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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIENCIAS E TECNOLOGIA


LICENCIATURA EM ENGENHARIA DE PROCESSOS INDUSTRIAIS

ARMANDO SEBASTIÃO BALATE

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÓMICAS-BIOMECÂNICA


OCUPACIONAL NA FÁBRICA DE PROCESSAMENTO DE CEREAIS
NA CIDADE DA BEIRA

ESTUDO DE CASO: MOCRIA – BEIRA

BEIRA
2020
ARMANDO SEBASTIÃO BALATE

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÓMICAS-BIOMECÂNICA


OCUPACIONAL NA FÁBRICA DE PROCESSAMENTO DE CEREAIS
NA CIDADE DA BEIRA

ESTUDO DE CASO: MOCRIA – BEIRA

Monografia submetida à Faculdade de Ciências e


Tecnologia da Universidade Zambeze-Beira, em
cumprimento dos requisitos para a obtenção de
grau de Licenciado em Engenharia de Processos
Industriais

Orientador: Eng.º. Torres Rafael Jaquissone

BEIRA
2020

II
AVALIAÇÃO FINAL – PARECER DO ORIENTADOR

Torres Rafael Jaquissone, orientador do Departamento de Engenharia de Processos


Industriais, da Faculdade de Ciências e Tecnologia na Universidade Zambeze, vem na
qualidade do orientador da Monografia de Licenciatura submetida por Armando Sebastião
Balate, com o tema “ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ERGONÓMICAS-BIOMECANICA
OCUPACIONAIS NA FÁBRICA DE PROCESSAMENTO DE CEREAIS NA CIDADE DA
BEIRA. Estudo de caso: MOCRIA”. Declaro que o trabalho previsto no âmbito da sua
monografia foi concluído com sucesso.

Assim, o trabalho apresentado pelo candidato reúne a qualidade científica e as condições


necessárias para que o estudante seja submetido à prova de defesa para obter o grau de
Licenciado em Engenharia de Processos Industriais.

Beira aos _____ de Agosto de 2020


__________________________________________________
(Torres Rafael Jaquissone)

III
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, ARMANDO SEBASTIÃO BALATE, declaro que esta Monografia é resultado do meu
próprio trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de Licenciado em Engenharia
de Processos Industriais na Universidade Zambeze, Beira.

Ela não foi antes submetida para a obtenção de nenhum outro grau académico ou para
avaliação em nenhuma outra Universidade.

Beira aos _____ de Agosto de 2020


_______________________________________
(Armando Sebastião Balate)

IV
DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho aos meus pais, Sebastião Gil Balate e Palmira Armando Magul,
por incansavelmente cuidarem-me e educarem-me, sem a vossa colaboração esta formação
não seria concluída com sucesso.

V
AGRADECIMENTO

A conclusão deste curso, assim como a realização deste trabalho não seria possível sem a
colaboração e disponibilidade de certas pessoas que foram como uma estrutura sólida e fonte
inspiradora para a sua concretização. Deste modo quero agradecer:

 A Deus pelo dom da vida e conhecimento, pela saúde, e por colocar pessoas
maravilhosas nesta caminhada.

 Aos meus pais Sebastião Gil Balate e Palmira Armando Magul, aos meus irmãos,
Azarias Augusto, Laurinda Daniel, Evaristo Sebastião, Gil Sebastião, Orlando
Sebastião, e Pinto Sebastião pela forca, apoio incansável durante toda a jornada da
minha formação;

 Ao supervisor Engenheiro Torres Rafael Jaquissone, pelos conhecimentos transmitido


durante a formação e pela disposição, orientações e contribuições imensurável durante
a realização deste trabalho;

 Aos docentes da faculdade de ciências e tecnologia, em especial aos docentes do curso


de Engenharia de processos industriais, por contribuírem e impulsionarem activamente
para uma formação fundamentada e estruturada com base no conhecimento científico;

 De forma análoga agradecer aos meus familiares, colegas e amigos, em especial


Sidónio Bambaijo, Fernando Neto, Salomão Chigarire, Araújo Manaca, Fáusia
Almeida, Jerónimo Dique, Domingos Germano, Daúde dos Santos, António Mudubai
e Leonel Ganuga pelo apoio, forca e companheirismos durante toda a formação.

O Meu Muito Obrigado a Todos!

VI
RESUMO

As fábricas de processamento de cereais são caracterizadas na sua maioria por


actividades que necessitam de manuseio manual de cargas, que muitas vezes exigem dos
trabalhadores uma adopção de diferentes posturas para o processamento dos mesmos, assim
como para o carregamento de peso que em algum momento excedem os limites aceitáveis. O
desconhecimento dos conceitos relacionados a ergonomia-biomecânica e a falta de
capacitação, impulsionam por sua vez, no crescimento exponencial de exposição á riscos
músculos-esqueléticos. No pressente trabalho analisou-se as condições ergonómicas-
biomecânicas na fábrica de processamento de cereais na cidade da Beira. Deste modo, com
base nos resultados obtidos a partir dos métodos ergonómicos RULA (método que analisa os
factores de risco associados aos distúrbios dos membros superiores), REBA (método que
analisa o conjunto das posições adoptadas pelos membros superiores do tronco, da coluna
cervical e das pernas) e ELN (método para calcular o peso limite recomendável em tarefas
repetitivas e levantamento de cargas) manipuladas pelo Software Ergolândia versão 7.0 em
função das normais regulamentadora NR17 e os parâmetros de índice de levamento de cargas.
Deste modo, para a avaliação das variáveis de estudo e a obtenção dos resultados do trabalho
foram utilizadas principalmente imagens tiradas no posto de trabalho, segundo as exigências
da feramente e da norma 17 do regulamento Brasileiro. Portanto, concluiu-se que das 7 (sete)
posturas analisadas pelo método RULA, 14,28% correspondem ao nível 3 e 85,71%
correspondem ao nível 4, e do mesmo número de posturas foram analisadas pelo método
REBA onde 57,14% correspondem aos riscos entre 8 a 10 e 42,85% correspondem aos riscos
entre 11 a 15, o que confirma a necessidade de intervenções imediatas em relação a mudanças
de posturas. Com base os resultados da ELN o valor IL foi de 5.45 o que confere um elevado
risco segundo os parâmetros de riscos de NIOSH e das normais 17.2.2. que referencia que não
deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador, cujo peso
seja susceptível de comprometer sua saúde ou sua segurança.

Palavras-chave: Ergonomia; Biomecânica; Trabalho; Postura; Lesões.

VII
ABSTRACT

Cereal processing factories are mostly characterized by activities that determine the load
manual, which often require workers to adopt different postures for processing them, as well
as for loading weight that at some point exceeds the acceptable limits. The ignorance of the
concepts related to ergonomics-biomechanics and lack of training, in turn, boost the
exponential growth of exposure to musculoskeletal risks. With the present work it was
intended to analyze the ergonomic-biomechanical conditions at the cereal processing plant in
the city of Beira. Thus, based on the results obtained from the ergonomic methods RULA
(method that analyzes the risk factors associated with disorders of the upper limbs), REBA
(method that analyzes the set of positions by the upper members of the trunk, the cervical
spine and the legs) and ELN (method for calculating the recommended limit weight in
repetitive tasks and lifting loads) manipulated by Ergolândia software version 7.0 in regulated
normal function NR17 and the load lifting index parameters. Therefore, it was concluded that
of the 7 (seven) postures analyzed by the RULA method, 14.28% corresponding to level 3
and 85.71% corresponding to level 4, and of the same number of postures were analyzed
using the REBA method where 57.14 % charged to risks between 8 to 10 and 42.85% related
to risks between 11 to 15, which confirms the need for immediate solutions in relation to
changes in postures. Based on the ELN results, the IL value was 5.45, which gives a high risk
according to the risk parameters of NIOSH and normal 17.2.2. which states that manual
transport of loads should not be required or admitted by a worker, whose weight is likely to
compromise his health or safety. Thus, to carry out the work, the following methods were
used: Approach method and procedures (bibliographic and direct observation), aided by the
interview technique. The work is divided into 5 (five) chapters, introduction, literary review,
methods and materials, analysis and interpretation of results and final considerations.

Keywords: Ergonomics; Biomechanics; Job; Posture; Injuries.

