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Cinesioterapia

Prof. Paulo Heraldo Costa do Valle

Indaial – 2020
2a Edição
Elaboração:
Prof. Paulo Heraldo Costa do Valle

Copyright © UNIASSELVI 2020

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

V181c

Valle, Paulo Heraldo Costa do

Cinesioterapia. / Paulo Heraldo Costa do Valle. – Indaial: UNIASSELVI,


2020.

246 p.; il.

ISBN 978-65-5663-185-1
ISBN Digital 978-65-5663-181-3

1. Cinesiologia. - Brasil. 2. Fisioterapia. – Brasil. Centro Universitário Leonardo


da Vinci.

CDD 610

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático de Cinesioterapia.

Na Unidade 1, estudaremos assuntos muito importantes para a sua formação.


Abordaremos a história e os personagens que contribuíram através dos seus estudos
para a avaliação da evolução do movimento humano: Aristóteles, Arquimedes de
Siracusa, Cláudio Galeno, Leonardo da Vinci, Galileu Galilei, Giovanni Alfonso Borrelli e
Isaac Newton.

Posteriormente, estudaremos a anamnese completa e todas as fases que


fazem parte da anamnese, como o exame, a avaliação, o diagnóstico, o prognóstico e a
intervenção.

Na sequência, estudaremos a definição e a utilização da cinesioterapia por meio


da abordagem de várias funções, como o equilíbrio, a coordenação, a flexibilidade, a
mobilidade, o desempenho muscular, o controle neuromuscular e a estabilidade.

Também abordaremos a amplitude de movimento, a mobilidade e o alongamento,


os tipos de exercícios de amplitude de movimento (amplitude de movimento passivo,
amplitude de movimento ativo e amplitude de movimento ativo assistido), indicações
da amplitude de movimento, metas da amplitude de movimento passivo, limitações do
movimento passivo, indicações da amplitude de movimento ativo e ativo assistido, metas
da amplitude de movimento ativo, benefícios fisiológicos da contração muscular ativa
e mobilidade (envolvimento da mobilidade com a integridade articular, hipomobilidade,
alongamento e contratura).

Por último, estudaremos a goniometria através dos princípios do método,


articulações do membro superior (articulação do ombro, articulação do cotovelo,
articulação radioulnar, articulação do punho), articulações do membro inferior
(articulação do quadril, articulação do joelho e articulação do tornozelo) e movimentos
da articulação da coluna vertebral.

Na Unidade 2, abordaremos sobre a cadeia cinética no membro  inferior, que


apresenta a importância da cadeia cinética, ações musculares na cadeia cinética,
particularidades dos exercícios em cadeia cinética fechada e aberta, utilização dos
exercícios em cadeia cinética, cocontração dos músculos, recuperação do controle
neuromuscular, confrontos da biomecânica nas atividades em cadeia cinética e
tratamento das lesões através dos exercícios em cadeia cinética fechada; e também
sobre a cadeia  cinética no membro superior,  articulação do ombro, articulação do
cotovelo, reabilitação de lesões do membro superior e transferência de peso (push-ups,
push ups com um plus, press ups step e prancha de deslizamento).
Na sequência, estudaremos sobre as técnicas  de treinamento resistido,
o  exercício isométrico, o exercício resistido progressivo, as contrações concêntricas
versus excêntricas, pesos livres comparados com os equipamentos de musculação,
faixas elásticas, resistência variável, técnicas de exercícios resistidos e técnicas
preconizadas quanto ao treinamento resistido.

Nesta unidade falaremos sobre as lesões  do tecido muscular, suas


propriedades musculares e lesão muscular (câimbras, dor muscular tardia, contusões,
laceração muscular, estiramento, processo cicatricial, tratamento); e também sobre as
lesões do tecido tendinoso, sua estrutura, fisiopatologia e etiologia, a classificação das
tendinopatias e o tratamento fisioterapêutico.

 Por fim, sobre as lesões do tecido nervoso, as lesões por estiramento, as lesões
por compressão, a divisão das lesões nervosas traumáticas (neuropraxia, axonotmese e
neurotmese), a mobilização do tecido nervoso e o tratamento fisioterapêutico (objetivos
do tratamento fisioterapêutico e recursos terapêuticos).

Na Unidade 3, abordaremos o treinamento de estabilização do core em reabilitação,


estudaremos a eficiência e atuação do core, treinamento do core, observações sobre a postura,
desequilíbrios musculares, condutas específicas para o treinamento do core, protocolo de
estabilização do core e programas de treinamento do core.

Na sequência, abordaremos a psicomotricidade por meio do estudo de todos


os fatores responsáveis pela estruturação psicomotora global, entre eles, a tonicidade,
o equilíbrio, a lateralidade, o esquema e a imagem corporal, a estruturação espaço-
temporal e a percepção, também será estudado a importância da associação da
fisioterapia com a psicomotricidade.

Estudaremos o sistema sensório motor por meio do controle neuromuscular,


grupos responsáveis pela estabilização das articulações, definição de propriocepção,
mecanismos (mecanismo de feedback e mecanismo de feedforward), mecanorrecep-
tores e níveis de atenção (tipos de mecanorreceptores) e treinamentos (treinamento
proprioceptivo e treinamento neuromuscular).

Na sequência, abordaremos, através da introdução, a marcha humana,


técnicas para avaliação da marcha (análise observacional, rastreamento optoeletrônico
tridimensional, videografia e eletromiografia dinâmica), biomecânica da marcha normal,
determinantes da marcha e ciclo da marcha (fase de apoio e fase de balanço).

Por último, estudaremos a marcha patológica através das classes funcionais


(deformidade funcional, fraqueza muscular, perda sensorial, dor e déficit de controle
motor ou espasticidade) e alterações biomecânicas (pronação excessiva do pé,
supinação excessiva do pé, flexão plantar excessiva, impulsão insuficiente, pé caído,
flexão excessiva do joelho, joelho hiperestendido, rotação excessiva medial ou lateral do
fêmur, base de suporte alargada, base de suporte reduzida, circundação, elevação do
quadril, flexão não adequada do quadril, extensão não adequada do quadril, extensão
do tronco, flexão do tronco e flexão lateral do tronco).
Portanto, esperamos que os conteúdos abordados estimulem sua leitura e que
o livro de estudos seja útil e relevante em sua aprendizagem e formação profissional.
Boa leitura e bons estudos!

Prof. Paulo Heraldo Costa do Valle


GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


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acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
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poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
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Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - MOVIMENTO HUMANO E AVALIAÇÃO DA DOR................................................ 1

TÓPICO 1 - HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO..................................................................3


1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 ARISTÓTELES......................................................................................................................3
3 ARQUIMEDES DE SIRACUSA...............................................................................................4
4 CLÁUDIO GALENO...............................................................................................................5
5 LEONARDO DA VINCI...........................................................................................................6
6 GALILEU GALILEI................................................................................................................. 7
7 GIOVANNI ALFONSO BORRELLI..........................................................................................8
8 ISAAC NEWTON....................................................................................................................9
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 10
AUTOATIVIDADE....................................................................................................................11

TÓPICO 2 - ANAMNESE COMPLETA..................................................................................... 13


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 13
2 PROCESSO COMPLETO DE AVALIAÇÃO........................................................................... 13
2.1 EXAME..................................................................................................................................................... 13
2.2 AVALIAÇÃO............................................................................................................................................ 14
2.3 DIAGNÓSTICO....................................................................................................................................... 15
2.4 PROGNÓSTICO..................................................................................................................................... 16
2.5 INTERVENÇÃO...................................................................................................................................... 16
2.6 OBJETIVOS DA MOBILIZAÇÃO ARTICULAR...................................................................................17
RESUMO DO TÓPICO 2.......................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 19

TÓPICO 3 - DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CINESIOTERAPIA............................................ 21


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 21
2 DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO................................................................................................ 21
2.1 FUNÇÃO..................................................................................................................................................23
2.2 EQUILÍBRIO............................................................................................................................................23
2.3 COORDENAÇÃO...................................................................................................................................24
2.4 FLEXIBILIDADE.....................................................................................................................................24
2.4.1 Tipos de flexibiidade .................................................................................................................26
2.5 MOBILIDADE.........................................................................................................................................26
2.6 DESEMPENHO MUSCULAR............................................................................................................... 27
2.7 CONTROLE NEUROMUSCULAR........................................................................................................ 27
2.8 ESTABILIDADE..................................................................................................................................... 27
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 28
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 29

TÓPICO 4 - AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO..................... 31


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 31
2 INTRODUÇÃO À AMPLITUDE DE MOVIMENTO................................................................. 31
2.1 TIPOS DE EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO............................................................33
2.1.1 Amplitude de movimento passivo..........................................................................................34
2.1.2 Amplitude de movimento ativo...............................................................................................34
2.1.3 Amplitude de movimento ativo assistido.............................................................................35
2.2 INDICAÇÕES DOS MOVIMENTOS.....................................................................................................35
2.3 METAS DA AMPLITUDE MOVIMENTO PASSIVO............................................................................35
2.4 LIMITAÇÕES DO MOVIMENTO PASSIVO.........................................................................................36
2.5 INDICAÇÕES DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO E ATIVO ASSISTIDO...........................36
2.6 METAS DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO........................................................................... 37
2.7 BENEFÍCIOS FISIOLÓGICOS DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ATIVA............................................ 37
3 MOBILIDADE......................................................................................................................37
3.1 ENVOLVIMENTO DA MOBILIDADE COM A INTEGRIDADE ARTICULAR..................................... 37
3.2 HIPOMOBILIDADE................................................................................................................................38
4 ALONGAMENTO................................................................................................................ 39
4.1 ALONGAMENTO SELETIVO.................................................................................................................39
4.2 ALONGAMENTO EM EXCESSO E HIPERMOBILIDADE.................................................................39
4.3 ALONGAMENTO MANUAL OU MECÂNICO.................................................................................... 40
4.4 AUTOALONGAMENTO......................................................................................................................... 41
4.5 PRINCIPAIS INDICAÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DO ALONGAMENTO...................................... 41
4.6 CONTRAINDICAÇÕES PARA O ALONGAMENTO...........................................................................42
5 CONTRATURAS................................................................................................................. 42
5.1 TIPOS DE CONTRATURAS...................................................................................................................43
5.1.1 Contratura miostática...............................................................................................................43
5.1.2 Contratura pseudomiostática.................................................................................................43
5.1.3 Contratura artrogênica e periarticular..................................................................................44
5.1.4 Contratura fibrótica e contratura irreversível .....................................................................44
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................... 45
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 46

TÓPICO 5 - GONIOMETRIA.................................................................................................. 49
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 49
2 APARELHO GONIÔMETRO................................................................................................ 49
2.1 PRINCÍPIOS DO MÉTODO....................................................................................................................50
2.2 ARTICULAÇÕES DO MEMBRO SUPERIOR.......................................................................................51
2.2.1 Articulação do ombro.................................................................................................................51
2.2.2 Articulação do cotovelo...........................................................................................................53
2.2.3 Articulação rádio ulnar.............................................................................................................53
2.2.4 Articulação do punho...............................................................................................................53
2.3 ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR.......................................................................................55
2.3.1 Articulação do quadril...............................................................................................................55
2.3.2 Articulação do joelho................................................................................................................56
2.3.3 Articulação do tornozelo..........................................................................................................56
2.4 MOVIMENTOS DA ARTICULAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL..................................................... 57
RESUMO DO TÓPICO 5.......................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 62

TÓPICO 6 - MOBILIZAÇÃO ARTICULAR.............................................................................. 63


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 63
2 INTRODUÇÃO À MOBILIZAÇÃO ARTICULAR................................................................... 63
2.1 MOBILIZAÇÃO E MANIPULAÇÃO DOS TECIDOS MOLES.............................................................63
RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................... 65
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 66

TÓPICO 7 - DOR.....................................................................................................................67
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................67
2 RECEPTORES DA DOR...................................................................................................... 68
3 CLASSIFICAÇÃO DA DOR................................................................................................. 68
3.1 DOR AGUDA...........................................................................................................................................68
3.2 DOR CRÔNICA.......................................................................................................................................69
4 TIPOS DE DORES............................................................................................................... 69
4.1 DOR REFERIDA......................................................................................................................................69
4.2 DOR IRRADIADA...................................................................................................................................70
5 TRATAMENTO DA DOR.......................................................................................................70
6 AVALIAÇÃO DA DOR.......................................................................................................... 71
7 ESCALAS DA DOR..............................................................................................................72
8 TRATAMENTO DA DOR: AGUDA E CRÔNICA ....................................................................72
8.1 TRATAMENTO DA DOR AGUDA.......................................................................................................... 72
8.2 TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA..................................................................................................... 73
9 OBSERVAÇÕES PARA O PACIENTE..................................................................................73
LEITURA COMPLEMENTAR..................................................................................................74
RESUMO DO TÓPICO 7..........................................................................................................78
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................79

UNIDADE 2 — CADEIA CINÉTICA E LESÕES NOS TECIDOS................................................ 81

TÓPICO 1 — CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR..................................................... 83


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 83
2 IMPORTÂNCIA DA CADEIA CINÉTICA.............................................................................. 83
2.1 AÇÕES MUSCULARES EM CADEIA CINÉTICA............................................................................... 84
2.2 PARTICULARIDADES DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA FECHADA........................... 84
2.3 PARTICULARIDADES DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA ABERTA...............................85
2.4 UTILIZAÇÃO DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA................................................................85
2.5 COCONTRAÇÃO DOS MÚSCULOS...................................................................................................85
2.6 RECUPERAÇÃO DO CONTROLE NEUROMUSCULAR................................................................. 88
2.7 CONFRONTOS DA BIOMECÂNICA NAS ATIVIDADES EM CADEIA CINÉTICA..........................89
2.7.1 Articulação do pé e tornozelo..................................................................................................89
2.7.2 Articulação do joelho.................................................................................................................90
2.7.3 Articulação femoropatelar.......................................................................................................92
2.8 TRATAMENTO DAS LESÕES ATRAVÉS DOS EXERCÍCIOS
EM CADEIA CINÉTICA FECHADA......................................................................................................93
2.8.1 Bicicleta ergométrica................................................................................................................93
2.8.2 Leg press.....................................................................................................................................94
2.8.3 Miniagachamento e deslizamento........................................................................................95
2.8.4 Step lateral..................................................................................................................................96
2.8.5 Pranchas de equilíbrio e minicama elástica.......................................................................96
2.8.6 Simulador de escadas.............................................................................................................. 97
RESUMO DO TÓPICO 1..........................................................................................................99
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................100

TÓPICO 2 - CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR................................................... 101


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 101
2 BIOMECÂNICA NAS ATIVIDADES EM CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR............ 101
2.1 ARTICULAÇÃO DO OMBRO...............................................................................................................102
2.2 ARTICULAÇÃO DO COTOVELO........................................................................................................103
2.3 REABILITAÇÃO DE LESÕES DO MEMBRO SUPERIOR...............................................................103
2.4 TRANSFERÊNCIA DE PESO.............................................................................................................104
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................107
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................108
TÓPICO 3 - TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO......................................................111
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................111
2 EXERCÍCIO ISOMÉTRICO................................................................................................. 112
2.1 EXERCÍCIO RESISTIDO PROGRESSIVO..........................................................................................114
2.2 FAIXAS ELÁSTICAS............................................................................................................................ 117
2.3 RESISTÊNCIA VARIÁVEL................................................................................................................... 117
2.4 TÉCNICAS DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS.......................................................................................118
2.5 TÉCNICAS PRECONIZADAS QUANTO AO TREINAMENTO RESISTIDO....................................118
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................120
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 121

TÓPICO 4 - LESÕES DO TECIDO MUSCULAR....................................................................123


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................123
2 INTRODUÇÃO ÀS LESÕES DO TECIDO MUSCULAR.......................................................123
2.1 PROPRIEDADES MUSCULARES...................................................................................................... 124
2.2 LESÃO MUSCULAR............................................................................................................................ 125
2.2.1 Câimbras..................................................................................................................................... 126
2.2.2 Dor muscular tardia ................................................................................................................ 127
2.2.3 Contusões ........................................................................................................... 127
2.2.4 Laceração muscular............................................................................................................... 129
2.2.5 Estiramento............................................................................................................................... 129
2.2.6 Processo cicatricial................................................................................................................130
2.2.7 Tratamento................................................................................................................................130
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................132
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................133

TÓPICO 5 - LESÕES DO TECIDO TENDINOSO....................................................................135


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................135
2 ESTRUTURA.....................................................................................................................135
2.1 FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIA........................................................................................................ 136
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TENDINOPATIAS........................................................................................ 137
2.2.1 Tendinose................................................................................................................................... 137
2.2.2 Tendinite..................................................................................................................................... 137
2.2.3 Paratendinite............................................................................................................................138
2.3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO................................................................................................138
2.3.1 Fase I (0 a 6 dias)...................................................................................................................... 139
2.3.2 Fase II (4 a 21 dias).................................................................................................................. 139
2.3.3 Fase III (acima de 18 dias)...................................................................................................... 139
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................ 141
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................142

TÓPICO 6 - LESÕES DO TECIDO NERVOSO.......................................................................143


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................143
2 LESÕES POR ESTIRAMENTO...........................................................................................143
2.1 LESÕES POR COMPRESSÃO............................................................................................................144
2.2 DIVISÃO DAS LESÕES NERVOSAS TRAUMÁTICAS.................................................................... 145
2.2.1 Neuropraxia................................................................................................................................ 145
2.2.2 Axonotmese..............................................................................................................................146
2.2.3 Neurotmese..............................................................................................................................146
2.3 MOBILIZAÇÃO DO TECIDO NERVOSO...........................................................................................146
2.4 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO.............................................................................................. 147
2.4.1 Objetivos do tratamento fisioterapêutico........................................................................... 147
2.4.2 Recursos terapêuticos ......................................................................................... 147
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................149
RESUMO DO TÓPICO 6........................................................................................................155
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................156

UNIDADE 3 — TREINAMENTO DO CORE, RECURSOS E MARCHA HUMANA....................159

TÓPICO 1 — TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM REABILITAÇÃO............. 161


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 161
2 EFICIÊNCIA E ATUAÇÃO DO CORE.................................................................................. 161
3 TREINAMENTO DO CORE.................................................................................................162
4 OBSERVAÇÕES SOBRE A POSTURA...............................................................................164
5 DESEQUILÍBRIOS MUSCULARES....................................................................................164
6 CONDUTAS ESPECÍFICAS PARA O TREINAMENTO DO CORE.......................................166
7 PROTOCOLO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE...................................................................166
8 PROGRAMAS DE TREINAMENTO DO CORE.................................................................... 167
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................ 172
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 173

TÓPICO 2 - PSICOMOTRICIDADE....................................................................................... 175


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 175
2 FATORES RESPONSÁVEIS PELA ESTRUTURAÇÃO PSICOMOTORA GLOBAL.............. 176
2.1. TONICIDADE.........................................................................................................................................177
2.2 EQUILÍBRIO...........................................................................................................................................177
2.3 LATERALIDADE...................................................................................................................................177
2.4 ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL...................................................................................................177
2.5 ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL.........................................................................................177
2.6 PERCEPÇÃO........................................................................................................................................ 178
3 IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA A FISIOTERAPIA.................................178
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 179
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................180

TÓPICO 3 - SISTEMA SENSÓRIO MOTOR..........................................................................183


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................183
2 CONTROLE NEUROMUSCULAR.......................................................................................183
3 GRUPOS RESPONSÁVEIS PELA ESTABILIZAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES.....................184
4 DEFINIÇÃO DE PROPRIOCEPÇÃO ..................................................................................185
5 MECANISMOS...................................................................................................................185
5.1 MECANISMO DE FEEDBACK............................................................................................................185
5.2 MECANISMO DE FEEDFORWARD...................................................................................................186
6 MECANORRECEPTORES E NÍVEIS DE ATENÇÃO...........................................................186
6.1 TIPOS DE MECANORRECEPTORES................................................................................................ 187
7 TREINAMENTOS...............................................................................................................188
7.1 TREINAMENTO PROPRIOCEPTIVO..................................................................................................188
7.2 TREINAMENTO NEUROMUSCULAR...............................................................................................189
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................ 191
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................192

TÓPICO 4 - MARCHA HUMANA..........................................................................................195


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................195
2 INTRODUÇÃO À MARCHA HUMANA................................................................................195
3 TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DA MARCHA....................................................................196
3.1 ANÁLISE OBSERVACIONAL.............................................................................................................. 196
3.2 RASTREAMENTO OPTOELETRÔNICO TRIDIMENSIONAL.......................................................... 197
3.3 VIDEOGRAFIA..................................................................................................................................... 197
3.4 ELETROMIOGRAFIA DINÂMICA....................................................................................................... 197
4 BIOMECÂNICA DA MARCHA NORMAL............................................................................198
5 DETERMINANTES DA MARCHA.......................................................................................199
6 CICLO DA MARCHA......................................................................................................... 200
6.1 FASE DE APOIO...................................................................................................................................201
6.2 FASE DE BALANÇO.......................................................................................................................... 203
RESUMO DO TÓPICO 4....................................................................................................... 205
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 206

TÓPICO 5 - MARCHA PATOLÓGICA.................................................................................. 209


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 209
2 CLASSES FUNCIONAIS.................................................................................................. 209
2.1 DEFORMIDADE FUNCIONAL............................................................................................................210
2.2 FRAQUEZA MUSCULAR...................................................................................................................210
2.3 PERDA SENSORIAL............................................................................................................................211
2.4 DOR........................................................................................................................................................211
2.5 DÉFICIT DE CONTROLE MOTOR OU ESPASTICIDADE............................................................... 212
3 ALTERAÇÕES BIOMECÂNICAS.......................................................................................213
3.1 PRONAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ....................................................................................................... 214
3.2 SUPINAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ..................................................................................................... 214
3.3 FLEXÃO PLANTAR EXCESSIVA....................................................................................................... 214
3.4 IMPULSÃO INSUFICIENTE............................................................................................................... 215
3.5 PÉ CAÍDO............................................................................................................................................. 215
3.6 FLEXÃO EXCESSIVA DO JOELHO.................................................................................................. 215
3.7 JOELHO HIPERESTENDIDO............................................................................................................. 215
3.8 ROTAÇÃO EXCESSIVA MEDIAL OU LATERAL DO FÊMUR........................................................ 216
3.9 BASE DE SUPORTE ALARGADA..................................................................................................... 216
3.10 BASE DE SUPORTE REDUZIDA..................................................................................................... 216
3.11 CIRCUNDAÇÃO.................................................................................................................................. 216
3.12 ELEVAÇÃO DO QUADRIL................................................................................................................ 216
3.13 FLEXÃO NÃO ADEQUADA DO QUADRIL...................................................................................... 217
3.14 EXTENSÃO NÃO ADEQUADA DO QUADRIL................................................................................ 217
3.15 EXTENSÃO DO TRONCO................................................................................................................. 217
3.16 FLEXÃO DO TRONCO....................................................................................................................... 217
3.17 FLEXÃO LATERAL DO TRONCO..................................................................................................... 217
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................218
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................219

TÓPICO 6 - PRÁTICA DE EXERCÍCIOS...............................................................................221


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................221
2 EXERCÍCIOS PARA A ARTICULAÇÃO DO OMBRO..........................................................221
3 EXERCÍCIOS PARA A ARTICULAÇÃO DO COTOVELO E DO ANTEBRAÇO.................... 223
4 ARTICULAÇÕES DO PUNHO, MÃOS E DEDOS............................................................... 225
5 ARTICULAÇÃO DO QUADRIL.......................................................................................... 225
6 ARTICULAÇÃO DO JOELHO........................................................................................... 227
7 ARTICULAÇÕES DO TORNOZELO E DOS DEDOS........................................................... 229
8 EXERCÍCIOS PARA AS ARTICULAÇÕES........................................................................ 230
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................... 232
RESUMO DO TÓPICO 6....................................................................................................... 237
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 238

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 239
UNIDADE 1 -

MOVIMENTO HUMANO E
AVALIAÇÃO DA DOR

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• estudar em detalhes todos os personagens da história que foram fundamentais no


estudo do movimento humano;

• demonstrar de forma bastante didática todas as etapas de uma anamnese completa;

• identificar o que é a cinesioterapia e aprender todas as funções que devem ser


avaliadas (equilíbrio, coordenação, flexibilidade, mobilidade, desempenho muscular,
controle neuromuscular e estabilidade);

• estudar a utilização da amplitude de movimento, mobilidade e alongamento para a


avaliação em todos os pacientes;

• conhecer os princípios da goniometria e todos os movimentos das articulações do


membro superior, articulações do membro inferior e da articulação da coluna vertebral.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO


TÓPICO 2 – ANAMNESE COMPLETA
TÓPICO 3 – DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CINESIOTERAPIA
TÓPICO 4 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE E ALONGAMENTO
TÓPICO 5 – GONIOMETRIA
TÓPICO 6 – MOBILIZAÇÃO ARTICULAR
TÓPICO 7 – DOR

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

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A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
HISTÓRIA DO MOVIMENTO HUMANO

1 INTRODUÇÃO
O movimento humano é considerado como uma importante forma de exercício
terapêutico e sua prática é bastante antiga, os dados históricos indicam que até antes
de Cristo na Grécia e Roma Antiga já existia a prática dos exercícios terapêuticos
(VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 1 – MOVIMENTO HUMANO

FONTE: <https://bit.ly/3PYPk2u>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Você sabia que existem vários indivíduos que se destacaram ao longo de


toda a história com o estudo do movimento humano? A seguir, estudaremos em
detalhes a participação fundamental de vários pesquisadores que ao longo da história
contribuíram bastante com o estudo do movimento humano. São eles: Aristóteles,
Arquimedes de Siracusa, Cláudio Galeno, Leonardo da Vinci, Galileu Galilei, Giovanni
Alfonso Borrelli e Isaac Newton.

2 ARISTÓTELES
O filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C e faleceu em 322 a.C, aos 62
anos de idade, ele foi aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande.

3
FIGURA 2 – ARISTÓTELES

FONTE: <https://bit.ly/3oYXMTj>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Ao longo de toda a sua vida, ele escreveu vários livros englobando algumas
áreas do conhecimento, entre elas a biologia, o drama, a economia, a ética, a física, a
linguística, a lógica, a metafísica, a música, a poesia, a retórica e a zoologia. Estudou
profundamente biologia e fisiologia, devido às atividades profissionais médicas exercidas
tanto pelo seu pai como pelo seu tio (CENCI, 2012).

INTERESSANTE
Você sabia que Aristóteles é considerado até os dias atuais como o pai da
cinesioterapia? O que significa afirmar que todos os seus conhecimentos e
descobertas são importantes até hoje para a cinesioterapia.

3 ARQUIMEDES DE SIRACUSA
Arquimedes foi considerado um dos principais cientistas da Antiguidade
Clássica, ele nasceu em 287 a.C e faleceu em 212 a.C, aos 75 anos de idade.

4
FIGURA 3 – ARQUIMEDES DE SIRACUSA

FONTE: <https://bit.ly/3oUQNLa>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Foi um importante astrônomo, físico, engenheiro, inventor e matemático, ao longo


de toda a sua vida teve uma contribuição muito importante para a física, descobrindo a lei do
empuxo e a lei da alavanca, além de outras tantas leis que ele descobriu.

Obteve também um grande destaque por meio dos estudos dos princípios
hidrostáticos com relação ao mecanismo de flutuação dos corpos.

Ele é considerado como um melhores e maiores matemáticos de todo o mundo,


com Isaac Newton e outros nomes importantes. Foi considerado também fundamental
para o aparecimento da ciência moderna (PEDROSO, 2013).

4 CLÁUDIO GALENO
Cláudio Galeno foi um importante médico e filósofo, nasceu em 129 a.C e faleceu
em 217 a.C, aos 88 anos de idade, também era conhecido como Élio de Galeno.

5
FIGURA 4 – CLÁUDIO GALENO

FONTE: <https://bit.ly/3zXKmO1>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Ele foi considerado como um dos médicos com maior aptidão durante todo
o período romano, apresentando uma grande influência na ciência médica ocidental
por mais de 1000 anos. Todas as suas pesquisas foram executadas com macacos,
visto que durante a época em que ele viveu, a prática da dissecação em humanos era
proibida. Foi pioneiro na realização da vivissecção e com o experimento nos animais
(STULP; MANSUR, 2019).

IMPORTANTE
Ele foi o primeiro a apresentar que o movimento humano era consequente
da contração muscular de todos os músculos agonistas e antagonistas.
Este é um ponto muito importante, visto que tal conceito ainda é válido
até os dias atuais.

5 LEONARDO DA VINCI
Leonardo da Vinci nasceu em 1452 e faleceu em 1519, aos 67 anos de idade.
Ele foi um importante polímata da sua época. Durante toda a sua vida, teve grande
destaque em pesquisas de várias áreas do conhecimento, como anatomia, arquitetura,
botânica, ciência, escultura, engenharia, invenção, matemática, música, pintura e
poesia (KICKHÖFEL, 2011).

6
FIGURA 5 – LEONARDO DA VINCI

FONTE: <https://bit.ly/3zU2LLl>. Acesso em: 23 abr. 2020.

NOTA
Polímata é um indivíduo que possui uma curiosidade infinita, portanto, um
indivíduo excepcional. Ele estuda e conhece muitas ciências, ao mesmo
tempo, ou seja, seu conhecimento não está restrito em uma única área.
Outros importantes exemplos de polímatas, além de Leonardo da Vinci,
foram Isaac Newton, William Shakespeare, Albert Einstein, entre outros.

Leonardo foi um homem que possuía uma grande curiosidade, sendo


considerado um dos maiores pintores de todos os tempos, além de ser consagrado como
um dos maiores talentos de toda a história. Todos os trabalhos de da Vinci surgiram logo
após um grande período na história, em que tudo ficou parado, inativo, decorrente da
Idade Média, também conhecida como a época das trevas, pois tudo era proibido, sendo
marcado, portanto, como um grande período de estagnação em todas as áreas. Só no
período do Renascimento é que foram retomadas as grandes contribuições sobre o
corpo humano por meio do estudo sobre a relação do movimento, centro de gravidade
e o equilíbrio corporal (KICKHÖFEL, 2011).

6 GALILEU GALILEI
Galileu foi um astrônomo, filósofo, físico e matemático muito importante, nasceu
em 1564 a.C e faleceu em 1642 a.C, aos 78 anos de idade.

7
FIGURA 6 – GALILEU GALILEI

FONTE: <https://bit.ly/3d5iIpe>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Através de todos os seus trabalhos, foi o primeiro a desenvolver os estudos


sistemáticos sobre o movimento uniformente acelerado, assim como o movimento do
pêndulo. Foi ele que apresentou o princípio da inércia. Por meio de todas as pesquisas
sobre o movimento humano, contribuiu muito na concretização do estudo como uma
ciência, conseguindo estabelecer uma importante relação de todos os conceitos com
os princípios matemáticos (SOUZA, 2005).

7 GIOVANNI ALFONSO BORRELLI


Borrelli foi um importante físico, fisiologista e matemático, nasceu em 1608 e
faleceu em 1679, aos 71 anos de idade. Ele se destacou por meio das suas pesquisas
sobre a relação dos ossos, músculos e articulações relacionados aos sistemas de
alavancas (KAPANDJI, 2013).

FIGURA 7 – GIOVANNI ALFONSO BORRELLI

FONTE: <http://twixar.me/HyKm>. Acesso em: 26 mai. 2020.

8
INTERESSANTE
Borrelli é considerado o pai da biomecânica devido aos seus estudos
sobre a locomoção humana e a contração muscula

8 ISAAC NEWTON
Isaac Newton foi um importante alquimista, astrônomo, cientista, filósofo, físico
e matemático, ele nasceu em 1643 e faleceu em 1727, aos 84 anos de idade. Apresentou
todas as bases da dinâmica moderna, criando as leis da inércia, do movimento e da
interação (MARTINS; SILVA, 2015).

FIGURA 8 – ISAAC NEWTON

FONTE: <https://shutr.bz/3Jv17Dh>. Acesso em: 23 abr. 2020.

9
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Aristóteles é considerado até os dias atuais como o pai da cinesioterapia em função


das suas grandes contribuições.

• Arquimedes de Siracusa foi considerado um dos principais cientístas da Antiguidade


Clássica, sendo conhecido como um melhores e maiores matemáticos de todo o mundo.

• Cláudio Galeno foi o pioneiro ao estudo do movimento humano como consequência


da contração muscular de todos os músculos agonistas e antagonistas.

• Leonardo da Vinci foi um grande polimata destacando-se ao longo de toda a sua vida
no estudo de várias áreas do conhecimemto como a anatomia, arquitetura, botânica,
ciência, escultura, engenharia, invenção, matemática, música, pintura e poesia.

• Galileu Galilei contribui significativamente para as pesquisas sobre o movimento


humano como uma ciência, estabelecendo uma relação significativa de todos os
conceitos com os princípios matemáticos.

• Giovanni Alfonso Borrelli é conhecido como o pai da biomecânica devido aos


estudos sobre a locomoção humana e a contração muscular.

• Issac Newton expôs todas as bases da dinâmica moderna, criando as leis da inércia,
movimento e da interação.

10
AUTOATIVIDADE
1 Existem vários indivíduos que se destacaram ao longo de toda a história do estudo
do movimento humano. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta quem é
considerado o pai da biomecânica:

a) ( ) Isaac Newton.
b) ( ) Leonardo da Vinci
c) ( ) Cláudio Galeno.
d) ( ) Giovanni Alfonso Borrelli.

2 Ao longo da história existem vários indivíduos que obtiveram grandes destaques


com o estudo do movimento humano. Sobre a correlação desses indivíduos com os
seus respectivos destaques sobre o estudo do movimento humano, associe os itens,
utilizando o código a seguir:

I- Aristóteles.
II- Arquimedes de Siracusa.
III- Cláudio Galeno.
IV- Leonardo da Vinci.
V- Galileu Galilei.

( ) Foi o primeiro a apresentar que o movimento humano era decorrente da contração


muscular de músculos agonistas e antagonistas.
( ) É considerado até os dias atuais como o pai da cinesioterapia.
( ) Através de todas as suas importantes contribuições sobre o corpo humano, foi
retomado o estudo da relação do movimento, centro de gravidade e o equilíbrio
corporal.
( ) Foi considerado o maior matemático da antiguidade, estando entre os maiores
matemáticos de todos os tempos.
( ) Através de suas pesquisas sobre o movimento humano, ele acabou auxiliando na
concretização do estudo do movimento humano como uma ciência.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I – e; II – c; III – d; IV – b; V – a.
b) ( ) I – b; II – d; III – a; IV – c; V – e.
c) ( ) I – a; II – d; III – e; IV – c; V – b.
d) ( ) I – d; II – b; III – c; IV – a; V – e.

11
3 Durante toda a sua vida ele escreveu vários livros sobre a biologia, drama, economia,
ética, física, linguística, lógica, metafísica, música, poesia, retórica e zoologia, devido
as suas grandes contribuições ele é considerado até os dias atuais como o pai da
cinesioterapia. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta quem é considerado o
pai da cinesioterapia:

a) ( ) Arquimedes de Siracusa.
b) ( ) Giovanni Alfonso Borrelli.
c) ( ) Aristóteles.
d) ( ) Galileu Galilei.

12
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
ANAMNESE COMPLETA

1 INTRODUÇÃO
A  anamnese  é um diagnóstico complementar ao exame físico. Durante a
realização da anamnese, deve ser realizado uma avaliação dos seguintes sistemas:

• cardiorrespiratório;
• neuromuscular;
• musculoesquelético;
• tegumentar;
• outros sistemas.

Desta forma, por meio de todas as informações coletadas na anamnese, através


da história clínica, você, acadêmico, terá condições de definir quais são os melhores
testes que podem ser utilizados durante a avaliação (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Com todos esses dados em mãos, você terá condições de propor todos os
exercícios físicos que podem e devem ser aplicados em um programa de tratamento.

Bons estudos!

2 PROCESSO COMPLETO DE AVALIAÇÃO


O processo de avaliação é dividido em vários itens importantes, entre eles,
o exame, a avaliação, o diagnóstico, o prognóstico e a intervenção. Esse conteúdo é
fundamental para a sua formação de anamnese completa. Vamos lá?

FIGURA 9 – PROCESSO COMPLETO DE AVALIAÇÃO

Exame Avaliação Diagnóstico Prognóstico

FONTE: O autor

2.1 EXAME
O exame corresponde ao mecanismo referente à coleta de toda a história do
paciente. Nessa ocasião deve ser realizado, por exemplo, um levantamento de todos os
sistemas, procurando avaliar a presença de regiões com dores, limitação de movimento
através da realização de vários testes específicos para permitir um excelente diagnóstico
(SILVA; CAMPOS, 2006).

13
FIGURA 10 – EXAME

FONTE: <https://bit.ly/3zvD7eD>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Durante a aplicação do exame no paciente, deve ser avaliado vários itens


considerados como fundamentais, entre eles devem ser observados:

• alterações na memória;
• angina;
• crises de dispneia;
• incontinência urinária;
• perda da audição;
• perda da visão;
• quedas;
• tonturas.

Um ponto muito importante que sempre deve ser levado em consideração é o


cuidado com relação à observação quanto à presença de qualquer sintoma. É necessário
que todo profissional esteja atento, devendo sempre procurar qual é a causa de cada
um dos sintomas (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2 AVALIAÇÃO
A avaliação é executada através da utilização de todos os dados que foram
reunidos durante o exame, sempre deve ser levado em consideração todas as
patologias que podem estar presentes, além da existência das limitações funcionais e
as deficiências que estão presentes (VOIGHT et al., 2014).

Durante esse processo podem aparecer problemas que podem não estar
diretamente envolvidos com a área de atuação, sendo necessário, muitas vezes, o
encaminhamento para os outros profissionais da área da saúde.

14
Durante a avaliação inicial, nem sempre toda história clínica é atingida por
completo, sendo necessário, portanto, a coleta de informações, nas sessões seguintes,
fundamentais para o sucesso do tratamento. Para isso, o profissional deve estar atento
a todos os detalhes (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

2.3 DIAGNÓSTICO
Essa etapa está relacionada ao processo em que o resultado final está envolvido
à somatória de todos os dados que foram atingidos durante o exame e a avaliação,
sendo baseado em todos os sinais e sintomas (VOIGHT et al., 2014).

NOTA
A maioria dos diagnósticos musculoesqueléticos estão relacionados
com um certo comprometimento ou uma limitação funcional, que está
diretamente relacionada ao movimento.

Para facilitar a sua conduta, o profissional pode realizar uma organização através
de grupos ou regiões, síndromes ou categorias para possibilitar um auxílio quanto ao
diagnóstico e, posteriormente, para que possa fazer a determinação do prognóstico.

Um dos itens mais importantes na prática é o diagnóstico, esse processo é sempre


muito dinâmico, sendo considerado o ponto máximo de toda a anamnese.

Através do diagnóstico correto, é possível tomar todas as decisões necessárias


que estão diretamente relacionadas ao processo de intervenção e prognóstico. Para
isso, é necessário que o profissional possua uma excelente habilidade para realização
da avaliação e a interpretação de todas as informações que foram coletadas ao longo
desse processo, por meio da história clínica e dos testes realizados durante o exame físico
(VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 11 – DIAGNÓSTICO

FONTE: <https://bit.ly/3vCNQTc>. Acesso em: 23 abr. 2020.

15
2.4 PROGNÓSTICO
Ao longo do prognóstico, é determinado qual o nível de melhora que pode ser
atingido por meio do programa de exercícios, e qual é o tempo necessário para que
esses objetivos possam ser alcançados.

O plano de exercícios terapêuticos possibilita avaliar quais são os procedimentos


necessários, além da utilização da intensidade, duração e frequência das sessões de
tratamento (VOIGHT et al., 2014).

2.5 INTERVENÇÃO
A intervenção corresponde ao momento em que existe uma interação entre o
profissional e o paciente, além de toda a equipe multiprofissional, sendo considerada
fundamental para o sucesso de toda a intervenção.

Por meio dos vários métodos e técnicas utilizados, existem grandes modificações
em todos os sistemas do paciente, devido às interações realizadas, que dependem
diretamente do monitoramento de todas as respostas do paciente com relação às
metas que foram estabelecidas inicialmente (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

FIGURA 12 – INTERVENÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3oQOskn>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Intervenção: é o próprio tratamento fisioterapêutico. O tratamento fisioterápico


engloba inúmeras técnicas.

Algumas das técnicas são:

• Exercícios ativos;
• Exercícios passivos;
• Exercícios ativos assistidos;
• Exercícios contra-resistência;
• Exercícios isométricos;

16
• Alongamentos;
• Relaxamento muscular;
• Descarga de peso gradual;
• Exercícios ativos para motricidade fina.

2.6 OBJETIVOS DA MOBILIZAÇÃO ARTICULAR


• Aumento de amplitude de movimento;
• Reposicionamento e realinhamento da articulação;
• Restauração da artrocinemática;
• Redução de dor;
• Definição da distribuição de forças de maneira uniforme ao redor da articulação.

17
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• O processo da anamnese completa é dividido em vários itens importantes, entre eles,


o exame, a avaliação, o diagnóstico, o prognóstico e a intervenção.

• O exame está relacionado ao processo que envolve a coleta de toda a história do paciente.

• A avaliação é realizada por meio da utilização de todos os dados que foram obtidos
durante o exame, neste momento, deve ser levado em consideração todas as
patologias que podem estar presentes.

• O diagnóstico corresponde a somatória de todos os dados que foram atingidos


durante o exame e a avaliação, estando pautado em todos os sinais e sintomas.

• O prognóstico determina o nível de melhora que pode ser atingido através do programa
de exercícios e o tempo necessário para que estes objetivos sejam alcançados.

• A intervenção é o momento onde existe a relação entre o profissional e o paciente, além da


equipe multiprofissional, sendo fundamental para o sucesso de toda a intervenção.

18
AUTOATIVIDADE
1 As cinco etapas que fazem parte da anamnese completa são: o exame, a avaliação,
o diagnóstico, o prognóstico e a intervenção. Assinale a alternativa que apresenta a
correlação das etapas da anamnese completa com os seus respectivos significados.

I- Exame.
II- Avaliação.
III- Diagnóstico.
IV- Prognóstico.
V- Intervenção.

( ) É considerado um dos principais itens na prática em qualquer área de atendimento,


sendo um processo dinâmico.
( ) Esta etapa vai determinar todos os procedimentos que deverão ser realizados como
a duração e frequência, como também o nível de melhora que poderá ser atingido.
( ) Nesta etapa deve ser verificado a existência de angina, crises de dispneia, equilíbrio
muito precário, incontinência urinária, limitação da marcha, limitações funcionais,
perda da audição e/ou visão e perda da independência.
( ) Esta etapa deve ser realizada através da utilização de vários métodos e técnicas
fisioterapêuticas específicas para o paciente/cliente com o objetivo de proporcionar
grandes mudanças no status do paciente/cliente.
( ) Nesta etapa devem ser coletadas várias informações como nome completo, idade,
sexo, etnia, nacionalidade e naturalidade, ocupação e estado civil.

a) ( ) I – e; II – c; III – a; IV – b; V – d.
b) ( ) I – c; II – e; III – a; IV – b; V – d.
c) ( ) I – b; II – d; III – a; IV – c; V – e.
d) ( ) I – a; II – d; III – b; IV – c; V – e.

2 A anamnese completa é formada pelas etapas de exame, avaliação, diagnóstico,


prognóstico e intervenção. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o nome
da etapa que deve ser avaliada a presença de angina, crises de dispneia, perda da
audição e/ou visão e tonturas:

a) ( ) Avaliação.
b) ( ) Intervenção.
c) ( ) Diagnóstico.
d) ( ) Exame.

19
3 A intervenção é a etapa onde existe a interação entre o profissional e o paciente, além
de toda a equipe multiprofissional. Com relação às principais questões que precisam
ser levadas em consideração durante a intervenção, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Não precisa ser realizado o encaminhamento para os outros profissionais.


( ) Descobrir qual será o tempo necessário para o tratamento.
( ) Descobrir qual é o estágio da cicatrização neste momento é agudo, subagudo ou
crônico?
( ) Descobrir qual é o nível de colaboração do paciente?
( ) Descobrir quais são as atividades que o paciente pode realizar?
( ) Descobrir qual é a experiência necessária do profissional?

a) ( ) V – V – V – V – V – F.
b) ( ) F – V – V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V – F – V.
d) ( ) V – V – V – F – F – V.

20
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA
CINESIOTERAPIA
1 INTRODUÇÃO
A  cinesioterapia  é a terapia do movimento e se dedica à prevenção e à
recuperação de lesões osteoraticulares e musculoesqueléticas.

Ela corresponde à forma de tratamento que está diretamente relacionada à


utilização do movimento ou exercício terapêutico (KISNER; COLBY, 2009), através da
utilização dos conhecimentos de várias áreas.

Neste tópico, você estudará a definição e a utilização da cinesioterapia, além


do equilíbrio, coordenação, flexibilidade, mobilidade, desempenho muscular, controle
neuromuscular e a estabilidade.

Vamos lá?

2 DEFINIÇÃO E UTILIZAÇÃO
A cinesioterapia auxilia no tratamento de todo os pacientes, possibilitando que
ocorra a prevenção, o tratamento e a reabilitação para todos os pacientes de forma
muito eficiente.

FIGURA 13 – ÁREAS DO CONHECIMENTO

Anatomia Fisiologia Cinesiologia

Vários outros conteúdos


Patologia Biomecânica fundamentais para a
cinesioterapia

FONTE: O autor

Entre todos os objetivos do exercício terapêutico, os principais são a


manutenção, a correção e a recuperação, favorecendo a reparação da função normal
do corpo humano, além da manutenção do seu bem-estar físico. Segundo Cook (2005),
todos os efeitos devem estar fundamentados na:

21
• força;
• resistência à fadiga;
• mobilidade;
• flexibilidade;
• relaxamento;
• coordenação motora.

