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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

O PARADIGMA ESTRUTURA-CONDUTA-
DESEMPENHO: ESTUDO DE CASO DE
EMPRESA DE AÇO DO ESTADO DE RONDÔNIA

Graziela Luiz Franco (unir)


grazielafranco@unir.br
Wesley Goncalves Pereira (unir)
wesleyeoe18@gmail.com
EZEQUIEL JOSE HOTTES (unir)
kielhhottes@gmail.com
Ismael Josue Hottes (unir)
mael_hottes@hotmail.com
Sidney Junior Siqueira da Silva (unir)
sidney-siqueira@hotmail.com

O presente trabalho trata-se do estudo da empresa Cacoaço, uma empresa


que está no mercado a mais de 30 anos, e que tem várias filiais espalhadas
pelo território brasileiro. Sobretudo, tem-se como objetivo analisar sua
estrutura, ou seja, descobrir em qual estrutura se encaixa, podendo ser um
monopólio, oligopólio, concorrência perfeita ou concorrência monopolista, se
preocupando também com sua conduta, como ela age perante a sua
estrutura e de que forma ela utiliza para atender a demanda, tendo em vista
a precificação, marketing, P&D e a expansão da empresa em relação a sua
capacidade produtiva. Após essa análise, pode-se saber como é seu
desempenho, se é uma empresa que possui eficácia produtiva e alocativa, se
está utilizando todos os recursos produtivo, se vem buscando inovações ou se
apenas se acomodou. Após análise da empresa com base no paradigma E-C-
D pode-se dizer que esta se encaixa em uma estrutura oligopolista
concentrada competitiva com a determinação do preço pelo MARK-UP.. As
empresas concorrem entre si via guerra de preços ou promoções. É uma
empresa que se preocupa mais com a qualidade e com preço de seus
produtos. O fator mais importante para atrair a demanda é investir na
diferenciação dos produtos. É uma empresa que está sendo eficiente
alocativa, produtiva e dinamicamente, ou seja, se a empresa consegue
atender a demanda e ser mais flexível em relação ao mercado. Apesar dos
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fatores de produção em geral serem escassos, o desempenho da empresa é


mostrado quando ela consegue administrar seus recursos de forma eficiente.

Palavras-chave: Paradigama Estrutura-Conduta-Desempenho, Eficiencia


produtiva, Cacoal-RO

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1. Introdução

Desde as primeiras décadas do século XX, que foram marcados pelos avanços da siderúrgica
brasileira, impulsionadas pelo surto industrial ocorrido entra 1917 e 1930, o aço vem
ganhando cada vez mais destaque na construção civil. Atualmente, casas, prédios, e
equipamentos urbanos, são só alguns locais onde o material pode ser encontrado no dia-a-dia.

Os avanços tecnológicos e o crescimento do uso do aço também possibilitaram o


desenvolvimento de novas alternativas para a construção de casas que contribuem para a
redução do prazo de execução das obras. Outras vantagens de utilizar esse material, podem
ser observadas na possibilidade de uma construção limpa, sabendo que este é 100% reciclável
e que tem elevada resistência à compressão e à tração. No entanto esse é um dos motivos que
faz com que o aço tenha uma grande aplicação na construção civil.

Sabendo o quanto a demanda pelo aço nas construções civis, cresce o surgimento de várias
empresas nesse ramo. Uma delas, pode-se dizer que é a Cacoaço. Uma empresa localizada na
cidade de Cacoal-RO que é constituída de sócios, cujos os donos são o grupo Franças. Ela já
trabalha nesse segmento a mais de 30 anos, contendo também mais de 30 filiais espalhadas
pelo território brasileiro. Desse modo, busca-se desenvolver um estudo sobre esse setor
analisando sua conduta e desempenho no mercado. Para tanto, optou-se por aplicar o
Paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho.

