de dor referida são fundamentais para o diagnóstico
clínico. Em boa parte das doenças viscerais, o único sinal clínico é a dor referida
(GUYTON, 2017).

4.2 DOR IRRADIADA


Na dor irradiada existe um envolvimento do nervo ou da raiz nervosa
espinhal, localizada no trajeto neural em conjunto com as terminações nervosas:

• dermátomo;
• miótomo;
• esclerótomo.

Um exemplo desse tipo de dor é a que está relacionada aos pacientes que
têm hérnia discal. O disco intervertebral, nesse caso, é deslocado, comprimindo
todas as estruturas nervosas vizinhas, provocando um quadro de dor em função
do nível medular (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 34 – HÉRNIA DISCAL

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-illustration/back-view-man-suffering-acute-
600w-1612096498.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

70
TÓPICO 7 | DOR

5 TRATAMENTO DA DOR
Existem vários tipos de fibras nervosas que estão envolvidos com diversos
tipos de estímulos sensitivos para o corno posterior da medula.

Os estímulos sensitivos dolorosos são transmitidos por meio das fibras C


finas não mielinizadas, possuindo uma condução lenta, e também pelas fibras A
delta finas mielinizadas. Já os estímulos sensitivos não dolorosos, como o tato e a
propriocepção, são propagados por meio das fibras rápidas (A – alfa e A – beta)
compactas e mielinizadas.

Na altura do corno posterior da medula, as fibras sensitivas fazem sinapse


com as células T, responsáveis para a transmissão dos estímulos dolorosos para
o cérebro. As células da substância gelatinosa do corno posterior são capazes de
modular, promovendo a estimulação ou inibição das células T, atuando como
uma comporta de dor.

Portanto, perante um estímulo doloroso, as fibras abrem as comportas por


meio da inibição da modulação realizada pelas células da substância gelatinosa,
possibilitando que o impulso atinja as células T e, posteriormente, o cérebro.

Se o desequilíbrio dos impulsos for originado devido à elevação da


atividade das fibras grossas, elas propagam o estímulo de forma mais rápida,
conseguindo fechar as comportas em função da estimulação da substância
gelatinosa, como resultado, existe a inibição da transmissão do estímulo
nociceptivo das células T e, seguidamente, ao cérebro. Portanto, a percepção da
dor está relacionada à combinação da atividade das fibras grossas e finas (SILVA;
CAMPOS, 2006).

6 AVALIAÇÃO DA DOR
Existem vários dispositivos que auxiliam o terapeuta na determinação e
na monitorização da dor que o paciente se encontra, entre elas, a escala analógica
visual (EAV) e a escala verbal (EV), estabelecendo a sua intensidade (SILVA;
CAMPOS, 2006).

71
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

FIGURA 35 – ESCALA VERBAL

Sem dor Leve Moderada Severa Muito severa Pior dor


possível

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-vector/tools-used-measure-pain-level-
600w-1317341438.jpg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Os profissionais podem utilizar exames, tendo como objetivo a


determinação da fonte de dor, essa análise auxilia o programa referente ao
tratamento. As estruturas que fazem parte do sistema musculoesquelético
apresentam distintos níveis quanto à sensibilidade a dor.

O periósteo é considerado uma estrutura muito sensível, entretanto, a


cápsula articular, ligamentos, tendões e os músculos não são considerados tão
sensíveis. É necessário que o profissional realize um exame para avaliar tanto a
fonte como as características da dor (SILVA; CAMPOS, 2006).

7 ESCALAS DA DOR
A escala analógica visual e a escala verbal empregam a intensidade para
estabelecer a dor, variando de zero a dez, em que zero corresponde à ausência de
dor e dez significa dor máxima.

E
IMPORTANT

A escala verbal é considerada o método mais simples e compreende a


quantificação da dor pelo paciente, devendo ser inserido no prontuário e questionado em
todas as sessões, para avaliar qual está sendo a resposta decorrente do tratamento.

72
TÓPICO 7 | DOR

Essa escala possui vantagens e desvantagens; quanto à vantagem o que


pode ser observado é o entendimento muito fácil quanto a sua utilização, visto
que o paciente não está com uma série de avaliações para serem respondidas.
Já a desvantagem está relacionada à pequena quantidade de informação que
acaba sendo registrada, visto que vários aspectos acabam não sendo avaliados,
por exemplo, os aspectos emocionais, impacto da dor sobre a vida pessoal e
profissional do paciente.

A escala analógica visual é muito empregada por meio de palavras e


números que são inseridos, fazendo a divisão do contínuo, sendo mais provável
que o paciente consiga lembrar as suas respostas anteriores, como desvantagem
pode ser observado que ela é encontrada na escala verbal.

Esta escala apresenta uma maior confiança, é importante frisar que


as escalas devem ser utilizadas em conjunto a outras formas de avaliação, por
exemplo, a localização da dor por meio de um diagrama corporal e as descrições
subjetivas quanto a sua qualidade (SILVA; CAMPOS, 2006).

8 TRATAMENTO DA DOR: AGUDA E CRÔNICA


Quanto ao tratamento da dor, existem pontos divergentes e pontos em
comum, todo tratamento deve ser ajustado de acordo com cada paciente, deve ser
adequado à dor do paciente (KISNER; COLBY, 2009).

8.1 TRATAMENTO DA DOR AGUDA


A dor aguda está presente nos pacientes que passaram por uma lesão
recente ou foram submetidos por um processo cirúrgico. Nesse caso, geralmente,
o paciente está fazendo o uso de fármacos analgésicos ao longo de um período
posterior à lesão ou à cirurgia.

Normalmente, nesses casos, a dor diminui consideravelmente ao longo


dos dias, podendo existir uma dor residual durante semanas após a lesão ou a
cirurgia, o que é esperado que uma grande parte seja diminuída e que permaneça
apenas um pequeno desconforto.

Esse tipo de dor aguda pode ser tratado por meio da combinação dos
fármacos. Aliado aos exercícios leves, além da crioterapia, o gelo é mais indicado
do que o calor. É importante que, nesse momento, o exercício atue na prevenção de
qualquer tipo de lesão nas articulações que estão próximas devido à possibilidade
de uma compensação própria de uma postura antálgica (KISNER; COLBY, 2009).

73
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

8.2 TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA


O exercício terapêutico é considerado o principal componente do
tratamento, o principal objetivo, nesse caso, é o retorno das suas funções ao
mesmo tempo que a dor está controlada. Para elaborar o plano de tratamento,
deve ser levado em consideração o estado físico atual do paciente, como todos os
problemas secundários que precisam ser prevenidos.

Todo o programa dos exercícios terapêuticos deve ter o foco na causa


da dor, bem como os problemas preventivos secundários que são observados
durante toda a reabilitação (KISNER; COLBY, 2009).

9 OBSERVAÇÕES PARA O PACIENTE


O exercício terapêutico para o tratamento da dor crônica possibilita vários
benefícios, entre eles:

• desenvolvimento da flexibilidade, mobilidade e força muscular, fatores que


auxiliam para a melhora da dor;
• inibição da condução dos impulsos de álgicos;
• melhoria quanto à qualidade do sono;
• administração quanto ao ganho de peso, decorrente da inatividade física,
levando, muitas vezes, a resultados tanto físicos como psicológicos negativos;
• prevenção quanto a alterações cardiovasculares secundárias como o aumento
da pressão arterial, concentrações aumentadas do colesterol e diabetes.
• melhoria quanto à sensação do bem-estar, além da autoestima (KISNER;
COLBY, 2009).

74
TÓPICO 7 | DOR

LEITURA COMPLEMENTAR

APLICAÇÃO DA CINESIOTERAPIA LABORAL E AVALIAÇÃO DOS SEUS


EFEITOS EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE INFORMÁTICA

Camila Amaro Corrêa

Introdução

A relação entre o trabalho e doença pode ser vista em duas direções, tais
como: “o local de trabalho”, que dependendo da maneira que está distribuído
e organizado pode favorecer a doença endêmica e, por outro lado, o próprio
“processo de trabalho”, no qual a doença, quando já instalada, prejudica o
desempenho das funções. Essas duas vias significam que independente da direção,
o trabalho pode levar a doença e consequentemente a doença pode prejudicar o
trabalho.

Os profissionais que atuam na saúde ocupacional, junto aos trabalhadores


e suas organizações, estão engajados na mudança progressiva da organização
do trabalho e de suas condições. Isso resgata o verdadeiro sentido do trabalho,
aquele em que não há sofrimento, mas sim gratificação e qualidade do serviço
para o trabalhador.

Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são


os principais responsáveis por ocasionar incapacidade laboral temporária ou
permanente. Elas são causadas pela sobrecarga do sistema musculoesquelético
somado a falta de tempo de recuperação.

Esses distúrbios são de etiologia complexa e abrangem vários fatores


físicos, organizacionais, psicossociais e sociológicos. Uma das causas são as
posturas estáticas que têm mais evidência de dor e desconforto, acometendo,
sobretudo membros superiores, região escapular, pescoço e coluna vertebral
(principalmente região lombar).

Na sociedade atual, os DORT têm apresentado aumento crescente nos


segmentos do âmbito laboral, justamente pela cobrança que os trabalhadores
recebem, ocasionadas pela pressão psicológica e desgaste físico. Dessa forma, o
trabalhador se vê envolvido em um processo complexo e dinâmico que engloba
as condições somáticas, os processos cognitivos e emocionais e as questões sociais
que se caracterizam como cargas de trabalho.

As cargas de trabalho são elementos constitutivos do processo de trabalho


que interatuam dinamicamente entre si e com o corpo do trabalhador que se traduz
em desgaste, perda da capacidade potencial e/ou efetiva do corpo e da mente
do trabalhador em adaptar-se às condições adversas encontradas no ambiente

75
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

de trabalho. A manifestação da doença pode ser mais tardia, caso as cargas


de trabalho persistam no processo de desgaste e se a reposição da capacidade
biológica e funcional do corpo do trabalhador não se refaça suficientemente no
seu período de folga.

As cargas de trabalho se subdividem em: cargas físicas, químicas,


biológicas, mecânicas, fisiológicas e psíquicas. As fisiológicas e psíquicas
possuem materialidade interna ao corpo do trabalhador, enquanto as demais
possuem materialidade externa. Essas cargas são utilizadas para designar os
riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores estão expostos, dependendo da
atividade motora material emocional que é exigida no ambiente de trabalho.
Se não forem identificas, prevenidas e/ou enfrentadas precocemente, as cargas
podem levar a alterações na saúde dos trabalhadores, no relacionamento da
equipe de trabalho e na produtividade. Portanto, o trabalhador acaba tendo um
adoecimento físico e mental.

A busca por estratégias que visam à diminuição ou atenuação dessas


queixas de presenças das cargas implica na prática de exercícios físicos, que
dentro das empresas caracterizam-se como sendo a prática de cinesioterapia
laboral (CL). Ela é considerada uma atividade que engloba como característica a
melhora das condições físicas do indivíduo. É realizada no ambiente de trabalho,
em que o sujeito desempenha suas funções profissionais sendo composta por
exercícios de fácil execução.

Para a realização de um exercício terapêutico como a cinesioterapia


laboral, incluem-se a prevenção da disfunção, assim como o desenvolvimento, a
melhora, a restauração e/ou manutenção da funcionalidade de órgãos e sistemas
de forma segmentar ou geral.

Os exercícios realizados nas sessões de cinesioterapia laboral, durante o


expediente de trabalho, agem de forma terapêutica para relaxar os músculos que
trabalham em excesso, permitindo a quebra da rotina e prevenindo prováveis
acidentes de trabalho. Quando aplicados por um profissional habilitado podem
trazer grandes benefícios à empresa como: redução dos índices de acidentes e
de doenças relacionadas ao trabalho; melhora do relacionamento interpessoal e
intrapessoal, redução dos níveis de estresse reduzindo os índices de absenteísmo.

Uma das principais queixas de trabalhadores que fazem uso da postura


sentada em frente ao computador, é a queixa álgica que pode se manifestar
principalmente em membros superiores a coluna cervical. Essa dor é uma
percepção sensorial, emocional, aversiva, desagradável, oposta ao prazer. Pode
ser considerada um sintoma, uma manifestação de doença ou ser associada à
lesão tecidual.

Com a intensidade aumentada, a sensação de dor pode variar desde uma


leve irritação, até uma dor insuportável. Dessa forma, a capacidade de trabalho e
as atividades da vida diária são prejudicadas.

76
TÓPICO 7 | DOR

A partir disso, o presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos


da aplicação de um programa de cinesioterapia laboral em trabalhadores durante
a sua jornada de trabalho.

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem


quantitativa, realizado em uma empresa do ramo de informática, na cidade de
Santa Maria – RS.

Após a autorização do representante da empresa e aprovação do


Comitê de Ética da Instituição, as coletas foram realizadas nos meses de abril
e maio de 2015.

A população do estudo foi composta pelos trabalhadores da empresa


(n=19). A pesquisa entrou em contato com todos eles, convidando-os para
participar de forma voluntária, esclarecendo os objetivos da pesquisa. Os
voluntários que aceitaram participar da pesquisa assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, através do qual declararam seu
aceite para participar do projeto. A amostra foi composta por 16 trabalhadores,
que se enquadravam nos critérios de inclusão: ambos os sexos maiores de 18 anos,
com vínculo empregatício na empresa com tempo maior ou igual há três meses
na atividade. Foram excluídos do estudo os trabalhadores que não cumprissem
com 75% de frequência no programa de cinesioterapia laboral e aqueles que não
estivessem presentes na empresa na data combinada para o início das avaliações.

Após o aceite, foram combinados as datas e os horários de avaliação do


início das sessões, para que não houvesse prejuízo e incômodo para a empresa
e para os trabalhadores. As sessões de cinesioterapia laboral foram realizadas
durante a jornada de trabalho no turno da tarde, totalizado 20 encontros, três
vezes na semana e cada sessão teve duração de 15 minutos.

Para o início das avaliações, aplicou-se uma ficha de avaliação (FA)


construída especificamente para o estudo, com base em Mendes e Lemos
contendo dados sociodemográficos, clínicos, ocupacionais e sobre a percepção
das condições do ambiente de trabalho de cada participante. Após foi aplicado
o Diagrama de Corlett (DC) para a localização da dor e escala visual analógica
de dor (EVA) de Wewers e Lowe para quantificar a intensidade. Esses três
instrumentos foram aplicados durante a jornada de trabalho. E no dia
subsequente a 20ª sessão de cinesioterapia laboral, foram reaplicados o DC e a
EVA, para comparação dos dados.

A amostra (n=16) foi dividida em dois grupos de oito componentes,


devido à impossibilidade de esses realizarem o programa de CL ao mesmo tempo.
Todos os trabalhadores realizaram 80% do protocolo de cinesioterapia laboral. O
programa das sessões foi preestabelecido pela pesquisadora e teve como protocolo
técnicas de alongamento, fortalecimento e relaxamento muscular global, além das

77
UNIDADE 1 | MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR

orientações posturais baseadas nos preceitos de Dantas e Kisner. Os exercícios


utilizados direcionados aos grupos musculares mais sobrecarregados durante a
jornada de trabalho.

As condições de realização dos exercícios foram: com a própria roupa


de trabalho ou com alguma outra roupa mais confortável; os alongamentos
envolvendo os membros superiores, membros inferiores e tronco, foram
realizados na postura em pé e sentada, mantidos por 20 segundos; exercícios
de fortalecimento foram direcionados aos membros superiores, executados em
pé, com séries de 5 repetições para grupo muscular. Utilizou-se os seguintes
materiais: garradas pet 500 ml com areia em seu interior e borrachas de garrote
para dar resistência. Todos os exercícios foram realizados com associação da
respiração diafragmática.

Os dados coletados foram armazenados e sistematizados em um banco


de dados na planilha Excel, programa Microsoft Office Professional Plus 2010. Após
foram analisados pelo teste de Shapiro-Wilk e foram apresentados em média e
desvio padrão (DP). A análise comparativa entre pré e pós foi realizada pelo teste
t pareado. Foi utilizado para análise estatística o programa BioEstat 5.0. Um valor
de p ≤ 0.05 foi aceito para significância estatística”.

FONTE: CORRÊA, C. A. Aplicação da cinesioterapia laboral e avaliação dos seus efeitos em


trabalhadores de uma empresa de informática. 2015. Monografia (Especialização em Reabilitação
Físico-Motora) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. Disponível em:
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/18857/TCCE_RFM_2015_CORREA_CAMILA.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 4 maio 2020.

78
RESUMO DO TÓPICO 7
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para conhecer de forma aprofundada a dor é necessário saber quais seus


receptores, como pode ser classificada, quais são os tipos de dores e como ela
pode ser tratada e avaliada.

• A dor é uma sensação psicossomática relacionada com os fatores culturais,


históricos, ambientais e sociais.

• Os receptores da dor estão localizados na pele e em outros tecidos formando


as terminações nervosas livres, distribuídos de forma difusa nas camadas mais
superficiais da pele e tecidos internos.

• A dor é classificada de acordo com o período de duração em aguda e crônica.

• Existem dois tipos de dores a dor referida e a dor irradiada.

• A dor pode ser avaliada através de vários dispositivos como a escala analógica
visual e a escala verbal.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

79
AUTOATIVIDADE

1 Maria é uma senhora de 65 anos e está com uma dor crônica a mais de um
ano, a dor é classificada em dois tipos: aguda e crônica. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta o que significa a dor crônica:

a) ( ) É a dor que continua mesmo após a retirada do estímulo nocivo.


b) ( ) É a dor que permanece posterior ao estímulo proprioceptivo.
c) ( ) Decorrente de lesões teciduais que podem ser microtraumáticas.
d) ( ) É a dor que é interrompida após um estímulo nocivo.

2 Valdir é um fisioterapeuta que terminou a sua especialização em dor, há um


mês. Existem vários dispositivos que auxiliam o terapeuta na determinação
e na monitorização da dor que o paciente apresenta. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta a variação da escala analógica visual:

a) ( ) 0 a 5.
b) ( ) 0 a 100.
c) ( ) 0 a 10.
d) ( ) 0 a 20.

3 Existem dois tipos de dores, a dor referida e a dor irradiada. Assinale a


alternativa CORRETA que apresenta o que é a dor irradiada:

a) ( ) Envolvimento do músculo ou da raiz nervosa espinhal.


b) ( ) Envolvimento do nervo ou da raiz nervosa espinhal.
c) ( ) Envolvimento da articulação ou da raiz nervosa espinhal.
d) ( ) Envolvimento do osso ou da raiz nervosa espinhal.

80
UNIDADE 2

CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS


TECIDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• estudar, em detalhes, a cadeia cinética nos membros inferiores;

• estudar, em detalhes, a cadeia cinética nos membros superiores;

• identificar as técnicas de treinamento resistido;

• avaliar as lesões do tecido muscular;

• estudar as lesões do tecido tendinoso;

• avaliar as lesões do tecido nervoso;

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em seis tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

TÓPICO 2 – CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR

TÓPICO 3 – TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO

TÓPICO 4 – LESÕES DO TECIDO MUSCULAR

TÓPICO 5 – LESÕES DO TECIDO TENDINOSO

TÓPICO 6 – LESÕES DO TECIDO NERVOSO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 1

CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

1 INTRODUÇÃO
Os termos “cadeia cinética aberta” e “cadeia cinética fechada” vêm sendo
muito usados nos últimos 15 anos pela comunidade da reabilitação. Neste período,
muitas pesquisas têm sido realizadas sobre o tema, a maioria envolvendo os
exercícios para membros inferiores na reabilitação do ligamento cruzado anterior
(LCA).

Neste tópico, estudaremos, em detalhes, a cadeia cinética no membro


inferior através do estudo da importância da cadeia cinética; ações musculares na
cadeia cinética; particularidades dos exercícios em cadeia cinética fechada e em
cadeia cinética aberta; utilização dos exercícios em cadeia cinética; cocontração dos
músculos; recuperação do controle neuromuscular; confrontos da biomecânica
nas atividades em cadeia cinética (articulação do pé e tornozelo, articulação do
joelho e articulação femoropatelar); e tratamento das lesões através dos exercícios
em cadeia cinética fechada (bicicleta ergométrica, leg press, miniagachamento e
deslizamento, step lateral, pranchas de equilíbrio e minicama elástica e simulador
de escadas).

Bons estudos!

2 IMPORTÂNCIA DA CADEIA CINÉTICA


Existem dois tipos de exercícios em cadeia cinética. São eles: exercícios em
cadeia cinética fechada e exercícios em cadeia cinética aberta.

FIGURA 1 – EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA

Exercícios em cadeia cinética fechada

Exercícios em cadeia cinética aberta

FONTE: O autor

83
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

O exercício em cadeia cinética fechada não está só relacionado às atividades


de sustentação do peso corporal, entretanto, todos os exercícios existentes de
sustentação do peso corporal estão envolvidos com as funções relacionadas à
cadeia cinética fechada (KISNER; COLBY, 2009).

2.1 AÇÕES MUSCULARES EM CADEIA CINÉTICA


A atividade muscular que existe durante todas as condutas em cadeia
cinética aberta, geralmente, são contrárias no decorrer das atividades realizadas
em cadeia cinética fechada. Ao longo do exercício em cadeia cinética aberta, a
origem é sempre fixa, enquanto a contração muscular executa um movimento na
sua inserção (VOIGHT et al., 2014). Entretanto, o movimento em cadeia cinética
fechada, a inserção é fixa, sendo que o músculo atua movendo a origem.

Essa discordância é fundamental com relação ao aspecto biomecânico,


devendo avaliar também o aspecto fisiológico do músculo ao se alongar, encurtar
ou manter o mesmo comprimento, para que não ocorra uma grande diferença
em relação à origem ou inserção quando um determinado músculo está em
movimento (KISNER; COLBY, 2009).

O conceito de deslocamento simultâneo é empregado nos músculos


biarticulares que apresentam atividades musculares diversas, dentro da cadeia
cinética, ao longo de todas as atividades de sustentação do peso corporal.

Para ficar mais clara a questão com relação à cadeia cinética fechada, imagine
um movimento de extensão do quadril e do joelho ocorrendo simultaneamente,
quando um determinado indivíduo se levanta da posição sentada (VOIGHT et
al., 2014). Para a composição do movimento, o músculo reto femoral é encurtado,
envolvendo todo o joelho e o quadril, ao se alongar. Enquanto que os músculos
isquiotibias, são encurtados na região do quadril e alongados de maneira
simultânea ao redor do joelho (KISNER; COLBY, 2009).

Tanto as contrações concêntricas e as excêntricas, em decorrência das


extremidades contrárias dos músculos, produzem um deslocamento simultâneo,
esse tipo de contração acontece durante a realização das atividades funcionais
como: caminhadas; subir escadas; pular (VOIGHT et al., 2014).

84
TÓPICO 1 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

2.2 PARTICULARIDADES DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA


CINÉTICA FECHADA
As principais particularidades ou características especificadas, a seguir,
estão envolvidas durante todas as atividades em que ocorre uma descarga do
peso corporal. As principais particularidades dos exercícios na cadeia cinética
fechada são:

• elevação da congruência articular e da estabilidade;


• elevação das forças articulares compressivas;
• elevação das forças de resistência;
• estabilidade dinâmica reforçada;
• estimulação dos proprioceptores;
• redução da força de cisalhamento;
• redução das forças de aceleração (KISNER; COLBY, 2009).

2.3 PARTICULARIDADES DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA


CINÉTICA ABERTA
Para Voight et al. (2014), as principais particularidades dos exercícios em
cadeia cinética aberta são:

• elevação da deformação dos mecanorreceptores articulares;


• elevação da deformação dos mecanorreceptores musculares;
• elevação das forças de aceleração;
• elevação das forças de rotação;
• elevação das forças de tração;
• forças de aceleração concêntrica;
• forças de desaceleração excêntrica;
• promoção da atividade funcional;
• redução das forças de resistência.

Todos esses pontos estão relacionados às atividades realizadas sem a


descarga do peso corporal.

2.4 UTILIZAÇÃO DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA


Existem várias vantagens e desvantagens com relação aos exercícios
em cadeia cinética aberta e fechada, durante todo o programa de reabilitação.
A opção deve estar sempre voltada ao propósito buscado durante o tratamento
(KISNER; COLBY, 2009).

85
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Por meio de um aspecto biomecânico, podem ser avaliados todos os


exercícios executados na cadeia cinética fechada, sendo considerados como os
mais estáveis, ocasionando menos tensões e forças, levando menos ameaças aos
sistemas que estão envolvidos, durante todo o processo de recuperação, do que
aos exercícios que são executados através da cadeia cinética aberta (VOIGHT et
al., 2014).

2.5 COCONTRAÇÃO DOS MÚSCULOS


A cocontração ou a coativação dos músculos agonistas e antagonistas deve
ocorrer ao longo de todos os movimentos que são considerados como normais,
levando a uma estabilização articular. A execução da cocontração, ao longo
dos exercícios em cadeia cinética fechada, diminui as forças de cisalhamento,
atuando na articulação, protegendo todos os sistemas que estão fazendo parte do
processo de cicatrização dos tecidos moles que poderiam estar alterados ao longo
da execução dos exercícios em cadeia cinética aberta (VOIGHT et al., 2014).

E
IMPORTANT

O cisalhamento é um evento em que existe uma modificação em uma região


do corpo humano, decorrente de forças que estão provocando um deslocamento em
vários planos.

O movimento de rolamento do peso corporal aumenta as forças,


apertando as articulações, levando a uma maior estabilidade da articulação
(VOIGHT et al., 2014).

Os exercícios em cadeia cinética fechada são apontados como os mais


funcionais, considerados os mais fisiológicos, principalmente, em relação aos
membros inferiores do que aos exercícios em cadeia cinética aberta (KISNER;
COLBY, 2009). A maioria das atividades executadas diariamente estão envolvidas
com a cadeia cinética fechada, conforme Figura 2.

86
TÓPICO 1 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

FIGURA 2 ­– ATIVIDADES REALIZADAS DIARIAMENTE

Caminhada

Levantamento para a posição em pé

Maioria de todas as atividades esportivas

FONTE: O autor

Devido ao pé estar em contato direto com o chão, as atividades que


empregam o sistema fechado são consideradas como as mais funcionais. Em
função dessas informações, fica evidente que as atividades realizadas em cadeia
cinética fechada são apontadas como as mais específicas, estando relacionadas
diretamente aos movimentos mais próximos das atividades envolvidas ao longo
do tratamento (KISNER; COLBY, 2009).

Na clínica é fundamental que a especificidade do treinamento seja sempre


levada em consideração, para que se possa potencializar a transição para as
atividades que são consideradas como mais funcionais.

Durante os exercícios em cadeia cinética aberta, geralmente, o movimento


existe em apenas uma articulação, esses movimentos, em cadeia cinética aberta,
estão relacionados à melhora da força ou da amplitude.

Todos esses movimentos podem ser realizados por meio da utilização


da facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) ou através das técnicas de
mobilização articular ou, ainda, por meio de uma resistência externa, sendo
realizada através da utilização de vários equipamentos (VOIGHT et al., 2014).
Geralmente, os exercícios de forma isolada empregam a contração de um
único músculo ou de um grupo de músculos, realizando um movimento em um
único plano e, ocasionalmente, em vários planos (KISNER; COLBY, 2009).

Frequentemente, o exercício isocinético é executado por meio da cadeia


cinética aberta, proporcionando uma informação fundamental com relação à
capacidade de produção do torque de uma articulação isolada (VOIGHT et al.,
2014).

Na existência de uma disfunção que esteja associada a uma lesão, não


existe um determinado padrão de movimento presente ao longo da atividade na
cadeia cinética fechada, em função da existência de alguns envolvimentos que
prejudicam os movimentos, entre eles:

87
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

• alteração na amplitude de movimento;


• dor;
• edema;
• fraqueza muscular.

Nessas situações, existem algumas compensações dos movimentos que


alteram tanto a mobilidade normal como a atividade muscular (VOIGHT et al.,
2014).

Nos tratamentos em que são empregados só os exercícios em cadeia


cinética fechada, as articulações proximal e distal apresentam um certo déficit,
apesar disso, se não forem empregados os exercícios em cadeia cinética aberta,
existirá o isolamento dos movimentos articulares específicos, o déficit não é o
real, dificultando, nesse caso, todo o processo da reabilitação (KISNER; COLBY,
2009). O profissional deve utilizar sempre os exercícios que forem considerados
como os mais adequados para cada situação em específico.

Os exercícios em cadeia cinética fechada utilizam várias combinações


através das contrações isométricas, concêntricas e excêntricas, que acontecem,
ao mesmo tempo, em vários grupos musculares, provocando um movimento
multiplanar em cada uma das articulações dentro da cadeia cinética (VOIGHT
et al., 2014). As atividades em cadeia cinética fechada precisam de uma certa
harmonização entre todas as ações musculares agonistas e antagonistas (KISNER;
COLBY, 2009).

2.6 RECUPERAÇÃO DO CONTROLE NEUROMUSCULAR


Os exercícios em cadeia cinética fechada são apropriados para a
recuperação do controle neuromuscular, em que a propriocepção é fundamental
para o controle neuromuscular de todos os segmentos corporais dentro da cadeia
cinética (KISNER; COLBY, 2009).

Para a realização de uma certa habilidade motora, ocorrem forças


musculares que existem no momento e na magnitude correta, operando ao
movimento das partes corporais de uma forma bastante coordenada. Todo o
movimento estruturado de forma leve necessita de uma integração do receptor de
maneira frequente, experiência e a direção do centro desta informação (VOIGHT
et al., 2014).

Para o membro inferior, a atividade funcional para a sustentação do peso


exige que os músculos e as articulações atuem sempre em sincronia, de acordo uns
com os outros. Conforme Voight et al. (2014), para um único passo são necessárias
contrações musculares concêntricas, excêntricas e isométricas para a execução da:

88
TÓPICO 1 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

• dorsifexão e flexão plantar do tornozelo;


• extensão do joelho;
• extensão do quadril;
• flexão do joelho;
• flexão do quadril;
• rotação do joelho;
• rotação do quadril;
• supinação e pronação no pé.

Na falta de um movimento normal secundário, a lesão em uma articulação


modifica a forma com que a outra articulação ou o segmento está se movendo
(KISNER; COLBY, 2009). Portanto, para realizar um único passo de maneira
coordenada é preciso que todos os músculos e as articulações estejam atuando de
forma sincrônica, sendo sempre mais indicados os exercícios que trabalham de
maneira a reunir, ao invés de isolar os músculos.

Os exercícios em cadeia cinética fechada que ocasionam os movimentos


dos músculos do pé, do tornozelo, do joelho e do quadril de uma maneira
que aparenta um carregamento normal e as forças de movimento em todas as
articulações dentro da cadeia cinética, são semelhantes à mecânica funcional e
são apontados como os mais importantes (VOIGHT et al., 2014).

Normalmente, os exercícios em cadeia cinética aberta são executados,


inicialmente, para o desenvolvimento da força muscular, sendo que, muitas
vezes, não é levado em consideração os exercícios que desencadeiem a
propriocepção e a percepção em relação ao posicionamento da articulação
(KISNER; COLBY, 2009).

Os movimentos em cadeia cinética fechada auxiliam na adesão da


experiência proprioceptiva por meio da utilização funcional de movimento
multiarticular e multiplanar, ocasionado nos locais, sinalizados na Figura 3.