VIII
Lista de Figuras
Figura 1: Fluxograma do Processo produtivo........................................................................... 41
Figura 2: Avaliação da posição dos braços. ............................................................................. 79
Figura 3: Avaliação da posição dos antebraços. ....................................................................... 79
Figura 4: Avaliação da posição dos punhos. ............................................................................ 80
Figura 5: Avaliação da rotação dos punhos. ............................................................................. 80
Figura 6: Avaliação da posição do pescoço. ............................................................................ 81
Figura 7: Avaliação de posição do tronco. ............................................................................... 81
Figura 8: Avaliação da posição das pernas. .............................................................................. 82
Figura 9: Avaliação das actividades. ........................................................................................ 82
Figura 10: Avaliação de posição de pescoço, tronco e perna. .................................................. 83
Figura 11. Avaliação da carga. ................................................................................................. 83
Figura 12. Avaliação da posição do branço, antebraço e punho. ............................................. 84
Figura 13. Avaliação da qualidade da pega. ............................................................................. 84
Figura 14. Avaliação da actividade. ......................................................................................... 85

IX
Lista de Ilustrações
Ilustração 1:Operador na Moagem. .......................................................................................... 44
Ilustração 2:Postura de Trabalho no processo de ensacamento do farelo ................................ 48
Ilustração 3: Análise da postura de trabalho do Trabalhador A1 ............................................. 49
Ilustração 4: Análise da postura de trabalho do trabalhador B1 ............................................... 49
Ilustração 5: Postura de trabalho no enchimento ...................................................................... 50
Ilustração 6: Análise da postura de trabalho pelo Método RULA para o trabalhador B2 ........ 51
Ilustração 7: Postura de trabalho no enchimento ...................................................................... 51
Ilustração 8: Análise da postura de trabalho pelo Método RULA para o trabalhador A2 ....... 52
Ilustração 9: Postura de trabalho no processo de moagem ....................................................... 53
Ilustração 10: Análise da postura de trabalho pelo método RULA de trabalhadores A3 e B3 54
Ilustração 11: Postura de trabalho no processo de moagem ..................................................... 54
Ilustração 12 : Análise da postura de trabalho pelo Método RULA para o trabalhador A4 .... 55
Ilustração 13: Análise da postura de trabalho do trabalhador A1............................................. 57
Ilustração 14: Analise da postura de trabalho d o trabalhador B1 ............................................ 57
Ilustração 15: Análise da postura de trabalho pelo Método REBA para o trabalhador B2 ...... 59
Ilustração 16: Análise da postura de trabalho pelo Método REBA para o trabalhador A2 ...... 60
Ilustração 17: Análise da postura de trabalho pelo Método REBA para o trabalhador A3 ...... 61
Ilustração 18: Análise da postura de trabalho pelo Método REBA para o trabalhador B3 ...... 62
Ilustração 19. Análise da postura de trabalho Método REBA para o trabalhador A4 .............. 63
Ilustração 20: Altura Vertical e Horizontal .............................................................................. 64
Ilustração 21: Controle de Nível de Acção pelo método RULA .............................................. 69
Ilustração 22: Controle de Nível de Acção pelo método REBA .............................................. 70
Ilustração 23: Resultado pelo Software Ergolândia Versão 5.0 ............................................... 71

X
Lista de Quadros
Quadro 1. .................................................................................................................................. 33

Lista de Gráficos
Gráfico 1:Capacidade de produção diária da fábrica. Fonte: Adaptado do Autor ................... 42
Gráfico 2:Número de trabalhadores por género. ...................................................................... 43

Lista de Equações
Equação 1: Limite do Peso Recomendado ............................................................................... 36
Equação 2: Índice de levantamento .......................................................................................... 37

Lista de Tabelas

Tabela 1. Análise ergonómica do trabalho ............................................................................... 25


Tabela 2.Intervenção de acordo com a pontuação do método RULA ...................................... 31
Tabela 3. Verificação dos níveis de risco e intervenção do método REBA ............................. 33
Tabela 4. Coeficiente de manuseio ........................................................................................... 37
Tabela 5. Factor frequência de levantamento ........................................................................... 37
Tabela 6. Dados para análise de postura Método RULA para trabalhadores A1 e B1 ............ 48
Tabela 7. Dados para análise de postura Método RULA para trabalhador B2 ........................ 50
Tabela 8. Dados para análise de postura Método RULA para trabalhadores A2 ..................... 52
Tabela 9.Dados para análise de postura Método RULA para trabalhadores A3 e B3 ............. 53
Tabela 10. Dados para análise de postura Método RULA para trabalhador A4 ...................... 55
Tabela 11.Dados para análise de postura Método REBA para trabalhadores A1 e B1 ............ 56
Tabela 12. Dados para análise de postura Método REBA para trabalhador B2 ....................... 58
Tabela 13.Dados para análise de postura Método REBA para trabalhadores A2 .................... 59
Tabela 14. Dados para análise de postura Método REBA para trabalhadores A3 e B3 ........... 60
Tabela 15. Dados para análise de postura Método REBA para trabalhador A4 ...................... 62

XI
Lista de Abreviatura

AET Análise ergonómica de trabalho

CA Coeficiente Ângulo de Assimetria

CD Coeficiente de Deslocamento

CF Coeficiente de Frequência

CH Coeficiente Distancia Horizontal

CM Coeficiente de Manuseio

CV Coeficiente Distancia Vertical

DORT Distúrbio Ostemosculares relacionando ao trabalho

ELN Equação de Levantamento de NIOSH

EN6 Estrada Nacional Número 6

ENSO Engenharia e Sociedade

IEA The International Ergonomics Association

IL Índice de Levantamento

LER Lesões por Esforço Repetitivo

LPR Limite de Peso Recomendado

LTC Lesões por Trauma Cumulativos

NIOSH National Institute for Occupational Safaty and Haelth

RULA Rapid Upper Limb Assessment;

SQVT Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho

XII
INDICE
DECLARAÇÃO DE HONRA .................................................................................................IV
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ V
RESUMO ............................................................................................................................... VII
ABSTRACT .......................................................................................................................... VIII
Lista de Figuras ........................................................................................................................ IX
Lista de Ilustrações .................................................................................................................... X
Lista de Quadros ....................................................................................................................... XI
Lista de Gráficos ....................................................................................................................... XI
Lista de Equações .....................................................................................................................XI
CAPITULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................... 15
1.1. NOTA INTRODUTÓRIA ....................................................................................... 15
1.2. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA ....................................................... 17
1.3. RELEVÂNCIA CIENTÍFICA E SOCIAL .............................................................. 18
1.3.1. Relevância Científica ........................................................................................ 18
1.3.2. Relevância Social .............................................................................................. 18
1.4. FORMULAÇÃO DE PROBLEMA ........................................................................ 19
1.5. HIPÓTESE ............................................................................................................... 20
1.5.1. Hipótese ............................................................................................................ 20
1.6. OBJECTIVOS DA PESQUISA ............................................................................... 21
1.6.1. Objectivo geral .................................................................................................. 21
1.6.2. Objectivos específicos ...................................................................................... 21
1.7. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ........................................................................... 22
1.8. ENQUADRAMENTO DO TEMA .......................................................................... 22
CAPITULO II: REVISÃO LITERÁRIA ................................................................................... 23
2.1. Conceito da Ergonomia ............................................................................................ 23
2.2. Análise Ergonómica do Trabalho ............................................................................ 24
2.3. Biomecânica ...................................................................................................... 26
2.2.1. Biomecânica Ocupacional ................................................................................ 26
2.2.1.1. Posturas Ocupacional .............................................................................. 27
2.2.1.2. Doenças Ocupacionais relacionada a postura inadequadas ..................... 28
2.2.2. Análise da Postura de Acordo com as Ferramentas (REBA, RULA e NIOSH) . 29
2.2.2.1. Método RULA ......................................................................................... 29
2.2.2.2. Método REBA ......................................................................................... 32
XIII
2.2.3. Levantamento de Cargas ................................................................................... 34
2.2.3.1. Equação de NIOSH ................................................................................. 35
2.2.2.2. Componentes da Equação do NIOSH ..................................................... 36
2.2.2.3. Principais Limitações a Equação ............................................................. 38
CAPITULO III: MÉTODOS E MATERIAIS ........................................................................... 40
3.1. Estudo de Caso ......................................................................................................... 40
3.1.1. Descrição do Processo Produtivo...................................................................... 40
3.1.2. Dimensão da Empresa....................................................................................... 42
3.2. Condições Ergonómicas da empresa ....................................................................... 43
3.2.1. Metodologia de Trabalho .................................................................................. 44
3.2.2. Enquadramento Legal Normativo do Trabalho ................................................ 45
3.2.3. Lei do Trabalho ................................................................................................. 46
3.2.4. Norma Regulamentadora NR 17 ....................................................................... 46
CAPITULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .......................... 48
4.1. Análise da Postura de Trabalho Método RULA ...................................................... 48
4.2. Análise da Postura de Trabalho Método REBA ...................................................... 56
4.3. Aplicação Da Equação De NIOSH .......................................................................... 64
4.1.1. Avaliação da Equação de NIOSH Utilizando o Método Analítico .............................. 65
4.2. Discussão dos resultados métodos RULA, REBA e ELN ....................................... 69
4.2.1. Discussão dos Resultados do Método RULA ................................................... 69
4.2.2. Discussão dos Resultados do Método REBA ................................................... 70
4.2.3. Discussão dos Resultados de Método da Equação de NIOSH ......................... 71
CAPITULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 72
5.1. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 72
5.2. RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 73
5.3. Referências bibliográficas ........................................................................................ 74
APÊNDICE .............................................................................................................................. 76
ANEXO I .................................................................................................................................. 78
ANEXO II ................................................................................................................................ 79
ANEXO III ............................................................................................................................... 83