O E-C-D é um paradigma que fornece um modelo para análise de mercados. O modelo


permite a sistematização e articulação dos diversos aspectos relevantes para análise da
indústria e do seu eventual poder de mercado. Mais especificamente, o modelo E-C-D
objetiva descrever o desempenho da firma, em termos de sua conduta dentro do mercado em
competição.

Pretende-se, então, analisar, utilizando o Modelo Estrutura, Conduta e Desempenho, o


mercado de aço de Cacoal a partir do estudo de caso da empresa Cacoaço. Mais
especificamente busca-se verificar a importância do setor de aço na economia brasileira e
regional; analisar as barreiras de entrada e saídas; o ambiente competitivo, etc.; investigar as
principais estratégias da empresa estudada; identificar o desempenho econômico do setor e
analisar o modelo E-C-D dentro do setor produtivo.

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No atual estágio de desenvolvimento da sociedade, é impossível imaginar o mundo sem o uso


do aço. A produção de aço é um forte indicador do estágio de desenvolvimento econômico de
um país. Seu consumo cresce proporcionalmente à construção de edifícios, execução de obras
públicas, instalação de meios de comunicação e produção de equipamentos.

2. O Paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho

O paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD) é um modelo analítico adequado para se


operacionalizar o conceito de competitividade empresarial desde que seja incorporado os
principais elementos-chave do ambiente interno que determinam a estrutura do mercado, a
conduta (estratégias competitivas) e o desempenho (resultados em termos de lucratividade e
faturamento e faturamento, crescimento), BAIN (1956); SCHERER & ROSS (1990);
TIROLE (2001).

Segundo o paradigma ECD, a relação existente entre a estrutura do mercado (concentração


industrial) e o desempenho competitivo (rentabilidade) realiza-se de conduta empresarial, ou
seja, por meio do comportamento do empresário quanto à política de vendas e de fixação dos
preços da empresa visando o crescimento e a lucratividade, CYERT & MARCH (1963). A
essência do modelo estrutura-conduta-desempenho, desenvolvido nesse trabalho, se baseia em
relacionar o desempenho de uma empresa no mercado como variável dependente das
características do ambiente em que ela está exposta. PORTER (1983, p. 176).

Este modelo ECD têm como objetivo, derivar de características da estrutura do mercado
conclusões acerca do seu desempenho em termos de alguma variável escolhida, supondo para
isso que as condutas das empresas são fortemente condicionadas pelos parâmetros estruturais
vigentes. Como pode ser visto nesta figura 1:

De acordo com Scherer e Ross (1990), conduta de uma empresa no mercado, a parti da
precificação, da estratégia, do desenvolvimento de pesquisas, da busca pela expansão da
capacidade produtiva e de suas estratégias institucionais, é que se saberá qual o seu
desempenho no mercado. Ainda de acordo com esses autores e contrariamente à economia
clássica, não é possível fazer inferências sobre a conduta de uma empresa no mercado apenas
pela identificação da estrutura de mercado que ela se enquadra.

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Após do enquadramento de uma empresa em uma determinada estrutura de mercado é preciso


analisar a sua conduta nesse mercado, para, somente a partir daí, fazer inferências sobre o seu
desempenho. Uma empresa oligopolista por exemplo pode não se comportar como tal e assim
o seu desempenho será diferente do desempenho de empresas que se comportam como
oligopolistas.

Figura 1 – Estrutura do Paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho

Complementarmente, a eficiência alocativa, produtiva e dinâmica dependem basicamente da


conduta de mercado da empresa e não unicamente da estrutura de mercado a qual ela se
enquadra.(SCHERER E ROSS, 1990).

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Como pode ser observado na figura 1, pode-se identificar os fatores estruturais que
condiciona as condutas de fixação de preços das empresas e, que consequentemente, podem
ocorrer situações de elevação abusiva de margens de lucro e prejuízos para os consumidores.
E essa é uma das formas básicas do modelo organizacional para uma empresa utilizar no seu
dia a dia.