FIGURA 3 – MECANORRECEPTORES

Corpúsculos
Corpúsculos Terminações
de Golgi
de Pacini de Ruffini
Mazzoni

Órgãos Terminações
tendinosos de ligamentares
Golgi de Golgi

FONTE: O autor

89
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

2.7 CONFRONTOS DA BIOMECÂNICA NAS ATIVIDADES


EM CADEIA CINÉTICA
Os efeitos biomecânicos dos exercícios em cadeia cinética aberta e na
cadeia cinética fechada são muito diferentes nas articulações do membro inferior
(KISNER; COLBY, 2009). A marcha exige um movimento articular de forma mais
coordenada e uma série complexa de ativações musculares ao longo de todo o
processo.

Existem várias alterações que ocorrem em cada uma das articulações do


membro inferior, durante o movimento normal de marcha, entre elas:

• aceleração e desaceleração;
• biomecânica a absorção do impacto;
• estabilização do pé;
• estabilização articular;
• flexibilidade do pé;
• movimento multiplanar.

É primordial que todo o profissional apresente um certo conhecimento com


relação aos fenômenos biomecânicos que ocorrem durante as atividades em cadeia
cinética aberta e fechada, sendo essencial para todos os profissionais que estão
envolvidos, principalmente, os pacientes e os atletas (KISNER; COLBY, 2009).

2.7.1 Articulação do pé e tornozelo


A função do pé, ao longo da fase de suporte para a sustentação do peso
corporal na marcha, é sempre dupla. O calcanhar está envolvido na absorção
do choque para o impacto de todas as forças de reação do chão, estimulando a
adaptação para todas as superfícies irregulares (KISNER; COLBY, 2009). Após
empurrar o pé, ele age como uma alavanca firme, transferindo a força explosiva
do membro inferior para o chão.

Conforme o pé sustenta o peso corporal no calcanhar, é empregado


uma cadeia cinética fechada, a articulação talocalcânea se movimenta para uma
posição pronada, onde o tálus realiza uma adução, o plantar se flexiona e o
calcâneo realiza a eversão. A pronação do pé libera a articulação mediotarsal e
permite que ele auxilie na absorção do choque (VOIGHT et al., 2014).

É primordial que durante o toque inicial sejam reduzidas as forças de


reação do solo, existindo a distribuição da carga de maneira igual sobre as várias
estruturas anatômicas através da cadeia cinética do membro inferior. Ao acontecer
a pronação na articulação talocalcânea, ocorre uma rotação medial exigida pela tíbia
e uma leve flexão do joelho (VOIGHT et al., 2014). Os dorsiflexores são contraídos
de forma excêntrica, existindo, assim, uma desaceleração da flexão plantar.

90
TÓPICO 1 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

Na cadeia cinética aberta, quando o pé está na posição pronada, o tálus


fica parado, nesse momento, o pé está em eversão, adução e em dorsiflexão, entre
todos os músculos que estão em atuação, os músculos encarregados pela eversão
são os mais ativos. O pé acaba modificando a atuação de ser um absorvedor do
choque para constituir o sistema duro de alavanca, ao começar o distancioamento
do chão (KISNER; COLBY, 2009).

Na manipulação do peso em uma cadeia cinética fechada, a supinação


representa o tálus, atuando na abdução e a dorsiflexão sobre o calcâneo, porém o
calcâneo inverte sobre o tálus. A tíbia gira externamente produzindo a extensão
do joelho, já na supinação, os flexores plantares promovem a estabilização do pé,
realizando a desaceleração da tíbia e a flexão do joelho (VOIGHT et al., 2014).

Na cadeia cinética aberta, a supinação está relacionada ao calcâneo, agindo


conforme o tálus executa a adução a e flexão plantar. O pé se movimenta em
adução, flexão plantar e ao redor do tálux estabilizado (KISNER; COLBY, 2009).

2.7.2 Articulação do joelho


É essencial que o profissional saiba quais são as forças que estão presentes
ao redor da articulação do joelho. Com relação à biomecânica no membro inferior,
existem duas forças que são apontadas como críticas para a articulação do joelho,
conforme Figura 4, a seguir.

FIGURA 4 – FORÇAS CRÍTICAS PARA A ARTICULAÇÃO DO JOELHO

Força de cisalhamento

Força de compressão

FONTE: O autor

A força de cisalhamento ocorre em um direção posterior, podendo


provocar que a tíbia realize a translação anteriormente, caso não esteja presa
através das restrições dos tecidos moles, principalmente o ligamento cruzado
posterior (KISNER; COLBY, 2009). Já a força de compressão é coordenada ao
longo do eixo longitudinal da tíbia.

91
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Os exercícios de descarga de peso aumentam a compressão articular,


ocasionando um aumento da estabilidade articular. No exercício em cadeia
cinética aberta com a articulação do joelho na posição sentada, conforme a força
resistiva é aplicada na tíbia distalmente, tanto as forças de cisalhamento como a
de compressão são maximizadas (KISNER; COLBY, 2009).

Quando uma força de resistência é aplicada de forma mais próxima, a


força de cisalhamento diminui consideravelmente, como, também, a força de
compressão. Quando a força de resistência é mantida em uma única direção
mais axial, a força de cisalhamento é reduzida. Se uma cocontração dos músculos
isquiotibiais ocorrer, a força de cisalhamento é também diminuída (VOIGHT et
al., 2014).

Os exercícios em cadeia cinética fechada promovem a contração dos


músculos isquiotibias em função de criar um momento de flexão tanto no quadril
como no joelho. O momento corresponde ao produto da força e da distância do
eixo de rotação, também está relacionado ao torque, apresentando o efeito de
rotação, gerando uma força que é executada no corpo que está articulado sobre
um ponto fixo (KISNER; COLBY, 2009).

A cocontração dos músculos isquiotibiais auxilia no combate quanto à


disposição do músculo quadríceps femoral, para estimular a translação anterior
da tíbia (VOIGHT et al., 2014). A realização da cocontração dos músculos
isquiotibiais é a mais ideal para a diminuição da força de cisalhamento, visto que
a força de resistência é administrada em uma orientação axial parcialmente para
a tíbia, como no movimento de rolamento do peso corporal. Os dados mostram
que a cocontração é fundamental para promover a estabilização da articulação do
joelho e para diminuir as forças de cisalhamento (KISNER; COLBY, 2009).

O estresse nos músculos isquiotibiais é otimizado por meio de uma


pequena flexão anterior do tronco, essa flexão estimula o centro de gravidade
de forma anterior, reduzindo o momento da flexão no joelho, além da força de
cisalhamento do joelho e das forças de compressão femoropatelares (KISNER;
COLBY, 2009).

Os exercícios em cadeia cinética fechada diminuem o momento de flexão


no joelho, enquanto isso, aumentam a elevação do momento na flexão do quadril
(VOIGHT et al., 2014). O momento de flexão é utilizado no tornozelo quando a
força resistiva é utilizada na parte inferior do pé.

O músculo sóleo estabiliza a flexão do tornozelo e provoca um momento


de extensão do joelho que, mais uma vez, ajuda na neutralização da força de
cisalhamento anterior. Toda a cadeia cinética do membro inferior é incentivada
através da aplicação de uma força axial no segmento distal (KISNER; COLBY,
2009).

92
TÓPICO 1 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

O exercício em cadeia cinética aberta emprega as extensões da perna na


posição sentada, a força de resistência realiza na tíbia distalmente, provocando
um movimento de flexão no joelho (KISNER; COLBY, 2009).

As forças de cisalhamento provocadas pela flexão do joelho em cadeia


cinética aberta isométrica e extensão em 30° a 60° de flexão do joelho são superiores
do que esses com exercícios em cadeia cinética fechada. Também foi observado
um deslocamento anterior da tíbia ao longo da flexão do joelho em 30°, em cadeia
cinética fechada isométrica, quando avaliado por meio da artometria do joelho
(VOIGHT et al., 2014).

2.7.3 Articulação femoropatelar


Deve ser dada atenção à articulação femoropatelar quanto aos exercícios
em cadeia cinética aberta versus os exercícios em cadeia cinética fechada (KISNER;
COLBY, 2009). Para o exercício de extensão do joelho em cadeia cinética aberta,
o momento da flexão aumenta quando o joelho é estendido a 90° da flexão em
direção à extensão total, aumentando a tensão no músculo quadríceps femoral e
no tendão patelar.

As forças de reação da articulação femoropatelar estão aumentadas,


sendo que o pico da força ocorre em 36° de flexão da articulação (VOIGHT et
al., 2014). Conforme o joelho se desloca para a extensão total, a área do toque
femoropatelar diminui, gerando um aumento no estresse de contato por unidade
de área (KISNER; COLBY, 2009).

No exercício em cadeia cinética fechada, o momento da flexão aumenta


de acordo com a flexão do joelho, produzindo, novamente, o aumento da tensão
no músculo quadríceps femoral e no tendão patelar, acarretando um aumento
das forças de reação na articulação femoropatela. No entanto, a patela possui
uma área de contato bem maior que a superfície do fêmur, diminuindo, assim, a
tensão do contato (VOIGHT et al., 2014).

Os exercícios em cadeia cinética fechada são mais indicados para a


articulação femoropatelar em função da tensão do contato estar diminuída.

2.8 TRATAMENTO DAS LESÕES ATRAVÉS DOS EXERCÍCIOS


EM CADEIA CINÉTICA FECHADA
Até recentemente, os exercícios realizados eram os de cadeia cinética
aberta, tendo como propósito o aumento da força no membro inferior (VOIGHT
et al., 2014). Hoje em dia os exercícios realizados são os de cadeia cinética fechada
devido a um maior entendimento da cinesiologia e da biomecânica, aliado aos
fatores de controle neuromuscular envolvidos com a reabilitação das lesões dos
membros inferiores (KISNER; COLBY, 2009).
93
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Para Kisner e Colby (2009), existe uma grande diversidade quanto aos
exercícios de cadeia cinética fechada, empregados nos programas de tratamento,
sendo que os mais utilizados são:

• bicicleta ergométrica;
• extensão do joelho através da utilização de tubos elásticos;
• leg press;
• miniagachamento e deslizamento na parede;
• steps laterais;
• pranchas de deslizamento;
• simulador de escadas;
• sistema de plataforma biomêcanica do tornozelo.

Abordaremos, a seguir, em detalhes, alguns exemplos desses exercícios


de cadeia cinética fechada.

2.8.1 Bicicleta ergométrica


A bicicleta ergométrica é apontada como um importante equipamento
para a realização dos exercícios em cadeia cinética fechada. A grande eficácia
dessa prática quando comparada aos outros tipos de exercícios, em cadeia cinética
fechada, está envolvida com a quantidade de força para a manutenção do peso
corporal, executado pelo membro inferior lesionado, que, de certa forma, está
adequado dentro das limitações do paciente (VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 5 – BICICLETA ERGOMÉTRICA

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-vector/man-training-on-exercise-bike-
600w-619452194.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

94
TÓPICO 1 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

A altura do banco na bicicleta ergométrica, deve estar ajustada de forma


adequada, para diminuir o momento de flexão do joelho quanto ao movimento
de descida. Mesmo assim, a bicicleta ergométrica é muito utilizada para o
restabelecimento da amplitude de movimento na flexão (VOIGHT et al., 2014).
A altura do banco deve ser alterada para uma posição mais baixa, utilizando o
movimento passivo do membro lesionado.

2.8.2 Leg press


O leg press emprega a cadeia cinética e proporciona a estabilidade,
motivando a diminuição da pressão sobre a região lombar, permitindo os
exercícios com uma menor resistência do que o peso corporal e a capacidade para
realizar os exercícios das pernas de forma individual (VOIGHT et al., 2014).

É recomendado que os exercícios de leg press sejam realizados com uma


variação de 0° a 60° de flexão do joelho. Os aparelhos de leg press permitem
a existência da extensão completa do quadril para utilizar ao máximo a cadeia
cinética (KISNER; COLBY, 2009). A extensão completa do quadril só é alcançada
na posição sentada, nesse caso, a flexão e a extensão completa do quadril e do
joelho ocorrem proporcionando uma mudança de forma simultânea, permitindo
um recrutamento de uma melhor forma dos músculos isquiotibiais.

FIGURA 6 – LEG PRESS

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/man-working-out-gym-
600w-120664522.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

95
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

2.8.3 Miniagachamento e deslizamento


O miniagachamento e o deslizamento na parede estão envolvidos com as
extensões do quadril e do joelho, realizados através de uma variação de 0º a 40°
(KISNER; COLBY, 2009).

O quadril, ao produzir a extensão do músculo reto femoral, é contraído


de forma excêntrica, sendo que os músculos isquiotibiais são contraídos de
forma concêntrica, de maneira simultânea. O joelho, ao produzir a extensão dos
músculos isquiotibias, são contraídos excentricamente, já o músculo reto femoral
é contraído de forma concêntrica.

Tanto as contrações excêntricas como as contrações concêntricas ocorrem


de forma concomitante nas duas extremidades, em ambos os músculos, gerando
uma contração concorrente (VOIGHT et al., 2014).

Essa forma de contração é essencial ao longo de todas as atividades


de sustentação do peso corporal, atingido em todos os exercícios executados
por meio da cadeia cinética fechada (KISNER; COLBY, 2009). As contrações
concorrentes reduzem o momento de flexão do joelho. A contração do tipo
excêntrica dos músculos isquiotibias ajudam na neutralização dos efeitos da
contração concêntrica do músculo quadríceps femoral na produção da translação
anterior da tíbia.

O meio agachamento produz um menor cisalhamento anterior do joelho


do que um exercício em cadeia cinética aberta em total extensão (VOIGHT et al.,
2014). O agachamento completo aumenta, de forma acentuada, o momento de
flexão no joelho, aumentando o cisalhamento anterior da tíbia.

A flexão leve do tronco, no sentido anterior, eleva o movimento da


flexão do quadril e reduz o movimento do joelho. Os avanços são utilizados nos
programas de reabilitação, tendo como principal proposta ser utilizada para o
fortalecimento excêntrico do músculo quadríceps femoral, atuando como um
desacelerador (KISNER; COLBY, 2009). O miniagachamento e o deslizamento na
parede também auxiliam na cocontração dos músculos isquiotibiais.

2.8.4 Step lateral


O step lateral para frente e para trás são exercícios de cadeia cinética
fechada muito utilizados, sendo que o step lateral é mais empregado durante o
tratamento do que o step para frente.

A altura dos degraus é determinada em função da capacidade dos


pacientes, normalmente são utilizados a altura de 20 cm, visto que as alturas mais
elevadas causam um movimento de flexão mais longo no joelho, elevando a força
de cisalhamento anterior e deixando a cocontração dos isquiotibiais mais difícil
(KISNER; COLBY, 2009).

96
TÓPICO 1 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

O step lateral produz uma força de cisalhamento muscular e articular


elevada, comparada ao exercício de step para frente. O profissional precisa
tomar cuidado quanto à utilização do step lateral nas situações em que existe a
necessidade de uma redução das forças de cisalhamento anterior. As contrações
dos músculos isquitibiais possuem uma intensidade não suficiente para
neutralizar a força de cisalhamento produzida pelo músculo quadríceps femoral
(KISNER; COLBY, 2009).

FIGURA 7 – STEP LATERAL

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/step-by-instructions-box-jumps-
600w-369129968.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

2.8.5 Pranchas de equilíbrio e minicama elástica


A prancha de equilíbrio e a minicama elástica fornecem uma base
de suporte não estável, possibilitando a reconstituição da propriocepção e a
percepção quanto ao posicionamento articular além do seu fortalecimento.

O trabalho na prancha de equilíbrio possibilita que o profissional execute


um estresse no membro inferior de uma forma continuada e controlada, permitindo
que o paciente trabalhe de forma concomitante tanto para o fortalecimento como
para a amplitude do movimento, buscando recuperar o controle neuromuscular
e o equilíbrio (VOIGHT et al., 2014).

A minicama elástica é empregada como principal proposta à execução das


mesmas atividades, porém deve ser mais empregada nos casos de treinamento
pliométrico, uma vez que é uma atividade mais avançada.

97
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

FIGURA 8 – MINICAMA ELÁSTICA

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/jumping-on-elastic-trampolinethis-
exercise-600w-1111083821.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

2.8.6 Simulador de escadas


Os simuladores de escadas são considerados um importante modelo aos
exercícios em cadeia cinética fechada para os programas de tratamento, sendo
muito utilizado para o trabalho quando o objetivo é a melhoria da resistência
cardiorespiratória. Existem dois equipamentos básicos, entre eles:

• O que apresenta uma série de passos de rotação muito semelhante a uma


escada rolante.
• O que utiliza duas placas, uma em cada pé, que se movimenta para cima ou para
baixo, retratando um simulador para o movimento de pisada, esse equipamento é,
geralmente, chamado de stepping, cujo o pé sempre fica na placa, promovendo um
exercício de cadeia cinética fechada (VOIGHT et al., 2014).

Durante o exercício no simulador de escadas, o corpo humano precisa


estar ereto com uma leve flexão do tronco, potencializando o recrutamento dos
músculos isquiotibiais por meio de várias alterações simultâneas das contrações,
aumentando o movimento de flexão do quadril e a diminuição do movimento de
flexão do joelho (KISNER; COLBY, 2009).

98
TÓPICO 1 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

FIGURA 9 – SIMULADORES DE ESCADAS

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/portrait-athlete-during-training-
confident-600w-229949227.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

99
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O estudo da cadeia cinética no membro inferior é fundamental para o tratamento


dos pacientes.

• Existem diferentes particularidades entre os exercícios em cadeia cinética


fechada e em cadeia cinética aberta.

• O trabalho de cocontração dos músculos e a recuperação do controle


neuromuscular são fundamentais.

• A bicicleta ergométrica; o leg press; o miniagachamento e o deslizamento; o


step lateral; as pranchas de equilíbrio e a minicama elástica; e o simulador
de escadas, são os equipamentos para o tratamento das lesões através dos
exercícios em cadeia cinética fechada.

100
AUTOATIVIDADE

1 A cocontração ou a coativação dos músculos agonistas e antagonistas deve


ocorrer ao longo de todos os movimentos considerados como normais,
levando a uma estabilização articular. Assinale a alternativa que apresenta
o que a cocontração durante os exercícios em cadeia cinética fechada
provoca:

a) ( ) Aumento ou redução das forças de cisalhamento, agindo na articulação.


b) ( ) Redução das forças de cisalhamento, agindo na articulação e no músculo.
c) ( ) Aumento das forças de cisalhamento, agindo na articulação.
d) ( ) Redução das forças de cisalhamento, agindo na articulação.

2 A atividade muscular que existe durante todas as condutas em cadeia


cinética aberta, geralmente, são contrárias no decorrer das atividades
realizadas em cadeia cinética fechada. Ao longo do exercício em cadeia
cinética aberta, a origem é sempre fixa, enquanto a contração muscular
executa um movimento na sua inserção. Entretanto, como é a origem
durante o exercício em cadeia cinética fechada, sendo que o músculo atua
movendo a origem?

a) ( ) Fixa.
b) ( ) Móvel.
c) ( ) Fixa e móvel.
d) ( ) Contração muscular.
e) ( ) Variável.

3 Os exercícios em cadeia cinética fechada estão envolvidos com as atividades


que estão presentes a descarga do peso corporal. Sobre as principais
características dos exercícios em cadeia cinética fechada, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Diminuição das forças articulares compressivas.


( ) Elevação da congruência articular e da estabilidade.
( ) Diminuição da força de cisalhamento.
( ) Aumento das forças de aceleração.
( ) Estimulação dos proprioceptores.

a) ( ) F – V – V – F – V.
b) ( ) V – V – V – F – V.
c) ( ) V – V – V – V – F.
d) ( ) F – V – V – V – V.

101
102
UNIDADE 2 TÓPICO 2

CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos, em detalhes, a importância e a aplicação da
biomecânica nas atividades em cadeia cinética no membro superior.

Para que você compreenda a importância da utilização dos exercícios


em cadeia cinética no membro superior, é fundamental que seja estudado
separadamente as articulações do ombro e do cotovelo, além da reabilitação de
lesões do membro superior.

Aprenderemos, também, como deve ser realizada a transferência do peso


(push-ups, push ups com um plus, press ups step e prancha de deslizamento).

Vamos lá?

2 BIOMECÂNICA NAS ATIVIDADES EM CADEIA CINÉTICA


NO MEMBRO SUPERIOR
Faremos uma comparação entre as atividades que são realizadas em
cadeia cinética aberta versus as atividades que são executadas em cadeia cinética
fechada, todas as atividades são movimentos dinâmicos (KISNER; COLBY, 2009).

Em todos os movimentos, os segmentos proximais da cadeia cinética


são utilizados para a estabilização, enquanto que os segmentos distais possuem
um maior grau de mobilidade. Os exercícios físicos executados na barra fixa e
suporte de mão, são considerados excelentes exemplos para as atividades de
cadeia cinética fechada no membro superior (VOIGHT et al., 2014).

Nesses eventos, a mão fica estabilizada e as contrações musculares em


volta dos segmentos ficam mais proximais, como o cotovelo e o ombro, atuando
para a realização do levantamento e do abaixamento do corpo. A natação também
é uma atividade que engloba as rápidas continuações dos movimentos em cadeia
cinética fechada e aberta, é considerada muito semelhante ao que ocorre com a
corrida no membro inferior (KISNER; COLBY, 2009).

103
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

A maioria dos exercícios para a reabilitação são utilizados, principalmente,


para os programas de fortalecimento e para a melhoria do controle neuromuscular
dos músculos que atuam para a estabilização do membro superior (VOIGHT et
al., 2014). Os estabilizadores da escápula e dos músculos do manguito rotador
agem de forma ocasional no controle dos movimentos do ombro.

É primordial a relação da força e do controle neuromuscular para esses


grupos musculares, permitindo a distribuição de uma base mais estável para os
movimentos mais móveis e dinâmicos, presentes nos segmentos distais (KISNER;
COLBY, 2009).

NOTA

O corpo humano não atua nos segmentos de forma isolada, mas como uma
unidade dinâmica, os programas de reabilitação mais atuais envolvem a realização de
exercícios em cadeia cinética fechada, através dos exercícios de estabilização do core e
através dos programas mais funcionais.

Os profissionais precisam estar atentos quanto à importância da


abordagem da necessidade de utilização das pernas e do tronco, para auxiliar
na participação do membro superior, englobando uma rotina de exercícios
terapêuticos que envolvam a cadeia cinética.

2.1 ARTICULAÇÃO DO OMBRO


Todas as atividades envolvidas com a sustentação do peso corporal em
cadeia cinética fechada são utilizadas para a estimulação e reforço da estabilidade
articular dinâmica. Em grande parte dos casos, os exercícios em cadeia cinética
fechada são utlizados através da utilização da mão fixa, ou seja, sem a existência
de um movimento (VOIGHT et al., 2014).

A resistência é empregada tanto axial como rotacional, os exercícios


provocam uma compressão, além da aproximação articular que age para a
melhoria da cocontração muscular em volta da articulação, produzindo uma
estabilidade dinâmica (KISNER; COLBY, 2009).

Existem algumas forças fundamentais que precisam ser resgatadas em


volta da articulação glenoumeral, sendo elas, a parte clavicular do músculo
deltóide em associação ao músculo infra-espinal; o músculo redondo menor no
plano frontal; o músculo subescapular compensado pelo músculo infra-espinal; e
pelo músculo redondo menor no plano transversal.

104
TÓPICO 2 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR

Os músculos opostos atuam na estabilização da articulação glenoumeral


por meio da compressão da cabeça do úmero no interior da cavidade glenoidal
por meio da cocontração muscular. Já os músculos escapulares atuam na
realização do posicionamento de uma forma dinâmica da cavidade glenoidal,
com relação ao posicionamento do úmero, que se desprega produzindo um ritmo
de movimento escapuloumeral normal (KISNER; COLBY, 2009).

Se a escápula é muito móvel, a função do membro superior, como um


todo, é alterada. Por conseguinte, os pares de forças entre a parte ascendente
do músculo trapézio compensado pela parte descendente do músculo trapézio
e do músculo levantador da escápula, além dos romboides e do trapézio médio
compensado pelo músculo serrátil anterior, são considerados como primordias
para possibilitar a estabilidade escapular.

Dessa forma, as atividades praticadas em cadeia cinética fechada, com a


mão, devem ser realizadas para melhorar a estabilidade da escápula (VOIGHT et
al., 2014).

2.2 ARTICULAÇÃO DO COTOVELO


A articulação do cotovelo é do tipo dobradiça, sendo bastante competente
para executar a flexão a 145°, através de uma posição em extensão total (VOIGHT
et al., 2014). Em alguns casos da hiperelasticidade articular, a articulação é
hiperdistendida alguns graus além do neutro.

O cotovelo é formado pelas articulações umeroulnar, umerorradial e


radioulnar, sua cabeça radial côncava faz a articulação com a superfície convexa
do capítulo da porção distal do úmero, ficando conectada à porção proximal da
ulna através do ligamento anular (COOK, 2015).

A articulação radioulnar proximal é constituída pelo antebraço que,


quando atua em conjunto com a articulação do cotovelo, permite um movimento
por volta de 90° de pronação e 80° de supinação. Em algumas momentos, o cotovelo
age em uma cadeia cinética aberta, porém, em outras, possui uma estabilidade
estática e força dinâmica própria, sendo capaz de realizar a transferência da força
para um objeto alvo (VOIGHT et al., 2014).

2.3 REABILITAÇÃO DE LESÕES DO MEMBRO SUPERIOR


Os exercícios da articulação glenoumeral em cadeia cinética fechada
são utilizados comumente durante as primeiras fases de um programa de
tratamento, principamente nos casos em que existe uma instabilidade do ombro,
com o propósito de realizar a cocontração e o recrutamento muscular, além de
garantir a prevenção do desligamento do manguito rotador secundário, a dor ou
a inflamação (KISNER; COLBY, 2009).

105
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Os exercícios também podem ser empregados nas fases mais tardias do


programa de reabilitação, que tem como atividade a estimulação da resistência
muscular em volta das articulações glenoumeral e escapulotorácica. Sua utilização
é indicada durante as fases posteriores do tratamento em união às atividades
realizadas em cadeia cinética aberta, melhorando o grau de estabilidade
dos movimentos que são apontados como muito dinâmicos, capazes de ser
sobrepostos (VOIGHT et al., 2014).

Durante o tratamento nos estágios considerados intermediários, os


exercícios mais tradicionais de fortalecimento em cadeia cinética aberta para
o manguito rotador, deltoide e outros músculos glenoumerais e escapulares,
também precisam ser realizados.

Para a articulação do cotovelo, os exercícios são executados com o


propósito da melhora quanto ao equilíbrio muscular e ao controle neuromuscular
das regiões conhecidas como agonistas e antagonistas (KISNER; COLBY, 2009).

Os exercícios em cadeia cinética fechada são realizados com o objetivo


de melhoria da estabilidade dinâmica dos músculos mais próximos da região
do cotovelo, possibilitando algum grau de estabilidade proximal (VOIGHT
et al., 2014). Já os exercícios em cadeia cinética aberta são indicados para o
fortalecimento da flexão, extensão, pronação e supinação, sendo fundamentais
para a recuperação de todos os movimentos dinâmicos de alta velocidade do
cotovelo, essenciais para todas as atividades de arremesso (COOK, 2015).

2.4 TRANSFERÊNCIA DE PESO


Boa parte dos exercícios de transferência do peso corporal são executados
com a proposta de auxiliar a disponibilização da estabilidade dinâmica
glenoumeral e escapulotorárica, por meio da utilização da compressão axial
(KISNER; COLBY, 2009). A atividade de transferência do peso corporal é
executada em diversas situações, elencamos algumas (ver Figura 10).

106
TÓPICO 2 | CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR

FIGURA 10 – ATIVIDADES DE TRANSFERÊNCIA


Quatro apoios

Dois apoios

Três apoios

Bipedestação

Prancha de equilíbrio

Prancha de oscilação

Sistema de treinamento Bosu

FONTE: O autor

A transferência pode ser executada de um lado para o outro, de frente para


trás ou na diagonal. A posição da mão é sustentada através de uma grande base
de apoio com uma mão posicionada em cima da outra, aumentando a dificuldade
(KISNER; COLBY, 2009).

É o paciente que realiza o ajuste da quantidade de peso corporal em função


da sua tolerância, enquanto o profissional utiliza a força manual de resistência de
uma forma aleatória, sendo que o paciente, aos poucos, consegue se adaptar e se
estabilizar (COOK, 2015).

É empregado um padrão de facilitação neuromuscular proprioceptivo


diagnonal, através da utilização de uma posição de três apoios, obrigando
o membro de suporte contralateral realizar a produção da cocontração e da
estabilização (VOIGHT et al., 2014).

A estabilização rítmica também é utilizada para promover o retorno do


controle neuromuscular dos músculos escapulares com a mão em uma cadeia
cinética fechada, promovendo uma pressão aleatória realizada nas margens
escapulares. O padrão de facilitação neuromuscular proprioceptiva diagonal é
executado através de uma posição: três apoios para forçar o membro de suporte
contralateral para produzir a cocontração e a estabilização.

A estabilização rítmica também é empregada, para voltar a possuir o


controle neuromuscular dos músculos escapulares com a mão em uma cadeia
fechada, e a pressão aleatória é colocada sobre as margens escapulares.

107
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Os exercícios push-ups, push ups com um plus e press ups step são
realizados com o objetivo do retorno do controle neuromuscular (KISNER;
COLBY, 2009). Para os exercícios de push-ups, realizados através da superfície
estável, por exemplo, um plyoball, é necessária uma grande força, além de
promover uma carga axial que impõe uma contração dos pares de força agonista
e antagonista ao redor das articulações glenoumeral e escapulotorácica, já a parte
distal da extremidade apresenta um movimento limitado.

Uma variação do push-up padrão pode ser empregada quando o paciente


está executando, mutuamente, as contrações com um simulador de escada com
o objetivo de aumentar a dificuldade, ou realizar um step lateral por meio de um
único braço em um step (COOK, 2015). O paciente deve realizar um push up em
várias posições, incluindo a posição aérea em um equipamento.

O push ups com um plus é executado com a proposta do fortalecimento


do músculo serrátil anterior, primordial para a estabilidade dinâmica das
atividades realizadas acima da cabeça (KISNER; COLBY, 2009). Os press ups
estão envolvidos com a contração isométrica dos estabilizadores glenoumerais.

A prancha de deslizamento é utilizada para os exercícios em cadeia cinética


fechada para o membro superior, podendo ser executada através de uma prancha
de deslizamento, fundamental para o fornecimento da força e da estabilidade,
além de atuar na melhora da resistência muscular (COOK, 2015).

Na posição de joelhos, o paciente executa um movimento de forma


alternada, através do deslizamento das mãos para frente e para trás, de um lado
para o outro, por meio de um padrão circular ou, ainda, por meio da utilização
de ambas as mãos, lateralmente. Também é possível a realização do deslizamento
na parede ou na posição de bipedestação.

108
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O estudo da cadeia cinética no membro superior é fundamental para o


tratamento dos pacientes.

• Existem diferentes particularidades entre os exercícios em cadeia cinética


fechada e em cadeia cinética aberta.

• A importâncida da biomecânica nas atividades em cadeia cinética no membro


superior.

• Como deve ocorrer a reabilitação de lesões do membro superior e como deve


ser realizada a transferência de peso.

109
AUTOATIVIDADE

1 As atividades relacionadas à sustentação do peso em cadeia cinética fechada


podem ser utilizadas para estimular e reforçar a estabilidade articular
dinâmica. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta a finalidade das
atividades realizadas na cadeia cinética fechada, executadas com a mão:

a) ( ) Aperfeiçoar a estabilidade da escápula.


b) ( ) Degradação da estabilidade da escápula.
c) ( ) Aperfeiçoar a estabilidade do bíceps.
d) ( ) Degradação da estabilidade do grande dorsal.