XIV
CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1. NOTA INTRODUTÓRIA

A ergonomia-biomecânica pode ser definida como a ciência que preocupa-se com a


interacção do trabalhador e o ambiente organizacional, ela tem como o objectivo único a
harmonização do trabalho, e como consequência minimizar os impactos negativos gerados
pela postura inadequada. Por sua vez, ela preocupa-se principalmente com os esforços físicos
do trabalhador com a finalidade de aumentar a performance bem como minimizar os
distúrbios músculo-esqueléticos. A ergonomia, de acordo com a definição da Associação
Internacional de Ergonomia (IEA, 2000), é a disciplina científica que trata das interacções
entre o ser humano e os elementos de um sistema que aplica teorias, princípios, dados,
métodos a projectos que visam aperfeiçoar o bem-estar humano. É considerada
interdisciplinar, com a função de modificar condições inadequadas de trabalho e prevenir as
patologias ocupacionais.
O presente trabalho tem como o tema: Análise das condições ergonómicas-biomecânica
ocupacional na fábrica de processamento de cereais na cidade da beira e tem como estudo de
caso: MOCRIA. A empresa MOCRIA é especializada no processamento de diversos cereais
tais como; milho, Arroz, Mapira e Mafuliche. Durante as actividades os trabalhadores
submetem-se a esforços físicos excessivos causados pelas elevadas cargas que manuseiam e
transportam, além das posturas inadequadas e desgastantes às quais são subordinados devido
às características das tarefas. As consequências relacionadas ao desconhecimento das
condições de carga física e posturas inadequadas no ambiente de trabalho podem ser
alarmantes dentro de uma organização, resultando em manifestações que prejudicam a saúde
do trabalhador.
Para a obtenção dos resultados do trabalho será usado um aplicativo Ergolandia versão
7.0, esta é a ferramenta que manipula os métodos (REBA, RULA e NIOSH) de análise e
avaliação de diferentes posturas com o intuito de melhorar e minimizar as posturas
desgastantes e prejudicial a saúde dos colaboradores. Para NIOSH será usado uma equação
que determina o limite de peso recomendado (LPR), que é a determinação do peso máximo
para a realização de determinada actividade, e também o índice de levantamento (IL) que
define o risco da actividade. Diante disso, o referido estudo, busca através da intervenção e
dos conceitos de ergonomia, saúde e qualidade de vida no trabalho (SQVT) bem como
higiene e segurança no trabalho (HST), cadeiras leccionadas no curso de engenharia de
processos industriais e nos outros cursos afins. Portanto, o trabalho tem como uma das
finalidades analisar as actividades executadas e propor a ferramenta de análise para a
implementação das medidas de controlo de levantamento de cargas e diferentes posturas que
possam provocar lesões músculo-esquelético.

16
1.2. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

A escolha do tema do presente trabalho de conclusão de curso, deve-se ao facto das


condições ergonómica-biomecânicas que os trabalhadores vêm enfrentando durante as suas
actividades em seus postos de trabalho, aliando-se as preocupações que o gestor deve ter com
os mesmos mediante a situação que atentam contra a integridade e saúde dentro do ambiente
de trabalho, visto que, a instituição dispõe de actividades que exigem uma intervenção directa
do trabalhador, fazendo com que o mesmo fiquem longos períodos de tempo executando
tarefas que quando não são supervisionadas e analisados podem desencadear varias situações
de fadiga e lesões músculo-esquelético. Deste modo, pretende-se com o trabalho analisar as
condições ergonómicas-biomecânicas dos trabalhadores e com as ferramentas utilizadas
proporcionar informações quanto a perigosidade de forma a definir medidas de prevenção que
visam a minimizar e garantir melhor qualidade no desempenho das actividades. Levando em
consideração que, o uso das medidas ergonómicas, quando correctas, pode ter como resultado
melhorias nas condições do trabalho, sem contar que reduz custos humanos, aumenta a
produtividade, forma profissional com capacidade de prevenir intercorrências e aprimora o
sistema homem-máquina.

17
1.3. RELEVÂNCIA CIENTÍFICA E SOCIAL

1.3.1. Relevância Científica

O presente trabalho é relevante cientificamente, pelo facto de se abordar métodos


científicos e técnicas que serão implementados para fazer análises de diferentes esforços
físicos e posturas, levado acabo para a concretização do desempenho das actividades.
O trabalho trás um valor acrescentado na investigação científica, porque através dos mesmos
estudantes de Engenharia de Processos Industriais nas disciplinas de Saúde e Qualidade de
Vida no Trabalho (SQVT) e Ergonomia (ERGO) e de outros ramos relacionados a engenharia
(Higiene e Segurança no Trabalho), Gestão Portuária e Marítima, Logística e Transporte,
possam se beneficiar do material bibliográfico para realização de novos trabalhos de
pesquisas curriculares em uma situação, que este pode acrescentar alguma contribuição na
resolução científica de alguns possíveis problemas que possam advir.

1.3.2. Relevância Social

No âmbito social, o estudo tem relevância crucial nas comunidades e na sociedade em


geral porque através deste, passar-se-á a conhecer melhor, a importância nas questões
relacionadas a postura adequadas e os limites dos esforços mecânicos efectuados para
execução de uma determinada tarefa. Além disso, a melhoria do ambiente ergonómico-
biomecânico, possibilitará em acções que visam a minimização dos riscos ocupacionais
dentro da organização e também servirá de modelo para as outras unidades de processamento
que dispõem das actividades similares, daí que o presente trabalho possui uma aplicação
prática e contributiva na geração de conhecimento.

18
1.4. FORMULAÇÃO DE PROBLEMA

Todas áreas de processamento de bens e consumo existem especificidade de actividades


e maquinarias utilizadas para a sua produção. Em muitas fabricas de processamentos, existem
catalogo ou cartazes de indicação que demostram como devem ser executadas determinadas
tarefas ou manipular determinados equipamentos, sem provocarem danos ou possíveis lesões
musculares nos trabalhadores ou aos demais que se fazem presente naquele local. Na fábrica
de processamento de cereais, localizada no Bairro da Mobeira na Cidade da Beira província
de Sofala; se tem verificado que a maior parte dos colaboradores da fábrica não tem nenhum
conhecimento claro ligado as questões da ergonomia e das doenças ocupacionais,
relacionados ao seu ambiente de trabalho e as suas actividades de acordo com as entrevista
feitas dentro da empresa. Portanto, na falta deste conhecimento, a vida dos trabalhadores tem
sido colocado em causa, contribuindo assim para situações de lesões músculos-esqueléticos e
doenças ocupacionais. Diante da problematização pode-se levantar a seguinte questão:

Como minimizar os riscos de lesões e posturas inadequadas dos trabalhadores na


fábrica de processamento de cereais MOCRIA, de forma a garantir condições ergonómica-
biomecânicas durante a execução das suas actividades?

19
1.5.HIPÓTESE

1.5.1. Hipótese

A criação de um departamento que zela pela saúde e segurança ou a adopção de


medidas de rastreio que visam na melhoria do ambiente de trabalho podem contribuir de
forma efectiva no desempenho das actividades e minimizar os futuros casos de lesões
músculo-esquelético, focando em melhorias de equipamentos e procedimentos, de modo que
as lesões e os riscos ocupacionais provocados pelas posturas inadequadas e carregamento de
peso fora do limite recomendado possam ser detectada com maior facilidade e deste modo
traçar políticas que visam no seu controlo ou ainda procurando mudar positivamente o
comportamento dos trabalhadores por meio da educação e do treinamento.

20
1.6.OBJECTIVOS DA PESQUISA

1.6.1. Objectivo geral

 Analisar as condições ergonómicas – biomecânica ocupacional na fábrica de


processamento de cereais na cidade da Beira - MOCRIA

1.6.2. Objectivos específicos

 Abordar sobre o conceito da ergonomia-biomecânica ocupacional;


 Caracterizar a fábrica de processamento MOCRIA;
 Identificar os aspectos ergonómicos – biomecânicos no ambiente de trabalho da
fábrica de processamento de cereais MOCRIA;
 Avaliar o nível da exposição músculos-esqueléticos dos trabalhadores da fábrica
MOCRIA usando a ferramenta Ergolândia versão 7.0;

21
1.7. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O trabalho de conclusão do curso tem como delimitação “Análise das condições


ergonómicas-biomecânica ocupacional na fábrica de processamento de cereais na cidade da
Beira, estudo de caso: MOCRIA” localizada na EN6 próximo a Mobeira. O presente estudo
será realizado na fábrica acima citado, cobrindo um horizonte temporal de um semestre, ou
seja, (6) meses que equivale a 180 dias do corrente ano de 2020.

1.8. ENQUADRAMENTO DO TEMA

O presente tema se enquadra no curso de Engenharia de Processos Indústrias,


administrado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Zambeze – Cidade da
Beira, o tema se enquadra concretamente nas cadeiras de Ergonomia, Saúde e Qualidade de
Vida no Trabalho (SQVT) e Engenharia de Sociedade (ENSO)

22
CAPITULO II: REVISÃO LITERÁRIA

2.1. Conceito da Ergonomia

De acordo com Dul e Weerdmeester (2004), pode-se dizer que a ergonomia é uma
ciência aplicada ao projecto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objectivo
de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho.
A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais (sentados, em pé,
empurrando, puxando e levantando cargas), factores ambientais (ruídos, vibrações,
iluminação, clima, agentes químicos), informação (informações captadas pela visão, audição e
outros sentidos), relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefas
adequadas, interessantes). A conjugação adequada desses factores permite projectar ambientes
seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida quotidiana. A
ergonomia baseia-se em conhecimentos de outras áreas científicas, como a antropometria,
biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia mecânica, desenho industrial,
electrónica, informática e gerência industrial. Ela reuniu, seleccionou e integrou os
conhecimentos relevantes dessas áreas, para desenvolver métodos e técnicas específicas para
aplicação desses conhecimentos na melhoria do trabalho e das condições de vida, tanto dos
trabalhadores, como da população em geral, (Dul & Weerdmeester, 2004).