4. Metodologia

A pesquisa possui estudo de caráter exploratório. A investigação baseou-se em variáveis


qualitativas, do qual a coleta de dados ocorreu por meio de levantamento bibliográfico, visitas
a empresa e aplicação de questionários. Utilizando na pesquisa a forma de abordagem
qualitativa. A pesquisa qualitativa que “dirige-se a análise casos concretos em suas
peculiaridades locais e temporais, partindo das expressões e atividades das pessoas em seu
contexto locais” (FLIK, 2009, p.37).

Considerando os objetivos, esta pesquisa se constitui do tipo prática, pois se o objeto de


estudo se estabelece por uma situação social e por um problema encontrado em situação atual,
buscando esclarecer a problemática observada na realidade competitiva das empresas do
município de Cacoal.

A pesquisa foi realizada no município de Cacoal – RO do qual se realizou a coleta de dados


por meio de entrevistas, aplicação de questionários a pessoas responsáveis pela administração
da empresa. Inicialmente elaborou-se um roteiro com questões previamente discutidas e ao
longo da entrevista, conforme abertura, foram realizadas outras questões pertinentes ao
assunto abordado. Essa entrevista ocorreu com uma fonte que vivencia na prática tudo que
seria necessário para que a análise fosse realizada.

Para fins de obtenção dos resultados, os dados foram analisados a partir do agrupamento das
informações referente às variáveis qualitativas. A apuração dos resultados e analise está
demonstrada ao longo deste trabalho e foram organizados conforme a necessidade do objeto
de estudo, tendo como subsídio o material da literatura sobre o Paradigma Estrutura-Conduta-
Desempenho.

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3. Aplicação do Paradigma E-C-D à empresa Cacoaço

3.1 Análise da oferta


A Oferta é a quantidade de determinado bem ou serviço que os produtores e vendedores
desejam vender em determinado período. (VASCONCELLOS, 2007). Essa oferta sofre
influência de outras variáveis e estas variações é contribuem para a determinação da estrutura
de mercado a qual esta empresa se enquadra.

a) Matéria prima

O presente estudo da empresa Cacoaço começa com a análise da matéria-prima. Os materiais


utilizados para a produção são o aço carbono, alumínio e aço inox, que por sua vez, produzem
calhas, vergalhões, todos tipos de tubos metálicos, chapas e qualquer estrutura metálica que
possa ser moldada. A matéria-prima é mantida em estoque até ser utilizada. A busca trabalhar
com giro rápido de estoque, isto é, à medida que vão produzindo, seu estoque é renovado. O
tempo máximo que a matéria-prima permanece no estoque é de apenas dois dias, desde a
entrega da compra até a finalização do produto.

b) Tecnologia

A empresa Cacoaço conta com a tecnologia de máquinas que, por sua vez, facilitam em muito
o processo de produção. A empresa possui quatro máquinas que possuem tecnologia de ponta
e com funções distintas, a saber: moldagem chapas finas, corte de chapas finas, moldagem de
chapas mais grossas e a última no corte das chapas mais grossa.

Essa tecnologia faz com que a empresa transforme o material bruto em produto idealizado
pelo consumidor, ou seja, o consumidor vai até a empresa, pede um produto que deseja ser
moldado, e este é feito pela empresa com precisão.

c) Sindicalizações

Segundo o gerente, a empresa Cacoaço trabalha com 14 funcionários direto e que todos estão
devidamente com carteiras assinadas, e são sindicalizados. Mas o sindicato dessa categoria
não exerce forte influência sobre salários e custos relacionados à mão-de-obra.

d) Perecibilidade do produto

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A empresa Cacoaço trabalha com produtos metálicos e não perecíveis. No entanto, pode se
atribuir uma certa “perecibilidade” ao bem pois se trata de um metal que, se mal armazenado,
pode sofre a ação da ferrugem. Mas este problema não chega ocorrer na empresa e também
não afeta os seus custos porque como afirmado anteriormente o produto fica estocado na
empresa por um tempo muito curto, curto o suficiente para não sofrer esse tipo de ação do
tempo.