2 Os exercícios de transferência do peso são realizados para auxiliar na


disponibiização da estabilidade dinâmica glenoumeral e escapulotorárica.
Com relação a alguns exemplos de posições em que a atividade de
transferência de peso pode ser realizada, classifique V para as opções
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Prancha de oscilação.
( ) Quatro apoios
( ) Três apoios.
( ) Prancha de equilíbrio.
( ) Pé.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – F – V.
c) ( ) V – V – V – V – V.
d) ( ) F – V – V – V – F.

3 Existem vários tipos de exercícios que podem ser utilizados para a reabilitação
de lesões do membro superior. Com relação aos exercícios de reabilitação de
lesões do membro superior, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) Os exercícios da articulação glenoumeral em cadeia cinética fechada são


utilizados comumente durante as primeiras fases de um programa de
tratamento.
( ) Os exercícios são indicados principamente nos casos em que existe uma
instabilidade do ombro, tendo como propósito a realização da cocontração
e o recrutamento muscular.
( ) Os exercícios garantem a prevenção do desligamento do manguito rotador
secundário a dor ou a inflamação.

110
( ) Os exercícios também podem ser empregados nas fases mais tardias
do programa de reabilitação, tendo como atividade a estimulação
da resistência muscular em volta das articulações glenoumeral e
escapulotorácica.
( ) É também indicado a sua utilização durante as fases posteriores do
tratamento em união com as atividades realizadas em cadeia cinética
aberta.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – V – V – V.
b) ( ) F – V – V – V – F.
c) ( ) V – F – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – F – V.

111
112
UNIDADE 2 TÓPICO 3

TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos o exercício isométrico, o exercício resistido
progressivo, as contrações concêntricas versus excêntricas, pesos livres
comparados aos equipamentos de musculação, faixas elásticas, resistência
variável, técnicas de exercícios resistidos e técnicas preconizadas quanto ao
treinamento resistido.

Existe uma variedade quanto aos exercícios de treinamento resistido,


tendo como objetivo buscar a melhoria da força (HOUGLUM, 2015), incluindo,
nesse caso, os exercícios elencados na Figura 11.

FIGURA 11 – EXERCÍCIOS RESISTIDOS

Exercício
Exercício Treinamento
resistido
isométrico isocinético
progressivo

Treinamento Exercício
em circuito pliométrico

FONTE: O autor

O princípio da sobrecarga é essencial para qualquer uma das técnicas de


treinamento resistido. Para que exista uma melhora da força no músculo, deve ser
realizado um trabalho em um nível superior que o normal, ou seja, é necessário
que exista uma sobrecarga (GUYTON, 2017).

O exercício resistido é baseado, fundamentalmente, na sobrecarga e


na progressão. Através da aplicação desses princípios durante o treinamento
resistido, com o passar do tempo, existirá uma melhora na força muscular. Em
um programa de tratamento, a progressão da sobrecarga está limitada quanto ao
grau de cicatrização.

113
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Quando o fisioterapeuta escolhe uma abordagem por meio da progressão


do tratamento, a resposta pode ser determinada de acordo com a do paciente,
relacionado a um exercício específico (HOUGLUM, 2015). A elevação da dor ou
o aumento do edema é considerado um sinal para o fisioterapeuta, indicando,
portanto, que a sua atuação pode ser mais agressiva.

2 EXERCÍCIO ISOMÉTRICO
O exercício isométrico está relacionado a uma contração muscular, em que
o comprimento do músculo é constante, porém a tensão está se desenvolvendo
em direção a uma força máxima, contra uma resistência que não pode ser retirada
(TORTORA, 2011).

Esse tipo de contração fornece uma força de estabilização que ajuda na


manutenção das relações normais de comprimento e tensão entre os pares de força,
fundamentais para a artrocinemática fisiológica da articulação (COOK, 2015).

Os exercícios isométricos aumentam a força muscular, entretanto, os


ganhos da força são específicos, com uma propagação de até 20% com relação ao
ângulo articular no qual o treianamento é realizado (HOUGLUM, 2015). Já nos
outros ângulos, a curva da força diminui drasticamente em função da carência da
atividade motora neste ângulo.

Dessa maneira, a força é aumentada no ângulo envolvido com o esforço,


porém não existe uma elevação referente ao ângulo em outras posições na
mesma amplitude de movimento (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Outras
desigualdades relacionadas aos exercícios isométricos, estão inclinadas a gerar
um pico de pressão arterial sistólica, podendo levar a acidentes cardiovasculares,
considerados fatais.

O aumento agudo na pressão arterial sistólica é consequente da manobra


de Valsalva, que promove o aumento da pressão intratorácica (HOUGLUM,
2015). Para impedir ou diminuir o efeito é indicado realizar a expiração ao longo
da contração máxima, para evitar a elevação da pressão.

O emprego dos exercícios isométrios no tratamento das lesões é muito


utilizado, existem várias reclamações relacionadas ao trauma ou, ainda, utilização
em excesso que necessitam ser tratadas por meio dos exercícios de fortalecimento
(HOUGLUM, 2015). Lamentavelmente, os problemas pioram através da realização
de exercícios resistidos, executados na amplitude de movimento completa. É mais
indicado fazer a utilização dos exercícios isométricos ou funcionais por meio da
aplicação da força isométrica em vários ângulos de amplitude de movimento
(COOK, 2015).

114
TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO

ATENCAO

Os exercícios isométricos funcionais são utilizados até que a cicatrização


aumente, ao ponto de permitir a execução das atividades na amplitude completa.

Ao longo do tratamento é recomendado que o músculo seja contraído,


isometricamente, ao longo dos 10 segundos por vez, com uma frequência de
10 ou mais contrações por hora. Os exercícios isométricos permitem benefícios
muito significativos para o programa de fortalecimento (HOUGLUM, 2015).

Qualquer parte do corpo que necessite de tonificação pode ser realizada


através de exercícios isométricos. Esse tipo de contração acontece durante a
qual um músculo permanece imóvel, mas resistente ao peso de uma carga fixa
(FILIPE, 2010). Exemplos de exercícios isométricos para o tronco é a prancha e o
"bird dog".

FIGURA – EXERCÍCIO DE PRANCHA

FONTE:< https://www.exercicioemcasa.com.br/desafio-da-prancha-30-dias/>.
Acesso em: 10 set. 2020.

FIGURA – EXERCÍCIO “BIRD DOG: QUATRO APOIOS, ELEVA UMA PERNA E O BRAÇO OPOSTO,
MANTENDO A COLUNA ESTÁTICA.

FONTE:<https://orafitnessandyoga.com/bird-dog-youre-probably-doing-it-wrong/>.
Acesso em: 10 set. 2020.

115
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Não é comum a existência de um ângulo específico quanto à amplitude


de movimento, em que o movimento leve é mais difícil, visto que a força não é
suficiente (HOUGLUM, 2015).

Um levantamento básico emprega, de forma típica, a contração isométrica


contra uma resistência imóvel, aumentando a força nessa região de dificuldade
(COOK, 2015). Se a força for melhorada neste ângulo articular, em específico, um
levantamento básico de forma coordenada e suave poderá ser executado ao longo
de toda a amplitude de movimento completa (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

2.1 EXERCÍCIO RESISTIDO PROGRESSIVO


O exercício resistido progressivo é uma técnica muito empregada, a mais
habitual, para a melhoria da força em um programa de tratamento (TORTORA,
2011). Ele utiliza os exercícios para o fortalecimento dos músculos por meio de uma
contração que supera uma resistência fixa, conforme os exemplos na Figura 12.

FIGURA 12 – EQUIPAMENTOS PARA O TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA

Halteres

Barras

Vários aparelhos de musculação

Tubos elásticos resistivos

FONTE: O autor

Esse tipo de exercício utiliza as contrações isotônicas ou isodinâmicas, cuja


força é produzida enquanto o músculo está modificando o seu comprimento. As
contrações isotônicas podem ser concêntricas ou excêntricas, ao longo da flexão
do músculo bíceps, para a elevação do peso da posição ideal, o músculo bíceps se
contrai e encurta (HOUGLUM, 2015).

A contração com encurtamento é denominada de contração concêntrica


ou contração positiva. Quando o músculo bíceps não estiver contraído e o peso
baixar, a gravidade fará com que ele caia e volte para a posição do início (COOK,
2015).

116
TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO

Dessa maneira, para fazer o controle do peso, enquanto está baixando, o


músculo bíceps continua realizando a contração ao mesmo tempo que vai ocorrer
o alongamento de forma gradual (HOUGLUM, 2015). Uma contração onde o
músculo está em alongamento, enquanto a força é aplicada, é denominado de
contração excêntrica ou negativa.

É esperado a criação de grandes quantidades de força contra resistência


com uma contração excêntrica do que, geralmente, com uma contração concêntrica,
visto que a contração excêntrica exige um nível muito menor de atividade da
unidade motora, para atingir uma determinada força do que a concêntrica
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Em função de menores unidades motoras, efetuar os disparos para realizar


uma força específica, as unidades motoras suplementares são recrutadas com a
finalidade de produzir mais força ainda, além da utilização do oxigênio ser muito
mais reduzida ao longo do exercício excêntrico do que no exercício concêntrico
comparativamente (HOUGLUM, 2015).

Dessa forma, as contrações excêntricas são pouco resistentes à fadiga


do que as contrações concêntricas. A eficácia mecânica do exercício excêntrico
é, normalmente, maior do que no exercício concêntrico. Geralmente, o exercício
resistido progressivo está focado no componente concêntrico.

A utilização das contrações excêntricas, principalmente no tratamento


de várias lesões decorrentes da prática de esportes, tem apresentado um grande
destaque, atualmente (HOUGLUM, 2015). Elas são primordiais para a diminuição
do movimento nos membros durante as atividades dinâmicas de alta velocidade.

As deficiências da força ou a inabilidade de um determinado músculo,


para aguentar essas forças excêntricas, podem proporcionar uma lesão (COOK,
2015). Dessa forma, durante um programa de tratamento, o profissional precisa
compreender a importância da realização dos exercícios de fortalecimento
excêntricos.

As contrações excêntricas são realizáveis com o exercício pliométrico,


podendo ser agregadas aos padrões de fortalecimento da facilitação neuromuscular
proprioceptiva funcional (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

No exercício resistido progressivo, é fundamental que seja incorporado


as contrações concêntricas e as excêntricas, os dados existentes mostram que
os músculos precisam ser sobrecarregados e fadigados de forma concêntrica e
excêntrica, para que exista um melhoramento na força máxima (HOUGLUM, 2015).

No treinamento específico para o aumento da força muscular, a parte


concêntrica do exercício necessita de 1 a 2 segundos, já a porção excêntrica do
levantamento necessita de 2 a 4 segundos (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). A
parte entre o componente concêntrico e o componente excêntrico deve ser de em
torno de 1 a 2 segundos.
117
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Nas condições fisiológicas, o músculo é fadigado mais rapidamente


quando está atuando de forma concêntrica do que excêntrica (HOUGLUM, 2015).
Existem vários tipos de equipamentos que são empregados para a realização dos
exercícios, indicados no exercício resistido de forma progressiva, fazendo parte
os pesos livres como barras e halteres ou, ainda, os vários tipos de aparelhos de
musculação.

FIGURA 13 – PESOS LIVRES

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/two-dumbbell-free-weights-isolated-
600w-79675093.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020

Para os halteres e as barras, não é necessário a utilização de anilhas com


diferentes pesos, podem ser alterados, facilmente, elevando ou diminuindo as
quantidades iguais em ambos os lados da barra.

Uma boa parte dos equipamentos de musculação possui vários pesos, que
são elevados por meio de uma série de alavancas ou polias (TORTORA, 2011). A
série de pesos corre tanto para o alto como para baixo, sobre um par de barras que
limita o movimento em um único plano.

O peso pode ser elevado ou diminuído por meio da alteração da posição


de um pino sobre a série de pesos (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Com relação
à utilização dos pesos e dos aparelhos de musculação, existem muitas vantagens
e desvantagens, sendo considerada muito seguros quando comparados aos
pesos livres.

É necessário uma mesa de supino com pesos leves para auxiliar no


levantamento do peso de volta para o suporte, caso o indivíduo não tenha
condições de levantá-lo completamente, visto que este pode cair sobre o tórax
(HOUGLUM, 2015). Por meio da utilização dos equipamentos, o peso é reduzido
de forma fácil e segura, sem a existência de uma lesão. O aumento ou a diminuição
do peso através do movimento de um único pino nos aparelhos de musculação é
conceituado um processo comum, apesar das mudanças, geralmente, ocorrerem
com aumentos de 5 a 7 quilos.

Através dos pesos livres, as anilhas são aumentadas ou diminuídas de cada


um dos lados da barra (HOUGLUM, 2015). A grande desvantagem da utilização
dos aparelhos de musculação está relacionada às poucas restrições em função

118
TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO

do design do equipamento, que permitem a realização do movimento em um


único plano, limitando ou controlando os movimentos considerados funcionais,
de forma concomitante, em vários planos.

Qualquer indivíduo que tenha realizado um treinamento de força por


meio dos pesos livres e dos equipamentos de musculação, verifica a desigualdade
quanto à quantidade de peso carregado (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

De modo diferente dos equipamentos, os pesos livres não possuem


restrições quanto ao movimento, podendo ser movimentados em várias direções,
com relação às forças aplicadas. Através dos pesos livres, o elemento para o
controle neuromuscular básico está relacionado à estabilização do peso, por meio
desta ação será impedido o movimento em qualquer outra direção (COOK, 2015).

2.2 FAIXAS ELÁSTICAS


As faixas elásticas, mais conhecidas como theraband, produzem uma
resistência empregada durante os programas de tratamento. Seu maior
benefício para os exercícios é que podem ser utilizados através de vários planos
simultaneamente (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

FIGURA 14 – THERABAND

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/athlete-holding-red-thera-band-
600w-693860551.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

Dessa forma, os exercícios são executados contra uma resistência em


planos de movimentos, apontados como os mais funcionais (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016).

Os exercícios com o theraband podem ser realizados em conjunto com


as técnicas de fortalecimento pliométrico ou com a facilitação neuromuscular
proprioceptiva, sendo indicados para providenciar a resistência na maioria
dos exercícios de fortalecimento. Independente do tipo de equipamento
utilizado, podem ser empregados os mesmos princípios dos exercícios resistidos
progressivos (HOUGLUM, 2015).

119
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

2.3 RESISTÊNCIA VARIÁVEL


Uma discussão muito importante está relacionada ao recondicionamento
que utiliza os exercícios resistidos progressivos, cuja quantidade de força
necessária para a realização da movimentação, através da amplitude do
movimento, é modificada em função do ângulo de tração do músculo em
contração (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

A resistência é maior quando o ângulo de tração é por volta de 90°, além


disso, a inércia do peso é vencida, no momento determinado. A força básica para
movimentar a resistência modifica, devido a força que o músculo utiliza ao longo
da amplitude de movimento (HOUGLUM, 2015).

O exercício isotônico possui uma grande desvantagem com relação à força


necessária para realizar a movimentação da resistência, modificada de forma
contínua ao longo da amplitude de movimento. O exercício isotônico possui uma
grande desvantagem com relação à força necessária para realizar a movimentação
da resistência, modificada de forma contínua ao longo da amplitude de movimento
(HOUGLUM, 2015).

A mudança na resistência em vários pontos da amplitude de movimento


é chamada de resistência de acomodação ou resistência variável.

Existem vários fabricantes de equipamentos de musculação querendo


diminuir esse problema através das alterações da capacidade de força com a
utilização de um sistema de roldanas (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). O objetivo
é modificar a resistência de forma que o músculo possa trabalhar com uma maior
carga, entretanto, nos locais onde o ângulo articular ou comprimento muscular
apresentam desvantagens mecânica, diminuindo a resistência ao movimento do
músculo, existem dúvidas se o modelo vai originar ou não um resultado oferecido
(HOUGLUM, 2015).

2.4 TÉCNICAS DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS


As repetições estão relacionadas ao número que um movimento específico
é continuado, enquanto a repetição máxima está relacionada com o número
máximo de repetições em um peso definido, a série corresponde ao número de
repetições (COOK, 2015).

A intensidade está relacionada à quantidade de peso ou à resistência


aumentada, já o período de recuperação está relacionado ao intervalo de repouso
entre as séries, enquanto a frequência está relacionada ao número de vezes que
um exercício é realizado durante uma semana (HOUGLUM, 2015).

120
TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO

2.5 TÉCNICAS PRECONIZADAS QUANTO AO


TREINAMENTO RESISTIDO
As orientações específicas sobre as técnicas tem o propósito de melhorar a
força muscular, porém, ainda, existem algumas polêmicas entre os profissionais
(COOK, 2015). Conforme O’Sullivan e Schmitz (2016), para o treinamento, devem
ser levado em consideração os seguintes pontos:

• quantidade de peso para ser utilizado;


• número de repetições;
• número de séries;
• frequência de treinamento.

Existem vários programas específicos de treinametno, envolvidos com:

• a quantidade de peso ideal;


• o número de séries;
• o número de repetições;
• a frequência para a produção de ganhos máximos nos níveis de força muscular.

Contudo, de forma independente, as técnicas utilizadas para o processo


de cicatrização precisam emitir as particularidades de um programa para o
treinamento de força. Para que exista uma melhora eficiente na força do músculo,
é necessário a existência de uma sobrecarga de forma progressiva (HOUGLUM,
2015).

A concentração do peso utilizado e o número de repetições devem ser


suficientes para fazer o músculo atuar em uma intensidade maior do que o
normal. Essa é uma condição considerada a mais importante para um programa
de treinamento resistido (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Os programas
utilizados para o treinamento e o condicionamento são:

• Série única – corresponde a uma série de 8 a 12 repetições de um exercício que


é específico, é executado por meio de uma velocidade mais lenta.
• Série tripla – corresponde a um grupo de três exercícios para o mesmo grupo
muscular, é realizado através da utilização de 2 a 4 séries de cada exercício,
sem o repouso entre eles.
• Séries múltiplas – corresponde a duas ou três séries de aquecimento com
resistência, é elevado de forma progressiva, continuadamente, por várias séries
e com a mesma resistência.
• Superséries – corresponde a uma série de 8 a 10 repetições de vários exercícios
para um mesmo grupo muscular, é executado um após o outro (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016).

121
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• As técnicas de treinamento resistido são muito importantes para a reabilitação


dos pacientes.

• Entre as várias técnicas existentes, as mais utilizadas são o exercício isométrico


e o exercício resistido progressivo.

• Durante todo o tratamento, deve ser utilizado resistências variáveis e um dos


recursos que pode ser utilizado são as faixas elásticas.

122
AUTOATIVIDADE

1 O exercício isométrico está relacionado a uma contração muscular, cujo o


comprimento do músculo é constante. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o que ocorre com a tensão:

a) ( ) Está desenvolvendo em direção a uma força moderada contra uma


resistência que não pode ser retirada.
b) ( ) Está desenvolvendo em direção a uma força míníma contra uma
resistência que pode ser retirada.
c) ( ) Está desenvolvendo em direção a uma força máxima contra uma
resistência que não pode ser retirada.
d) ( ) Está desenvolvendo em direção a uma força mínima contra uma
resistência que não pode ser retirada.

2 Existe uma grande variedade de exercícios de treinamento resistido que


tem o objetivo de melhorar a força. Sobre a correlação das técnicas de
treinamento resistido com os seus respectivos significados, associe os itens,
utilizando o código a seguir:

I- Exercício isométrico.
II- Exercício resistido progressivo.
III- Pesos livres comparados aos equipamentos de musculação.
IV- Tubos ou faixas elásticas.
V- Resistência variável.
VI- Técnicas de exercícios resistidos.

a) A quantidade de força necessária para a realização da movimentação


através da amplitude do movimento vai ser modificado em função do
ângulo de tração do músculo em contração.
b) é considerado como uma técnica mais utilizada e a mais habitual para a
melhoria da força em um programa de tratamento.
c) as repetições estão relacionadas com o número que um movimento
específico é continuado.
d) a grande vantagem da utilização para os exercícios é que estes vão ser
realizados através de vários planos ao mesmo tempo.
e) existem vários tipos de aparelhos indicados para os exercícios que podem
ser utilizados no exercício resistido de forma progressiva.
f) está relacionado com uma contração muscular onde o comprimento do
músculo é constante, porém a tensão está se desenvolvendo em direção a
uma força máxima contra uma resistência que não pode ser retirada.

a) ( ) I – d; II – f; III – c; IV – b; V – e; VI – a.
b) ( ) I – f; II – b; III – e; IV – d; V – a; VI – c.
c) ( ) I – e; II – a; III – d; IV – c; V – f; VI – b.
d) ( ) I – e; II – c; III – a; IV – b; V – f; VI – d.
123
3 O theraband fornece uma importane resistência, sendo muito utilizada nos
programas de tratamento. Assinale a alternativa CORRETA que contempla
a vantagem da utilização do theraband:

a) ( ) É realizado através de um ou dois planos.


b) ( ) É realizado através de dois planos.
c) ( ) É realizado através de vários planos ao mesmo tempo.
d) ( ) É realizado em um único plano.

124
UNIDADE 2
TÓPICO 4

LESÕES DO TECIDO MUSCULAR

1 INTRODUÇÃO
Os músculos e as articulações são fundamentais para garantir a mobilidade
e a estabilidade do corpo humano.

Neste tópico, abordaremos, em detalhes, as importantes informações


sobre as lesões do tecido muscular, as propriedades musculares e as lesões
musculares, entre elas, as câimbras, dor muscular tardia, contusões, laceração
muscular, estiramento e o processo cicatricial.

Estudaremos também todos os graus e as suas respectivas fases do


tratamento referentes as lesões do tecido muscular.

2 INTRODUÇÃO ÀS LESÕES DO TECIDO MUSCULAR


Cerca de 40% do corpo humano é constituído por músculo esquelético,
enquanto que os músculos liso e cardíaco correspondem aos outros 10%. Tanto os
músculos esqueléticos como as articulações auxiliam em todas as necessidades de
mobilidade e de estabilidade do corpo humano (GUYTON, 2017).

FIGURA 15 – TECIDO MUSCULAR

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-illustration/muscle-600w-199134296.jpg>.
Acesso em: 27 abr. 2020.

125
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

As forças musculares, assim como todas as forças que são empregadas


nas alavancas do corpo humano, apresentam componentes rotatórios de
mobilidade e de translação, relacionado à estabilidade. Os músculos têm a função
de mobilidade através da produção ou controle de um movimento de alavanca
óssea em volta do eixo articular (HOUGLUM, 2015).

Além disso, para resistir aos movimentos nas superfícies articulares e,


por meio da aproximação dessas superfícies, os músculos realizam uma função
de estabilidade. O corpo humano não consegue se sustentar contra a gravidade
ou, ainda, produzir qualquer tipo de movimento sem que tenha uma função
muscular (GUYTON, 2017).

O tecido muscular é quem proporciona todos os movimentos corporais,


é formado por células alongadas que possuem uma grande quantidade de
filamentos de miosina e actina, sendo responsáveis pela contração muscular. Os
músculos que apresentam a função de contração e relaxamento são capazes de
voltar à posição de repouso depois da atividade (HOUGLUM, 2015).

NOTA

Quando os músculos atuam de maneira normal, todas as articulações se


movimentam com liberdade, caso contrário, a realização das atividades provoca a rigidez
ou a hipermobilidade nas articulações mais próximas.

2.1 PROPRIEDADES MUSCULARES


Existem vários fatores que podem alterar as propriedades musculares,
o desempenho biomecânico dos músculos e também do sistema de proteção
contra as lesões, apresentando várias alterações em função da idade, da
imobilização, da temperatura tecidual, do grau de estimulação e da fadiga
(SILVA; CAMPOS, 2006).

Com relação ao envelhecimento, existem várias alterações que podem ser


observadas no músculo esquelético, entre elas:

• elevação da concentração do tecido conjuntivo no ventre muscular;


• elevação das ligações cruzadas;
• redução dos glicosaminoglicanos.

126
TÓPICO 4 | LESÕES DO TECIDO MUSCULAR

Todas essas modificações estão relacionadas à grande elevação da rigidez


articular, possibilitando que o músculo fique mais predisposto às lesões em
função do estiramento. A imobilização modifica tanto a estrutura como a função
de todos os músculos.

Existem vários efeitos da imobilização relacionados à posição da


imobilização, se está alongada ou encurtada, percentual dos tipos de fibras do
músculo e o período de duração da imobilização (SILVA; CAMPOS, 2006).

QUADRO 1 – EFEITOS DA IMOBILIZAÇÃO NAS POSIÇÕES ALONGADA E ENCURTADA

POSIÇÃO ALONGADA POSIÇÃO ENCURTADA


Elevação do número de sarcômeros Redução do número de sarcômeros
Redução do comprimento dos sarcômeros Elevação do comprimento dos sarcômeros
Elevação da quantidade de perimísio e Elevação da quantidade de perimísio e
espessamento do endomísio espesamento do endomísio
Elevação da relação entre o tecido conjuntivo e Elevação da relação entre o tecido conjuntivo e
a fibra muscular a fibra muscular.

FONTE: Silva e Campos (2006, p. 59)

Os músculos imobilizados na posição alongada têm menos alterações


prejudiciais quanto a sua função do que os músculos que são imobilizados na
posição encurtada. As fibras de contração rápida são mais atrofiadas do que as
fibras de contração lenta na imobilização. Existe um importante efeito relacionado
à temperatura sobre as propriedades físicas e mecânicas do tecido conectivo
(TORTORA, 2011).

Os músculos, quando sujeitados a altas temperaturas terapêuticas, por


volta de 40 °C, apresentam uma elevação do ponto de alongamento máximo,
além da redução da rigidez referente à resistência da deformação. Portanto, o
aquecimento proporciona uma redução no rigidez muscular, sendo considerado
um importante efeito de prevenção com relação às lesões de estiramento, apesar
das distensões estarem mais relacionadas ao déficit da força excêntrica do que à
amplitude de movimento reduzida (GUYTON, 2017).

A contração muscular é um fator que altera as propriedades musculares,


a força de tração é a responsável pelo rompimento das fibras musculares, sendo
considerada maior nos músculos estimulados a se contrair do que os músculos
relaxados. O músculo que foi estimulado consegue absorver até 100% mais
energia antes do rompimento do que o músculo relaxado, porém o comprimento
dos dois, ao ser rompido, é o mesmo. A fadiga também altera as propriedades
musculares, visto que os músculos fadigados absorvem menos energia antes do
ponto de ruptura (TORTORA, 2011).

127
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

2.2 LESÃO MUSCULAR


As lesões musculares são classificadas em atraumáticas e traumáticas.
Entre as lesões atraumáticas estão a cãimbra e a dor muscular tardia, enquanto
que nas traumáticas, estão a contusão, a laceração e o estiramento (SILVA;
CAMPOS, 2006).

2.2.1 Câimbras
As câimbras são consideradas muito comuns tanto antes como após
a realização das atividades físicas, presentes, principalmente, nos músculos
posteriores da perna, manifestando-se até durante o sono. A etiologia das
câimbras é questionável, ela aparece principalmente após a contração muscular
intensa, devido ao encurtamento do músculo (GUYTON, 2017). Em vários casos,
existe uma associação ao exercício físico ou à prática de esporte.

FIGURA 16 – CÂIMBRAS

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/woman-running-park-injury-muscle-
600w-583689229.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

Um dos fatores que pode levar a câimbra é a hiponatremia, que corresponde à


redução da taxa de sódio no sangue, decorrente do suor e da diuresse em excesso ou,
ainda, devido à insuficiência renal aguda.

Os níveis reduzidos de cálcio e do magnésio sérico também podem estar


relacionados ao aparecimento dos sintomas (SILVA; CAMPOS, 2006). Portanto,
existe uma certa controvérsia com relação à causa exata das câimbras durante
o exercício físico, uma das principais pode estar relacionada às causas a seguir
(Figura 17).

128
TÓPICO 4 | LESÕES DO TECIDO MUSCULAR

FIGURA 17 – CAUSAS DAS CÂIMBRAS

Distúrbios Fadiga
Desidratação
eletrolíticos muscular

FONTE: O autor

Umas das principais formas de prevenção está relacionada ao balanço


hidroeletrolítico. Outra forma para a interrupção das câimbras é por meio da
contração ativa dos músculos antagonistas, alterada através de um alongamento
passivo da musculatura. Posteriomente à solução do quadro álgico, o músculo
apresenta mudanças na excitabilidade e na contratilidade durante alguns minutos
(TORTORA, 2011).

2.2.2 Dor muscular tardia


A dor muscular tardia, posterior aos exercícios musculares mais rigorosos,
está presente nos indivíduos que não praticam atividade física regularmente,
sendo considerada como muito comum. Essa situação está muito presente quando
um indivíduo começa uma atividade física ou quando reinicia uma atividade que
já era praticada anteriormente (TORTORA, 2011).

A dor e o desconforto pioram ao longo da contração muscular ativa e


durante o alongamento passivo. Esse quadro começa algumas horas após a
atividade física, e o seu pico ocorre em média após 24 a 48 horas.

A dor muscular tardia está relacionada à tensão que é desenvolvida no


músculo, a redução do músculo para conseguir manter as tensões, além das
microlesões decorrentes das diminutas rupturas musculares relacionadas às
causas de todas essas lesões (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os exercícios físicos de rotina causam, geralmente, a fadiga muscular


e não a dor muscular tardia. A fadiga muscular está relacionada aos exercícios
concêntricos e aos distúrbios metabólicos, já a dor muscular tardia está relacionada
aos exercícios excêntricos e às sobrecargas mecânicas (GUYTON, 2017).

Existe uma grande relação entre a degradação do colágeno e a dor


muscular tardia (SILVA; CAMPOS, 2006).

129
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

2.2.3 Contusões
As contusões são um tipo bastante comum de lesão, especialmente
nos esportes de contato, é considerada um trauma direto, decorrente de forças
externas, tendo como características(SILVA; CAMPOS, 2006):

• dor por edema difusa;


• discreto hematoma;
• limitação de força;
• limitação da mobilidade

FIGURA 18 – CONTUSÕES

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/closeup-on-bruise-wounded-woman-
600w-1206346861.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

A Figura 19 traz as contusões musculares, classificadas em função das


restrições da mobilidade articular.

FIGURA 19 – CLASSIFICAÇÃO DAS CONTUSÕES MUSCULARES

Contusão Contusão
leve grave

FONTE: O autor

Na contusão leve, é observado a redução de menos de um terço da


mobilidade articular normal em volta da lesão. Já na contusão grave, ocorre a
diminuição de mais de um terço da mobilidade articular normal em volta da
lesão (SILVA; CAMPOS, 2006). O hematoma é dividido em intermuscular e
intramuscular.

130
TÓPICO 4 | LESÕES DO TECIDO MUSCULAR

O hematoma intermuscular é quando o sangue tem um contato com a


fáscia muscular e os septos intermusculares. Já no hematoma intramuscular,
o sangramento não extravasa a substância muscular (TORTORA, 2011). No
hematoma intermuscular, a resolução é mais difícil, apresentando um maior
índice de complicações, entre elas, as retrações cicatriciais e a miosite ossicante.

Nos casos mais raros, existe um sangramento difuso que evolui de forma
rápida para a síndrome compartimental, sendo necessária a descompressão
cirúrgica. O objetivo do tratamento da contusão está relacionado à diminuição do
processo inflamatório e o ganho da amplitude de movimento, apresentando um
retorno gradual da função (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.4 Laceração muscular


A laceração muscular corresponde às lesões consideradas não tão
frequentes, decorrentes dos traumas graves, principalmente os penetrantes.
Após uma lesão desse tipo, ocorre a formação de uma cicatriz fibrosa, bastante
acentuada, que reduz a capacidade funcional do músculo (TORTORA, 2011).
Além disso, o segmento distal da lesão passa por um processo de desnervação e
uma decorrente degeneração.