De acordo com Iida (2002), para atingir o seu objectivo, a ergonomia estuda diversos
aspectos do comportamento humano no trabalho e outros factores importantes para o projecto
como:
 O homem - características físicas, fisiológicas, e sociais do trabalhador; influência do
sexo, idade, treinamento e motivação.
 Máquina - entende-se por máquina todas as ajudas materiais que o homem utiliza no
seu trabalho, englobando os equipamentos, ferramentas, mobiliário e instalações.
 Ambiente - estuda as características do ambiente físico que envolve o homem durante
o trabalho, como a temperatura, ruídos, vibrações, luz, cores, gases e outros.
 Informação - refere-se às comunicações existentes entre os elementos de um sistema, a
transmissão de informações, o processamento e a tomada de decisões.
 Organização - é a conjugação dos elementos acima citados no sistema produtivo,
estudando aspectos como horários, turnos de trabalho e formação de equipas.

23
 Consequências do trabalho - aqui entram mais as informações de controlos como
tarefas de inspecções, estudos dos erros e acidentes, além dos estudos sobre gastos
energéticos, fadiga e “estresse”.

Em termos de seus objectivos, segundo Iida (2002), a ergonomia busca a segurança,


satisfação e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos. O
termo “Ergonomia” é conhecido em vários locais do mundo, também conhecida como
“Ingenieria Humana” ou “Engenharia Humana”, do ponto de vista de Engenharia de
Processos Industriais pode ser definida como um conjunto de acções que visam garantir o
bem-estar dos trabalhadores, enfatizando todo o conhecimento dos riscos, de forma a
proporcionar um ambiente de trabalho estável e o alcance dos objectivos.

A International Ergonomics Association (IEA, 2000), define a ergonomia, como:


[...]) é uma disciplina científica que estuda as interacções dos homens com
outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e
métodos de projecto, com o objectivo de melhorar o bem-estar humano e o
desempenho global do sistema.

O trabalho aqui tem uma acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aquelas
máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, mas também toda a
situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu trabalho. Isto envolve não
somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é
programado e controlado para produzir os resultados desejados”.

2.2.Análise Ergonómica do Trabalho

De acordo com Silva et al. (1999), a análise ergonómica do trabalho (AET) pode ser
definida por critérios de avaliação do trabalho, e são sustentados por três eixos:
 Eixo 1: A segurança dos homens e dos equipamentos;
 Eixo 2: A eficiência do processo produtivo;
 Eixo 3: O bem-estar dos trabalhadores nas situações de trabalho.

Segundo Basílio (2008), sobre a importância acerca da compreensão das tarefas


executadas pelo trabalhador, cita como mecanismos previstos na tabela 1:

24
Tabela 1.
Análise ergonómica do trabalho
Análise documental: Permite conhecer as particularidades dos postos de trabalho, a relação
de hierarquia entre os membros do processo produtivo, e a situação
do estudado no organograma da empresa, entre outros;
Entrevistas: Tem como uma técnica de análise ergonómica do trabalho, que
facilita através de debates, a obtenção de informações úteis para a
pesquisa;
Observações: Mecanismo utilizado a fim de facilitar a compreensão do sistema de
trabalho, suas frequências, durações e a maneira adoptada para a
execução;
Questionários: Após a fase de entrevistas, é importante a aplicação de questionários,
pedindo para o trabalhador fazer o preenchimento;
Medidas: Servem para usar análises quantitativas de elementos do ambiente e
da situação de trabalho, como vibração, temperatura, iluminação,
entre outros importantes.
Fonte: Adaptado de Basilio (2008)

Para Falzon (2007), fica sob a responsabilidade da ergonomia, identificar


conhecimentos relativos ao ser humano e sobre acções assumidas por ele, sendo importante o
factor da experiência que o profissional tem em identificar e avaliar o Homem, e a execução
das tarefas por ele desempenhadas. As formas que podem ser utilizadas para o estudo
científico, podem ser divididas em:
 Estudos experimentais: Com o objectivo de testar metodologias, realizando a maior
quantidade possível de métodos experimentais clássicos;
 Análise do trabalho dos ergonomistas;
 Auto-análise reflexiva: Conduzir acções ergonómicas e realizar depois uma prática
reflexiva.
Para Dul e Weerdmeester (2012) como estratégia para o estudo ergonómico é
interessante fazer o uso de mais que uma técnica de colecta e análise de dados, para que seja
mais fácil compreender o caso, podendo citar:

 Análise de Documentos;
 Observação de eventos relevantes;

25
 Uso de questionários;
 Entrevistas;
 Discussões com usuários das técnicas;
 Utilização de métodos experimentais.

2.3. Biomecânica

O termo “biomecânica” combina o prefixo “bio” que significa “vida”, com o campo da
mecânica, que é o estudo da acção das forças. A comunidade internacional de cientistas
adoptou o termo biomecânica no início da década de 1970 para descrever a ciência que
envolvia o estudo dos aspectos mecânicos de organismos vivos. As forças estudadas incluem
tanto forças internas produzidas pelos músculos como forças externas que actuam sobre o
corpo. O estudo da biomecânica humana pode incluir questões sobre se a quantidade de força
que os músculos produzem é ideal para o propósito pretendido do movimento.

As posturas e movimento do trabalhador durante a execução dos serviços são


importantes pontos que devem ser levados em consideração visando à segurança do trabalho,
sendo responsáveis por determinar a carga de trabalho do empregado. A postura adoptada
durante o cumprimento das tarefas é afectada por factores como natureza do trabalho,
ferramentas de trabalho e das características do local, juntamente com as características do
indivíduo Lasota (2013).
Segundo Iida (2005), a biomecânica:
[...] estuda as correlações existentes entre o trabalho e o ser humano, sob a
óptica dos movimentos exercidos pelo sistema músculo-esqueléticos
envolvidos e suas consequências. Tem como princípio analisar o tipo das
posturas corporais adoptadas no trabalho, combinado com a aplicação de
intensidade de carga de trabalho envolvidas no processo.

2.2.1. Biomecânica Ocupacional

Segundo Iida (2005), a biomecânica ocupacional:


[…]. A biomecânica ocupacional é a parte da ergonomia que trata da análise
postural e suas consequências. Existem dois tipos de trabalho: o estático e o
dinâmico. O trabalho dinâmico permite contracções e relaxamentos
alternados dos músculos. No trabalho estático o músculo se contrai e
permanece contraído.

26
A Biomecânica Ocupacional consiste na área da biomecânica que detém como objecto
de estudo o universo organizacional, que investiga os movimentos do corpo e as forças
associadas ao trabalho. Portanto, preocupa-se sobretudo com as interacções físicas do
trabalhador, com as máquinas, ferramentas, postos de trabalho com a finalidade de aumentar a
performance bem como minimizar os distúrbios músculo-esqueléticos. Sendo assim,
basicamente analisa a questão das posturas corporais no ambiente laboral, a aplicação das
forças, assim como as suas consequências (Vanícola et al. 2004).

Existem diversos princípios usados para reduzir os surgimentos dessas lesões.


Conforme Dul. (2004) apresentam os dez princípios de maior relevância para diminuir as
tensões que acontecem em músculos e articulações no decorrer de uma postura ou de um
movimento.
 As articulações devem ocupar uma posição neutra;
 Conservar os pesos próximos ao corpo;
 Evitar movimentos bruscos que gerem picos de pressão;
 Evitar curvar-se para frente;
 Limitar a duração do esforço muscular contínuo;
 Evitar inclinar a cabeça;
 Evitar torções ao tronco;
 Modificar posturas e movimentos;
 Prevenir a exaustão muscular;
 Pausas frequentes e curtas são melhores.

O objectivo é minimizar ou eliminar os problemas causados seja pela má postura


adoptada, seja pela aplicação excessiva de forças, evitando o desperdício de carga metabólica
para obtenção de maior eficiência, ou ainda, determinando a carga ou força máxima capaz de
ser suportada. Um dos factores que deve ser bem mensurado na biomecânica é a fadiga
muscular, que pode ocorrer pela elevada exigência de um trabalho estático, onde a contracção
e descontracção dos músculos são contínuas, ou seja, por um tempo prolongado.

2.2.1.1. Posturas Ocupacional

Pinheiro e França (2006), por sua vez, entendem que o corpo pode assumir três distintas
posições quando em repouso ou em actividade: a posição sentada, a posição deitada e a

27
posição em pé. A postura em pé é a mais recomendada para a recuperação da fadiga, na
posição sentada, os músculos do ventre e do dorso são accionados e, então, quase todo o
corpo pressiona a pele que envolve o osso ísquio, situado nas nádegas. Nesta posição, para
que se possa retardar a fadiga, são indispensáveis frequentes alterações de postura.

Em várias ocasiões, no accionamento de máquinas, podem existir diversas mudanças de


postura. No entanto, uma boa postura é relevante para a execução do trabalho sem estrese e
desconforto. Em muitos casos, o trabalhador assume posturas não adequadas por causa de
erros nos projectos de equipamentos, máquinas, postos de trabalho e ainda das exigências das
tarefas, uma mera observação visual não é suficiente para a análise detalhada situação, sendo
preciso a devida aplicação de métodos especiais para o registo e a análise dessas posturas
(Iida. 2005).