FIGURA 14 – EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS

FONTE: <https://shutr.bz/3oUiLqE>. Acesso em: 23 abr. 2020.

ATENÇÃO
O exercício terapêutico pode ser caracterizado como um treinamento que
é realizado sempre de forma planejada e sistemática, através da utilização
de todos os movimentos corporais, posturas ou atividades físicas.

É indicado que todos os programas de exercícios terapêuticos sejam sempre


realizados de forma individual. Seus objetivos são:

• tratamento ou prevenção de deficiências;


• melhora, restauração ou potencialização da função física;
• prevenção ou redução dos fatores de risco que estão relacionados com a saúde;
• melhora do estado geral, preparo físico ou sensação de bem-estar.

IMPORTANTE
O principal objetivo é atender a todas as necessidades de cada
paciente, respeitando, portanto, todas as suas limitações e as suas
deficiências, trazendo como consequência a melhora da sua função,
além da prevenção quanto às possíveis incapacidades.

22
2.1 FUNÇÃO
A função corresponde às habilidades que cada indivíduo possui, estando
diretamente relacionado a sua atuação, em várias áreas, entre elas:

• casa;
• trabalho;
• comunidade;
• atividades de lazer e recreação.

Todas essas atividades estão diretamente relacionadas com a função física,


psicológica e social de cada paciente (KISNER; COLBY, 2009). Existem vários aspectos
que devem ser levados em consideração com a função física, relacionando-se com o
exposto na Figura 15. 

FIGURA 15 – ASPECTOS RELACIONADOS COM A FUNÇÃO FÍSICA

Equilíbrio

Coordenação

Flexibilidade

Mobilidade

Desempenho muscular

Controle neuromuscular

Estabilidade

FONTE: O autor

2.2 EQUILÍBRIO
O equilíbrio é a capacidade de alinhamento de todos os segmentos corporais
contra a ação da gravidade, tem o objetivo de manter ou mover o corpo (centro de
massa) dentro da base de apoio disponível.

Existem dois tipos de equilíbrio: o equilíbrio estático, que corresponde ao corpo


em repouso ou sem nenhum movimento; e o equilíbrio dinâmico, que está presente
nas forças aplicadas e nas inerciais que atuam sobre o corpo que está em movimentos,
promovendo uma compensação que vai gerar um movimento com velocidade ou
direção sem nenhuma alteração (FLOYD, 2011).

23
FIGURA 16 – EQUILÍBRIO

FONTE: <https://bit.ly/3OVCosH>. Acesso em: 23 abr. 2020.

2.3 COORDENAÇÃO
A coordenação está diretamente relacionada à regularidade e à sequência
correta de todos os disparos musculares, implicados à intensidade necessária para a
contração muscular que possibilita o início, a condução e a graduação de forma mais
efetiva de todo o movimento.

Deve estar sempre baseada no movimento suave, preciso e eficiente, sendo


realizado tanto de forma consciente como inconsciente.

2.4 FLEXIBILIDADE
A flexibilidade está relacionada ao movimento de forma livre, sem a presença
de restrição, estando diretamente envolvida com a amplitude do movimento de uma
articulação ou um conjunto de articuações.

A melhor definição da flexibilidade pode ser a qualidade física, que é responsável


pela realização do movimento voluntário de uma amplitude máxima, dentro dos limites
fisiológicos de uma articulação ou de várias articulações sem que exista qualquer tipo
de lesão (KISNER; COLBY, 2009).

24
FIGURA 17 – FLEXIBILIDADE

FONTE: <https://bit.ly/3vCRFIf>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Consequentemente, a flexibiidade está diretamente relacionada a maiores


amplitudes de movimento em algumas articulações, sendo cada uma com certa quantia
de movimentos específicos.

No caso dos atletas, é necessário a utilização de forma completa de todos os


arcos articulares envolvidos em cada movimento, de acordo com a modalidade esportiva
praticada, sendo necessário, portanto, uma excelente performance, além de uma
estraordinária flexibilidade em todos os segmentos envolvidos (KISNER; COLBY, 2009).

Nos casos em que existe a falta de flexibilidade, ocorre uma limitação da velocidade
máxima para a realização do movimento, além da sua aprendizagem, provocando, nesse
caso, um maior gasto energético e uma maior chance de entrar em fadiga.

É fundamental frisar, nesse momento, que todos os hábitos posturais estão


diretamente relacionados a uma certa limitação da amplitude das articulações,
extensibilidade dos músculos e à plasticidade dos ligamentos e tendões.

A retificação postural e a elevação da amplitude articular causam um efeito


relaxante, auxiliando na tomada de comportamentos corporais que são considerados
mais adequados e mais confortáveis, garantindo um certo alívio quanto à presença de
tensões musculares (KISNER; COLBY, 2009).

Além da especificidade que existe quanto à flexibilidade para cada articulação,


pode ser observado que a especificidade também está relacionada a cada indivíduo,
sendo observado uma diferença entre os sexos.

25
Com o passar da idade também existe uma variação, estando estável até os 10
anos de idade, sendo que, ao ingressar na puberdade, já pode ser observado uma certa
redução, principamente para os indivíduos que não realizam nenhum tipo de treinamento.

Normalmente, as mulheres são mais flexíveis do que os homens, e no caso das


mulheres que estão grávidas, a flexibilidade está maior ainda, em função da elevada
concentração dos hormônios estrogênio e relaxina.

2.4.1 Tipos de flexibiidade


Existem vários tipos de flexibilidade entre eles:

• flexibilidade ativa;
• flexibilidade passiva;
• flexibilidade estática;
• flexibilidade dinâmica (SILVA; CAMPOS, 2006).

A flexibilidade ativa está relacionada à máxima ampitude, sendo possível


obter dos movimentos que são realizados pelos músculos voluntariamente (KISNER;
COLBY, 2009).

A flexibilidade passiva é a máxima amplitude articular, possível em um


movimento em função da ação de outro indivíduo, por meio da utlização de equipamentos
e a força da gravidade.

A flexibilidade estática está relacionada à utilização da amplitude de


movimento, sem um foco na velocidade, tendo como característica a manutenção de
uma determinada posição da articulação, através de um certo período de tempo (SILVA;
CAMPOS, 2006).

A flexibilidade dinâmica está relacionada à capacidade para utilizar a


amplitude de movimento na realização de uma atividade física em uma velocidade
normal ou rápida e dinâmica (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.5 MOBILIDADE
A mobilidade está relacionada à capacidade das estruturas ou dos segmentos
do corpo humano se moverem ou serem movidos de uma forma que possa ocorrer uma
amplitude de movimento mais adequada.

A mobilidade passiva está diretamente relacionada com a extensibilidade


dos tecidos moles, já na mobilidade ativa é necessário que ocorra uma ativação
neuromuscular (VOIGHT et al., 2014).

26
2.6 DESEMPENHO MUSCULAR
Desempenho muscular é conceituado como um conjunto de parâmetros que
caracterizam a função muscular em diferentes tipos de contrações musculares (DVIR,
2002). Estes parâmetros são representados por medidas objetivas, as quais são obtidas
com o uso de equipamentos especializados para a sua mensuração. Os protocolos
de teste para avaliar o desempenho muscular comumente enfatizam o máximo
desempenho possível pelo indivíduo, o que permite a comparação entre diferentes
grupos populacionais e entre diferentes momentos do mesmo indivíduo (como  pré  e
pós-intervenções) (KARATAS et al., 2004; TANAKA et al., 1998).

2.7 CONTROLE NEUROMUSCULAR


O contato dos sistemas sensorial e motor possibilita que os músculos,
considerados sinergistas, agonistas e antagonistas, e os músculos estabilizadores
e neutralizadores, consigam responder todas as informações proprioceptivas e
cinestésicas de forma correta e, principalmente, na sequência correta para a elaboração
do movimento coordenado (KISNER; COLBY, 2009).

2.8 ESTABILIDADE
A estabilidade está relacionada à capacidade do sistema neuromuscular de
manter o segmento corporal proximal ou distal, por meio de uma posição estacionária
ou por meio do controle, através de uma base estável durante todo o movimento por
meio de ações musculares sinérgicas.

A estabilidade articular está relacionada à manutenção do alinhamento de


forma apropriada de todas as partes ósseas da articulação, por meio dos componentes
passivos e dinâmicos (VOIGHT et al., 2014).

27
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• É fundamental estudar as várias funções, entre elas o equilíbrio, a coordenação, a


flexibilidade, a mobilidade, o desempenho muscular, o controle neuromuscular e a
estabilidade.

• O equilíbrio está relacionado à capacidade de alinhamento de todos os segmentos


corporais contra ação da gravidade.

• A coordenação está envolvida com a regularidade e a sequência correta dos disparos


musculares que estão relacionados à intensidade necessária para a contração
muscular.

• A flexibilidade corresponde ao movimento voluntário de uma amplitude máxima


dentro dos limites fisiológicos de uma articulação ou de várias articulações.

• A mobilidade é a capacidade das estruturas ou dos segmentos corporais para se


moverem ou serem movidos de uma forma que exista uma amplitude de movimento
mais adequada.

• O desempenho muscular está envolvido com a capacidade do músculo para produzir


uma tensão necessária para a realização do trabalho físico.

• O controle neuromuscular corresponde ao contato dos sistemas sensorial e motor


que permitem que os músculos sinergistas, agonistas, antagonistas, estabilizadores
e neutralizadores respondam todas as informações proprioceptivas e cinestésicas de
forma correta.

• A estabilidade está envolvida com a capacidade do sistema neuromuscular para


manter o segmento corporal proximal ou distal por meio de uma posição estacionária
ou por meio do controle.

28
AUTOATIVIDADE
1 A habilidade relacionada à atuação do indivíduo nas atividades realizadas em casa,
trabalho, comunidade ou em todas as atividades de lazer e recreação, estão relacionadas
com a função física, psicológica e social. Sobre a correlação da função física com os
seus respectivos significados, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Equilíbrio.
II- Coordenação.
III- Flexibilidade.
IV- Mobilidade.
V- Desempenho muscular.
VI- Estabilidade.

a) Está relacionado à capacidade do músculo em produzir tensão necessária para a


execução do trabalho físico.
b) Está relacionada à regularidade e à sequência correta de todos os disparos musculares.
c) Corresponde à capacidade do sistema neuromuscular de manter o segmento corporal
proximal ou distal, através de uma posição estacionária.
d) Corresponde à capacidade das estruturas ou dos segmentos do corpo humano
poderem se mover ou serem movidos.
e) Corresponde ao movimento de forma livre sem a presença de alguma restrição.
f) Corresponde à capacidade de alinhamento de todos os segmentos corporais contra
a ação da gravidade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I – d; II – f; III – c; IV – b; V – e; VI – a.
b) ( ) I – f; II – b; III – e; IV – d; V – a; VI – c.
c) ( ) I – e; II – a; III – d; IV – c; V – f; VI – b.
d) ( ) I – b; II – d; III – f; IV – a; V – e; VI – c.

2 Existem vários tipos de flexibilidade, entre eles, a flexibilidade ativa, a flexibilidade passiva,
a flexibilidade estática e a flexibilidade dinâmica. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o significado de flexibilidade estática:

a) ( ) Capacidade para utilizar a amplitude de movimento na realização de uma


atividade física.
b) ( ) Máxima ampitude possível dos movimentos que sãor realizados pelos músculos
de forma voluntária.
c) ( ) Utilização da amplitude de movimento sem um foco na velocidade.
d) ( ) Movimento em função da ação de outro indivíduo por meio da utlização de
equipamentos.

29
3 Existem dois tipos de equilíbrio, o estático e o dinâmico. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta o objetivo do equilíbrio:

a) ( ) Manter ou mover o corpo estando fora da base de apoio disponível.


b) ( ) Mover o corpo estando dentro da base de apoio disponível.
c) ( ) Manter ou mover o corpo estando dentro da base de apoio disponível.
d) ( ) Manter o corpo estando dentro da base de apoio disponível.

30
UNIDADE 1 TÓPICO 4 -
AMPLITUDE DE MOVIMENTO, MOBILIDADE
E ALONGAMENTO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você estudará, em detalhes, os tipos de exercícios de amplitude de
movimento (amplitude de movimento passivo, amplitude de movimento ativo e amplitude
de movimento ativo assistido), indicações dos movimentos, metas da amplitude movimento
passivo, limitações do movimento passivo, indicações da amplitude de movimento ativo
e ativo assistido, metas da amplitude de movimento ativo, benefícios fisiológicos da
contração muscular ativa, mobilidade, hipomobilidade, alongamento (seletivo, excesso e
hipermobilidade, manual ou mecânico e autoalongamento), principais indicações para a
utilização do alongamento, contraindicações para o alongamento e contraturas (miostática,
pseudomiostática, artrogênica e periarticular e fibrótica e contratura irreversível).

A amplitude de movimento é uma técnica utilizada com o objetivo de avaliar a


mobilidade e iniciar o movimento durante todos os programas de exercícios terapêuticos
(KISNER; COLBY, 2009).

2 INTRODUÇÃO À AMPLITUDE DE MOVIMENTO


O movimento necessário para a execução de todas as atividades funcionais pode
ser manifestado através da ação de todas as forças musculares ou externas, movimentando
os ossos em diferentes padrões ou amplitudes de movimento (RIBEIRO, 2016).

FIGURA 18 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO

FONTE: <https://bit.ly/3zWi2vg>. Acesso em: 23 abr. 2020.

31
Para que o paciente consiga realizar o movimento necessário em uma atividade
muito complexa, ocorre o envolvimento de vários músculos que estão relacionados a
esse movimento, sendo controlados por meio do sistema nervoso central.

Os ossos se movimentam sempre em relação aos outros ossos, através


das articulações que estão conectados. Tanto a estrutura das articulações como a
integridade e a flexibilidade dos tecidos moles, afetam diretamente a amplitude do
movimento através de dois segmentos (TORTORA, 2011).

Conforme, Ribeiro (2016), a movimentação completa é chamada de amplitude


do movimento; ao longo da movimentação do segmento, todas as estruturas estão
envolvidas, entre eles:

• músculos;
• superfícies articulares;
• cápsulas;
• ligamentos;
• fáscias;
• vasos;
• nervos.

Os exercícios de amplitude de movimento são representados com maior


facilidade em termos de amplitude articular e muscular (VOIGHT et al., 2014). Durante os
exercícios de amplitude articular são utilizados os movimentos de:

• flexão;
• extensão;
• abdução;
• adução;
• rotação.

A amplitude do movimento articular deve ser avaliada por meio da utilização


de um goniômetro, sendo medida em graus, enquanto que a amplitude muscular é
referente à excursão funcional dos músculos (MOREIRA; RUSSO, 2005).

32
FIGURA 19 – AVALIAÇÃO DA AMPLITUDE MUSCULAR ATRAVÉS DO GONIÔMETRO

FONTE: <https://bit.ly/3zVHp0n>. Acesso em: 23 abr. 2010.

Para a manutenção da amplitude de movimento normal, todos os segmentos devem


ser movimentados de forma frequente, sendo que a sua amplitude é considerada possível
tanto em nível articular como muscular (VOIGHT et al., 2014). Existem várias condições que
podem estar relacionadas à redução da amplitude de movimento, entre elas:

• doenças sistêmicas;
• doenças articulares;
• doenças neurológicas;
• doenças musculares;
• traumas;
• inatividade ou imobilização.

Com relação ao ponto de vista terapêutico, os exercícios de amplitude de


movimento são empregados para a manutenção da mobilidade articular e dos tecidos
moles, de maneira que a falta da flexibilidade dos tecidos e a formação dos encurtamento
está reduzida (VOIGHT et al., 2014).

2.1 TIPOS DE EXERCÍCIOS DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO


Existem vários tipos de exercícios para amplitude de movimento. Entre eles,
temos: amplitude de movimento passivo, amplitude de movimento ativo e amplitude de
movimento ativo assistido.

33
FIGURA 20 – TIPOS DE MOVIMENTOS DE AMPLITUDE DO MOVIMENTO

Amplitude de movimento passivo

Amplitude de movimento ativo

Amplitude de movimento de ativo assistido

FONTE: O autor

2.1.1 Amplitude de movimento passivo


A amplitude de movimento passivo está relacionada ao movimento de um
segmento dentro da amplitude do movimento livre, realizado por meio de força externa,
não existindo uma contração muscular voluntária.

Essa força externa pode ser devido à ação da gravidade, do aparelho ou do


terapeuta, ou ainda, outra parte do corpo do próprio paciente (VOIGHT et al., 2014).

2.1.2 Amplitude de movimento ativo


A amplitude de movimento ativo corresponde ao movimento de um
segmento dentro da amplitude de movimento livre, gerado através da contração ativa
dos músculos relacionados ao movimento (VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 21 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO

FONTE: <https://bit.ly/3zxBSeO>. Acesso em: 23 abr. 2020.

34
2.1.3 Amplitude de movimento ativo assistido
A amplitude de movimento ativo assistido corresponde a uma forma de
exercício físico, em que existe uma força externa manual ou mecânica, concedendo
uma assistência com relação aos músculos mobilizadores primários, precisando de um
auxílio para completar o movimento (FLOYD, 2011).

2.2 INDICAÇÕES DOS MOVIMENTOS


A amplitude de movimento passivo deve ser aplicada nos locais onde estão
presentes os tecidos com inflamação aguda, sendo considerado muito benéfico o
movimento passivo (FLOYD, 2011).

Já o movimento ativo não é indicado nesse caso, visto que pode levar a uma
piora do quadro, em função da cicatrização ou da dor. Nessa situação, o movimento
pode atrapalhar o processo de cicatrização.

A imobilização total pode levar à formação de aderências e contraturas, além de


prejudicar a circulação e aumentar o período de recuperação.

O trabalho voltado para a amplitude de movimento passivo pode ser iniciado


precocemente, nesses casos pode ser utilizado uma faixa que não vai causar dor, sendo
benéfica no processo de cicatrização e também na recuperação rápida, referente às
várias lesões dos tecidos moles e articulações (RIBEIRO, 2016). Agora, abordaremos
alguns exemplos quanto à utilização dessa técnica:

• Período de duração de uma inflamação posterior a uma cirurgia com duração de dois
a seis dias.
• O paciente não consegue realizar a movimentação de forma ativa de um segmento
do corpo.

O objetivo principal da amplitude de movimento passivo é diminuir as complicações


que podem ocorrer em função da imobilização, devido a várias situações, entre elas:

• degeneração da cartilagem;
• formação de aderências;
• contraturas;
• má circulação.

2.3 METAS DA AMPLITUDE MOVIMENTO PASSIVO


Para Floyd (2011), os movimentos passivos são considerados muito importantes
para garantir uma boa amplitude de movimento para todos os pacientes, apresentando
excelentes resultados quando praticados de forma correta, entre eles:

35
• manutenção da mobilidade da articulação e do tecido conjuntivo;
• redução dos efeitos da formação das contraturas;
• manutenção da elasticidade mecânica do músculo;
• auxílio à circulação e à dinâmica vascular;
• auxilílio ao movimento sinovial relacionado com a nutrição da cartilagem e a difusão
dos materiais que estão no interior da articulação;
• redução ou inibição da dor;
• auxílio no processo de cicatrização posteriormente uma cirurgia ou lesão;
• auxílio na manutenção do paciente quanto à percepção dos movimentos.

2.4 LIMITAÇÕES DO MOVIMENTO PASSIVO


Para Moreira e Russo (2009), apesar de existir grandes vantagens quanto à
utilização dos movimentos passivos, eles apresentam algumas limitações que precisam
ser consideradas, entre elas:

• não vai prevenir a atrofia muscular;


• não aumenta a força ou a resistência à fadiga;
• não auxilia na circulação na mesma proporção que os exercícios ativos por meio da
contração muscular voluntária

2.5 INDICAÇÕES DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO E


ATIVO ASSISTIDO
Tanto a amplitude de movimento ativo quanto a amplitude de ativo assistido
podem ser utilizadas quando um paciente consegue realizar a contração dos músculos
de forma mais ativa e movimentar um determinado segmento que pode ser através ou
não da assistência, utilizando a amplitude de movimento de forma ativa.

Quando o paciente possui uma musculatura fraca e não é capaz de movimentar


uma articulação por toda a amplitude, é indicado, então, a amplitude de movimento
assistido, visto que auxilia, suficientemente, todos os músculos para que possam atuar
em um nível máximo e atingir o fortalecimento de forma progressiva.

Com a progressão do tratamento, os pacientes ganham um controle da amplitude de


movimento, sendo indicado a utilização de exercícios terapêuticos de contrarresistência que
podem ser tanto manual como mecânico (RIBEIRO, 2016). O objetivo é atingir uma melhora
com relação ao desempenho muscular e o retorno para as atividades funcionais.

Sempre que um determinado segmento corporal for submetido a um grande


período de imobilização, é necessário que seja realizado o trabalho através da amplitude
de movimento ativo nos locais que estão acima do segmento que estava imobilizado,
este local deve ser mantido o mais próximo do normal possível para que fique preparado

36
para, no futuro, ser trabalhada a deambulação (SILVA; CAMPOS, 2006).

A amplitude de movimento ativo também pode ser empregada nos programas


de condicionamento físico aeróbico.

2.6 METAS DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ATIVO


Nos casos em que não existe outros tipos de alterações como as inflamações ou,
ainda, algum outro tipo de contraindicação que esteja relacionada à prática da amplitude
de movimento ativo, as metas são praticamente as mesmas do que as levadas em
consideração referente à amplitude de movimento passivo (MOREIRA; RUSSO, 2009).

2.7 BENEFÍCIOS FISIOLÓGICOS DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ATIVA


Existem vários benefícios que são considerados fisiológicos referentes à prática
da contração muscular ativa, além, é claro, do aprendizado motor devido ao controle
muscular voluntário. Os principais benefícios encontrados são:

• manutenção da elasticidade fisiológica e da contratilidade dos músculos envolvidos;


• oferecimento de feedback sensorial em função dos músculos que estão contraídos;
• liberação de estímulos quanto à integridade dos ossos e das articulações;
• auxílio na circulação, além de prevenção da formação dos trombos;
• desenvolvimento da coordenação e das habilidades motoras para as atividades funcionais.

Existe uma limitação quanto à amplitude de movimento ativo no caso dos músculos
que já estavam fortalecidos, visto que eles não aumentam a força, ao mesmo tempo que
também não desenvolvem uma maior habilidade ou coordenação (GUYTON, 2017).

3 MOBILIDADE
A mobilidade é definida como a habilidade que um indivíduo possui para o inicío,
controle ou manutenção dos movimentos ativos do corpo humano para que possa
realizar todas as atividades simples e complexas (TORTORA, 2011).

3.1 ENVOLVIMENTO DA MOBILIDADE COM A INTEGRIDADE


ARTICULAR
A mobilidade está envolvida diretamente à integridade articular e à flexibilidade,
o que mostra que está relacionada à extensibilidade dos tecidos moles que unem e
envolvem várias estruturas, proporcionando que os movimentos sejam realizados sem
a presença de dor, entre eles estão:

37
• articulações;
• músculos;
• tendões;
• fáscias;
• cápsulas articulares;
• ligamentos;
• nervos;
• vasos sanguíneos;
• pele.

Para que a mobilidade dos tecidos moles e a amplitude de movimento das


articulações sejam consideradas como suficientes, é preciso que se tenha um suporte
suficiente quanto à força muscular, resistência à fadiga e ao controle neuromuscular de
forma que o corpo consiga receber todas as sobrecargas que são impostas durante os
movimentos funcionais.

A mobilidade dos tecidos moles, controle neuromuscular, resistência à fadiga,


força muscular e as demandas podem ser considerados como um importante fator para
a prevenção das lesões, ou ainda, das novas lesões que possam ocorrer no sistema
musculoesquelético (TORTORA, 2011).

3.2 HIPOMOBILIDADE
A pequena mobilidade é chamada de hipomobilidade, sendo a sua causa o
encurtamento de forma adaptativa de todos os tecidos moles, consequente de vários
distúrbios, entre eles:

• imobilização de um segmento corporal por um longo período de tempo;


• sedentarismo;
• desalinhamento postural e desequilíbrios musculares;
• desempenho muscular diminuído decorrente da fraqueza, em função de vários distúrbios
musculoesqueléticos ou neuromusculares;
• traumas nos tecidos em função da inflamação e da dor;
• deformidades congênitas ou adquiridas.

Qualquer fator que modifique a mobilidade ou que provoque uma diminuição


na extensibilidade dos tecidos moles vai provocar o comprometimento quanto ao
desempenho muscular.

Nessas situações, o alongamento é um elemento muito importante, devendo,


portanto, fazer parte do programa de tratamento de todos os pacientes (KISNER;
COLBY, 2009).

38
4 ALONGAMENTO
O alongamento é definido como qualquer manobra que possui a finalidade
de aumentar a extensibilidade dos tecidos moles, atuando de forma positiva quanto
à flexibilidade e à amplitude de movimento, existindo, portanto, uma elevação
quanto ao tamanho das estruturas que vão se adaptar, encurtando e se tornando
hipomóveis com o tempo.

Só através do exame, avaliação e o diagnóstico de forma sistemática é que


o profissional consegue avaliar com segurança quais são as estruturas que estão
provocando uma certa restrição quanto ao movimento e quais os tipos de alongamentos
que podem ser realizados (TORTORA, 2011).

FIGURA 22 – ALONGAMENTO

FONTE: <https://bit.ly/3SnAYdE>. Acesso em: 23 abr. 2020.

4.1 ALONGAMENTO SELETIVO


O alongamento seletivo está relacionado ao processo de busca quanto à
melhoria da função geral do paciente, por meio da utilização de técnicas exclusivas de
alongamentos para alguns determinados músculos e articulações, podendo, inclusive,
nesses casos, apresentar uma certa limitação do movimento referente a outros
músculos e articulações (KISNER; COLBY, 2009).

4.2 ALONGAMENTO EM EXCESSO E HIPERMOBILIDADE


O alongamento em excesso está relacionado ao alongamento efetuado de forma
excessiva, portanto, está além do comprimento normal do músculo e da amplitude de
movimento de uma articulação e dos tecidos moles que estão ao seu redor, causando
uma hipermobilidade, o que significa um grande aumento da mobilidade.

39
A realização da hipermobilidade seletiva por meio da execução de alongamentos
acima do limite normal, em alguns casos, é necessária para os indivíduos que são
considerados saudáveis, mas que apresentam a força e a estabilidade normal e que
são praticantes de esportes, sendo necessário, nesse caso, uma maior flexibilidade
(KISNER; COLBY, 2009).

ATENÇÃO
O alongamento excessivo não é indicado na maioria dos casos, uma
vez que vai provocar uma certa instabilidade articular nas estruturas de
suporte da articulação e da força dos músculos em volta, não sendo,
portanto, suficientes, não conseguindo manter uma posição mais estável
e funcional durante a realização de todas as atividades.

• A instabilidade de uma articulação geralmente vai provocar dor e, consequentemente,


acarretar uma lesão musculoesquelética no indivíduo. Existem vários procedimentos
que podem ser utilizados para aumentar a mobilidade dos tecidos moles e as
articulações. Entre eles, temos: alongamento manual ou mecânico e auto alongamento.

FIGURA 23 – PROCEDIMENTOS PARA AUMENTAR A MOBILIDADE

Alongamento manual ou mecânico

Autoalongamento

FONTE: O autor

4.3 ALONGAMENTO MANUAL OU MECÂNICO


O alongamento manual ou mecânico deve ser executado através de uma força
de alongamento externo ao final da amplitude de movimento, nesse caso, pode ser
mantido ou intermitente, sendo necessário a aplicação de uma pressão adicional por
meio do contato manual ou através de um dispositivo mecânico que vai estimular o
alongamento da unidade musculotendínea que, anteriormente, estava encurtada e os
tecidos conjuntivos periarticulares, causando a movimentação da articulação limitada
para acima da amplitude de movimento possível (KISNER; COLBY, 2009).

O alongamento passivo é realizado pelo fisioterapeuta, quando  o paciente é


incapaz de mover ativamente um segmento sozinho.

40
4.4 AUTOALONGAMENTO
O autoalongamento é o exercício realizado de forma mais livre, ou seja, são os
alongamentos executados de forma independente pelo paciente, após a supervisão do
terapeuta (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 24 – AUTOALONGAMENTO

FONTE: <https://bit.ly/3oVNAex>. Acesso em: 23 abr. 2020.

4.5 PRINCIPAIS INDICAÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DO


ALONGAMENTO
As principais indicações para a utilização do alongamento, conforme Silva e
Campos (2006), são:

• Quando a amplitude de movimento está limitada devido aos tecidos moles ter perdido a sua
extensibidadade, em decorrência da existência de aderências, contraturas e a constituição do
tecido cicatricial, acarretando uma diminuição de todas as atividades, provocando limitações
funcionais ou limitações quanto a sua participação ou incapacidades.
• Limitações quando à mobilidade acarreta em deformidades estruturais, que poderiam
ser evitadas de outra forma.
• Encurtamento ou fraqueza muscular do tecido provocam uma diminuição na amplitude
de movimento.
• Utilização de um programa de preparação física ou um programa de condicionamento
físico, tendo como objetivo a prevenção ou a redução das lesões musculoesqueléticas.
• Pode, também, ser utilizado os exercícios mais vigorosos tanto antes como depois,
tendo como objetivo a redução da dor muscular após a realização do exercício físico.

41
4.6 CONTRAINDICAÇÕES PARA O ALONGAMENTO
Para Tortora (2011), as principais contraindicações quanto ao alongamento são:

• existênca de um bloqueio ósseo levando à limitação do movimento articular;


• fratura recente e consolidação óssea não completa;
• existência de sinais de um processo inflamatório agudo ou infeccioso, ou ainda,
a presença de cicatrização dos tecidos moles, dificultando os tecidos que estão
encurtados e todas as regiões vizinhas;
• existência de dor aguda instantânea com o movimento articular ou alongamento
muscular;
• existência de hematoma ou indicação do trauma nos tecidos;
• existência de uma hipermobilidade;
• os tecidos encurtados possibilitam que o paciente com paralisia ou fraqueza muscular
grave seja capaz de produzir habilidades funcionais específicas.

5 CONTRATURAS
As contraturas têm como definição um encurtamento adaptativo da unidade
muscular e dos tendões, como também dos outros tecidos moles que vão executar
o cruzamento ou envolver uma articulação, causando uma resistência de forma
significativa com relação ao alongamento passivo ou ativo, além da limitação da
amplitude do movimento, o que acaba comprometendo as habilidades funcionais.

A redução ou restrição dos movimentos pode ser classificada desde leve até chegar
ao ponto de contraturas, consideradas como irreversíveis (GUYTON, 2017).

FIGURA 25 – CONTRATURA MUSCULAR

FONTE: <https://bit.ly/3QhfAEX>. Acesso em: 23 abr. 2020.

42
5.1 TIPOS DE CONTRATURAS
As contraturas são descritas por meio das alterações patológicas que estão
presentes nos diferentes tipos de tecidos moles que estão envolvidos, sendo eles
(Figura 26):

FIGURA 26 – DIFERENTES TIPOS DE TECIDOS MOLE

Contratura miostática

Contratura pseudomiostática

Contratura artrogênica e periarticular

Contratura fibrótica e contratura irreversível

FONTE: O autor

5.1.1 Contratura miostática


Na contratura miostática, a unidade musculotendínea está adaptada de forma
encurtada, existindo uma redução com relação à amplitude de movimento, nesse caso,
não existe uma patologia muscular específica que esteja presente.

Essas contraturas já podem ser resolvidas por meio de um período de tempo reduzido,
através da utilização de exercícios de alongamento. As contraturas são descritas por meio das
alterações patológicas que estão presentes nos diferentes tipos de tecidos moles que estão
envolvidos (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016):

5.1.2 Contratura pseudomiostática


Na contratura pseudomiostática existe uma relação com a mobilidade e a
limitação da amplitude de movimento, visto que estão alteradas devido à hipertonicidade,
portanto, a existência da espasticidade ou rigidez estão diretamente relacionadas a uma
lesão do sistema nervoso central, os exemplos, nesse caso, são:

• acidente vascular cerebral;


• lesão medular;
• traumatismo craniano.

43
Ao serem utilizados os procedimentos de inibição com o propósito de promover
uma diminuição temporária da tensão muscular, é indicado a realização do alongamento
passivo completo (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

5.1.3 Contratura artrogênica e periarticular


A contratura artrogênica ocorre em função de uma patologia intra-articular,
estando incluídas as alterações como:

• aderências;
• proliferação sinovial;
• edema articular;
• irregularidades na cartilagem articular;
• desenvolvimento dos osteófitos.

Na contração periarticular, os tecidos conjuntivos que estão inseridos em uma


articulação têm a mobilidade bastante alterada, o que acaba, consequentemente,
limitando o movimento artrocinemático normal (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

5.1.4 Contratura fibrótica e contratura irreversível


Nesses tipos de contraturas ocorrem alterações fibróticas no tecido conjuntivo
do músculo e as estruturas periarticulares provocam aderências nos tecidos, além do
desenvolvimento de uma contratura fibrótica (SILVA; CAMPOS, 2006). Nessas situações,
dificilmente é restabelecido a elasticidade considerada ideal para este tecido .

A permanente perda da extensibilidade dos tecidos moles não pode ser revertida
por meio dos tratamentos conservadores, nesses casos, o tecido muscular e o tecido
conjuntivo foram modificados devido às enormes quantidades de aderências fibróticas
e de tecido cicatricial (SILVA; CAMPOS, 2006).

A dificuldade com relação à recuperação está diretamente relacionada à duração


da contratura fibrótica, ou ainda, quanto à elevada modificação do tecido muscular e
conjuntivo normal, em decorrência da presença de aderências não extensíveis e tecido
cicatricial ou ósseo, levando, então, a uma contratura irreversível.

44
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu:

• Para o estudo da amplitude de movimento humano é necessário conhecer em


detalhes todos os tipos de exercícios de amplitude de movimento, sendo eles o
movimento passivo, movimento ativo e o movimento ativo assistido, além das suas
indicações, limitações, metas e benefícios.

• A amplitude de movimento tem o objetivo de avaliar a mobilidade e iniciar o movi-


mento ao longo de todos os programas de exercícios terapêuticos.

• Existem vários tipos de exercícios envolvendo os movimentos de amplitude do


movimento entre eles a amplitude de movimento passivo, ativo e ativo assistido.

• A amplitude de movimento passivo deve ser utilizada nos locais onde estão presentes
os tecidos com inflamação aguda, não sendo indicado, neste caso, o movimento ativo.

• Existem várias metas para amplitude de movimento passivo, entre elas a manutenção
da mobilidade da articulação e do tecido conjuntivo.

• O aprendizado motor em função do controle muscular voluntário é considerado um


dos vários benefícios fisiológicos.

• A mobilidade é a habilidade que um indivíduo possui para iniciar, controlar ou manter


os movimentos ativos do corpo humano para realizar toda as atividades simples e as
complexas, estando envolvidos, neste caso, a mobilidade com a integridade articular,
hipomobilidade, alongamento e a contratura.

• Para um excelente tratamento, você precisa conhecer em detalhes a amplitude de


movimento, mobilidade e o alongamento.

45
AUTOATIVIDADE
1 O exercício terapêutico é caracterizado como um treinamento realizado sempre
de forma planejada e sistemática, através da utilização de todos os movimentos
corporais, posturas ou atividades físicas. Com relação aos objetivos dos exercícios
terapêuticos, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Tratamento ou prevenção de deficiências.


( ) Melhora, restauração ou potencialização da função física.
( ) Prevenção ou redução dos fatores de risco que estão relacionados com a saúde.
( ) Melhora do estado geral, preparo físico ou sensação de bem-estar.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) F – V – V – F.

2 Existem vários tipos de exercícios de amplitude de movimento passivo; amplitude


de movimento ativo e a amplitude movimento ativo assistido. Sobre a correlação
dos tipos de movimentos com os seus respectivos significados, associe os itens,
utilizando o código a seguir:

I- Amplitude de movimento passivo.


II- Amplitude de movimento ativo.
III- Amplitude movimento ativo assistido.

a) É uma forma de exercício onde existe uma força esterna manual ou mecânica que
proporciona uma assistência com relação aos músculos mobilizadores primários.
b) Corresponde ao movimento de um segmento dentro da amplitude de movimento
livre, produzido por meio da contração ativa dos músculos envolvidos no movimento.
c) Corresponde ao movimento de um segmento dentro da amplitude de movimento
livre, sendo realizado por uma força externa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I – c; II – b; III – a.
b) ( ) I – c; II – a; III – b.
c) ( ) I – a; II – b; III – c.
d) ( ) I – b; II – a; III – c.

46
3 Existem vários benefícios que são considerados como fisiológicos referentes a prática
da contração muscular ativa. Com relação aos benefícios fisiológicos referentes a
prática da contração muscular ativa, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) Manutenção da elasticidade fisiológica e da contratilidade dos músculos envolvidos;


( ) Oferecimento de feedback sensorial em função dos músculos que estão contraidos;
( ) Liberação de estímulos quanto a integridade dos ossos e das articulações;
( ) Auxílio na circulação além de prevenção da formação dos trombos;
( ) Desenvolvimento da coordenação e das habilidades motoras para as atividades
funcionais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V – V.
d) ( ) F – V – V – F – F.

47
48
UNIDADE 1 TÓPICO 5 -
GONIOMETRIA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, sobre a amplitude de movimento, alongamento e contraturas,
estudaremos, em detalhes, vários conteúdos muito importantes, entre eles: a introdução
à amplitude de movimento, os tipos de exercícios de amplitude de movimento (amplitude
de movimento passivo, amplitude de movimento ativo e a amplitude de movimento
ativo assistido), indicações dos movimentos, metas da amplitude de movimento
passivo, limitações do movimento passivo, indicações da amplitude de movimento ativo
e ativo assistido, metas da amplitude de movimento ativo, benefícios fisiológicos da
contração muscular ativa, mobilidade e as contraturas (contratura miostática, contratura
pseudomiostática, contratura artrogênica e periarticular e a contratura fibrótica e
contratura irreversível).

Para o processo de avaliação, é fundamental que sejam levados em consideração


todos os aspectos quantitativos e qualitativos, devendo sempre ser utilizados antes,
durante e após o tratamento.

Bons estudos!

2 APARELHO GONIÔMETRO
Entre os métodos que podem ser utilizados durante o exame físico é a
goniometria. Através desta técnica é quantificado toda a amplitude de movimento
articular por meio de graus (MARQUES, 2014).

FIGURA 27 – GONIÔMETRO

FONTE: <https://bit.ly/3Qg1K5N>. Acesso em: 23 abr. 2020.

49
O aparelho goniômetro, também conhecido como goniômetro universal, é
constituído por um círculo completo de 0° a 360° ou meio círculo de 0° a 180°, a maioria
dos aparelhos são de plásticos ou de metal.

Nesse aparelho, existem dois braços, sendo um deles fixo e o outro é móvel, o
móvel vai seguir todo o arco de movimento da articulação que está sendo examinada. O
goniômetro possui inúmeras vantagens, entre elas:

• baixo custo;
• fácil utilização;
• medidas fidedignas.

Para a avaliação também pode ser utlizado o eletrogoniômetro, nesse


equipamento, os braços do goniômetro devem ser inseridos nos segmentos e o eixo
deve estar alinhado com o centro da articulação (MARQUES, 2014).

ATENÇÃO
O eletrogoniômetro possui uma desvantangem em comparação ao
goniômetro universal, visto que é menos preciso, além de ser mais difícil
a sua colocação no paciente e do custo ser mais alto.

Através do pleno conhecimento dos valores de amplitude de movimento,


considerados normais, é possível utilizar o goniômetro para definir alterações de ADM na
primeira avaliação, assim como para verificar posteriormente o ganho de ADM durante
as fases de tratamento.

O registro quanto à amplitude do movimento deve sempre mostrar os valores


iniciais e finais, dessa forma, vai possibilitar que os dados sejam mais confiáveis e
precisos (MARQUES, 2014).

2.1 PRINCÍPIOS DO MÉTODO


Antes de começar a realizar todas as medidas, é necessário que seja levado em
consideração alguns itens:

• As roupas não podem atrapalhar o processo de palpação de todos os pontos


anatômicos utilizados durante a inserção dos braços do goniômetro, é aconselhado
que a região a ser avaliada fique totalmente desnuda. Durante a realização da
goniometria, todos os movimentos devem ser passivos, visto que os registros podem
ser modificados em função da presença de um quadro álgico ou de fraqueza muscular,
o que dificulta bastante durante a contração voluntária. O paciente deve estar em um

50
bom ainhamento corporal, visto que qualquer tipo de compensação prejudica quanto
aos resultados.
• A medida de amplitude de movimento deve ser comparativa, devendo sempre
realizar o registro do arco do movimento em ambos os lados, ou seja, do lado que
está acometido e do lado que não está acometido, para que se possa saber quais são
as diferenças entre os valores normais e patológicos no indivíduo.
• Deve-se evitar muitas mudanças de posição no paciente, para isso, o que deve ser
realizado é fazer todas as medidas em cada um dos decúbitos, podendo, por exemplo,
iniciar no decúbito dorsal, posteriormente para o decúbito ventral, posição sentada e
em pé (MARQUES, 2014).

2.2 ARTICULAÇÕES DO MEMBRO SUPERIOR


Agora, abordaremos, em detalhes, os movimentos de cada uma das articulações
que fazem parte do membro superior: ombro, cotovelo, radioulnar e punho.

FIGURA 28 – MOVIMENTOS DO MEMBRO SUPERIOR

Ombro

Cotovelo

Radioulnar

Punho

FONTE: O autor

2.2.1 Articulação do ombro


Com relação à articulação do ombro, os movimentos avaliados são de flexão,
extensão, abdução, adução horizontal, rotação interna e rotação externa
(VOIGHT et al., 2014).

O movimento de flexão na articulação do ombro varia de 0° a 180°, esse


movimento deve ser executado por meio do levantamento do braço do paciente para
frente, estando com a palma da mão na direção medial paralela ao plano sagital.

O braço fixo do goniômetro deve estar ao longo da linha axilar média, dire-
cionando para o tubérculo maior do fêmur. Já o braço móvel deve estar inserido na
superfície lateral do úmero, na direção do epicôndilo lateral. Quanto ao eixo, este deve
estar perto do acrômio.

51
A extensão do ombro varia de 0° a 45°, a palma da mão deve estar direcionada
medialmente, estando paralela ao plano sagital e braço para trás. Para a avaliação, a melhor
posição é sentado, em pé ou em decúbito ventral, deixando o braço ao longo do corpo.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido ao longo da linha axiliar média,
direcionado para o tubérculo maior do úmero (VOIGHT et al., 2014). Já o braço móvel
deve estar inserido sobre a face lateral do úmero, direcionado para o epicôndilo lateral.
Quanto ao eixo, este deve estar sobre o eixo látero lateral da articulação glenoumeral
perto do acrômio.

A abdução do ombro varia de 0° a 180°, devendo ser elevado o braço do paciente


lateralmente com relação ao tronco, o posicionamento ideal deve ser sentado ou em
pé, de costas para o terapeuta. A palma da mão deve estar direcionada anteriormente
paralela ao eixo frontal.

O braço fixo do goniômetro deve estar sobre a linha axilar posterior. Já o braço
móvel deve estar situado sobre a face posterior do braço do paciente, em direção à
região dorsal da mão. Quanto ao eixo do movimento, este deve estar perto do acrômio,
mas não se deve ajustar o goniômetro para que coincida o eixo sobre o ponto anatômico
(VOIGHT et al., 2014).

A adução do ombro varia de 0° a 45°, o movimento de adução é realizado na


frente do corpo estando com a palma da mão situada posteriormente em flexão do
ombro de 90°. A posição ideal para o teste deve ser sentado, em pé ou com o cotovelo,
punho e dedos em extensão na frente do profissional.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo à linha mediana anterior. Já o


braço móvel deve estar sobre a superfície lateral do úmero. Quanto ao eixo, este deve
estar sobre o eixo ântero posterior da articulação glenoumeral (VOIGHT et al., 2014).

A rotação interna do ombro varia de 0° a 70°, a posição considerada como ideal


é em decúbito dorsal e o ombro em abdução de 90°, com o cotovelo também em flexão
de 90° e o antebraço na posição neutra.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo ao solo. Já o braço móvel deve
estar sobre a região posterior do antebraço, voltado para o terceiro dedo da mão. Quanto
ao eixo, este deve estar no olécrano (SILVA; CAMPOS, 2006).

A rotação externa do ombro varia de 0° a 90°. Quanto à posição ideal, ela deve ser
em decúbito dorsal e o ombro deve estar em uma abdução de 90°, estando o cotovelo
também em flexão a 90° e o antebraço na poisção neutra.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo ao solo. Já o braço móvel deve
estar sobre a região posterior do antebraço, em direção ao terceiro dedo da mão. Quanto
ao eixo, este deve estar no olécrano (VOIGHT et al., 2014).

52
2.2.2 Articulação do cotovelo
Com relação à articulação do cotovelo, os movimentos avaliados são de flexão
e extensão.

O movimento de flexão e extensão do cotovelo varia de 0° a 145°, o movimento


de extensão corresponde ao retorno da flexão, devendo ser realizado por meio da palma
da mão que deve estar na posição anatômica. A posição ideal deve ser sentado ou em
pé ou ainda em decúbito dorsal com o membro superior ao lado do tronco.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido ao longo da superfície lateral do


úmero, na direção do acrômio. Já o braço móvel deve estar sobre a face lateral do rádio,
voltado para o processo estiloide. Quanto ao eixo, este deve estar no epicôndilo lateral
do úmero (VOIGHT et al., 2014).