Por meio das avaliações eletrofisiológicas, observa-se que a ativação


muscular, posterior à lesão, não atravessa a zona da cicatriz, portanto, esse
segmento permanece só com a função de fazer a transmissão da força. O
tratamento está relacionado ao grau de laceração; quando é pequeno, pode ser
tratado por meio de métodos conservadores. Já nos casos em que a laceração é
maior, indica-se o tratamento cirúrgico (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.5 Estiramento
O estiramento é uma lesão muscular indireta em que existem rupturas
das fibras musculares, impondo ao músculo uma força além do que as fibras
conseguem gerar. É muito comum na contração excêntrica, cujo local mais
acometido é a junção miotendinosa (TORTORA, 2011).

Os músculos biarticulares são os mais propensos a este tipo de lesão, os


músculos com mais concentração de fibras do Tipo II também estão associados
ao estiramento. O tecido muscular é altamente vascularizado, produzindo
uma inflamação em resposta à ruptura das suas fibras. Conforme a teoria do
alongamento ativo, não é a força que causa a lesão, mas o alongamento ao longo
da contração muscular.

131
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

As lesões de estiramento estão relacionadas aos esportes que possuem


acelerações e desacelerações rápidas (SILVA; CAMPOS, 2006). Tanto o grau como
a gravidade das lesões estão relacionadas ao número e à extensão das fibras
lesadas, sendo separadas em três estágios, conforme Figura 20.

FIGURA 20 – ESTÁGIOS

FONTE: O autor

O estiramento de primeiro grau está relacionado ao estiramento de uma


pequena quantidade de fibras presente no músculo que está sendo solicitado para
a contração, principalmente contra resistência. A dor está situada em um ponto
específico, assim como o edema também pode estar (SILVA; CAMPOS, 2006).

Já no segundo grau, as características são parecidas com o do primeiro, só


que com mais intensidade, presente, nesses casos, a dor, a hemorragia moderada
e uma redução da função.

Quanto ao estiramento de terceiro grau, ocorre a ruptura completa do


músculo em decorrência de uma perda total da função, além da presença de
forma palpável de uma alteração (SILVA; CAMPOS, 2006).

Nesse caso, o edema é grande e a hemorragia bastante abundante, estão


presentes a fadiga muscular e as lesões prévias, considerados como importantes
para a formação das lesões musculares. O aquecimento muscular prévio e o
alongamento são fundamentais para minimizar os episódios e a gravidade dessas
lesões (SILVA; CAMPOS, 2006).

132
TÓPICO 4 | LESÕES DO TECIDO MUSCULAR

2.2.6 Processo cicatricial


Quanto ao processo cicatricial, a reação inflamatória ocorre por volta de
1 a 2 dias, sendo que no 7º dia, a inflamação é modificada por uma atividade
fibroblástica (formação de tecido cicatricial).

No 14º dia, o ponto de cicatrização está com 75% da força tênsil normal,
o tecido possui uma boa cicatrização, porém ainda existe um risco para a
reincidência (HOUGLUM, 2015).

No 21º dia, o ponto já está por volta de 86% da força tênsil normal, e no
56º dia, o ponto de cicatrização vai alcançar cerca de 96% da força tênsil normal
(SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.7 Tratamento
Para o grau I, geralmente o tratamento indicado é o repouso e a utilização
de anti-inflamatórios não esteroides. No caso das lesões de grau II, os principais
objetivos da reabilitação são separados nas seguintes fases:

• fase I;
• fase II;
• fase III;
• fase IV.

Na fase I (1ª semana), os objetivos são:

• redução da dor;
• controle do processo inflamatório;
• manutenção da condição física, nos casos em que for possível.

Na fase II (2ª a 3ª semana), os objetivos são:

• ajuda na reparação tecidual;


• restauração da flexibilidade;
• ganho da força muscular;
• melhora do controle sensório motor;
• manutenção da condição física.

Na fase III (4ª semana), os objetivos são:

• destaque para o ganho de flexibilidade;


• destaque para o ganho de força muscular;
• melhoria do controle sensoriomotor;
• conservação da condição física;
• melhora dos movimentos automáticos que estão relacionados ao esporte.

133
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Na fase IV (5ª semana), o objetivo é:

• o retorno à atividade física ou ao esporte (HOUGLUM, 2015).

A existência de fibras musculares por meio do tecido cicatricial está maior


devido à imobilização, porém essas fibras não são orientadas totalmente, o que
significa que um certo período de imobilização, decorrente da mobilização,
ocasionará resultados melhores (SILVA; CAMPOS, 2006).

Com relação ao grau III, depende do músculo e da quantidade do nível de


atividade de cada paciente, nesse caso, a indicação é cirúrgica. Todo o processo
de reabilitação pós-cirúrgico acompanha os objetivos da reabilitação do grau II
(SILVA; CAMPOS, 2006).

134
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• O conhecimento das propriedades musculares são muito importantes para a


atuação do fisioterapeuta durante o tratamento.

• Existem vários fatores que estão envolvidos com as propriedades musculares,


desempenho biomecânico dos músculos e também do sistema de proteção
contra toda as possíveis lesões.

• As lesões musculares podem ser classificadas em atraumáticas e traumáticas.

• As câimbras são muito comuns tanto antes como após a realização das
atividades físicas.

• A dor muscular tardia posterior aos exercícios musculares mais rigorosos está
presente nos indivíduos que não praticam a atividade física regular.

• As contusões são muito frequentes principalmente nos esportes de contatato

135
AUTOATIVIDADE

1 A dor muscular tardia posterior aos exercícios musculares mais rigorosos,


está presente nos indivíduos que não praticam atividade física regularmente,
considerada muito comum. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta
o período, em média, que ocorre o pico:

a) ( ) Após 12 a 24 horas.
b) ( ) Após 24 a 48 horas.
c) ( ) Após 24 a 36 horas.
d) ( ) Após 36 a 48 horas.

2 Existem algumas variáveis que podem alterar as propriedades musculares.


Sobre as variáveis que podem alterar as principais características das
propriedades musculares, classifique V para as opções verdadeiras e F para
as falsas:

( ) Idade.
( ) Imobilização.
( ) Temperatura tecidual.
( ) Grau de estimulação.
( ) Fadiga.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – V – V – V.
b) ( ) F – V – F – V – V.
c) ( ) V – V – V – F – F.
d) ( ) V – F – V – V – V.

3 Existem várias formas de lesão muscular que podem estar presentes, entre
elas, as câimbras, dor muscular tardia, contusões, laceração muscular,
estiramento e processo cicatricial. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o significado de laceração muscular:

a) ( ) Lesão muscular indireta onde existem rupturas das fibras musculares.


b) ( ) São as lesões consideradas não tão frequentes decorrentes dos traumas
graves, principalmente os penetrantes.
c) ( ) Está presente nos indivíduos que não praticam a atividade física regular,
considerada muito comum.
d) ( ) Estão muito presentes antes e após a realização das atividades físicas.

136
UNIDADE 2 TÓPICO 5

LESÕES DO TECIDO TENDINOSO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos a estrutura, a fisiopatologia e a etiologia,
a classificação das tendinopatias (tendinose, tendinite e a paratendinite) e o
tratamento fisioterapêutico, fase I (de 0 a 6 dias), fase II (de 4 a 21 dias) e fase III
(acima de 18 dias).

As atividades físicas e a prática desportiva podem fazer com que os tendões


fiquem mais propensos às pequenas lesões. Normalmente, essas disfunções são
autolimitadas e podem ser acumulativas, levando às doenças que são decorrentes
da sobrecarga repetitiva.

As exposições agudas ou crônicas das tendinopatias são consideradas


impeditivas para a realização das atividades habituais em diversos setores
(HOUGLUM, 2015).

2 ESTRUTURA
O tendão é um conjunto de fibras colágenas compactas que fazem a
conexão do músculo ao osso. As dimensões quanto a sua composição, são por
volta de:

• 30% de colágeno;
• 2% de elastina;
• 68% de água.

O colágeno constitui cerca de 70% a 80% do peso seco, possui uma grande
quantidade do tipo I que é mais resistente às tensões e o restante do tipo III menos
que 5% do total, sendo mais imaturo e menos resistente e o tipo IV que não
contribuindo para as características mecânicas do tendão, que são consideradas
menos resistentes à fadiga (GUYTON, 2017).

137
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

E
IMPORTANT

A pequena proporção da elastina é considerada a responsável pela baixa


elasticidade do tendão, sendo fundamental para a função do tendão, visto que se fosse
mais elástico, poderia alongar além do fisiológico com a contração muscular, reduzindo a
transmissão da força ao osso.

A estrutura sempre oferece algumas informações com relação à função do


tecido, as fibras de colágeno são reunidas em agrupamentos de feixes primários
que são constituídos por microfibrilas e fibrilas.

Quando estão paralelas entre si, são capazes de resistir às cargas de


tensão, os feixes primários estão unidos para constituir os fascículos ou os feixes
secundários (HOUGLUM, 2015).

2.1 FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIA


Existe um fenômeno fisiológico que é decorrente dos esforços de repetição
que compreende a adaptação da matriz celular aos estímulos (TORTORA, 2011).

No caso de uma sobrecarga brusca ou sobrecargas acumulativas, o ciclo


é quebrado em função das respostas adaptativas e provoca a microrruptura,
ocorrendo a degeneração estrutural, evoluindo para a ruptura parcial e,
posteriormente, para a secção completa.

Quanto à etiologia da lesão tendínea, não existe uma resposta clara,


porém, na maioria dos casos, o resultado final é decorrente de vários processos
(SILVA; CAMPOS, 2006).

Os fatores que fazem parte da lesão podem ser tanto intrínsecos como
extrínsecos, sendo que nos fatores intrínsecos estão envolvidos com o trajeto
anatômico e as suas alterações, função exercida, idade, atrito, compressões contra
as estruturas adjacentes, forças musculares, flexibilidade e irrigação. Já os fatores
extrínsecos estão envolvidos com as atividades por esforços repetitivos como
overuse, doenças sistêmicas, influência hormonal ou, ainda, a utilização de forma
errada dos antibióticos (SILVA; CAMPOS, 2006).

A overuse é um processo microtraumático repetitivo que excede à


habilidade das células dos tendões para regenerar o tecido, provocando no tendão
a perda da sua capacidade de reparação basal, sendo considerado a principal
causa, correspondendo cerca de 30 a 50% de todas as lesões. Para Gayton (2017),
portanto, as etapas de uma lesão decorrente do overuse são:

138
TÓPICO 5 | LESÕES DO TECIDO TENDINOSO

• atividade excêntrica repetitiva;


• microtraumas acumulativos;
• insuficiência circulatória;
• cronoficação;
• degeneração;
• ruptura.

2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TENDINOPATIAS


A tendinopatia está relacionada à utilização em excesso dos tendões,
levando a uma lesão por sobrecarga ou por esforço repetitivo, podendo acometer
um ou vários tendões, provocando dor, inflamação e até alterações ósseas crônicas.
Na figura a seguir, você pode observar como as tendinopatias são classificadas.

FIGURA 21 – CLASSIFICAÇÃO DAS TENDINOPATIAS

Tendinose

Tendinite

Paratendinite

FONTE: O autor

2.2.1 Tendinose
A tendinose corresponde a uma degeneração intratendínea secundária ao
processo de envelhecimento, microtraumas e o comprometimento vascular.

Os achados histológicos estão relacionados à desorganização e à redução


do colágeno; à elevação das células inflamatórias; à elevação do número de células
e espaços vasculares; e aos focos de calcificação e necrose.

A tendinose é considerada a principal condição clínica presente nas


tendinopatias crônicas (SILVA; CAMPOS, 2006).

139
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

2.2.2 Tendinite
A tendinite corresponde a uma lesão sintomática do tendão, em que existe
a ruptura vascular e a resposta inflamatória reparadora. Os principais achados
histológicos são a proliferação dos fibroblastos e mioblastos e a hemorragia e
presença de tecido de granulação (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 22 – TENDINITE

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/closeup-tendon-knee-joint-problems-
600w-292813301.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

2.2.3 Paratendinite
A paratentinite corresponde a uma inflamação de forma isolada, seus
achados histológicos formam os infiltrados das células inflamatórias, edema e a
degeneração das fibras de colágeno.

Existem duas formas de paratendinose: a tenosinovite – quando o


paratendão possui uma pequena camada –, e a tenovaginite – quando o
paratendão possui uma camada dupla. Esses casos estão presentes nos locais
onde o tendão apresenta uma grande relação com a protuberância óssea (SILVA;
CAMPOS, 2006).

2.3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO


Quanto ao tratamento, ele pode ser dividido em três fases que estão
relacionadas, principalmente, nos três estágios do processo de recuperação,
elencados na Figura 23.

140
TÓPICO 5 | LESÕES DO TECIDO TENDINOSO

FIGURA 23 – ESTÁGIOS DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

Fase 1 Fase 2 Fase 3


inflamatória reparo remodelação

FONTE: O autor

Em função do tipo de extensão da lesão e da resposta tecidual quanto à


recuperação, as fases podem ser sobrepostas.

O resultado do tratamento fisioterapêutico está relacionado à realização


do diagnóstico correto da tendinopatia, é fundamental que seja levado em
consideração todos os achados histológicos, característicos de cada lesão
(HOUGLUM, 2015).

2.3.1 Fase I (0 a 6 dias)


O objetivo principal da fase I está relacionado à redução da resposta
inflamatória, não se pode permitir a existência de uma inflamação prolongada,
ruptura dos vasos sanguíneos ou das fibrilas de colágeno.

Essa situação pode ser evitada por meio da técnica PRICE, que é a proteção,
repouso relativo, crioterapia, compressão e a elevação (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os estudos comprovam que o gelo pode ser empregado através de


intervalos de, no mínimo, 50 minutos. Essa técnica é indicada para esse caso e
deve ser utilizada durante esta fase. Por volta do terceiro ou quarto dia após a
lesão, o edema começa a reduzir, porém a lesão continua dolorosa ao toque e à
movimentação.

Nesse caso, o paciente deve iniciar a realização dos exercícios ativos por
meio de uma amplitude de movimento sem dor (HOUGLUM, 2015).

2.3.2 Fase II (4 a 21 dias)


Ao longo dessa fase, ocorre o processo de recuperação, as células fibróticas
depositam a matriz de fibras colágenas e constituem o tecido de cicatrização. O
objetivo principal é a prevenção para que não ocorra a atrofia dos componentes
articulares e musculares, através da indução gradativa do estresse sobre o tendão
e as modalidades que estimulam as fibras de colágeno (HOUGLUM, 2015).

141
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Uma forma eficiente de tratamento para a estimulação da síntese de


colágeno é a mobilização profunda do tecido para a fricção transversa. É
indicado, também, a realização de alongamentos leves, tendo como objetivo o
realinhamento das novas fibras sintetizadas, além de evitar as contraturas (SILVA;
CAMPOS, 2006).

2.3.3 Fase III (acima de 18 dias)


Esta fase está relacionada à remodelação, fase mais longa, cuja duração é
de vários meses, devido à gravidade da lesão. Conforme Silva e Campos (2006),
nessa fase, os principais objetivos são:

• melhorar a cicatrização do tecido;


• elevar o número de pontes cruzadas nos ligamentos e tendões da região;
• redução nas articulações;
• hipertrofia do tendão.

A partir do diagnóstico da tendinose, o fisioterapeuta precisa fazer uma


avaliação, identificando todas as possíveis causas intrínsecas e extrínsecas que
demonstram a sobrecarga no tendão. Durante a avaliação, deve-se verificar
a flexibilidade, dominância muscular, alinhamento estrutural, deformações
anatômicas relacionadas à estrutura envolvida e à forma de realização das
atividades.

Tanto os exercícios de fortalecimento como de hipertrofia precisam ser


incorporados de forma progressiva, antecedendo tanto o alongamento como o
aquecimento (HOUGLUM, 2015). O emprego do trabalho excêntrico com altas
cargas, é considerado um dos melhores exercícios terapêuticos para a reabilitação
da tendinose.

A carga mecânica ativa o metabolismo dos tenócitos, aumentando o


reparo (SILVA; CAMPOS, 2006). A prática do exercício físico provoca a indução
da remodelação tecidual, hipertrofiando e elevando a força tênsil do tendão. Uma
sugestão de protocolo é a utilização de três séries de 15 repetições, duas vezes ao
dia, durante 12 semanas.

A intensidade da carga está relacionada ao mínimo de dor do paciente ao


executar o movimento (HOUGLUM, 2015). Esse protocolo apresenta um grande
resultado quanto à melhoria de todos os pacientes, sendo indicado a manutenção
de duas a três vezes por semana.

Outra possibilidade de tratamento é a realização de três séries de repetições


por meio de alongamentos entre cada série. Os sintomas geralmente desaparecem
após 20 repetições, de outro modo, a carga ou a velocidade do exercício deve ser
elevada, nesse caso, são necessários de 6 a 16 semanas de tratamento.

142
TÓPICO 5 | LESÕES DO TECIDO TENDINOSO

Os resultados alcançados são de 100% dos pacientes com tendinite, 80%


com tendinite dos extensores do punho e 90% com tendinite patelar (SILVA;
CAMPOS, 2006).

Em qualquer desses exemplos de protocolo, o gelo está indicado para


utilização ao final de cada sessão, com o objetivo da analgesia e da prevenção das
possíveis reações inflamatórias decorrentes do trabalho de reabilitação.

Também devem ser incorporadas as atividades funcionais dinâmicas que


estão relacionadas ao desempenho individual, como o trabalho proprioceptivo,
incorporado ao programa de tratamento (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os testes funcionais são executados com o objetivo de determinar quais


as alterações em habilidades específicas, abordadas antes de retomar, de forma
integral, as atividades.

143
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:

• É importante estudar sobre as lesões do tecido tendinoso através da estrutura,


fisiopatologia e da etiologia, garantindo um tratamento mais efetivo.

• As tendinopatias são classificadas em tendinose, tendinite e paratendinite,


cada uma com características bem diferentes, sendo necessário, portanto, o seu
conhecimento.

• O tratamento fisioterapêutico nas tendinopatias é dividido em três fases, sendo


que cada uma possui características bastante específicas.

144
AUTOATIVIDADE

1 O resultado do tratamento fisioterapêutico está relacionado à realização do


diagnóstico correto da tendinopatia. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o objetivo principal da fase I:

a) ( ) Prevenção para que não ocorra a atrofia dos componentes musculares.


b) ( ) Remodelação, considerada a fase mais longa.
c) ( ) Prevenção para que não ocorra a atrofia dos componentes articulares.
d) ( ) Redução da resposta inflamatória.

2 O overuse é considerada a principal causa, correspondendo em 30% a 50%


de todas as lesões. O que é o overuse?

a) ( ) Processo microtraumático repetitivo que excede a habilidade das


células dos tendões para regenerar o tecido.
b) ( ) Processo microtraumático repetitivo que não atinge a habilidade das
células dos tendões para regenerar o tecido.
c) ( ) Processo macrotraumático repetitivo que excede a habilidade das
células dos tendões para regenerar o tecido.
d) ( ) Processo microtraumático casual que não excede a habilidade das
células dos tendões para regenerar o tecido.

3 A tendinopatia corresponde a utilização em excesso dos tendões, levando


a uma lesão por sobrecarga ou por esforço repetitivo. Assinale a alternativa
que apresenta a correlação entre os tipos de tendinopatias e os seus
respectivos significados.

I- Tendinose.
II- Tendinite.
III- Paratendinite.

a) Lesão sintomática do tendão em que existe a ruptura vascular e a resposta


inflamatória reparadora.
b) Inflamação de forma isolada, sendo que os achados histológicos formam os
infltrados das células inflamatórias, edema e a degeneração das fibras de
colágeno.
c) Degeneração intratendínea secundária ao processo de envelhecimento,
microtraumas e o comprometimento vascular.

a) ( ) I – a; II – b; III – c.
b) ( ) I – c; II – b; III – a.
c) ( ) I – c; II – a; III – b.
d) ( ) I – b; II – a; III – c.

145
146
UNIDADE 2 TÓPICO 6

LESÕES DO TECIDO NERVOSO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos em detalhes os tipos de lesões por estiramento
e as lesões por compressão.

Abordaremos a divisão das lesões nervosas traumáticas (neuropraxia,


axonotmese e neurotmese). A neuropraxia corresponde à compressão do nervo
com a diminuição ou o bloqueio da condução nervosa, já a axonotmese é a lesão
do axônio e da bainha de mielina, mantendo intactos apenas os envoltórios
conjuntivos enquanto que a neurotmese é a ruptura completa do tronco nervoso.

Estudaremos também a mobilização do tecido nervoso e o tratamento


fisioterapêutico através do estudo dos objetivos do tratamento fisioterapêutico e
os recursos terapêuticos utilizados.

2 LESÕES POR ESTIRAMENTO


Os nervos são estruturas que possuem uma grande resistência à tração, ao
ser aplicado uma leve tensão (alongamento) em um nervo posterior a um intervalo
de tempo, é observado uma relação linear, característica de todo material elástico
(GUYTON, 2017).

FIGURA 24 – TECIDO NERVOSO

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-illustration/neurons-abstract-background-3d-
illustration-600w-1223849920.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2020.

147
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Nos casos em que o alongamento transpassa o limite, considerado estresse,


as fibras nervosas se rompem dentro do tubo endoneural e perineural intactos
(TORTORA, 2011).

Caso a tensão continue aumentando os envoltórios conjuntivos, rompe-


se por volta de 25 a 30% do seu comprimento, acima desse ponto, o nervo se
comporta como um material plástico.

Não obstante, a existência de variações na resistência da tração, entre os


nervos o alongamento máximo, dentro do limite elástico, é de, aproximadamente,
20% do seu comprimento. Esse valor está relacionado aos nervos normais, visto
que o tecido nervoso lesado esteja com as suas propriedades biomecânicas
modificadas.

Portanto, é fundamental o cuidado quanto à mobilização de um nervo,


para não produzir uma lesão ainda maior (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.1 LESÕES POR COMPRESSÃO


A compressão de um nervo induz tanto alterações estruturais como
funcionais, é necessário levar em consideração os fatores mecânicos como o
nível de compressão e o seu tempo e o modo de interpretações das lesões por
compressão.

A duração da compressão e os níveis de pressão aplicados ao nervo,


estão relacionados às falhas no fluxo de sangue intraneural, transporte axonal e a
condução nervosa (SILVA; CAMPOS, 2006).

A sustentação prolongada ou compressão intermitente a baixos níveis de


pressão, por volta de (30 mmHg a 80 mmHg), induz um prejuízo ou, até mesmo,
a cessação completa da perfusão sanguínea intraneural no local comprimido.
Essa situação provoca a redução na condução nervosa e a depleção do transporte
axonal distal das proteínas, fundamentais para a compressão.

No entanto, se o mecanismo de lesão for retirado durante um período de


duas a quatro horas, o fluxo sanguíneo pode ser estabelecido completamente,
existindo um bom prognóstico (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os níveis mais altos de pressão, por volta de 200 a 400 mmHg, aplicados
de forma direta ao nervo, durante um curto período de tempo, induz a uma
lesão estrutural na fibra nervosa, tendo um bom prognóstico de recuperação
incompleto. Portanto, a magnitude de pressão aplicada e o tempo de permanência
estão correlacionados à gravidade da lesão por compressão.

148
TÓPICO 6 | LESÕES DO TECIDO NERVOSO

O modo de aplicação da pressão é considerado um fator significante para


a produção da lesão. A compressão direta a um nervo a 400 mmHg provoca uma
lesão nervosa mais grave do que a compressão indireta, aplicada em volta da
extremidade de um membro a uma pressão de 1000 mmHg (HOUGLUM, 2015).

O que indica que as camadas de tecido presentes entre o nervo e a pele,


auxiliam na dissipação da força de compressão (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2 DIVISÃO DAS LESÕES NERVOSAS TRAUMÁTICAS


O trauma mecânico ultrapassa um certo grau referente ao estresse,
fazendo com que os mecanismos de proteção e estruturas dos nervos não sejam
suficientes (SILVA; CAMPOS, 2006).

NOTA

A classificação clínica para a lesão nervosa traumática mais utilizada é a


classificação clínica de Seddon, dividida do ponto de vista da perda e recuperação funcional,
morfologia, regeneração e prognóstico clínico.

FIGURA 25 – CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DE SEDDON

FONTE: O autor

2.2.1 Neuropraxia
A neuropraxia também é conhecida como nervo não atuante, a compressão
do nervo com a redução ou o bloqueio da condução nervosa. Isso pode ocorrer
como resultado do esmagamento da bainha de mielina, que se espalha pelos
nódulos de Ranvier, e dificulta na condução ou na própria isquemia compressiva,
destruindo a bainha e dificultando a condução (HOUGLUM, 2015).

149
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Pode ocorrer uma redução ou perda da força, falta de reflexos tendíneos


abaixo da lesão, acarretando na perda sensorial, mas sem alteração na função
simpática. O prognóstico é considerado bom e a recuperação ocorre dentro de um
a três meses (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.2 Axonotmese
A axonotmese ou corte do axônio corresponde a uma lesão do axônio e
da bainha de mielina, mantendo intactos apenas os envoltórios conjuntivos. Pode
existir compressão, tração, infeção e queimaduras, levando a uma perda variável
da função sensitiva, motora e simpática, além da atrofia muscular e arreflexia
abaixo do local da lesão.

O prognóstico de recuperação é moroso, varia de alguns meses até mais


de um ano (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.3 Neurotmese
A neurotmese ou corte do nervo é uma ruptura completa do tronco
nervoso, isto é, do axônio, bainha de mielina e dos envoltórios conjuntivos que
foram lesados. Essa lesão é em decorrência das lacerações em função dos objetos
perfurantes e queimaduras graves, principalmente as elétricas, levando a um
bloqueio completo da condução nervosa, em função da perda total da função do
órgão (HOUGLUM, 2015).

O prognóstico não é bom e o reparo normalmente é cirúrgico, através


de sutura ou enxerto nervoso. Caso a regeneração não ocorra até o período de
18 meses, é porque existe a destruição de fibrose da placa motora, impedindo
qualquer reinervação (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.3 MOBILIZAÇÃO DO TECIDO NERVOSO


A mobilização neural é apontada para o tratamento das desordens que
possuem origem mecânica (desordem não irritável) e desordem de origem
inflamatória (desordem irritável). As duas possibilidades podem existir ao
mesmo tempo, porém sempre vai existir a predominância de uma sobre o outra,
considerando que uma situação pode sempre predispor a outra (BUTLER, 2003).

Um sinal positivo de tensão neural nem sempre é indicado para a


mobilização, visto que a causa que pode estar envolvida a outras estruturas
estraneurais, principalmente quando o foco da patologia está em uma região de
interface.

150
TÓPICO 6 | LESÕES DO TECIDO NERVOSO

É fundamental lembrar que o tecido nervoso deve ser mobilizado e não


apenas alongado, a mobilização deve incluir o reconhecimento da resistência dos
sintomas e suas correlações aos movimentos (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.4 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO


A conduta fisioterapêutica está relacionada ao tipo de lesão (neuropraxia,
axonotmese e neurotmese), visto que alguns recursos terapêuticos não são
considerados eficazes para alguns casos de lesão (BUTLER, 2003).

2.4.1 Objetivos do tratamento fisioterapêutico


Para Butler (2003), existem vários objetivos relacionados ao tratamento
fisioterapêutico, entre eles:

• controle da dor e do edema;


• manutenção ou elevação da amplitude de movimento;
• manutenção ou elevação da força muscular;
• possibilitar a funcionalidade ao membro afetado;
• ensinamento dos cuidados com o membro afetado.

2.4.2 Recursos terapêuticos


A crioterapia é considerada uma forma muito eficaz para o tratamento
referente ao controle da dor e do edema.

A termoterapia promove a manutenção da circulação local, é considerada


uma forma fundamental, visto que o acúmulo dos catabólitos pode levar à
lesão das junções mioneurais, impossibilitando ou até finalizando a resposta
aos estímulos (SILVA; CAMPOS, 2006). A elevação da temperatura nesta região
provoca um aumento na circulação local, assim ajuda na remoção de todos os
catabólitos.

Quanto à termoterapia, o calor é superficial e profundo, o superficial é


utilizado para os pacientes que apresentam uma grande perda da sensibilidade,
em função do risco de queimaduras (SILVA; CAMPOS, 2006). Já as formas de calor
profundo são utilizadas com cuidado nos pacientes que possuem uma grande
perda da sensibilidade, relacionada às queimaduras mais extensas e profundas e
quando o paciente não consegue informar de forma correta sobre elas.

A hidroterapia é considerada muito importante, é aplicado um calor


superficial e a massagem leve nas áreas em que estão lesadas (SILVA; CAMPOS,
2006). A pequena melhora na circulação local, analgesia e o relaxamento são
muito importantes para a manutenção do metabolismo do nervo lesado.
151
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

O objetivo da massagem é realizar uma analgesia local por meio da


estimulação dos mecanorreceptores, liberando as aderências dos tecidos vizinhos,
decorrentes da intervenção cirúrgica ou do fator causal da lesão, e de uma forma
mais leve do que na aplicação de calor superficial, em função da elevação da
temperatura local. Essa terapia é indicada para a drenagem dos edemas e também
para a melhoria da sensibilidade proprioceptiva por meio da estimulação tátil
(SILVA; CAMPOS, 2006).

No biofeedback é realizado o registro da atividade elétrica muscular


por meio da utilização de eletrodos de superfície, a atividade é observada por
meio de um monitor. Para o tratamento das lesões nervosas periféricas podem
ser inseridos os eletrodos nos músculos paréticos ou plégicos e o paciente é
estimulado a realizar a contração, obtendo uma resposta visual no monitor
quanto à eficiência da sua contração muscular (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 26 – RECURSOS TERAPÊUTICOS

Crioterapia Termoterapia Hidroterapia

Massoterapia Biofeedback

FONTE: O autor

152
TÓPICO 6 | LESÕES DO TECIDO NERVOSO

LEITURA COMPLEMENTAR

Caro acadêmico, convidamos você para fazer a leitura do artigo Cadeia


cinética aberta e fechada: uma reflexão crítica, ele contribuirá com o seu entendimento
sobre o assunto. Por favor, leia da página 642 à 645 na íntegra.

CADEIA CINÉTICA ABERTA E FECHADA: UMA REFLEXÃO CRÍTICA

Auristela Duarte de Lima Moser


Mariane França Malucelli
Sandra Novaes Bueno

Introdução

Os termos, cadeia cinética aberta e cadeia cinética fechada, vêm sendo


muito usados nos últimos 15 anos pela comunidade da reabilitação. Neste período,
muitas pesquisas têm sido realizadas sobre o tema, a maioria envolvendo os
exercícios para membros inferiores na reabilitação do ligamento cruzado anterior
(LCA).

A definição comumente utilizada para classificar exercícios em cadeia


cinética é a de que, se o segmento distal estiver livre para se mover no espaço e
não sustentar o peso corporal, a cadeia é considerada aberta, e na ocorrência do
contrário a cadeia é considerada fechada.

O assunto tomou grandes proporções em meados dos anos 90, quando


foram criados os protocolos envolvendo exclusivamente exercícios em cadeia
cinética fechada na reabilitação das lesões de LCA.