Segundo Dul e Weerdmeester (2004):


[…] A postura é comummente determinada pela natureza do posto de
trabalho ou da tarefa. As posturas prolongadas podem ser, em geral, bem
prejudiciais às articulações e aos músculos. No decorrer de uma jornada de
trabalho, um trabalhador pode assumir várias posturas distintas. Cada
espécie de postura acciona um aglomerado de músculos diferentes.

Uma boa postura é definida como a posição do corpo que envolve o mínimo de
sobrecarga das estruturas, com o menor gasto energético para o máximo de eficiência do
corpo, conforme análise de Santos (1997) apud Basílio (2008). Identifica posturas estáticas ou
de grande variação de amplitude de movimento ou velocidade em sua realização como sendo
posturas de risco ou desfavoráveis.

2.2.1.2. Doenças Ocupacionais relacionada a postura inadequadas

As doenças motivadas pelas práticas e condições laborais inadequadas não são


exclusivas de um determinado sector, sendo inerente às práticas mais comuns do ser humano,
portanto a construção civil também faz parte deste cenário indesejado, produzindo não só
registos elevados de absenteísmos, doenças por esforços repetitivos, esforços físicos intensos
e posturas penosas, que comprometem a qualidade de vida do trabalhador, sendo este cada
vez mais solicitado (Alcantara, 2009).

28
De acordo com Pavani (2007), várias literaturas citam a relação entre o trabalho e as
doenças ocupacionais, e que esta relação pode ser harmoniosa se houver investimento em
segurança ou traumática, provocando sequelas, se as condições de trabalho forem
desfavoráveis no quesito de prevenção.
As doenças ocupacionais são entendidas como o evento danoso que resulta do exercício do
trabalho, provocando no empregado, directa ou indirectamente, lesão corporal, perturbação
funcional ou doença que determine a morte, perda total ou parcial, permanente ou temporária,
da capacidade para o trabalho (Brandão, 2006).

A pressa em obter resultados, atingir metas, a vontade de fazer bem feito, a adopção de
novas tecnologias e até métodos gerenciais para facilitar a intensificação do trabalho que,
aliada à instabilidade no emprego, modifica o perfil de adoecimento e sofrimento dos
trabalhadores. Esses são factores que contribuem para o surgimento de doenças relacionadas
ao trabalho, como as Lesões por Esforços Repetitivos (LER), também denominadas de
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT); o surgimento de novas
formas de adoecimento mal caracterizadas, como o estrese e a fadiga física e mental e outras
manifestações de sofrimento relacionadas ao trabalho.
Para Iida (2005), os Distúrbios Osteomusculares (DORT), e as Lesões por traumas
cumulativos (LTC), causadas por esforços excessivos, tipicamente, provoca lesões como
tendinites, tenossinovites, compressões nervosas, distúrbios lombares, síndrome do túnel de
carpo e mialgias em diversos pontos do corpo.

2.2.2. Análise da Postura de Acordo com as Ferramentas (REBA, RULA e NIOSH)

De acordo com Battini et al (2014), as particularidades de cada actividade que


envolvem várias partes do corpo, requerem a utilização de mais de uma ferramenta ou método
de avaliação ergonómico, a fim de se obter maior grau de precisão. Dentre as ferramentas
mais usuais encontradas à disposição de estudiosos em ergonomia, destacam-se:

2.2.2.1. Método RULA

O método RULA (Rapid Upper Limb Assessment) foi desenvolvido para investigar a
exposição dos trabalhadores aos factores de risco associados aos distúrbios dos membros

29
superiores, utilizando diagramas de postura do corpo humano para a avaliação da exposição
aos factores de risco (Mcatamney & Corlett, 1993).

Segundo Shida e Bento (2012) a aplicação do método tem início com a observação da
actividade em questão durante vários ciclos de trabalho. Feita esta observação é possível para
o ergonomista apontar as posturas com maior significância na análise. Utilizando-se de
diagramas de postura corporal e tabelas de pontuação torna-se possível a avaliação da
exposição do trabalhador aos factores de risco. Estes riscos são nomeados factores de carga
externa e correspondem aos seguintes pontos:

 Número de movimentos;
 Trabalho muscular estático;
 Força;
 Posturas de trabalho;
 Tempo de trabalho sem pausa.

O determinante de risco ergonómico nesse método é representado pelas posturas


assumidas pelos trabalhadores na jornada de trabalho. As posturas avaliadas são as adoptadas
pelos membros superiores, o pescoço, o tronco e os membros inferiores.

A avaliação de risco é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos de


trabalho pontuando as posturas, frequência e força dentro de uma escala que varia de 1 (um),
correspondente ao intervalo de movimento ou postura de trabalho onde o factor de risco
correlato é mínimo, até ao valor 9 (nove) conforme ilustrado na tabela 2, onde o factor de
risco correlato é máximo. Esta pontuação é fundamentada na literatura especializada em
biomecânica ocupacional (Pavani & Quelhas, 2006).

As 4 principais aplicações do RULA são:


 Medição de risco músculo-esquelético, usualmente como parte de uma ampla
investigação ergonómica;
 Comparação do esforço músculo-esquelético entre "design" da estação de trabalho
actual e modificada;
 Avaliar resultados como produtividade ou compatibilidade de equipamentos;

30
 Orientar trabalhadores sobre riscos músculo-esqueléticos criados por diferentes
posturas de trabalho.

Basicamente, este método é composto de 3 etapas:


 Selecção da postura ou posturas para avaliação;
 As posturas são pontuadas usando uma planilha de pontos, diagramas de partes do
corpo e tabelas;
 Essas pontuações são convertidas em 1 das 4 medidas propostas.

Esta técnica ergonómica aborda resultados de risco entre uma pontuação de 1 a 7,


conforme ilustrado na tabela 2, onde pontuações mais altas significam altos níveis de risco
aparente. Uma baixa pontuação no método RULA não garante, entretanto, que o local de
trabalho esteja livre de riscos ergonómicos, assim como uma alta pontuação não assegura que
um problema severo existe. Esse método foi desenvolvido para detectar posturas de trabalho
ou factores de risco que merecem maior atenção (Lueder, 1996).
Como vantagens desse método pode-se citar que não é necessário o uso de equipamentos
especializados e sua aplicação não interfere na situação do trabalho (Marras & Karwowski,
2006).

Tabela 2.
Intervenção de acordo com a pontuação do método RULA
Nível de acção Pontuação Intervenção
1 1–2 A postura é aceitável se não for mantida ou repetida
por longos períodos
2 3–4 São necessárias investigações posteriores; algumas
intervenções podem se tornar necessárias
3 5–6 É necessário investigar e mudar em breve
4 7–9 É necessário investigar e mudar imediatamente
Fonte: Pavani e Quelhas (2006).

31
E a grande vantagem deste método é fornecer uma classificação do posto de trabalho
quanto à prioridade de intervenção. Guimarães e Naveiro (2004) adaptaram essa técnica a fim
de ser aplicada em situações específicas, como no trabalho com computadores.

2.2.2.2. Método REBA

O método REBA (Rapid Entire Body Assessment) foi desenvolvido por Hignett e
McAtamney (2000) para estimar o risco de desordens corporais a que os trabalhadores estão
expostos. As técnicas utilizadas para realizar uma análise postural têm duas características,
sendo elas a sensibilidade e a generalidade. Uma alta generalidade implica em uma aplicação
ampla. Todavia, apresenta uma baixa sensibilidade, ou seja, os resultados que se obtenham
podem ser pobres em detalhes. Por outro lado, as técnicas com alta sensibilidade, onde é
necessária uma informação muito precisa sobre os parâmetros específicos que se medem,
parecem ter uma aplicação bastante limitada (Colombini et al, 2005).

O método permite a análise do conjunto das posições adoptadas pelos membros


superiores (braço, antebraço e mãos), do tronco, da coluna cervical e das pernas. Enfim,
define outros factores que considera determinantes para a avaliação final da postura, bem
como a força aplicada, o tipo de pega, tipo de actividade muscular realizada pelo trabalhador.
O método REBA é uma ferramenta de análise postural especialmente sensível para detectar
tarefas que exigem movimentos inesperados de postura, como consequência normalmente da
manipulação de cargas. Sua aplicação previne o elevado índices de risco de lesões associados
à postura, principalmente pelos músculos esqueléticos, indicando em cada caso a urgência
com que se deveriam aplicar acções correctivas. Trata-se, por tanto de uma ferramenta útil
para a prevenção de riscos capaz de alertar sobre as condições de trabalho inadequadas.

O método REBA é uma ferramenta para avaliar a quantidade de posturas forçadas nas
tarefas onde é manipulado qualquer tipo de carga animada, apresentando uma grande
similaridade com o método RULA. Tal método é dirigido às análises dos membros superiores
e a trabalhos onde se realizam movimentos repetitivos.

De acordo com Pavani e Quelhas (2006), a avaliação de risco também é feita a partir de
uma observação sistemática dos ciclos de trabalho, pontuando as posturas do tronco, pescoço,
pernas, carga, braços, antebraços e punhos em tabelas específicas para cada grupo. Após a

32
pontuação de cada grupo é obtido a pontuação final onde se compara com uma tabela de
níveis de risco e acção em escala que varia de 0 (zero), correspondente ao intervalo de
movimento ou postura de trabalho aceitável e que não necessita de melhorias na actividade
até ao valor 4 (quatro) conforme a tabela 3, onde o factor de risco é considerado muito alto
sendo necessário actuação imediata.