2.2.3 Articulação rádio ulnar


Com relação à articulação radioulnar, os movimentos avaliados são de pronação
e supinação.

O movimento de pronação varia de 0° a 80° e o de supinação varia de 0° a 90°, a


posição ideal deve ser sentado com o cotovelo fletido em 90°, deixando o braço mantido
ao longo do corpo e o antebraço na posição de pronação, medindo a supinação ou em
supinação medindo a pronação. O goniômetro deve estar inserido na superfície dorsal
dos metacarpos.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido na superfície dorsal metarcapiana,


paralelo ao eixo longitudinal do úmero. Já o braço móvel deve estar alinhado ao eixo
do polegar. Quanto ao eixo, este deve estar sobre a articulação metacarpofalagiana do
terceiro dedo (VOIGHT et al., 2014).

2.2.4 Articulação do punho


Com relação à articulação do punho, os movimentos avaliados são de flexão,
extensão, desvio radial e desvio ulnar (SILVA; CAMPOS, 2006).

O movimento de flexão do punho varia de 0° a 90°, a posição ideal é sentado ou


em pé, com o antebraço em pronação e o cotovelo em 90° de flexão.

O braço fixo do goniômetro deve estar sobre a face medial da ulna. Já o braço
móvel deve estar sobre a superfície medial do quinto metacarpo. Quanto ao eixo, este
deve estar na superfície medial do punho (SILVA; CAMPOS, 2006).

53
O movimento de extensão da articulação do punho varia de 0° a 70°, sendo que
a posição ideal deve ser em pé ou sentado, com o antebraço em pronação e o cotovelo
fletido por volta de 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar sobre a face medial da ulna. Já o braço
móvel deve estar sobre a superfície medial do quinto metacarpo. Quanto ao eixo, este
deve estar na superfície medial do punho.

O movimento de desvio radial na articulação do punho varia de 0° a 20°, devendo


manter a posição anatômica da mão quando as medidas forem coletadas, a posição
ideal deve ser sentado ou em pé, com o cotovelo em flexão a 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar sobre a região posterior do antebraço,


na direção do epicôndilo lateral. Já o braço móvel deve estar sobre a superfície dorsal
do terceiro metacarpo. Quanto ao eixo, este deve estar sobre a articulação radiocárpica
(SILVA; CAMPOS, 2006).

O movimento de desvio ulnar na articulação do punho varia de 0° a 45°, a


posição ideal deve ser sentado ou em pé, estando o cotovelo em flexão com 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido sobre a região posterior ao


antebraço, voltado para o epicôndilo lateral. Já o braço móvel deve estar sobre a
superficie dorsal do terceiro metacarpo. Quanto ao eixo, este deve estar sobre a
articulação radiocárpica.

A figura as seguir apresenta uma situação patológica, um desvio ulnar já


instalado em função de uma patologia crônica, o reumatismo (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 29 – DESVIO ULNAR

FONTE: <https://bit.ly/3OX8xQI>. Acesso em: 23 abr. 2020.

54
2.3 ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR
Agora, abordaremos os movimentos de cada uma das articulações que fazem
parte do membro inferior.

FIGURA 30 – ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR

FONTE: O autor

2.3.1 Articulação do quadril


Com relação à articulação do ombro, os movimentos avaliados são de flexão,
extensão, abdução, adução, rotação interna e rotação externa (SILVA; CAMPOS, 2006).

A flexão na articulação do quadril varia de 0° a 125°, é fundamental recordar que


a flexão do quadril com o joelho em extensão a 90°, sendo que a posição ideal para a
avaliação deve ser em decúbito dorsal e decúbito lateral.

O braço fixo do goniômetro deve estar na linha média axiliar do tronco. Já


o braço móvel deve estar localizado na face lateral da coxa, na direção ao côndilo
lateral do fêmur. Quanto ao eixo, este deve estar no trocânter maior do fêmur (SILVA;
CAMPOS, 2006).

O movimento de extensão do quadril na articulação do quadril varia de 0° a 10°,


a posição ideal para a avaliação é de decúbito ventral.

O braço fixo do goniômetro deve estar na linha média axilar do tronco. Já o


braço móvel deve estar situado na face lateral da coxa, na direção do côndilo lateral do
fêmur. Quanto ao eixo, este deve estar no trôcanter maior do fêmur.

O movimento de abdução da articulação do quadril varia de 0° a 45°, a posição


ideal deve ser em decúbito dorsal.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido na linha traçada entre as


espinhas ilíacas ântero superiores ou no mesmo nível. Já o braço móvel deve estar
na face anterior da coxa, ao longo do diáfise do fêmur. Quanto ao eixo, este deve estar
próximo na altura do trôcanter maior do fêmur (SILVA; CAMPOS, 2006).

55
O movimento de adução da articulação do quadril varia de 0° a 30°, sendo que
a posição ideal deve ser em decúbito dorsal.

O braço fixo do goniômetro deve estar inserido na linha traçada entre as espinhas
ilíacas ântero superiores ou no mesmo nível. Já o braço móvel deve estar situado na
face anterior da coxa, ao longo da diáfise do fêmur. Quanto ao eixo, este deve estar
próximo na altura do trocânter maior do fêmur.

O movimento de rotação interna na articulação do quadril varia de 0° a 30°,


a posição ideal deve ser na posição sentado, os joelhos e os quadris devem estar em
flexão a 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar perpendicular à margem anterior da tíbia,


estando o eixo axial sobre a linha articular do joelho. Já o braço móvel deve estar de
forma paralela sobre a linha média anterior da tíbia. Quanto ao eixo, este deve estar na
face anterior da patela.

O movimento de rotação externa da articulação do ombro varia de 0° a 45°,


sendo que a posição ideal deve ser sentado com os joelhos e quadris em flexão a 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar perpendicular à margem anterior da tíbia,


com o eixo axial sobre a linha articular do joelho.

Já o braço móvel deve estar de forma paralela e sobre a linha média anterior da tíbia.

Quanto ao eixo este deve estar na face anterior da patela (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.3.2 Articulação do joelho


Com relação à articulação do joelho, os movimentos avaliados são de deflexão
e extensão.

Os movimentos de flexão e extensão da articulação do joelho varia de 0° a 140°,


sendo que a posição ideal deve ser de decúbito dorsal com a flexão do quadril a 90°.

O braço fixo do goniômetro deve estar situado na face lateral da coxa, em


direção ao trocânter maior do fêmur. Já o braço móvel deve estar situado na face lateral
da fíbula, em direção ao maléolo lateral. Quanto ao eixo, este deve estar sobre a linha
axilar articular do joelho (MARQUES, 2014).

2.3.3 Articulação do tornozelo


Com relação à articulação do tornozelo, os movimentos avaliados são de
dorsiflexão, flexão plantar, inversão e eversão.

56
O movimento de dorsiflexão da articulação do tornozelo varia de 0° a 20°, sendo
que a posição ideal deve ser sentado ou em decúbito dorsal ou ventral, os joelhos em
flexão a 30° e com o pé na posição neutra.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo à face lateral da fíbula. Já o braço
móvel deve estar situado paralelo à face lateral do quinto metatarso. Quanto ao eixo, este
deve estar sobre a articulação do tornozelo com o maléolo lateral (MARQUES, 2014).

O movimento de flexão plantar da articulação do tornozelo varia de 0° a 45°,


sendo que a posição ideal deve ser sentado, ou ainda, em decúbito dorsal ou ventral, os
joelhos em flexão a 30° e o pé na posição neutra.

O braço fixo do goniômetro deve estar paralelo à face lateral da fíbula. Já o


braço móvel deve estar paralelo à face lateral do quinto metatarso. Quanto ao eixo, este
deve estar localizado na articulação do tornozelo próximo ao maléolo lateral.

O movimento de inversão da articulação do tornozelo varia de 0° a 40°, sendo


que a posição ideal deve ser sentado, o pé na posição neutra, deve-se tomar cuidado
para que não seja realizado a rotação do joelho ou do quadril quando for fazer a inversão.

O braço fixo do goniômetro deve estar em alinhamento e paralelo sobre a


margem anterior da tíbia. Já o braço móvel deve estar na superfície dorsal do segundo
metatarso. Quanto ao eixo, este deve estar próximo na altura da articulação tíbio társica.

O movimento de eversão da articulação do tornozelo varia de 0° a 20°, sendo


que a posição ideal deve ser sentado, o pé na posição neutra, deve-se tomar cuidado
para que não seja realizado a rotação do joelho ou do quadril quando for fazer a eversão.

O braço fixo do goniômetro deve estar em alinhamento e paralelo sobre a


margem anterior da tíbia. Já o braço móvel deve estar na superfície dorsal do terceiro
metatarso. Quanto ao eixo, este deve estar próximo no nível da articulação tíbio társica
(MARQUES, 2014).

2.4 MOVIMENTOS DA ARTICULAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral compreende o equivalente a uma articulação com os três


graus de liberdade, possibilitando a realização de movimentos de:

• flexão e extensão;
• inclinação lateral a esquerda;
• inclinação lateral a direita;
• rotação axial.

57
Todas as amplitudes possuem vários movimentos que são considerados
essenciais, mas são deficientes em cada nível da coluna vertebral, sendo fundamentais
quanto à função do número das articulações vertebrais.

Os movimentos de flexão e extensão da coluna são realizados no plano sagital,


sendo que a flexão total da coluna vertebral deve ser de 110°, já a extensão total da
coluna vertebral deve ser de 140°. Todas estas amplitudes variam de acordo com os
indivíduos e com o sexo.

Os movimentos de inclinação lateral devem ser executados no plano frontal,


sendo que a inclinação lateral total da coluna entre o sacro e o crânio deve ser de 80°,
enquanto que o movimento de rotação axial total da coluna vertebral é de 90°.

É fundamental recordar que nem sempre a amplitude de movimento normal da


coluna vertebral quer dizer que a coluna está hígida, uma vez que pode existir algum
tipo de compensação de um segmento, ou ainda, a redução de um outro segmento
vertebral, o que significa que a amplitude do movimento total está com o valor normal,
porém existe um segmento hipermóvel e um outro hipomóvel, o que vai provocar o
surgimento de um quadro álgico.

Isso significa afirmar que a melhor forma do registro da ampitude de movimento


da coluna vertebral deve ser a inspeção a olho nu, dessa forma, já é possível realizar a
avaliação de forma segmentar da amplitude de movimento da coluna vertebral.

Agora, para facilitar o seu conhecimento e o entendimento, apresentaremos três


tabelas que possuem todas as amplitudes de movimento das articulações do membro
superior, inferior e da coluna vertebral (MARQUES, 2014).

QUADRO 1 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO DAS ARTICULAÇÕES DO MEMBRO SUPERIOR

Flexão 0° a 180°
Extensão 0° a 45°
Adução horizontal 0° a 40°
OMBRO
Abdução 0° a 180°
Rotação externa 0° a 90°
Rotação interna 0° a 70°
COTOVELO Flexão 0° a 145°
Pronação 0° a 80°
RADIOULNAR
Supinação 0° a 90°
Flexão 0° a 90°
Extensão 0° a 70°
PUNHO
Desvio ulnar 0° a 45°
Desvio radial 0° a 20°

58
Flexão 0° a 15°
CARPOMETACÁRPICA DO
Extensão 0° a 70°
POLEGAR
Abdução 0° a 70°
Flexão 0° a 90°
Extensão 0° a 30°
METACARPOFALANGIANAS
Abdução 0° a 20°
Adução 0° a 20°
Flexão 0° a 110°
INTERFALANGIANAS
Extensão 0° a 10°

FONTE: Silva e Campos (2006, p. 40)

QUADRO 2 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO DAS ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR

Flexão 0° a 125°
Extensão 0° a 10°
Abdução 0° a 45°
QUADRIL
Abdução 0° a 30°
Rotação externa 0° a 45°
Rotação interna 0° a 30°
JOELHO Flexão 0° a 140°
Flexão plantar 0° a 40°
Dorsiflexão 0° a 20°
TORNOZELO
Eversão 0° a 20°
Inversão 0° a 40°
Flexão - 1° dedo 0° a 45°
Flexão - 2° ao 5° dedo 0° a 40°
METATARSOFALANGIANAS
Extensão - 1° dedo 0° a 90°
Extensão - 2° ao 5° dedo 0° a 45°
Flexão 0° a 15°
INTERFALANGIANAS Extensão 0° a 70°
Abdução 0° a 70°
Flexão 0° a 45°
Extensão 0° a 40°
METACARPOFALANGIANAS
Abdução 0° a 90°
Adução 0° a 45°
Flexão (I)- 1° dedo 0° a 90°
INTERFALANGIANAS (IP) - 2° ao 5° dedo 0° a 35°
(ID) - 2° ao 5° dedo 0° a 60°

FONTE: Silva e Campos (2006, p. 40)

59
QUADRO 3 – AMPLITUDE DE MOVIMENTO DAS ARTICULAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

MOVIMENTO COLUNA CERVICAL COLUNA TORÁCICA COLUNA LOMBAR


Flexão 0° a 40° 0° a 45° 0° a 60°
Extensão 0° a 75° 0° a 25° 0° a 35°
Inclinação lateral 0° a 40° 0° a 20° 0° a 20°
Rotação 0° a 50° 0° a 35° 0° a 05°

FONTE: Silva e Campos (2006, p. 40)

60
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu:

• A utilização da goniometria é fundamental para a avaliação da amplitude de


movimento de todas as articulações do membro superior (ombro, cotovelo, rádio
ulnar e punho), membro inferior (quadril, joelho, tornozelo) e coluna vertebral.

• A articulação do ombro possui os movimentos de flexão, extensão, abdução, adução


horizontal, rotação interna e rotação externa.

• A articulação do cotovelo apresenta os movimentos de flexão e de extensão.

• A articulação rádio ulnar possui os movimentos de pronação e supinação.

• A articulação do punho tem os movimentos de flexão, extensão, desvio radial e


desvio ulnar.

• A articulação do quadril possui movimentos de flexão, extensão, abdução, adução,


rotação interna e rotação externa.

• A articulação do joelho apresenta os movimentos de flexão e extensão.

• A articulação do tornozelo possui os movimentos de dorsiflexão, flexão plantar,


inversão e eversão.

• Os movimentos da articulação da coluna vertebral são o de flexão e extensão,


inclinação lateral a esquerda, inclinação lateral a direita e rotação axial.

61
AUTOATIVIDADE
1 Marcelo é um estudante de fisioterapia e, durante a sua aula de cinesioterapia dessa
semana, estudou a utilização do goniômetro. Esse importante aparelho é formado por um
círculo completo de 0° a 360°, a maioria dos equipamentos são de plásticos ou de metal.
Assinale a alternativa CORRETA que apresenta a variação em graus do movimento de
flexão na articulação do ombro:

a) ( ) 0° a 120°.
b) ( ) 0° a 150°.
c) ( ) 0° a 140°.
d) ( ) 0° a 180°.

2 A articulação do cotovelo apresenta os movimentos de flexão e extensão. Assinale


a alternativa CORRETA que possui a variação em graus do movimento de flexão e
extensão na articulação do cotovelo:

a) ( ) 0° a 145°.
b) ( ) 0° a 115°.
c) ( ) 0° a 135°.
d) ( ) 0° a 125°.

3 A articulação do tornozelo apresenta os movimentos de dorsiflexão, flexão plantar,


inversão e eversão. Assinale a alternativa CORRETA que possui a variação em graus
dos movimento de dorsiflexão da articulação do tornozelo:

a) ( ) 0° a 20°.
b) ( ) 0° a 10°.
c) ( ) 0° a 35°.
d) ( ) 0° a 25°.

62
UNIDADE 1 TÓPICO 6 -
MOBILIZAÇÃO ARTICULAR

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos, em detalhes, o que é a mobilização articular. Você
observará, por meio de todos os conteúdos estudados, como estas informações serão
primordiais para a sua formação.

A mobilização articular também é chamada de manipulação. Essa importante


técnica está relacionada às manobras de terapia manual utilizadas para o tratamento
das mais diversas patologias.

Vamos lá?

2 INTRODUÇÃO À MOBILIZAÇÃO ARTICULAR


O objetivo da mobilização articular é realizar a modulação da dor, além de
tratar as disfunções articulares que acabam acarretando na limitação da amplitude do
movimento (KISNER; COLBY, 2009).

FIGURA 31 – MOBILIZAÇÃO ARTICULAR

FONTE: <https://bit.ly/3d6kbLZ>. Acesso em: 23 abr. 2020.

2.1 MOBILIZAÇÃO E MANIPULAÇÃO DOS TECIDOS MOLES


As técnicas de mobilização e manipulação dos tecidos moles são indicadas para
a melhoria da extensibilidade muscular, estando diretamente envolvidas com a aplicação
de forças manuais específicas e progressivas. As técnicas utilizadas podem ser:

63
• massagem transversa;
• liberação miofascial;
• acupressão;
• terapia através de pontos gatilho;
• entre outras técnicas muito importantes.

Massagem Transversa Profunda

• É uma técnica de massagem que tem por justificativa mobilizar a pele e o tecido
subcutâneo sobre o músculo ou outras estruturas profundas.

• Aplica-se nas sequelas de lesões das partes moles do aparelho locomotor,


principalmente em síndromes álgicas pós-traumáticos em que tenham sido afetados
as áreas musculo-tendinosas, cápsulo-ligamentosas e as bainhas sinoviais.

Acupressão

Pode-se se dizer que é uma forma não invasiva de acupuntura, geralmente é


realizada através de massagens ou inserção de sementes de mostarda nos acupontos.

Todas essas técnicas são indicadas para a melhoria da mobilidade dos tecidos,
por meio da utilização da mobilização e manipulação dos tecidos conjuntivos, que vão
se ligar aos tecidos moles (KISNER; COLBY, 2009).

NOTA
A mecânica articular é modificada devido à dor, sendo considerada
um mecanismo de defesa muscular, derrame articular, contraturas ou
aderências nas cápsulas articulares ou ligamentos de suporte, ou ainda,
o desalinhamento das superfícies ósseas.

As técnicas de alongamento em união com a mobilização articular são diferentes


das outras formas de alongamento passivo ou autoalongamento, visto que utilizam
as restrições do tecido capsular, simulando a mecânica articular normal e, ao mesmo
tempo, reduzir as sobrecargas compressivas anormais na cartilagem articular.

64
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico, você aprendeu:

• Para a utilização da cinesioterapia é fundamental um conhecimento profundo da


mobilização e da manipulação dos tecidos moles.

• O objetivo da mobilização articular é executar a modulação da dor para poder tratar


as disfunções articulares que limitam a amplitude do movimento.

• As técnicas de mobilização e manipulação dos tecidos moles, vão promover a melhora


da extensibilidade muscular estando diretamente relacionado à aplicação das forças
manuais específicas e progressivas.

65
AUTOATIVIDADE
1 A mobilização articular também é conhecida como manipulação, estando relacionada
às técnicas de terapia manual. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o
objetivo da mobilização articular:

a) ( ) Modulação da dor, além de tratar as disfunções articulares que acabam


provocando a limitação da amplitude do movimento.
b) ( ) Modulação da dor, além de tratar as disfunções musculares que acabam
impedindo a limitação da amplitude do movimento.
c) ( ) Modulação da dor, além de negligenciar as disfunções articulares que acabam
provocando a limitação da amplitude do movimento.
d) ( ) Modulação da dor, além de tratar as disfunções articulares que acabam
provocando o desenvolvimento da amplitude do movimento.
e) ( ) Desmodulação da dor, além de tratar as disfunções articulares que acabam
provocando a limitação da amplitude do movimento.

2 As técnicas de mobilização e manipulação são utilizadas para o tratamento das


diversas patologias. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta para que as
técnicas de mobilização e manipulação dos tecidos moles são indicadas:

a) ( ) Aumento da força muscular.


b) ( ) Melhoria da velocidade.
c) ( ) Diminuição da força muscular.
d) ( ) Melhoria da extensibilidade muscular.

3 As técnicas de mobilização articular são indicadas para a melhoria da mobilidade dos


tecidos moles. Asssinale a alternativa CORRETA que apresenta o que as técnicas de
alongamento em união com a mobilização articular vão simular:

a) ( ) Mecânica articular normal e, ao mesmo tempo, reduzir as sobrecargas compressivas


anormais na cartilagem articular.
b) ( ) Mecânica articular patológica e, ao mesmo tempo, reduzir as sobrecargas compressivas
anormais na cartilagem articular.
c) ( ) Mecânica articular normal e, ao mesmo tempo, aumentar as sobrecargas
compressivas anormais na cartilagem articular.
d) ( ) Mecânica articular normal e, ao mesmo tempo, reduzir as sobrecargas
compressivas normais na cartilagem articular.

66
UNIDADE 1 TÓPICO 7 -
DOR
1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, sobre a dor, você estudará, em detalhes, os receptores da dor,


classificação da dor (aguda e crônica), tipo de dor (referida e irradiada), tratamento da dor,
avaliação da dor, escalas da dor, tratamento da dor (aguda e crônica) e as observações
para o paciente.

A dor é uma sensação psicossomática que está relacionada a vários fatores,


entre eles, culturais, históricos, ambientais e sociais.

Através da dor, pode ser observada a presença de limitações funcionais e


incapacidades, considerado um mecanismo de proteção do corpo humano, sempre
presente quando um tecido sofreu uma lesão, obrigando que o indivíduo tenha uma
reação na tentativa de retirar o estímulo que está provocando a dor (TORTORA, 2011).

FIGURA 32 – DOR

FONTE: <https://bit.ly/3Srj0Xs>. Acesso em: 23 abr. 2020.

67
2 RECEPTORES DA DOR
Existem receptores de dor tanto na pele como em outros tecidos, formando as
terminações nervosas livres. Sua distribuição ocorre de forma difusa nas camadas mais
superficiais da pele, tecidos internos, como:

• periósteo;
• paredes das artérias;
• superfícies articulares;
• foice da abóboda craniana.

Já os outros tecidos existentes não são supridos por uma grande quantidade de
terminações nervosas da dor (SILVA; CAMPOS, 2006). Existem vários tipos de estímulos
que podem provocar a dor, entre eles:

• mecânicos;
• térmicos;
• químicos.

Diferentemente dos outros tipos de receptores sensoriais, os receptores da dor


não se adaptam facilmente, essa resposta é muito importante, uma vez que a falta de
adaptação vai garantir que o indivíduo continue com as informações referentes aos
estímulos que estão envolvidos nesta lesão (TORTORA, 2011).

3 CLASSIFICAÇÃO DA DOR
A dor é classificada de acordo com o período de duração, sendo que em um dos
tipos, ela aparece posterior a 0,1 segundo do estímulo doloroso, enquanto que no outro
tipo a dor só está presente após 1 segundo ou mais, durante minutos, horas ou até dias
(GUYTON, 2017). Os dois tipos existentes de dor são: aguda e crônica.

FIGURA 33 – CLASSIFICAÇÃO DA DOR

Aguda Crônica
FONTE: O autor

3.1 DOR AGUDA


A dor aguda também é conhecida como dor rápida, é decorrente de lesões
teciduais que podem ser microtraumáticas ou macrotraumáticas.

68
O microtrauma está relacionado a um problema musculoesquelético que pode
ser de longa duração ou, ainda, recidivante. Os exemplos são a lesão em função do
excesso de utilização, mais conhecido como overuse, nesse caso, a capacidade de
repetição excede à capacidade de reparação; e a modelagem do tecido, em função de
todas as cargas impostas.

Já o macrotrauma é uma lesão que é descoberta facilmente, e que está


relacionada a um trauma inesperado direto ou indireto (SILVA; CAMPOS, 2006).

3.2 DOR CRÔNICA


A dor crônica ou dor lenta, é aquela que continua mesmo após a retirada do
estímulo nocivo, posteriormente a cicatrização de uma lesão aguda, não tendo uma causa
conhecida. Os indivíduos que estão com uma dor crônica, normalmente apresentam:

• distúrbios do sono;
• sintomas que podem levar à depressão;
• alterações no apetite;
• alterações quanto à socialização;
• redução de todas as atividades.

As teorias relacionadas à fonte da dor crônica, indicam a existência de uma maior


sensibilização dos nociceptores e as alterações ao nível medular (SILVA; CAMPOS, 2006).

4 TIPOS DE DORES
Há dois tipos de dores: a dor referida e a dor irradiada. É fundamental que o tipo
de dor seja sempre descoberto, para que se possa escolher qual o melhor tratamento a
ser utilizado (SILVA; CAMPOS, 2006).

4.1 DOR REFERIDA


Este tipo de dor é observado em um local longe da área de lesão ou da doença,
ou seja, longe do local que está causando a dor. A dor originada nos tecidos viscerais
profundos pode ser referida para uma região cutânea que tenha a mesma inervação
segmentar. Essas referências são em função do influxo aferente dos receptores
viscerais, que realizam a sinapse no corno dorsal em conjunto aos sinais que atingem o
corno dorsal, ocasionando a sensação de dor, possuindo a origem na pele.

Um exemplo, nesse caso, é a dor cardíaca que, muitas vezes, é sentida no


ombro em função da origem segmentar ser comum, por exemplo, T11 a L2. A avaliação
dos diferentes tipos de dor referida são fundamentais para o diagnóstico clínico. Em boa
parte das doenças viscerais, o único sinal clínico é a dor referida (GUYTON, 2017).

69
4.2 DOR IRRADIADA
Na dor irradiada existe um envolvimento do nervo ou da raiz nervosa espinhal,
localizada no trajeto neural em conjunto com as terminações nervosas:

• dermátomo;
• miótomo;
• esclerótomo.

Um exemplo desse tipo de dor é a que está relacionada aos pacientes que têm
hérnia discal. O disco intervertebral, nesse caso, é deslocado, comprimindo todas as
estruturas nervosas vizinhas, provocando um quadro de dor em função do nível medular
(SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 34 – HÉRNIA DISCAL

FONTE: <https://bit.ly/3w1f4DB>. Acesso em: 23 abr. 2020.

5 TRATAMENTO DA DOR
Existem vários tipos de fibras nervosas que estão envolvidos com diversos tipos
de estímulos sensitivos para o corno posterior da medula.

Os estímulos sensitivos dolorosos são transmitidos por meio das fibras C finas
não mielinizadas, possuindo uma condução lenta, e também pelas fibras A delta finas
mielinizadas. Já os estímulos sensitivos não dolorosos, como o tato e a propriocepção,
são propagados por meio das fibras rápidas (A – alfa e A – beta) compactas e mielinizadas.

Na altura do corno posterior da medula, as fibras sensitivas fazem sinapse com


as células T, responsáveis para a transmissão dos estímulos dolorosos para o cérebro. As
células da substância gelatinosa do corno posterior são capazes de modular, promovendo
a estimulação ou inibição das células T, atuando como uma comporta de dor.

70
Portanto, perante um estímulo doloroso, as fibras abrem as comportas por meio
da inibição da modulação realizada pelas células da substância gelatinosa, possibilitando
que o impulso atinja as células T e, posteriormente, o cérebro.

Se o desequilíbrio dos impulsos for originado devido à elevação da atividade das


fibras grossas, elas propagam o estímulo de forma mais rápida, conseguindo fechar as
comportas em função da estimulação da substância gelatinosa, como resultado, existe
a inibição da transmissão do estímulo nociceptivo das células T e, seguidamente, ao
cérebro. Portanto, a percepção da dor está relacionada à combinação da atividade das
fibras grossas e finas (SILVA; CAMPOS, 2006).

6 AVALIAÇÃO DA DOR
Existem vários dispositivos que auxiliam o terapeuta na determinação e na
monitorização da dor que o paciente se encontra, entre elas, a escala analógica visual
(EAV) e a escala verbal (EV), estabelecendo a sua intensidade (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 35 – ESCALA VERBAL

Sem dor Leve Moderada Severa Muito severa Pior dor


possível
FONTE: <https://bit.ly/3zVvbVp>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Os profissionais podem utilizar exames, tendo como objetivo a determinação


da fonte de dor, essa análise auxilia o programa referente ao tratamento. As estruturas
que fazem parte do sistema musculoesquelético apresentam distintos níveis quanto à
sensibilidade a dor.

O periósteo é considerado uma estrutura muito sensível, entretanto, a cápsula


articular, ligamentos, tendões e os músculos não são considerados tão sensíveis.
É necessário que o profissional realize um exame para avaliar tanto a fonte como as
características da dor (SILVA; CAMPOS, 2006).

71
7 ESCALAS DA DOR
A escala analógica visual e a escala verbal empregam a intensidade para
estabelecer a dor, variando de zero a dez, em que zero corresponde à ausência de dor e
dez significa dor máxima.

IMPORTANTE
A escala verbal é considerada o método mais simples e compreende
a quantificação da dor pelo paciente, devendo ser inserido no
prontuário e questionado em todas as sessões, para avaliar qual está
sendo a resposta decorrente do tratamento.

Essa escala possui vantagens e desvantagens; quanto à vantagem o que pode


ser observado é o entendimento muito fácil quanto a sua utilização, visto que o paciente
não está com uma série de avaliações para serem respondidas. Já a desvantagem está
relacionada à pequena quantidade de informação que acaba sendo registrada, visto que
vários aspectos acabam não sendo avaliados, por exemplo, os aspectos emocionais,
impacto da dor sobre a vida pessoal e profissional do paciente.

A escala analógica visual é muito empregada por meio de palavras e números


que são inseridos, fazendo a divisão do contínuo, sendo mais provável que o paciente
consiga lembrar as suas respostas anteriores, como desvantagem pode ser observado
que ela é encontrada na escala verbal.

Esta escala apresenta uma maior confiança, é importante frisar que as escalas
devem ser utilizadas em conjunto a outras formas de avaliação, por exemplo, a
localização da dor por meio de um diagrama corporal e as descrições subjetivas quanto
a sua qualidade (SILVA; CAMPOS, 2006).

8 TRATAMENTO DA DOR: AGUDA E CRÔNICA


Quanto ao tratamento da dor, existem pontos divergentes e pontos em comum,
todo tratamento deve ser ajustado de acordo com cada paciente, deve ser adequado à
dor do paciente (KISNER; COLBY, 2009).

8.1 TRATAMENTO DA DOR AGUDA


A dor aguda está presente nos pacientes que passaram por uma lesão recente
ou foram submetidos por um processo cirúrgico. Nesse caso, geralmente, o paciente está
fazendo o uso de fármacos analgésicos ao longo de um período posterior à lesão ou à cirurgia.

72
Normalmente, nesses casos, a dor diminui consideravelmente ao longo dos
dias, podendo existir uma dor residual durante semanas após a lesão ou a cirurgia, o
que é esperado que uma grande parte seja diminuída e que permaneça apenas um
pequeno desconforto.

Esse tipo de dor aguda pode ser tratado por meio da combinação dos fármacos.
Aliado aos exercícios leves, além da crioterapia, o gelo é mais indicado do que o calor.
É importante que, nesse momento, o exercício atue na prevenção de qualquer tipo de
lesão nas articulações que estão próximas devido à possibilidade de uma compensação
própria de uma postura antálgica (KISNER; COLBY, 2009).

8.2 TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA


O exercício terapêutico é considerado o principal componente do tratamento, o
principal objetivo, nesse caso, é o retorno das suas funções ao mesmo tempo que a dor está
controlada. Para elaborar o plano de tratamento, deve ser levado em consideração o estado
físico atual do paciente, como todos os problemas secundários que precisam ser prevenidos.

Todo o programa dos exercícios terapêuticos deve ter o foco na causa da dor,
bem como os problemas preventivos secundários que são observados durante toda a
reabilitação (KISNER; COLBY, 2009).

9 OBSERVAÇÕES PARA O PACIENTE


O exercício terapêutico para o tratamento da dor crônica possibilita vários
benefícios, entre eles:

• desenvolvimento da flexibilidade, mobilidade e força muscular, fatores que auxiliam


para a melhora da dor;
• inibição da condução dos impulsos de álgicos;
• melhoria quanto à qualidade do sono;
• administração quanto ao ganho de peso, decorrente da inatividade física, levando,
muitas vezes, a resultados tanto físicos como psicológicos negativos;
• prevenção quanto a alterações cardiovasculares secundárias como o aumento da
pressão arterial, concentrações aumentadas do colesterol e diabetes.
• melhoria quanto à sensação do bem-estar, além da autoestima (KISNER; COLBY, 2009).

73
LEITURA
COMPLEMENTAR
APLICAÇÃO DA CINESIOTERAPIA LABORAL E AVALIAÇÃO DOS SEUS EFEITOS EM
TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE INFORMÁTICA

Camila Amaro Corrêa

Introdução

A relação entre o trabalho e doença pode ser vista em duas direções, tais como:
“o local de trabalho”, que dependendo da maneira que está distribuído e organizado
pode favorecer a doença endêmica e, por outro lado, o próprio “processo de trabalho”,
no qual a doença, quando já instalada, prejudica o desempenho das funções. Essas
duas vias significam que independente da direção, o trabalho pode levar a doença e
consequentemente a doença pode prejudicar o trabalho.

Os profissionais que atuam na saúde ocupacional, junto aos trabalhadores


e suas organizações, estão engajados na mudança progressiva da organização do
trabalho e de suas condições. Isso resgata o verdadeiro sentido do trabalho, aquele em
que não há sofrimento, mas sim gratificação e qualidade do serviço para o trabalhador.

Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são os


principais responsáveis por ocasionar incapacidade laboral temporária ou permanente.
Elas são causadas pela sobrecarga do sistema musculoesquelético somado a falta de
tempo de recuperação.

Esses distúrbios são de etiologia complexa e abrangem vários fatores físicos,


organizacionais, psicossociais e sociológicos. Uma das causas são as posturas estáticas
que têm mais evidência de dor e desconforto, acometendo, sobretudo membros
superiores, região escapular, pescoço e coluna vertebral (principalmente região lombar).

Na sociedade atual, os DORT têm apresentado aumento crescente nos


segmentos do âmbito laboral, justamente pela cobrança que os trabalhadores recebem,
ocasionadas pela pressão psicológica e desgaste físico. Dessa forma, o trabalhador se vê
envolvido em um processo complexo e dinâmico que engloba as condições somáticas,
os processos cognitivos e emocionais e as questões sociais que se caracterizam como
cargas de trabalho.

As cargas de trabalho são elementos constitutivos do processo de trabalho


que interatuam dinamicamente entre si e com o corpo do trabalhador que se traduz

74
em desgaste, perda da capacidade potencial e/ou efetiva do corpo e da mente do
trabalhador em adaptar-se às condições adversas encontradas no ambiente de trabalho.
A manifestação da doença pode ser mais tardia, caso as cargas de trabalho persistam
no processo de desgaste e se a reposição da capacidade biológica e funcional do corpo
do trabalhador não se refaça suficientemente no seu período de folga.

As cargas de trabalho se subdividem em: cargas físicas, químicas, biológicas,


mecânicas, fisiológicas e psíquicas. As fisiológicas e psíquicas possuem materialidade
interna ao corpo do trabalhador, enquanto as demais possuem materialidade externa.
Essas cargas são utilizadas para designar os riscos ocupacionais aos quais os
trabalhadores estão expostos, dependendo da atividade motora material emocional que
é exigida no ambiente de trabalho. Se não forem identificas, prevenidas e/ou enfrentadas
precocemente, as cargas podem levar a alterações na saúde dos trabalhadores, no
relacionamento da equipe de trabalho e na produtividade. Portanto, o trabalhador acaba
tendo um adoecimento físico e mental.

A busca por estratégias que visam à diminuição ou atenuação dessas queixas


de presenças das cargas implica na prática de exercícios físicos, que dentro das
empresas caracterizam-se como sendo a prática de cinesioterapia laboral (CL). Ela é
considerada uma atividade que engloba como característica a melhora das condições
físicas do indivíduo. É realizada no ambiente de trabalho, em que o sujeito desempenha
suas funções profissionais sendo composta por exercícios de fácil execução.

Para a realização de um exercício terapêutico como a cinesioterapia laboral,


incluem-se a prevenção da disfunção, assim como o desenvolvimento, a melhora,
a restauração e/ou manutenção da funcionalidade de órgãos e sistemas de forma
segmentar ou geral.

Os exercícios realizados nas sessões de cinesioterapia laboral, durante o


expediente de trabalho, agem de forma terapêutica para relaxar os músculos que
trabalham em excesso, permitindo a quebra da rotina e prevenindo prováveis acidentes
de trabalho. Quando aplicados por um profissional habilitado podem trazer grandes
benefícios à empresa como: redução dos índices de acidentes e de doenças relacionadas
ao trabalho; melhora do relacionamento interpessoal e intrapessoal, redução dos níveis
de estresse reduzindo os índices de absenteísmo.

Uma das principais queixas de trabalhadores que fazem uso da postura sentada
em frente ao computador, é a queixa álgica que pode se manifestar principalmente em
membros superiores a coluna cervical. Essa dor é uma percepção sensorial, emocional,
aversiva, desagradável, oposta ao prazer. Pode ser considerada um sintoma, uma
manifestação de doença ou ser associada à lesão tecidual.

Com a intensidade aumentada, a sensação de dor pode variar desde uma


leve irritação, até uma dor insuportável. Dessa forma, a capacidade de trabalho e as
atividades da vida diária são prejudicadas.

75
A partir disso, o presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos da
aplicação de um programa de cinesioterapia laboral em trabalhadores durante a sua
jornada de trabalho.

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem quantitativa,


realizado em uma empresa do ramo de informática, na cidade de Santa Maria – RS.

Após a autorização do representante da empresa e aprovação do Comitê de


Ética da Instituição, as coletas foram realizadas nos meses de abril e maio de 2015.

A população do estudo foi composta pelos trabalhadores da empresa (n=19). A


pesquisa entrou em contato com todos eles, convidando-os para participar de forma
voluntária, esclarecendo os objetivos da pesquisa. Os voluntários que aceitaram
participar da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em
duas vias, através do qual declararam seu aceite para participar do projeto. A amostra foi
composta por 16 trabalhadores, que se enquadravam nos critérios de inclusão: ambos os
sexos maiores de 18 anos, com vínculo empregatício na empresa com tempo maior ou
igual há três meses na atividade. Foram excluídos do estudo os trabalhadores que não
cumprissem com 75% de frequência no programa de cinesioterapia laboral e aqueles que
não estivessem presentes na empresa na data combinada para o início das avaliações.

Após o aceite, foram combinados as datas e os horários de avaliação do início


das sessões, para que não houvesse prejuízo e incômodo para a empresa e para os
trabalhadores. As sessões de cinesioterapia laboral foram realizadas durante a jornada
de trabalho no turno da tarde, totalizado 20 encontros, três vezes na semana e cada
sessão teve duração de 15 minutos.

Para o início das avaliações, aplicou-se uma ficha de avaliação (FA) construída
especificamente para o estudo, com base em Mendes e Lemos contendo dados
sociodemográficos, clínicos, ocupacionais e sobre a percepção das condições do
ambiente de trabalho de cada participante. Após foi aplicado o Diagrama de Corlett
(DC) para a localização da dor e escala visual analógica de dor (EVA) de Wewers e
Lowe para quantificar a intensidade. Esses três instrumentos foram aplicados durante
a jornada de trabalho. E no dia subsequente a 20ª sessão de cinesioterapia laboral,
foram reaplicados o DC e a EVA, para comparação dos dados.

A amostra (n=16) foi dividida em dois grupos de oito componentes, devido à


impossibilidade de esses realizarem o programa de CL ao mesmo tempo. Todos os
trabalhadores realizaram 80% do protocolo de cinesioterapia laboral. O programa das
sessões foi preestabelecido pela pesquisadora e teve como protocolo técnicas de
alongamento, fortalecimento e relaxamento muscular global, além das orientações
posturais baseadas nos preceitos de Dantas e Kisner. Os exercícios utilizados direcionados
aos grupos musculares mais sobrecarregados durante a jornada de trabalho.

76
As condições de realização dos exercícios foram: com a própria roupa de
trabalho ou com alguma outra roupa mais confortável; os alongamentos envolvendo os
membros superiores, membros inferiores e tronco, foram realizados na postura em pé
e sentada, mantidos por 20 segundos; exercícios de fortalecimento foram direcionados
aos membros superiores, executados em pé, com séries de 5 repetições para grupo
muscular. Utilizou-se os seguintes materiais: garradas pet 500 ml com areia em seu
interior e borrachas de garrote para dar resistência. Todos os exercícios foram realizados
com associação da respiração diafragmática.

Os dados coletados foram armazenados e sistematizados em um banco de


dados na planilha Excel, programa Microsoft Office Professional Plus 2010. Após foram
analisados pelo teste de Shapiro-Wilk e foram apresentados em média e desvio padrão
(DP). A análise comparativa entre pré e pós foi realizada pelo teste t pareado. Foi utilizado
para análise estatística o programa BioEstat 5.0. Um valor de p ≤ 0.05 foi aceito para
significância estatística”.

FONTE: CORRÊA, C. A. Aplicação da cinesioterapia laboral e avaliação dos seus efeitos


em trabalhadores de uma empresa de informática. 2015. Monografia (Especialização em
Reabilitação Físico-Motora) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. Disponível em:
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/18857/TCCE_RFM_2015_CORREA_CAMILA.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 4 maio 2020.

77
RESUMO DO TÓPICO 7
Neste tópico, você aprendeu:

• Para conhecer de forma aprofundada a dor é necessário saber quais seus receptores,
como pode ser classificada, quais são os tipos de dores e como ela pode ser tratada
e avaliada.

• A dor é uma sensação psicossomática relacionada com os fatores culturais, históricos,


ambientais e sociais.

• Os receptores da dor estão localizados na pele e em outros tecidos formando


as terminações nervosas livres, distribuídos de forma difusa nas camadas mais
superficiais da pele e tecidos internos.

• A dor é classificada de acordo com o período de duração em aguda e crônica.

• Existem dois tipos de dores a dor referida e a dor irradiada.

• A dor pode ser avaliada através de vários dispositivos como a escala analógica visual
e a escala verbal.

78
AUTOATIVIDADE
1 Maria é uma senhora de 65 anos e está com uma dor crônica a mais de um ano, a
dor é classificada em dois tipos: aguda e crônica. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o que significa a dor crônica:

a) ( ) É a dor que continua mesmo após a retirada do estímulo nocivo.


b) ( ) É a dor que permanece posterior ao estímulo proprioceptivo.
c) ( ) Decorrente de lesões teciduais que podem ser microtraumáticas.
d) ( ) É a dor que é interrompida após um estímulo nocivo.

2 Valdir é um fisioterapeuta que terminou a sua especialização em dor, há um


mês. Existem vários dispositivos que auxiliam o terapeuta na determinação e na
monitorização da dor que o paciente apresenta. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta a variação da escala analógica visual:

a) ( ) 0 a 5.
b) ( ) 0 a 100.
c) ( ) 0 a 10.
d) ( ) 0 a 20.

3 Existem dois tipos de dores, a dor referida e a dor irradiada. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta o que é a dor irradiada:

a) ( ) Envolvimento do músculo ou da raiz nervosa espinhal.


b) ( ) Envolvimento do nervo ou da raiz nervosa espinhal.
c) ( ) Envolvimento da articulação ou da raiz nervosa espinhal.
d) ( ) Envolvimento do osso ou da raiz nervosa espinhal.

79
ANOTAÇÕES

80
UNIDADE 2 —

CADEIA CINÉTICA E LESÕES


NOS TECIDOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• estudar, em detalhes, a cadeia cinética nos membros inferiores;

• estudar, em detalhes, a cadeia cinética nos membros superiores;

• identificar as técnicas de treinamento resistido;

• avaliar as lesões do tecido muscular;

• estudar as lesões do tecido tendinoso;

• avaliar as lesões do tecido nervoso;

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR


TÓPICO 2 – CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR
TÓPICO 3 – TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO
TÓPICO 4 – LESÕES DO TECIDO MUSCULAR
TÓPICO 5 – LESÕES DO TECIDO TENDINOSO
TÓPICO 6 – LESÕES DO TECIDO NERVOSO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

81
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

82
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO INFERIOR

1 INTRODUÇÃO
Os termos “cadeia cinética aberta” e “cadeia cinética fechada” vêm sendo muito
usados nos últimos 15 anos pela comunidade da reabilitação. Neste período, muitas
pesquisas têm sido realizadas sobre o tema, a maioria envolvendo os exercícios para
membros inferiores na reabilitação do ligamento cruzado anterior (LCA).

Neste tópico, estudaremos, em detalhes, a cadeia cinética no membro


inferior através do estudo da importância da cadeia cinética; ações musculares na
cadeia cinética; particularidades dos exercícios em cadeia cinética fechada e em
cadeia cinética aberta; utilização dos exercícios em cadeia cinética; cocontração dos
músculos; recuperação do controle neuromuscular; confrontos da biomecânica nas
atividades em cadeia cinética (articulação do pé e tornozelo, articulação do joelho e
articulação femoropatelar); e tratamento das lesões através dos exercícios em cadeia
cinética fechada (bicicleta ergométrica, leg press, miniagachamento e deslizamento,
step lateral, pranchas de equilíbrio e minicama elástica e simulador de escadas).

Bons estudos!

2 IMPORTÂNCIA DA CADEIA CINÉTICA


Existem dois tipos de exercícios em cadeia cinética. São eles: exercícios em
cadeia cinética fechada e exercícios em cadeia cinética aberta.

FIGURA 1 – EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA

FONTE: O autor

O exercício em cadeia cinética fechada não está só relacionado às atividades de


sustentação do peso corporal, entretanto, todos os exercícios existentes de sustentação
do peso corporal estão envolvidos com as funções relacionadas à cadeia cinética
fechada (KISNER; COLBY, 2009).