Graças à importância destes conceitos e sua repercussão nas práticas da


reabilitação, observa-se que sua utilização, aliada a várias práticas fisioterapêuticas,
é feita sem que haja discussão crítica sobre as decisões clínicas. Pode-se afirmar
que não é o equipamento que potencialmente pode lesar o paciente, e sim o
clínico utilizando o equipamento. O uso correto e criterioso evitará a deformação
e prejuízos à reconstrução do LCA.

Todo tratamento possui riscos e benefícios e cabe ao terapeuta ser capaz


de identificá-los e analisá-los criticamente para melhor seleção dos recursos e
o modo de utilizá-los. Para que isto aconteça, é necessário que se tenha pleno
conhecimento das bases teóricas dos conceitos que sustentam as práticas
terapêuticas. A discussão, portanto, poderá favorecer uma reflexão sobre estes
conceitos subsidiando a tomada de decisões clínicas e terapêuticas e aumentando
a resolutibilidade das práticas.

153
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

Metodologia

Procedeu-se a uma revisão de literatura a partir das bases de dados


Medline e Pubmed, selecionando ao fim 19 artigos, sendo alguns clássicos e outros
mais contemporâneos. Foram fontes de pesquisa também 15 livros de mecânica,
dinâmica, mecânica das máquinas e cinesiologia.

Os artigos foram captados de jornais de medicina desportiva e fisioterapia,


incluindo o American Journal of Sports Medicine, Journal of Sports and Physical
Therapy, Psysical Therapy, Journal of Sports Rehabilitation e Fisioter Mov. Foram
utilizadas as palavras-chave cadeia cinética, cadeia cinemática, cadeia cinética
aberta, cadeia cinética fechada, forças de cisalhamento, reabilitação do joelho.

Incluíram-se todos os artigos que traziam a definição de cadeia cinética


fechada e aberta, e mais quatro artigos escolhidos aleatoriamente que apesar de
não trazerem a definição, citavam exemplos de exercícios envolvendo cadeias
cinéticas a título de ilustração. Foram excluídos 15 artigos captados inicialmente,
que apesar de abordarem o tema, não traziam o conceito de cadeia cinética aberta
e fechada.

Procedeu-se a uma leitura reflexiva das fontes, buscando-se o conceito


de cadeia cinética implícito ou explícito neles, bem como as concordâncias e
divergências encontradas nas descrições de exercícios utilizados na reabilitação
com base nestas cadeias. Esta triangulação de dados possibilitou a análise crítica
exposta a seguir. Os dados coletados foram sintetizados em um quadro exposto
a seguir. A reflexão crítica baseou-se em uma análise de conteúdo, de modo a
extrair termos-chave que agrupados levaram ao estabelecimento de categorias de
discussão apresentadas no tópico de resultados. Estas categorias foram elencadas
pela sua importância no processo de reflexão para o estabelecimento de práticas
diagnósticas e terapêuticas.

154
TÓPICO 6 | LESÕES DO TECIDO NERVOSO

Resultados

QUADRO 1 – RESUMOS DOS CONCEITOS UTILIZADOS SOBRE CCA E CCF


Autor Cadeia cinética fechada Cadeia cinética aberta

- Fitzgerald GK (1997) Sustentam o peso corporal. É necessário


movimento em várias articulações para que Não sustentam o peso corporal, com movimento
- Bynum B (1995)
se complete o movimento, o segmento distal é ocorrendo em uma única articulação. O segmento
- Yack J (1993)
normalmente fixo a uma superfície sustentadora, distal é livre para se mover, e a resistência é
- Hening CE (1985)
e a resistência pode ser aplicada tanto distal normalmente aplicada no segmento distal.
- Cohen ZA (2001) quanto proximal
São seguros e eficazes e oferecem vantagens
- Bynum EB (1995) importantes sobre exercíciosw em cadeia cinética
aberta.
- Henning CE Exercícios que sustentam o peso corporal causam Exercícios que não sustentam o peso corporal
- Yack HJ menos deformação no LCA. causam mais deformação no LCA.

O pé está normalmente em contato com o solo, o


- Prentice WE (1991
que faz ser mais funcional.
Durante a extensão de perna sentada, a força
é aplicada perpendicular à tíbia, causando um
momento em flexão somente no joelho. Tal
Exercícios como o agachamento devem ser
isolamento da articulação durante o exercício
- Palmitier AR (1994) chamados simplesmente de exercícios em cadeia
não tira vantagem dos efeitos estabilizadores
cinética.
secundários de outros músculos na cadeia
cinética inferior. Estes exercícios devem ser
chamados simplesmente exercícios isolados.
Em uma cadeia cinética, cada segmento que
se move transmite forças para todos os outros
segmentos, afetando o movimento destes
- Davies Articulação isolada.
segmentos, e tem o seu movimento influenciado
pelas forças transmitidas por outros segmentos
(interdependência).
Isto cria um sistema em que o movimento em
uma articulação produz movimento em todas as
outras articulações de uma maneira previsível.
- Steindler Caracteriza-se pelo segmento distal, que termina
O segmento distal da articulação é fixo (pode
- Relaux livre no espaço.
apresentar-se estacionário ou móvel) e suporta
considerável resistência externa, o que impede
ou reduz seu movimento livre.
Uma cadeia cinemática é aquela em que os
elos e juntas formam um ou mais circuitos
fechados. Cada circuito é um laço em que cada
elo é conectado a pelo menos dois outros elos.
Se estes elos são conectados de uma maneira em
que nenhum movimento é possível, o resultado
é uma cadeia (estrutura) fixa ou fechada. Uma
cadeia restrita é alcançada quando os elos estão
- Waldrom conectados de tal maneira que, não importam
Não consta este termo nos livros de mecânica.
- Mabie quantos ciclos de movimento passam através
dos elos, o movimento relativo será sempre
o mesmo entre os elos. Também é possível
conectar os elos de maneira que resultará em
uma cadeia não restrita, o que significa que o
padrão de movimento varia de tempo em tempo,
dependendo da quantidade de fricção presente
nas juntas. Se um elo de uma cadeia restrita se
torna fixo, o resultado então é um mecanismo.

155
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

A gênese do conceito

A análise revela que o conceito de cadeia cinética passou a ser utilizado


a partir de 1980, quando Reulaux lançou o conceito de elos rígidos e juntas na
engenharia mecânica e construção de máquinas, e classificou também cadeia
cinemática e mecanismo.

Cadeia Cinemática é definida como uma montagem de elos e articulações


interconectadas de maneira que promova um movimento controlado em resposta
a um movimento fornecido como estímulo.

Mecanismo é definido como uma cadeia cinemática na qual pelo menos


um elo foi fixado, ou conectado, à moldura de referência, a qual pode estar em
movimento.

Desde 1973, relaciona-se o conceito de cadeia cinemática com a


biomecânica, afirmando-se que o corpo humano pode ser visto como um sistema
de elos rígidos interconectados por articulações, e que o comportamento articular
e recrutamento muscular muda mais quando a extremidade encontra resistência
do que quando está livre. Posteriormente, esta afirmação foi corroborada em
outros estudos.

Utilizados inicialmente, os termos cadeia cinética aberta e fechada tiveram


como objetivo prover um esquema de classificação que diferenciava dois enfoques
distintos de exercícios: o de cadeia cinética fechada, quando o segmento distal
encontrava resistência, sendo a ação muscular e a função articular diferentes de
quando o segmento distal era livre para se mover denominado de cadeia cinética
aberta.

Assim, uma cadeia cinética aberta caracteriza-se pela liberdade do


segmento distal, ao passo que na cadeia cinética fechada o segmento distal da
articulação é fixo e suporta uma considerável resistência externa, o que impede
ou reduz sua liberdade de movimentação. Eventualmente a resistência interna
poderá ser superada, e nesse caso, a porção distal da articulação movimentar-
se-á contra essa resistência. A partir da definição original, alguns novos termos
apareceram baseados em tal conceito.

O fato de Steindler não ter afirmado que o segmento distal deveria estar
estático, mas que se este superasse a resistência poderia movimentar-se contra esta,
abriu possibilidades para que outros exercícios se enquadrassem neste conceito.
Nesse caso, não somente o fato de não ser estático passou a ser fundamental, mas
também o de que os exercícios em CCF podem ter seu grau de liberdade reduzido
e não somente seu movimento impedido – como os exercícios até hoje estudados
– passou a ter grande importância no conceito de CCF.

156
TÓPICO 6 | LESÕES DO TECIDO NERVOSO

Na Cinesiologia mais esclarecimentos foram veiculados sobre os termos


cadeia cinética fechada e aberta e cadeia cinemática. Veicula-se que as cadeias
cinemáticas se compõem de uma série de ligações rígidas que são interconectadas
por uma série de juntas centradas por um pino. Na engenharia, o sistema de juntas
e ligações é construído de tal forma que o movimento de uma ligação produzirá
movimento de todas as juntas de modo previsível. As cadeias cinemáticas da
engenharia formam um sistema fechado, ou cadeia cinemática fechada. Esta
definição baseada na engenharia traz um novo componente, a interdependência
e a previsibilidade dos movimentos envolvidos no sistema, formando assim um
sistema fechado. Quando analisamos os exercícios ora citados e comparamos com
esta definição, vemos que o agachamento, considerado cadeia cinética fechada,
não forma um sistema fechado, pois a extremidade do tronco está livre para se
mover no espaço. Então o agachamento não deveria ser classificado como um
exercício em cadeia cinética fechada.

Numa discussão mais contemporânea, questiona-se sobre o sistema


de elos fechados e a existência de exercícios em cadeia cinética fechada pura,
afirmando que os exercícios devem ser combinações dos dois tipos de cadeia.

Tanto Norkin quanto Andrews usaram a mesma referência para seus


estudos individuais, o livro Cinesiologia de Brunnstrom, que considera como a
principal característica de uma cadeia cinemática aberta a liberdade do segmento
distal no espaço, enquanto que na cadeia cinemática fechada o segmento distal
é fixo. Aparentemente, isto não constitui novidade, mas ele também afirma que
“cadeias cinemáticas fechadas são comumente usadas em máquinas; e cadeias
cinemáticas abertas são mais comuns no corpo humano, como exemplificada
na coluna vertebral e nos membros”. Porém são encontradas algumas cadeias
fechadas também no corpo humano, como o cinturão pélvico em que os segmentos
estão unidos por duas articulações sacras ilíacas, a sínfise púbica e a caixa torácica,
em que cada costela com sua conexão vertebral e esternal forma um anel.

Analisando tais afirmações e comparando com a engenharia é correto


afirmar que somente alguns exemplos de cadeia fechada são encontrados no
corpo humano, pois realmente formam um sistema fechado. Analisando a
anatomia humana verificamos que outro exemplo se enquadra nesta definição:
a articulação temporomandibular, que é fechada em ambos os lados, havendo
interdependência quanto ao movimento e as forças que o determinam. Nos livros
de Cinesiologia encontra-se também o conceito de cadeia cinemática trazido por
Steindler para a reabilitação, mudando a denominação para cadeia cinética. A
distinção de cinemática e cinética pode contribuir para verificar se a diferença
entre os dois é relevante e se traz alguma alteração à definição original. Diferencia-
se cinética e cinemática quando se afirma que a cinemática se ocupa apenas dos
aspectos geométricos do movimento enquanto que a cinética analisa as forças
causadoras. A definição de cadeia cinemática trazida por livros de mecânica não
considera as forças envolvidas na produção dos movimentos, aceitando como

157
UNIDADE 2 | CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS

cadeia cinemática qualquer arranjo de elos rígidos conectados por juntas. Os elos
e juntas formam um ou mais circuitos fechados e cada circuito fechado é um
laço em que cada elo é conectado a pelo menos dois outros elos. Quando um
número de elos é conectado em pares, o resultado é uma cadeia cinemática. Se
estes elos são conectados de uma maneira em que nenhum movimento é possível,
o resultado é uma cadeia (estrutura) fixa ou fechada.

Considera-se uma cadeia restrita quando os elos estão conectados de tal


modo que independentemente de quantos ciclos de movimento passam através
deles, o movimento relativo será sempre o mesmo entre os elos. Também é
possível conectar os elos de maneira que resulte em uma cadeia não restrita, o que
significa que o padrão de movimento varia de tempos em tempos dependendo da
quantidade de fricção presente nas juntas. Quando o elo de uma cadeia restrita se
torna fixo, o resultado então é um mecanismo.

[...]

FONTE: MOSER, A. D. L.; MALUCELLI, M. F.; BUENO, S. N. Cadeia cinética aberta e fechada: uma
reflexão crítica. Rev. Fisioterapia em movimento, v. 23, n. 4, p. 641-650, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/fm/v23n4/a14v23n4.pdf. Acesso em: 4 maio 2020.

158
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico, você aprendeu que:

• É fundamental estudar os tipos de lesão do tecido nervoso por estiramento e


por compressão.

• As lesões nervosas traumáticas são divididas em neuropraxia, axonotmese e


neurotmese.

• Para que o tratamento fisioterapêutico tenha excelentes resultados, deve


ser levado em consideração os objetivos do tratamento fisioterapêutico e os
recursos terapêuticos utilizados.

CHAMADA

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AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

159
AUTOATIVIDADE

1 Existem vários recursos terapêuticos que podem ser utilizados para o


tratamemto, entre eles, a crioterapia, a termoterapia, a hidroterapia, a
massoterapia e o biofeedback. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o objetivo da massagem:

a) ( ) Realizar uma analgesia geral por meio da estimulação dos nociceptores.


b) ( ) Realizar uma analgesia local por meio da estimulação dos termoceptores.
c) ( ) Realizar uma analgesia geral por meio da estimulação dos
qumioceptores.
d) ( ) Realizar uma analgesia local por meio da estimulação dos
mecanorreceptores.

2 A classificação clínica de Seddon é a classificação para a lesão nervosa


traumática mais utilizada. Sobre a correlação das divisões da classificação
clínica de Seddon com os seus respectivos significados, associe os itens,
utilizando o código a seguir:

I- Neuropraxia.
II- Axonotmese.
III- Neurotmese.

a) Corresponde a uma lesão do axônio e da bainha de mielina, mantendo


intactos apenas os envoltórios conjuntivos.
b) Ruptura completa do tronco nervoso, isto é, do axônio, bainha de mielina e
dos envoltórios conjuntivos que foram lesados.
c) Também é conhecida como nervo não atuante, a compressão do nervo com
a redução ou o bloqueio da condução nervosa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – b; II – a; III – c.
b) ( ) I – c; II – b; III – a.
c) ( ) I – a; II – b; III – c.
d) ( ) I – c; II – a; III – b.

3 Existem vários objetivos que estão envolvidos no tratamento fisioterapêutico.


Sobre os objetivos envolvidos no tratamento fisioterapêutico, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Controle da dor e do edema.


( ) Manutenção ou diminuição da amplitude de movimento.
( ) Manutenção ou elevação da força muscular.
( ) Possibilitar a funcionalidade ao membro afetado.

160
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) F – V – V – V.

161
162
UNIDADE 3

TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS


E MARCHA HUMANA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• estudar em detalhes o treinamento de estabilização do core em reabilitação;

• estudar em detalhes a psicomotricidade;

• aprender sobre o sistema sensório motor;

• abordar sobre a marcha humana;

• abordar sobre marcha patológica.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em sete tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM


REABILITAÇÃO

TÓPICO 2 – PSICOMOTRICIDADE

TÓPICO 3 – SISTEMA SENSÓRIO MOTOR

TÓPICO 4 – MARCHA HUMANA

TÓPICO 5 – MARCHA PATOLÓGICA

TÓPICO 6 – PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

163
164
UNIDADE 3
TÓPICO 1

TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM


REABILITAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, apresentaremos a eficiência e a atuação do core, o treinamento
do core, as observações sobre a postura, os desequilíbrios musculares, as condutas
específicas para o treinamento do core, o protocolo de estabilização do core e os
programas de treinamento do core.

O treinamento da estabilização da musculatura do core ou centro de força


faz parte do programa de tratamento em reabilitação para os mais diversos tipos
de pacientes. Através do treinamento ocorre uma melhora quanto ao controle
postural, maior equilíbrio decorrente da melhora artrocinética articular em volta
do complexo lombo pélvico quadril (VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 1 – TREINAMENTO DO CORE

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-illustration/fitness-man-weight-management-
training-600w-1659621904.jpg>. Acesso em: 15 maio 2020.

165
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

2 EFICIÊNCIA E ATUAÇÃO DO CORE


Quando o core está eficiente, ocorre a manutenção da relação
comprimento-tensão normais dos músculos agonistas e antagonistas funcionais.
Essa manutenção do comprimento-tensão permite que todas as relações força do
complexo lombo-pélvico do quadril sejam ativadas (SILVA; CAMPOS, 2006).

A manutenção das relações comprimento-tensão normais e as relações no


par de forças agonistas e antagonistas possibilita a manutenção da artrocinética
ideal no complexo lombo-pélvico-quadril durante os movimentos da cadeia
cinética (VOIGHT et al., 2014).

Segundo Silva e Campos (2006), essa prática possibilita uma grande


eficiência neuromuscular, ideal durante os movimentos funcionais, possibilitando
a existência da aceleração, da desaceleração e da estabilização dinâmica ideais.

Existe também a estabilidade proximal para os membros superiores e


inferiores. O core atua como uma unidade funcional integrada onde toda a cadeia
cinética funciona de forma sinérgica. O objetivo é a produção e a redução da força,
além da estabilização de forma dinâmica em oposição às forças desproporcionais
presentes em algumas regiões (VOIGHT et al., 2014).

Quando existe eficiência, cada componente estrutural faz a distribuição


do peso, absorção da força e a transferência das forças de reação ao solo de forma
correta (SILVA; CAMPOS, 2006).

O sistema integrado e interdependente deve ser treinado de uma maneira


ideal para que possa atuar de forma eficiente durante todas as atividades de
cadeia cinética dinâmicas (KISNER; COLBY, 2009).

3 TREINAMENTO DO CORE
Quando os músculos dos membros são fortes e o core é fraco, eles não
são capazes de estabilizar de forma suficiente o tronco para que possam ser
produzidos os movimentos considerados mais competentes dos membros
superiores (KISNER; COLBY, 2009). Os indivíduos, por meio do treinamento do
core, desenvolvem:

• força funcional;
• potência;
• controle neuromuscular;
• resistência nos músculos motores primários.

166
TÓPICO 1 | TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM REABILITAÇÃO

A fraqueza do core é considerada um problema funcional para vários


movimentos não eficientes que provocam as lesões (SILVA; CAMPOS, 2006).
Toda a musculatura do core é um constituinte integral do mecanismo de proteção
que alivia a coluna vertebral de todas as forças nocivas referente às atividades
funcionais. Existem no total 29 músculos que estão ao redor do tronco na linha da
coluna lombar (VOIGHT et al., 2014).

E
IMPORTANT

Os principais músculos são os abdominais, lombares, glúteos e oblíquos,


apresentando uma ligação com o complexo lombo-pélvico do quadril, fazendo um
importante suporte e estabilização do quadril, pelve e abdômen (KISNER; COLBY, 2009).

O core corresponde ao complexo lombo-pélvico do quadril, considerado o


centro de gravidade e o local onde todos os movimentos são iniciados (VOIGHT
et al., 2014).

FIGURA 2 – MÚSCULOS DO CORE

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-illustration/human-anatomy-psoas-muscle-
soul-600w-602151911.jpg> Acesso em: 15 maio 2020.

167
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

Segundo Voight et al. (2014), um programa de treinamento da estabilização


da musculatura do core deve ser executado com o objetivo de:

• ganho de força;
• controle neuromuscular;
• potência;
• resistência muscular do complexo lombo-pélvico-quadril.

O maior controle tanto neuromuscular como da força de estabilização


permite uma posição que seja biomecanicamente mais eficaz, garantindo uma
maior eficiência neuromuscular.

A eficácia neuromuscular é garantida através da união do alinhamento


postural (estático e dinâmico) e a força da estabilidade que possibilita que o corpo
desacelere a gravidade, forças de reação ao solo e impulso na articulação correta,
plano correto e também no tempo correto (SILVA; CAMPOS, 2006).

Nos casos em que o sistema neuromuscular não é eficiente, este não será
mais capaz de responder às demandas necessárias, determinadas sobre ele,
durante as atividades funcionais. Quando a eficiência do sistema neuromuscular
está reduzida, a capacidade da cadeia cinética está diminuída de forma
significativa (VOIGHT et al., 2014). Já nos casos da eficiência neuromuscular
reduzida, existe tanto os padrões de movimentos como a substituição, além de
uma postura anormal durante as atividades funcionais.

Todas estas posturas pobres acarretam um estresse mecânico elevado


sobre os tecidos contráteis e não contráteis, provocando pequenos traumas de
forma repetitiva, biomecânica anormal e lesão (SILVA; CAMPOS, 2006).

4 OBSERVAÇÕES SOBRE A POSTURA


A finalidade do core é fazer a manutenção do alinhamento postural e do
equilíbrio postural dinâmico ao longo de todas as atividades funcionais realizadas
(VOIGHT et al., 2014). O alinhamento considerado o ideal para cada região do
corpo, é um ponto muito importante para o treinamento funcional e para um
programa de tratamento.

A postura e o alinhamento correto garantem uma eficiência neuromuscular


máxima, visto que a relação normal comprimento-tensão, combinação entre as
forças agonistas e antagonistas e a artocinemática são conservadores ao longo dos
padrões de movimentos funcionais (SILVA; CAMPOS, 2006).

Quando um segmento na cadeia cinética não está dentro do alinhamento,


existe a disfunção ao longo de toda a cadeia cinética. Esses padrões são
relacionados como padrões de distorção em série, estando associados ao estado

168
TÓPICO 1 | TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM REABILITAÇÃO

em que a integridade da estrutura corporal está prejudicada devido aos segmentos


da cadeia cinética quando não estiverem alinhados (VOIGHT et al., 2014). Essa
alteração leva às forças de distorção anormais que estão colocadas nos segmentos
da cadeia cinética, podendo estar acima ou abaixo do segmento que estão com
disfunção.

Para impedir os padrões de distorção em série e a relação em cadeia


cinética que é criada por um segmento desalinhado, deve ser salientada as
posições estáveis para que possam manter a integridade estrutural de toda a
cadeia cinética (KISNER; COLBY, 2009).

Um excelente programa de estabilização da musculatura do core é capaz


de prevenir a existência de vários padrões de distorção e vai providenciar um
maior controle da postura dinâmica ideal ao longo dos movimentos funcionais
(VOIGHT et al., 2014).

5 DESEQUILÍBRIOS MUSCULARES
O core com um funcionamento adequado auxilia na prevenção quanto ao
aumento dos desequilíbrios musculares, além da dominância sinérgica. O sistema
de movimento humano é considerado muito eficiente, cujos componentes estão
relacionados e são interdependentes (VOIGHT et al., 2014). A interação funcional
de um dos componentes no sistema de movimento humano possibilita a eficiência
neuromuscular, considerada ideal.

As mudanças na artrocinética das articulações, equilíbrio muscular e


no controle neuromuscular alteram o funcionamento de toda a cadeia cinética,
considerado ideal (KISNER; COLBY, 2009).

É muito difícil que a disfunção da cadeia cinética pode ocorrer de forma


isolada, normalmente a patologia da cadeia cinética é considerada uma reação
em cadeia que engloba algumas partes fundamentais da cadeia cinética, existindo
várias compensações e adaptações que são desenvolvidas. A participação de vários
músculos em uma articulação é a responsável quanto ao controle coordenado do
movimento (VOIGHT et al., 2014).

Quando o core é fraco, a artrocinética está modificada, as alterações


na relação comprimento-tensão e força-par (agonista – antagonista) altera
o controle neuromuscular. Já quando é o músculo que está fraco, tenso ou
alterado ou modificado o seu grau de ativação, os sinérgicos, estabilizadores e os
neutralizadores estão compensados (KISNER; COLBY, 2009).

A rigidez muscular apresenta um impacto que é considerado muito
significativo na cadeia cinética, essa rigidez altera a relação normal do
comprimento-tensão, alterando a relação força-par normal.

169
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

A artrocinética modificada altera a função sinérgica da cadeia cinética,


o que leva a uma disposição da pressão anormal sobre as superfícies articulares
e os tecidos moles. A rigidez muscular também provoca a inibição recíproca
(VOIGHT et al., 2014). Portanto, se um deles apresentar o desenvolvimento dos
desequilíbrios musculares em todo o complexo lombo-pélvico do quadril, pode
alterar toda a cadeia cinética.

A existência de um padrão de desequilíbrio muscular diminui a


estabilidade normal lombo-pélvico do quadril (KISNER; COLBY, 2009). Os
padrões de substituição específicos, desenvolvidos como forma de compensar a
falta da estabilização, estando inclusos a rigidez no trato iliotibial. Esse padrão de
desequilíbrio muscular provoca um maior estresse frontal e transversal na altura
do joelho.

O core fortalecido possui uma eficiência neuromuscular ótima, auxiliando


quanto à prevenção de desequilíbrios musculares (KISNER; COLBY, 2009).
Portanto, o programa de treinamento de estabilização da musculatura do core
é considerado um integrante completo de todos os programas de tratamento
(VOIGHT et al., 2014).

O core forte e eficaz garante a presença de uma base mais estável, cujos
membros atuam com precisão e eficiência máxima. A coluna vertebral, pelve e
quadril precisam estar alinhados de forma adequada com a ativação de todos
os músculos, no decorrer de qualquer exercício para o fortalecimento do core
(KISNER; COLBY, 2009).

Nenhum músculo trabalha de forma isolada, deve ser levado em


consideração tanto a posição como a atividade de todos os músculos ao longo
dos exercícios em cadeia cinética aberta e fechada (VOIGHT et al., 2014).

6 CONDUTAS ESPECÍFICAS PARA O TREINAMENTO DO


CORE
É fundamental que antes de iniciar o tratamento, o paciente passe por
uma avaliação completa quanto à estabilização do core, em que deve ser avaliada
a presença dos desequilíbrios musculares. Os déficits artrocinemáticos devem
ser corrigidos antes de começar o programa de treinamento intensivo do core
(VOIGHT et al., 2014).

O tratamento da estabilização do core deve sempre ser sistemático,


progressivo e funcional. O programa de reabilitação deve iniciar no ambiente
mais provocador que um indivíduo consiga controlar e focar na contração
muscular tendo vários objetivos, conforme pode ser observado na figura a seguir
(KISNER; COLBY, 2009):

170
TÓPICO 1 | TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM REABILITAÇÃO

FIGURA 3 – OBJETIVOS DO PROGRAMA DE REABILITAÇÃO

Estabilização
Produção de força Diminuição da força
dinâmica
(contrações (contrações
(contrações
concêntricas) excêntricas)
isométricas)
FONTE: O autor

A progressão contínua da função deve ser permanente, sendo necessário


o acompanhamento sistemático, este programa deve ser manipulado de forma
regular (VOIGHT et al., 2014).

7 PROTOCOLO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE


O terapeuta deve trabalhar com foco proprioceptivo, selecionando
os exercícios apropriados, para que possa atingir uma máxima resposta ao
treinamento. Todos os exercícios devem ser bastante seguros, sendo fundamental
a existência de exercícios com múltiplos planos, incorporação de um ambiente
multissensorial decorrentes das capacidades de movimentos funcionais (KISNER;
COLBY, 2009).

O objetivo da estabilização do core deve ser baseado no desenvolvimento


de melhores níveis quanto à força funcional e à estabilização dinâmica. Já a
adaptação neural deve ser considerada o foco do programa, não apenas os ganhos
quanto à força absoluta (VOIGHT et al., 2014). Nos ambientes de tratamento, é
fundamental que seja atingida a elevação da propriocepção através da utilização
de vários dispositivos como:

• bolas;
• colete com carga;
• halteres; entre outros exemplos (KISNER; COLBY, 2009).

8 PROGRAMAS DE TREINAMENTO DO CORE


Este programa de treinamento passa por uma progressão de forma
sistemática, seu principal objetivo é o treinamento dos estabilizadores do tronco,
ativos em todas as fases das atividades funcionais. Essas atividades englobam
as posturas estáticas simples, como os movimentos para sentar-se ou levantar,
devendo ser alteradas para tarefas mais complexas (VOIGHT et al., 2014).

171
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

É fundamental que todos os pacientes tenham consciência corporal para


que consigam fazer a ativação dos músculos que fazem parte do core através do
posicionamento de forma correta, o controle neuromuscular e o nível da geração
de força necessária para a realização de cada uma das tarefas.

A ativação dos músculos estabilizadores profundos do core, como os


músculos transversos do abdômen e o multífidos de forma coordenada com os
padrões normais da respiração, é a base para todos os exercícios do core (KISNER;
COLBY, 2009).

Uma forma para iniciar o treinamento é solicitar para o paciente ficar de


frente para o espelho, pedindo que ele coloque as suas mãos em cima da crista
ilíaca, de maneira que os dedos fiquem anteriormente aos músculos transversos
do abdômen e oblíquos internos.

A melhor forma para solicitar essa postura aos pacientes, é pedir para que
eles coloquem as suas mãos sobre o quadril (VOIGHT et al., 2014). É solicitado
para que os pacientes puxem o umbigo para dentro, na direção da coluna
vertebral, sem que movimentem o tronco ou o corpo enquanto estão respirando
normalmente.

Todos estes processos auxiliam na inclusão da técnica de contenção


corporal total e a utilização dos membros superiores e inferiores para auxiliar na
estabilização corporal total (KISNER; COLBY, 2009).

No momento em que o paciente ativa, de forma correta, os músculos do


core, é indicado que uma corda seja amarrada em volta da cintura para que possa
ser utilizado como um feedback. A corda deve ficar no local ao longo de toda
a progressão do exercício, dando um importante feedback para o paciente no
momento em que é perdido o controle dos músculos transverso do abdômen e
multífidos (VOIGHT et al., 2014). Esta posição adotada é denominada de posição
de poder ou base de origem.

A partir do momento que o controle neuromuscular dos músculos do


abdômen e multífidos são atingidos, os exercícios devem ser continuados em
outras posições. A posição quadrúpede é considerada uma excelente postura
para que o paciente possa aprender e elevar a sua posição de poder. Uma forma
para deixar o corpo mais firme e reduzir os movimentos do tronco é solicitar
que os pacientes deixem um copo de água sobre a região lombo-sacral (KISNER;
COLBY, 2009).

O paciente é instruído para deixar o tronco reto – como se fosse uma mesa
– puxando o estômago para dentro, em direção à coluna vertebral, de forma que
os músculos transversos do abdômen e multífidos sejam ativados, mantendo o
padrão da respiração normal (VOIGHT et al., 2014).

172
TÓPICO 1 | TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM REABILITAÇÃO

NOTA

O tempo mínimo que essa posição deve ser mantida é de 10 segundos,


aumentando posteriormente para 30 a 60 segundos, trabalhando a resistência de todos os
músculos do tronco.

É indicado que o paciente faça a liberação da contração excêntrica de


forma lenta, não devendo existir nenhum movimento da coluna vertebral ao
longo da fase de liberação.

Quando o paciente dominar essa posição, o terapeuta deve progredir


para maiores intensidades de exercícios, elevando a dificuldade por meio de uma
maior resistência sobre os músculos do core (KISNER; COLBY, 2009).

As possiblidades para aumentar as posições de quadrúpede e prancha


tornam a base de suporte instável, através da utilização de bolas, espumas ou
pranchas para oscilação. A base de suporte pode ser menos estável estando mais
estreita, podendo ser retirado um ponto da estabilidade, por exemplo, um suporte
de um braço ou de uma perna (VOIGHT et al., 2014).