Tabela 3.
Verificação dos níveis de risco e intervenção do método REBA
Nível de acção Pontuação Nível de risco Intervenção e posterior análise
0 1 Inapreciável Não necessário
1 2–3 Baixo Pode ser necessário
2 4–7 Médio Necessário
3 8 – 10 Alto Prontamente necessário
4 11 – 15 Muito Alto Actuação imediata
Fonte: Pavani e Quelhas (2006).

Do ponto de vista de engenharia, dos métodos acima descritos, o método RULA tem
predominância para avaliação de risco dos membros superiores, sendo mais adequado onde já
é conhecida a prevalência de doenças nestes segmentos corpóreos, enquanto, o método REBA
também permite uma avaliação ergonómica geral, porém com aplicabilidade mais adequada à
área hospitalar, na movimentação manual de pessoas. Para um melhor entendimento da
aplicabilidade de cada método, apresenta-se abaixo o Quadro 1 com a síntese dos métodos.

Quadro 1.
Aplicabilidade de cada método
Métodos RULA REBA
Os factores de frequência têm pouca A frequência das acções estão
relevância na determinação da praticamente ausente da análise,
Limites pontuação final. Não considera os assim como a organização do
aspectos ligados à organização do trabalho.
trabalho e os factores complementares.
Determinação de pontuações, Determinação de pontuações,
velocidade da análise, útil para velocidade da análise, útil para

33
Vantagens determinar problemas ergonómicos determinar problemas
ligados às posturas incorrectas e sugerir ergonómicos ligados às posturas
soluções simuladas. incorrectas e movimentação de
carga.
Não efectuados estudos de associação Não efectuados estudos de
entre as pontuações do método e a associação entre as pontuações do
Previsão de incidência ou prevalência de distúrbios método e a incidência ou
efeitos ou patologias músculo- esqueléticas. prevalência de distúrbios ou
patologias músculo-esqueléticas.
Factores Postura dos membros superiores, Postura de todos os
influentes pescoço e tronco. Segmentos corpóreos.
Postura dos membros superiores, do Posturas do corpo inteiro e força
Factores pescoço, do tronco, força e frequência. determinada em prevalência das
quantificáveis cargas movimentadas.
Tipo de uso Avaliação geral com ênfase para Avaliação geral com aplicação
membros superiores. mais adequada no âmbito
hospitalar.
Fonte: Pavani e Quelhas (2006).

2.2.3. Levantamento de Cargas

De acordo com Iida (2005), o manuseio de cargas:


[...] é responsável por grande parte dos traumas musculares entre os
trabalhadores. Aproximadamente 60% dos problemas musculares são
causados por levantamento de cargas e 20%, puxando ou empurrando-as.
Isso tem ocorrido principalmente devido á grande variação das capacidades
físicas, treinamentos insuficientes e frequentes substituições de trabalhadores
homens por mulheres.

O acto de levantar um peso está incluído muitas vezes nos movimentos que realizamos
durante todo o dia. Mesmo que sua massa seja pequena, realizamos este levantamento manual
de carga muitas vezes automaticamente, sem que tenhamos consciência dos mecanismos de
exigência sobre os organismos necessários para que esta carga possa ser elevada ou sustentada
(Gonçalves, 1998).

34
A capacidade de carga é influenciada pela sua localização em relação ao corpo e outras
características como formas, dimensões e facilidade de manuseio. Ainda segundo o autor, no
caso de tarefas repetitivas, deve-se determinar, primeiro, a capacidade de carga isométrica das
costas, que é a carga máxima que uma pessoa consegue levantar, flexionando as pernas e
mantendo o dorso recto, na vertical.

A carga recomendada para movimentos repetitivos será, então, 50% dessa carga
isométrica máxima. A seguir encontram-se algumas recomendações para que o levantamento
de cargas seja realizado de maneira ideal, respeitando as capacidades de carga:
 Mantenha a coluna recta e use a musculatura das pernas, como fazem os
halterofilistas;
 Mantenha a carga o mais próximo possível do corpo, para reduzir o momento (no
sentido da Física) provocado pela carga;
 Procure manter cargas simétricas dividindo-as e usando as duas mãos para evitar a
criação de momentos em torno do corpo;
 A carga deve estar a 40 cm acima do piso. Se estiver abaixo, o carregamento deve ser
feito em duas etapas. Coloque-a inicialmente sobre uma plataforma com cerca de 100
cm de altura e depois pegue-a em definitivo;
 Antes de levantar um peso, remova todos os obstáculos ao redor, que possam
atrapalhar os movimentos.

2.2.3.1. Equação de NIOSH

A equação de NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) foi
desenvolvida para calcular o peso limite recomendável em tarefas repetitivas de levantamento
de cargas. Essa equação tem o objectivo de prevenir ou reduzir a ocorrência de dores causadas
pelo levantamento de cargas. Ela refere-se apenas à tarefa de apanhar uma carga e deslocá-la
para depositá-la em outro nível, usando as duas mãos. (Iida, 2005)

A equação estabelece um valor de referência de 23 kg que corresponde à capacidade de


levantamento no plano sagital, de uma altura de 75 cm do solo, para um deslocamento vertical
de 25 cm, segurando-se a carga a 25 cm do corpo. Essa seria a carga aceitável para 99% dos
homens e 75% das mulheres sem provocar nenhum dano físico, em trabalhos repetitivos
(Santos et al, 2013).

35
2.2.2.2. Componentes da Equação do NIOSH

Antes de iniciar a conceituação dos factores da equação, deve-se definir o que se


compreende por localização-padrão de levantamento, consiste numa referência no espaço
tridimensional para avaliação da postura de levantamento. De acordo com a equação 1, esse
valor de referência é multiplicado por 6 (seis) factores de redução, que dependem das
condições de trabalho. São definidas as seguintes variáveis (Iida, 2005):

 LPR: limite de peso recomendável;


 H: distância horizontal entre o indivíduo e a carga (posição das mãos) em cm;
 V: distância vertical na origem da carga (posição das mãos) em cm;
 D: deslocamento vertical, entre a origem e o destino, em cm;
 A: ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital, em graus;
 F: frequência média de levantamento em levantamentos/min (ver na Tabela 5);
 C: qualidade da pega (ver na Tabela 4);
 P: peso;
 IL: índice de levantamento (Equação 2).

A relação entre as variáveis descritas fornece a seguinte Equação1:

𝟐𝟓 𝟒, 𝟓
𝐋𝐏𝐑 = 𝟐𝟑 × ( ) × (𝟏 − 𝟎, 𝟎𝟎𝟑 × |𝐕 − 𝟕𝟓|) × (𝟎, 𝟖𝟐 + ) × (𝟏 − 𝟎, 𝟎𝟎𝟑𝟐𝐀) × 𝐅𝐂 × 𝐐𝐏
𝐇 𝐃
Equação 1: Limite do Peso Recomendado
Fonte: (Iida, 2005)

A partir desses valores referenciais, os coeficientes CH , CV e CD são calculados com as


seguintes equações:
a) CH = (25/𝐻);
b) CV = (1 − 0,003 × |V − 75|)
Onde V é a distância vertical entre o ponto de pega e o solo. Se V > 175cm, tomaremos
c) CV = 0.
4,5
d) CD = 0,82 + , Sendo D = V2 − V1;
D

Onde V1 é a altura da carga em relação ao solo na origem do movimento e V2 a altura ao


final do mesmo. Se D < 25cm, manteremos CD = 1. Se D > 175cm, Então CD = 0.
e) CA = (1 – 0,0032), sendo A = ângulo de giro;

36
Ângulo de giro é o ângulo constituído entre o eixo frontal do trabalhador e a posição
lateral em que a carga é manuseada. Se o ângulo de torção for superior a 135º, tomaremos
CA = 0. E o CM é obtido a partir da Tabela, em função do valor da distância vertical da pega
da carga ao solo (V), e do tipo da pega (fácil, regular ou difícil).

𝐏
𝐈𝐋 =
𝐋𝐏𝐑
Equação 2: Índice de levantamento
Fonte: (Iida, 2005)

Tabela 4.
Coeficiente de manuseio
Manuseio 𝑽 ˂ 𝟕𝟓 𝒄𝒎 𝑽 ≥ 𝟕𝟓 𝒄𝒎
Fácil 1,00 1,00
Regular 0,95 1,00
Difícil 0,90 0,90
Fonte: Adaptado de Dull e Weerdmeester (1995)

FC é obtido na Tabela em função da duração da jornada de trabalho, do valor de e da


quantidade de elevações por minuto.

Tabela 5.
Factor frequência de levantamento
Duração Da Manutenção Continua
Frequência ≤ 8 Horas ≤ 2 Horas ≤ 1 Horas

Levamento 𝑉 < 75 ≤ 75 ≤ 75 ≤ 75 < 75 ≤ 75


(S) por (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm)
minuto
0,1 0.85 0.85 0.95 0.95 1.00 1.00

0,2 0.81 0.81 0.92 0.92 0.97 0.97

1 0.75 0.75 0.88 0.88 0.94 0.94

2 0.65 0.65 0.84 0.84 0.91 0.91

37
3 0.55 0.55 0.79 0.79 0.88 0.88

4 0.45 0.45 0.72 0.72 0.88 0,84

5 0.35 0.35 0.60 0.60 0.80 0.80

6 0.27 0.27 0.50 0.50 0.75 0.75

7 0.22 0.22 0.42 0.42 0.70 0.70

8 0.18 0.18 0.35 0.35 0.60 0.60

9 0.00 0.15 0.30 0.30 0.52 0.52

10 0.00 0.13 0.26 0.26 0.45 0.45

11 0.00 0.00 0.00 0.23 0.41 0.41

12 0.00 0.00 0.00 0.21 0.37 0.37

13 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.34

14 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.31

15 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.28

>15 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00


Fonte: Adaptado de Couto (2002)

O resultado da Equação de NIOSH (1) é o LPR: limite de peso recomendável. Assim, o


peso real carregado pelo trabalhador não deve ultrapassar o LPR, realizando-se assim a
análise de levantamento de carga (Iida, 2005).