O peso do produto sim afeta o seu custo e preço. Sabendo que seu produto final trata-se de um
metal (material muito pesado) o preço do produto é diretamente afetado pelo seu peso, ou
seja, o transporte deste se torna caro, aumentando o custo e consequentemente o preço do
produto final.

3.2 Análise da Demanda

Demanda (ou procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores


desejam adquirir, num dado período, dada sua renda, seus gastos e o preço de mercado.
(VASCONCELLOS, 2007).

a) Elasticidades

A empresa possui um bem de demanda bastante sensível a variações no preço, ou seja, um


bem elástico. Essa alta elasticidade pode ser atribuída a quantidade de substitutos no mercado
e ao alto valor do bem. Uma pequena variação no preço do bem provocará uma variação na
demanda podendo levar os consumidores a optarem por um produto dos concorrentes locais,
que são a Vanzin, a Ferro Norte e também de outras empresas das cidades vizinhas como Ji-
paraná.

Pode-se ressaltar que esta empresa se enquadra como Oligopolista competitiva. Uma estrutura
de mercado em que poucas empresas dominam o mercado, mas concorrem entre si em preços
e diferenciação do produto. E, como a concorrência por preço é acirrada, a empresa é
obrigada a manter seus preços próximos do custo médio de produção e buscando sobressair
das demais através da diferenciação, qualidade e tempo de preparação do produto.

b) Taxas de crescimento

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Segundo a gerente, a empresa apresenta um crescimento de 10% em relação ao mesmo


período do ano passado. Pode-se dizer então que esta vem apresentando um aumento na
demanda em relação ano anterior, isso se deve ao fato de que as construções também
aumentaram, favorecendo diretamente a empresa Cacoaço.

c) Sazonalidades

A empresa tem um período no ano em que a demanda por seu produto diminui, isso ocorre na
época das chuvas, pois neste período, as construções de imóveis também são afetadas e, por
sua vez, reflete diretamente na sua comercialização. No entanto, o inverso acontece no
período da seca, no qual o mercado de construções está aquecido.

d) Método de compra

Uma empresa que pretende oferecer produtos com qualidade superior aos seus concorrentes e
se manter no mercado ela precisa se preocupar com o fornecedor de matéria-prima. Uma
compra errada pode significar perda de qualidade e/ou aumento dos custos de produção.
Nesse sentido, a empresa Cacoaço, faz uma pesquisa em três fornecedores, verificando o
melhor material que pode ser comprado.

e) Tipos de comercialização

A compra dos produtos da empresa Cacoaço, pode ser feito tanto na própria empresa, quanto
nas revendedoras, que são os materiais de construções. Mas ao fazer uma pesquisa na cidade
de Cacoal, foi constatado que os materiais de construções consideram essa empresa como um
concorrente, desse modo, eles não compram diretamente da empresa, pois assim estariam
fortalecendo o próprio concorrente. Portanto entende-se que sua demanda concentra em maior
quantidade na comercialização feita diretamente na empresa.

3.3 Estruturas de Mercado

A estrutura, por sua vez, é determinada pelas condições básicas de oferta e demanda,
compreendendo características do produto, dos consumidores, da tecnologia, entre outras.
Características da tecnologia, expressas na função de produção, definem a existência de
economias de escala. Estas, por seu turno, induzem uma estrutura concentrada. Pelo lado da

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demanda, características do produto permitem ou não a sua diferenciação, sendo um elemento


da estrutura. (Pinho e Vasconcellos, 2011)

a) Números de compradores e vendedores

O número compradores e vendedores é indefinidos, pois a empresa atende demanda interna e


externa do mercado. Porém pode-se dizer que os seus compradores são classificados em
diretos e indiretos, sendo os diretos as empresas de materiais de construção e os próprios
consumidores que adquirem diretamente na empresa sem a necessidade de intermediários. Os
indiretos são as pessoas e empresas que adquirem os produtos nas casas de materiais de
construção.