A resistência externa também é utilizada para o braço ou para a perna, essa


carga pode ser mantida em uma posição estática ou movida de forma dinâmica,
como no padrão de facilitação neuromuscular proprioceptiva para os membros
superiores. A inclusão da rotação do tronco é considerada uma progressão da
posição da prancha frontal, aumentando a dificuldade do exercício (KISNER;
COLBY, 2009).

Todas as atividades são muito desafiadoras do ponto de vista


proprioceptivo, podendo ser utilizadas as bases de suporte instáveis ou, ainda,
retirar o impulso visual, solicitando que o paciente realize os exercícios sempre
com os olhos fechados.

Outra posição utilizada para o treinamento dos músculos do core é a da


prancha lateral, mesma posição utilizada para o teste de resistência dos músculos
laterais do tronco (VOIGHT et al., 2014). A posição da prancha lateral básica
começa por meio de um braço de alavanca encurtado, cujos joelhos estão em
flexão a 90º, e uma bola sobre a região das axilas para reduzir uma pressão sobre
as regiões do ombro e cervical.

173
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

No caso dos pacientes que possuem fraquezas nos membros superiores,


a bola ajuda na capacidade para executar a sequência nas pranchas laterais e
diminuir a probabilidade das lesões ou das tensões os músculos do quadrante
superior (KISNER; COLBY, 2009). O paciente deve ser orientado para que
mantenha a sua posição de poder sempre ativada ao longo de todas as posições.

O desenvolvimento da dificuldade é parecido com a prancha frontal,


vista anteriormente. A evolução vai de meia prancha lateral à prancha lateral
total (VOIGHT et al., 2014). Deve ser posicionado uma bola maior sobre o
antebraço do braço de apoio, enquanto isso, na posição de prancha lateral total,
pode existir a mudança quanto à estabilidade da base de suporte. Posicionado
com uma bola menor sobre o pé da prancha lateral total, que é considerada
uma posição difícil para manter, deve ser utilizado somente para os pacientes
que estão em um estágio mais avançado, que tem um ótimo controle do core
(KISNER; COLBY, 2009).

A ponte com o tronco em decúbito dorsal avança de uma base mais estável
para uma mais instável, fazendo o posicionamento da bola na região escapular ou
abaixo dos pés. Os exercícios devem avançar em posições de cadeia aberta para
cadeia fechada, além dos mesmos princípios de progressão que são utilizados
para a cadeia fechada (VOIGHT et al., 2014).

Deve ser iniciado na posição de poder com a base estável e as posições


estáticas mantidas, trabalhando sobre a resistência muscular do core e feito
a progressão para as superfícies instáveis, forças externas que estimulam
as perturbações do equilíbrio, como arremessar e apanhar uma bola ou os
movimentos dinâmicos em cima de uma bola.

A progressão final da posição da cadeia fechada é a progressão dos


exercícios para as atividades funcionais específicas, fundamentais para cada
paciente (KISNER; COLBY, 2009). As funções são variadas de acordo com as
atividades realizadas no dia a dia, por exemplo, as atividades de subir escadas,
levantar e carregar caixas ou atividades esportivas.

O terapeuta avalia de forma cuidadosa cada um dos pacientes, através da


utilização de todas as posições específicas para o treinamento neuromuscular e a
resistência de todos os músculos que fazem parte do core, com um cuidado especial
quanto ao músculo transverso do abdômen e multífidos (VOIGHT et al., 2014).

A posição de poder não pode ser abandonada quando o paciente está


realizando outros tipos de exercícios, como o levantamento de pesos, caminhadas
ou, ainda, outros tipos de atividades aeróbicas, como o step ou a corrida. O
paciente deve manter sempre a cadência de todos os seus passos durante a
caminhada ou na corrida na esteira ergométrica, mantendo cadência, reduzindo,
com isso, o impacto das forças do pé, estendendo-se até a cadeia cinética.

174
TÓPICO 1 | TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM REABILITAÇÃO

A técnica permite que os membros inferiores absorvam excentricamente


as forças da gravidade ao longo da caminhada ou corrida, ativando todos os
músculos dos membros inferiores e o core de forma funcional excêntrica (KISNER;
COLBY, 2009).

O equipamento de extensão posterior chamado de cadeira romana é muito


utilizado para o trabalho de fortalecimento de todos os músculos extensores
lombares (VOIGHT et al., 2014). É fundamental que o paciente esteja ciente quanto
à manutenção da posição de poder ao longo de todo o período, o tronco deve ficar
em um plano reto durante todo o padrão de movimento.

Os músculos isquiotibiais e os glúteos começam o momento de extensão


do tronco quando se movem por meio de uma extensão do tronco, movendo-se
da posição flexionada para a posição neutra (KISNER; COLBY, 2009).

A extensão lombar ou lordose no nível da parte lombar da coluna vertebral


não deve ocorrer. A hiperextensão da parte lombar da coluna não deve ser
estimulada por meio deste exercício (VOIGHT et al., 2014). Esse tipo de exercício
deve ser utilizado apenas quando o paciente possui um ótimo controle do core e
sabe ficar na posição de poder, conseguindo manter uma posição estável ao longo
do exercício.

Outra forma de hiperextensão muito comum é o exercício chamado de


super-homem, cujo paciente fica em decúbito ventral e estende, de forma ativa,
os membros superiores, e os inferiores, de forma simultânea (KISNER; COLBY,
2009). Assim, o fortalecimento do core deve sempre iniciar por meio do controle
neuromuscular, primordial para os músculos transverso do abdômen e multífidos
executados em posição de poder.

O fortalecimento dos abdominais não é considerado o ponto principal,


mas a resistência abdominal como um tronco estabilizado que eleva a função e
previne ou reduz uma lesão (VOIGHT et al., 2014).

O tronco deve ser dinâmico e capaz de fazer a movimentação em múltiplas


direções e em várias velocidades, ainda existe a estabilidade interna que promove
uma base forte de suporte ao invés de fazer a sustentação da mobilidade
funcional e a função do membro. A posição deve sempre ser realizada ao longo
da sequência do exercício, além de todos os exercícios ser individualizados, em
função da necessidade de cada um dos pacientes (KISNER; COLBY, 2009).

O grande segredo é a integração de todos os exercícios individuais


nos padrões funcionais, estimulando todas as exigências para cada uma das
atividades inicialmente simples. Essas atividades são progredidas para os níveis
considerados mais elevados das capacidades necessárias para cada paciente de
forma individual (VOIGHT et al., 2014).

175
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• A atuação do core é muito eficiente para o tratamento das mais diversas


patologias, entre elas: respiratórias, ortopédicas, neurológicas entre outras.

• O treinamento da estabilização da musculatura do core ou centro de força faz


parte do programa de tratamento em reabilitação para os mais diversos tipos
de pacientes.

• Quando o core está eficiente, ocorre a manutenção da relação comprimento-


tensão normais dos músculos agonistas e antagonistas funcionais

• A existência de um padrão de desequilíbrio muscular diminui a estabilidade


normal lombo-pélvico do quadril

• As condutas específicas para o treinamento do core são muito importantes e


eficientes.

176
AUTOATIVIDADE

1 O treinamento da estabilização da musculatura do core ou centro de força


faz parte do programa de tratamento em reabilitação. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta o número total de músculos do core:

a) ( ) 25.
b) ( ) 29.
c) ( ) 15.
d) ( ) 18.

2 Quando o core atua de forma normal, existe uma relação comprimento-


tensão correta dos agonistas e antagonistas funcionais. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta o que a manutenção do core possibilita:

a) ( ) Que todas as relações força par normais do complexo lombo-pélvico do


quadril sejam ativadas.
b) ( ) Que todas as relações força par anormais do complexo lombo-pélvico
do quadril sejam ativadas.
c) ( ) Que todas as relações força par normais do complexo lombo-pélvico do
ombro sejam ativadas.
d) ( ) Que todas as relações força par normais do complexo escápula-clavícula
do úmero sejam ativadas.

3 Quando os músculos dos membros são fortes e o core é fraco, eles não serão
capazes de estabilizar de forma suficiente o tronco. Com relação ao que será
desenvolvido nos indivíduos através do treinamento do core, classifique V
para as opções verdadeiras e F para as falsas:

( ) Força funcional.
( ) Potência.
( ) Controle neuromuscular.
( ) Resistência nos músculos motores primários.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) V – V – V – V.

177
178
UNIDADE 3
TÓPICO 2

PSICOMOTRICIDADE

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos todos os fatores responsáveis pela estruturação
psicomotora global, entre eles a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, o esquema
e imagem corporal, a estruturação espaço-temporal e a percepção. Também
estudaremos a importância da associação da fisioterapia com a psicomotricidade.

A psicomotricidade é uma ciência que está interligada a várias outras


ciências, baseada na biologia, psicologia, sociologia, entre outras áreas.

É o campo que estuda as relações entre a atividade mental e a atividade


motora, sendo que a atividade mental é o conjunto que incorpora as sensações,
as emoções, os afetos, os medos, as representações, os símbolos e as ideias
(GUYTON, 2017).

NOTA

Toda atividade motora agrega a comunicação entre os cinco subsistemas


motores neurológicos principais.

Na figura a seguir, você poderá observar todos os subsistemas motores


neurológicos.

179
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

FIGURA 4 – SUBSISTEMAS MOTORES NEUROLÓGICOS PRINCIPAIS

Piramidal

Extrapiramidal

Cerebelar

Reticular

Medular

FONTE: O autor

A atividade motora compreende um grupo de estudos psicológicos,


biológicos, fisiológicos e neurológicos, possibilitando a utilização do corpo como
um mediador, portanto, o ato motor humano garante a incorporação desse
indivíduo consigo mesmo e com o mundo onde estão disponíveis todos os objetos
e os indivíduos.

O desenvolvimento psicomotor está diretamente ligado ao processo


de maturação desde a concepção, o corpo é considerado a origem de todas as
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas (GUYTON, 2017). O funcionamento do
sistema psicomotor incorpora os seguintes sistemas:

• estimulação;
• integração;
• sistema de resposta.

É através do sistema de estimulação que as informações do ambiente


interno e externo são reunidas, por meio dos órgãos sensoriais, e transmitidas
para outro sistema chamado de sistema de integração (ALVES, 2012).

No sistema de integração existe a conservação e o processamento de


todas as informações que servem de base para ativar a percepção, a memória, o
planejamento e a consciência, enquanto a externalização da ação motora é realizada
por meio do sistema de resposta. Para Kolt e Mackler 2008), o desenvolvimento
neuromotor acompanha um padrão ordenado em direção céfalo-caudal, proximal-
distal, geral para o específico e com intervalos que compreendem:

• 0 aos 7 anos;
• 8 aos 12 anos;
• 13 aos 14 anos.

180
TÓPICO 2 | PSICOMOTRICIDADE

2 FATORES RESPONSÁVEIS PELA ESTRUTURAÇÃO


PSICOMOTORA GLOBAL
Existem seis fatores que atuam de forma harmônica e que auxiliam a
estruturação psicomotora global, a organização desses seis fatores ocorre de
forma vertical e obedece a seguinte hierarquia (ALVES, 2012):

FIGURA 5 – FATORES RESPONSÁVEIS PELA ESTRUTURAÇÃO PSICOMOTORA GLOBAL

Tonicidade Equilíbrio Lateralidade

Esquema e Estruturação
Percepção
imagem corporal espaço-temporal

FONTE: O autor

2.1 TONICIDADE
A tonicidade acontece por meio dos aprendizados neuromusculares, como
conforto tátil e a integração dos padrões motores, presentes do nascimento até os
12 meses de idade. Esse fator é classificado em: tônus de postura, de repouso e de
sustentação (KOLT; MACKLER, 2008).

2.2 EQUILÍBRIO
O equilíbrio começa a ficar evidente durante o aprendizado da postura
bípede, segurança gravitacional e a evolução dos padrões locomotores, entre os
12 meses a dois anos de idade (ALVES, 2012).

2.3 LATERALIDADE
A lateralidade ocorre por meio da integração sensorial, investimento
emocional, ampliação das percepções generalizadas e dos sistemas aferentes e
eferentes, ao longo dos dois aos três anos de idade (KOLT; MACKLER, 2008).

181
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

2.4 ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL


O esquema e imagem corporal é construído por meio da noção do Eu,
conscientização corporal, percepção corporal e as práticas de imitação, estando
presentes ao longo dos três aos quatro anos de idade.

A conscientização do próprio corpo é atingida por meio do


desenvolvimento do esquema corporal, que fazem partes da sua composição e
todas as possibilidades dos movimentos, posturas e atitudes (ALVES, 2012).

O esquema corporal é o elemento fundamental e essencial para a constituição


da personalidade de qualquer indivíduo. Já a imagem corporal é a forma como o
corpo humano é apresentado para o indivíduo, é a aparência do corpo humano
constituída mentalmente. É mencionada como uma imagem tridimensional do
corpo humano, uma vez que estão relacionadas com representações mentais que
são guardadas como impressões pelo córtex sensorial (KOLT; MACKLER, 2008).

2.5 ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL


Esse fator está presente dos quatro aos cinco anos de idade (ALVES,
2012). A estruturação espaço-temporal está baseada nos alicerces para o
desenvolvimento do esquema corporal, sem o qual a criança não é capaz de se
reconhecer em si mesma, dificilmente consegue perceber e compreender o espaço
que está inserido. Este item pode ser expressado da seguinte forma:

• desenvolvimento da atenção seletiva;


• processamento de informações;
• coordenação espaço-corpo;
• proficiência da linguagem.

Para que esse processo seja realizado de maneira equilibrada, é necessário


que a criança tenha o domínio sobre o seu corpo, ou seja, o domínio corporal, que
significa o reconhecimento do seu corpo para que tenha condições de realizar as
ações necessárias (KOLT; MACKLER, 2008).

2.6 PERCEPÇÃO
A percepção completa da atividade global acontece por meio da
coordenação óculo-manual, motora e a integração rítmica. Esse fator está presente
dos cinco aos seis anos, e a práxia fina que envolve a concentração, a organização
e a especialização hemisférica entre os seis e sete anos de idade (ALVES, 2012).

182
TÓPICO 2 | PSICOMOTRICIDADE

3 IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA A


FISIOTERAPIA
Conforme Kolt e Mackler (2008), a interação das técnicas fisioterapêuticas
com a psicomotricidade traz resultados mais significativos para o tratamento,
entre eles:

• afetivo e emocional;
• avaliação da imagem corporal;
• espontaneidade do indivíduo durante a terapia;
• percepção espacial.

183
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Todos os fatores responsáveis pela estruturação psicomotora global são muito


importantes.

• Os fatores responsáveis pela estruturação psicomotora são: conhecimento da


tonicidade, equilíbrio, lateralidade, esquema e imagem corporal, estruturação
espaço-temporal e a percepção.

• A associação da fisioterapia com a psicomotricidade traz excelentes resultados.

184
AUTOATIVIDADE

1 Todas as atividades motoras agregam a comunicação entre os subsistemas


motores neurológicos principais. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta os subsistemas motores neurológicos principais:

a) ( ) Piramidal, intrapiramidal, cerebelar, reticular e medular.


b) ( ) Cerebelar, reticular cortical subcortical e medular.
c) ( ) Piramidal, extrapiramidal, cerebelar, reticular e medular.
d) ( ) Extrapiramidal, cerebelar, reticular cortical e medular.

2 Existem vários fatores que atuam de forma harmônica e que auxiliam na


estruturação psicomotora global. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta a correlação desses fatores aos seus respectivos significados:

I- Tonicidade.
II- Equilíbrio.
III- Lateralidade.
IV- Esquema e imagem corporal.
V- Estruturação espaço-temporal.
VI- Percepção.

a) Ocorre por meio da integração sensorial, investimento emocional, ampliação


das percepções generalizadas e dos sistemas aferentes e eferentes.
b) É construído por meio da noção do Eu, conscientização corporal, percepção
corporal e as práticas de imitação.
c) Fica evidente durante o aprendizado da postura bípede, segurança
gravitacional e a evolução dos padrões locomotores.
d) Ocorre por meio da coordenação óculo-manual, motora e a integração rítmica.
e) Ocorre por meio dos aprendizados neuromusculares, como conforto tátil e
a integração dos padrões motores.
f) Sem este alicerce a criança, não é capaz de se reconhecer em si mesma,
dificilmente vai conseguir perceber e compreender o espaço que está
inserido.

a) ( ) I – d; II – f; III – c; IV – b; V – e; VI – a.
b) ( ) I – f; II – b; III – e; IV – d; V – a; VI – c.
c) ( ) I – b; II – a; III – d; IV – c; V – f; VI – e.
d) ( ) I – e; II – c; III – a; IV – b; V – f; VI – d.

3 Os fatores que atuam de forma harmônica e que auxiliam na estruturação


psicomotora global são a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, o esquema
e imagem corporal, a estruturação espaço-temporal e a percepção. Sobre o
exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

185
( ) O esquema e imagem corporal é construído por meio da noção do Eu.
( ) A conscientização corporal, a percepção corporal e as práticas de imitação
estão presentes ao longo dos três aos quatro anos de idade.
( ) A conscientização do próprio corpo é atingida por meio do
desenvolvimento do esquema corporal, que faz parte da sua composição
e todas as possibilidades dos movimentos, posturas e atitudes.
( ) O esquema corporal é o elemento fundamental e essencial para a
constituição da personalidade de qualquer indivíduo.
( ) A imagem corporal é a forma como o corpo humano é apresentado para o
indivíduo, é a aparência do corpo humano constituída mentalmente.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) F – V – F – F.

186
UNIDADE 3
TÓPICO 3

SISTEMA SENSÓRIO MOTOR

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, descreveremos o controle neuromuscular, os grupos
responsáveis pela estabilização das articulações, a definição de propriocepção,
os mecanismos (mecanismo de feedback e mecanismo de feedforward), os
mecanorreceptores e os níveis de atenção (tipos de mecanorreceptores) e
treinamentos (treinamento proprioceptivo e treinamento neuromuscular).

A partir do ano de 1997, durante o congresso de Medicina do Esporte e


Educação e Pesquisa, foi adotado o termo "sistema sensório-motor". Esse tema
se refere a todas as associações centrais, sensoriais e motoras, e as estruturas
envolvidas para a manutenção da integridade das articulações ao longo dos
movimentos corporais e as manutenções da postura (KOLT; MACKLER, 2008).

2 CONTROLE NEUROMUSCULAR
O controle neuromuscular é definido como a ativação de forma inconsciente
dos estabilizadores dinâmicos, que são os músculos em decorrência de uma
preparação ou resposta para uma determinada carga ou movimento de uma
articulação, tendo como objetivo a reconstrução ou manutenção da estabilidade
articular normal (PRENTICE, 2012).

Antigamente, no meio esportivo, era preconizado que o mais importante


para o atleta era não apenas a prevenção das lesões, mas a manutenção dos
músculos sempre fortes e alongados, porém, nos dias atuais, tem-se preconizado
cada vez mais a importância quanto à prevenção.

Para que ocorra realmente a melhora funcional das articulações e dos


músculos de forma eficiente, eles não podem ser considerados de forma isolada,
mas em conjunto por meio dos mecanismos que estão envolvidos com o controle
neuromuscular (KOLT; MACKLER, 2008).

187
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

NOTA

Um exemplo para facilitar o entendimento é a presença de uma entorse em


inversão de tornozelo, neste caso, é esperado que os músculos fibulares atuem impedindo
que ocorra uma lesão ligamentar lateral do tornozelo.

FIGURA 6 – CONTROLE NEUROMUSCULAR

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-vector/motor-neuron-controls-muscle-
movement-600w-125899346.jpg>. Acesso em: 15 maio 2020.

3 GRUPOS RESPONSÁVEIS PELA ESTABILIZAÇÃO DAS


ARTICULAÇÕES
Existem dois grupos que são os responsáveis pela estabilização das
articulações, o estático e o dinâmico (KOLT; MACKLER, 2008). Os componentes
que fazem parte do grupo estático são:

• cápsula articular;
• cartilagem;
• fibrocartilagem;
• geometria óssea da articulação;
• ligamentos.

Já os componentes que fazem parte do grupo dinâmico são formados


pelos músculos por meio de alguns mecanismos (PRENTICE, 2012).

188
TÓPICO 3 | SISTEMA SENSÓRIO MOTOR

Para que exista o controle neuromuscular, é fundamental a integração


de forma adequada dos inputs sensitivos que são tanto visuais, vestibulares e
somatossensoriais, como também das eferências motoras.

É preciso a união de todas as informações que a articulação envia aos


níveis mais centrais do sistema nervoso, por exemplo, a medula espinhal, tronco
cerebral e córtex, como os comandos que esses níveis enviam para os músculos,
com a função de garantir que a articulação esteja mais estável (KOLT; MACKLER,
2008).

Toda a informação relacionada ao estado de todas as estruturas articulares


é denominada de propriocepção (PRENTICE, 2012).

4 DEFINIÇÃO DE PROPRIOCEPÇÃO
O termo propriocepção foi adotado no ano de 1906, por Charles Scott
Sherrington, importante neurofisiologista inglês que viveu entre 1857 a 1952. No ano
de 1932, ele recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia com Edgar Adrian, em função dos
seus trabalhos sobre as funções dos neurônios (KOLT; MACKLER, 2008).

A palavra propriocepção tem origem do latim e significa próprio de si


mesmo, sendo separada em percepção do movimento ou cinestesia e a percepção
da posição articular. Para Prentice (2012), a definição da propriocepção é uma
percepção consciente e inconsciente do:

• movimento;
• postura;
• posição articular.

Para muitos pesquisadores, a propriocepção é a somatória da cinestesia


que é a percepção do movimento articular (componente dinâmico) com o senso de
posição articular no espaço (componente estático), estando, portanto, relacionada
à autopercepção do posicionamento do corpo no espaço e a localização de cada
uma das partes do corpo com relação às outras partes.

O sistema proprioceptivo é fundamental, pois fornece os sinais aferentes


que servem de suporte para o planejamento e o controle motor (KOLT; MACKLER,
2008).

189
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

5 MECANISMOS
O processo através do qual o sistema nervoso central trabalha com todas
as informações proprioceptivas para o controle motor, é realizado através de dois
mecanismos: feedback e feedforward (PRENTICE, 2012).

5.1 MECANISMO DE FEEDBACK


O mecanismo de feedback é definido como um sistema reflexo reativo,
relacionado aos mecanorreceptores, presentes nas articulações, nos músculos e
na pele.

Este sistema está relacionado com todas as experiências anteriores ao


estímulo detectado e que geraram um fluxo contínuo de aferência, produzindo
uma elevação da sensibilidade para garantir um estado de prontidão muscular
(KOLT; MACKLER, 2008).

Existe a utilização momento a momento, tendo como objetivo a produção


de uma resposta motora adequada durante cada atividade realizada pelos
indivíduos. O complexo sistema de controle neural, através do mecanismo de
feedback, garante uma modificação na rigidez muscular.

Existe uma organização quanto ao controle neuromuscular, esse
processo inicia com a ativação das fibras musculares e evolui até as alterações
nas propriedades mecânicas de todo o músculo (PRENTICE, 2012). Conforme
descritos na Figura 7, os aspectos que estão relacionados à regulação da rigidez
muscular são:

FIGURA 7 – ASPECTOS RELACIONADOS COM A REGULAÇÃO DA RIGIDEZ MUSCULAR

Somação temporal (frequência de ativação)

Somação espacial (recrutamento das fibras)

Relação tensão-comprimento do sarcômero

Relação força-velocidade do sarcômero

Relação tensão-comprimento do sarcômero mantido por estruturas passivas

Mecanismos de feedback das fibras intra e extra fusais

Regulação da força muscular e do torque determinado pela arquitetura muscular

FONTE: O autor

190
TÓPICO 3 | SISTEMA SENSÓRIO MOTOR

5.2 MECANISMO DE FEEDFORWARD


O mecanismo de feedforward é definido como um controle muscular
antecipatório que é realizado por meio da ativação muscular, anterior ao
movimento.

Basicamente, a função das informações sensoriais visuais que influenciam


o sistema nervoso com relação à posição e aos movimentos de todas as regiões
do corpo, estão diretamente relacionadas a outros segmentos corporais e ao meio
ambiente (KOLT; MACKLER, 2008).

6 MECANORRECEPTORES E NÍVEIS DE ATENÇÃO


A função dos mecanorreceptores, ou seja, dos receptores que têm a
função de captarem as alterações mecânicas, é transmitir todas as informações
proprioceptivas que estão presentes nos seguintes locais:

• cápsula articular;
• ligamentos;
• músculos;
• pele;
• retináculo;
• tendões (PRENTICE, 2012).

6.1 TIPOS DE MECANORRECEPTORES


Os tipos de mecanorreceptores mais importantes são:

• corpúsculos de Pacini;
• órgãos tendinosos de Golgi;
• fusos musculares;
• terminações nervosas de Rufini;
• terminações nervosas livres.

Os corpúsculos de Pacini são mecanorreceptores de ação bastante rápida


que estão situados no tecido conjuntivo, derme, vísceras e articulações, sendo
formados por uma terminação nervosa que está recoberta através das camadas
de tecido conjuntivo (KOLT; MACKLER, 2008).

Esses receptores são mais sensíveis aos estímulos de alta frequência


como a vibração. Os órgãos tendinosos de Golgi estão situados nas inserções das
fibras musculares, como também nos tendões dos músculos esqueléticos, sendo
bastante sensíveis às alterações no comprimento muscular.

191
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

No momento da contração muscular devido à estimulação do


motoneurônio, a frequência da despolarização dos órgãos tendinosos eleva
bastante, enquanto os fusos musculares tendem a reduzir ou então desaparecer
(KOLT; MACKLER, 2008).

O fuso muscular é um receptor sensorial proprioceptivo constituído


por fibras musculares, a principal função é a sinalização de todas as mudanças
com relação ao comprimento do músculo. Estas fibras estão dispostas de forma
paralela às fibras musculares extrafusais, respondendo a todas as alterações
no comprimento das fibras musculares, constituídos por componentes
sensoriais e motores (PRENTICE, 2012). Todas as informações decorrentes dos
mecanorreceptores são realizadas através de três níveis, conforme a figura a
seguir:

FIGURA 8 – NÍVEIS ENVOLVIDOS COM AS INFORMAÇÕES DOS MECANORRECEPTORES

Espinhal Cerebelar Cortical

FONTE: O autor

O nível espinhal está relacionado à estabilização dinâmica da musculatura,


enquanto o cerebelar está envolvido pelo equilíbrio e postura, e o nível cortical
está relacionado à contração voluntária.

Qualquer mudança ou déficit na aferência (chegada) ou então na eferência


(processamento ou comando) acaba provocando posturas inadequadas ou
desequilíbrios, que, na maioria das vezes, ocasionam as lesões (KOLT; MACKLER,
2008).

O programa de exercícios tem o objetivo de atingir a melhora da


propriocepção por meio do controle neuromuscular, atingindo os três níveis de
processamento no sistema nervoso central (PRENTICE, 2012).

Os reflexos espinhais são ativados em função das mudanças bruscas


na posição articular. Os exercícios posturais provocam a melhora da função
motora ao nível do tronco cerebral, enquanto os padrões motores repetidos são
muito importantes para melhorar o controle neuromuscular e o mecanismo de
feedforward (KOLT; MACKLER, 2008).

192
TÓPICO 3 | SISTEMA SENSÓRIO MOTOR

7 TREINAMENTOS
Existem dois tipos de treinamentos sensório motor que podem e devem
ser utilizados pelos fisioterapeutas: treinamento proprioceptivo e treinamento
neuromuscular (PRENTICE, 2012).

7.1 TREINAMENTO PROPRIOCEPTIVO


O treinamento proprioceptivo é um dos elementos mais importantes
durante o programa clínico preventivo de lesões, principalmente no esporte,
independentemente da modalidade (KOLT; MACKLER, 2008). Este tipo de
treinamento reduz, de forma bastante significativa, a incidência de lesões.

Esse treinamento é muito indicado nos programas de reabilitação de


lesões, principalmente os relacionados ao esporte, essa importante prática
ajuda na manutenção de uma excelente resposta do sistema somatossensorial
(PRENTICE, 2012). O programa de exercícios proprioceptivos é formado por:

• exercícios dinâmicos espinhais;


• multidirecionais;
• específicos (KOLT; MACKLER, 2008).

Os componentes específicos trabalham com os itens que estão envolvidos


com a estabilidade dinâmica das articulações, fazendo com que durante os
movimentos, os membros e as articulações estejam mais estáveis impedindo,
portanto, o aparecimento das lesões. Os treinamentos por meio dos exercícios
proprioceptivos podem ser realizados das seguintes formas:

• exercícios de equilíbrio, com apoio unipodal, com ou sem auxílio da visão;


• exercícios em pranchas de equilíbrio (retangular e/ou redonda), cama elástica
e balancim;
• exercícios de deslocamentos, para estimular o atleta quanto às mudanças de
direção;
• exercícios estimulando o gesto esportivo específico para cada modalidade
esportiva (PRENTICE, 2012).

A consciência do movimento e do posicionamento articular são essenciais


para garantir uma função articular mais adequada no esporte e nas atividades
físicas e educação proprioceptiva.

Por meio da utilização de novas práticas, os pacientes criam outras séries


de representações de coordenação neuromuscular, garantindo a base para uma
maior segurança fisiológica (KOLT; MACKLER, 2008).

193
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

7.2 TREINAMENTO NEUROMUSCULAR


Por meio de vários estudos realizados, sabe-se que todo o aprendizado
motor é composto pelos estágios descritos a seguir.

FIGURA 9 – ESTÁGIOS QUE FAZEM PARTE DO APRENDIZADO MOTOR

Cognitivo Associativo Autônomo

FONTE: O autor

O estágio cognitivo está envolvido com a compreensão de como executar


uma determinada tarefa, enquanto o estágio associativo está relacionado ao
refinamento de todas as competências e, por último, o estágio autônomo, que é
referente à habilidade que acaba ficando automática.

O treinamento neuromuscular favorece o aprendizado uma vez que


submete o indivíduo para as tarefas que são repetidas várias vezes, sendo corrigidas
por meio dos estímulos dados pelo terapeuta, durante a realização completa do
movimento (KOLT; MACKLER, 2008). O aprendizado motor está relacionado à
potencialização das funções cognitivas direcionadas por meio de um gesto motor.

É necessário que os estímulos dados pelo terapeuta garantam um tempo


necessário para desempenhar todas as atividades, sendo observado que após o
aprendizado do indivíduo as correções ficam cada vez menos necessárias (PRENTICE,
2012). Os terapeutas precisam associar os programas de treinamento neuromuscular
com foco para a atividade ou o gesto desportivo de cada uma das modalidades, O que
proporciona maiores condições para que os indivíduos estejam mais preparados para
todo tipo de alteração que estimula uma mudança na estabilidade articular, podendo,
em muitos casos, provocar uma lesão (KOLT; MACKLER, 2008).

Entre os dois tipos de treinamento, o neuromuscular é considerado o mais


abrangente, porém o mais indicado é a utilização dos programas de treinamento
que englobam os dois tipos de treinamento – neuromuscular e proprioceptivo –,
presentes nos programas de periodização esportiva (PRENTICE, 2012).

Os níveis de dificuldade são implantados de forma progressiva, utilizando


o próprio gesto como o substrato para o treinamento, por meio de um programa
abordando as repetições das tarefas, facilitando, com isso, que os movimentos
sejam automatizados.

Nessa proposta são utilizados os exercícios que trabalham com o core e


os exercícios gerais que precisam de uma resposta motora rápida e requerem o
envolvimento de várias regiões durante o gesto (KOLT; MACKLER, 2008).
194
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• O controle neuromuscular é fundamental para todos os programas de tratamento.