2.2.2.3. Principais Limitações a Equação

A equação NIOSH foi concebida para avaliar o risco associado ao levantamento de


cargas em determinadas condições, por isso torna-se importante mencionar suas limitações
para que não se faça mau uso da mesma:
a) Não leva em conta o risco potencial associado aos efeitos cumulativos dos
levantamentos repetitivos;
b) Não considera eventos imprevistos como deslizamentos, quedas nem sobrecargas
inesperadas;
c) Também não foi concebida para avaliar tarefas nas quais se levanta a carga com
apenas uma mão, sentado ou agachado ou quando se trate de carregar pessoas,

38
objectos frios, quentes ou sujos, nem nas tarefas nas quais o levantamento se faça de
forma rápida e brusca.
d) Se a temperatura ou a umidade estiverem fora da faixa (19ºC, 26ºC) e (35%, 50%)
respectivamente, seria necessário acrescentar ao estudo avaliações do metabolismo
para que fosse acrescentado o efeito de tais variáveis ao consumo energético e na
frequência cardíaca;
e) Torna-se impossível aplicar a equação quando a carga levantada seja instável, situação
em que a localização do centro de massas varia significativamente durante o
levantamento. Este é o caso dos recipientes que contêm líquidos ou dos sacos
semivazios.

39
CAPITULO III: MÉTODOS E MATERIAIS

3.1. Estudo de Caso

A fábrica MOCRIA é uma empresa unipessoal, ou seja é constituído por um e único


sócio (Capital Próprio) e as suas actividades tiveram o início no ano de 2012. Localizada na
Estrada Nacional n.º 06 Cidade da Beira, próximo a fábrica Mobeira, a empresa tem como
principal actividade o processamento e a comercialização de cereais, com destaque para
Milho, Mapira e Arroz. Com cinco (5) sectores de actividades, a fábrica opera em regime
norma de trabalho, de acordo com o decreto de lei que regula as actividades económicas em
Moçambique. A empresa possui dois turnos de trabalho, sendo: o primeiro que compreendem
períodos entre as 07:00 as 12h, com um intervalo colectivo para almoço e o segundo que
compreende os períodos entre 14: 00 as 17:30.

3.1.1. Descrição do Processo Produtivo

A fábrica MOCRIA dispõe de 18 (dezoito) máquinas operacionais das quais, as mesmas


estão distribuídas em função da sua especificidade produtiva. O cereal quando chega a fábrica
e estocada em três diferentes armazéns de acordo com o seu tipo, onde é inspeccionada e
separada para a seu devido processamento. De seguida, antes de qualquer outra transformação
da matéria-prima, é feita a limpeza a partir de uma máquina separadora do cereal com outros
sólidos de diferentes granulometrias, só depois deste processo é que o cereal dispõe de
características aceitáveis para prosseguir com o processamento. Deste modo, dependendo do
tipo de cereal estes têm tratamentos diferentes, no caso do milho antes é humidificado por um
intervalo de tempo de 2 a 5 minutos, de seguida é levado para a trituradora onde ocorre o
descasque. Depois do descasque adquirisse o milho que é o produto e o farelo que é o
subproduto, a partir de uma máquina misturadora. O farelo é preparado com duas finalidades;
a primeira para ração animal e a segunda para o fabrico de bebida caseira (sêmea). Deste
modo, o milho passa para a moagem e posteriormente para a ensacagem em diferentes
quantidades de sacos de 10 a 25kg. Este processo pode ser representado pela figura 1.

40
Figura 1: Fluxograma do Processo produtivo.
Fonte: Adaptado do Autor

De acordo com os dados apurados no gráfico 1, permite-nos afirmar que das


quantidades diárias processadas na fábrica MOCRIA - Beira, 3% e 4% correspondem a
Mapira e Mafuliche respectivamente, 11% correspondem ao Arroz e o Milho bruto, 14% a
farinha do milho e 57% que perfaz a percentagem total do farelo produzido durante o
processo produtivo. Todavia com as amostras obtidas, pode-se concluir que o produto mais
procurado pelos clientes da fábrica é o farelo.

41
Quantidades por Sacos

Mapira Mafuliche
3% 4%

Farinha de
Milho
Milho
bruto
14%
11%

Arroz
11%

Farelo
57%

Gráfico 1: Capacidade de produção diária da fábrica. Fonte: Adaptado do Autor

3.1.2. Dimensão da Empresa

De acordo com os dados apurados pela empresa acerca do número de trabalhadores


afecto, permite-nos afirmar que a empresa é do tipo pequena ou seja possui um universo de
trabalhadores inferiores a 100. Conforme a IPEME (Instituto de Promoção às Pequenas e
Médias Empresas, 2015), o Estatuto Geral das Pequenas e Médias Empresas define-as de
acordo com o número de trabalhadores e o volume de negócios apurado anualmente, sendo
que o volume de negócios é o factor prevalecente na classificação.

42
Homens Mulheres

8%

92%

Gráfico 2: Número de trabalhadores por género.


Fonte: Adaptado do Autor

De acordo com os dados apurado no gráfico 2, permite-nos afirmar que do total de


trabalhadores existentes na fábrica, 8% correspondem as mulheres e 92% os homens. Todavia
com as amostras apresentadas conclui-se que a empresa é constituída por género masculino,
com maior percentagem.

3.2. Condições Ergonómicas da empresa

Segundo os dados apurados pela entrevista e a observação directa a maioria dos


trabalhadores estão capacitados para exercer múltiplas actividades com diferentes
equipamentos existentes, mas os mesmos não tem nenhuma capacitação referente a educação
ergonómica e biomecânica para levantamentos de cargas e posturas adequadas com fins de
evitar e reduzir os esforços músculos esqueléticos. Deste modo, sem a devida atenção nos
métodos ergonómicos as posturas e levantamento de cargas são realizadas em função da
melhor posição que o trabalhador achar. A ilustração 1 mostra o operador de moagem
realizando as suas actividade sentado.

43
Ilustração 1: Operador na Moagem.
Fonte: Adaptado do Autor

3.2.1. Metodologia de Trabalho

Para o efeito da realização do trabalho foram adoptados métodos e técnicas


nomeadamente; método bibliográfico, método de observação directa e a entrevista com intuito
de facilitar o processo de recolha e analise de diferentes dados onde o método bibliográfico
segundo Santos (2000, p. 62) consiste na realização de uma pesquisa ou estudo usando livros,
manuais, dissertações, artigos científicos e outros materiais já publicados. O estudo recorreu-
se, sobretudo, a obras de especialistas no assunto, contando assim, com conexões baseadas
nas obras destes autores, nesta pesquisa o método constituiu, na leitura de livros relacionados
com a análise das condições ergonómica-biomecânicas durante a execução das actividades
laborais. Esta consulta permitiu obter informações de vários autores sobre o tema em estudo.
Deste modo, de forma a conciliar os conceitos já observados por diferentes autores e a
realidades no campo do trabalho foi necessário buscar o método de observação directa que é
aquele em que o pesquisador se desloca para observar a ocorrência do fenómeno ou objecto
de estudo, sem, no entanto, fazer analises nem observações (Severino, 2000, p. 112). A
aplicação deste método pelo autor consistiu em visitas contínuas na área de estudo para
observar os detalhes e de modo aferir o verdadeiro ambiente de trabalho com diferentes tipos
de equipamentos durante a jornada diária de trabalho. Assim sendo, para firmar os dados foi
necessária buscar a técnica que permite o contacto directo com os trabalhadores, a entrevista é

44
uma técnica que consiste num questionário com participação directa do pesquisador e
pesquisado (Oliveira, 2001, p. 74). Nesta técnica o pesquisador elabora e coloca as questões e
o pesquisado elabora as respostas. Aplicação desta técnica contribuiu no levantamento de
diferentes dados relacionados com as questões ergonómico-biomecânico abrangendo 08 (oito)
colaboradores da fábrica de processamento de cereais com finalidade de obter informações
sobre o conhecimento ergonómicos os factores fatigantes, estreses músculo-esqueléticos
durantes as actividades no ambiente laboral. Portanto, para fins de tratamentos de dados e
esboço de resultados foram utilizadas planilhas do aplicativo "software" Ergolândia versão
7.0 e Microsoft Excel 2013, segundo Meirelles (2014): O uso do Microsoft Excel não se
restringe somente à análise de dados discretos, produzidos a partir de uma simples análise de
frequência, mas também, é extremamente útil quando lidamos com certa quantidade de dados
que estão organizados em diferentes variáveis categóricas.