b) Diferenciação de produto

A Cacoaço oferece uma diferenciação na qualidade dos produtos, na rapidez da confecção do


bem final, na entrega e no preço diferenciado. Têm o poder de fixar os preços de venda em
seus termos, defrontando-se normalmente com concorrentes com menor poder de mercado.

c) Barreiras de entrada e saída

Há barreiras a entrada de novas empresas no setor, devido à grande concorrência, exigência


de um grande capital para alocar máquinas, compra de matérias primas, treinamento e
qualificação de mão de obras. Existem também barreiras a saída nesse mercado, como
exemplo pode se citar as burocracias legais.

d) Estruturas de Custos

A Cacoaço apesar de ser uma empresa grande no mercado de moldagem de chapas do


município, não recebe nenhum incentivo fiscal ou tributário do estado e nem do próprio
município para a sua produção e comercialização, visto que se tivesse esses incentivos a
capacidade da oferta poderia ser aumentada e assim gerar emprego e renda para a população.

Os preços são calculados através das somatórias das despesas de transporte, dos impostos, do
processamento da matéria (mão de obra). A Compra da matéria-prima é o item de maior
impacto nos custos, uma vez que além do custo da matéria-prima em si ainda tem o custo do
transporte. Exceção o caso de fidelidade de transporte, quando o cliente ganha o frete em caso
de compras com valores altos.

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e) Integração Vertical

A integração vertical, de acordo com Porter (1986, p.278), “é a combinação de processos de


produção, distribuição, vendas e outros processos econômicos tecnologicamente distintos
dentro das fronteiras de uma mesma organização”. Diferentes organizações, no entanto,
podem tomar diferentes decisões sobre quais desses processos participarão diretamente e
quais serão executados por outras empresas. O número de estágios em uma cadeia de valores
de um produto ou serviço define o grau de integração vertical da organização industrial.

Quanto maior o número de estágios, mais verticalizada é a empresa e quanto menor o número,
mais desverticalizada. Portanto pode-se dizer que a empresa Cacoaço possui integração
vertical, pois a mesma adquire os seus inputs de outras empresas (adquiri a matéria prima para
a produção dos bens que serão faturadas) e os processam internamente até a sua entrega.

f) Diversificações

A Cacoaço trabalha com diversos materiais para o processo de inputs e outputs em seu
processo produtivo tais como calhas, vergalhões, aço carbono e também trabalha com vendas
diretas.

3.4 Conduta

Conduta: é a forma que a empresa se comporta, o procedimento que ela utiliza para atender a
demanda e o comportamento que tem no mercado. E para se entender a conduta de uma
empresa é necessário analisar cincos fatores, que são: Precificação, Estratégia do produto e
propaganda, Pesquisa e Desenvolvimento, Expansão da Capacidade, Estratégias
Institucionais.

a) Precificações

Falta de coerência na estratégia de preço promove a guerra de preços que destrói a


rentabilidade do canal de vendas, e com isso o desconto seria uma boa forma de entrar no
mercado. A empresa Cacoaço se preocupa muito com o preço, pois a sua venda não está só
ligada as lojas, mas também podem ser feitas na própria empresa.

b) Estratégia no produto e propaganda

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A empresa Cacoaço não utiliza muitos meios de propaganda para divulgar os seus materiais,
utilizam apenas as casas de materiais de construção, rádios e banners. A empresa se preocupa
com qualidade, e está é uma das formas de atrair os clientes. Outro meio que o gerente
abordou, seria a fidelização com os clientes.

c) Pesquisa e desenvolvimento

Segundo o gerente a pesquisa é realizada em três mercados para uma avaliação no preço da
matéria prima, portanto o custo de produção é baixo, fazendo com o que a mercadoria seja
mais barata, visando um aumento na demanda. A empresa atende à demanda de Cacoal com
apenas os fatores de produção utilizados, se a demanda aumentar, há a ideia de implantação
de uma nova máquina para o aumento da produção.