83
2.1 AÇÕES MUSCULARES EM CADEIA CINÉTICA
A atividade muscular que existe durante todas as condutas em cadeia cinética
aberta, geralmente, são contrárias no decorrer das atividades realizadas em cadeia
cinética fechada. Ao longo do exercício em cadeia cinética aberta, a origem é sempre
fixa, enquanto a contração muscular executa um movimento na sua inserção (VOIGHT
et al., 2014). Entretanto, o movimento em cadeia cinética fechada, a inserção é fixa,
sendo que o músculo atua movendo a origem.

Essa discordância é fundamental com relação ao aspecto biomecânico, devendo


avaliar também o aspecto fisiológico do músculo ao se alongar, encurtar ou manter o
mesmo comprimento, para que não ocorra uma grande diferença em relação à origem ou
inserção quando um determinado músculo está em movimento (KISNER; COLBY, 2009).

O conceito de deslocamento simultâneo é empregado nos músculos biartic-


ulares que apresentam atividades musculares diversas, dentro da cadeia cinética, ao
longo de todas as atividades de sustentação do peso corporal.

Para ficar mais clara a questão com relação à cadeia cinética fechada, imagine
um movimento de extensão do quadril e do joelho ocorrendo simultaneamente, quando
um determinado indivíduo se levanta da posição sentada (VOIGHT et al., 2014). Para a
composição do movimento, o músculo reto femoral é encurtado, envolvendo todo o
joelho e o quadril, ao se alongar. Enquanto que os músculos isquiotibias, são encurtados
na região do quadril e alongados de maneira simultânea ao redor do joelho (KISNER;
COLBY, 2009).

Tanto as contrações concêntricas e as excêntricas, em decorrência das


extremidades contrárias dos músculos, produzem um deslocamento simultâneo, esse
tipo de contração acontece durante a realização das atividades funcionais como:
caminhadas; subir escadas; pular (VOIGHT et al., 2014).

2.2 PARTICULARIDADES DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA


CINÉTICA FECHADA
As principais particularidades ou características especificadas, a seguir, estão
envolvidas durante todas as atividades em que ocorre uma descarga do peso corporal.
As principais particularidades dos exercícios na cadeia cinética fechada são:

• elevação da congruência articular e da estabilidade;


• elevação das forças articulares compressivas;
• elevação das forças de resistência;
• estabilidade dinâmica reforçada;
• estimulação dos proprioceptores;

84
• redução da força de cisalhamento;
• redução das forças de aceleração (KISNER; COLBY, 2009).

2.3 PARTICULARIDADES DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA


CINÉTICA ABERTA
Para Voight et al. (2014), as principais particularidades dos exercícios em cadeia
cinética aberta são:

• elevação da deformação dos mecanorreceptores articulares;


• elevação da deformação dos mecanorreceptores musculares;
• elevação das forças de aceleração;
• elevação das forças de rotação;
• elevação das forças de tração;
• forças de aceleração concêntrica;
• forças de desaceleração excêntrica;
• promoção da atividade funcional;
• redução das forças de resistência.

Todos esses pontos estão relacionados às atividades realizadas sem a descarga


do peso corporal.

2.4 UTILIZAÇÃO DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA


Existem várias vantagens e desvantagens com relação aos exercícios em cadeia
cinética aberta e fechada, durante todo o programa de reabilitação. A opção deve estar
sempre voltada ao propósito buscado durante o tratamento (KISNER; COLBY, 2009).

Por meio de um aspecto biomecânico, podem ser avaliados todos os exercícios


executados na cadeia cinética fechada, sendo considerados como os mais estáveis,
ocasionando menos tensões e forças, levando menos ameaças aos sistemas que estão
envolvidos, durante todo o processo de recuperação, do que aos exercícios que são
executados através da cadeia cinética aberta (VOIGHT et al., 2014).

2.5 COCONTRAÇÃO DOS MÚSCULOS


A cocontração ou a coativação dos músculos agonistas e antagonistas deve
ocorrer ao longo de todos os movimentos que são considerados como normais, levando
a uma estabilização articular. A execução da cocontração, ao longo dos exercícios em
cadeia cinética fechada, diminui as forças de cisalhamento, atuando na articulação,

85
protegendo todos os sistemas que estão fazendo parte do processo de cicatrização dos
tecidos moles que poderiam estar alterados ao longo da execução dos exercícios em
cadeia cinética aberta (VOIGHT et al., 2014).

IMPORTANTE
O cisalhamento é um evento em que existe uma modificação em uma
região do corpo humano, decorrente de forças que estão provocando
um deslocamento em vários planos.

O movimento de rolamento do peso corporal aumenta as forças, apertando as


articulações, levando a uma maior estabilidade da articulação (VOIGHT et al., 2014).

Os exercícios em cadeia cinética fechada são apontados como os mais


funcionais, considerados os mais fisiológicos, principalmente, em relação aos membros
inferiores do que aos exercícios em cadeia cinética aberta (KISNER; COLBY, 2009). A
maioria das atividades executadas diariamente estão envolvidas com a cadeia cinética
fechada, conforme Figura 2.

FIGURA 2 ­– ATIVIDADES REALIZADAS DIARIAMENTE

Caminhada

Levantamento para a posição em pé

Maioria de todas as atividades esportivas

FONTE: O autor

Devido ao pé estar em contato direto com o chão, as atividades que empregam


o sistema fechado são consideradas como as mais funcionais. Em função dessas
informações, fica evidente que as atividades realizadas em cadeia cinética fechada
são apontadas como as mais específicas, estando relacionadas diretamente aos
movimentos mais próximos das atividades envolvidas ao longo do tratamento (KISNER;
COLBY, 2009).

Na clínica é fundamental que a especificidade do treinamento seja sempre


levada em consideração, para que se possa potencializar a transição para as atividades
que são consideradas como mais funcionais.

86
Durante os exercícios em cadeia cinética aberta, geralmente, o movimento
existe em apenas uma articulação, esses movimentos, em cadeia cinética aberta, estão
relacionados à melhora da força ou da amplitude.

Todos esses movimentos podem ser realizados por meio da utilização da


facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) ou através das técnicas de mobilização
articular ou, ainda, por meio de uma resistência externa, sendo realizada através da
utilização de vários equipamentos (VOIGHT et al., 2014).
Geralmente, os exercícios de forma isolada empregam a contração de um único
músculo ou de um grupo de músculos, realizando um movimento em um único plano e,
ocasionalmente, em vários planos (KISNER; COLBY, 2009).

Frequentemente, o exercício isocinético é executado por meio da cadeia cinética


aberta, proporcionando uma informação fundamental com relação à capacidade de
produção do torque de uma articulação isolada (VOIGHT et al., 2014).

Na existência de uma disfunção que esteja associada a uma lesão, não existe
um determinado padrão de movimento presente ao longo da atividade na cadeia
cinética fechada, em função da existência de alguns envolvimentos que prejudicam os
movimentos, entre eles:

• alteração na amplitude de movimento;


• dor;
• edema;
• fraqueza muscular.

Nessas situações, existem algumas compensações dos movimentos que


alteram tanto a mobilidade normal como a atividade muscular (VOIGHT et al., 2014).

Nos tratamentos em que são empregados só os exercícios em cadeia cinética


fechada, as articulações proximal e distal apresentam um certo déficit, apesar disso, se
não forem empregados os exercícios em cadeia cinética aberta, existirá o isolamento
dos movimentos articulares específicos, o déficit não é o real, dificultando, nesse caso,
todo o processo da reabilitação (KISNER; COLBY, 2009). O profissional deve utilizar
sempre os exercícios que forem considerados como os mais adequados para cada
situação em específico.

Os exercícios em cadeia cinética fechada utilizam várias combinações através


das contrações isométricas, concêntricas e excêntricas, que acontecem, ao mesmo
tempo, em vários grupos musculares, provocando um movimento multiplanar em cada
uma das articulações dentro da cadeia cinética (VOIGHT et al., 2014). As atividades em
cadeia cinética fechada precisam de uma certa harmonização entre todas as ações
musculares agonistas e antagonistas (KISNER; COLBY, 2009).

87
2.6 RECUPERAÇÃO DO CONTROLE NEUROMUSCULAR
Os exercícios em cadeia cinética fechada são apropriados para a recuperação
do controle neuromuscular, em que a propriocepção é fundamental para o controle
neuromuscular de todos os segmentos corporais dentro da cadeia cinética (KISNER;
COLBY, 2009).

Para a realização de uma certa habilidade motora, ocorrem forças musculares


que existem no momento e na magnitude correta, operando ao movimento das partes
corporais de uma forma bastante coordenada. Todo o movimento estruturado de forma
leve necessita de uma integração do receptor de maneira frequente, experiência e a
direção do centro desta informação (VOIGHT et al., 2014).

Para o membro inferior, a atividade funcional para a sustentação do peso exige


que os músculos e as articulações atuem sempre em sincronia, de acordo uns com os
outros. Conforme Voight et al. (2014), para um único passo são necessárias contrações
musculares concêntricas, excêntricas e isométricas para a execução da:

• dorsifexão e flexão plantar do tornozelo;


• extensão do joelho;
• extensão do quadril;
• flexão do joelho;
• flexão do quadril;
• rotação do joelho;
• rotação do quadril;
• supinação e pronação no pé.

Na falta de um movimento normal secundário, a lesão em uma articulação


modifica a forma com que a outra articulação ou o segmento está se movendo (KISNER;
COLBY, 2009). Portanto, para realizar um único passo de maneira coordenada é preciso
que todos os músculos e as articulações estejam atuando de forma sincrônica, sendo
sempre mais indicados os exercícios que trabalham de maneira a reunir, ao invés de
isolar os músculos.

Os exercícios em cadeia cinética fechada que ocasionam os movimentos dos


músculos do pé, do tornozelo, do joelho e do quadril de uma maneira que aparenta um
carregamento normal e as forças de movimento em todas as articulações dentro da
cadeia cinética, são semelhantes à mecânica funcional e são apontados como os mais
importantes (VOIGHT et al., 2014).

Normalmente, os exercícios em cadeia cinética aberta são executados,


inicialmente, para o desenvolvimento da força muscular, sendo que, muitas vezes,
não é levado em consideração os exercícios que desencadeiem a propriocepção e a
percepção em relação ao posicionamento da articulação (KISNER; COLBY, 2009).

88
Os movimentos em cadeia cinética fechada auxiliam na adesão da experiência
proprioceptiva por meio da utilização funcional de movimento multiarticular e multiplanar,
ocasionado nos locais, sinalizados na Figura 3.

FIGURA 3 – MECANORRECEPTORES

Corpúsculos Terminações Corpúsculos


de Pacini de Ruffini de Golgi
Mazzoni

Órgãos Terminações
tendinosos de ligamentares
Golgi de Golgi

FONTE: O autor

2.7 CONFRONTOS DA BIOMECÂNICA NAS ATIVIDADES EM


CADEIA CINÉTICA
Os efeitos biomecânicos dos exercícios em cadeia cinética aberta e na cadeia
cinética fechada são muito diferentes nas articulações do membro inferior (KISNER;
COLBY, 2009). A marcha exige um movimento articular de forma mais coordenada e
uma série complexa de ativações musculares ao longo de todo o processo.

Existem várias alterações que ocorrem em cada uma das articulações do


membro inferior, durante o movimento normal de marcha, entre elas:

• aceleração e desaceleração;
• biomecânica a absorção do impacto;
• estabilização do pé;
• estabilização articular;
• flexibilidade do pé;
• movimento multiplanar.

É primordial que todo o profissional apresente um certo conhecimento com


relação aos fenômenos biomecânicos que ocorrem durante as atividades em cadeia
cinética aberta e fechada, sendo essencial para todos os profissionais que estão
envolvidos, principalmente, os pacientes e os atletas (KISNER; COLBY, 2009).

2.7.1 Articulação do pé e tornozelo


A função do pé, ao longo da fase de suporte para a sustentação do peso corporal
na marcha, é sempre dupla. O calcanhar está envolvido na absorção do choque para o

89
impacto de todas as forças de reação do chão, estimulando a adaptação para todas as
superfícies irregulares (KISNER; COLBY, 2009). Após empurrar o pé, ele age como uma
alavanca firme, transferindo a força explosiva do membro inferior para o chão.

Conforme o pé sustenta o peso corporal no calcanhar, é empregado uma cadeia


cinética fechada, a articulação talocalcânea se movimenta para uma posição pronada,
onde o tálus realiza uma adução, o plantar se flexiona e o calcâneo realiza a eversão. A
pronação do pé libera a articulação mediotarsal e permite que ele auxilie na absorção do
choque (VOIGHT et al., 2014).

É primordial que durante o toque inicial sejam reduzidas as forças de reação


do solo, existindo a distribuição da carga de maneira igual sobre as várias estruturas
anatômicas através da cadeia cinética do membro inferior. Ao acontecer a pronação na
articulação talacalcânea, ocorre uma rotação medial exigida pela tíbia e uma leve flexão
do joelho (VOIGHT et al., 2014). Os dorsiflexores são contraídos de forma excêntrica,
existindo, assim, uma desaceleração da flexão plantar.

Na cadeia cinética aberta, quando o pé está na posição pronada, o tálus fica


parado, nesse momento, o pé está em eversão, adução e em dorsiflexão, entre todos
os músculos que estão em atuação, os músculos encarregados pela eversão são os
mais ativos. O pé acaba modificando a atuação de ser um absorvedor do choque para
constituir o sistema duro de alavanca, ao começar o distancioamento do chão (KISNER;
COLBY, 2009).

Na manipulação do peso em uma cadeia cinética fechada, a supinação


representa o tálus, atuando na abdução e a dorsiflexão sobre o calcâneo, porém o
calcâneo inverte sobre o tálus. A tíbia gira externamente produzindo a extensão do
joelho, já na supinação, os flexores plantares promovem a estabilização do pé, realizando
a desaceleração da tíbia e a flexão do joelho (VOIGHT et al., 2014).

Na cadeia cinética aberta, a supinação está relacionada ao calcâneo, agindo


conforme o tálus executa a adução a e flexão plantar. O pé se movimenta em adução,
flexão plantar e ao redor do tálux estabilizado (KISNER; COLBY, 2009).

2.7.2 Articulação do joelho


É essencial que o profissional saiba quais são as forças que estão presentes ao
redor da articulação do joelho. Com relação à biomecânica no membro inferior, existem
duas forças que são apontadas como críticas para a articulação do joelho, conforme
Figura 4, a seguir.

90
FIGURA 4 – FORÇAS CRÍTICAS PARA A ARTICULAÇÃO DO JOELHO

Força de cisalhamento

Força de compressão

FONTE: O autor

A força de cisalhamento ocorre em um direção posterior, podendo provocar que


a tíbia realize a translação anteriormente, caso não esteja presa através das restrições
dos tecidos moles, principalmente o ligamento cruzado posterior (KISNER; COLBY,
2009). Já a força de compressão é coordenada ao longo do eixo longitudinal da tíbia.

Os exercícios de descarga de peso aumentam a compressão articular,


ocasionando um aumento da estabilidade articular. No exercício em cadeia cinética
aberta com a articulação do joelho na posição sentada, conforme a força resistiva é
aplicada na tíbia distalmente, tanto as forças de cisalhamento como a de compressão
são maximizadas (KISNER; COLBY, 2009).

Quando uma força de resistência é aplicada de forma mais próxima, a força


de cisalhamento diminui consideravelmente, como, também, a força de compressão.
Quando a força de resistência é mantida em uma única direção mais axial, a força de
cisalhamento é reduzida. Se uma cocontração dos músculos isquiotibiais ocorrer, a
força de cisalhamento é também diminuída (VOIGHT et al., 2014).

Os exercícios em cadeia cinética fechada promovem a contração dos músculos


isquiotibias em função de criar um momento de flexão tanto no quadril como no joelho.
O momento corresponde ao produto da força e da distância do eixo de rotação, também
está relacionado ao torque, apresentando o efeito de rotação, gerando uma força que
é executada no corpo que está articulado sobre um ponto fixo (KISNER; COLBY, 2009).

A cocontração dos músculos isquiotibiais auxilia no combate quanto à disposição


do músculo quadríceps femoral, para estimular a translação anterior da tíbia (VOIGHT et
al., 2014). A realização da cocontração dos músculos isquiotibiais é a mais ideal para a
diminuição da força de cisalhamento, visto que a força de resistência é administrada
em uma orientação axial parcialmente para a tíbia, como no movimento de rolamento
do peso corporal. Os dados mostram que a cocontração é fundamental para promover
a estabilização da articulação do joelho e para diminuir as forças de cisalhamento
(KISNER; COLBY, 2009).

91
O estresse nos músculos isquiotibiais é otimizado por meio de uma pequena
flexão anterior do tronco, essa flexão estimula o centro de gravidade de forma anterior,
reduzindo o momento da flexão no joelho, além da força de cisalhamento do joelho e
das forças de compressão femoropatelares (KISNER; COLBY, 2009).

Os exercícios em cadeia cinética fechada diminuem o momento de flexão no


joelho, enquanto isso, aumentam a elevação do momento na flexão do quadril (VOIGHT
et al., 2014). O momento de flexão é utilizado no tornozelo quando a força resistiva é
utilizada na parte inferior do pé.

O músculo sóleo estabiliza a flexão do tornozelo e provoca um momento de


extensão do joelho que, mais uma vez, ajuda na neutralização da força de cisalhamento
anterior. Toda a cadeia cinética do membro inferior é incentivada através da aplicação
de uma força axial no segmento distal (KISNER; COLBY, 2009).

O exercício em cadeia cinética aberta emprega as extensões da perna na posição


sentada, a força de resistência realiza na tíbia distalmente, provocando um movimento
de flexão no joelho (KISNER; COLBY, 2009).

As forças de cisalhamento provocadas pela flexão do joelho em cadeia cinética


aberta isométrica e extensão em 30° a 60° de flexão do joelho são superiores do que esses
com exercícios em cadeia cinética fechada. Também foi observado um deslocamento
anterior da tíbia ao longo da flexão do joelho em 30°, em cadeia cinética fechada isométrica,
quando avaliado por meio da artometria do joelho (VOIGHT et al., 2014).

2.7.3 Articulação femoropatelar


Deve ser dada atenção à articulação femoropatelar quanto aos exercícios em
cadeia cinética aberta versus os exercícios em cadeia cinética fechada (KISNER; COLBY,
2009). Para o exercício de extensão do joelho em cadeia cinética aberta, o momento da
flexão aumenta quando o joelho é estendido a 90° da flexão em direção à extensão total,
aumentando a tensão no músculo quadríceps femoral e no tendão patelar.

As forças de reação da articulação femoropatelar estão aumentadas, sendo que


o pico da força ocorre em 36° de flexão da articulação (VOIGHT et al., 2014). Conforme o
joelho se desloca para a extensão total, a área do toque femoropatelar diminui, gerando
um aumento no estresse de contato por unidade de área (KISNER; COLBY, 2009).

No exercício em cadeia cinética fechada, o momento da flexão aumenta de


acordo com a flexão do joelho, produzindo, novamente, o aumento da tensão no músculo
quadríceps femoral e no tendão patelar, acarretando um aumento das forças de reação

92
na articulação femoropatela. No entanto, a patela possui uma área de contato bem maior
que a superfície do fêmur, diminuindo, assim, a tensão do contato (VOIGHT et al., 2014).

Os exercícios em cadeia cinética fechada são mais indicados para a articulação


femoropatelar em função da tensão do contato estar diminuída.

2.8 TRATAMENTO DAS LESÕES ATRAVÉS DOS EXERCÍCIOS


EM CADEIA CINÉTICA FECHADA
Até recentemente, os exercícios realizados eram os de cadeia cinética aberta, tendo
como propósito o aumento da força no membro inferior (VOIGHT et al., 2014). Hoje em dia os
exercícios realizados são os de cadeia cinética fechada devido a um maior entendimento da
cinesiologia e da biomecânica, aliado aos fatores de controle neuromuscular envolvidos com
a reabilitação das lesões dos membros inferiores (KISNER; COLBY, 2009).

Para Kisner e Colby (2009), existe uma grande diversidade quanto aos exercícios
de cadeia cinética fechada, empregados nos programas de tratamento, sendo que os
mais utilizados são:

• bicicleta ergométrica;
• extensão do joelho através da utilização de tudos elásticos;
• leg press;
• miniagachamento e deslizamento na parede;
• steps laterais;
• pranchas de deslizamento;
• simulador de escadas;
• sistema de plataforma biomêcanica do tornozelo.

Abordaremos, a seguir, em detalhes, alguns exemplos desses exercícios de


cadeia cinética fechada.

2.8.1 Bicicleta ergométrica


A bicicleta ergométrica é apontada como um importante equipamento para a
realização dos exercícios em cadeia cinética fechada. A grande eficácia dessa prática
quando comparada aos outros tipos de exercícios, em cadeia cinética fechada, está
envolvida com a quantidade de força para a manutenção do peso corporal, executado
pelo membro inferior lesionado, que, de certa forma, está adequado dentro das limitações
do paciente (VOIGHT et al., 2014).

93
FIGURA 5 – BICICLETA ERGOMÉTRICA

FONTE: <https://bit.ly/3OOyphE>. Acesso em: 27 abr. 2020.

A altura do banco na bicicleta ergométrica, deve estar ajustada de forma adequada,


para diminuir o momento de flexão do joelho quanto ao movimento de descida. Mesmo assim,
a bicicleta ergométrica é muito utilizada para o restabelecimento da amplitude de movimento
na flexão (VOIGHT et al., 2014). A altura do banco deve ser alterada para uma posição mais
baixa, utilizando o movimento passivo do membro lesionado.

2.8.2 Leg press


O leg press emprega a cadeia cinética e proporciona a estabilidade, motivando a
diminuição da pressão sobre a região lombar, permitindo os exercícios com uma menor
resistência do que o peso corporal e a capacidade para realizar os exercícios das pernas
de forma individual (VOIGHT et al., 2014).

É recomendado que os exercícios de leg press sejam realizados com uma


variação de 0° a 60° de flexão do joelho. Os aparelhos de leg press permitem a existência
da extensão completa do quadril para utilizar ao máximo a cadeia cinética (KISNER;
COLBY, 2009). A extensão completa do quadril só é alcançada na posição sentada, nesse
caso, a flexão e a extensão completa do quadril e do joelho ocorrem proporcionando
uma mudança de forma simultânea, permitindo um recrutamento de uma melhor forma
dos músculos isquiotibiais.

94
FIGURA 6 – LEG PRESS

FONTE: <https://bit.ly/3oDqAR8>. Acesso em: 27 abr. 2020.

2.8.3 Miniagachamento e deslizamento


O miniagachamento e o deslizamento na parede estão envolvidos com as
extensões do quadril e do joelho, realizados através de uma variação de 0º a 40° (KISNER;
COLBY, 2009).

O quadril, ao produzir a extensão do músculo reto femoral, é contraído de forma


excêntrica, sendo que os músculos isquiotibiais são contraídos de forma concêntrica,
de maneira simultânea. O joelho, ao produzir a extensão dos músculos isquiotibias, são
contraídos excentricamente, já o músculo reto femoral é contraído de forma concêntrica.

Tanto as contrações excêntricas como as contrações concêntricas ocorrem


de forma concomitante nas duas extremidades, em ambos os músculos, gerando uma
contração concorrente (VOIGHT et al., 2014).

Essa forma de contração é essencial ao longo de todas as atividades de


sustentação do peso corporal, atingido em todos os exercícios executados por meio da
cadeia cinética fechada (KISNER; COLBY, 2009). As contrações concorrentes reduzem o
momento de flexão do joelho. A contração do tipo excêntrica dos músculos isquiotibias
ajudam na neutralização dos efeitos da contração concêntrica do músculo quadríceps
femoral na produção da translação anterior da tíbia.

O meio agachamento produz um menor cisalhamento anterior do joelho do


que um exercício em cadeia cinética aberta em total extensão (VOIGHT et al., 2014). O
agachamento completo aumenta, de forma acentuada, o momento de flexão no joelho,
aumentando o cisalhamento anterior da tíbia.

95
A flexão leve do tronco, no sentido anterior, eleva o momento da flexão do quadril
e reduz o momento do joelho. Os avanços são utilizados nos programas de reabilitação,
tendo como principal proposta ser utilizada para o fortalecimento excêntrico do
músculo quadríceps femoral, atuando como um desacelerador (KISNER; COLBY, 2009).
O miniagachamento e o deslizamento na parede também auxiliam na cocontração dos
músculos isquiotibiais.

2.8.4 Step lateral


O step lateral para frente e para trás são exercícios de cadeia cinética fechada
muito utilizados, sendo que o step lateral é mais empregado durante o tratamento do
que o step para frente.

A altura dos degraus é determinada em função da capacidade dos pacientes,


normalmente são utilizados a altura de 20 cm, visto que as alturas mais elevadas
causam um momento de flexão mais longo no joelho, elevando a força de cisalhamento
anterior e deixando a cocontração dos isquiotibiais mais difícil (KISNER; COLBY, 2009).

O step lateral produz uma força de cisalhamento muscular e articular elevada,


comparada ao exercício de step para frente. O profissional precisa tomar cuidado quanto
à utilização do step lateral nas situações em que existe a necessidade de uma redução
das forças de cisalhamento anterior. As contrações dos músculos isquitibiais possuem
uma intensidade não suficiente para neutralizar a força de cisalhamento produzida pelo
músculo quadríceps femoral (KISNER; COLBY, 2009).

FIGURA 7 – STEP LATERAL

FONTE: <https://bit.ly/3S5bulb>. Acesso em: 27 abr. 2020.

2.8.5 Pranchas de equilíbrio e minicama elástica


A prancha de equilíbrio e a minicama elástica fornecem uma base de suporte
não estável, possibilitando a reconstituição da propriocepção e a percepção quanto ao
posicionamento articular além do seu fortalecimento.

96
O trabalho na prancha de equilíbrio possibilita que o profissional execute um
estresse no membro inferior de uma forma continuada e controlada, permitindo que
o paciente trabalhe de forma concomitante tanto para o fortalecimento como para a
amplitude do movimento, buscando recuperar o controle neuromuscular e o equilíbrio
(VOIGHT et al., 2014).

A minicama elástica é empregada como principal proposta à execução das


mesmas atividades, porém deve ser mais empregada nos casos de treinamento
pliométrico, uma vez que é uma atividade mais avançada.

FIGURA 8 – MINICAMA ELÁSTICA

FONTE: <https://bit.ly/3zFhJ84>. Acesso em: 27 abr. 2020.

2.8.6 Simulador de escadas


Os simuladores de escadas são considerados um importante modelo aos
exercícios em cadeia cinética fechada para os programas de tratamento, sendo muito
utilizado para o trabalho quando o objetivo é a melhoria da resistência cardiorespiratória.
Existem dois equipamentos básicos, entre eles:

• O que apresenta uma série de passos de rotação muito semelhante a uma escada rolante.
• O que utiliza duas placas, uma em cada pé, que se movimenta para cima ou para baixo,
retratando um simulador para o movimento de pisada, esse equipamento é, geralmente,
chamado de stepping, cujo o pé sempre fica na placa, promovendo um exercício de cadeia
cinética fechada (VOIGHT et al., 2014).

Durante o exercício no simulador de escadas, o corpo humano precisa estar ereto


com uma leve flexão do tronco, potencializando o recrutamento dos músculos isquiotibiais
por meio de várias alterações simultâneas das contrações, aumentando o momento de
flexão do quadril e a diminuição do momento de flexão do joelho (KISNER; COLBY, 2009).

97
FIGURA 9 – SIMULADORES DE ESCADAS

FONTE: <https://bit.ly/3cMsFYu>. Acesso em: 27 abr. 2020.

98
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• O estudo da cadeia cinética no membro inferior é fundamental para o tratamento dos


pacientes.

• Existem diferentes particularidades entre os exercícios em cadeia cinética fechada e


em cadeia cinética aberta.

• O trabalho de cocontração dos músculos e a recuperação do controle neuromuscular


são fundamentais.

• A bicicleta ergométrica; o leg press; o miniagachamento e o deslizamento; o step


lateral; as pranchas de equilíbrio e a minicama elástica; e o simulador de escadas,
são os equipamentos para o tratamento das lesões através dos exercícios em cadeia
cinética fechada.

99
AUTOATIVIDADE
1 A cocontração ou a coativação dos músculos agonistas e antagonistas deve ocorrer
ao longo de todos os movimentos considerados como normais, levando a uma
estabilização articular. Assinale a alternativa que apresenta o que a cocontração
durante os exercícios em cadeia cinética fechada provoca:

a) ( ) Aumento ou redução das forças de cisalhamento, agindo na articulação.


b) ( ) Redução das forças de cisalhamento, agindo na articulação e no músculo.
c) ( ) Aumento das forças de cisalhamento, agindo na articulação.
d) ( ) Redução das forças de cisalhamento, agindo na articulação.

2 A atividade muscular que existe durante todas as condutas em cadeia cinética aberta,
geralmente, são contrárias no decorrer das atividades realizadas em cadeia cinética
fechada. Ao longo do exercício em cadeia cinética aberta, a origem é sempre fixa,
enquanto a contração muscular executa um movimento na sua inserção. Entretanto,
como é a origem durante o exercício em cadeia cinética fechada, sendo que o
músculo atua movendo a origem?

a) ( ) Fixa.
b) ( ) Móvel.
c) ( ) Fixa e móvel.
d) ( ) Contração muscular.
e) ( ) Variável.

3 Os exercícios em cadeia cinética fechada estão envolvidos com as atividades que


estão presentes a descarga do peso corporal. Sobre as principais características dos
exercícios em cadeia cinética fechada, classifique V para as sentenças verdadeiras e
F para as falsas:

( ) Diminuição das forças articulares compressivas.


( ) Elevação da congruência articular e da estabilidade.
( ) Diminuição da força de cisalhamento.
( ) Aumento das forças de aceleração.
( ) Estimulação dos proprioceptores.

a) ( ) F – V – V – F – V.
b) ( ) V – V – V – F – V.
c) ( ) V – V – V – V – F.
d) ( ) F – V – V – V – V.

100
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
CADEIA CINÉTICA NO MEMBRO SUPERIOR

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos, em detalhes, a importância e a aplicação da
biomecânica nas atividades em cadeia cinética no membro superior.

Para que você compreenda a importância da utilização dos exercícios em cadeia


cinética no membro superior, é fundamental que seja estudado separadamente as
articulações do ombro e do cotovelo, além da reabilitação de lesões do membro superior.

Aprenderemos, também, como deve ser realizada a transferência do peso


(push-ups, push ups com um plus, press ups step e prancha de deslizamento).

Vamos lá?

2 BIOMECÂNICA NAS ATIVIDADES EM CADEIA CINÉTICA


NO MEMBRO SUPERIOR
Faremos uma comparação entre as atividades que são realizadas em cadeia
cinética aberta versus as atividades que são executadas em cadeia cinética fechada,
todas as atividades são movimentos dinâmicos (KISNER; COLBY, 2009).

Em todos os movimentos, os segmentos proximais da cadeia cinética são


utilizados para a estabilização, enquanto que os segmentos distais possuem um maior
grau de mobilidade. Os exercícios físicos executados na barra fixa e suporte de mão, são
considerados excelentes exemplos para as atividades de cadeia cinética fechada no
membro superior (VOIGHT et al., 2014).

Nesses eventos, a mão fica estabilizada e as contrações musculares em volta


dos segmentos ficam mais proximais, como o cotovelo e o ombro, atuando para a
realização do levantamento e do abaixamento do corpo. A natação também é uma
atividade que engloba as rápidas continuações dos movimentos em cadeia cinética
fechada e aberta, é considerada muito semelhante ao que ocorre com a corrida no
membro inferior (KISNER; COLBY, 2009).

A maioria dos exercícios para a reabilitação são utilizados, principalmente,


para os programas de fortalecimento e para a melhoria do controle neuromuscular dos

101
músculos que atuam para a estabilização do membro superior (VOIGHT et al., 2014).
Os estabilizadores da escápula e dos músculos do manguito rotador agem de forma
ocasional no controle dos movimentos do ombro.

É primordial a relação da força e do controle neuromuscular para esses grupos


musculares, permitindo a distribuição de uma base mais estável para os movimentos
mais móveis e dinâmicos, presentes nos segmentos distais (KISNER; COLBY, 2009).

NOTA
O corpo humano não atua nos segmentos de forma isolada, mas
como uma unidade dinâmica, os programas de reabilitação mais
atuais envolvem a realização de exercícios em cadeia cinética
fechada, através dos exercícios de estabilização do core e através dos
programas mais funcionais.

Os profissionais precisam estar atentos quanto à importância da abordagem da


necessidade de utilização das pernas e do tronco, para auxiliar na participação do membro
superior, englobando uma rotina de exercícios terapêuticos que envolvam a cadeia cinética.

2.1 ARTICULAÇÃO DO OMBRO


Todas as atividades envolvidas com a sustentação do peso corporal em cadeia
cinética fechada são utilizadas para a estimulação e reforço da estabilidade articular
dinâmica. Em grande parte dos casos, os exercícios em cadeia cinética fechada são
utlizados através da utilização da mão fixa, ou seja, sem a existência de um movimento
(VOIGHT et al., 2014).

A resistência é empregada tanto axial como rotacional, os exercícios provocam uma


compressão, além da aproximação articular que age para a melhoria da cocontração muscular
em volta da articulação, produzindo uma estabilidade dinâmica (KISNER; COLBY, 2009).

Existem algumas forças fundamentais que precisam ser resgatadas em volta


da articulação glenoumeral, sendo elas, a parte clavicular do músculo deltoide em
associação ao músculo infraespinal; o músculo redondo menor no plano frontal; o
músculo subescapular compensado pelo músculo infraespinal; e pelo músculo redondo
menor no plano transversal.

Os músculos opostos atuam na estabilização da articulação glenoumeral


por meio da compressão da cabeça do úmero no interior da cavidade glenoidal por
meio da cocontração muscular. Já os músculos escapulares atuam na realização

102
do posicionamento de uma forma dinâmica da cavidade glenoidal, com relação ao
posicionamento do úmero, que se desprega produzindo um ritmo de movimento
escapuloumeral normal (KISNER; COLBY, 2009).

Se a escápula é muito móvel, a função do membro superior, como um todo,


é alterada. Por conseguinte, os pares de forças entre a parte ascendente do músculo
trapézio compensado pela parte descendente do músculo trapézio e do músculo
levantador da escápula, além dos romboides e do trapézio médio compensado
pelo músculo serrátil anterior, são considerados como primordias para possibilitar a
estabilidade escapular.

Dessa forma, as atividades praticadas em cadeia cinética fechada, com a mão,


devem ser realizadas para melhorar a estabilidade da escápula (VOIGHT et al., 2014).

2.2 ARTICULAÇÃO DO COTOVELO


A articulação do cotovelo é do tipo dobradiça, sendo bastante competente para
executar a flexão a 145°, através de uma posição em extensão total (VOIGHT et al., 2014).
Em alguns casos da hiperelasticidade articular, a articulação é hiperdistendida alguns
graus além do neutro.

O cotovelo é formado pelas articulações umeroulnar, umerorradial e radioulnar,


sua cabeça radial côncava faz a articulação com a superfície convexa do capítulo
da porção distal do úmero, ficando conectada à porção proximal da ulna através do
ligamento anular (COOK, 2015).

A articulação radioulnar proximal é constituída pelo antebraço que, quando


atua em conjunto com a articulação do cotovelo, permite um movimento por volta de
90° de pronação e 80° de supinação. Em algumas momentos, o cotovelo age em uma
cadeia cinética aberta, porém, em outras, possui uma estabilidade estática e força
dinâmica própria, sendo capaz de realizar a transferência da força para um objeto alvo
(VOIGHT et al., 2014).

2.3 REABILITAÇÃO DE LESÕES DO MEMBRO SUPERIOR


Os exercícios da articulação glenoumeral em cadeia cinética fechada são utilizados
comumente durante as primeiras fases de um programa de tratamento, principamente nos
casos em que existe uma instabilidade do ombro, com o propósito de realizar a cocontração e
o recrutamento muscular, além de garantir a prevenção do desligamento do manguito rotador
secundário, a dor ou a inflamação (KISNER; COLBY, 2009).

103
Os exercícios também podem ser empregados nas fases mais tardias do
programa de reabilitação, que tem como atividade a estimulação da resistência muscular
em volta das articulações glenoumeral e escapulotorácica. Sua utilização é indicada
durante as fases posteriores do tratamento em união às atividades realizadas em cadeia
cinética aberta, melhorando o grau de estabilidade dos movimentos que são apontados
como muito dinâmicos, capazes de ser sobrepostos (VOIGHT et al., 2014).

Durante o tratamento nos estágios considerados intermediários, os exercícios


mais tradicionais de fortalecimento em cadeia cinética aberta para o manguito rotador,
deltoide e outros músculos glenoumerais e escapulares, também precisam ser realizados.

Para a articulação do cotovelo, os exercícios são executados com o propósito


da melhora quanto ao equilíbrio muscular e ao controle neuromuscular das regiões
conhecidas como agonistas e antagonistas (KISNER; COLBY, 2009).

Os exercícios em cadeia cinética fechada são realizados com o objetivo de melhoria


da estabilidade dinâmica dos músculos mais próximos da região do cotovelo, possibilitando
algum grau de estabilidade proximal (VOIGHT et al., 2014). Já os exercícios em cadeia cinética
aberta são indicados para o fortalecimento da flexão, extensão, pronação e supinação, sendo
fundamentais para a recuperação de todos os movimentos dinâmicos de alta velocidade do
cotovelo, essenciais para todas as atividades de arremesso (COOK, 2015).

2.4 TRANSFERÊNCIA DE PESO


Boa parte dos exercícios de transferência do peso corporal são executados
com a proposta de auxiliar a disponibilização da estabilidade dinâmica glenoumeral e
escapulotorárica, por meio da utilização da compressão axial (KISNER; COLBY, 2009).
A atividade de transferência do peso corporal é executada em diversas situações,
elencamos algumas (ver Figura 10).

FIGURA 10 – ATIVIDADES DE TRANSFERÊNCIA


Quatro apoios

Dois apoios

Três apoios

Bipedestação

Prancha de equilíbrio

Prancha de oscilação

Sistema de treinamento Bosu

FONTE: O autor

104
A transferência pode ser executada de um lado para o outro, de frente para
trás ou na diagonal. A posição da mão é sustentada através de uma grande base de
apoio com uma mão posicionada em cima da outra, aumentando a dificuldade (KISNER;
COLBY, 2009).

É o paciente que realiza o ajuste da quantidade de peso corporal em função


da sua tolerância, enquanto o profissional utiliza a força manual de resistência de uma
forma aleatória, sendo que o paciente, aos poucos, consegue se adaptar e se estabilizar
(COOK, 2015).

É empregado um padrão de facilitação neuromuscular proprioceptivo diagnonal,


através da utilização de uma posição de três apoios, obrigando o membro de suporte
contralateral realizar a produção da cocontração e da estabilização (VOIGHT et al., 2014).

A estabilização rítmica também é utilizada para promover o retorno do controle


neuromuscular dos músculos escapulares com a mão em uma cadeia cinética fechada,
promovendo uma pressão aleatória realizada nas margens escapulares. O padrão de
facilitação neuromuscular proprioceptiva diagonal é executado através de uma posição:
três apoios para forçar o membro de suporte contralateral para produzir a cocontração
e a estabilização.

A estabilização rítmica também é empregada, para voltar a possuir o controle


neuromuscular dos músculos escapulares com a mão em uma cadeia fechada, e a
pressão aleatória é colocada sobre as margens escapulares.

Os exercícios push-ups, push ups com um plus e press ups step são realizados
com o objetivo do retorno do controle neuromuscular (KISNER; COLBY, 2009). Para
os exercícios de push-ups, realizados através da superfície estável, por exemplo, um
plyoball, é necessária uma grande força, além de promover uma carga axial que impõe
uma contração dos pares de força agonista e antagonista ao redor das articulações
glenoumeral e escapulotorácica, já a parte distal da extremidade apresenta um
movimento limitado.

Uma variação do push-up padrão pode ser empregada quando o paciente está
executando, mutuamente, as contrações com um simulador de escada com o objetivo
de aumentar a dificuldade, ou realizar um step lateral por meio de um único braço em um
step (COOK, 2015). O paciente deve realizar um push up em várias posições, incluindo a
posição aérea em um equipamento.

O push ups com um plus é executado com a proposta do fortalecimento do


músculo serrátil anterior, primordial para a estabilidade dinâmica das atividades
realizadas acima da cabeça (KISNER; COLBY, 2009). Os press ups estão envolvidos com
a contração isométrica dos estabilizadores glenoumerais.

105
A prancha de deslizamento é utilizada para os exercícios em cadeia cinética
fechada para o membro superior, podendo ser executada através de uma prancha de
deslizamento, fundamental para o fornecimento da força e da estabilidade, além de
atuar na melhora da resistência muscular (COOK, 2015).

Na posição de joelhos, o paciente executa um movimento de forma alternada,


através do deslizamento das mãos para frente e para trás, de um lado para o outro,
por meio de um padrão circular ou, ainda, por meio da utilização de ambas as mãos,
lateralmente. Também é possível a realização do deslizamento na parede ou na posição
de bipedestação.

106
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• O estudo da cadeia cinética no membro superior é fundamental para o tratamento


dos pacientes.

• Existem diferentes particularidades entre os exercícios em cadeia cinética fechada e


em cadeia cinética aberta.

• A importâncida da biomecânica nas atividades em cadeia cinética no membro superior.

• Como deve ocorrer a reabilitação de lesões do membro superior e como deve ser
realizada a transferência de peso.

107
AUTOATIVIDADE
1 As atividades relacionadas à sustentação do peso em cadeia cinética fechada podem
ser utilizadas para estimular e reforçar a estabilidade articular dinâmica. Assinale a
alternativa CORRETA que apresenta a finalidade das atividades realizadas na cadeia
cinética fechada, executadas com a mão:

a) ( ) Aperfeiçoar a estabilidade da escápula.


b) ( ) Degradação da estabilidade da escápula.
c) ( ) Aperfeiçoar a estabilidade do bíceps.
d) ( ) Degradação da estabilidade do grande dorsal.

2 Os exercícios de transferência do peso são realizados para auxiliar na disponibiização


da estabilidade dinâmica glenoumeral e escapulotorárica. Com relação a alguns
exemplos de posições em que a atividade de transferência de peso pode ser realizada,
classifique V para as opções verdadeiras e F para as falsas:

( ) Prancha de oscilação.
( ) Quatro apoios
( ) Três apoios.
( ) Prancha de equilíbrio.
( ) Pé.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – F – V.
c) ( ) V – V – V – V – V.
d) ( ) F – V – V – V – F.

3 Existem vários tipos de exercícios que podem ser utilizados para a reabilitação de
lesões do membro superior. Com relação aos exercícios de reabilitação de lesões do
membro superior, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Os exercícios da articulação glenoumeral em cadeia cinética fechada são utilizados


comumente durante as primeiras fases de um programa de tratamento.
( ) Os exercícios são indicados principamente nos casos em que existe uma
instabilidade do ombro, tendo como propósito a realização da cocontração e o
recrutamento muscular.
( ) Os exercícios garantem a prevenção do desligamento do manguito rotador
secundário a dor ou a inflamação.

108
( ) Os exercícios também podem ser empregados nas fases mais tardias do programa
de reabilitação, tendo como atividade a estimulação da resistência muscular em
volta das articulações glenoumeral e escapulotorácica
( ) É também indicado a sua utilização durante as fases posteriores do tratamento em
união com as atividades realizadas em cadeia cinética aberta.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – V – V – V.
b) ( ) F – V – V – V – F.
c) ( ) V – F – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – F – V.

109
110
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
TÉCNICAS DE TREINAMENTO RESISTIDO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos o exercício isométrico, o exercício resistido
progressivo, as contrações concêntricas versus excêntricas, pesos livres comparados
aos equipamentos de musculação, faixas elásticas, resistência variável, técnicas de
exercícios resistidos e técnicas preconizadas quanto ao treinamento resistido.

Existe uma variedade quanto aos exercícios de treinamento resistido, tendo


como objetivo buscar a melhoria da força (HOUGLUM, 2015), incluindo, nesse caso, os
exercícios elencados na Figura 11.

FIGURA 11 – EXERCÍCIOS RESISTIDOS

Exercício
Exercício Treinamento
resistido
isométrico isocinético
progressivo

Treinamento Exercício
em circuito pliométrico

FONTE: O autor

O princípio da sobrecarga é essencial para qualquer uma das técnicas de


treinamento resistido. Para que exista uma melhora da força no músculo, deve ser
realizado um trabalho em um nível superior que o normal, ou seja, é necessário que
exista uma sobrecarga (GUYTON, 2017).

O exercício resistido é baseado, fundamentalmente, na sobrecarga e na


progressão. Através da aplicação desses princípios durante o treinamento resistido,
com o passar do tempo, existirá uma melhora na força muscular. Em um programa de
tratamento, a progressão da sobrecarga está limitada quanto ao grau de cicatrização.

Quando o fisioterapeuta escolhe uma abordagem por meio da progressão do


tratamento, a resposta pode ser determinada de acordo com a do paciente, relacionado
a um exercício específico (HOUGLUM, 2015). A elevação da dor ou o aumento do edema
é considerado um sinal para o fisioterapeuta, indicando, portanto, que a sua atuação
pode ser mais agressiva.

111
2 EXERCÍCIO ISOMÉTRICO

O exercício isométrico está relacionado a uma contração muscular, em que
o comprimento do músculo é constante, porém a tensão está se desenvolvendo
em direção a uma força máxima, contra uma resistência que não pode ser retirada
(TORTORA, 2011).