• Existem grupos responsáveis pela estabilização das articulações.

• Os mecanismos de feedback e o feedforward são muito importantes.

• É importante conhecer os mecanorreceptores, níveis de atenção e os tipos de


mecanorreceptores.

• É possível realizar os treinamentos proprioceptivos e neuromusculares.

195
AUTOATIVIDADE

1 O controle neuromuscular é definido como a ativação de forma inconsciente


dos estabilizadores dinâmicos. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o objetivo do controle neuromuscular:

a) ( ) Construção ou manutenção da estabilidade articular normal.


b) ( ) Reconstrução ou manutenção da estabilidade articular anormal.
c) ( ) Reconstrução ou manutenção da instabilidade articular normal.
d) ( ) Reconstrução ou manutenção da estabilidade articular normal.

2 Existem vários tipos de mecanorreceptores, entre eles os corpúsculos de


Pacini, órgãos tendinosos de Golgi, fusos musculares, terminações nervosas
de Rufini e terminações nervosas livres. Assinale a alternativa CORRETA
que apresenta a correlação de alguns tipos de mecanorreceptores com os
seus respectivos significados:

I- Corpúsculos de Pacini.
II- Órgãos tendinosos de Golgi.
III- Fuso muscular.

a) Estão situados nas inserções das fibras musculares e nos tendões dos
músculos esqueléticos.
b) São mecanorreceptores de ação bastante rápida que estão situados no tecido
conjuntivo, derme, vísceras e articulações.
c) É um receptor sensorial proprioceptivo constituído por fibras musculares.

a) ( ) I – a; II – b; III – c.
b) ( ) I – c; II – b; III – a.
c) ( ) I – c; II – a; III – b.
d) ( ) I – b; II – a; III – c.

3 Existem vários estágios que fazem parte do aprendizado motor, sendo


o estágio cognitivo, associativo e o autônomo. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta a correlação dos estágios que fazem parte do
aprendizado motor com o seu respectivo significado:

I- Estágio cognitivo.
II- Estágio associativo.
III- Estágio autônomo.

a) Está relacionado com o refinamento de todas as competências.


b) Está envolvido com a compreensão de como executar uma determinada tarefa.
c) Referente à habilidade que acaba ficando automática.

196
a) ( ) I – a; II – b; III – c.
b) ( ) I – c; II – b; III – a.
c) ( ) I – c; II – a; III – b.
d) ( ) I – b; II – a; III – c.

197
198
UNIDADE 3
TÓPICO 4

MARCHA HUMANA

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, apresentaremos a introdução à marcha humana, técnicas
para avaliação da marcha (análise observacional, rastreamento optoeletrônico
tridimensional, videografia e eletromiografia dinâmica), biomecânica da marcha
normal, determinantes da marcha e ciclo da marcha (fase de apoio e fase de balanço).

Iniciaremos através da introdução da marcha e das técnicas de avaliação


da marcha, através de excelentes exames, entre eles: a análise observacional, o
rastreamento optoeletrônico tridimensional, a videografia e a eletromiografia dinâmica.

Estudaremos também todas as informações referentes à biomecânica da


marcha normal, os determinantes da marcha e as fases do ciclo da marcha que são
formadas pela fase de apoio e pela fase de balanço.

2 INTRODUÇÃO À MARCHA HUMANA


A marcha humana é uma atividade exclusiva bípede, que apresenta uma
grande eficácia e funcionalidade, apesar de os movimentos de cada indivíduo
serem os mesmos: escrever, segurar um objeto ou qualquer outra atividade, cada
indivíduo apresenta a sua particularidade, no caso da marcha não é diferente
(SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 19 – MARCHA HUMANA

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-vector/walk-vector-icon-illustration-
600w-1343922212.jpg>. Acesso em: 18 maio 2020.

199
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

É primordial que o fisioterapeuta, ao fazer uma análise da marcha humana,


leve em consideração todas estas diferenças (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Não se pode esquecer que o indivíduo, ao longo da sua vida, passará


por todo um processo de degeneração em decorrência do seu envelhecimento
fisiológico (SILVA; CAMPOS, 2006). A marcha do idoso, mais conhecida como
marcha senil, possui várias particularidades, conforme pode ser observado na
figura a seguir.

FIGURA 20 – PARTICULARIDADES DA MARCHA SENIL

Diminuição da velocidade

Base de suporte mais alargada

Redução do comprimento do passo

Altura do passo

Extensão do quadril e do joelho

Impulso

Rotação pélvica

FONTE: O autor

O exame da marcha corresponde à medida, ao detalhamento e à avaliação


de forma sistemática de todas as informações relacionadas a sua locomoção,
considerada como primordial para o estudo e o tratamento das patologias com
relação ao sistema locomotor (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

3 TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DA MARCHA


Existem várias técnicas utilizadas para a análise da marcha, entre elas:

• análise observacional;
• rastreamento optoeletrônico tridimensional;
• videografia;
• eletromiografia dinâmica (SILVA; CAMPOS, 2006).

200
TÓPICO 4 | MARCHA HUMANA

3.1 ANÁLISE OBSERVACIONAL


A análise observacional corresponde à forma de avaliação mais simples que
pode ser realizada, sendo executada por meio de uma análise de forma simples,
rápida e fácil que possibilita um auxílio quanto à realização do diagnóstico
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Essa avaliação é subjetiva e, portanto, apresenta uma grande variabilidade


por parte de todos os avaliadores, diretamente relacionados e envolvidos à
capacidade e ao conhecimento de cada um dos avaliadores (SILVA; CAMPOS,
2006).

3.2 RASTREAMENTO OPTOELETRÔNICO TRIDIMENSIONAL


Quanto à técnica de rastreamento optoeletrônico tridimensional, todas
essas imagens devem ser filmadas através da utilização de, no mínimo, duas
câmeras que captam por meio de um computador e armazena todas as informações
referente às posições de todos os segmentos corporais (SILVA; CAMPOS, 2006).

O computador processa todas as imagens e realiza um arranjo


tridimensional de todos os movimentos corporais. Essa técnica é considerada
muito precisa, porém o grande inconveniente está relacionado aos altos custos
para a sua execução (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

FIGURA 21 – RASTREAMENTO OPTOELETRÔNICO TRIDIMENSIONAL

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-illustration/gait-recognition-motion-capture-3d-
600w-1249475758.jpg>. Acesso em: 18 maio 2020.

201
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

3.3 VIDEOGRAFIA
A videografia é utilizada em larga escala, principalmente em função do
seu custo reduzido, além da grande facilidade quanto a sua avaliação, mesmo
durante os movimentos que são realizados em alta velocidade.

Outra grande vantagem dessa prática é que a técnica permite que o próprio
indivíduo avaliado consiga observar após a sua avaliação o que auxiliará no futuro
de todo o trabalho referente ao seu tratamento (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016)

3.4 ELETROMIOGRAFIA DINÂMICA


A eletromiografia dinâmica demonstra o grau de contração muscular,
sendo considerado um importante sinal, de forma indireta da função muscular
(SILVA; CAMPOS, 2006).

Todas essas informações são adquiridas por meio de sinais elétricos


difundidos tanto pela fibra muscular como dos tecidos moles vizinhos. Esses
sinais podem ser capturados através dos seguintes tipos de eletrodos:

• superfície;
• fio metálico;
• agulha (KISNER; COLBY, 2006).

4 BIOMECÂNICA DA MARCHA NORMAL


As exigências básicas para a marcha normal são:

• estabilidade da fase de apoio;


• passagem do pé na fase de balanço;
• disposição prévia do pé para o contato inicial;
• comprimento adequado do passo;
• manutenção de energia (SILVA; CAMPOS, 2006).

Antes de nos aprofundarmos sobre todos os fatores considerados


determinantes da marcha, é importante que abordar sobre a cinemática e a cinética.

A cinemática está relacionada à parte da mecânica que trabalha com a


descrição de todos os componentes que fazem parte do movimento, porém não
está envolvida com as forças que provocam os movimentos (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016). Para descrever as medidas lineares, durante o ciclo da marcha,
essas podem ser separadas, conforme ilustra a Figura 22.

202
TÓPICO 4 | MARCHA HUMANA

FIGURA 22 – MEDIDAS LINEARES

Temporais Espaciais

FONTE: O autor

Os dados temporais estão relacionados à cadência e ao tempo do passo. A


cadência corresponde ao número de passos durante um determinado período de
tempo, avaliado por meio do número de passos por minuto (SILVA; CAMPOS, 2006).

NOTA

Geralmente, a cadência dos passos para os homens é por volta de 100 a 120 passos
por minuto, enquanto na mulher é de 105 a 125 passos por minuto (KISNER; COLBY, 2006).

A velocidade está relacionada à velocidade média que é alcançada


posteriormente aos três primeiros passos, sendo apresentada como distância
dividida pelo tempo, podendo ser medida por centímetros dividido por segundo
ou metros divididos por minuto.

Já os dados espaciais estão relacionados ao comprimento do passo e da


passada, sendo que o comprimento do passo corresponde à distância relacionada
aos mesmos pontos de referência em cada um dos pés ao longo do duplo apoio,
estando relacionado com a distância dos calcanhares no momento do toque do
calcâneo no solo (SILVA; CAMPOS, 2006). Enquanto o comprimento da passada
corresponde à distância em centímetros movida ao longo do tempo dos dois
toques consecutivos do mesmo pé.

Desta forma, cada passada é constituída por um comprimento de passo


direito e um passo esquerdo, avaliada sempre em centímetros (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016). Todo o ciclo da marcha corresponde a um grupo de fenômenos
que faz parte de uma passada.

Já a cinética é uma parte da mecânica que pesquisa as forças que estão


relacionadas aos movimentos (SILVA; CAMPOS, 2006). O conhecimento de
todas as forças é fundamental para que se possa entender todas as razões dos
movimentos (KISNER; COLBY, 2006).

203
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

5 DETERMINANTES DA MARCHA
A publicação no ano de 1950 por Saunders pode ser considerada um divisor
de águas, visto que provocou grandes mudanças nas concepções relacionadas às
condições responsáveis pela marcha normal (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 23 – DETERMINANTES DA MARCHA

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-vector/vector-feminine-legs-neon-lighting-
600w-1688125117.jpg>. Acesso em: 18 maio 2020.

Nesse importante trabalho, foram apresentados os determinantes da


marcha normal, considerados os responsáveis pela economia da energia do
corpo e pela diminuição do deslocamento do centro de gravidade durante toda
a marcha (SILVA; CAMPOS, 2006).

Do ponto de vista energético, a marcha é considerada muito eficiente, está


diretamente relacionada à redução do movimento vertical do centro de massa,
sendo considerada a responsável pela marcha.

Para outros pesquisadores, o problema não é a redução do movimento do


centro de massa que diminui o gasto energético com a marcha, mas a transferência
mecânica que ocorre de uma forma mais suave (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).
Na prática, o que pode ser observado é que um estudo é o complemento do outro.

O objetivo principal é possibilitar o restabelecimento do equilíbrio


corporal para que a marcha possa ser realizada por meio de um gasto energético
reduzido (SILVA; CAMPOS, 2006).

Existem seis mecanismos considerados primordiais para possibilitar um
excelente desempenho para a marcha (Figura 24), todos devem proporcionar uma
diminuição da oscilação do centro de massa (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

204
TÓPICO 4 | MARCHA HUMANA

FIGURA 24 - MECANISMOS PRIMORDIAIS PARA A MARCHA

Rotação pélvica no plano transversal

Báscula da pelve

Flexão do joelho

Alongamento relativo

Desprendimento do pé

Deslocamento lateral do corpo

FONTE: O autor

6 CICLO DA MARCHA
O ciclo da marcha é formado por duas fases: fase de apoio e fase de
balanço (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 25 – CICLO DA MARCHA

FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/animation-human-gait-your-cartoon-
movement-1693172251>. Acesso em: 18 maio 2020.

A fase de apoio inicia quando o pé toca o solo, enquanto a fase de balanço


começa quando o pé sai do solo (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Na velocidade normal da marcha, os adultos ficam, em média, 60% na


fase de apoio e 40% na fase de balanço. Os primeiros e os últimos 10% da fase de
apoio são gastos no apoio duplo (SILVA; CAMPOS, 2006).

205
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

6.1 FASE DE APOIO


Normalmente, os músculos do membro inferior que estão na fase de
apoio atuam para garantir a sustentação do corpo, mantendo a sua estabilidade e
realizando a sua impulsão para frente.

A fase de apoio é subdividida em cinco subclasses, conforme pode ser


observado na figura a seguir (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

FIGURA 26 – FASE DE APOIO

FONTE: O autor

O contato inicial está relacionado ao momento em que o pé da extremidade


de referência encosta no solo.

Durante a marcha normal, a primeira região a ter contato com o solo é


o calcanhar; durante esse período, existe uma atividade máxima dos músculos
tibial anterior, extensor do hálux e o extensor longo dos dedos, por meio de uma
contração excêntrica para amortecer a queda do pé ao solo, contendo, assim, a
flexão plantar (SILVA; CAMPOS, 2006).

Através da contração do músculo tibial anterior, ocorre um retardo da


pronação, devido às fixações distais do músculo tibial anterior no cuneiforme
medial e no primeiro metatarso (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Para que ocorra a absorção do impacto e a manutenção da estabilidade


postural, existe a flexão do joelho, a qual é controlada por meio da contração
excêntrica do músculo quadríceps que dissemina o impacto do contato inicial
a iniciar do choque do calcanhar até a fase de médio apoio. Ao longo dessa fase
também ocorre a contração isométrica dos músculos isquiotibiais, estabilizando o
quadril durante o choque do calcanhar (SILVA; CAMPOS, 2006).

206
TÓPICO 4 | MARCHA HUMANA

A resposta à carga está relacionada com a finalização das contrações


excêntricas realizadas durante a fase de contato social, visto que o pé faz um
toque suave no solo, prossegue até a extremidade contralateral, abandonando o
solo no final da fase de duplo apoio.

Neste período, existe a contração excêntrica do músculo tríceps sural que


realiza o controle do avanço anterior da tíbia, ocorrendo em resposta à progressão
do corpo (KISNER; COLBY, 2006).

O médio apoio está relacionado ao peso do corpo, inserido imediatamente


em cima da extremidade inferior de suporte. Ele inicia quando a extremidade
contralateral abandona o solo e prossegue até uma posição em que o corpo está
sobre e acima da extremidade de suporte (SILVA; CAMPOS, 2006). Nessa etapa,
a contração excêntrica do músculo sóleo e do músculo gastrocnêmio contém a
dorsiflexão do pé na cadeia cinética fechada.

A atividade do músculo glúteo médio inicia ao longo do término do balanço


durante a marcha, elevando-se de forma aguda até ao máximo do médio apoio, no
momento que a extremidade está em apoio unilateral (KISNER; COLBY, 2006).

A contração excêntrica do músculo glúteo médio provoca a lentidão e


delimita a queda da pelve com relação ao lado contralateral em oscilação. Já o
apoio terminal corresponde ao ponto onde o calcanhar do membro de referência
abandona a superfície do solo (SILVA; CAMPOS, 2006). A meta dessa fase é a
produção de uma força de propulsão para a manutenção do corpo em movimento.

A forma mais comum para o melhoramento está relacionada à contração


excêntrica do músculo tríceps sural no apoio final da marcha (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016).

Por meio deste método, o centro de massa do corpo é movimentado


anteriormente ao pé, tocando o solo ao final da fase de apoio, produzindo uma queda
para frente, considerado fundamental para a progressão (KISNER; COLBY, 2006).

Os músculos extensores do quadril e do joelho apresentam um impulso


durante a atividade, podendo ser observada através de um importante exame
chamado de eletromiografia como um incentivo para a propulsão (SILVA;
CAMPOS, 2006). Esse movimento não é tão importante se comparado ao que
ocorre ao longo da fase de absorção do impacto.

Quanto ao pré-balanço, está relacionado ao local onde os dedos, na


extremidade homolateral, estão em contato com o solo (KISNER; COLBY, 2006).

207
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

6.2 FASE DE BALANÇO


A fase de balanço é subdividida em três subclasses, conforme pode ser
observado na figura a seguir (KISNER; COLBY, 2006).

FIGURA 27 – FASE DE BALANÇO

Balanço inicial Balanço médio Balanço final

FONTE: O autor

A principal meta durante essa fase da marcha está relacionada à


recolocação do membro para a progressão contínua para frente, o que demanda a
aceleração do membro para uma progressão contínua para frente, requisitando a
aceleração do membro para frente e também o afastamento dos artelhos do chão
(SILVA; CAMPOS, 2006).

A atividade muscular do membro inferior no balanço é baseada tanto


no início como no final da fase de balanço, visto que a perna se mantém como
um pêndulo articulado sob a influência da gravidade (O’SULLIVAN; SCHMITZ,
2016).

A fase de balanço inicial começa imediatamente quando os dedos do pé


de referência abandonam o solo e prolongam até a metade do balanço ou, ainda,
o ponto em que o membro inferior que está em oscilação está diretamente sob o
corpo (KISNER; COLBY, 2006).

A aceleração da coxa para a frente, durante o início da fase de balanço,


está relacionada às flexões do quadril, joelho e tornozelo, provocando um
encurtamento geral do membro no balanço. A flexão do quadril é realizada
por meio de uma contração concêntrica do músculo quadríceps e iliopsoas,
especialmente o músculo reto femoral (SILVA; CAMPOS, 2006). Já a flexão do
joelho é passiva, visto que a aceração anterior rápida da coxa produz também o
movimento.

A contração concêntrica do músculo tibial anterior gera uma flexão dorsal


do tornozelo, impedindo que o pé de referência se arraste no solo ao longo do
balanço (KISNER; COLBY, 2006). A fase de balanço médio está relacionada ao
momento imediatamente após a flexão máxima do joelho, prologando-se até que
a tíbia se encontre em uma posição vertical em que o membro inferior homolateral
atravessa diretamente sobre o corpo (SILVA; CAMPOS, 2006).

208
TÓPICO 4 | MARCHA HUMANA

Nessa fase, o músculo quadríceps não está mais ativo, entretanto, a perna
balança como um pêndulo em função da existência da inércia (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016). O músculo iliopsoas é contraído para auxiliar o movimento
para frente. O pé permanece em dorsiflexão pela contração concêntrica do tibial
anterior.

A fase de balanço final está relacionada ao ponto onde a tíbia está em


posição vertical com relação ao ponto anterior ao apoio inicial (SILVA; CAMPOS,
2006).

Os músculos extensores do quadril ficam ativos no final do balanço,


desestimulando a rotação da coxa para frente, permanecendo o pé para o
contato com o solo. A extensão do joelho, durante o final da fase do balanço em
organização para o choque do calcanhar, não aparece como resultado da ativação
muscular, tendo como resultado das forças não musculares passivas (inércia)
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

209
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• As técnicas para avaliação da marcha são muito utilizadas, entre elas: a análise
observacional, rastreamento optoeletrônico tridimensional, videografia e a
eletromiografia dinâmica.

• A avaliação da biomecânica e os determinantes da marcha são muito


importantes para garantir um bom tratamento.

• O ciclo da marcha é constituído pela fase de apoio e pela fase de balanço.

210
AUTOATIVIDADE

1 Existem várias técnicas para avaliação da marcha, entre elas, a análise


observacional, rastreamento optoeletrônico tridimensional, videografia e
eletromiografia dinâmica. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta
a correlação entre as técnicas para avaliação da marcha e os seus respectivos
significados:

I- Análise observacional.
II- Rastreamento optoeletrônico tridimensional.
III- Videografia.
IV- Eletromiografia dinâmica.

a) Esta técnica é considerada como muito precisa, porém o grande


inconveniente está relacionado com os altos custos para a sua execução.
b) É utilizada em larga escala principalmente em função do seu custo reduzido
além da grande facilidade quanto avaliação, mesmo durante os movimentos
que são realizados em alta velocidade.
c) Demonstra o grau de contração muscular, sendo considerado como um
importante sinal quando de forma indireta da função muscular.
d) É a forma de avaliação mais simples que pode ser realizada, sendo executada
por meio de uma análise de forma simples, rápida e fácil que vai possibilitar
um auxílio quanto à realização do diagnóstico.

a) ( ) I – b; II – d; III – a; IV – c.
b) ( ) I – d; II – a; III – b; IV – c.
c) ( ) I – c; II – d; III – a; IV – b.
d) ( ) I – d; II – c; III – a; IV – b.

2 O ciclo da marcha é constituído por duas fases, a fase de apoio e a fase de


balanço. Com base nessas informações, referente às subclasses da fase de
apoio, classifique V para as opções verdadeiras e F para as falsas:

( ) Contato inicial.
( ) Resposta da carga.
( ) Médio apoio.
( ) Apoio inicial.
( ) Pré-balanço.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F – V – V.
b) ( ) V – F – V – V – V.
c) ( ) F – V – F – V – F.
d) ( ) V – V – V – F – V.

211
3 A principal meta durante a fase de balanço está relacionada à recolocação
do membro para a progressão contínua para frente. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta as subclasses da fase de balanço:

a) ( ) Balanço principal, balanço secundário e balanço terciário.


b) ( ) Balanço inicial, balanço médio e balanço final.
c) ( ) Balanço principal e balanço secundário.
d) ( ) Balanço inicial e balanço final.

212
UNIDADE 3
TÓPICO 5

MARCHA PATOLÓGICA

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos as classes funcionais, como a deformidade
funcional, a fraqueza muscular, a perda sensorial, a dor e o déficit de controle motor
ou espasticidade; e alterações biomecânicas: pronação excessiva do pé, supinação
excessiva do pé, flexão plantar excessiva, impulsão insuficiente, pé caído, flexão
excessiva do joelho, joelho hiperestendido, rotação excessiva medial ou lateral do
fêmur, base de suporte alargada, base de suporte reduzida, circundação, elevação
do quadril, flexão não adequada do quadril, extensão não adequada do quadril,
extensão do tronco, flexão do tronco e flexão lateral do tronco.

Existe uma série de doenças que alteram a capacidade dos indivíduos


com relação à marcha. Esses distúrbios (doenças) são agrupados em cinco classes
funcionais (SILVA; CAMPOS, 2006).

No decorrer deste tópico, abordaremos as cinco classes: deformidade,


fraqueza muscular, perda sensorial, déficit de controle motor e dor.

2 CLASSES FUNCIONAIS
Todas as doenças são classificadas em cinco classes funcionais, conforme
pode ser observado a seguir:

FIGURA 28 – CLASSES FUNCIONAIS

Fraqueza
Deformidades Perda sensorial
muscular

Déficit de
Dor
controle motor

FONTE: O autor

213
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

Cada uma dessas cinco classes apresenta um modo característico com


relação ao prejuízo funcional. O estudo sobre elas possibilita que o terapeuta
consiga descriminar, de uma melhor forma, o déficit primário das ações
compensatórias (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.1 DEFORMIDADE FUNCIONAL


A deformidade funcional está presente quando os tecidos não possibilitam
uma mobilidade passiva suficiente aos pacientes para alcançar as posturas e as
amplitudes de movimentos normais necessários para a marcha.

E
IMPORTANT

A contratura é considerada uma alteração estrutural no tecido conjuntivo


fibroso que faz parte dos músculos, ligamentos ou cápsulas articular, posteriormente uma
inatividade prologada ou uma cicatriz em função de uma lesão (SILVA; CAMPOS, 2006).

A densidade relativa e a maturidade do tecido conjuntivo levam a dois


padrões clínicos da contratura:

• elástica (a contratura elástica corresponde àquela que oferece o alongamento


manual forçado);
• rígida.

Esse tipo, muitas vezes, não é percebido ao longo da marcha, visto que
o peso do corpo alonga de forma passiva todos os tecidos acometidos (SILVA;
CAMPOS, 2006).

Enquanto a contratura rígida persiste a todos os esforços do alongamento,


relacionada à gravidade da contratura, seu efeito é perceptível durante todo o
ciclo da marcha, em que cada articulação apresenta um problema específico.

214
TÓPICO 5 | MARCHA PATOLÓGICA

2.2 FRAQUEZA MUSCULAR


A fraqueza muscular está relacionada à força muscular que não é suficiente
para alcançar as solicitações da marcha. A atrofia em decorrência do desuso
muscular ou a lesão neurológica favorece a limitação (SILVA; CAMPOS, 2006).

Quando a causa é uma doença do neurônio motor inferior ou doença


muscular, por exemplo, a poliomielite ou a distrofia muscular, estes pacientes
apresentam uma boa capacidade quanto à compensação.

Os indivíduos que possuem apenas fraqueza muscular e com a sensação


e o controle seletivo neuromuscular normais, alteram a ação muscular para
impedir as posturas que prejudicam o alinhamento durante o apoio. Igualmente,
encontram modos tênues para avançar o membro na fase de balanço.

Cada grupo muscular fundamental tem uma modificação postural


(SILVA; CAMPOS, 2006). Como conclusão, os pacientes também diminuem a
determinação da marcha através de uma menor velocidade.

2.3 PERDA SENSORIAL


Aqui o déficit proprioceptivo impede a marcha, impossibilitando o
paciente compreender a posição do quadril, joelho, tornozelo ou do pé e do tipo
de contato do solo. Em função dessa alteração, o paciente não tem o conhecimento
do quanto está seguro para fazer a transferência do peso para o membro (SILVA;
CAMPOS, 2006).

Os indivíduos que apresentam um controle íntegro fazem a compensação


com a manutenção do joelho travado ou com um choque mais forte com o solo
para sobressair o momento do contato. A combinação do déficit sensorial e da
fraqueza muscular impossibilita a compensação rápida. Portanto, mesmo no caso
da existência de um déficit sensorial moderado, a marcha é vagarosa e cuidadosa.

Nos casos em que existe um maior déficit, o paciente não é capaz de realizar
o seu controle motor disponível, em função de não acreditar nos movimentos que
está realizando.

Em função do déficit sensorial não ser aparente, muitas vezes, ele acaba
não sendo levado em consideração (SILVA; CAMPOS, 2006). A divisão dos níveis
de propriocepção é muito superficial, existem três divisões em graus:

• normal;
• prejudicado;
• ausente.

215
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

O grau normal é considerado nos casos em que as respostas alcançadas


são rápidas e corretas. A incerteza e o erro na realização constituem um sinal
quanto ao prejuízo proprioceptivo (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.4 DOR
A dor musculoesquelética promove reações fisiológicas que incluem duas
dificuldades à marcha, a deformidade e a fraqueza muscular.

A deformidade é o resultado da postura de repouso aumentada,


conhecida como síndrome do imobilismo de uma articulação que está com dor
(SILVA; CAMPOS, 2006). Normalmente, a posição de repouso de uma articulação
está relacionada à posição em que a cápsula e os ligamentos estão com pequena
tensão. Essa postura concede uma pressão intra-articular mínima, considerado
uma posição mais confortável.

A fraqueza muscular pode existir de forma secundária à dor na articulação


que está com edema, provocando a diminuição da atividade. Esse instrumento de
feedback é considerado o responsável quanto à proteção de todas as estruturas
articulares, contra a pressão intra-articular destrutiva durante a contração.

Ao longo da análise da marcha, o terapeuta observa uma menor força que


está disponível junto a uma postura de maior proteção, quando as articulações
estão com edemas (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.5 DÉFICIT DE CONTROLE MOTOR OU ESPASTICIDADE


Os pacientes com lesão neurológica central, decorrente da paralisia
espástica, apresentam cinco tipos de déficits funcionais, em várias intensidades e
proporções, entre elas:

FIGURA 29 – TIPOS DE DÉFICITS FUNCIONAIS

Padrões Músculos com


Controle seletivo locomotores variação quanto
afetado primitivos aos estados de
emergentes contração (tônus)

Grande reação ao
Propriocepção alongamento em
alterada função da
espasticidade

FONTE: O autor

216
TÓPICO 5 | MARCHA PATOLÓGICA

A existência de uma espasticidade é visível quando um alongamento


rápido induz ao clônus. Para Silva e Campos (2006), os principais causadores da
marcha espástica são:

• paralisia cerebral;
• acidente vascular cerebral;
• trauma raquimedular;
• trauma crânio encefálico;
• esclerose múltipla.

A espasticidade dificulta quanto à qualidade na produção da atividade


muscular excêntrica ao longo do apoio.

Os padrões locomotores mais primitivos são considerados uma


possibilidade para o movimento voluntário, uma vez que permite que o paciente
consiga dar um passo de forma intencional, através do padrão flexor e manter a
estabilidade no apoio pelo padrão extensor.

Uma questão importante que precisa ser levada em consideração é a


força insuficiente produzida pelos padrões para realizar os controles quanto
à progressão nas fases da marcha. A impossibilidade de conciliar a flexão e a
extensão suprime os padrões de movimento, que possibilitam que exista transição
leve do balanço para o apoio (SILVA; CAMPOS, 2006).

A habilidade dos pacientes quanto à compensação está diretamente


relacionada à quantidade do controle de forma seletiva e a perspicácia quanto a
sua propriocepção.

Geralmente, apenas os indivíduos que têm um envolvimento leve


conseguem se adaptar às lesões, é fundamental recordar que cada paciente é o
resultado de uma combinação única das disfunções de controle.

3 ALTERAÇÕES BIOMECÂNICAS
Agora, abordaremos a fase, a causa e o tratamento de várias alterações
biomecânicas, entre elas:

• pronação excessiva do pé;


• supinação excessiva do pé;
• flexão plantar excessiva;
• impulsão insuficiente;
• pé caído;
• flexão excessiva do joelho;
• joelho hiperestendido;
• rotação excessiva medial ou lateral do fêmur;

217
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

• base de suporte alargada;


• base de suporte reduzida;
• circundação;
• elevação do quadril;
• flexão não adequada do quadril;
• extensão não adequada do quadril;
• extensão do tronco;
• flexão do tronco;
• flexão lateral do tronco (COOK, 2015).

3.1 PRONAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ


Esta fase ocorre no apoio médio até o pré-balanço. Enquanto a causa é a
deformidade compensada do antepé ou retropé varo, chamada não compensada
do antepé valgo, pé plano, dorsiflexão elevada do tornozelo, tíbia vara em excesso,
membro longo, rotação medial não compensada da tíbia ou fêmur e tibial fraco.

Quanto ao tratamento, deve ser utilizada as órteses ou splints, e nas


situações de deformidades estruturais, devem ser utilizadas as palmilhas. É
indicado também a utilização do treinamento de força nas situações de fraqueza
do tibial posterior (HOUGLUM, 2015).

3.2 SUPINAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ


Esta fase corresponde ao choque do calcanhar até o apoio médio. Quanto
à causa, observa-se uma deformidade não compensada do antepé valgo, pé cavo,
membro curto, rotação lateral não compensada da tíbia ou do fêmur. Para o
tratamento, deve ser utilizada as órteses, e para as situações de deformidades
estruturais as palmilhas (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 30 – PRONAÇÃO E SUPINAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ

FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-vector/vector-illustration-normal-human-foot-
600w-670576999.jpg>. Acesso em: 18 maio 2020.

218
TÓPICO 5 | MARCHA PATOLÓGICA

3.3 FLEXÃO PLANTAR EXCESSIVA


Nesta fase, existe o apoio até o pré-balanço, essa marcha também é
conhecida como marcha equina. Enquanto a causa é a contratura do tendão de
Aquiles, tônus elevado do músculo tríceps sural.

Para o tratamento, é indicado a utilização do calor profundo através da


utilização do ultrassom ou do laser, além da fricção transversa e o alongamento
no caso da contratura do tendão de Aquiles para o tônus elevado, utilizando o
alongamento de forma gradual (HOUGLUM, 2015).