Quanto a pesquisa e desenvolvimento, a empresa não possui um setor especifico para esse
fim. Os produtos são desenvolvidos sob encomenda e são desenvolvidos de acordo com as
características e medidas solicitadas.

d) Expansão da capacidade

A expansão da capacidade de produção só seria necessária com o aumento da demanda, pois


os fatores de produção e a estrutura física existente já comportam a demanda da empresa, a
implantação de novos maquinários só traria um custo mais elevado sem necessidade no
momento.

e) Estratégias institucionais

A disputa de mercado nesse ramo do aço é pequena, e com isso há poucas empresas que
investem na moldagem do aço, mas a empresa se preocupa no fator qualidade. Procura fazer
com que seus produtos sejam de ótima qualidade, e esse é o procedimento que a empresa
utiliza para diferenciar das outras. O governo não intervém diretamente na empresa, porém
monitora o mercado competitivo, caso haja um aumento de preço considerado alto, ele vai
intervir de forma a controlar o preço. O governo vem para equilibrar a balança entre o
consumidor e o comprador para que não haja prejuízo para ambos os lados.

3.5 Desempenho

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a) Eficácia produtiva e Alocativa

Conceitualmente eficiência é o meio para se atingir o resultado esperado, enquanto que


eficácia é o resultado dos meios empregados. Em economia, as empresas buscam a eficácia
devido á escassez dos meios de produção, visando atingir mais lucro com menos desperdícios.
Ainda, visam obter um produto de qualidade mais apurada e desempenho cada vez melhor.
“Ao mesmo tempo, procuram aprimorar os recursos e empregá-los de tal forma que se
minimizem as taxas ocorrentes de ociosidade e desemprego e se maximizem os retornos. ”
(Toscano. Portal brasil, 2003).

A empresa Cacoaço atua na área de modelagem de chapas de variados materiais metálicos,


empregam máquinas que realizam funções específicas. Segundo o gerente a empresa está
dentro dos parâmetros de eficácia desejados, isso implica dizer que os métodos que são
empregados estão trazendo os resultados esperados.

A eficácia produtiva é alcançada quando os meios empregados atingem o objetivo


desejado.De acordo com esse pressuposto, uma empresa poderia ser eficiente e mesmo assim
não ser eficaz. Partindo dessa concepção é que as empresas elaboram estratégias para
desenvolvimento do produto, na Cacoaço a estratégia empregada por eles e baseada na
vontade do cliente, já que atuam na modelagem o cliente é que dita a forma como quer o
produto.

Para que a empresa possa atuar é preciso que o cliente especifique o tipo de produto que
deseja, para então ocorrer o processo de modelagem. Além disso, existem algumas formas de
uso comum que encontram-se dispostas no estoque, produtos que não requerem modelagem
como vergalhões, tubos metálicos e barras de ferro maciço.

Mesmo no caso de haver um aumento grande da demanda, os funcionários conseguem alocar


os pedidos, de forma que nenhum fique sem ser atendido, há casos em que é necessária
antecipação dos pedidos para que haja maior prazo de entrega, isso garante a eficiência
produtiva.

b) Desenvolvimento

Antes da modelagem de alguns produtos é necessário fazer o corte preciso da chapa, de


acordo com a demanda é desenhado a forma que será moldada. A máquina responsável pelo

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corte utiliza um maçarico que contém oxigênio. Enquanto o desenho é escaneado, o maçarico
segue o movimento, cortando a chapa no formato desejado.

O processo de modelagem começa quando a fôrma com a correta espessura é colocada na


máquina, o processo é quase todo mecanizado, o papel dos trabalhadores é observar e
posicionar o produto de acordo com a necessidade da máquina.