Esse tipo de contração fornece uma força de estabilização que ajuda na


manutenção das relações normais de comprimento e tensão entre os pares de força,
fundamentais para a artrocinemática fisiológica da articulação (COOK, 2015).

Os exercícios isométricos aumentam a força muscular, entretanto, os ganhos da


força são específicos, com uma propagação de até 20% com relação ao ângulo articular
no qual o treianamento é realizado (HOUGLUM, 2015). Já nos outros ângulos, a curva da
força diminui drasticamente em função da carência da atividade motora neste ângulo.

Dessa maneira, a força é aumentada no ângulo envolvido com o esforço, porém


não existe uma elevação referente ao ângulo em outras posições na mesma amplitude
de movimento (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Outras desigualdades relacionadas aos
exercícios isométricos, estão inclinadas a gerar um pico de pressão arterial sistólica,
podendo levar a acidentes cardiovasculares, considerados fatais.

O aumento agudo na pressão arterial sistólica é consequente da manobra de


Valsalva, que promove o aumento da pressão intratorácica (HOUGLUM, 2015). Para
impedir ou diminuir o efeito é indicado realizar a expiração ao longo da contração
máxima, para evitar a elevação da pressão.

O emprego dos exercícios isométrios no tratamento das lesões é muito utilizado,


existem várias reclamações relacionadas ao trauma ou, ainda, utilização em excesso que
necessitam ser tratadas por meio dos exercícios de fortalecimento (HOUGLUM, 2015).
Lamentavelmente, os problemas pioram através da realização de exercícios resistidos,
executados na amplitude de movimento completa. É mais indicado fazer a utilização
dos exercícios isométricos ou funcionais por meio da aplicação da força isométrica em
vários ângulos de amplitude de movimento (COOK, 2015).

ATENÇÃO
Os exercícios isométricos funcionais são utilizados até que a cicatri-
zação aumente, ao ponto de permitir a execução das atividades na
amplitude completa.

112
Ao longo do tratamento é recomendado que o músculo seja contraído,
isometricamente, ao longo dos 10 segundos por vez, com uma frequência de 10 ou mais
contrações por hora. Os exercícios isométricos permitem benefícios muito significativos
para o programa de fortalecimento (HOUGLUM, 2015).

Qualquer parte do corpo que necessite de tonificação pode ser realizada através
de exercícios isométricos. Esse tipo de contração acontece durante a qual um músculo
permanece imóvel, mas resistente ao peso de uma carga fixa (FILIPE, 2010). Exemplos
de exercícios isométricos para o tronco é a prancha e o "bird dog".

FIGURA – EXERCÍCIO DE PRANCHA

FONTE: <https://www.exercicioemcasa.com.br/desafio-da-prancha-30-dias/>.
Acesso em: 10 set. 2020.

FIGURA – EXERCÍCIO “BIRD DOG: QUATRO APOIOS, ELEVA UMA PERNA


E O BRAÇO OPOSTO, MANTENDO A COLUNA ESTÁTICA.

FONTE: <https://orafitnessandyoga.com/bird-dog-youre-probably-doing-it-wrong/>.
Acesso em: 10 set. 2020.

Não é comum a existência de um ângulo específico quanto à amplitude de


movimento, em que o movimento leve é mais difícil, visto que a força não é suficiente
(HOUGLUM, 2015).

Um levantamento básico emprega, de forma típica, a contração isométrica


contra uma resistência imóvel, aumentando a força nessa região de dificuldade (COOK,
2015). Se a força for melhorada neste ângulo articular, em específico, um levantamento
básico de forma coordenada e suave poderá ser executado ao longo de toda a amplitude
de movimento completa (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

113
2.1 EXERCÍCIO RESISTIDO PROGRESSIVO
O exercício resistido progressivo é uma técnica muito empregada, a mais
habitual, para a melhoria da força em um programa de tratamento (TORTORA, 2011). Ele
utiliza os exercícios para o fortalecimento dos músculos por meio de uma contração que
supera uma resistência fixa, conforme os exemplos na Figura 12.

FIGURA 12 – EQUIPAMENTOS PARA O TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA

Halteres

Barras

Vários aparelhos de musculação

Tubos elásticos resistivos

FONTE: O autor

Esse tipo de exercício utiliza as contrações isotônicas ou isodinâmicas, cuja


força é produzida enquanto o músculo está modificando o seu comprimento. As
contrações isotônicas podem ser concêntricas ou excêntricas, ao longo da flexão do
músculo bíceps, para a elevação do peso da posição ideal, o músculo bíceps se contrai
e encurta (HOUGLUM, 2015).

A contração com encurtamento é denominada de contração concêntrica ou


contração positiva. Quando o músculo bíceps não estiver contraído e o peso baixar, a
gravidade fará com que ele caia e volte para a posição do início (COOK, 2015).

Dessa maneira, para fazer o controle do peso, enquanto está baixando, o


músculo bíceps continua realizando a contração ao mesmo tempo que vai ocorrer o
alongamento de forma gradual (HOUGLUM, 2015). Uma contração onde o músculo está
em alongamento, enquanto a força é aplicada, é denominado de contração excêntrica
ou negativa.

É esperado a criação de grandes quantidades de força contra resistência com


uma contração excêntrica do que, geralmente, com uma contração concêntrica, visto
que a contração excêntrica exige um nível muito menor de atividade da unidade motora,
para atingir uma determinada força do que a concêntrica (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Em função de menores unidades motoras, efetuar os disparos para realizar uma


força específica, as unidades motoras suplementares são recrutadas com a finalidade

114
de produzir mais força ainda, além da utilização do oxigênio ser muito mais reduzida
ao longo do exercício excêntrico do que no exercício concêntrico comparativamente
(HOUGLUM, 2015).

Dessa forma, as contrações excêntricas são pouco resistentes à fadiga do que as


contrações concêntricas. A eficácia mecânica do exercício excêntrico é, normalmente,
maior do que no exercício concêntrico. Geralmente, o exercício resistido progressivo
está focado no componente concêntrico.

A utilização das contrações excêntricas, principalmente no tratamento de várias


lesões decorrentes da prática de esportes, tem apresentado um grande destaque,
atualmente (HOUGLUM, 2015). Elas são primordiais para a diminuição do movimento
nos membros durante as atividades dinâmicas de alta velocidade.

As deficiências da força ou a inabilidade de um determinado músculo, para


aguentar essas forças excêntricas, podem proporcionar uma lesão (COOK, 2015). Dessa
forma, durante um programa de tratamento, o profissional precisa compreender a
importância da realização dos exercícios de fortalecimento excêntricos.

As contrações excêntricas são realizáveis com o exercício pliométrico,


podendo ser agregadas aos padrões de fortalecimento da facilitação neuromuscular
proprioceptiva funcional (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

No exercício resistido progressivo, é fundamental que seja incorporado as


contrações concêntricas e as excêntricas, os dados existentes mostram que os
músculos precisam ser sobrecarregados e fadigados de forma concêntrica e excêntrica,
para que exista um melhoramento na força máxima (HOUGLUM, 2015).

No treinamento específico para o aumento da força muscular, a parte concêntrica


do exercício necessita de 1 a 2 segundos, já a porção excêntrica do levantamento
necessita de 2 a 4 segundos (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). A parte entre o componente
concêntrico e o componente excêntrico deve ser de em torno de 1 a 2 segundos.

Nas condições fisiológicas, o músculo é fadigado mais rapidamente quando


está atuando de forma concêntrica do que excêntrica (HOUGLUM, 2015). Existem vários
tipos de equipamentos que são empregados para a realização dos exercícios, indicados
no exercício resistido de forma progressiva, fazendo parte os pesos livres como barras e
halteres ou, ainda, os vários tipos de aparelhos de musculação.

115
FIGURA 13 – PESOS LIVRES

FONTE: <https://bit.ly/3BnT0GB>. Acesso em: 27 abr. 2020.

Para os halteres e as barras, não é necessário a utilização de anilhas com


diferentes pesos, podem ser alterados, facilmente, elevando ou diminuindo as
quantidades iguais em ambos os lados da barra.

Uma boa parte dos equipamentos de musculação possui vários pesos, que são
elevados por meio de uma série de alavancas ou polias (TORTORA, 2011). A série de
pesos corre tanto para o alto como para baixo, sobre um par de barras que limita o
movimento em um único plano.

O peso pode ser elevado ou diminuído por meio da alteração da posição de


um pino sobre a série de pesos (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Com relação à utilização
dos pesos e dos aparelhos de musculação, existem muitas vantagens e desvantagens,
sendo considerada muito seguros quando comparados aos pesos livres.

É necessário uma mesa de supino com pesos leves para auxiliar no levantamento
do peso de volta para o suporte, caso o indivíduo não tenha condições de levantá-lo
completamente, visto que este pode cair sobre o tórax (HOUGLUM, 2015). Por meio da
utilização dos equipamentos, o peso é reduzido de forma fácil e segura, sem a existência
de uma lesão. O aumento ou a diminuição do peso através do movimento de um único
pino nos aparelhos de musculação é conceituado um processo comum, apesar das
mudanças, geralmente, ocorrerem com aumentos de 5 a 7 quilos.

Através dos pesos livres, as anilhas são aumentadas ou diminuídas de cada um


dos lados da barra (HOUGLUM, 2015). A grande desvantagem da utilização dos aparelhos de
musculação está relacionada às poucas restrições em função do design do equipamento,
que permitem a realização do movimento em um único plano, limitando ou controlando os
movimentos considerados funcionais, de forma concomitante, em vários planos.

Qualquer indivíduo que tenha realizado um treinamento de força por meio dos
pesos livres e dos equipamentos de musculação, verifica a desigualdade quanto à
quantidade de peso carregado (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

De modo diferente dos equipamentos, os pesos livres não possuem restrições


quanto ao movimento, podendo ser movimentados em várias direções, com relação às

116
forças aplicadas. Através dos pesos livres, o elemento para o controle neuromuscular
básico está relacionado à estabilização do peso, por meio desta ação será impedido o
movimento em qualquer outra direção (COOK, 2015).

2.2 FAIXAS ELÁSTICAS


As faixas elásticas, mais conhecidas como theraband, produzem uma resis-
tência empregada durante os programas de tratamento. Seu maior benefício para
os exercícios é que podem ser utilizados através de vários planos simultaneamente
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

FIGURA 14 – THERABAND

FONTE: <https://bit.ly/3oFqf0v>. Acesso em: 27 abr. 2020.

Dessa forma, os exercícios são executados contra uma resistência em planos


de movimentos, apontados como os mais funcionais (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Os exercícios com o theraband podem ser realizados em conjunto com as técnicas


de fortalecimento pliométrico ou com a facilitação neuromuscular proprioceptiva, sendo
indicados para providenciar a resistência na maioria dos exercícios de fortalecimento.
Independente do tipo de equipamento utilizado, podem ser empregados os mesmos
princípios dos exercícios resistidos progressivos (HOUGLUM, 2015).

2.3 RESISTÊNCIA VARIÁVEL


Uma discussão muito importante está relacionada ao recondicionamento que
utiliza os exercícios resistidos progressivos, cuja quantidade de força necessária para
a realização da movimentação, através da amplitude do movimento, é modificada em
função do ângulo de tração do músculo em contração (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

117
A resistência é maior quando o ângulo de tração é por volta de 90°, além disso,
a inércia do peso é vencida, no momento determinado. A força básica para movimentar
a resistência modifica, devido a força que o músculo utiliza ao longo da amplitude de
movimento (HOUGLUM, 2015).

O exercício isotônico possui uma grande desvantagem com relação à força


necessária para realizar a movimentação da resistência, modificada de forma contínua ao
longo da amplitude de movimento. O exercício isotônico possui uma grande desvantagem
com relação à força necessária para realizar a movimentação da resistência, modificada
de forma contínua ao longo da amplitude de movimento (HOUGLUM, 2015).

A mudança na resistência em vários pontos da amplitude de movimento é


chamada de resistência de acomodação ou resistência variável.

Existem vários fabricantes de equipamentos de musculação querendo diminuir


esse problema através das alterações da capacidade de força com a utilização de um
sistema de roldanas (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). O objetivo é modificar a resistência
de forma que o músculo possa trabalhar com uma maior carga, entretanto, nos locais
onde o ângulo articular ou comprimento muscular apresentam desvantagens mecânica,
diminuindo a resistência ao movimento do músculo, existem dúvidas se o modelo vai
originar ou não um resultado oferecido (HOUGLUM, 2015).

2.4 TÉCNICAS DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS


As repetições estão relacionadas ao número que um movimento específico é
continuado, enquanto a repetição máxima está relacionada com o número máximo de
repetições em um peso definido, a série corresponde ao número de repetições (COOK, 2015).

A intensidade está relacionada à quantidade de peso ou à resistência


aumentada, já o período de recuperação está relacionado ao intervalo de repouso entre
as séries, enquanto a frequência está relacionada ao número de vezes que um exercício
é realizado durante uma semana (HOUGLUM, 2015).

2.5 TÉCNICAS PRECONIZADAS QUANTO AO TREINAMENTO


RESISTIDO
As orientações específicas sobre as técnicas tem o propósito de melhorar a
força muscular, porém, ainda, existem algumas polêmicas entre os profissionais (COOK,
2015). Conforme O’Sullivan e Schmitz (2016), para o treinamento, devem ser levado em
consideração os seguintes pontos:

118
• quantidade de peso para ser utilizado;
• número de repetições;
• número de séries;
• frequência de treinamento.

Existem vários programas específicos de treinametno, envolvidos com:

• a quantidade de peso ideal;


• o número de séries;
• o número de repetições;
• a frequência para a produção de ganhos máximos nos níveis de força muscular.

Contudo, de forma independente, as técnicas utilizadas para o processo de


cicatrização precisam emitir as particularidades de um programa para o treinamento
de força. Para que exista uma melhora eficiente na força do músculo, é necessário a
existência de uma sobrecarga de forma progressiva (HOUGLUM, 2015).

A concentração do peso utilizado e o número de repetições devem ser


suficientes para fazer o músculo atuar em uma intensidade maior do que o normal.
Essa é uma condição considerada a mais importante para um programa de treinamento
resistido (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Os programas utilizados para o treinamento e o
condicionamento são:

• Série única – corresponde a uma série de 8 a 12 repetições de um exercício que é


específico, é executado por meio de uma velocidade mais lenta.
• Série tripla – corresponde a um grupo de três exercícios para o mesmo grupo
muscular, é realizado através da utilização de 2 a 4 séries de cada exercício, sem o
repouso entre eles.
• Séries múltiplas – corresponde a duas ou três séries de aquecimento com
resistência, é elevado de forma progressiva, continuadamente, por várias séries e
com a mesma resistência.
• Superséries – corresponde a uma série de 8 a 10 repetições de vários exercícios para um
mesmo grupo muscular, é executado um após o outro (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

119
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• As técnicas de treinamento resistido são muito importantes para a reabilitação dos


pacientes.

• Entre as várias técnicas existentes, as mais utilizadas são o exercício isométrico e o


exercício resistido progressivo.

• Durante todo o tratamento, deve ser utilizado resistências variáveis e um dos recursos
que pode ser utilizado são as faixas elásticas.

120
AUTOATIVIDADE
1 O exercício isométrico está relacionado a uma contração muscular, cujo o compri-
mento do músculo é constante. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o
que ocorre com a tensão:

a) ( ) Está desenvolvendo em direção a uma força moderada contra uma resistência


que não pode ser retirada.
b) ( ) Está desenvolvendo em direção a uma força míníma contra uma resistência que
pode ser retirada.
c) ( ) Está desenvolvendo em direção a uma força máxima contra uma resistência que
não pode ser retirada.
d) ( ) Está desenvolvendo em direção a uma força mínima contra uma resistência que
não pode ser retirada.

2 Existe uma grande variedade de exercícios de treinamento resistido que tem o objetivo
de melhorar a força. Sobre a correlação das técnicas de treinamento resistido com os
seus respectivos significados, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Exercício isométrico.
II- Exercício resistido progressivo.
III- Pesos livres comparados aos equipamentos de musculação.
IV- Tubos ou faixas elásticas.
V- Resistência variável.
VI- Técnicas de exercícios resistidos.

a) a quantidade de força necessária para a realização da movimentação através da


amplitude do movimento vai ser modificado em função do ângulo de tração do
músculo em contração.
b) é considerado como uma técnica mais utilizada e a mais habitual para a melhoria da
força em um programa de tratamento.
c) as repetições estão relacionadas com o número que um movimento específico é
continuado.
d) a grande vantagem da utilização para os exercícios é que estes vão ser realizados
através de vários planos ao mesmo tempo.
e) existem vários tipos de aparelhos indicados para os exercícios que podem ser
utilizados no exercício resistido de forma progressiva.
f) está relacionado com uma contração muscular onde o comprimento do músculo é
constante, porém a tensão está se desenvolvendo em direção a uma força máxima
contra uma resistência que não pode ser retirada.

121
a) ( ) I – d; II – f; III – c; IV – b; V – e; VI – a.
b) ( ) I – f; II – b; III – e; IV – d; V – a; VI – c.
c) ( ) I – e; II – a; III – d; IV – c; V – f; VI – b.
d) ( ) I – e; II – c; III – a; IV – b; V – f; VI – d.

3 O theraband fornece uma importane resistência, sendo muito utilizada nos programas
de tratamento. Assinale a alternativa CORRETA que contempla a vantagem da utiliza-
ção do theraband:

a) ( ) É realizado através de um ou dois planos.


b) ( ) É realizado através de dois planos.
c) ( ) É realizado através de vários planos ao mesmo tempo.
d) ( ) É realizado em um único plano.

122
UNIDADE 2 TÓPICO 4 -
LESÕES DO TECIDO MUSCULAR

1 INTRODUÇÃO
Os músculos e as articulações são fundamentais para garantir a mobilidade e a
estabilidade do corpo humano.

Neste tópico, abordaremos, em detalhes, as importantes informações sobre as


lesões do tecido muscular, as propriedades musculares e as lesões musculares, entre
elas, as câimbras, dor muscular tardia, contusões, laceração muscular, estiramento e o
processo cicatricial.

Estudaremos também todos os graus e as suas respectivas fases do tratamento


referentes as lesões do tecido muscular.

2 INTRODUÇÃO ÀS LESÕES DO TECIDO MUSCULAR


Cerca de 40% do corpo humano é constituído por músculo esquelético,
enquanto que os músculos liso e cardíaco correspondem aos outros 10%. Tanto os
músculos esqueléticos como as articulações auxiliam em todas as necessidades de
mobilidade e de estabilidade do corpo humano (GUYTON, 2017).

FIGURA 15 – TECIDO MUSCULAR

FONTE: < https://bit.ly/3PEqmFr>. Acesso em: 27 abr. 2020.

123
As forças musculares, assim como todas as forças que são empregadas nas
alavancas do corpo humano, apresentam componentes rotatórios de mobilidade e de
translação, relacionado à estabilidade. Os músculos têm a função de mobilidade através
da produção ou controle de um movimento de alavanca óssea em volta do eixo articular
(HOUGLUM, 2015).

Além disso, para resistir aos movimentos nas superfícies articulares e, por
meio da aproximação dessas superfícies, os músculos realizam uma função de
estabilidade. O corpo humano não consegue se sustentar contra a gravidade ou,
ainda, produzir qualquer tipo de movimento sem que tenha uma função muscular
(GUYTON, 2017).

O tecido muscular é quem proporciona todos os movimentos corporais, é


formado por células alongadas que possuem uma grande quantidade de filamentos
de miosina e actina, sendo responsáveis pela contração muscular. Os músculos que
apresentam a função de contração e relaxamento são capazes de voltar à posição de
repouso depois da atividade (HOUGLUM, 2015).

NOTA
Quando os músculos atuam de maneira normal, todas as articulações se
movimentam com liberdade, caso contrário, a realização das atividades
provoca a rigidez ou a hipermobilidade nas articulações mais próximas.

2.1 PROPRIEDADES MUSCULARES


Existem vários fatores que podem alterar as propriedades musculares, o
desempenho biomecânico dos músculos e também do sistema de proteção contra
as lesões, apresentando várias alterações em função da idade, da imobilização, da
temperatura tecidual, do grau de estimulação e da fadiga (SILVA; CAMPOS, 2006).

Com relação ao envelhecimento, existem várias alterações que podem ser


observadas no músculo esquelético, entre elas:

• elevação da concentração do tecido conjuntivo no ventre muscular;


• elevação das ligações cruzadas;
• redução dos glicosaminoglicanos.

Todas essas modificações estão relacionadas à grande elevação da rigidez


articular, possibilitando que o músculo fique mais predisposto às lesões em função
do estiramento. A imobilização modifica tanto a estrutura como a função de todos
os músculos.

124
Existem vários efeitos da imobilização relacionados à posição da imobilização,
se está alongada ou encurtada, percentual dos tipos de fibras do músculo e o período
de duração da imobilização (SILVA; CAMPOS, 2006).

QUADRO 1 – EFEITOS DA IMOBILIZAÇÃO NAS POSIÇÕES ALONGADA E ENCURTADA

POSIÇÃO ALONGADA POSIÇÃO ENCURTADA


Elevação do número de sarcômeros Redução do número de sarcômeros
Redução do comprimento dos sarcômeros Elevação do comprimento dos sarcômeros
Elevação da quantidade de perimísio e Elevação da quantidade de perimísio e
espessamento do endomísio espesamento do endomísio
Elevação da relação entre o tecido conjuntivo Elevação da relação entre o tecido conjuntivo
e a fibra muscular e a fibra muscular.

FONTE: Silva e Campos (2006, p. 59)

Os músculos imobilizados na posição alongada têm menos alterações


prejudiciais quanto a sua função do que os músculos que são imobilizados na posição
encurtada. As fibras de contração rápida são mais atrofiadas do que as fibras de
contração lenta na imobilização. Existe um importante efeito relacionado à temperatura
sobre as propriedades físicas e mecânicas do tecido conectivo (TORTORA, 2011).

Os músculos, quando sujeitados a altas temperaturas terapêuticas, por volta de


40 °C, apresentam uma elevação do ponto de alongamento máximo, além da redução
da rigidez referente à resistência da deformação. Portanto, o aquecimento proporciona
uma redução no rigidez muscular, sendo considerado um importante efeito de
prevenção com relação às lesões de estiramento, apesar das distensões estarem mais
relacionadas ao déficit da força excêntrica do que à amplitude de movimento reduzida
(GUYTON, 2017).

A contração muscular é um fator que altera as propriedades musculares, a força


de tração é a responsável pelo rompimento das fibras musculares, sendo considerada
maior nos músculos estimulados a se contrair do que os músculos relaxados. O músculo
que foi estimulado consegue absorver até 100% mais energia antes do rompimento do
que o músculo relaxado, porém o comprimento dos dois, ao ser rompido, é o mesmo.
A fadiga também altera as propriedades musculares, visto que os músculos fadigados
absorvem menos energia antes do ponto de ruptura (TORTORA, 2011).

2.2 LESÃO MUSCULAR


As lesões musculares são classificadas em atraumáticas e traumáticas.
Entre as lesões atraumáticas estão a cãimbra e a dor muscular tardia, enquanto que
nas traumáticas, estão a contusão, a laceração e o estiramento (SILVA; CAMPOS, 2006).

125
2.2.1 Câimbras

As câimbras são consideradas muito comuns tanto antes como após a
realização das atividades físicas, presentes, principalmente, nos músculos posteriores
da perna, manifestando-se até durante o sono. A etiologia das câimbras é questionável,
ela aparece principalmente após a contração muscular intensa, devido ao encurtamento
do músculo (GUYTON, 2017). Em vários casos, existe uma associação ao exercício físico
ou à prática de esporte.

FIGURA 16 – CÂIMBRAS

FONTE: <hhttps://bit.ly/3zJ1xmk>. Acesso em: 27 abr. 2020.

Um dos fatores que pode levar a câimbra é a hiponatremia, que corresponde à


redução da taxa de sódio no sangue, decorrente do suor e da diuresse em excesso ou,
ainda, devido à insuficiência renal aguda.

Os níveis reduzidos de cálcio e do magnésio sérico também podem estar


relacionados ao aparecimento dos sintomas (SILVA; CAMPOS, 2006). Portanto, existe
uma certa controvérsia com relação à causa exata das câimbras durante o exercício
físico, uma das principais pode estar relacionada às causas a seguir (Figura 17).

FIGURA 17 – CAUSAS DAS CÂIMBRAS

Distúrbios Fadiga
Desidratação eletrolíticos muscular

FONTE: O autor

126
Umas das principais formas de prevenção está relacionada ao balanço
hidroeletrolítico. Outra forma para a interrupção das câimbras é por meio da contração
ativa dos músculos antagonistas, alterada através de um alongamento passivo da
musculatura. Posteriomente à solução do quadro álgico, o músculo apresenta mudanças
na excitabilidade e na contratilidade durante alguns minutos (TORTORA, 2011).

2.2.2 Dor muscular tardia


A dor muscular tardia, posterior aos exercícios musculares mais rigorosos,
está presente nos indivíduos que não praticam atividade física regularmente, sendo
considerada como muito comum. Essa situação está muito presente quando um
indivíduo começa uma atividade física ou quando reinicia uma atividade que já era
praticada anteriormente (TORTORA, 2011).

A dor e o desconforto pioraram ao longo da contração muscular ativa e durante


o alongamento passivo. Esse quadro começa algumas horas após a atividade física, e o
seu pico ocorre em média após 24 a 48 horas.

A dor muscular tardia está relacionada à tensão que é desenvolvida no músculo,


a redução do músculo para conseguir manter as tensões, além das microlesões
decorrentes das diminutas rupturas musculares relacionadas às causas de todas essas
lesões (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os exercícios físicos de rotina causam, geralmente, a fadiga muscular e não a


dor muscular tardia. A fadiga muscular está relacionada aos exercícios concêntricos
e aos distúrbios metabólicos, já a dor muscular tardia está relacionada aos exercícios
excêntricos e às sobrecargas mecânicas (GUYTON, 2017).

Existe uma grande relação entre a degradação do colágeno e a dor muscular


tardia (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.3 Contusões
As contusões são um tipo bastante comum de lesão, especialmente nos
esportes de contato, é considerada um trauma direto, decorrente de forças externas,
tendo como características(SILVA; CAMPOS, 2006):

• dor por edema difusa;


• discreto hematoma;
• limitação de força;
• limitação da mobilidade

127
FIGURA 18 – CONTUSÕES

FONTE: <https://bit.ly/3BtRYZE>. Acesso em: 27 abr. 2020.

A Figura 19 traz as contusões musculares, classificadas em função das restri-


ções da mobilidade articular.

FIGURA 19 – CLASSIFICAÇÃO DAS CONTUSÕES MUSCULARES

Contusão Contusão
leve grave

FONTE: O autor

Na contusão leve, é observado a redução de menos de um terço da mobilidade


articular normal em volta da lesão. Já na contusão grave, ocorre a diminuição de mais
de um terço da mobilidade articular normal em volta da lesão (SILVA; CAMPOS, 2006). O
hematoma é dividido em intermuscular e intramuscular.

O hematoma intermuscular é quando o sangue tem um contato com a fáscia


muscular e os septos intermusculares. Já no hematoma intramuscular, o sangramento
não extravasa a substância muscular (TORTORA, 2011). No hematoma intermuscular, a
resolução é mais difícil, apresentando um maior índice de complicações, entre elas, as
retrações cicatriciais e a miosite ossicante.

Nos casos mais raros, existe um sangramento difuso que evolui de forma
rápida para a síndrome compartimental, sendo necessária a descompressão cirúrgica.
O objetivo do tratamento da contusão está relacionado à diminuição do processo
inflamatório e o ganho da amplitude de movimento, apresentando um retorno gradual
da função (SILVA; CAMPOS, 2006).

128
2.2.4 Laceração muscular
A laceração muscular corresponde às lesões consideradas não tão frequentes,
decorrentes dos traumas graves, principalmente os penetrantes. Após uma lesão
desse tipo, ocorre a formação de uma cicatriz fibrosa, bastante acentuada, que reduz
a capacidade funcional do músculo (TORTORA, 2011). Além disso, o segmento distal da
lesão passa por um processo de desnervação e uma decorrente degeneração.

Por meio das avaliações eletrofisiológicas, observa-se que a ativação muscular,


posterior à lesão, não atravessa a zona da cicatriz, portanto, esse segmento permanece só
com a função de fazer a transmissão da força. O tratamento está relacionado ao grau de
laceração; quando é pequeno, pode ser tratado por meio de métodos conservadores. Já nos
casos em que a laceração é maior, indica-se o tratamento cirúrgico (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.5 Estiramento
O estiramento é uma lesão muscular indireta em que existem rupturas das
fibras musculares, impondo ao músculo uma força além do que as fibras conseguem
gerar. É muito comum na contração excêntrica, cujo local mais acometido é a junção
miotendinosa (TORTORA, 2011).

Os músculos biarticulares são os mais propensos a este tipo de lesão, os


músculos com mais concentração de fibras do Tipo II também estão associados ao
estiramento. O tecido muscular é altamente vascularizado, produzindo uma inflamação
em resposta à ruptura das suas fibras. Conforme a teoria do alongamento ativo, não é a
força que causa a lesão, mas o alongamento ao longo da contração muscular.

As lesões de estiramento estão relacionadas aos esportes que possuem


acelerações e desacelerações rápidas (SILVA; CAMPOS, 2006). Tanto o grau como a
gravidade das lesões estão relacionadas ao número e à extensão das fibras lesadas,
sendo separadas em três estágios, conforme Figura 20.

FIGURA 20 – ESTÁGIOS

FONTE: O autor

129
O estiramento de primeiro grau está relacionado ao estiramento de uma pequena
quantidade de fibras presente no músculo que está sendo solicitado para a contração,
principalmente contra resistência. A dor está situada em um ponto específico, assim
como o edema também pode estar (SILVA; CAMPOS, 2006).

Já no segundo grau, as características são parecidas com o do primeiro, só que


com mais intensidade, presente, nesses casos, a dor, a hemorragia moderada e uma
redução da função.

Quanto ao estiramento de terceiro grau, ocorre a ruptura completa do músculo


em decorrência de uma perda total da função, além da presença de forma palpável de
uma alteração (SILVA; CAMPOS, 2006).

Nesse caso, o edema é grande e a hemorragia bastante abundante, estão presentes


a fadiga muscular e as lesões prévias, considerados como importantes para a formação das
lesões musculares. O aquecimento muscular prévio e o alongamento são fundamentais para
minimizar os episódios e a gravidade dessas lesões (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.6 Processo cicatricial


Quanto ao processo cicatricial, a reação inflamatória ocorre por volta de 1 a 2
dias, sendo que no 7º dia, a inflamação é modificada por uma atividade fibroblástica
(formação de tecido cicatricial).

No 14º dia, o ponto de cicatrização está com 75% da força tênsil normal, o
tecido possui uma boa cicatrização, porém ainda existe um risco para a reincidência
(HOUGLUM, 2015).

No 21º dia, o ponto já está por volta de 86% da força tênsil normal, e no 56º
dia, o ponto de cicatrização vai alcançar cerca de 96% da força tênsil normal (SILVA;
CAMPOS, 2006).

2.2.7 Tratamento
Para o grau I, geralmente o tratamento indicado é o repouso e a utilização de
anti-inflamatórios não esteroides. No caso das lesões de grau II, os principais objetivos
da reabilitação são separados nas seguintes fases:

130
• fase I;
• fase II;
• fase III;
• fase IV.

Na fase I (1ª semana), os objetivos são:

• redução da dor;
• controle do processo inflamatório;
• manutenção da condição física, nos casos em que for possível.

Na fase II (2ª a 3ª semana), os objetivos são:

• ajuda na reparação tecidual;


• restauração da flexibilidade;
• ganho da força muscular;
• melhora do controle sensório motor;
• manutenção da condição física.

Na fase III (4ª semana), os objetivos são:

• destaque para o ganho de flexibilidade;


• destaque para o ganho de força muscular;
• melhoria do controle sensoriomotor;
• conservação da condição física;
• melhora dos movimentos automáticos que estão relacionados ao esporte.

Na fase IV (5ª semana), o objetivo é:

• o retorno à atividade física ou ao esporte (HOUGLUM, 2015).

A existência de fibras musculares por meio do tecido cicatricial está maior devido
à imobilização, porém essas fibras não são orientadas totalmente, o que significa que
um certo período de imobilização, decorrente da mobilização, ocasionará resultados
melhores (SILVA; CAMPOS, 2006).

Com relação ao grau III, depende do músculo e da quantidade do nível de


atividade de cada paciente, nesse caso, a indicação é cirúrgica. Todo o processo de
reabilitação pós-cirúrgico acompanha os objetivos da reabilitação do grau II (SILVA;
CAMPOS, 2006).

131
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu:

• O conhecimento das propriedades musculares são muito importantes para a atuação


do fisioterapeuta durante o tratamento.

• Existem vários fatores que estão envolvidos com as propriedades musculares,


desempenho biomecânico dos músculos e também do sistema de proteção contra
toda as possíveis lesões.

• As lesões musculares podem ser classificadas em atraumáticas e traumáticas.

• As câimbras são muito comuns tanto antes como após a realização das atividades
físicas.

• A dor muscular tardia posterior aos exercícios musculares mais rigorosos está
presente nos indivíduos que não praticam a atividade física regular.

• As contusões são muito frequentes principalmente nos esportes de contatato

132
AUTOATIVIDADE
1 A dor muscular tardia posterior aos exercícios musculares mais rigorosos, está
presente nos indivíduos que não praticam atividade física regularmente, considerada
muito comum. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o período, em média,
que ocorre o pico:

a) ( ) Após 12 a 24 horas.
b) ( ) Após 24 a 48 horas.
c) ( ) Após 24 a 36 horas.
d) ( ) Após 36 a 48 horas.

2 Existem algumas variáveis que podem alterar as propriedades musculares. Sobre


as variáveis que podem alterar as principais características das propriedades
musculares, classifique V para as opções verdadeiras e F para as falsas:

( ) Idade.
( ) Imobilização.
( ) Temperatura tecidual.
( ) Grau de estimulação.
( ) Fadiga.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – V – V – V.
b) ( ) F – V – F – V – V.
c) ( ) V – V – V – F – F.
d) ( ) V – F – V – V – V.

3 Existem várias formas de lesão muscular que podem estar presentes, entre elas,
as câimbras, dor muscular tardia, contusões, laceração muscular, estiramento e
processo cicatricial. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o significado de
laceração muscular:

a) ( ) Lesão muscular indireta onde existem rupturas das fibras musculares.


b) ( ) São as lesões consideradas não tão frequentes decorrentes dos traumas graves,
principalmente os penetrantes.
c) ( ) Está presente nos indivíduos que não praticam a atividade física regular,
considerada muito comum.
d) ( ) Estão muito presentes antes e após a realização das atividades físicas.

133
134
UNIDADE 2 TÓPICO 5 -
LESÕES DO TECIDO TENDINOSO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos a estrutura, a fisiopatologia e a etiologia, a
classificação das tendinopatias (tendinose, tendinite e a paratendinite) e o tratamento
fisioterapêutico, fase I (de 0 a 6 dias), fase II (de 4 a 21 dias) e fase III (acima de 18 dias).

As atividades físicas e a prática desportiva podem fazer com que os tendões


fiquem mais propensos às pequenas lesões. Normalmente, essas disfunções são
autolimitadas e podem ser acumulativas, levando às doenças que são decorrentes da
sobrecarga repetitiva.

As exposições agudas ou crônicas das tendinopatias são consideradas impeditivas


para a realização das atividades habituais em diversos setores (HOUGLUM, 2015).

2 ESTRUTURA
O tendão é um conjunto de fibras colágenas compactas que fazem a conexão
do músculo ao osso. As dimensões quanto a sua composição, são por volta de:

• 30% de colágeno;
• 2% de elastina;
• 68% de água.

O colágeno constitui cerca de 70% a 80% do peso seco, possui uma grande
quantidade do tipo I que é mais resistente às tensões e o restante do tipo III menos que
5% do total, sendo mais imaturo e menos resistente e o tipo IV que não contribuindo
para as características mecânicas do tendão, que são consideradas menos resistentes
à fadiga (GUYTON, 2017).

IMPORTANTE
A pequena proporção da elastina é considerada a responsável pela
baixa elasticidade do tendão, sendo fundamental para a função do
tendão, visto que se fosse mais elástico, poderia alongar além do
fisiológico com a contração muscular, reduzindo a transmissão da
força ao osso.

135
A estrutura sempre oferece algumas informações com relação à função do
tecido, as fibras de colágeno são reunidas em agrupamentos de feixes primários que
são constituídos por microfibrilas e fibrilas.

Quando estão paralelas entre si, são capazes de resistir às cargas de tensão,
os feixes primários estão unidos para constituir os fascículos ou os feixes secundários
(HOUGLUM, 2015).

2.1 FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIA


Existe um fenômeno fisiológico que é decorrente dos esforços de repetição que
compreende a adaptação da matriz celular aos estímulos (TORTORA, 2011).

No caso de uma sobrecarga brusca ou sobrecargas acumulativas, o ciclo é


quebrado em função das respostas adaptativas e provoca a microrruptura, ocorrendo
a degeneração estrutural, evoluindo para a ruptura parcial e, posteriormente, para a
secção completa.

Quanto à etiologia da lesão tendínea, não existe uma resposta clara, porém,
na maioria dos casos, o resultado final é decorrente de vários processos (SILVA;
CAMPOS, 2006).

Os fatores que fazem parte da lesão podem ser tanto intrínsecos como
extrínsecos, sendo que nos fatores intrínsecos estão envolvidos com o trajeto anatômico
e as suas alterações, função exercida, idade, atrito, compressões contra as estruturas
adjacentes, forças musculares, flexibilidade e irrigação. Já os fatores extrínsecos
estão envolvidos com as atividades por esforços repetitivos como overuse, doenças
sistêmicas, influência hormonal ou, ainda, a utilização de forma errada dos antibióticos
(SILVA; CAMPOS, 2006).

A overuse é um processo microtraumático repetitivo que excede à habilidade


das células dos tendões para regenerar o tecido, provocando no tendão a perda da sua
capacidade de reparação basal, sendo considerado a principal causa, correspondendo
cerca de 30 a 50% de todas as lesões. Para Gayton (2017), portanto, as etapas de uma
lesão decorrente do overuse são:

• atividade excêntrica repetitiva;


• microtraumas acumulativos;
• insuficiência circulatória;
• cronoficação;
• degeneração;
• ruptura.

136
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TENDINOPATIAS
A tendinopatia está relacionada à utilização em excesso dos tendões, levando
a uma lesão por sobrecarga ou por esforço repetitivo, podendo acometer um ou vários
tendões, provocando dor, inflamação e até alterações ósseas crônicas. Na figura a
seguir, você pode observar como as tendinopatias são classificadas.

FIGURA 21 – CLASSIFICAÇÃO DAS TENDINOPATIAS

Tendinose

Tendinite

Paratendinite

FONTE:O autor

2.2.1 Tendinose
A tendinose corresponde a uma degeneração intratendínea secundária ao
processo de envelhecimento, microtraumas e o comprometimento vascular.

Os achados histológicos estão relacionados à desorganização e à redução


do colágeno; à elevação das células inflamatórias; à elevação do número de células e
espaços vasculares; e aos focos de calcificação e necrose.

A tendinose é considerada a principal condição clínica presente nas tendinopatias


crônicas (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.2 Tendinite
A tendinite corresponde a uma lesão sintomática do tendão, em que existe a
ruptura vascular e a resposta inflamatória reparadora. Os principais achados histológicos
são a proliferação dos fibroblastos e mioblastos e a hemorragia e presença de tecido de
granulação (SILVA; CAMPOS, 2006).

137
FIGURA 22 – TENDINITE

FONTE: <https://bit.ly/3PVf9jM>. Acesso em: 27 abr. 2020.

2.2.3 Paratendinite
A paratentinite corresponde a uma inflamação de forma isolada, seus achados
histológicos formam os infiltrados das células inflamatórias, edema e a degeneração das
fibras de colágeno.

Existem duas formas de paratendinose: a tenosinovite – quando o paratendão


possui uma pequena camada –, e a tenovaginite – quando o paratendão possui uma
camada dupla. Esses casos estão presentes nos locais onde o tendão apresenta uma
grande relação com a protuberância óssea (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO


Quanto ao tratamento, ele pode ser dividido em três fases que estão relacionadas,
principalmente, nos três estágios do processo de recuperação, elencados na Figura 23.

FIGURA 23 – ESTÁGIOS DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

Fase 1 Fase 2 Fase 3


inflamatória reparo remodelação

FONTE: O autor

Em função do tipo de extensão da lesão e da resposta tecidual quanto à


recuperação, as fases podem ser sobrepostas.

O resultado do tratamento fisioterapêutico está relacionado à realização do


diagnóstico correto da tendinopatia, é fundamental que seja levado em consideração
todos os achados histológicos, característicos de cada lesão (HOUGLUM, 2015).

138
2.3.1 Fase I (0 a 6 dias)
O objetivo principal da fase I está relacionado à redução da resposta inflamatória,
não se pode permitir a existência de uma inflamação prolongada, ruptura dos vasos
sanguíneos ou das fibrilas de colágeno.

Essa situação pode ser evitada por meio da técnica PRICE, que é a proteção,
repouso relativo, crioterapia, compressão e a elevação (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os estudos comprovam que o gelo pode ser empregado através de intervalos


de, no mínimo, 50 minutos. Essa técnica é indicada para esse caso e deve ser utilizada
durante esta fase. Por volta do terceiro ou quarto dia após a lesão, o edema começa a
reduzir, porém a lesão continua dolorosa ao toque e à movimentação.

Nesse caso, o paciente deve iniciar a realização dos exercícios ativos por meio
de uma amplitude de movimento sem dor (HOUGLUM, 2015).

2.3.2 Fase II (4 a 21 dias)


Ao longo dessa fase, ocorre o processo de recuperação, as células fibróticas
depositam a matriz de fibras colágenas e constituem o tecido de cicatrização. O objetivo
principal é a prevenção para que não ocorra a atrofia dos componentes articulares e
musculares, através da indução gradativa do estresse sobre o tendão e as modalidades
que estimulam as fibras de colágeno (HOUGLUM, 2015).

Uma forma eficiente de tratamento para a estimulação da síntese de colágeno


é a mobilização profunda do tecido para a fricção transversa. É indicado, também, a
realização de alongamentos leves, tendo como objetivo o realinhamento das novas
fibras sintetizadas, além de evitar as contraturas (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.3.3 Fase III (acima de 18 dias)


Esta fase está relacionada à remodelação, fase mais longa, cuja duração é de
vários meses, devido à gravidade da lesão. Conforme Silva e Campos (2006), nessa fase,
os principais objetivos são:

• melhorar a cicatrização do tecido;


• elevar o número de pontes cruzadas nos ligamentos e tendões da região;
• redução nas articulações;
• hipertrofia do tendão.

139
A partir do diagnóstico da tendinose, o fisioterapeuta precisa fazer uma avaliação,
identificando todas as possíveis causas intrínsecas e extrínsecas que demonstram a
sobrecarga no tendão. Durante a avaliação, deve-se verificar a flexibilidade, dominância
muscular, alinhamento estrutural, deformações anatômicas relacionadas à estrutura
envolvida e à forma de realização das atividades.

Tanto os exercícios de fortalecimento como de hipertrofia precisam ser


incorporados de forma progressiva, antecedendo tanto o alongamento como o
aquecimento (HOUGLUM, 2015). O emprego do trabalho excêntrico com altas cargas, é
considerado um dos melhores exercícios terapêuticos para a reabilitação da tendinose.

A carga mecânica ativa o metabolismo dos tenócitos, aumentando o reparo


(SILVA; CAMPOS, 2006). A prática do exercício físico provoca a indução da remodelação
tecidual, hipertrofiando e elevando a força tênsil do tendão. Uma sugestão de protocolo
é a utilização de três séries de 15 repetições, duas vezes ao dia, durante 12 semanas.

A intensidade da carga está relacionada ao mínimo de dor do paciente ao


executar o movimento (HOUGLUM, 2015). Esse protocolo apresenta um grande resultado
quanto à melhoria de todos os pacientes, sendo indicado a manutenção de duas a três
vezes por semana.

Outra possibilidade de tratamento é a realização de três séries de repetições por


meio de alongamentos entre cada série. Os sintomas geralmente desaparecem após 20
repetições, de outro modo, a carga ou a velocidade do exercício deve ser elevada, nesse
caso, são necessários de 6 a 16 semanas de tratamento.

Os resultados alcançados são de 100% dos pacientes com tendinite, 80% com
tendinite dos extensores do punho e 90% com tendinite patelar (SILVA; CAMPOS, 2006).

Em qualquer desses exemplos de protocolo, o gelo está indicado para utilização


ao final de cada sessão, com o objetivo da analgesia e da prevenção das possíveis
reações inflamatórias decorrentes do trabalho de reabilitação.

Também devem ser incorporadas as atividades funcionais dinâmicas que estão


relacionadas ao desempenho individual, como o trabalho proprioceptivo, incorporado ao
programa de tratamento (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os testes funcionais são executados com o objetivo de determinar quais as


alterações em habilidades específicas, abordadas antes de retomar, de forma integral,
as atividades.

140
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu:

• É importante estudar sobre as lesões do tecido tendinoso através da estrutura,


fisiopatologia e da etiologia, garantindo um tratamento mais efetivo.

• As tendinopatias são classificadas em tendinose, tendinite e paratendinite, cada uma


com características bem diferentes, sendo necessário, portanto, o seu conhecimento.

• O tratamento fisioterapêutico nas tendinopatias é dividido em três fases, sendo que


cada uma possui características bastante específicas.