3.4 IMPULSÃO INSUFICIENTE


Esta fase é do apoio médio até pré-balanço. As causas estão relacionadas
à fraqueza do músculo tríceps sural, rompimento do tendão de Aquiles,
metatarsalgia e hálux hígido.

Para o tratamento, é indicado o treinamento da força para a fraqueza do
músculo tríceps sural. Já nos casos de rompimento do tendão de Aquiles e do
hállux rigidus, é indicado o tratamento cirúrgico. Nos casos de metatarsalgia,
indica-se o tratamento conservador (COOK, 2015).

3.5 PÉ CAÍDO
A fase é de balanço até o choque de calcanhar, essa marcha é denominada
de estepagem ou pé caído. Sua causa é a fraqueza dos músculos dorsiflexores.
O tratamento indicado, neste caso, é o treinamento da força para os músculos
dorsiflexores (HOUGLUM, 2015).

3.6 FLEXÃO EXCESSIVA DO JOELHO


A fase é de choque do calcanhar até o pré-balanço. Enquanto a causa
é a presença de contraturas dos músculos posteriores da coxa, a amplitude de
movimento está reduzida na dorsiflexão do tornozelo, além da fraqueza dos
músculos flexores plantares, membro alongado e contratura dos músculos
flexores do quadril.

O tratamento tem como objetivo o ganho da amplitude de movimento


através da realização dos alongamentos, mobilização articular, termoterapia,
massoterapia e treinamento de força (COOK, 2015).

219
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

3.7 JOELHO HIPERESTENDIDO


A fase é de choque do calcanhar até o apoio médio. Enquanto a causa é a
fraqueza do músculo quadríceps ou o seu encurtamento, essa fraqueza é suprida
pelos músculos isquiotibiais e a contratura do tendão de Aquiles.

Quanto ao tratamento, a proposta é o ganho de amplitude de movimento,


treinamento da força e a reparação da contratura (SILVA; CAMPOS, 2006).

3.8 ROTAÇÃO EXCESSIVA MEDIAL OU LATERAL DO FÊMUR


A fase é o choque do calcanhar até o pré-balanço. Enquanto a causa é
o encurtamento dos músculos isquiossurais mediais ou laterais encurtados e
fraqueza do grupo muscular oposto.

O tratamento indicado é o alongamento do grupo muscular que está


encurtado e/ou treinamento de força do grupo oposto (HOUGLUM, 2015).

3.9 BASE DE SUPORTE ALARGADA


A base de suporte é considerada como alargada quando está com mais
de10 cm. A fase é o choque do calcanhar até o pré-balanço. Enquanto a causa é a
contratura dos músculos adutores e o joelho varo.

O tratamento envolve a solução quanto à contratura, utilização das órteses,


propriocepção e o fortalecimento do tronco e instabilidade no caso dos músculos
inferiores (COOK, 2015).

3.10 BASE DE SUPORTE REDUZIDA


A base de suporte é considerada diminuída quando está com menos
de 5 cm, essa situação é chamada de marcha em tesoura. A fase é de choque
do calcanhar até o pré-balanço. Enquanto a causa é a contratura dos músculos
adutores e o joelho varo.

O tratamento está relacionado à resolução da contratura, nos casos mais


graves, a indicação pode ser cirúrgica para o geno varo (SILVA; CAMPOS, 2006).

220
TÓPICO 5 | MARCHA PATOLÓGICA

3.11 CIRCUNDAÇÃO
A fase é de balanço inicial até o balanço final. A causa, nesse caso, é o
comprimento elevado do membro, encurtamento ou a dominância dos músculos
adutores.

Quanto ao tratamento, é indicado a utilização de palmilhas,


restabelecimento do equilíbrio de todos os grupos musculares (HOUGLUM,
2015).

3.12 ELEVAÇÃO DO QUADRIL


A fase é o choque do calcanhar até o médio apoio. Enquanto a causa é
comprometimento elevado do membro e o encurtamento do músculo quadrado
lombar.

O tratamento indicado é a utilização das palmilhas, exercícios de


alongamentos para o músculo quadrado lombar (COOK, 2015).

3.13 FLEXÃO NÃO ADEQUADA DO QUADRIL


A fase é do balanço inicial até o choque do calcanhar. A causa é a fraqueza
dos músculos flexores do encurtamento dos músculos extensores do quadril.
O tratamento é o treinamento da força e o ganho da amplitude de movimento
(COOK, 2015).

3.14 EXTENSÃO NÃO ADEQUADA DO QUADRIL


A fase é do apoio médio até o pré-balanço. A causa é a contratura
dos músculos flexores ou a fraqueza dos músculos extensores do quadril. O
tratamento é o ganho de amplitude de movimento e o treinamento da força
(SILVA; CAMPOS, 2006).

3.15 EXTENSÃO DO TRONCO


A fase é de choque do calcanhar até o médio apoio. A causa é a dominância
dos músculos extensores do quadril com relação aos músculos flexores e amplitude
de movimento do joelho reduzida. O tratamento está relacionado ao reequilíbrio
dos grupos musculares e o ganho da amplitude de movimento (COOK, 2015).

221
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

3.16 FLEXÃO DO TRONCO


A fase é de choque do calcanhar até o apoio médio. Enquanto a causa é a
fraqueza dos músculos extensores do joelho e do quadril. O tratamento indicado é
o fortalecimento do músculo quadríceps e do glúteo máximo (HOUGLUM, 2015).

3.17 FLEXÃO LATERAL DO TRONCO


A fase é de apoio médio até pré-balanço, essa marcha é chamada de
Trendelenburg. A causa é a fraqueza do músculo glúteo médio contralateral. O
tratamento indicado é o fortalecimento dos músculos adutores (COOK, 2015).

222
RESUMO DO TÓPICO 5

Neste tópico, você aprendeu que:

• O estudo da marcha patológica é fundamental para o tratamento de todos os


pacientes.

• O conhecimento sobre todas as classes funcionais é muito importante, entre


elas: a deformidade funcional, a fraqueza muscular, a perda sensorial, a dor e
o déficit de controle motor ou espasticidade.

• O estudo de todas as alterações biomecânicas é fundamental para a reabilitação.

223
AUTOATIVIDADE

1 Existem cinco classes funcionais, as deformidades, a fraqueza muscular, a


perda sensorial, o déficit de controle motor e a dor. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta a correlação entre as classes funcionais aos seus
respectivos significados:

I- Deformidade funcional.
II- Fraqueza muscular.
III- Perda sensorial.
IV- Dor.
V- Déficit de controle motor ou espasticidade.

a) O déficit proprioceptivo impede a marcha, uma vez que impossibilita o


paciente da compreensão com relação à posição do quadril, joelho, tornozelo
ou do pé e do tipo de contato do solo.
b) Está presente quando os tecidos não possibilitam uma mobilidade passiva
suficiente aos pacientes para alcançar as posturas e as amplitudes de
movimentos normais necessários para a marcha.
c) Promove as reações fisiológicas que incluem duas dificuldades à marcha, a
deformidade e a fraqueza muscular.
d) Está relacionada à força muscular que não é suficiente para alcançar as
solicitações da marcha.
e) Os pacientes com lesão neurológica central, decorrente da paralisia espástica,
apresentam vários tipos de déficits funcionais em várias intensidades e
proporções.

a) ( ) I – d; II – b; III – c; IV – e; V – a.
b) ( ) I – e; II – c; III – a; IV – d; V – b.
c) ( ) I – b; II – d; III – a; IV – c; V – e.
d) ( ) I – a; II – d; III – e; IV – b; V – c.

2 Existem várias alterações biomecânicas na marcha que estão envolvidas


com a fase, a causa e o tratamento. Com relação às várias alterações
biomecânicas na marcha, classifique V para as opções verdadeiras e F para
as falsas:

( ) Pronação excessiva do pé.


( ) Flexão plantar excessiva.
( ) Pé caído.
( ) Circundação.
( ) Flexão medial do tronco.

224
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – V – V.
c) ( ) F – V – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – F – V.

3 A presença de uma espasticidade é visível quando um alongamento rápido


induz o clônus. Com relação a alguns dos principais causadores da marcha
espástica, classifique V para as opções verdadeiras e F para as falsas:

( ) Paralisia cerebral.
( ) Acidente vascular cerebral.
( ) Trauma raquimedular.
( ) Trauma crânio encefálico.
( ) Esclerose múltipla.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – V – V – F.
b) ( ) V – V – V – V – V.
c) ( ) F – V – F – V – V.
d) ( ) V – F – V – F – V.

225
226
UNIDADE 3
TÓPICO 6

PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, teremos vários exemplos de exercícios para o tratamento dos
pacientes. Os exercícios estarão divididos para o membro superior, abordando
especificamente a articulação do ombro, cotovelo, antebraço, punho e mãos.

Por último, abordaremos os exercícios para as articulações do membro
inferior, englobando os exercícios para o quadril, o joelho, o tornozelo e os dedos.

2 EXERCÍCIOS PARA A ARTICULAÇÃO DO OMBRO


Apresentaremos, a seguir, alguns exemplos de exercícios para o tratamento
da articulação do ombro. No exercício da Figura 31, o paciente deve mover ambos
os braços para frente e para trás, semelhante ao movimento de serrar, indicado
nos casos em que o movimento acima de 90º está com restrição.

FIGURA 31 – EXERCÍCIO MOVIMENTO DO SERRADOR

FONTE: Voight et al. (2014, p. 490)

227
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

No exercício da Figura 32, o paciente utiliza uma barra em L, para fazer


o alongamento dos músculos latíssimo do dorso, redondo maior e menor e parte
do deltoide e do tríceps.

FIGURA 32 – EXERCÍCIOS DE EXTENSORES ATRAVÉS DA BARRA EM L

FONTE: Voight et al. (2014, p. 491)

Nos dois exercícios a seguir (Figura 33), o paciente está realizando flexões,
na primeira posição com sustentação do peso através dos pés e, na posição
seguinte, com sustentação do peso através dos joelhos.

FIGURA 33 – EXERCÍCIOS DO OMBRO EM CADEIA CINÉTICA FECHADA

FONTE: Voight et al. (2014, p. 498)

228
TÓPICO 6 | PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

Já no exercício da Figura 34, o paciente está realizando uma contração


isométrica com o objetivo de sustentar o movimento de acordo com a sua
amplitude de movimento, enquanto o fisioterapeuta deve mudar de forma brusca
a direção em que está aplicando a pressão passiva.

FIGURA 34 – FORTALECIMENTO ATRAVÉS DA FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR


PROPRIOCEPTIVA

A B
FONTE: Voight et al. (2014, p. 498)

3 EXERCÍCIOS PARA A ARTICULAÇÃO DO COTOVELO E


DO ANTEBRAÇO
Agora, abordaremos alguns exemplos de exercícios para o tratamento da
articulação do cotovelo e do antebraço. No exercício da Figura 35, é utilizada uma
faixa elástica em que uma das pontas está enrolada na mão do paciente e a outra
na extremidade do seu pé.

FIGURA 35 – EXERCÍCIO PARA O COTOVELO E O ANTEBRAÇO

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 647)

229
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

Na Figura 36, o paciente está realizando uma extensão do cotovelo em


cadeia cinética fechada por meio da utilização de uma cadeira.

FIGURA 36 – EXTENSÃO DO COTOVELO

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 647)

Na figura a seguir, o paciente realiza o exercício através de duas maneiras.


Na letra A, está empurrando um objeto pesado sobre uma superfície e, na letra
B, está segurando a maçaneta com uma mão e o outro membro está empurrando
a porta

FIGURA 37 – FORTALECIMENTO DO MÚSCULO TRÍCEPS

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 647)

230
TÓPICO 6 | PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

4 ARTICULAÇÕES DO PUNHO, MÃOS E DEDOS


A seguir, abordaremos alguns exercícios para o tratamento da articulação
do punho, mãos e dedos. Esses exercícios são referentes ao deslizamento máximo
do flexor superficial e profundo dos dedos. Na Figura 38, na letra A, o paciente
realiza a extensão total dos dedos, na letra B e C, a flexão dos quatro dedos e, na
letra D, abdução do polegar.

FIGURA 38 – EXERCÍCIOS DE DESLIZAMENTO

A B C D

FONTE: Voight et al. (2014, p. 568)

Já na Figura 39, na letra A, o paciente está realizando o exercício de


oposição do polegar com os outros dedos da mão, na letra B, o polegar está
fazendo o movimento de flexão e, na letra C, o movimento de extensão.

FIGURA 39 – EXERCÍCIOS PARA O POLEGAR

A B C

FONTE: Voight et al. (2014, p. 570)

231
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

5 ARTICULAÇÃO DO QUADRIL
Agora, abordaremos alguns exercícios para o tratamento da articulação
do quadril. Na Figura 40, o paciente está realizando o alongamento dos músculos
adutores do quadril através da flexão dos quadris a 90º.

FIGURA 40 – ALONGAMENTO DOS MÚSCULOS DO QUADRIL

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 748)

Na figura a seguir, o paciente está em decúbito dorsal e realizando o


movimento de abdução e rotação lateral do quadril.

FIGURA 41 – ABDUÇÃO E ROTAÇÃO LATERAL

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 748)

232
TÓPICO 6 | PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

Na Figura 42, o paciente está realizando o movimento de alongamento do


músculo reto femoral na posição ortostática. O fêmur deve estar alinhado com o
tronco.

FIGURA 42 – EXERCÍCIO PARA O MÚSCULO RETO FEMORAL

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 749)

6 ARTICULAÇÃO DO JOELHO
Agora, abordaremos alguns exemplos de exercícios para o tratamento da
articulação do joelho. Na figura 43, o paciente está em decúbito ventral realizando
o alongamento dos músculos flexores com os membros inferiores fora da maca.

FIGURA 43 – ALONGAMENTO DOS FLEXORES DO JOELHO

FONTE: Voight et al. (2014, p. 628)

233
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

Na Figura 44, o paciente está em decúbito dorsal realizando a extensão do


joelho através da utilização de um rolo.

FIGURA 44 – EXTENSÃO DO JOELHO EM DECÚBITO DORSAL

FONTE: Voight et al. (2014, p. 628)

Na Figura 45, o paciente está na posição sentada realizando uma contração


isométrica do músculo quadríceps femoral, por meio da extensão do joelho no
momento que a perna está distante da maca.

FIGURA 45 – EXTENSÃO DO JOELHO NA POSIÇÃO SENTADA

FONTE: Voight et al. (2014, p. 629)

7 ARTICULAÇÕES DO TORNOZELO E DOS DEDOS


A seguir, tem-se alguns exemplos de exercícios para o tratamento da
articulação do tornozelo e dedos. Na figura a seguir, o paciente está realizando a
flexão plantar através da utilização de uma faixa elástica, que está impondo uma
resistência.

234
TÓPICO 6 | PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

FIGURA 46 – EXERCÍCIO DE FLEXÃO PLANTAR

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 886)

Na Figura 47, o paciente está realizando a dorsiflexão do tornozelo através


da utilização de uma resistência elástica.

FIGURA 47 – DORSIFLEXORES DO TORNOZELO

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 887)

Na Figura 48, o paciente está realizando a extensão e a flexão dos dedos


através dos movimentos dos músculos extensores longos dos dedos e da
musculatura intrínseca do pé.

FIGURA 48 – EXTENSÃO E FLEXÃO DOS DEDOS

FONTE: Voight et al. (2014, p. 663)

235
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

8 EXERCÍCIOS PARA AS ARTICULAÇÕES


A seguir, abordaremos outros exercícios para todas as articulações do
membro superior e do membro inferior.

FIGURA 49 – MOVIMENTOS PARA AS ARTICULAÇÕES

236
TÓPICO 6 | PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

FONTE: Floyd (2015, p. 25-27)

237
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

LEITURA COMPLEMENTAR

TREINAMENTO DA MARCHA, CARDIORRESPIRATÓRIO E MUSCULAR


APÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: ESTRATÉGIAS, DOSAGENS
E DESFECHOS

Angélica Cristiane Ovando


Stella Maris Michaelsen
Jonathan Ache Dias
Vanessa Herber

[...]

MÉTODO

Os artigos desta revisão foram selecionados a partir das bases de dados


Science Direct, PubMed, SpringerLink, LILACS, Informaworld e IngentaConnect, no
período entre julho e dezembro de 2008. Foram considerados para esta revisão
apenas os artigos publicados na íntegra entre os anos 1980 e 2008, que foram
pesquisados a partir da combinação dos termos ingleses: stroke, hemiplegia,
hemiparesis, physical exercise, physical training, strength training, muscular training,
exercise training, body-weight supported treadmill training, treadmill training, gait
training, walking, functional activity; e em português, dos termos: acidente vascular
cerebral/encefálico, hemiparesia, hemiplegia com treinamento, marcha, força
muscular, treinamento em esteira e atividade funcional.

Os artigos deveriam relatar ensaios clínicos randomizados ou,


então, estudos pré-experimentais ou quase-experimentais que envolvessem
treinamentos com objetivo de melhorar a marcha, a força, o condicionamento
cardiorrespiratório e a independência funcional dos indivíduos acometidos por
AVE. Foram incluídos 27 trabalhos escritos com este perfil, além de dois artigos
de revisão, todos na língua inglesa. Os demais artigos citados no presente estudo
foram utilizados para embasar as discussões referentes aos achados dos estudos
incluídos.

RESULTADOS

Treinamento de marcha

Em geral, mais da metade dos pacientes não deambula independentemente


na fase aguda após um AVE, e esta dependência para marcha pode ser observada
em 25% dos pacientes três meses após o evento. De acordo com Goldie et al., 60%
a 70% dos indivíduos que sofrem um AVE recuperam a capacidade de marcha,
embora apenas 7% dos pacientes subagudos tenham capacidade suficiente de
deambular de forma independente fora de casa. A recuperação da marcha é a

238
TÓPICO 6 | PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

meta principal na reabilitação desses pacientes. Os programas de treinamento de


marcha têm como objetivo restabelecer a marcha funcional e também melhorar a
qualidade ou desempenho desta.

A esteira com suspensão de peso corporal (SPC) tem sido utilizada


largamente para recuperar a função locomotora após um AVE. Existe, hoje, uma
grande variedade de estudos investigando programas de treinamento da marcha,
frequentemente realizados em uma esteira com ou sem SPC.

O treinamento em esteira está fundamentado em dois princípios


neurofisiológicos: a melhora da modulação do reflexo da marcha e o treinamento
locomotor, envolvendo um grande volume de repetições da tarefa. O uso de
esteira (com ou sem suspensão) permite que um grande número de passos seja
executado dentro de uma sessão de treinamento, aumentando a prática da tarefa
específica. Pacientes com sequelas por AVE podem praticar até 1.000 passos em
20 minutos de prática em esteira, comparados com apenas 50 ou 100 passos
durante o mesmo período de uma sessão de fisioterapia convencional. O sistema
com SPC oferece condições favoráveis para a recuperação da marcha, uma vez
que prolonga a fase de apoio no membro plégico, melhora a simetria do passo,
diminui a espasticidade dos plantiflexores do tornozelo e permite um modelo de
ativação muscular mais regular, quando comparado com a caminhada no solo.

O treinamento em esteira com SPC permite que pacientes incapazes de


deambular livremente pratiquem ciclos de marcha completa repetidamente.
Visintin et al. (s.d.) relataram que a terapia em esteira com SPC foi mais efetiva
do que sem SPC em pacientes hemiparéticos subagudos, e a terapia em esteira
também mostrou vantagens sobre o treino de marcha convencional, no que
diz respeito ao condicionamento físico e habilidade da marcha. No entanto,
dois ensaios clínicos randomizados com indivíduos com hemiparesia aguda
não conseguiram demonstrar a superioridade do treinamento com esteira, em
comparação com a fisioterapia convencional, que esteve concentrada em treino
de marcha no solo.

Diversos protocolos para o treinamento de marcha têm sido propostos,


com uma variedade de velocidades, intensidades, percentual de peso corporal
suspenso, duração e também enfocando diferentes fases do AVE, com pacientes
agudos e crônicos. Na maioria dos estudos, os indivíduos deveriam ser capazes
de caminhar pelo menos 10 metros para serem incluídos, sendo excluídos aqueles
com comorbidades cardiovasculares graves ou déficits cognitivos. Os programas
eram individualizados, geralmente seguindo uma avaliação inicial, e os
parâmetros de exercício e ajustes da esteira foram adaptados durante o programa.
As medidas de desfecho avaliadas variaram entre os estudos. A velocidade de
marcha foi um dos parâmetros mais importantes, sendo que todos os estudos
avaliaram a velocidade de marcha em uma distância curta, embora os protocolos
utilizados tenham variado entre os estudos, com distâncias de 3 a 10 metros, ou
ainda a distância percorrida durante dois minutos.

239
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

Dentre os estudos envolvendo treinamento de marcha com SPC


selecionados para esta revisão, sete avaliaram a resistência para a marcha, seis
estudos utilizaram uma escala funcional (por exemplo, a Functional Ambulation
Category – FAC) para classificar a dependência funcional da marcha, e quatro
estudos avaliaram as atividades de vida diária. Quanto ao tipo de comparação
que foi utilizada nos estudos selecionados, todos compararam o treinamento
de marcha em esteira com algum outro tipo de intervenção fisioterapêutica.
Seis estudos compararam treinamento em esteira (com ou sem SPC) com
outro treinamento orientado à tarefa da marcha. O estudo de Visitin et al. (s.d.)
comparou o treinamento em esteira com SPC com treinamento sem SPC, e outros
três estudos usaram intervenções não orientadas à tarefa como comparação.
Dois estudos descreveram a intervenção do grupo controle como sendo um
treinamento simulado, ou placebo, sendo que Dean et al. (s.d.) treinou o membro
superior afetado, e Ada et al. (s.d.) utilizou um treinamento de marcha domiciliar,
orientado à tarefa em intensidade insuficiente para provocar efeito. Nenhum dos
estudos encontrados comparou treinamento com SPC sem o uso da esteira com
outra intervenção.

Em geral, os estudos encontrados mostraram que o treinamento de


marcha em esteira com ou sem SPC tem efeito positivo sobre os parâmetros da
marcha e a força muscular no membro inferior parético e no membro saudável.
Estudos que utilizaram esteira rolante para reabilitar pacientes com sequela de
AVE relataram melhora na velocidade de marcha, resistência à fadiga (distância e
tempo de caminhada), cadência, comprimento do passo e/ ou simetria. Para Jaffe et
al. (s.d.), uma combinação e associação de treino de marcha, tanto na esteira como
no solo, com trabalho de obstáculo, também melhorou os parâmetros de marcha,
geralmente a velocidade. Os resultados dos estudos foram, em geral, baseados na
velocidade de marcha e resistência, enquanto a dependência funcional da marcha
ou outras medidas relevantes, como atividades de vida diária, qualidade de vida,
ou ainda institucionalização, são relatadas em poucos estudos.

Uma hipótese clínica para explicar essa tendência ao favorecimento do


treinamento em esteira e SPC como um tratamento é o fato de esta intervenção ser
uma forma de aumentar a quantidade de prática. No estudo de Ada et al. (s.d.),
o aumento da prática é alcançado pela combinação de treinamento em esteira,
treinamento de marcha, cardiorrespiratório e muscular após acidente vascular
encefálico 257 com outro exercício orientado à tarefa, como o treino de marcha em
diferentes direções no solo e subir e descer escadas.

O treinamento em esteira com ou sem SPC parece ser tão efetivo quanto
outras intervenções usadas como controle para pessoas com sequelas de AVE, sem
evidências de ser prejudicial. Alguns aspectos específicos da intervenção parecem
ter impacto sobre a eficácia. Por exemplo, os efeitos do tratamento parecem
estar relacionados com a dosagem do protocolo de treinamento utilizado. Nos
estudos encontrados, o protocolo variou em intensidade, duração e frequência

240
TÓPICO 6 | PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

da caminhada na esteira, como pode ser visto na Tabela 1. Os estudos relataram


intervenções de duas semanas até seis meses, todas com resultados positivos.
A frequência mínima foi de três vezes na semana, chegando a cinco em alguns
estudos. Para Pohl et al. (s.d.), um protocolo com uma progressão mais intensa
da velocidade da esteira mostrou ser mais eficaz nos ganhos de velocidade da
marcha, comparado com progressões de velocidade limitadas.

As características dos sujeitos também pareceram ser importantes na


eficácia das intervenções. Dos estudos encontrados, dois realizaram treinamento
em esteira em sujeitos agudos com no máximo 30 dias do início dos sintomas,
cinco incluíram pacientes transcorridos de 30 dias a três meses após o AVE, um
estudo incluiu pacientes com mais de três meses de AVE, dois incluíram pacientes
crônicos, ou seja, mais de seis meses após o evento, e outro não especificou o
tempo de lesão dos pacientes. Os estudos com pacientes muito agudos podem
comprometer a análise do efeito específico do treinamento, uma vez que não
é possível afirmar quanto da melhora pode ser atribuída a uma recuperação
espontânea da marcha no período agudo após AVE.

Ainda, de acordo com a Moseley et al. (s.d.), indivíduos independentes na


marcha poderiam se beneficiar mais com programas de treinamento em esteira,
em comparação com indivíduos dependentes. Além disso, resultados de um
ensaio clínico mostraram que indivíduos dependentes são mais favorecidos se
for utilizado o SPC durante o treinamento em esteira. Dessa forma, diferenciar o
nível de dependência para a marcha pode ser importante na definição do desenho
de um ensaio clínico eficiente.

Uma meta-análise sobre o uso da esteira e SPC na recuperação da marcha


após um AVE concluiu que não houve diferenças entre o treinamento em esteira
com ou sem SPC e outras intervenções na velocidade de marcha, embora uma
análise secundária tenha mostrado que, entre as pessoas que deambulavam
independentemente no início do tratamento, o uso da esteira foi eficaz para
melhorar a velocidade de marcha. De acordo com a revisão, existe ainda uma
necessidade urgente de estudos em larga escala, bem desenhados para avaliar
os efeitos do treinamento em esteira com e sem SPC na marcha após um AVE,
uma vez que os estudos ainda não são conclusivos quanto à superioridade em
comparação com outros tratamentos convencionais, e existe hoje um grande
marketing sobre esta prática.

241
UNIDADE 3 | TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA

TABELA 1 – RESUMO DOS TESTES DE AVALIAÇÃO UTILIZADOS E DOSAGEM DAS


INTERVENÇÕES NOS PRINCIPAIS ESTUDOS DO TREINAMENTO DA MARCHA EM ESTEIRA
Teste de Avaliação da
Teste de
desempenho recuperação Outras avaliações Dosagem das
Estudo resistência à
da marcha em motora/ clínicas intervenções
fadiga
distância curta severidade

Versão adaptada
Velocidade Teste de com 30 itens Cadência, 30 minutos 3 vezes
Ada et al.
confortável em caminhada de 6 da Sickness comprimento e na semana durante
2003 (18)
10 m min Impact Profile largura do passo 4 semanas
(SA-SIP30)

Functional
Ambulation 20 minutos, 5
Velocidade Distância máxima National Institutes
da Cunha et al. Category (FAC), vezes na semana,
rápida de percorrida em of Health (NIH)
2002 (19) Medida de durante 2 a 3
marcha em 5 m 5 min Stroke Scale
Independência semanas
funcional (MIF)
60 minutos de
intervenção, sendo
Velocidade Teste de Tempo de
Dean et al. 5 minutos na
confortável em caminhada de 6 — levantar e andar,
2000 (22) esteira, 3 vezes na
10 m min Step Test
semana, durante
4 semanas
Qualidade da
Teste de 30 minutos, 5
Eich et al. Velocidade Rivermead motor marcha com o
caminhada de 6 vezes na semana,
2004 (20) rápida em 10 m asessement Scale Rancho los Amigos
min durante 6 semanas
gait analysis
Velocidade Teste de 60 minutos, 3
Jaffe et al. Habilidade ao
confortável e caminhada de 6 — vezes na semana,
2004 (21) cruzar obstáculos
rápida em 6 m min durante 2 semanas
Distância
percorrida em 45 minutos, 5
Velocidade
Kosak et al. velocidade vezes na semana,
confortável em — MIF
2000 (16) confortável até que durante 2 a 3
2 min
o participante não semanas
mais tolerasse
Velocidade 8 a 20 minutos,
Laufer et al. rápida de FAC, Standing 5 vezes na
— —
2001 (15) marcha em Balance Test semana, durante
10 m 3 semanas

Cadência,
Comprimento
do passo, teste de
Velocidade 60 minutos, 3
Liston et al, sentar e levantar,
confortável em — — vezes na semana,
2000 (25) Nottingham Extended
10 m durante 4 semanas
ADL Scale (avaliação
de atividades de
vida diária)
30 minutos, 5
Velocidade Escala de
Nilson el al. vezes na semana,
confortável em Avaliação de Berg, FAC, MIF
2001 (17) durante 9 a 10
10 m Fugl-Meyer
semanas
Velocidade Cadência, 30 minutos, 3
Pohl et al.
confortável em — — Comprimento do vezes na semana,
2002 (23)
10 m passo, FAC durante 4 semanas
Resistência The Stroke
Distância ercorrendo Rehabilitation 20 minutos, 4
Visitin et al.
percorrida em 10m em Assessment Berg vezes na semana,
1998 (13)
3m vai-e-vem até of Movement durante 6 semanas
exaustão (STREAM)
Velocidade 15 a 20 minutos, 5
Werner et al. Rivermead motor FAC, espasticidade
rápida de — vezes na semana,
2002 (24) asessement Scale de flexores plantares
marcha em 10 m durante 2 semanas

FONTE: OVANDO, A. C. et al. Treinamento da marcha, cardiorrespiratório e muscular após


acidente vascular encefálico: estratégias, dosagens e desfechos. Rev. Fisioter. Mov., Curitiba, v.
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242
RESUMO DO TÓPICO 6

Neste tópico, você aprendeu que:

• Todos os exercícios para os membros superiores e inferiores são muito


importantes para o tratamento dos pacientes.

• Existem vários tipos de exercícios que podem ser utilizados para o tratamento
dos mais diversos pacientes.

• Os exercícios são divididos para cada uma das articulações do membro superior
(ombro, cotovelo, antebraço, punho, mãos e dedos.

• Os exercícios são divididos para cada uma das articulações do membro inferior
(quadril, joelho tornozelo e dedos).

243
AUTOATIVIDADE

1 Existem vários tipos de exercícios que podem ser utilizados para o


tratamento da articulação do ombro, entre eles o movimento de serrar.
Assinale a alternativa CORRETA que apresenta em que casos este exercício
pode ser indicado:

a) ( ) Movimento abaixo de 40º quando não existe restrição.


b) ( ) Movimento acima de 90º quando existe restrição.
c) ( ) Movimento abaixo de 30º quando existe restrição.
d) ( ) Movimento acima de 50º quando existe restrição.

2 Existem vários exercícios que podem ser realizados na posição sentada


para a articulação do joelho. Assinale a alternativa CORRETA que aborda
o músculo que realiza uma contração isométrica durante o movimento de
extensão do joelho na posição sentada:

a) ( ) Quadríceps femoral.
b) ( ) Vasto dorsal.
c) ( ) Bíceps femoral.
d) ( ) Tríceps femoral.

3 Existem vários tipos de exercícios que podem ser realizados para os dedos
das mãos. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta os músculos que
envolvidos nos exercícios de deslizamento para os dedos da mão:

a) ( ) Extensor superficial e profundo dos dedos.


b) ( ) Extensor principal dos dedos e extensor secundários dos dedos.
c) ( ) Flexor superficial e profundo dos dedos.
d) ( ) Flexor primário dos dedos e flexor secundário dos dedos.

244
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