Existem produtos que são oferecidos pela empresa que não requerem ser moldados, como por
exemplo: vergalhões, barras de ferro, etc. Os produtos que tem maior saída são do ramo de
construção civil. Em épocas que a construção na cidade está aquecida o responsável faz uma
estimativa do material necessário para atender a demanda e, caso não tenham o necessário
disponível em estoque, contata-se as outras empresas do grupo de cidades próximas, que
rapidamente trazem o material que está faltando.

c) Pleno emprego

Pleno emprego é quando uma empresa está utilizando todos os recursos que estão disponíveis.
Segundo o gerente da Cacoaço, a empresa está utilizando todos seus recursos disponíveis na
produção e distribuição de seu produto. Todos os empregados estão encarregados de fazer sua
função e caso necessite ainda, estão capacitados a realizar outras advindas de alterações no
fluxo da demanda. As máquinas não estão utilizando toda sua capacidade produtiva, pois é
produzido o que é necessário a satisfazer a demanda da empresa.

d) Equidade

É a adaptação de regras a casos específicos, observando valores como igualdade e justiça.


Este conceito também revela o uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um,
usando a equivalência para se tornarem iguais. No caso da empresa isso remete a
circunstancias como: se há mulheres na linha de produção, como beneficiar um funcionário de
forma que não afete o outro.

A Cacoaço não promove esses tipos de ação, porém os funcionários que se destacam são
reconhecidos por todos. De tal forma é gerado uma satisfação pessoal, o que reflete na
produtividade do empregado.

4. Considerações Finais

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Após analise da empresa com base no paradigma estrutura-conduta-desempenho pode-se


dizer que esta se encaixa em uma estrutura oligopolista concentrada competitiva com a
determinação do preço pelo MARK-UP.Dentro de Cacoal, foram observadas as características
típicas desse modelo de concorrência, tais como: barreiras à entrada de novas empresas; tipo
de produto homogêneo ou diferenciado; poucas empresas dominam o mercado e visam a
maximização do lucro. As empresas concorrem entre si via guerra de preços ou promoções.

Dado o tipo de mercado que a empresa se encontra, foi descoberto o seu comportamento
perante as outras, ou seja, qual é a sua conduta. É uma empresa que se preocupa mais com a
qualidade e com preço de seus produtos. O fator mais importante para atrair a demanda é
investir na diferenciação dos produtos, na Cacoaço a diferenciação não é propriamente da
empresa, já que a matéria-prima é o produto final de outra. Então a diferenciação se dá por
meio da escolha de uma matéria-prima julgada de qualidade com um preço mais acessível.
Baseado na estrutura e na conduta pode-se definir que é uma empresa que está sendo eficiente
alocativa, produtiva e dinamicamente, ou seja, se a empresa consegue atender a demanda e ser
mais flexível em relação ao mercado. Esse é o desempenho da empresa; baseado na estrutura
e na conduta da mesma. Apesar dos fatores de produção em geral serem escassos, o
desempenho da empresa é mostrado quando ela consegue administrar seus recursos de forma
eficiente.

5. Referências

BAIN, J. Barriersto new competition. Cambridge, MA, Harvard University Press, 1956

CYERT, R & MARCH, J. A behavioral theory of the firm. EnglewoodCliffs, NJ, Prentice- Hall, 1963.

PINHO, D. Evasconcellhos, M. A. S. (org) Manual de Economis – Equipe de professors da USP. Saraiva. Rio
de Janeiro. 6ª Edição. 2011

PORTER, M. E. Industrial organization and the evolution of concepts for strategic planning: the new
learning. Managerial and Decision Economics, v. 4, n. 3, sep. 1983.

PORTER, M. E., Estratégia Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1986.

PORTER, M. E. "O que é estratégia?" in PORTER, M. E. Competição: Estratégias Competitivas Essenciais.


Rio de Janeiro: Campus, 1999 B.

SCHERER, F. & ROSS, D. Industrial market structure and economic performance. Boston,
HoughtonMifflin, 1990.

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TIROLE, J. The theoryof industrial organization. Cambridge (Mass), MIT Press, 1988.

TOSCANO, F. Opinião. Portal Brasil, 2003; Acesso: 30-05-2014.

VASCONCELLOS, M. A. ECONOMIA MICRO E MACRO, Atlas quarta edição; pg-31 e pg-49

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