141
AUTOATIVIDADE
1 O resultado do tratamento fisioterapêutico está relacionado à realização do
diagnóstico correto da tendinopatia. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o
objetivo principal da fase I:

a) ( ) Prevenção para que não ocorra a atrofia dos componentes musculares.


b) ( ) Remodelação, considerada a fase mais longa.
c) ( ) Prevenção para que não ocorra a atrofia dos componentes articulares.
d) ( ) Redução da resposta inflamatória.

2 O overuse é considerada a principal causa, correspondendo em 30% a 50% de todas


as lesões. O que é o overuse?

a) ( ) Processo microtraumático repetitivo que excede a habilidade das células dos


tendões para regenerar o tecido.
b) ( ) Processo microtraumático repetitivo que não atinge a habilidade das células dos
tendões para regenerar o tecido.
c) ( ) Processo macrotraumático repetitivo que excede a habilidade das células dos
tendões para regenerar o tecido.
d) ( ) Processo microtraumático casual que não excede a habilidade das células dos
tendões para regenerar o tecido.

3 A tendinopatia corresponde a utilização em excesso dos tendões, levando a uma


lesão por sobrecarga ou por esforço repetitivo. Assinale a alternativa que apresenta a
correlação entre os tipos de tendinopatias e os seus respectivos significados.

I- Tendinose.
II- Tendinite.
III- Paratendinite.

a) Lesão sintomática do tendão em que existe a ruptura vascular e a resposta inflamatória


reparadora.
b) Inflamação de forma isolada, sendo que os achados histológicos formam os infltrados
das células inflamatórias, edema e a degeneração das fibras de colágeno.
c) Degeneração intratendínea secundária ao processo de envelhecimento, microtraumas
e o comprometimento vascular.

a) ( ) I – a; II – b; III – c.
b) ( ) I – c; II – b; III – a.
c) ( ) I – c; II – a; III – b.
d) ( ) I – b; II – a; III – c.

142
UNIDADE 2 TÓPICO 6 -
LESÕES DO TECIDO NERVOSO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos em detalhes os tipos de lesões por estiramento e as
lesões por compressão.

Abordaremos a divisão das lesões nervosas traumáticas (neuropraxia, axonotmese


e neurotmese). A neuropraxia corresponde à compressão do nervo com a diminuição ou o
bloqueio da condução nervosa, já a axonotmese é a lesão do axônio e da bainha de mielina,
mantendo intactos apenas os envoltórios conjuntivos enquanto que a neurotmese é a ruptura
completa do tronco nervoso.

Estudaremos também a mobilização do tecido nervoso e o tratamento


fisioterapêutico através do estudo dos objetivos do tratamento fisioterapêutico e os
recursos terapêuticos utilizados.

2 LESÕES POR ESTIRAMENTO


Os nervos são estruturas que possuem uma grande resistência à tração, ao ser
aplicado uma leve tensão (alongamento) em um nervo posterior a um intervalo de tempo,
é observado uma relação linear, característica de todo material elástico (GUYTON, 2017).

FIGURA 24 – TECIDO NERVOSO

FONTE: <https://bit.ly/3bjm07X>. Acesso em: 27 abr. 2020.

143
Nos casos em que o alongamento transpassa o limite, considerado estresse,
as fibras nervosas se rompem dentro do tubo endoneural e perineural intactos
(TORTORA, 2011).

Caso a tensão continue aumentando os envoltórios conjuntivos, rompe-se por


volta de 25 a 30% do seu comprimento, acima desse ponto, o nervo se comporta como
um material plástico.

Não obstante, a existência de variações na resistência da tração, entre os


nervos o alongamento máximo, dentro do limite elástico, é de, aproximadamente, 20%
do seu comprimento. Esse valor está relacionado aos nervos normais, visto que o tecido
nervoso lesado esteja com as suas propriedades biomecânicas modificadas.

Portanto, é fundamental o cuidado quanto à mobilização de um nervo, para não


produzir uma lesão ainda maior (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.1 LESÕES POR COMPRESSÃO


A compressão de um nervo induz tanto alterações estruturais como funcionais,
é necessário levar em consideração os fatores mecânicos como o nível de compressão
e o seu tempo e o modo de interpretações das lesões por compressão.

A duração da compressão e os níveis de pressão aplicados ao nervo, estão


relacionados às falhas no fluxo de sangue intraneural, transporte axonal e a condução
nervosa (SILVA; CAMPOS, 2006).

A sustentação prolongada ou compressão intermitente a baixos níveis de


pressão, por volta de (30 mmHg a 80 mmHg), induz um prejuízo ou, até mesmo, a
cessação completa da perfusão sanguínea intraneural no local comprimido. Essa
situação provoca a redução na condução nervosa e a depleção do transporte axonal
distal das proteínas, fundamentais para a compressão.

No entanto, se o mecanismo de lesão for retirado durante um período de duas


a quatro horas, o fluxo sanguíneo pode ser estabelecido completamente, existindo um
bom prognóstico (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os níveis mais altos de pressão, por volta de 200 a 400 mmHg, aplicados de
forma direta ao nervo, durante um curto período de tempo, induz a uma lesão estrutural
na fibra nervosa, tendo um bom prognóstico de recuperação incompleto. Portanto, a
magnitude de pressão aplicada e o tempo de permanência estão correlacionados à
gravidade da lesão por compressão.

144
O modo de aplicação da pressão é considerado um fator significante para a
produção da lesão. A compressão direta a um nervo a 400 mmHg provoca uma lesão
nervosa mais grave do que a compressão indireta, aplicada em volta da extremidade de
um membro a uma pressão de 1000 mmHg (HOUGLUM, 2015).

O que indica que as camadas de tecido presentes entre o nervo e a pele, auxiliam
na dissipação da força de compressão (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2 DIVISÃO DAS LESÕES NERVOSAS TRAUMÁTICAS


O trauma mecânico ultrapassa um certo grau referente ao estresse, fazendo
com que os mecanismos de proteção e estruturas dos nervos não sejam suficientes
(SILVA; CAMPOS, 2006).

NOTA
A classificação clínica para a lesão nervosa traumática mais utilizada é
a classificação clínica de Seddon, dividida do ponto de vista da perda e
recuperação funcional, morfologia, regeneração e prognóstico clínico.

FIGURA 25 – CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DE SEDDON

FONTE: O autor

2.2.1 Neuropraxia
A neuropraxia também é conhecida como nervo não atuante, a compressão
do nervo com a redução ou o bloqueio da condução nervosa. Isso pode ocorrer como
resultado do esmagamento da bainha de mielina, que se espalha pelos nódulos de
Ranvier, e dificutar na condução ou na própria isquemia compressiva, destruindo a
bainha e dificultando a condução (HOUGLUM, 2015).

145
Pode ocorrer uma redução ou perda da força, falta de reflexos tendíneos abaixo
da lesão, acarretando na perda sensorial, mas sem alteração na função simpática. O
prognóstico é considerado bom e a recuperação ocorre dentro de um a três meses
(SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.2 Axonotmese
A axonotmese ou corte do axônio corresponde a uma lesão do axônio e da bainha
de mielina, mantendo intactos apenas os envoltórios conjuntivos. Pode existir compressão,
tração, infeção e queimaduras, levando a uma perda variável da função sensitiva, motora e
simpática, além da atrofia muscular e arreflexia abaixo do local da lesão.

O prognóstico de recuperação é moroso, varia de alguns meses até mais de um


ano (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.2.3 Neurotmese
A neurotmese ou corte do nervo é uma ruptura completa do tronco nervoso,
isto é, do axônio, bainha de mielina e dos envoltórios conjuntivos que foram lesados.
Essa lesão é em decorrência das lacerações em função dos objetos perfurantes e
queimaduras graves, principalmente as elétricas, levando a um bloqueio completo da
condução nervosa, em função da perda total da função do órgão (HOUGLUM, 2015).

O prognóstico não é bom e o reparo normalmente é cirúrgico, através de sutura


ou enxerto nervoso. Caso a regeneração não ocorra até o período de 18 meses, é porque
existe a destruição de fibrose da placa motora, impedindo qualquer reinervação (SILVA;
CAMPOS, 2006).

2.3 MOBILIZAÇÃO DO TECIDO NERVOSO


A mobilização neural é apontada para o tratamento das desordens que possuem
origem mecânica (desordem não irritável) e desordem de origem inflamatória (desordem
irritável). As duas possibilidades podem existir ao mesmo tempo, porém sempre vai
existir a predominância de uma sobre o outra, considerando que uma situação pode
sempre predispor a outra (BUTLER, 2003).

Um sinal positivo de tensão neural nem sempre é indicado para a mobilização,


visto que a causa que pode estar envolvida a outras estruturas estraneurais,
principalmente quando o foco da patologia está em uma região de interface.

146
É fundamental lembrar que o tecido nervoso deve ser mobilizado e não apenas
alongado, a mobilização deve incluir o reconhecimento da resistência dos sintomas e
suas correlações aos movimentos (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.4 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO


A conduta fisioterapêutica está relacionada ao tipo de lesão (neuropraxia,
axonotmese e neurotmese), visto que alguns recursos terapêuticos não são considerados
eficazes para alguns casos de lesão (BUTLER, 2003).

2.4.1 Objetivos do tratamento fisioterapêutico


Para Butler (2003), existem vários objetivos relacionados ao tratamento
fisioterapêutico, entre eles:

• controle da dor e do edema;


• manutenção ou elevação da amplitude de movimento;
• manutenção ou elevação da força muscular;
• possibilitar a funcionalidade ao membro afetado;
• ensinamento dos cuidados com o membro afetado.

2.4.2 Recursos terapêuticos


A crioterapia é considerada uma forma muito eficaz para o tratamento referente
ao controle da dor e do edema.

A termoterapia promove a manutenção da circulação local, é considerada


uma forma fundamental, visto que o acúmulo dos catabólitos pode levar à lesão das
junções mioneurais, impossibilitando ou até finalizando a resposta aos estímulos (SILVA;
CAMPOS, 2006). A elevação da temperatura nesta região provoca um aumento na
circulação local, assim ajuda na remoção de todos os catabólitos.

Quanto à termoterapia, o calor é superficial e profundo, o superficial é utilizado


para os pacientes que apresentam uma grande perda da sensibilidade, em função do
risco de queimaduras (SILVA; CAMPOS, 2006). Já as formas de calor profundo são
utilizadas com cuidado nos pacientes que possuem uma grande perda da sensibilidade,
relacionada às queimaduras mais extensas e profundas e quando o paciente não
consegue informar de forma correta sobre elas.

147
A hidroterapia é considerada muito importante, é aplicado um calor superficial
e a massagem leve nas áreas em que estão lesadas (SILVA; CAMPOS, 2006). A pequena
melhora na circulação local, analgesia e o relaxamento são muito importantes para a
manutenção do metabolismo do nervo lesado.

O objetivo da massagem é realizar uma analgesia local por meio da estimulação


dos mecanorreceptores, liberando as aderências dos tecidos vizinhos, decorrentes da
intervenção cirúrgica ou do fator causal da lesão, e de uma forma mais leve do que na
aplicação de calor superficial, em função da elevação da temperatura local. Essa terapia
é indicada para a drenagem dos edemas e também para a melhoria da sensibilidade
proprioceptiva por meio da estimulação tátil (SILVA; CAMPOS, 2006).

No biofeedback é realizado o registro da atividade elétrica muscular por meio da


utilização de eletrodos de superfície, a atividade é observada por meio de um monitor.
Para o tratamento das lesões nervosas periféricas podem ser inseridos os eletrodos
nos músculos paréticos ou plégicos e o paciente é estimulado a realizar a contração,
obtendo uma resposta visual no monitor quanto à eficiência da sua contração muscular
(SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 26 – RECURSOS TERAPÊUTICOS

Crioterapia Termoterapia Hidroterapia

Massoterapia Biofeedback

FONTE: O autor

148
LEITURA
COMPLEMENTAR
Caro acadêmico, convidamos você para fazer a leitura do artigo Cadeia cinética
aberta e fechada: uma reflexão crítica, ele contribuirá com o seu entendimento sobre o
assunto. Por favor, leia da página 642 à 645 na íntegra.

CADEIA CINÉTICA ABERTA E FECHADA: UMA REFLEXÃO CRÍTICA

Auristela Duarte de Lima Moser


Mariane França Malucelli
Sandra Novaes Bueno

Introdução

Os termos, cadeia cinética aberta e cadeia cinética fechada, vêm sendo muito
usados nos últimos 15 anos pela comunidade da reabilitação. Neste período, muitas
pesquisas têm sido realizadas sobre o tema, a maioria envolvendo os exercícios para
membros inferiores na reabilitação do ligamento cruzado anterior (LCA).

A definição comumente utilizada para classificar exercícios em cadeia cinética


é a de que, se o segmento distal estiver livre para se mover no espaço e não sustentar
o peso corporal, a cadeia é considerada aberta, e na ocorrência do contrário a cadeia é
considerada fechada.

O assunto tomou grandes proporções em meados dos anos 90, quando foram
criados os protocolos envolvendo exclusivamente exercícios em cadeia cinética fechada
na reabilitação das lesões de LCA.

Graças à importância destes conceitos e sua repercussão nas práticas da reabilitação,


observa-se que sua utilização, aliada a várias práticas fisioterapêuticas, é feita sem que haja
discussão crítica sobre as decisões clínicas. Pode-se afirmar que não é o equipamento que
potencialmente pode lesar o paciente, e sim o clínico utilizando o equipamento. O uso correto e
criterioso evitará a deformação e prejuízos à reconstrução do LCA.

Todo tratamento possui riscos e benefícios e cabe ao terapeuta ser capaz de


identificá-los e analisá-los criticamente para melhor seleção dos recursos e o modo
de utilizá-los. Para que isto aconteça, é necessário que se tenha pleno conhecimento
das bases teóricas dos conceitos que sustentam as práticas terapêuticas. A discussão,
portanto, poderá favorecer uma reflexão sobre estes conceitos subsidiando a tomada
de decisões clínicas e terapêuticas e aumentando a resolutibilidade das práticas.

149
Metodologia

Procedeu-se a uma revisão de literatura a partir das bases de dados Medline


e Pubmed, selecionando ao fim 19 artigos, sendo alguns clássicos e outros mais
contemporâneos. Foram fontes de pesquisa também 15 livros de mecânica, dinâmica,
mecânica das máquinas e cinesiologia.

Os artigos foram captados de jornais de medicina desportiva e fisioterapia,


incluindo o American Journal of Sports Medicine, Journal of Sports and Physical
Therapy, Psysical Therapy, Journal of Sports Rehabilitation e Fisioter Mov. Foram
utilizadas as palavras-chave cadeia cinética, cadeia cinemática, cadeia cinética aberta,
cadeia cinética fechada, forças de cisalhamento, reabilitação do joelho.

Incluíram-se todos os artigos que traziam a definição de cadeia cinética fechada


e aberta, e mais quatro artigos escolhidos aleatoriamente que apesar de não trazerem
a definição, citavam exemplos de exercícios envolvendo cadeias cinéticas a título de
ilustração. Foram excluídos 15 artigos captados inicialmente, que apesar de abordarem
o tema, não traziam o conceito de cadeia cinética aberta e fechada.

Procedeu-se a uma leitura reflexiva das fontes, buscando-se o conceito de


cadeia cinética implícito ou explícito neles, bem como as concordâncias e divergências
encontradas nas descrições de exercícios utilizados na reabilitação com base nestas
cadeias. Esta triangulação de dados possibilitou a análise crítica exposta a seguir. Os
dados coletados foram sintetizados em um quadro exposto a seguir. A reflexão crítica
baseou-se em uma análise de conteúdo, de modo a extrair termos-chave que agrupados
levaram ao estabelecimento de categorias de discussão apresentadas no tópico de
resultados. Estas categorias foram elencadas pela sua importância no processo de
reflexão para o estabelecimento de práticas diagnósticas e terapêuticas.

Resultados

QUADRO 1 – RESUMOS DOS CONCEITOS UTILIZADOS SOBRE CCA E CCF

Autor Cadeia cinética fechada Cadeia cinética aberta

- Fitzgerald GK Sustentam o peso corporal. É Não sustentam o peso corporal,


(1997) necessário movimento em várias co m m ovim e nto o co rre ndo
- Bynum B (1995) articulações para que se complete em uma única articulação. O
o movimento, o segmento distal é segmento distal é livre para
- Yack J (1993)
normalmente fixo a uma superfície se mover, e a resistência é
- Hening CE (1985) sustentadora, e a resistência pode ser normalmente aplicada no
- Cohen ZA (2001) aplicada tanto distal quanto proximal segmento distal.
São seguros e eficazes e oferecem
- Bynum EB (1995) vantagens importantes sobre
exercíciosw em cadeia cinética aberta.
Exercícios que sustentam o peso Exercícios que não sustentam
- Henning CE
corporal causam menos deformação o peso corporal causam mais
- Yack HJ
no LCA. deformação no LCA.

150
O pé está normalmente em contato
- Prentice WE (1991 com o solo, o que faz ser mais
funcional.
Durante a extensão de perna
sentada, a força é aplicada
perpendicular à tíbia, causando
um momento em flexão somente
no joelho. Tal isolamento da
Exercícios como o agachamento
- Palmitier AR articulação durante o exercício
devem ser chamados simplesmente
(1994) não tira vantagem dos efeitos
de exercícios em cadeia cinética.
estabilizadores secundários
de outros músculos na
cadeia cinética inferior. Estes
exercícios devem ser chamados
simplesmente exercícios isolados.
Em uma cadeia cinética, cada
segmento que se move transmite
fo rç a s p a r a t o d o s o s o u t ro s
segmentos, afetando o movimento
- Davies Articulação isolada.
destes segmentos, e tem o seu
movimento influenciado pelas forças
transmitidas por outros segmentos
(interdependência).
Isto cria um sistema em que o
movimento em uma articulação
p ro d u z m ov i m e n t o e m t o d a s
as outras articulações de uma
- Steindler maneira previsível. O segmento Caracteriza-se pelo segmento
- Relaux distal da articulação é fixo (pode distal, que termina livre no espaço.
apresentar-se estacionário ou
móvel) e suporta considerável
resistência externa, o que impede
ou reduz seu movimento livre.
Uma cadeia cinemática é aquela
em que os elos e juntas formam
um ou mais circuitos fechados.
Cada circuito é um laço em que
cada elo é conectado a pelo menos
dois outros elos. Se estes elos são
conectados de uma maneira em que
nenhum movimento é possível, o
resultado é uma cadeia (estrutura)
fixa ou fechada. Uma cadeia restrita
é alcançada quando os elos estão
conectados de tal maneira que,
- Waldrom Não consta este termo nos livros
não importam quantos ciclos de
- Mabie de mecânica.
movimento passam através dos
elos, o movimento relativo será
sempre o mesmo entre os elos.
Também é possível conectar os elos
de maneira que resultará em uma
cadeia não restrita, o que significa
que o padrão de movimento varia
de tempo em tempo, dependendo
da quantidade de fricção presente
nas juntas. Se um elo de uma cadeia
restrita se torna fixo, o resultado
então é um mecanismo.

151
A gênese do conceito

A análise revela que o conceito de cadeia cinética passou a ser utilizado a partir de
1980, quando Reulaux lançou o conceito de elos rígidos e juntas na engenharia mecânica e
construção de máquinas, e classificou também cadeia cinemática e mecanismo.

Cadeia Cinemática é definida como uma montagem de elos e articulações


interconectadas de maneira que promova um movimento controlado em resposta a um
movimento fornecido como estímulo.

Mecanismo é definido como uma cadeia cinemática na qual pelo menos um elo
foi fixado, ou conectado, à moldura de referência, a qual pode estar em movimento.

Desde 1973, relaciona-se o conceito de cadeia cinemática com a biomecânica,


afirmando-se que o corpo humano pode ser visto como um sistema de elos rígidos
interconectados por articulações, e que o comportamento articular e recrutamento
muscular muda mais quando a extremidade encontra resistência do que quando está
livre. Posteriormente, esta afirmação foi corroborada em outros estudos.

Utilizados inicialmente, os termos cadeia cinética aberta e fechada tiveram como


objetivo prover um esquema de classificação que diferenciava dois enfoques distintos
de exercícios: o de cadeia cinética fechada, quando o segmento distal encontrava
resistência, sendo a ação muscular e a função articular diferentes de quando o segmento
distal era livre para se mover denominado de cadeia cinética aberta.

Assim, uma cadeia cinética aberta caracteriza-se pela liberdade do segmento


distal, ao passo que na cadeia cinética fechada o segmento distal da articulação é fixo
e suporta uma considerável resistência externa, o que impede ou reduz sua liberdade
de movimentação. Eventualmente a resistência interna poderá ser superada, e nesse
caso, a porção distal da articulação movimentar-se-á contra essa resistência. A partir da
definição original, alguns novos termos apareceram baseados em tal conceito.

O fato de Steindler não ter afirmado que o segmento distal deveria estar estático,
mas que se este superasse a resistência poderia movimentar-se contra esta, abriu
possibilidades para que outros exercícios se enquadrassem neste conceito. Nesse caso,
não somente o fato de não ser estático passou a ser fundamental, mas também o de
que os exercícios em CCF podem ter seu grau de liberdade reduzido e não somente seu
movimento impedido – como os exercícios até hoje estudados – passou a ter grande
importância no conceito de CCF.

Na Cinesiologia mais esclarecimentos foram veiculados sobre os termos cadeia


cinética fechada e aberta e cadeia cinemática. Veicula-se que as cadeias cinemáticas
se compõem de uma série de ligações rígidas que são interconectadas por uma série
de juntas centradas por um pino. Na engenharia, o sistema de juntas e ligações é

152
construído de tal forma que o movimento de uma ligação produzirá movimento de todas
as juntas de modo previsível. As cadeias cinemáticas da engenharia formam um sistema
fechado, ou cadeia cinemática fechada. Esta definição baseada na engenharia traz um
novo componente, a interdependência e a previsibilidade dos movimentos envolvidos
no sistema, formando assim um sistema fechado. Quando analisamos os exercícios ora
citados e comparamos com esta definição, vemos que o agachamento, considerado
cadeia cinética fechada, não forma um sistema fechado, pois a extremidade do tronco
está livre para se mover no espaço. Então o agachamento não deveria ser classificado
como um exercício em cadeia cinética fechada.

Numa discussão mais contemporânea, questiona-se sobre o sistema de elos


fechados e a existência de exercícios em cadeia cinética fechada pura, afirmando que
os exercícios devem ser combinações dos dois tipos de cadeia.

Tanto Norkin quanto Andrews usaram a mesma referência para seus estudos
individuais, o livro Cinesiologia de Brunnstrom, que considera como a principal característica
de uma cadeia cinemática aberta a liberdade do segmento distal no espaço, enquanto que
na cadeia cinemática fechada o segmento distal é fixo. Aparentemente, isto não constitui
novidade, mas ele também afirma que “cadeias cinemáticas fechadas são comumente
usadas em máquinas; e cadeias cinemáticas abertas são mais comuns no corpo humano,
como exemplificada na coluna vertebral e nos membros”. Porém são encontradas algumas
cadeias fechadas também no corpo humano, como o cinturão pélvico em que os segmentos
estão unidos por duas articulações sacras ilíacas, a sínfise púbica e a caixa torácica, em que
cada costela com sua conexão vertebral e esternal forma um anel.

Analisando tais afirmações e comparando com a engenharia é correto


afirmar que somente alguns exemplos de cadeia fechada são encontrados no
corpo humano, pois realmente formam um sistema fechado. Analisando a anatomia
humana verificamos que outro exemplo se enquadra nesta definição: a articulação
temporomandibular, que é fechada em ambos os lados, havendo interdependência
quanto ao movimento e as forças que o determinam. Nos livros de Cinesiologia
encontra-se também o conceito de cadeia cinemática trazido por Steindler para a
reabilitação, mudando a denominação para cadeia cinética. A distinção de cinemática
e cinética pode contribuir para verificar se a diferença entre os dois é relevante e
se traz alguma alteração à definição original. Diferencia-se cinética e cinemática
quando se afirma que a cinemática se ocupa apenas dos aspectos geométricos do
movimento enquanto que a cinética analisa as forças causadoras. A definição de
cadeia cinemática trazida por livros de mecânica não considera as forças envolvidas
na produção dos movimentos, aceitando como cadeia cinemática qualquer arranjo
de elos rígidos conectados por juntas. Os elos e juntas formam um ou mais circuitos
fechados e cada circuito fechado é um laço em que cada elo é conectado a pelo menos
dois outros elos. Quando um número de elos é conectado em pares, o resultado é uma
cadeia cinemática. Se estes elos são conectados de uma maneira em que nenhum
movimento é possível, o resultado é uma cadeia (estrutura) fixa ou fechada.

153
Considera-se uma cadeia restrita quando os elos estão conectados de tal modo
que independentemente de quantos ciclos de movimento passam através deles, o
movimento relativo será sempre o mesmo entre os elos. Também é possível conectar os
elos de maneira que resulte em uma cadeia não restrita, o que significa que o padrão de
movimento varia de tempos em tempos dependendo da quantidade de fricção presente
nas juntas. Quando o elo de uma cadeia restrita se torna fixo, o resultado então é um
mecanismo.

[...]

FONTE: MOSER, A. D. L.; MALUCELLI, M. F.; BUENO, S. N. Cadeia cinética aberta e fechada: uma reflexão crítica.
Rev. Fisioterapia em movimento, v. 23, n. 4, p. 641-650, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/
pdf/fm/v23n4/a14v23n4.pdf. Acesso em: 4 maio 2020.

154
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico, você aprendeu:

• É fundamental estudar os tipos de lesão do tecido nervoso por estiramento e por


compressão.

• As lesões nervosas traumáticas são divididas em neuropraxia, axonotmese e


neurotmese.

• Para que o tratamento fisioterapêutico tenha excelentes resultados, deve ser


levado em consideração os objetivos do tratamento fisioterapêutico e os recursos
terapêuticos utilizados.

155
AUTOATIVIDADE
1 Existem vários recursos terapêuticos que podem ser utilizados para o tratamemto,
entre eles, a crioterapia, a termoterapia, a hidroterapia, a massoterapia e o biofeedback.
Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o objetivo da massagem:

a) ( ) Realizar uma analgesia geral por meio da estimulação dos nociceptores.


b) ( ) Realizar uma analgesia local por meio da estimulação dos termoceptores.
c) ( ) Realizar uma analgesia geral por meio da estimulação dos qumioceptores.
d) ( ) Realizar uma analgesia local por meio da estimulação dos mecanorreceptores.

2 A classificação clínica de Seddon é a classificação para a lesão nervosa traumática


mais utilizada. Sobre a correlação das divisões da classificação clínica de Seddon
com os seus respectivos significados, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Neuropraxia.
II- Axonotmese.
III- Neurotmese.

a) Corresponde a uma lesão do axônio e da bainha de mielina, mantendo intactos


apenas os envoltórios conjuntivos.
b) Ruptura completa do tronco nervoso, isto é, do axônio, bainha de mielina e dos
envoltórios conjuntivos que foram lesados.
c) Também é conhecida como nervo não atuante, a compressão do nervo com a redução
ou o bloqueio da condução nervosa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I – b; II – a; III – c.
b) ( ) I – c; II – b; III – a.
c) ( ) I – a; II – b; III – c.
d) ( ) I – c; II – a; III – b.

3 Existem vários objetivos que estão envolvidos no tratamento fisioterapêutico. Sobre


os objetivos envolvidos no tratamento fisioterapêutico, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Controle da dor e do edema.


( ) Manutenção ou diminuição da amplitude de movimento.
( ) Manutenção ou elevação da força muscular.
( ) Possibilitar a funcionalidade ao membro afetado.

156
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) F – V – V – V.

157
ANOTAÇÕES

158
UNIDADE 3 —

TREINAMENTO DO
CORE, RECURSOS E
MARCHA HUMANA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• estudar em detalhes o treinamento de estabilização do core em reabilitação;

• estudar em detalhes a psicomotricidade;

• aprender sobre o sistema sensório motor;

• abordar sobre a marcha humana;

• abordar sobre marcha patológica.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE EM REABILITAÇÃO


TÓPICO 2 – PSICOMOTRICIDADE
TÓPICO 3 – SISTEMA SENSÓRIO MOTOR
TÓPICO 4 – MARCHA HUMANA
TÓPICO 5 – MARCHA PATOLÓGICA
TÓPICO 6 – PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

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Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
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159
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A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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160
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO DO
CORE EM REABILITAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, apresentaremos a eficiência e a atuação do core, o treinamento
do core, as observações sobre a postura, os desequilíbrios musculares, as condutas
específicas para o treinamento do core, o protocolo de estabilização do core e os
programas de treinamento do core.

O treinamento da estabilização da musculatura do core ou centro de força


faz parte do programa de tratamento em reabilitação para os mais diversos tipos de
pacientes. Através do treinamento ocorre uma melhora quanto ao controle postural,
maior equilíbrio decorrente da melhora artrocinética articular em volta do complexo
lombo pélvico quadril (VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 1 – TREINAMENTO DO CORE

FONTE: <https://bit.ly/3oPRNAo>. Acesso em: 15 maio 2020.

2 EFICIÊNCIA E ATUAÇÃO DO CORE


Quando o core está eficiente, ocorre a manutenção da relação comprimento-
tensão normais dos músculos agonistas e antagonistas funcionais. Essa manutenção
do comprimento-tensão permite que todas as relações força do complexo lombo-
pélvico do quadril sejam ativadas (SILVA; CAMPOS, 2006).

A manutenção das relações comprimento-tensão normais e as relações no


par de forças agonistas e antagonistas possibilita a manutenção da artrocinética
ideal no complexo lombo-pélvico-quadril durante os movimentos da cadeia cinética
(VOIGHT et al., 2014).
161
Segundo Silva e Campos (2006), essa prática possibilita uma grande eficiência
neuromuscular, ideal durante os movimentos funcionais, possibilitando a existência da
aceleração, da desaceleração e da estabilização dinâmica ideais.

Existe também a estabilidade proximal para os membros superiores e inferiores.


O core atua como uma unidade funcional integrada onde toda a cadeia cinética funciona
de forma sinérgica. O objetivo é a produção e a redução da força, além da estabilização
de forma dinâmica em oposição às forças desproporcionais presentes em algumas
regiões (VOIGHT et al., 2014).

Quando existe eficiência, cada componente estrutural faz a distribuição do


peso, absorção da força e a transferência das forças de reação ao solo de forma correta
(SILVA; CAMPOS, 2006).

O sistema integrado e interdependente deve ser treinado de uma maneira ideal


para que possa atuar de forma eficiente durante todas as atividades de cadeia cinética
dinâmicas (KISNER; COLBY, 2009).

3 TREINAMENTO DO CORE
Quando os músculos dos membros são fortes e o core é fraco, eles não são
capazes de estabilizar de forma suficiente o tronco para que possam ser produzidos
os movimentos considerados mais competentes dos membros superiores (KISNER;
COLBY, 2009). Os indivíduos, por meio do treinamento do core, desenvolvem:

• força funcional;
• potência;
• controle neuromuscular;
• resistência nos músculos motores primários.

A fraqueza do core é considerada um problema funcional para vários movimentos


não eficientes que provocam as lesões (SILVA; CAMPOS, 2006). Toda a musculatura do
core é um constituinte integral do mecanismo de proteção que alivia a coluna vertebral
de todas as forças nocivas referente às atividades funcionais. Existem no total 29
músculos que estão ao redor do tronco na linha da coluna lombar (VOIGHT et al., 2014).

IMPORTANTE
Os principais músculos são os abdominais, lombares, glúteos e
oblíquos, apresentando uma ligação com o complexo lombo-pélvico
do quadril, fazendo um importante suporte e estabilização do quadril,
pelve e abdômen (KISNER; COLBY, 2009).

162
O core corresponde ao complexo lombo-pélvico do quadril, considerado o centro
de gravidade e o local onde todos os movimentos são iniciados (VOIGHT et al., 2014).

FIGURA 2 – MÚSCULOS DO CORE

FONTE: <https://bit.ly/3BBOwwi> Acesso em: 15 maio 2020.

Segundo Voight et al. (2014), um programa de treinamento da estabilização da


musculatura do core deve ser executado com o objetivo de:

• ganho de força;
• controle neuromuscular;
• potência;
• resistência muscular do complexo lombo-pélvico-quadril.

O maior controle tanto neuromuscular como da força de estabilização permite


uma posição que seja biomecanicamente mais eficaz, garantindo uma maior eficiência
neuromuscular.

A eficácia neuromuscular é garantida através da união do alinhamento postural


(estático e dinâmico) e a força da estabilidade que possibilita que o corpo desacelere
a gravidade, forças de reação ao solo e impulso na articulação correta, plano correto e
também no tempo correto (SILVA; CAMPOS, 2006).

Nos casos em que o sistema neuromuscular não é eficiente, este não será mais
capaz de responder às demandas necessárias, determinadas sobre ele, durante as
atividades funcionais. Quando a eficiência do sistema neuromuscular está reduzida, a
capacidade da cadeia cinética está diminuída de forma significativa (VOIGHT et al., 2014).
Já nos casos da eficiência neuromuscular reduzida, existe tanto os padrões de movimentos
como a substituição, além de uma postura anormal durante as atividades funcionais.

163
Todas estas posturas pobres acarretam um estresse mecânico elevado sobre os
tecidos contráteis e não contráteis, provocando pequenos traumas de forma repetitiva,
biomecânica anormal e lesão (SILVA; CAMPOS, 2006).

4 OBSERVAÇÕES SOBRE A POSTURA


A finalidade do core é fazer a manutenção do alinhamento postural e do equilíbrio
postural dinâmico ao longo de todas as atividades funcionais realizadas (VOIGHT et al.,
2014). O alinhamento considerado o ideal para cada região do corpo, é um ponto muito
importante para o treinamento funcional e para um programa de tratamento.

A postura e o alinhamento correto garantem uma eficiência neuromuscular


máxima, visto que a relação normal comprimento-tensão, combinação entre as forças
agonistas e antagonistas e a artocinemática são conservadores ao longo dos padrões
de movimentos funcionais (SILVA; CAMPOS, 2006).

Quando um segmento na cadeia cinética não está dentro do alinhamento, existe


a disfunção ao longo de toda a cadeia cinética. Esses padrões são relacionados como
padrões de distorção em série, estando associados ao estado em que a integridade
da estrutura corporal está prejudicada devido aos segmentos da cadeia cinética quando
não estiverem alinhados (VOIGHT et al., 2014). Essa alteração leva às forças de distorção
anormais que estão colocadas nos segmentos da cadeia cinética, podendo estar acima
ou abaixo do segmento que estão com disfunção.

Para impedir os padrões de distorção em série e a relação em cadeia cinética que


é criada por um segmento desalinhado, deve ser salientada as posições estáveis para que
possam manter a integridade estrutural de toda a cadeia cinética (KISNER; COLBY, 2009).

Um excelente programa de estabilização da musculatura do core é capaz de


prevenir a existência de vários padrões de distorção e vai providenciar um maior controle
da postura dinâmica ideal ao longo dos movimentos funcionais (VOIGHT et al., 2014).

5 DESEQUILÍBRIOS MUSCULARES
O core com um funcionamento adequado auxilia na prevenção quanto ao
aumento dos desequilíbrios musculares, além da dominância sinérgica. O sistema
de movimento humano é considerado muito eficiente, cujos componentes estão
relacionados e são interdependentes (VOIGHT et al., 2014). A interação funcional
de um dos componentes no sistema de movimento humano possibilita a eficiência
neuromuscular, considerada ideal.

164
As mudanças na artrocinética das articulações, equilíbrio muscular e no controle
neuromuscular alteram o funcionamento de toda a cadeia cinética, considerado ideal
(KISNER; COLBY, 2009).

É muito difícil que a disfunção da cadeia cinética pode ocorrer de forma


isolada, normalmente a patologia da cadeia cinética é considerada uma reação em
cadeia que engloba algumas partes fundamentais da cadeia cinética, existindo várias
compensações e adaptações que são desenvolvidas. A participação de vários músculos
em uma articulação é a responsável quanto ao controle coordenado do movimento
(VOIGHT et al., 2014).

Quando o core é fraco, a artrocinética está modificada, as alterações na


relação comprimento-tensão e força-par (agonista – antagonista) altera o controle
neuromuscular. Já quando é o músculo que está fraco, tenso ou alterado ou modificado
o seu grau de ativação, os sinérgicos, estabilizadores e os neutralizadores estão
compensados (KISNER; COLBY, 2009).

A rigidez muscular apresenta um impacto que é considerado muito significativo
na cadeia cinética, essa rigidez altera a relação normal do comprimento-tensão,
alterando a relação força-par normal.

A artrocinética modificada altera a função sinérgica da cadeia cinética, o que


leva a uma disposição da pressão anormal sobre as superfícies articulares e os tecidos
moles. A rigidez muscular também provoca a inibição recíproca (VOIGHT et al., 2014).
Portanto, se um deles apresentar o desenvolvimento dos desequilíbrios musculares em
todo o complexo lombo-pélvico do quadril, pode alterar toda a cadeia cinética.

A existência de um padrão de desequilíbrio muscular diminui a estabilidade


normal lombo-pélvico do quadril (KISNER; COLBY, 2009). Os padrões de substituição
específicos, desenvolvidos como forma de compensar a falta da estabilização, estando
inclusos a rigidez no trato iliotibial. Esse padrão de desequilíbrio muscular provoca um
maior estresse frontal e transversal na altura do joelho.

O core fortalecido possui uma eficiência neuromuscular ótima, auxiliando quanto


à prevenção de desequilíbrios musculares (KISNER; COLBY, 2009). Portanto, o programa
de treinamento de estabilização da musculatura do core é considerado um integrante
completo de todos os programas de tratamento (VOIGHT et al., 2014).

O core forte e eficaz garante a presença de uma base mais estável, cujos
membros atuam com precisão e eficiência máxima. A coluna vertebral, pelve e quadril
precisam estar alinhados de forma adequada com a ativação de todos os músculos, no
decorrer de qualquer exercício para o fortalecimento do core (KISNER; COLBY, 2009).

165
Nenhum músculo trabalha de forma isolada, deve ser levado em consideração
tanto a posição como a atividade de todos os músculos ao longo dos exercícios em
cadeia cinética aberta e fechada (VOIGHT et al., 2014).

6 CONDUTAS ESPECÍFICAS PARA O TREINAMENTO DO CORE


É fundamental que antes de iniciar o tratamento, o paciente passe por uma
avaliação completa quanto à estabilização do core, em que deve ser avaliada a presença
dos desequilíbrios musculares. Os déficits artrocinemáticos devem ser corrigidos antes
de começar o programa de treinamento intensivo do core (VOIGHT et al., 2014).

O tratamento da estabilização do core deve sempre ser sistemático, progressivo


e funcional. O programa de reabilitação deve iniciar no ambiente mais provocador que
um indivíduo consiga controlar e focar na contração muscular tendo vários objetivos,
conforme pode ser observado na figura a seguir (KISNER; COLBY, 2009):

FIGURA 3 – OBJETIVOS DO PROGRAMA DE REABILITAÇÃO

Estabilização
Produção de força Diminuição da força
dinâmica
(contrações (contrações
(contrações
concêntricas) excêntricas)
isométricas)

FONTE: O autor

A progressão contínua da função deve ser permanente, sendo necessário o


acompanhamento sistemático, este programa deve ser manipulado de forma regular
(VOIGHT et al., 2014).

7 PROTOCOLO DE ESTABILIZAÇÃO DO CORE


O terapeuta deve trabalhar com foco proprioceptivo, selecionando os exercícios
apropriados, para que possa atingir uma máxima resposta ao treinamento. Todos os
exercícios devem ser bastante seguros, sendo fundamental a existência de exercícios
com múltiplos planos, incorporação de um ambiente multissensorial decorrentes das
capacidades de movimentos funcionais (KISNER; COLBY, 2009).

O objetivo da estabilização do core deve ser baseado no desenvolvimento de


melhores níveis quanto à força funcional e à estabilização dinâmica. Já a adaptação
neural deve ser considerada o foco do programa, não apenas os ganhos quanto à força
absoluta (VOIGHT et al., 2014). Nos ambientes de tratamento, é fundamental que seja
atingida a elevação da propriocepção através da utilização de vários dispositivos como:

166
• bolas;
• colete com carga;
• halteres; entre outros exemplos (KISNER; COLBY, 2009).

8 PROGRAMAS DE TREINAMENTO DO CORE


Este programa de treinamento passa por uma progressão de forma sistemática,
seu principal objetivo é o treinamento dos estabilizadores do tronco, ativos em todas
as fases das atividades funcionais. Essas atividades englobam as posturas estáticas
simples, como os movimentos para sentar-se ou levantar, devendo ser alteradas para
tarefas mais complexas (VOIGHT et al., 2014).

É fundamental que todos os pacientes tenham consciência corporal para


que consigam fazer a ativação dos músculos que fazem parte do core através do
posicionamento de forma correta, o controle neuromuscular e o nível da geração de
força necessária para a realização de cada uma das tarefas.

A ativação dos músculos estabilizadores profundos do core, como os músculos


transversos do abdômen e o multífidos de forma coordenada com os padrões normais
da respiração, é a base para todos os exercícios do core (KISNER; COLBY, 2009).

Uma forma para iniciar o treinamento é solicitar para o paciente ficar de frente
para o espelho, pedindo que ele coloque as suas mãos em cima da crista ilíaca, de
maneira que os dedos fiquem anteriormente aos músculos transversos do abdômen e
oblíquos internos.

A melhor forma para solicitar essa postura aos pacientes, é pedir para que eles
coloquem as suas mãos sobre o quadril (VOIGHT et al., 2014). É solicitado para que
os pacientes puxem o umbigo para dentro, na direção da coluna vertebral, sem que
movimentem o tronco ou o corpo enquanto estão respirando normalmente.

Todos estes processos auxiliam na inclusão da técnica de contenção corporal


total e a utilização dos membros superiores e inferiores para auxiliar na estabilização
corporal total (KISNER; COLBY, 2009).

No momento em que o paciente ativa, de forma correta, os músculos


do core, é indicado que uma corda seja amarrada em volta da cintura para que
possa ser utilizado como um feedback. A corda deve ficar no local ao longo de
toda a progressão do exercício, dando um importante feedback para o paciente
no momento em que é perdido o controle dos músculos transverso do abdômen e
multífidos (VOIGHT et al., 2014). Esta posição adotada é denominada de posição de
poder ou base de origem.

167
A partir do momento que o controle neuromuscular dos músculos do abdômen
e multífidos são atingidos, os exercícios devem ser continuados em outras posições. A
posição quadrúpede é considerada uma excelente postura para que o paciente possa
aprender e elevar a sua posição de poder. Uma forma para deixar o corpo mais firme e
reduzir os movimentos do tronco é solicitar que os pacientes deixem um copo de água
sobre a região lombo-sacral (KISNER; COLBY, 2009).

O paciente é instruído para deixar o tronco reto – como se fosse uma mesa
– puxando o estômago para dentro, em direção à coluna vertebral, de forma que os
músculos transversos do abdômen e multífidos sejam ativados, mantendo o padrão da
respiração normal (VOIGHT et al., 2014).

NOTA
O tempo mínimo que essa posição deve ser mantida é de 10
segundos, aumentando posteriormente para 30 a 60 segundos,
trabalhando a resistência de todos os músculos do tronco.

É indicado que o paciente faça a liberação da contração excêntrica de forma


lenta, não devendo existir nenhum movimento da coluna vertebral ao longo da fase
de liberação.

Quando o paciente dominar essa posição, o terapeuta deve progredir para


maiores intensidades de exercícios, elevando a dificuldade por meio de uma maior
resistência sobre os músculos do core (KISNER; COLBY, 2009).

As possiblidades para aumentar as posições de quadrúpede e prancha tornam


a base de suporte instável, através da utilização de bolas, espumas ou pranchas para
oscilação. A base de suporte pode ser menos estável estando mais estreita, podendo
ser retirado um ponto da estabilidade, por exemplo, um suporte de um braço ou de uma
perna (VOIGHT et al., 2014).

A resistência externa também é utilizada para o braço ou para a perna, essa


carga pode ser mantida em uma posição estática ou movida de forma dinâmica, como
no padrão de facilitação neuromuscular proprioceptiva para os membros superiores. A
inclusão da rotação do tronco é considerada uma progressão da posição da prancha
frontal, aumentando a dificuldade do exercício (KISNER; COLBY, 2009).

Todas as atividades são muito desafiadoras do ponto de vista proprioceptivo,


podendo ser utilizadas as bases de suporte instáveis ou, ainda, retirar o impulso visual,
solicitando que o paciente realize os exercícios sempre com os olhos fechados.

168
Outra posição utilizada para o treinamento dos músculos do core é a da prancha
lateral, mesma posição utilizada para o teste de resistência dos músculos laterais do
tronco (VOIGHT et al., 2014). A posição da prancha lateral básica começa por meio de
um braço de alavanca encurtado, cujos joelhos estão em flexão a 90º, e uma bola sobre
a região das axilas para reduzir uma pressão sobre as regiões do ombro e cervical.

No caso dos pacientes que possuem fraquezas nos membros superiores, a


bola ajuda na capacidade para executar a sequência nas pranchas laterais e diminuir a
probabilidade das lesões ou das tensões os músculos do quadrante superior (KISNER;
COLBY, 2009). O paciente deve ser orientado para que mantenha a sua posição de poder
sempre ativada ao longo de todas as posições.

O desenvolvimento da dificuldade é parecido com a prancha frontal, vista


anteriormente. A evolução vai de meia prancha lateral à prancha lateral total (VOIGHT
et al., 2014). Deve ser posicionado uma bola maior sobre o antebraço do braço de
apoio, enquanto isso, na posição de prancha lateral total, pode existir a mudança
quanto à estabilidade da base de suporte. Posicionado com uma bola menor sobre o
pé da prancha lateral total, que é considerada uma posição difícil para manter, deve ser
utilizado somente para os pacientes que estão em um estágio mais avançado, que tem
um ótimo controle do core (KISNER; COLBY, 2009).

A ponte com o tronco em decúbito dorsal avança de uma base mais estável para
uma mais instável, fazendo o posicionamento da bola na região escapular ou abaixo dos
pés. Os exercícios devem avançar em posições de cadeia aberta para cadeia fechada,
além dos mesmos princípios de progressão que são utilizados para a cadeia fechada
(VOIGHT et al., 2014).

Deve ser iniciado na posição de poder com a base estável e as posições


estáticas mantidas, trabalhando sobre a resistência muscular do core e feito
a progressão para as superfícies instáveis, forças externas que estimulam as
perturbações do equilíbrio, como arremessar e apanhar uma bola ou os movimentos
dinâmicos em cima de uma bola.

A progressão final da posição da cadeia fechada é a progressão dos exercícios para


as atividades funcionais específicas, fundamentais para cada paciente (KISNER; COLBY, 2009).
As funções são variadas de acordo com as atividades realizadas no dia a dia, por exemplo, as
atividades de subir escadas, levantar e carregar caixas ou atividades esportivas.

O terapeuta avalia de forma cuidadosa cada um dos pacientes, através da


utilização de todas as posições específicas para o treinamento neuromuscular e a
resistência de todos os músculos que fazem parte do core, com um cuidado especial
quanto ao músculo transverso do abdômen e multífidos (VOIGHT et al., 2014).

169
A posição de poder não pode ser abandonada quando o paciente está realizando
outros tipos de exercícios, como o levantamento de pesos, caminhadas ou, ainda,
outros tipos de atividades aeróbicas, como o step ou a corrida. O paciente deve manter
sempre a cadência de todos os seus passos durante a caminhada ou na corrida na
esteira ergométrica, mantendo cadência, reduzindo, com isso, o impacto das forças do
pé, estendendo-se até a cadeia cinética.

A técnica permite que os membros inferiores absorvam excentricamente as


forças da gravidade ao longo da caminhada ou corrida, ativando todos os músculos dos
membros inferiores e o core de forma funcional excêntrica (KISNER; COLBY, 2009).

O equipamento de extensão posterior chamado de cadeira romana é muito


utilizado para o trabalho de fortalecimento de todos os músculos extensores lombares
(VOIGHT et al., 2014). É fundamental que o paciente esteja ciente quanto à manutenção
da posição de poder ao longo de todo o período, o tronco deve ficar em um plano reto
durante todo o padrão de movimento.

Os músculos isquiotibiais e os glúteos começam o momento de extensão do


tronco quando se movem por meio de uma extensão do tronco, movendo-se da posição
flexionada para a posição neutra (KISNER; COLBY, 2009).

A extensão lombar ou lordose no nível da parte lombar da coluna vertebral


não deve ocorrer. A hiperextensão da parte lombar da coluna não deve ser estimulada
por meio deste exercício (VOIGHT et al., 2014). Esse tipo de exercício deve ser utilizado
apenas quando o paciente possui um ótimo controle do core e sabe ficar na posição de
poder, conseguindo manter uma posição estável ao longo do exercício.

Outra forma de hiperextensão muito comum é o exercício chamado de super-


homem, cujo paciente fica em decúbito ventral e estende, de forma ativa, os membros
superiores, e os inferiores, de forma simultânea (KISNER; COLBY, 2009). Assim, o
fortalecimento do core deve sempre iniciar por meio do controle neuromuscular,
primordial para os músculos transverso do abdômen e multífidos executados em
posição de poder.

O fortalecimento dos abdominais não é considerado o ponto principal, mas a


resistência abdominal como um tronco estabilizado que eleva a função e previne ou
reduz uma lesão (VOIGHT et al., 2014).

O tronco deve ser dinâmico e capaz de fazer a movimentação em múltiplas


direções e em várias velocidades, ainda existe a estabilidade interna que promove
uma base forte de suporte ao invés de fazer a sustentação da mobilidade funcional e
a função do membro. A posição deve sempre ser realizada ao longo da sequência do
exercício, além de todos os exercícios ser individualizados, em função da necessidade
de cada um dos pacientes (KISNER; COLBY, 2009).

170
O grande segredo é a integração de todos os exercícios individuais nos
padrões funcionais, estimulando todas as exigências para cada uma das atividades
inicialmente simples. Essas atividades são progredidas para os níveis considerados
mais elevados das capacidades necessárias para cada paciente de forma individual
(VOIGHT et al., 2014).

171
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• A atuação do core é muito eficiente para o tratamento das mais diversas patologias,
entre elas: respiratórias, ortopédicas, neurológicas entre outras.

• O treinamento da estabilização da musculatura do core ou centro de força faz parte


do programa de tratamento em reabilitação para os mais diversos tipos de pacientes.

• Quando o core está eficiente, ocorre a manutenção da relação comprimento-tensão


normais dos músculos agonistas e antagonistas funcionais

• A existência de um padrão de desequilíbrio muscular diminui a estabilidade normal


lombo-pélvico do quadril

• As condutas específicas para o treinamento do core são muito importantes e eficientes.

172
AUTOATIVIDADE
1 O treinamento da estabilização da musculatura do core ou centro de força faz parte
do programa de tratamento em reabilitação. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o número total de músculos do core:

a) ( ) 25.
b) ( ) 29.
c) ( ) 15.
d) ( ) 18.

2 Quando o core atua de forma normal, existe uma relação comprimento-tensão


correta dos agonistas e antagonistas funcionais. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta o que a manutenção do core possibilita:

a) ( ) Que todas as relações força par normais do complexo lombo-pélvico do quadril


sejam ativadas.
b) ( ) Que todas as relações força par anormais do complexo lombo-pélvico do quadril
sejam ativadas.
c) ( ) Que todas as relações força par normais do complexo lombo-pélvico do ombro
sejam ativadas.
d) ( ) Que todas as relações força par normais do complexo escápula-clavícula do
úmero sejam ativadas.

3 Quando os músculos dos membros são fortes e o core é fraco, eles não serão capazes
de estabilizar de forma suficiente o tronco. Com relação ao que será desenvolvido nos
indivíduos através do treinamento do core, classifique V para as opções verdadeiras e
F para as falsas:

( ) Força funcional.
( ) Potência.
( ) Controle neuromuscular.
( ) Resistência nos músculos motores primários.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) V – V – V – V.

173
174
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
PSICOMOTRICIDADE

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos todos os fatores responsáveis pela estruturação
psicomotora global, entre eles a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, o esquema e
imagem corporal, a estruturação espaço-temporal e a percepção. Também estudaremos
a importância da associação da fisioterapia com a psicomotricidade.

A psicomotricidade é uma ciência que está interligada a várias outras ciências,


baseada na biologia, psicologia, sociologia, entre outras áreas.

É o campo que estuda as relações entre a atividade mental e a atividade motora,


sendo que a atividade mental é o conjunto que incorpora as sensações, as emoções, os
afetos, os medos, as representações, os símbolos e as ideias (GUYTON, 2017).

NOTA
Toda atividade motora agrega a comunicação entre os cinco subsistemas
motores neurológicos principais.

Na figura a seguir, você poderá observar todos os subsistemas motores neurológicos.

FIGURA 4 – SUBSISTEMAS MOTORES NEUROLÓGICOS PRINCIPAIS

Piramidal

Extrapiramidal

Cerebelar

Reticular

Medular

FONTE: O autor

175
A atividade motora compreende um grupo de estudos psicológicos, biológicos,
fisiológicos e neurológicos, possibilitando a utilização do corpo como um mediador,
portanto, o ato motor humano garante a incorporação desse indivíduo consigo mesmo
e com o mundo onde estão disponíveis todos os objetos e os indivíduos.

O desenvolvimento psicomotor está diretamente ligado ao processo de


maturação desde a concepção, o corpo é considerado a origem de todas as aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas (GUYTON, 2017). O funcionamento do sistema psicomotor
incorpora os seguintes sistemas:

• estimulação;
• integração;
• sistema de resposta.

É através do sistema de estimulação que as informações do ambiente interno e


externo são reunidas, por meio dos órgãos sensoriais, e transmitidas para outro sistema
chamado de sistema de integração (ALVES, 2012).

No sistema de integração existe a conservação e o processamento de todas as


informações que servem de base para ativar a percepção, a memória, o planejamento e a
consciência, enquanto a externalização da ação motora é realizada por meio do sistema
de resposta. Para Kolt e Mackler 2008), o desenvolvimento neuromotor acompanha um
padrão ordenado em direção céfalo-caudal, proximal-distal, geral para o específico e
com intervalos que compreendem:

• 0 aos 7 anos;
• 8 aos 12 anos;
• 13 aos 14 anos.

2 FATORES RESPONSÁVEIS PELA ESTRUTURAÇÃO


PSICOMOTORA GLOBAL
Existem seis fatores que atuam de forma harmônica e que auxiliam a
estruturação psicomotora global, a organização desses seis fatores ocorre de forma
vertical e obedece a seguinte hierarquia (ALVES, 2012):

FIGURA 5 – FATORES RESPONSÁVEIS PELA ESTRUTURAÇÃO PSICOMOTORA GLOBAL

Tonicidade Equilíbrio Lateralidade

Esquema e Estruturação
Percepção
imagem corporal espaço-temporal

FONTE: O autor

176
2.1 TONICIDADE
A tonicidade acontece por meio dos aprendizados neuromusculares, como
conforto tátil e a integração dos padrões motores, presentes do nascimento até os
12 meses de idade. Esse fator é classificado em: tônus de postura, de repouso e de
sustentação (KOLT; MACKLER, 2008).

2.2 EQUILÍBRIO
O equilíbrio começa a ficar evidente durante o aprendizado da postura bípede,
segurança gravitacional e a evolução dos padrões locomotores, entre os 12 meses a
dois anos de idade (ALVES, 2012).

2.3 LATERALIDADE
A lateralidade ocorre por meio da integração sensorial, investimento emocional,
ampliação das percepções generalizadas e dos sistemas aferentes e eferentes, ao longo
dos dois aos três anos de idade (KOLT; MACKLER, 2008).

2.4 ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL


O esquema e imagem corporal é construído por meio da noção do Eu,
conscientização corporal, percepção corporal e as práticas de imitação, estando
presentes ao longo dos três aos quatro anos de idade.

A conscientização do próprio corpo é atingida por meio do desenvolvimento do


esquema corporal, que fazem partes da sua composição e todas as possibilidades dos
movimentos, posturas e atitudes (ALVES, 2012).

O esquema corporal é o elemento fundamental e essencial para a constituição


da personalidade de qualquer indivíduo. Já a imagem corporal é a forma como o corpo
humano é apresentado para o indivíduo, é a aparência do corpo humano constituída
mentalmente. É mencionada como uma imagem tridimensional do corpo humano, uma
vez que estão relacionadas com representações mentais que são guardadas como
impressões pelo córtex sensorial (KOLT; MACKLER, 2008).

2.5 ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL


Esse fator está presente dos quatro aos cinco anos de idade (ALVES, 2012). A
estruturação espaço-temporal está baseada nos alicerces para o desenvolvimento do

177
esquema corporal, sem o qual a criança não é capaz de se reconhecer em si mesma,
dificilmente consegue perceber e compreender o espaço que está inserido. Este item
pode ser expressado da seguinte forma:

• desenvolvimento da atenção seletiva;


• processamento de informações;
• coordenação espaço-corpo;
• proficiência da linguagem.

Para que esse processo seja realizado de maneira equilibrada, é necessário que
a criança tenha o domínio sobre o seu corpo, ou seja, o domínio corporal, que significa o
reconhecimento do seu corpo para que tenha condições de realizar as ações necessárias
(KOLT; MACKLER, 2008).

2.6 PERCEPÇÃO
A percepção completa da atividade global acontece por meio da coordenação
óculo-manual, motora e a integração rítmica. Esse fator está presente dos cinco aos
seis anos, e a práxia fina que envolve a concentração, a organização e a especialização
hemisférica entre os seis e sete anos de idade (ALVES, 2012).

3 IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA A


FISIOTERAPIA
Conforme Kolt e Mackler (2008), a interação das técnicas fisioterapêuticas com
a psicomotricidade traz resultados mais significativos para o tratamento, entre eles:

• afetivo e emocional;
• avaliação da imagem corporal;
• espontaneidade do indivíduo durante a terapia;
• percepção espacial.

178
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Todos os fatores responsáveis pela estruturação psicomotora global são muito


importantes.

• Os fatores responsáveis pela estruturação psicomotora são: conhecimento da


tonicidade, equilíbrio, lateralidade, esquema e imagem corporal, estruturação espaço-
temporal e a percepção.

• A associação da fisioterapia com a psicomotricidade traz excelentes resultados.

179
AUTOATIVIDADE
1 Todas as atividades motoras agregam a comunicação entre os subsistemas motores
neurológicos principais. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta os subsistemas
motores neurológicos principais:

a) ( ) Piramidal, intrapiramidal, cerebelar, reticular e medular.


b) ( ) Cerebelar, reticular cortical subcortical e medular.
c) ( ) Piramidal, extrapiramidal, cerebelar, reticular e medular.
d) ( ) Extrapiramidal, cerebelar, reticular cortical e medular.

2 Existem vários fatores que atuam de forma harmônica e que auxiliam na estruturação
psicomotora global. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta a correlação
desses fatores aos seus respectivos significados:

I- Tonicidade.
II- Equilíbrio.
III- Lateralidade.
IV- Esquema e imagem corporal.
V- Estruturação espaço-temporal.
VI- Percepção.

a) Ocorre por meio da integração sensorial, investimento emocional, ampliação das


percepções generalizadas e dos sistemas aferentes e eferentes.
b) É construído por meio da noção do Eu, conscientização corporal, percepção corporal
e as práticas de imitação.
c) Fica evidente durante o aprendizado da postura bípede, segurança gravitacional e a
evolução dos padrões locomotores.
d) Ocorre por meio da coordenação óculo-manual, motora e a integração rítmica.
e) Ocorre por meio dos aprendizados neuromusculares, como conforto tátil e a integração
dos padrões motores.
f) Sem este alicerce a criança, não é capaz de se reconhecer em si mesma, dificilmente
vai conseguir perceber e compreender o espaço que está inserido.

a) ( ) I – d; II – f; III – c; IV – b; V – e; VI – a.
b) ( ) I – f; II – b; III – e; IV – d; V – a; VI – c.
c) ( ) I – b; II – a; III – d; IV – c; V – f; VI – e.
d) ( ) I – e; II – c; III – a; IV – b; V – f; VI – d.

180
3 Os fatores que atuam de forma harmônica e que auxiliam na estruturação psicomotora
global são a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, o esquema e imagem corporal, a
estruturação espaço-temporal e a percepção. Sobre o exposto, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O esquema e imagem corporal é construído por meio da noção do Eu.


( ) A conscientização corporal, a percepção corporal e as práticas de imitação estão
presentes ao longo dos três aos quatro anos de idade.
( ) A conscientização do próprio corpo é atingida por meio do desenvolvimento do
esquema corporal, que faz parte da sua composição e todas as possibilidades dos
movimentos, posturas e atitudes.
( ) O esquema corporal é o elemento fundamental e essencial para a constituição da
personalidade de qualquer indivíduo.
( ) A imagem corporal é a forma como o corpo humano é apresentado para o indivíduo,
é a aparência do corpo humano constituída mentalmente.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) F – V – F – F.

181
182
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
SISTEMA SENSÓRIO MOTOR

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, descreveremos o controle neuromuscular, os grupos responsáveis
pela estabilização das articulações, a definição de propriocepção, os mecanismos
(mecanismo de feedback e mecanismo de feedforward), os mecanorreceptores e
os níveis de atenção (tipos de mecanorreceptores) e treinamentos (treinamento
proprioceptivo e treinamento neuromuscular).

A partir do ano de 1997, durante o congresso de Medicina do Esporte e Educação


e Pesquisa, foi adotado o termo "sistema sensório-motor". Esse tema se refere a todas
as associações centrais, sensoriais e motoras, e as estruturas envolvidas para a
manutenção da integridade das articulações ao longo dos movimentos corporais e as
manutenções da postura (KOLT; MACKLER, 2008).

2 CONTROLE NEUROMUSCULAR
O controle neuromuscular é definido como a ativação de forma inconsciente dos
estabilizadores dinâmicos, que são os músculos em decorrência de uma preparação ou
resposta para uma determinada carga ou movimento de uma articulação, tendo como
objetivo a reconstrução ou manutenção da estabilidade articular normal (PRENTICE, 2012).

Antigamente, no meio esportivo, era preconizado que o mais importante para


o atleta era não apenas a prevenção das lesões, mas a manutenção dos músculos
sempre fortes e alongados, porém, nos dias atuais, tem-se preconizado cada vez mais
a importância quanto à prevenção.

Para que ocorra realmente a melhora funcional das articulações e dos músculos de
forma eficiente, eles não podem ser considerados de forma isolada, mas em conjunto por meio
dos mecanismos que estão envolvidos com o controle neuromuscular (KOLT; MACKLER, 2008).

NOTA
Um exemplo para facilitar o entendimento é a presença de uma
entorse em inversão de tornozelo, neste caso, é esperado que os
músculos fibulares atuem impedindo que ocorra uma lesão ligamentar
lateral do tornozelo.

183
FIGURA 6 – CONTROLE NEUROMUSCULAR

FONTE: <https://bit.ly/3zUKbD6>. Acesso em: 15 maio 2020.

3 GRUPOS RESPONSÁVEIS PELA ESTABILIZAÇÃO DAS


ARTICULAÇÕES
Existem dois grupos que são os responsáveis pela estabilização das articulações,
o estático e o dinâmico (KOLT; MACKLER, 2008). Os componentes que fazem parte do
grupo estático são:

• cápsula articular;
• cartilagem;
• fibrocartilagem;
• geometria óssea da articulação;
• ligamentos.

Já os componentes que fazem parte do grupo dinâmico são formados pelos


músculos por meio de alguns mecanismos (PRENTICE, 2012).

Para que exista o controle neuromuscular, é fundamental a integração de forma


adequada dos inputs sensitivos que são tanto visuais, vestibulares e somatossensoriais,
como também das eferências motoras.

É preciso a união de todas as informações que a articulação envia aos níveis


mais centrais do sistema nervoso, por exemplo, a medula espinhal, tronco cerebral e
córtex, como os comandos que esses níveis enviam para os músculos, com a função de
garantir que a articulação esteja mais estável (KOLT; MACKLER, 2008).

Toda a informação relacionada ao estado de todas as estruturas articulares é


denominada de propriocepção (PRENTICE, 2012).

184
4 DEFINIÇÃO DE PROPRIOCEPÇÃO
O termo propriocepção foi adotado no ano de 1906, por Charles Scott Sherrington,
importante neurofisiologista inglês que viveu entre 1857 a 1952. No ano de 1932, ele
recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia com Edgar Adrian, em função dos seus trabalhos
sobre as funções dos neurônios (KOLT; MACKLER, 2008).

A palavra propriocepção tem origem do latim e significa próprio de si mesmo, sendo


separada em percepção do movimento ou cinestesia e a percepção da posição articular. Para
Prentice (2012), a definição da propriocepção é uma percepção consciente e inconsciente do:

• movimento;
• postura;
• posição articular.

Para muitos pesquisadores, a propriocepção é a somatória da cinestesia que é


a percepção do movimento articular (componente dinâmico) com o senso de posição
articular no espaço (componente estático), estando, portanto, relacionada à autopercepção
do posicionamento do corpo no espaço e a localização de cada uma das partes do corpo
com relação às outras partes.

O sistema proprioceptivo é fundamental, pois fornece os sinais aferentes que


servem de suporte para o planejamento e o controle motor (KOLT; MACKLER, 2008).

5 MECANISMOS
O processo através do qual o sistema nervoso central trabalha com todas
as informações proprioceptivas para o controle motor, é realizado através de dois
mecanismos: feedback e feedforward (PRENTICE, 2012).

5.1 MECANISMO DE FEEDBACK


O mecanismo de feedback é definido como um sistema reflexo reativo, relacionado
aos mecanorreceptores, presentes nas articulações, nos músculos e na pele.

Este sistema está relacionado com todas as experiências anteriores ao estímulo


detectado e que geraram um fluxo contínuo de aferência, produzindo uma elevação da
sensibilidade para garantir um estado de prontidão muscular (KOLT; MACKLER, 2008).

Existe a utilização momento a momento, tendo como objetivo a produção de


uma resposta motora adequada durante cada atividade realizada pelos indivíduos. O
complexo sistema de controle neural, através do mecanismo de feedback, garante uma
modificação na rigidez muscular.

185
Existe uma organização quanto ao controle neuromuscular, esse processo
inicia com a ativação das fibras musculares e evolui até as alterações nas propriedades
mecânicas de todo o músculo (PRENTICE, 2012). Conforme descritos na Figura 7, os
aspectos que estão relacionados à regulação da rigidez muscular são:

FIGURA 7 – ASPECTOS RELACIONADOS COM A REGULAÇÃO DA RIGIDEZ MUSCULAR

Somação temporal (frequência de ativação)

Somação espacial (recrutamento das fibras)

Relação tensão-comprimento do sarcômero

Relação força-velocidade do sarcômero

Relação tensão-comprimento do sarcômero mantido por estruturas passivas

Mecanismos de feedback das fibras intra e extra fusais

Regulação da força muscular e do torque determinado pela arquitetura muscular

FONTE: O autor

5.2 MECANISMO DE FEEDFORWARD


O mecanismo de feedforward é definido como um controle muscular
antecipatório que é realizado por meio da ativação muscular, anterior ao movimento.

Basicamente, a função das informações sensoriais visuais que influenciam o


sistema nervoso com relação à posição e aos movimentos de todas as regiões do corpo,
estão diretamente relacionadas a outros segmentos corporais e ao meio ambiente
(KOLT; MACKLER, 2008).

6 MECANORRECEPTORES E NÍVEIS DE ATENÇÃO


A função dos mecanorreceptores, ou seja, dos receptores que têm a função de
captarem as alterações mecânicas, é transmitir todas as informações proprioceptivas
que estão presentes nos seguintes locais:

• cápsula articular;
• ligamentos;
• músculos;

186
• pele;
• retináculo;
• tendões (PRENTICE, 2012).

6.1 TIPOS DE MECANORRECEPTORES


Os tipos de mecanorreceptores mais importantes são:

• corpúsculos de Pacini;
• órgãos tendinosos de Golgi;
• fusos musculares;
• terminações nervosas de Rufini;
• terminações nervosas livres.

Os corpúsculos de Pacini são mecanorreceptores de ação bastante rápida que


estão situados no tecido conjuntivo, derme, vísceras e articulações, sendo formados por
uma terminação nervosa que está recoberta através das camadas de tecido conjuntivo
(KOLT; MACKLER, 2008).

Esses receptores são mais sensíveis aos estímulos de alta frequência como
a vibração. Os órgãos tendinosos de Golgi estão situados nas inserções das fibras
musculares, como também nos tendões dos músculos esqueléticos, sendo bastante
sensíveis às alterações no comprimento muscular.

No momento da contração muscular devido à estimulação do motoneurônio, a


frequência da despolarização dos órgãos tendinosos eleva bastante, enquanto os fusos
musculares tendem a reduzir ou então desaparecer (KOLT; MACKLER, 2008).

O fuso muscular é um receptor sensorial proprioceptivo constituído por fibras


musculares, a principal função é a sinalização de todas as mudanças com relação
ao comprimento do músculo. Estas fibras estão dispostas de forma paralela às fibras
musculares extrafusais, respondendo a todas as alterações no comprimento das fibras
musculares, constituídos por componentes sensoriais e motores (PRENTICE, 2012).
Todas as informações decorrentes dos mecanorreceptores são realizadas através de
três níveis, conforme a figura a seguir:

FIGURA 8 – NÍVEIS ENVOLVIDOS COM AS INFORMAÇÕES DOS MECANORRECEPTORES

Espinhal Cerebelar Cortical

FONTE: O autor

187
O nível espinhal está relacionado à estabilização dinâmica da musculatura,
enquanto o cerebelar está envolvido pelo equilíbrio e postura, e o nível cortical está
relacionado à contração voluntária.

Qualquer mudança ou déficit na aferência (chegada) ou então na eferência


(processamento ou comando) acaba provocando posturas inadequadas ou
desequilíbrios, que, na maioria das vezes, ocasionam as lesões (KOLT; MACKLER, 2008).

O programa de exercícios tem o objetivo de atingir a melhora da propriocepção


por meio do controle neuromuscular, atingindo os três níveis de processamento no
sistema nervoso central (PRENTICE, 2012).

Os reflexos espinhais são ativados em função das mudanças bruscas na posição


articular. Os exercícios posturais provocam a melhora da função motora ao nível do tronco
cerebral, enquanto os padrões motores repetidos são muito importantes para melhorar o
controle neuromuscular e o mecanismo de feedforward (KOLT; MACKLER, 2008).

7 TREINAMENTOS
Existem dois tipos de treinamentos sensório motor que podem e devem ser utiliza-
dos pelos fisioterapeutas: treinamento proprioceptivo e treinamento neuromuscular
(PRENTICE, 2012).

7.1 TREINAMENTO PROPRIOCEPTIVO


O treinamento proprioceptivo é um dos elementos mais importantes durante o
programa clínico preventivo de lesões, principalmente no esporte, independentemente
da modalidade (KOLT; MACKLER, 2008). Este tipo de treinamento reduz, de forma
bastante significativa, a incidência de lesões.

Esse treinamento é muito indicado nos programas de reabilitação de lesões,


principalmente os relacionados ao esporte, essa importante prática ajuda na manutenção
de uma excelente resposta do sistema somatossensorial (PRENTICE, 2012). O programa
de exercícios proprioceptivos é formado por:

• exercícios dinâmicos espinhais;


• multidirecionais;
• específicos (KOLT; MACKLER, 2008).

Os componentes específicos trabalham com os itens que estão envolvidos com


a estabilidade dinâmica das articulações, fazendo com que durante os movimentos, os
membros e as articulações estejam mais estáveis impedindo, portanto, o aparecimento

188
das lesões. Os treinamentos por meio dos exercícios proprioceptivos podem ser
realizados das seguintes formas:

• exercícios de equilíbrio, com apoio unipodal, com ou sem auxílio da visão;


• exercícios em pranchas de equilíbrio (retangular e/ou redonda), cama elástica e balancim;
• exercícios de deslocamentos, para estimular o atleta quanto às mudanças de direção;
• exercícios estimulando o gesto esportivo específico para cada modalidade esportiva
(PRENTICE, 2012).

A consciência do movimento e do posicionamento articular são essenciais


para garantir uma função articular mais adequada no esporte e nas atividades físicas e
educação proprioceptiva.

Por meio da utilização de novas práticas, os pacientes criam outras séries de


representações de coordenação neuromuscular, garantindo a base para uma maior
segurança fisiológica (KOLT; MACKLER, 2008).

7.2 TREINAMENTO NEUROMUSCULAR


Por meio de vários estudos realizados, sabe-se que todo o aprendizado motor é
composto pelos estágios descritos a seguir.

FIGURA 9 – ESTÁGIOS QUE FAZEM PARTE DO APRENDIZADO MOTOR

Cognitivo Associativo Autônomo

FONTE: O autor

O estágio cognitivo está envolvido com a compreensão de como executar uma


determinada tarefa, enquanto o estágio associativo está relacionado ao refinamento de
todas as competências e, por último, o estágio autônomo, que é referente à habilidade
que acaba ficando automática.

O treinamento neuromuscular favorece o aprendizado uma vez que submete o


indivíduo para as tarefas que são repetidas várias vezes, sendo corrigidas por meio dos
estímulos dados pelo terapeuta, durante a realização completa do movimento (KOLT;
MACKLER, 2008). O aprendizado motor está relacionado à potencialização das funções
cognitivas direcionadas por meio de um gesto motor.

É necessário que os estímulos dados pelo terapeuta garantam um tempo


necessário para desempenhar todas as atividades, sendo observado que após o

189
aprendizado do indivíduo as correções ficam cada vez menos necessárias (PRENTICE,
2012). Os terapeutas precisam associar os programas de treinamento neuromuscular
com foco para a atividade ou o gesto desportivo de cada uma das modalidades, O que
proporciona maiores condições para que os indivíduos estejam mais preparados para
todo tipo de alteração que estimula uma mudança na estabilidade articular, podendo,
em muitos casos, provocar uma lesão (KOLT; MACKLER, 2008).

Entre os dois tipos de treinamento, o neuromuscular é considerado o mais abrangente,


porém o mais indicado é a utilização dos programas de treinamento que englobam os dois tipos
de treinamento – neuromuscular e proprioceptivo –, presentes nos programas de periodização
esportiva (PRENTICE, 2012).

Os níveis de dificuldade são implantados de forma progressiva, utilizando o próprio


gesto como o substrato para o treinamento, por meio de um programa abordando as
repetições das tarefas, facilitando, com isso, que os movimentos sejam automatizados.

Nessa proposta são utilizados os exercícios que trabalham com o core e


os exercícios gerais que precisam de uma resposta motora rápida e requerem o
envolvimento de várias regiões durante o gesto (KOLT; MACKLER, 2008).

190
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• O controle neuromuscular é fundamental para todos os programas de tratamento.

• Existem grupos responsáveis pela estabilização das articulações.

• Os mecanismos de feedback e o feedforward são muito importantes.

• É importante conhecer os mecanorreceptores, níveis de atenção e os tipos de


mecanorreceptores.

• É possível realizar os treinamentos proprioceptivos e neuromusculares.

191
AUTOATIVIDADE
1 O controle neuromuscular é definido como a ativação de forma inconsciente dos
estabilizadores dinâmicos. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta o objetivo
do controle neuromuscular:

a) ( ) Construção ou manutenção da estabilidade articular normal.


b) ( ) Reconstrução ou manutenção da estabilidade articular anormal.
c) ( ) Reconstrução ou manutenção da instabilidade articular normal.
d) ( ) Reconstrução ou manutenção da estabilidade articular normal.

2 Existem vários tipos de mecanorreceptores, entre eles os corpúsculos de Pacini, órgãos


tendinosos de Golgi, fusos musculares, terminações nervosas de Rufini e terminações
nervosas livres. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta a correlação de alguns
tipos de mecanorreceptores com os seus respectivos significados:

I- Corpúsculos de Pacini.
II- Órgãos tendinosos de Golgi.
III- Fuso muscular.

a) Estão situados nas inserções das fibras musculares e nos tendões dos músculos
esqueléticos.
b) São mecanorreceptores de ação bastante rápida que estão situados no tecido
conjuntivo, derme, vísceras e articulações.
c) É um receptor sensorial proprioceptivo constituído por fibras musculares.

a) ( ) I – a; II – b; III – c.
b) ( ) I – c; II – b; III – a.
c) ( ) I – c; II – a; III – b.
d) ( ) I – b; II – a; III – c.

3 Existem vários estágios que fazem parte do aprendizado motor, sendo o estágio
cognitivo, associativo e o autônomo. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta a
correlação dos estágios que fazem parte do aprendizado motor com o seu respectivo
significado:

I- Estágio cognitivo.
II- Estágio associativo.
III- Estágio autônomo.

192
a) Está relacionado com o refinamento de todas as competências.
b) Está envolvido com a compreensão de como executar uma determinada tarefa.
c) Referente à habilidade que acaba ficando automática.

a) ( ) I – a; II – b; III – c.
b) ( ) I – c; II – b; III – a.
c) ( ) I – c; II – a; III – b.
d) ( ) I – b; II – a; III – c.

193
194
UNIDADE 3 TÓPICO 4 -
MARCHA HUMANA

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, apresentaremos a introdução à marcha humana, técnicas para
avaliação da marcha (análise observacional, rastreamento optoeletrônico tridimensional,
videografia e eletromiografia dinâmica), biomecânica da marcha normal, determinantes
da marcha e ciclo da marcha (fase de apoio e fase de balanço).

Iniciaremos através da introdução da marcha e das técnicas de avaliação


da marcha, através de excelentes exames, entre eles: a análise observacional, o
rastreamento optoeletrônico tridimensional, a videografia e a eletromiografia dinâmica.

Estudaremos também todas as informações referentes à biomecânica da


marcha normal, os determinantes da marcha e as fases do ciclo da marcha que são
formadas pela fase de apoio e pela fase de balanço.

2 INTRODUÇÃO À MARCHA HUMANA


A marcha humana é uma atividade exclusiva bípede, que apresenta uma grande
eficácia e funcionalidade, apesar de os movimentos de cada indivíduo serem os mesmos:
escrever, segurar um objeto ou qualquer outra atividade, cada indivíduo apresenta a sua
particularidade, no caso da marcha não é diferente (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 19 – MARCHA HUMANA

FONTE: <https://bit.ly/3SlKNc3>. Acesso em: 18 maio 2020.

É primordial que o fisioterapeuta, ao fazer uma análise da marcha humana, leve


em consideração todas estas diferenças (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Não se pode esquecer que o indivíduo, ao longo da sua vida, passará por todo
um processo de degeneração em decorrência do seu envelhecimento fisiológico (SILVA;
CAMPOS, 2006). A marcha do idoso, mais conhecida como marcha senil, possui várias
particularidades, conforme pode ser observado na figura a seguir.

195
FIGURA 20 – PARTICULARIDADES DA MARCHA SENIL

Diminuição da velocidade

Base de suporte mais alargada

Redução do comprimento do passo

Altura do passo

Extensão do quadril e do joelho

Impulso

Rotação pélvica

FONTE: O autor

O exame da marcha corresponde à medida, ao detalhamento e à avaliação de


forma sistemática de todas as informações relacionadas a sua locomoção, considerada
como primordial para o estudo e o tratamento das patologias com relação ao sistema
locomotor (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

3 TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DA MARCHA


Existem várias técnicas utilizadas para a análise da marcha, entre elas:

• análise observacional;
• rastreamento optoeletrônico tridimensional;
• videografia;
• eletromiografia dinâmica (SILVA; CAMPOS, 2006).

3.1 ANÁLISE OBSERVACIONAL


A análise observacional corresponde à forma de avaliação mais simples que
pode ser realizada, sendo executada por meio de uma análise de forma simples, rápida
e fácil que possibilita um auxílio quanto à realização do diagnóstico (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2016).

Essa avaliação é subjetiva e, portanto, apresenta uma grande variabilidade por


parte de todos os avaliadores, diretamente relacionados e envolvidos à capacidade e ao
conhecimento de cada um dos avaliadores (SILVA; CAMPOS, 2006).

196
3.2 RASTREAMENTO OPTOELETRÔNICO TRIDIMENSIONAL
Quanto à técnica de rastreamento optoeletrônico tridimensional, todas essas
imagens devem ser filmadas através da utilização de, no mínimo, duas câmeras que
captam por meio de um computador e armazena todas as informações referente às
posições de todos os segmentos corporais (SILVA; CAMPOS, 2006).

O computador processa todas as imagens e realiza um arranjo tridimensional


de todos os movimentos corporais. Essa técnica é considerada muito precisa, porém
o grande inconveniente está relacionado aos altos custos para a sua execução
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

FIGURA 21 – RASTREAMENTO OPTOELETRÔNICO TRIDIMENSIONAL

FONTE: <https://bit.ly/3Pbz8db>. Acesso em: 18 maio 2020.

3.3 VIDEOGRAFIA
A videografia é utilizada em larga escala, principalmente em função do seu
custo reduzido, além da grande facilidade quanto a sua avaliação, mesmo durante os
movimentos que são realizados em alta velocidade.

Outra grande vantagem dessa prática é que a técnica permite que o próprio
indivíduo avaliado consiga observar após a sua avaliação o que auxiliará no futuro de
todo o trabalho referente ao seu tratamento (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016)

3.4 ELETROMIOGRAFIA DINÂMICA


A eletromiografia dinâmica demonstra o grau de contração muscular, sendo consi-
derado um importante sinal, de forma indireta da função muscular (SILVA; CAMPOS, 2006).

Todas essas informações são adquiridas por meio de sinais elétricos difundidos
tanto pela fibra muscular como dos tecidos moles vizinhos. Esses sinais podem ser
capturados através dos seguintes tipos de eletrodos:

197
• superfície;
• fio metálico;
• agulha (KISNER; COLBY, 2006).

4 BIOMECÂNICA DA MARCHA NORMAL


As exigências básicas para a marcha normal são:

• estabilidade da fase de apoio;


• passagem do pé na fase de balanço;
• disposição prévia do pé para o contato inicial;
• comprimento adequado do passo;
• manutenção de energia (SILVA; CAMPOS, 2006).

Antes de nos aprofundarmos sobre todos os fatores considerados determinantes


da marcha, é importante que abordar sobre a cinemática e a cinética.

A cinemática está relacionada à parte da mecânica que trabalha com a descrição


de todos os componentes que fazem parte do movimento, porém não está envolvida
com as forças que provocam os movimentos (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Para
descrever as medidas lineares, durante o ciclo da marcha, essas podem ser separadas,
conforme ilustra a Figura 22.

FIGURA 22 – MEDIDAS LINEARES

Temporais Espaciais

FONTE: O autor

Os dados temporais estão relacionados à cadência e ao tempo do passo. A


cadência corresponde ao número de passos durante um determinado período de tempo,
avaliado por meio do número de passos por minuto (SILVA; CAMPOS, 2006).

NOTA
Geralmente, a cadência dos passos para os homens é por volta de 100 a
120 passos por minuto, enquanto na mulher é de 105 a 125 passos por
minuto (KISNER; COLBY, 2006).

198
A velocidade está relacionada à velocidade média que é alcançada posteriormente
aos três primeiros passos, sendo apresentada como distância dividida pelo tempo, podendo
ser medida por centímetros dividido por segundo ou metros divididos por minuto.

Já os dados espaciais estão relacionados ao comprimento do passo e da


passada, sendo que o comprimento do passo corresponde à distância relacionada aos
mesmos pontos de referência em cada um dos pés ao longo do duplo apoio, estando
relacionado com a distância dos calcanhares no momento do toque do calcâneo no solo
(SILVA; CAMPOS, 2006). Enquanto o comprimento da passada corresponde à distância
em centímetros movida ao longo do tempo dos dois toques consecutivos do mesmo pé.

Desta forma, cada passada é constituída por um comprimento de passo direito e


um passo esquerdo, avaliada sempre em centímetros (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Todo
o ciclo da marcha corresponde a um grupo de fenômenos que faz parte de uma passada.

Já a cinética é uma parte da mecânica que pesquisa as forças que estão


relacionadas aos movimentos (SILVA; CAMPOS, 2006). O conhecimento de todas as
forças é fundamental para que se possa entender todas as razões dos movimentos
(KISNER; COLBY, 2006).

5 DETERMINANTES DA MARCHA
A publicação no ano de 1950 por Saunders pode ser considerada um divisor
de águas, visto que provocou grandes mudanças nas concepções relacionadas às
condições responsáveis pela marcha normal (SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 23 – DETERMINANTES DA MARCHA

FONTE: <https://bit.ly/3bwcn5N>. Acesso em: 18 maio 2020.

199
Nesse importante trabalho, foram apresentados os determinantes da marcha
normal, considerados os responsáveis pela economia da energia do corpo e pela
diminuição do deslocamento do centro de gravidade durante toda a marcha
(SILVA; CAMPOS, 2006).

Do ponto de vista energético, a marcha é considerada muito eficiente, está


diretamente relacionada à redução do movimento vertical do centro de massa, sendo
considerada a responsável pela marcha.

Para outros pesquisadores, o problema não é a redução do movimento do centro


de massa que diminui o gasto energético com a marcha, mas a transferência mecânica
que ocorre de uma forma mais suave (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016). Na prática, o que
pode ser observado é que um estudo é o complemento do outro.

O objetivo principal é possibilitar o restabelecimento do equilíbrio corporal para


que a marcha possa ser realizada por meio de um gasto energético reduzido (SILVA;
CAMPOS, 2006).

Existem seis mecanismos considerados primordiais para possibilitar um
excelente desempenho para a marcha (Figura 24), todos devem proporcionar uma
diminuição da oscilação do centro de massa (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

FIGURA 24 - MECANISMOS PRIMORDIAIS PARA A MARCHA

Rotação pélvica no plano transversal

Báscula da pelve

Flexão do joelho

Alongamento relativo

Desprendimento do pé

Deslocamento lateral do corpo

FONTE: O autor

6 CICLO DA MARCHA
O ciclo da marcha é formado por duas fases: fase de apoio e fase de balanço
(SILVA; CAMPOS, 2006).

200
FIGURA 25 – CICLO DA MARCHA

FONTE: <https://shutr.bz/3bovmPO>. Acesso em: 18 maio 2020.

A fase de apoio inicia quando o pé toca o solo, enquanto a fase de balanço


começa quando o pé sai do solo (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Na velocidade normal da marcha, os adultos ficam, em média, 60% na fase de


apoio e 40% na fase de balanço. Os primeiros e os últimos 10% da fase de apoio são
gastos no apoio duplo (SILVA; CAMPOS, 2006).

6.1 FASE DE APOIO


Normalmente, os músculos do membro inferior que estão na fase de apoio
atuam para garantir a sustentação do corpo, mantendo a sua estabilidade e realizando
a sua impulsão para frente.

A fase de apoio é subdividida em cinco subclasses, conforme pode ser observado


na figura a seguir (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

FIGURA 26 – FASE DE APOIO

FONTE: O autor

201
O contato inicial está relacionado ao momento em que o pé da extremidade de
referência encosta no solo.

Durante a marcha normal, a primeira região a ter contato com o solo é o


calcanhar; durante esse período, existe uma atividade máxima dos músculos tibial
anterior, extensor do hálux e o extensor longo dos dedos, por meio de uma contração
excêntrica para amortecer a queda do pé ao solo, contendo, assim, a flexão plantar
(SILVA; CAMPOS, 2006).

Através da contração do músculo tibial anterior, ocorre um retardo da pronação,


devido às fixações distais do músculo tibial anterior no cuneiforme medial e no primeiro
metatarso (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Para que ocorra a absorção do impacto e a manutenção da estabilidade


postural, existe a flexão do joelho, a qual é controlada por meio da contração excêntrica
do músculo quadríceps que dissemina o impacto do contato inicial a iniciar do choque
do calcanhar até a fase de médio apoio. Ao longo dessa fase também ocorre a contração
isométrica dos músculos isquiotibiais, estabilizando o quadril durante o choque do
calcanhar (SILVA; CAMPOS, 2006).

A resposta à carga está relacionada com a finalização das contrações excêntricas


realizadas durante a fase de contato social, visto que o pé faz um toque suave no solo,
prossegue até a extremidade contralateral, abandonando o solo no final da fase de
duplo apoio.

Neste período, existe a contração excêntrica do músculo tríceps sural que


realiza o controle do avanço anterior da tíbia, ocorrendo em resposta à progressão do
corpo (KISNER; COLBY, 2006).

O médio apoio está relacionado ao peso do corpo, inserido imediatamente em


cima da extremidade inferior de suporte. Ele inicia quando a extremidade contralateral
abandona o solo e prossegue até uma posição em que o corpo está sobre e acima da
extremidade de suporte (SILVA; CAMPOS, 2006). Nessa etapa, a contração excêntrica
do músculo sóleo e do músculo gastrocnêmio contém a dorsiflexão do pé na cadeia
cinética fechada.

A atividade do músculo glúteo médio inicia ao longo do término do balanço


durante a marcha, elevando-se de forma aguda até ao máximo do médio apoio, no
momento que a extremidade está em apoio unilateral (KISNER; COLBY, 2006).

A contração excêntrica do músculo glúteo médio provoca a lentidão e delimita


a queda da pelve com relação ao lado contralateral em oscilação. Já o apoio terminal
corresponde ao ponto onde o calcanhar do membro de referência abandona a superfície
do solo (SILVA; CAMPOS, 2006). A meta dessa fase é a produção de uma força de
propulsão para a manutenção do corpo em movimento.

202
A forma mais comum para o melhoramento está relacionada à contração excên-
trica do músculo tríceps sural no apoio final da marcha (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

Por meio deste método, o centro de massa do corpo é movimentado


anteriormente ao pé, tocando o solo ao final da fase de apoio, produzindo uma queda
para frente, considerado fundamental para a progressão (KISNER; COLBY, 2006).

Os músculos extensores do quadril e do joelho apresentam um impulso durante


a atividade, podendo ser observada através de um importante exame chamado de
eletromiografia como um incentivo para a propulsão (SILVA; CAMPOS, 2006). Esse
movimento não é tão importante se comparado ao que ocorre ao longo da fase de
absorção do impacto.

Quanto ao pré-balanço, está relacionado ao local onde os dedos, na extremidade


homolateral, estão em contato com o solo (KISNER; COLBY, 2006).

6.2 FASE DE BALANÇO


A fase de balanço é subdividida em três subclasses, conforme pode ser
observado na figura a seguir (KISNER; COLBY, 2006).

FIGURA 27 – FASE DE BALANÇO

Balanço inicial Balanço médio Balanço final

FONTE: O autor

A principal meta durante essa fase da marcha está relacionada à recolocação do


membro para a progressão contínua para frente, o que demanda a aceleração do membro
para uma progressão contínua para frente, requisitando a aceleração do membro para
frente e também o afastamento dos artelhos do chão (SILVA; CAMPOS, 2006).

A atividade muscular do membro inferior no balanço é baseada tanto no início


como no final da fase de balanço, visto que a perna se mantém como um pêndulo
articulado sob a influência da gravidade (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

A fase de balanço inicial começa imediatamente quando os dedos do pé de referência


abandonam o solo e prolongam até a metade do balanço ou, ainda, o ponto em que o membro
inferior que está em oscilação está diretamente sob o corpo (KISNER; COLBY, 2006).

A aceleração da coxa para a frente, durante o início da fase de balanço, está


relacionada às flexões do quadril, joelho e tornozelo, provocando um encurtamento

203
geral do membro no balanço. A flexão do quadril é realizada por meio de uma contração
concêntrica do músculo quadríceps e iliopsoas, especialmente o músculo reto femoral
(SILVA; CAMPOS, 2006). Já a flexão do joelho é passiva, visto que a aceração anterior
rápida da coxa produz também o movimento.

A contração concêntrica do músculo tibial anterior gera uma flexão dorsal do


tornozelo, impedindo que o pé de referência se arraste no solo ao longo do balanço
(KISNER; COLBY, 2006). A fase de balanço médio está relacionada ao momento
imediatamente após a flexão máxima do joelho, prologando-se até que a tíbia se
encontre em uma posição vertical em que o membro inferior homolateral atravessa
diretamente sobre o corpo (SILVA; CAMPOS, 2006).

Nessa fase, o músculo quadríceps não está mais ativo, entretanto, a perna
balança como um pêndulo em função da existência da inércia (O’SULLIVAN; SCHMITZ,
2016). O músculo iliopsoas é contraído para auxiliar o movimento para frente. O pé
permanece em dorsiflexão pela contração concêntrica do tibial anterior.

A fase de balanço final está relacionada ao ponto onde a tíbia está em posição
vertical com relação ao ponto anterior ao apoio inicial (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os músculos extensores do quadril ficam ativos no final do balanço,


desestimulando a rotação da coxa para frente, permanecendo o pé para o contato com
o solo. A extensão do joelho, durante o final da fase do balanço em organização para o
choque do calcanhar, não aparece como resultado da ativação muscular, tendo como
resultado das forças não musculares passivas (inércia) (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2016).

204
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu:

• As técnicas para avaliação da marcha são muito utilizadas, entre elas: a análise
observacional, rastreamento optoeletrônico tridimensional, videografia e a eletromiografia
dinâmica.

• A avaliação da biomecânica e os determinantes da marcha são muito importantes


para garantir um bom tratamento.

• O ciclo da marcha é constituído pela fase de apoio e pela fase de balanço.

205
AUTOATIVIDADE
1 Existem várias técnicas para avaliação da marcha, entre elas, a análise observacional,
rastreamento optoeletrônico tridimensional, videografia e eletromiografia dinâmica.
Assinale a alternativa CORRETA que apresenta a correlação entre as técnicas para
avaliação da marcha e os seus respectivos significados:

I- Análise observacional.
II- Rastreamento optoeletrônico tridimensional.
III- Videografia.
IV- Eletromiografia dinâmica.

a) Esta técnica é considerada como muito precisa, porém o grande inconveniente está
relacionado com os altos custos para a sua execução.
b) É utilizada em larga escala principalmente em função do seu custo reduzido além
da grande facilidade quanto avaliação, mesmo durante os movimentos que são
realizados em alta velocidade.
c) Demonstra o grau de contração muscular, sendo considerado como um importante
sinal quando de forma indireta da função muscular.
d) É a forma de avaliação mais simples que pode ser realizada, sendo executada por
meio de uma análise de forma simples, rápida e fácil que vai possibilitar um auxílio
quanto à realização do diagnóstico.

a) ( ) I – b; II – d; III – a; IV – c.
b) ( ) I – d; II – a; III – b; IV – c.
c) ( ) I – c; II – d; III – a; IV – b.
d) ( ) I – d; II – c; III – a; IV – b.

2 O ciclo da marcha é constituído por duas fases, a fase de apoio e a fase de balanço.
Com base nessas informações, referente às subclasses da fase de apoio, classifique
V para as opções verdadeiras e F para as falsas:

( ) Contato inicial.
( ) Resposta da carga.
( ) Médio apoio.
( ) Apoio inicial.
( ) Pré-balanço.

206
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – V – V.
b) ( ) V – F – V – V – V.
c) ( ) F – V – F – V – F.
d) ( ) V – V – V – F – V.

3 A principal meta durante a fase de balanço está relacionada à recolocação do


membro para a progressão contínua para frente. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta as subclasses da fase de balanço:

a) ( ) Balanço principal, balanço secundário e balanço terciário.


b) ( ) Balanço inicial, balanço médio e balanço final.
c) ( ) Balanço principal e balanço secundário.
d) ( ) Balanço inicial e balanço final.

207
208
UNIDADE 3 TÓPICO 5 -
MARCHA PATOLÓGICA

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos as classes funcionais, como a deformidade
funcional, a fraqueza muscular, a perda sensorial, a dor e o déficit de controle motor
ou espasticidade; e alterações biomecânicas: pronação excessiva do pé, supinação
excessiva do pé, flexão plantar excessiva, impulsão insuficiente, pé caído, flexão
excessiva do joelho, joelho hiperestendido, rotação excessiva medial ou lateral do fêmur,
base de suporte alargada, base de suporte reduzida, circundação, elevação do quadril,
flexão não adequada do quadril, extensão não adequada do quadril, extensão do tronco,
flexão do tronco e flexão lateral do tronco.

Existe uma série de doenças que alteram a capacidade dos indivíduos com
relação à marcha. Esses distúrbios (doenças) são agrupados em cinco classes funcionais
(SILVA; CAMPOS, 2006).

No decorrer deste tópico, abordaremos as cinco classes: deformidade, fraqueza


muscular, perda sensorial, déficit de controle motor e dor.

2 CLASSES FUNCIONAIS
Todas as doenças são classificadas em cinco classes funcionais, conforme pode
ser observado a seguir:

FIGURA 28 – CLASSES FUNCIONAIS

Deformidades Fraqueza muscular Perda sensorial

Déficit de Dor
controle motor

FONTE: O autor

Cada uma dessas cinco classes apresenta um modo característico com


relação ao prejuízo funcional. O estudo sobre elas possibilita que o terapeuta consiga
descriminar, de uma melhor forma, o déficit primário das ações compensatórias (SILVA;
CAMPOS, 2006).

209
2.1 DEFORMIDADE FUNCIONAL
A deformidade funcional está presente quando os tecidos não possibilitam uma
mobilidade passiva suficiente aos pacientes para alcançar as posturas e as amplitudes
de movimentos normais necessários para a marcha.

IMPORTANTE
A contratura é considerada uma alteração estrutural no tecido conjuntivo
fibroso que faz parte dos músculos, ligamentos ou cápsulas articular,
posteriormente uma inatividade prologada ou uma cicatriz em função
de uma lesão (SILVA; CAMPOS, 2006).

A densidade relativa e a maturidade do tecido conjuntivo levam a dois padrões


clínicos da contratura:

• elástica (a contratura elástica corresponde àquela que oferece o alongamento manual


forçado);
• rígida.

Esse tipo, muitas vezes, não é percebido ao longo da marcha, visto que o peso
do corpo alonga de forma passiva todos os tecidos acometidos (SILVA; CAMPOS, 2006).

Enquanto a contratura rígida persiste a todos os esforços do alongamento,


relacionada à gravidade da contratura, seu efeito é perceptível durante todo o ciclo da
marcha, em que cada articulação apresenta um problema específico.

2.2 FRAQUEZA MUSCULAR


A fraqueza muscular está relacionada à força muscular que não é suficiente
para alcançar as solicitações da marcha. A atrofia em decorrência do desuso muscular
ou a lesão neurológica favorece a limitação (SILVA; CAMPOS, 2006).

Quando a causa é uma doença do neurônio motor inferior ou doença muscular,


por exemplo, a poliomielite ou a distrofia muscular, estes pacientes apresentam uma
boa capacidade quanto à compensação.

Os indivíduos que possuem apenas fraqueza muscular e com a sensação e


o controle seletivo neuromuscular normais, alteram a ação muscular para impedir as
posturas que prejudicam o alinhamento durante o apoio. Igualmente, encontram modos
tênues para avançar o membro na fase de balanço.

210
Cada grupo muscular fundamental tem uma modificação postural (SILVA;
CAMPOS, 2006). Como conclusão, os pacientes também diminuem a determinação da
marcha através de uma menor velocidade.

2.3 PERDA SENSORIAL


Aqui o déficit proprioceptivo impede a marcha, impossibilitando o paciente
compreender a posição do quadril, joelho, tornozelo ou do pé e do tipo de contato do
solo. Em função dessa alteração, o paciente não tem o conhecimento do quanto está
seguro para fazer a transferência do peso para o membro (SILVA; CAMPOS, 2006).

Os indivíduos que apresentam um controle íntegro fazem a compensação


com a manutenção do joelho travado ou com um choque mais forte com o solo para
sobressair o momento do contato. A combinação do déficit sensorial e da fraqueza
muscular impossibilita a compensação rápida. Portanto, mesmo no caso da existência
de um déficit sensorial moderado, a marcha é vagarosa e cuidadosa.

Nos casos em que existe um maior déficit, o paciente não é capaz de realizar
o seu controle motor disponível, em função de não acreditar nos movimentos que está
realizando.

Em função do déficit sensorial não ser aparente, muitas vezes, ele acaba
não sendo levado em consideração (SILVA; CAMPOS, 2006). A divisão dos níveis de
propriocepção é muito superficial, existem três divisões em graus:

• normal;
• prejudicado;
• ausente.

O grau normal é considerado nos casos em que as respostas alcançadas são


rápidas e corretas. A incerteza e o erro na realização constituem um sinal quanto ao
prejuízo proprioceptivo (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.4 DOR
A dor musculoesquelética promove reações fisiológicas que incluem duas
dificuldades à marcha, a deformidade e a fraqueza muscular.

A deformidade é o resultado da postura de repouso aumentada, conhecida como


síndrome do imobilismo de uma articulação que está com dor (SILVA; CAMPOS, 2006).
Normalmente, a posição de repouso de uma articulação está relacionada à posição em
que a cápsula e os ligamentos estão com pequena tensão. Essa postura concede uma
pressão intra-articular mínima, considerado uma posição mais confortável.

211
A fraqueza muscular pode existir de forma secundária à dor na articulação que
está com edema, provocando a diminuição da atividade. Esse instrumento de feedback
é considerado o responsável quanto à proteção de todas as estruturas articulares,
contra a pressão intra-articular destrutiva durante a contração.

Ao longo da análise da marcha, o terapeuta observa uma menor força que está
disponível junto a uma postura de maior proteção, quando as articulações estão com
edemas (SILVA; CAMPOS, 2006).

2.5 DÉFICIT DE CONTROLE MOTOR OU ESPASTICIDADE


Os pacientes com lesão neurológica central, decorrente da paralisia espástica,
apresentam cinco tipos de déficits funcionais, em várias intensidades e proporções,
entre elas:

FIGURA 29 – TIPOS DE DÉFICITS FUNCIONAIS

Músculos com
Padrões locomotores
Controle seletivo variação quanto
primitivos
afetado aos estados de
emergentes
contração (tônus)

Grande reação ao
Propriocepção alongamento em
alterada função da
espasticidade

FONTE: O autor

A existência de uma espasticidade é visível quando um alongamento rápido


induz ao clônus. Para Silva e Campos (2006), os principais causadores da marcha
espástica são:

• paralisia cerebral;
• acidente vascular cerebral;
• trauma raquimedular;
• trauma crânio encefálico;
• esclerose múltipla.

A espasticidade dificulta quanto à qualidade na produção da atividade muscular


excêntrica ao longo do apoio.

212
Os padrões locomotores mais primitivos são considerados uma possibilidade
para o movimento voluntário, uma vez que permite que o paciente consiga dar um
passo de forma intencional, através do padrão flexor e manter a estabilidade no apoio
pelo padrão extensor.

Uma questão importante que precisa ser levada em consideração é a força


insuficiente produzida pelos padrões para realizar os controles quanto à progressão
nas fases da marcha. A impossibilidade de conciliar a flexão e a extensão suprime os
padrões de movimento, que possibilitam que exista transição leve do balanço para o
apoio (SILVA; CAMPOS, 2006).

A habilidade dos pacientes quanto à compensação está diretamente relacionada


à quantidade do controle de forma seletiva e a perspicácia quanto a sua propriocepção.

Geralmente, apenas os indivíduos que têm um envolvimento leve conseguem


se adaptar às lesões, é fundamental recordar que cada paciente é o resultado de uma
combinação única das disfunções de controle.

3 ALTERAÇÕES BIOMECÂNICAS
Agora, abordaremos a fase, a causa e o tratamento de várias alterações
biomecânicas, entre elas:

• pronação excessiva do pé;


• supinação excessiva do pé;
• flexão plantar excessiva;
• impulsão insuficiente;
• pé caído;
• flexão excessiva do joelho;
• joelho hiperestendido;
• rotação excessiva medial ou lateral do fêmur;
• base de suporte alargada;
• base de suporte reduzida;
• circundação;
• elevação do quadril;
• flexão não adequada do quadril;
• extensão não adequada do quadril;
• extensão do tronco;
• flexão do tronco;
• flexão lateral do tronco (COOK, 2015).

213
3.1 PRONAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ
Esta fase ocorre no apoio médio até o pré-balanço. Enquanto a causa é a
deformidade compensada do antepé ou retropé varo, chamada não compensada do
antepé valgo, pé plano, dorsiflexão elevada do tornozelo, tíbia vara em excesso, membro
longo, rotação medial não compensada da tíbia ou fêmur e tibial fraco.

Quanto ao tratamento, deve ser utilizada as órteses ou splints, e nas situações


de deformidades estruturais, devem ser utilizadas as palmilhas. É indicado também
a utilização do treinamento de força nas situações de fraqueza do tibial posterior
(HOUGLUM, 2015).

3.2 SUPINAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ


Esta fase corresponde ao choque do calcanhar até o apoio médio. Quanto à
causa, observa-se uma deformidade não compensada do antepé valgo, pé cavo, membro
curto, rotação lateral não compensada da tíbia ou do fêmur. Para o tratamento, deve
ser utilizada as órteses, e para as situações de deformidades estruturais as palmilhas
(SILVA; CAMPOS, 2006).

FIGURA 30 – PRONAÇÃO E SUPINAÇÃO EXCESSIVA DO PÉ

FONTE: <https://bit.ly/3zy02Wv>. Acesso em: 18 maio 2020.

3.3 FLEXÃO PLANTAR EXCESSIVA


Nesta fase, existe o apoio até o pré-balanço, essa marcha também é conhecida
como marcha equina. Enquanto a causa é a contratura do tendão de Aquiles, tônus
elevado do músculo tríceps sural.

Para o tratamento, é indicado a utilização do calor profundo através da


utilização do ultrassom ou do laser, além da fricção transversa e o alongamento no caso

214
da contratura do tendão de Aquiles para o tônus elevado, utilizando o alongamento de
forma gradual (HOUGLUM, 2015).

3.4 IMPULSÃO INSUFICIENTE


Esta fase é do apoio médio até pré-balanço. As causas estão relacionadas à
fraqueza do músculo tríceps sural, rompimento do tendão de Aquiles, metatarsalgia e
hálux hígido.

Para o tratamento, é indicado o treinamento da força para a fraqueza do músculo
tríceps sural. Já nos casos de rompimento do tendão de Aquiles e do hállux rigidus, é
indicado o tratamento cirúrgico. Nos casos de metatarsalgia, indica-se o tratamento
conservador (COOK, 2015).

3.5 PÉ CAÍDO
A fase é de balanço até o choque de calcanhar, essa marcha é denominada
de estepagem ou pé caído. Sua causa é a fraqueza dos músculos dorsiflexores. O
tratamento indicado, neste caso, é o treinamento da força para os músculos dorsiflexores
(HOUGLUM, 2015).

3.6 FLEXÃO EXCESSIVA DO JOELHO


A fase é de choque do calcanhar até o pré-balanço. Enquanto a causa é a
presença de contraturas dos músculos posteriores da coxa, a amplitude de movimento
está reduzida na dorsiflexão do tornozelo, além da fraqueza dos músculos flexores
plantares, membro alongado e contratura dos músculos flexores do quadril.

O tratamento tem como objetivo o ganho da amplitude de movimento através


da realização dos alongamentos, mobilização articular, termoterapia, massoterapia e
treinamento de força (COOK, 2015).

3.7 JOELHO HIPERESTENDIDO


A fase é de choque do calcanhar até o apoio médio. Enquanto a causa é a
fraqueza do músculo quadríceps ou o seu encurtamento, essa fraqueza é suprida pelos
músculos isquiotibiais e a contratura do tendão de Aquiles.

Quanto ao tratamento, a proposta é o ganho de amplitude de movimento,


treinamento da força e a reparação da contratura (SILVA; CAMPOS, 2006).

215
3.8 ROTAÇÃO EXCESSIVA MEDIAL OU LATERAL DO FÊMUR
A fase é o choque do calcanhar até o pré-balanço. Enquanto a causa é o
encurtamento dos músculos isquiossurais mediais ou laterais encurtados e fraqueza do
grupo muscular oposto.

O tratamento indicado é o alongamento do grupo muscular que está encurtado


e/ou treinamento de força do grupo oposto (HOUGLUM, 2015).

3.9 BASE DE SUPORTE ALARGADA


A base de suporte é considerada como alargada quando está com mais de10
cm. A fase é o choque do calcanhar até o pré-balanço. Enquanto a causa é a contratura
dos músculos adutores e o joelho varo.

O tratamento envolve a solução quanto à contratura, utilização das órteses,


propriocepção e o fortalecimento do tronco e instabilidade no caso dos músculos
inferiores (COOK, 2015).

3.10 BASE DE SUPORTE REDUZIDA


A base de suporte é considerada diminuída quando está com menos de 5 cm,
essa situação é chamada de marcha em tesoura. A fase é de choque do calcanhar até
o pré-balanço. Enquanto a causa é a contratura dos músculos adutores e o joelho varo.

O tratamento está relacionado à resolução da contratura, nos casos mais graves,


a indicação pode ser cirúrgica para o geno varo (SILVA; CAMPOS, 2006).

3.11 CIRCUNDAÇÃO
A fase é de balanço inicial até o balanço final. A causa, nesse caso, é o comprimento
elevado do membro, encurtamento ou a dominância dos músculos adutores.

Quanto ao tratamento, é indicado a utilização de palmilhas, restabelecimento do


equilíbrio de todos os grupos musculares (HOUGLUM, 2015).

3.12 ELEVAÇÃO DO QUADRIL


A fase é o choque do calcanhar até o médio apoio. Enquanto a causa é
comprometimento elevado do membro e o encurtamento do músculo quadrado lombar.

216
O tratamento indicado é a utilização das palmilhas, exercícios de alongamentos
para o músculo quadrado lombar (COOK, 2015).

3.13 FLEXÃO NÃO ADEQUADA DO QUADRIL


A fase é do balanço inicial até o choque do calcanhar. A causa é a fraqueza dos
músculos flexores do encurtamento dos músculos extensores do quadril. O tratamento
é o treinamento da força e o ganho da amplitude de movimento (COOK, 2015).

3.14 EXTENSÃO NÃO ADEQUADA DO QUADRIL


A fase é do apoio médio até o pré-balanço. A causa é a contratura dos músculos
flexores ou a fraqueza dos músculos extensores do quadril. O tratamento é o ganho de
amplitude de movimento e o treinamento da força (SILVA; CAMPOS, 2006).

3.15 EXTENSÃO DO TRONCO


A fase é de choque do calcanhar até o médio apoio. A causa é a dominância
dos músculos extensores do quadril com relação aos músculos flexores e amplitude de
movimento do joelho reduzida. O tratamento está relacionado ao reequilíbrio dos grupos
musculares e o ganho da amplitude de movimento (COOK, 2015).

3.16 FLEXÃO DO TRONCO


A fase é de choque do calcanhar até o apoio médio. Enquanto a causa é a
fraqueza dos músculos extensores do joelho e do quadril. O tratamento indicado é o
fortalecimento do músculo quadríceps e do glúteo máximo (HOUGLUM, 2015).

3.17 FLEXÃO LATERAL DO TRONCO


A fase é de apoio médio até pré-balanço, essa marcha é chamada de Trende-
lenburg. A causa é a fraqueza do músculo glúteo médio contralateral. O tratamento
indicado é o fortalecimento dos músculos adutores (COOK, 2015).

217
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu:

• O estudo da marcha patológica é fundamental para o tratamento de todos os pacientes.

• O conhecimento sobre todas as classes funcionais é muito importante, entre elas: a


deformidade funcional, a fraqueza muscular, a perda sensorial, a dor e o déficit de controle
motor ou espasticidade.

• O estudo de todas as alterações biomecânicas é fundamental para a reabilitação

218
AUTOATIVIDADE
1 Existem cinco classes funcionais, as deformidades, a fraqueza muscular, a perda
sensorial, o déficit de controle motor e a dor. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta a correlação entre as classes funcionais aos seus respectivos significados:

I- Deformidade funcional.
II- Fraqueza muscular.
III- Perda sensorial.
IV- Dor.
V- Déficit de controle motor ou espasticidade.

a) O déficit proprioceptivo impede a marcha, uma vez que impossibilita o paciente da


compreensão com relação à posição do quadril, joelho, tornozelo ou do pé e do tipo
de contato do solo.
b) Está presente quando os tecidos não possibilitam uma mobilidade passiva suficiente
aos pacientes para alcançar as posturas e as amplitudes de movimentos normais
necessários para a marcha.
c) Promove as reações fisiológicas que incluem duas dificuldades à marcha, a
deformidade e a fraqueza muscular.
d) Está relacionada à força muscular que não é suficiente para alcançar as solicitações
da marcha.
e) Os pacientes com lesão neurológica central, decorrente da paralisia espástica,
apresentam vários tipos de déficits funcionais em várias intensidades e proporções.

a) ( ) I – d; II – b; III – c; IV – e; V – a.
b) ( ) I – e; II – c; III – a; IV – d; V – b.
c) ( ) I – b; II – d; III – a; IV – c; V – e.
d) ( ) I – a; II – d; III – e; IV – b; V – c.

2 Existem várias alterações biomecânicas na marcha que estão envolvidas com a fase,
a causa e o tratamento. Com relação às várias alterações biomecânicas na marcha,
classifique V para as opções verdadeiras e F para as falsas:

( ) Pronação excessiva do pé.


( ) Flexão plantar excessiva.
( ) Pé caído.
( ) Circundação.
( ) Flexão medial do tronco.

219
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – V – V.
c) ( ) F – V – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – F – V.

3 A presença de uma espasticidade é visível quando um alongamento rápido induz


o clônus. Com relação a alguns dos principais causadores da marcha espástica,
classifique V para as opções verdadeiras e F para as falsas:

( ) Paralisia cerebral.
( ) Acidente vascular cerebral.
( ) Trauma raquimedular.
( ) Trauma crânio encefálico.
( ) Esclerose múltipla.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – V – V – F.
b) ( ) V – V – V – V – V.
c) ( ) F – V – F – V – V.
d) ( ) V – F – V – F – V.

220
UNIDADE 3 TÓPICO 6 -
PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, teremos vários exemplos de exercícios para o tratamento
dos pacientes. Os exercícios estarão divididos para o membro superior, abordando
especificamente a articulação do ombro, cotovelo, antebraço, punho e mãos.

Por último, abordaremos os exercícios para as articulações do membro inferior,
englobando os exercícios para o quadril, o joelho, o tornozelo e os dedos.

2 EXERCÍCIOS PARA A ARTICULAÇÃO DO OMBRO


Apresentaremos, a seguir, alguns exemplos de exercícios para o tratamento da
articulação do ombro. No exercício da Figura 31, o paciente deve mover ambos os braços
para frente e para trás, semelhante ao movimento de serrar, indicado nos casos em que
o movimento acima de 90º está com restrição.

FIGURA 31 – EXERCÍCIO MOVIMENTO DO SERRADOR

FONTE: Voight et al. (2014, p. 490)

No exercício da Figura 32, o paciente utiliza uma barra em L, para fazer o


alongamento dos músculos latíssimo do dorso, redondo maior e menor e parte do
deltoide e do tríceps.

221
FIGURA 32 – EXERCÍCIOS DE EXTENSORES ATRAVÉS DA BARRA EM L

FONTE: Voight et al. (2014, p. 491)

Nos dois exercícios a seguir (Figura 33), o paciente está realizando flexões, na
primeira posição com sustentação do peso através dos pés e, na posição seguinte, com
sustentação do peso através dos joelhos.

FIGURA 33 – EXERCÍCIOS DO OMBRO EM CADEIA CINÉTICA FECHADA

FONTE: Voight et al. (2014, p. 498)

Já no exercício da Figura 34, o paciente está realizando uma contração


isométrica com o objetivo de sustentar o movimento de acordo com a sua amplitude de
movimento, enquanto o fisioterapeuta deve mudar de forma brusca a direção em que
está aplicando a pressão passiva.

222
FIGURA 34 – FORTALECIMENTO ATRAVÉS DA FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA

A B
FONTE: Voight et al. (2014, p. 498)

3 EXERCÍCIOS PARA A ARTICULAÇÃO DO COTOVELO E DO


ANTEBRAÇO
Agora, abordaremos alguns exemplos de exercícios para o tratamento da
articulação do cotovelo e do antebraço. No exercício da Figura 35, é utilizada uma
faixa elástica em que uma das pontas está enrolada na mão do paciente e a outra na
extremidade do seu pé.

FIGURA 35 – EXERCÍCIO PARA O COTOVELO E O ANTEBRAÇO

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 647)

Na Figura 36, o paciente está realizando uma extensão do cotovelo em cadeia


cinética fechada por meio da utilização de uma cadeira.

223
FIGURA 36 – EXTENSÃO DO COTOVELO

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 647)

Na figura a seguir, o paciente realiza o exercício através de duas maneiras. Na


letra A, está empurrando um objeto pesado sobre uma superfície e, na letra B, está
segurando a maçaneta com uma mão e o outro membro está empurrando a porta.

FIGURA 37 – FORTALECIMENTO DO MÚSCULO TRÍCEPS

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 647)

224
4 ARTICULAÇÕES DO PUNHO, MÃOS E DEDOS
A seguir, abordaremos alguns exercícios para o tratamento da articulação do
punho, mãos e dedos. Esses exercícios são referentes ao deslizamento máximo do flexor
superficial e profundo dos dedos. Na Figura 38, na letra A, o paciente realiza a extensão
total dos dedos, na letra B e C, a flexão dos quatro dedos e, na letra D, abdução do polegar.

FIGURA 38 – EXERCÍCIOS DE DESLIZAMENTO

FONTE: Voight et al. (2014, p. 568)

Já na Figura 39, na letra A, o paciente está realizando o exercício de oposição do


polegar com os outros dedos da mão, na letra B, o polegar está fazendo o movimento de
flexão e, na letra C, o movimento de extensão.

FIGURA 39 – EXERCÍCIOS PARA O POLEGAR

FONTE: Voight et al. (2014, p. 570)

5 ARTICULAÇÃO DO QUADRIL
Agora, abordaremos alguns exercícios para o tratamento da articulação do
quadril. Na Figura 40, o paciente está realizando o alongamento dos músculos adutores
do quadril através da flexão dos quadris a 90º.

225
FIGURA 40 – ALONGAMENTO DOS MÚSCULOS DO QUADRIL

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 748)

Na figura a seguir, o paciente está em decúbito dorsal e realizando o movimento


de abdução e rotação lateral do quadril.

FIGURA 41 – ABDUÇÃO E ROTAÇÃO LATERAL

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 748)

Na Figura 42, o paciente está realizando o movimento de alongamento do músculo


reto femoral na posição ortostática. O fêmur deve estar alinhado com o tronco.

226
FIGURA 42 – EXERCÍCIO PARA O MÚSCULO RETO FEMORAL

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 749)

6 ARTICULAÇÃO DO JOELHO
Agora, abordaremos alguns exemplos de exercícios para o tratamento da
articulação do joelho. Na figura 43, o paciente está em decúbito ventral realizando o
alongamento dos músculos flexores com os membros inferiores fora da maca.

FIGURA 43 – ALONGAMENTO DOS FLEXORES DO JOELHO

FONTE: Voight et al. (2014, p. 628)

227
Na Figura 44, o paciente está em decúbito dorsal realizando a extensão do
joelho através da utilização de um rolo.

FIGURA 44 – EXTENSÃO DO JOELHO EM DECÚBITO DORSAL

FONTE: Voight et al. (2014, p. 628)

Na Figura 45, o paciente está na posição sentada realizando uma contração


isométrica do músculo quadríceps femoral, por meio da extensão do joelho no momento
que a perna está distante da maca.

FIGURA 45 – EXTENSÃO DO JOELHO NA POSIÇÃO SENTADA

FONTE: Voight et al. (2014, p. 629)

228
7 ARTICULAÇÕES DO TORNOZELO E DOS DEDOS
A seguir, tem-se alguns exemplos de exercícios para o tratamento da articulação
do tornozelo e dedos. Na figura a seguir, o paciente está realizando a flexão plantar
através da utilização de uma faixa elástica, que está impondo uma resistência.

FIGURA 46 – EXERCÍCIO DE FLEXÃO PLANTAR

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 886)

Na Figura 47, o paciente está realizando a dorsiflexão do tornozelo através da


utilização de uma resistência elástica.

FIGURA 47 – DORSIFLEXORES DO TORNOZELO

FONTE: Kisner e Colby (2009, p. 887)

Na Figura 48, o paciente está realizando a extensão e a flexão dos dedos


através dos movimentos dos músculos extensores longos dos dedos e da musculatura
intrínseca do pé.

229
FIGURA 48 – EXTENSÃO E FLEXÃO DOS DEDOS

FONTE: Voight et al. (2014, p. 663)

8 EXERCÍCIOS PARA AS ARTICULAÇÕES


A seguir, abordaremos outros exercícios para todas as articulações do membro
superior e do membro inferior.

FIGURA 49 – MOVIMENTOS PARA AS ARTICULAÇÕES

230
FONTE: Floyd (2015, p. 25-27)

231
LEITURA
COMPLEMENTAR
TREINAMENTO DA MARCHA, CARDIORRESPIRATÓRIO E MUSCULAR APÓS
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: ESTRATÉGIAS, DOSAGENS E DESFECHOS

Angélica Cristiane Ovando


Stella Maris Michaelsen
Jonathan Ache Dias
Vanessa Herber

[...]

MÉTODO

Os artigos desta revisão foram selecionados a partir das bases de dados Science
Direct, PubMed, SpringerLink, LILACS, Informaworld e IngentaConnect, no período entre
julho e dezembro de 2008. Foram considerados para esta revisão apenas os artigos
publicados na íntegra entre os anos 1980 e 2008, que foram pesquisados a partir da
combinação dos termos ingleses: stroke, hemiplegia, hemiparesis, physical exercise,
physical training, strength training, muscular training, exercise training, body-weight
supported treadmill training, treadmill training, gait training, walking, functional activity;
e em português, dos termos: acidente vascular cerebral/encefálico, hemiparesia,
hemiplegia com treinamento, marcha, força muscular, treinamento em esteira e
atividade funcional.

Os artigos deveriam relatar ensaios clínicos randomizados ou, então, estudos pré-
experimentais ou quase-experimentais que envolvessem treinamentos com objetivo de
melhorar a marcha, a força, o condicionamento cardiorrespiratório e a independência
funcional dos indivíduos acometidos por AVE. Foram incluídos 27 trabalhos escritos com
este perfil, além de dois artigos de revisão, todos na língua inglesa. Os demais artigos
citados no presente estudo foram utilizados para embasar as discussões referentes aos
achados dos estudos incluídos.

RESULTADOS

Treinamento de marcha

Em geral, mais da metade dos pacientes não deambula independentemente


na fase aguda após um AVE, e esta dependência para marcha pode ser observada em
25% dos pacientes três meses após o evento. De acordo com Goldie et al., 60% a 70%

232
dos indivíduos que sofrem um AVE recuperam a capacidade de marcha, embora apenas
7% dos pacientes subagudos tenham capacidade suficiente de deambular de forma
independente fora de casa. A recuperação da marcha é a meta principal na reabilitação
desses pacientes. Os programas de treinamento de marcha têm como objetivo
restabelecer a marcha funcional e também melhorar a qualidade ou desempenho desta.

A esteira com suspensão de peso corporal (SPC) tem sido utilizada largamente
para recuperar a função locomotora após um AVE. Existe, hoje, uma grande variedade de
estudos investigando programas de treinamento da marcha, frequentemente realizados
em uma esteira com ou sem SPC.

O treinamento em esteira está fundamentado em dois princípios neurofisiológicos:


a melhora da modulação do reflexo da marcha e o treinamento locomotor, envolvendo
um grande volume de repetições da tarefa. O uso de esteira (com ou sem suspensão)
permite que um grande número de passos seja executado dentro de uma sessão de
treinamento, aumentando a prática da tarefa específica. Pacientes com sequelas por
AVE podem praticar até 1.000 passos em 20 minutos de prática em esteira, comparados
com apenas 50 ou 100 passos durante o mesmo período de uma sessão de fisioterapia
convencional. O sistema com SPC oferece condições favoráveis para a recuperação da
marcha, uma vez que prolonga a fase de apoio no membro plégico, melhora a simetria
do passo, diminui a espasticidade dos plantiflexores do tornozelo e permite um modelo
de ativação muscular mais regular, quando comparado com a caminhada no solo.

O treinamento em esteira com SPC permite que pacientes incapazes de


deambular livremente pratiquem ciclos de marcha completa repetidamente. Visintin et
al. (s.d.) relataram que a terapia em esteira com SPC foi mais efetiva do que sem SPC em
pacientes hemiparéticos subagudos, e a terapia em esteira também mostrou vantagens
sobre o treino de marcha convencional, no que diz respeito ao condicionamento físico
e habilidade da marcha. No entanto, dois ensaios clínicos randomizados com indivíduos
com hemiparesia aguda não conseguiram demonstrar a superioridade do treinamento
com esteira, em comparação com a fisioterapia convencional, que esteve concentrada
em treino de marcha no solo.

Diversos protocolos para o treinamento de marcha têm sido propostos, com


uma variedade de velocidades, intensidades, percentual de peso corporal suspenso,
duração e também enfocando diferentes fases do AVE, com pacientes agudos e
crônicos. Na maioria dos estudos, os indivíduos deveriam ser capazes de caminhar pelo
menos 10 metros para serem incluídos, sendo excluídos aqueles com comorbidades
cardiovasculares graves ou déficits cognitivos. Os programas eram individualizados,
geralmente seguindo uma avaliação inicial, e os parâmetros de exercício e ajustes da
esteira foram adaptados durante o programa. As medidas de desfecho avaliadas variaram
entre os estudos. A velocidade de marcha foi um dos parâmetros mais importantes,
sendo que todos os estudos avaliaram a velocidade de marcha em uma distância curta,
embora os protocolos utilizados tenham variado entre os estudos, com distâncias de 3
a 10 metros, ou ainda a distância percorrida durante dois minutos.

233
Dentre os estudos envolvendo treinamento de marcha com SPC selecionados
para esta revisão, sete avaliaram a resistência para a marcha, seis estudos utilizaram uma
escala funcional (por exemplo, a Functional Ambulation Category – FAC) para classificar
a dependência funcional da marcha, e quatro estudos avaliaram as atividades de vida
diária. Quanto ao tipo de comparação que foi utilizada nos estudos selecionados, todos
compararam o treinamento de marcha em esteira com algum outro tipo de intervenção
fisioterapêutica. Seis estudos compararam treinamento em esteira (com ou sem SPC)
com outro treinamento orientado à tarefa da marcha. O estudo de Visitin et al. (s.d.)
comparou o treinamento em esteira com SPC com treinamento sem SPC, e outros três
estudos usaram intervenções não orientadas à tarefa como comparação. Dois estudos
descreveram a intervenção do grupo controle como sendo um treinamento simulado,
ou placebo, sendo que Dean et al. (s.d.) treinou o membro superior afetado, e Ada et al.
(s.d.) utilizou um treinamento de marcha domiciliar, orientado à tarefa em intensidade
insuficiente para provocar efeito. Nenhum dos estudos encontrados comparou
treinamento com SPC sem o uso da esteira com outra intervenção.

Em geral, os estudos encontrados mostraram que o treinamento de marcha


em esteira com ou sem SPC tem efeito positivo sobre os parâmetros da marcha e
a força muscular no membro inferior parético e no membro saudável. Estudos que
utilizaram esteira rolante para reabilitar pacientes com sequela de AVE relataram
melhora na velocidade de marcha, resistência à fadiga (distância e tempo de
caminhada), cadência, comprimento do passo e/ ou simetria. Para Jaffe et al. (s.d.),
uma combinação e associação de treino de marcha, tanto na esteira como no solo,
com trabalho de obstáculo, também melhorou os parâmetros de marcha, geralmente
a velocidade. Os resultados dos estudos foram, em geral, baseados na velocidade
de marcha e resistência, enquanto a dependência funcional da marcha ou outras
medidas relevantes, como atividades de vida diária, qualidade de vida, ou ainda
institucionalização, são relatadas em poucos estudos.

Uma hipótese clínica para explicar essa tendência ao favorecimento do


treinamento em esteira e SPC como um tratamento é o fato de esta intervenção ser uma
forma de aumentar a quantidade de prática. No estudo de Ada et al. (s.d.), o aumento
da prática é alcançado pela combinação de treinamento em esteira, treinamento de
marcha, cardiorrespiratório e muscular após acidente vascular encefálico 257 com outro
exercício orientado à tarefa, como o treino de marcha em diferentes direções no solo e
subir e descer escadas.

O treinamento em esteira com ou sem SPC parece ser tão efetivo quanto outras
intervenções usadas como controle para pessoas com sequelas de AVE, sem evidências
de ser prejudicial. Alguns aspectos específicos da intervenção parecem ter impacto
sobre a eficácia. Por exemplo, os efeitos do tratamento parecem estar relacionados com
a dosagem do protocolo de treinamento utilizado. Nos estudos encontrados, o protocolo
variou em intensidade, duração e frequência da caminhada na esteira, como pode ser
visto na Tabela 1. Os estudos relataram intervenções de duas semanas até seis meses,
todas com resultados positivos. A frequência mínima foi de três vezes na semana,

234
chegando a cinco em alguns estudos. Para Pohl et al. (s.d.), um protocolo com uma
progressão mais intensa da velocidade da esteira mostrou ser mais eficaz nos ganhos
de velocidade da marcha, comparado com progressões de velocidade limitadas.

As características dos sujeitos também pareceram ser importantes na eficácia


das intervenções. Dos estudos encontrados, dois realizaram treinamento em esteira em
sujeitos agudos com no máximo 30 dias do início dos sintomas, cinco incluíram pacientes
transcorridos de 30 dias a três meses após o AVE, um estudo incluiu pacientes com mais
de três meses de AVE, dois incluíram pacientes crônicos, ou seja, mais de seis meses
após o evento, e outro não especificou o tempo de lesão dos pacientes. Os estudos
com pacientes muito agudos podem comprometer a análise do efeito específico do
treinamento, uma vez que não é possível afirmar quanto da melhora pode ser atribuída
a uma recuperação espontânea da marcha no período agudo após AVE.

Ainda, de acordo com a Moseley et al. (s.d.), indivíduos independentes na


marcha poderiam se beneficiar mais com programas de treinamento em esteira, em
comparação com indivíduos dependentes. Além disso, resultados de um ensaio clínico
mostraram que indivíduos dependentes são mais favorecidos se for utilizado o SPC
durante o treinamento em esteira. Dessa forma, diferenciar o nível de dependência para
a marcha pode ser importante na definição do desenho de um ensaio clínico eficiente.

Uma meta-análise sobre o uso da esteira e SPC na recuperação da marcha após


um AVE concluiu que não houve diferenças entre o treinamento em esteira com ou sem
SPC e outras intervenções na velocidade de marcha, embora uma análise secundária
tenha mostrado que, entre as pessoas que deambulavam independentemente no início
do tratamento, o uso da esteira foi eficaz para melhorar a velocidade de marcha. De
acordo com a revisão, existe ainda uma necessidade urgente de estudos em larga
escala, bem desenhados para avaliar os efeitos do treinamento em esteira com e sem
SPC na marcha após um AVE, uma vez que os estudos ainda não são conclusivos quanto
à superioridade em comparação com outros tratamentos convencionais, e existe hoje
um grande marketing sobre esta prática.

235
TABELA 1 – RESUMO DOS TESTES DE AVALIAÇÃO UTILIZADOS E DOSAGEM DAS INTERVENÇÕES NOS
PRINCIPAIS ESTUDOS DO TREINAMENTO DA MARCHA EM ESTEIRA
Teste de Avaliação da
Teste de Outras
desempenho recuperação Dosagem das
Estudo resistência à avaliações
da marcha em motora/ intervenções
fadiga clínicas
distância curta severidade
Versão adaptada
30 minutos
Velocidade Teste de com 30 itens Cadência,
Ada et al. 3 vezes na
confortável em caminhada de da Sickness comprimento e
2003 (18) semana durante
10 m 6 min Impact Profile largura do passo
4 semanas
(SA-SIP30)
Functional
Distância National Ambulation 20 minutos,
Velocidade
da Cunha et al. máxima Institutes Category (FAC), 5 vezes na
rápida de
2002 (19) percorrida em of Health (NIH) Medida de semana, durante
marcha em 5 m 5 min Stroke Scale Independência 2 a 3 semanas
funcional (MIF)
60 minutos de
intervenção,
Velocidade Teste de Tempo de sendo 5 minutos
Dean et al. confortável em caminhada de — levantar e andar, na esteira,
2000 (22) 10 m 6 min Step Test 3 vezes na
semana, durante
4 semanas
Qualidade da
Rivermead 30 minutos,
Teste de marcha com
Eich et al. Velocidade motor 5 vezes na
caminhada de o Rancho los
2004 (20) rápida em 10 m asessement semana, durante
6 min Amigos gait
Scale 6 semanas
analysis
60 minutos,
Velocidade Teste de Habilidade ao
Jaffe et al. 3 vezes na
confortável e caminhada de — cruzar
2004 (21) semana, durante
rápida em 6 m 6 min obstáculos 2 semanas
Distância
percorrida em 45 minutos,
Velocidade velocidade
Kosak et al. 5 vezes na
confortável em confortável — MIF
2000 (16) semana, durante
2 min até que o 2 a 3 semanas
participante não
mais tolerasse
Velocidade 8 a 20 minutos,
Laufer et al. rápida de FAC, Standing 5 vezes na
— —
2001 (15) marcha em Balance Test semana, durante
10 m 3 semanas
Cadência,
Comprimento
do passo, teste
de sentar e 60 minutos,
Velocidade
Liston et al. levantar, 3 vezes na
confortável em — —
2000 (25) Nottingham semana, durante
10 m Extended ADL 4 semanas
Scale (avaliação
de atividades de
vida diária)
30 minutos,
Velocidade Escala de
Nilson el al. 5 vezes na
confortável em Avaliação de Berg, FAC, MIF
2001 (17) semana, durante
10 m Fugl-Meyer 9 a 10 semanas
30 minutos,
Velocidade Cadência,
Pohl et al. 3 vezes na
confortável em — — Comprimento do
2002 (23) semana, durante
10 m passo, FAC 4 semanas
Resistência The Stroke 20 minutos,
Distância ercorrendo Rehabilitation
Visitin et al. 4 vezes na
percorrida em 10m em Assessment Berg
1998 (13) semana, durante
3m vai-e-vem até of Movement 6 semanas
exaustão (STREAM)
Rivermead FAC, 15 a 20 minutos,
Velocidade
Werner et al. motor espasticidade 5 vezes na
rápida de —
2002 (24) asessement de flexores semana, durante
marcha em 10 m Scale plantares 2 semanas

FONTE: OVANDO, A. C. et al. Treinamento da marcha, cardiorrespiratório e muscular após acidente vascular
encefálico: estratégias, dosagens e desfechos. Rev. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 23, n. 2, p. 253-269, abr./
jun. 2010.

236
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico, você aprendeu:

• Todos os exercícios para os membros superiores e inferiores são muito importantes


para o tratamento dos pacientes.

• Existem vários tipos de exercícios que podem ser utilizados para o tratamento dos
mais diversos pacientes.

• Os exercícios são divididos para cada uma das articulações do membro superior
(ombro, cotovelo, antebraço, punho, mãos e dedos.

• Os exercícios são divididos para cada uma das articulações do membro inferior
(quadril, joelho tornozelo e dedos).

237
AUTOATIVIDADE
1 Existem vários tipos de exercícios que podem ser utilizados para o tratamento
da articulação do ombro, entre eles o movimento de serrar. Assinale a alternativa
CORRETA que apresenta em que casos este exercício pode ser indicado:

a) ( ) Movimento abaixo de 40º quando não existe restrição.


b) ( ) Movimento acima de 90º quando existe restrição.
c) ( ) Movimento abaixo de 30º quando existe restrição.
d) ( ) Movimento acima de 50º quando existe restrição.

2 Existem vários exercícios que podem ser realizados na posição sentada para a
articulação do joelho. Assinale a alternativa CORRETA que aborda o músculo que
realiza uma contração isométrica durante o movimento de extensão do joelho na
posição sentada:

a) ( ) Quadríceps femoral.
b) ( ) Vasto dorsal.
c) ( ) Bíceps femoral.
d) ( ) Tríceps femoral.

3 Existem vários tipos de exercícios que podem ser realizados para os dedos das mãos.
Assinale a alternativa CORRETA que apresenta os músculos que envolvidos nos
exercícios de deslizamento para os dedos da mão:

a) ( ) Extensor superficial e profundo dos dedos.


b) ( ) Extensor principal dos dedos e extensor secundários dos dedos.
c) ( ) Flexor superficial e profundo dos dedos.
d) ( ) Flexor primário dos dedos e flexor secundário dos dedos.

238
REFERÊNCIAS
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