3.2.2. Enquadramento Legal Normativo do Trabalho

A análise ergonómica do trabalho é um processo construtivo e participativo para a


resolução de problemas complexos que exigem conhecimento das tarefas, da actividade
desenvolvida para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atingirem o desempenho e
a produtividade exigidos, que no entanto esta se assenta em documentos normativos tais como
regulamentos para compor sua legalidade e enquadramento cientifico profissional. Neste
contexto, em Moçambique existem instrumentos normativos que garantam a saúde e
segurança no trabalho no entanto, não existe instrumento específico no que tange os aspectos
ergonómicos, de como determinada tarefas devem ser executadas e os limites de cargas a
serem manuseadas e as posturas que devem ser adoptadas pelos trabalhadores para específicas
tarefas. Deste modo, a luz da legislação Moçambicana existem instrumentos que de forma não
abrangente acabam trazendo artigos com relevância no contexto ergonómico, foi neste
contexto que o trabalho se assentou. A seguir traz-se alguns exemplos de artigos da lei do
trabalho que apresentam uma relevância ergonómica. Não bastando, usou também alguns
instrumentos internacionais como a norma Brasileira regulamentadora número 17, com intuito
trazer mais critérios nas análises feitas neste contexto.

45
3.2.3. Lei do Trabalho

De acordo com o artigo 54.5 da lei do trabalho de 2007, cada empregado tem o direito
de desfrutar de medidas adequadas de protecção, segurança e higiene no trabalho, capazes de
garantir a sua integridade física, moral e mental. Os empregadores são responsáveis pela
criação e desenvolvimento de meios adequados para proteger a integridade física e mental dos
colaboradores e melhoria contínua das condições de trabalho. Os empregadores também são
obrigados a tomar precauções adequadas para assegurar que todos os postos de trabalho e
meios de acesso e de saída para o trabalho sejam seguro e livre de riscos para a segurança e
saúde dos trabalhadores. (Art. 59 e 216 da Lei do Trabalho 2007) Em relação a questão
referente a protecção e o Código de Trabalho exigem também os empregadores a fornecer
equipamento de protecção e vestuário de trabalho adequado para os trabalhadores, afim de
prevenir o risco de acidentes ou efeitos prejudiciais sobre a saúde dos trabalhadores.
Também, os empregadores são obrigados a fornecer aos seus empregados físicas boas
condições de trabalho, ambiental e moral, informa-los sobre os riscos de seu trabalho, e
instrui-lo sobre o cumprimento adequado das normais de higiene e segurança no trabalho.

3.2.4. Norma Regulamentadora NR 17

Esta Norma Regulamentadora visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação


das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Deste modo,
seguem-se algumas normas que visam a melhoria e a adequação nas actividades.

17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,


transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais
do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é
suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição
da carga.

17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tracção de


vagonetas sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser

46
executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com a
sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança.

17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um
trabalhador, cujo peso seja susceptível de comprometer sua saúde ou sua segurança.

17.4. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem ser adequados
às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

17.6.3. Nas actividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do


pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonómica do
trabalho, deve ser observado o seguinte:

a) Todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e


vantagens de qualquer espécie devem levar em consideração as repercussões sobre a
saúde dos trabalhadores.
b) Devem ser incluídas pausas para descanso:

47
CAPITULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1. Análise da Postura de Trabalho Método RULA

A ilustração 2 foi captada na fábrica de processamento de cereais MOCRIA, no sector


de ensacamento. A imagem caracteriza a postura dos trabalhadores durante o ensacamento.
Para avaliação desta postura utilizando o método RULA tem-se na tabela 6 os dados obtidos
em função da comparação das ilustração captada e as figuras da ferramenta Ergolândia versão
7.0. ver no anexo 2:

Ilustração 2: Postura de Trabalho no processo de ensacamento do farelo


Fonte. Adaptado do Autor

Tabela 6.
Dados para análise de postura Método RULA para trabalhadores A1 e B1

DESCRIÇÃO DOS INTERVALO DE VARIAÇÃO


Item
MEMBROS Trabalhador A1 Trabalhador B1
Angulo entre o Corpo e o [20 − 20]
1 [20 − 45]
Braços
2 Angulo do Antebraços [0 − 60] [0 − 100]
3 Localização do Punho 15 ≥ 15
4 Angulo Rotação do punho 0 0
5 Angulo do Pescoço [10 − 20] [0 − 10]
6 Tronco ≥ 60 ≥ 60
Correctamente apoiados
7 Situação das Pernas Não equilibrado
e equilibrados
A postura é mantida por A postura é mantida por
período superior a 1 min, período superior a 1
Actividades e o mesmo opera uma min, e o mesmo opera
carga menor que 2Kg uma carga superior que
intermitente. 10Kg intermitente.
Fonte: adaptado do autor

48
As ilustrações 3 e 4 nomeadamente apresentam as avaliações das posturas analisadas
pelo método RULA na ilustração 2 que segundo as pontuações e o nível de acção sugerem
uma intervenção de mudanças imediatas e a realização de investigações em relação as
posturas dos colaboradores de forma a reduzir os riscos músculos-esqueléticos.

Ilustração 3: Análise da postura de trabalho do Trabalhador A1


Fonte: Software Ergolandia Versão 5.0

Ilustração 4: Análise da postura de trabalho do trabalhador B1


Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

49
A ilustração 5 foi captada no sector de processamento de cereais. A imagem caracteriza
a postura do trabalhador durante a moagem. Para avaliação desta postura utilizando o método
RULA tem-se na tabela 7 os dados obtidos em função da comparação das ilustração captada e
as figuras da ferramenta Ergolândia versão 7.0. ver no anexo 2:

Ilustração 5: Postura de trabalho no enchimento


Fonte. Adaptado do autor

Tabela 7.
Dados para análise de postura Método RULA para trabalhador B2
DESCRIÇÃO DOS INTERVALO DE VARIAÇÃO
Item
MEMBROS Trabalhador B2
Angulo entre o Corpo e o
1 [45 − 90]
Braços
2 Angulo do Antebraços [60 − 100]
3 Localização do Punho ≥ 15
4 Angulo Rotação do punho 0
5 Angulo do Pescoço 0 − 10
6 Tronco ≥ 60
7 Situação das Pernas Não equilibrados
A postura é mantida por período superior a
Actividades 1 min, e o mesmo opera uma carga superior
a 10Kg intermitente.
Fonte: adaptado do autor

50
A ilustração 6 apresenta as avaliações das posturas analisadas na ilustração 5 pelo método
RULA que segundo as pontuações e o nível de acção sugerem uma intervenção de mudanças
imediatas em relação a postura do colaborador de forma a reduzir os riscos músculos-esqueléticos.

Ilustração 6: Análise da postura de trabalho pelo Método RULA para o trabalhador B2


Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

A ilustração 7 foi captada no sector de processamento de cereais. A imagem caracteriza


a postura do trabalhador durante o descasque de cereais. Para avaliação desta postura
utilizando o método RULA tem-se na tabela 8 os dados obtidos em função da comparação das
ilustração captada e as figuras da ferramenta Ergolândia versão 7.0. ver no anexo 2:

Ilustração 7: Postura de trabalho no enchimento


Fonte. Adaptado do auto
51
Tabela 8.
Dados para análise de postura Método RULA para trabalhadores A2
INTERVALO DE VARIAÇÃO
Item DESCRIÇÃO DOS MEMBROS
Trabalhador A2
1 Angulo entre o Corpo e o Braços [≥ 90]
2 Angulo do Antebraços ≥ 100
3 Localização do Punho ≥ 15
4 Angulo Rotação do punho Extrema
5 Angulo do Pescoço Em extensão
6 Tronco ≥0
Correctamente apoiados e
7 Situação das Pernas
equilibrados
A postura é mantida por período
superior a 1 min, e o mesmo opera
Actividades
uma carga superior a 10Kg estética ou
repetitiva
Fonte: adaptado do autor

A tabela 8 apresenta as avaliações das posturas analisadas ilustração 7 pelo método


RULA que segundo as pontuações e o nível de acção na ilustração 8 sugerem uma
intervenção de mudanças imediatas em relação a postura do colaborador de forma a reduzir os
riscos músculos-esqueléticos.

Ilustração 8: Análise da postura de trabalho pelo Método RULA para o trabalhador A2


Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0
52
A ilustração 9 foi captada no sector de processamento de cereais. A imagem caracteriza
as posturas dos trabalhadores durante o descasque de cereais. Para avaliação desta postura
utilizando o método RULA tem-se na tabela 9 os dados obtidos em função das comparações
das ilustrações captadas e as figuras da ferramenta Ergolândia versão 7.0. ver no anexo 2:

Ilustração 9: Postura de trabalho no processo de moagem


Fonte. Adaptado do autor

Tabela 9.
Dados para análise de postura Método RULA para trabalhadores A3 e B3

DESCRIÇÃO DOS INTERVALO DE VARIAÇÃO


Item
MEMBROS Trabalhador A3 Trabalhador B3
Angulo entre o Corpo e o [20 − 45]
1 [45 − 90]
Braços
2 Angulo do Antebraços ≥ 100 [60 − 100]

3 Localização do Punho ≥15 ≥ 15

4 Angulo Rotação do punho 0 0


5 Angulo do Pescoço [10 − 20] [10 − 20]

6 Tronco 0 ≥ 60
Correctamente Correctamente
7 Situação das Pernas
apoiados e equilibrados apoiados e equilibrados
A postura é mantida A postura é mantida
por período superior a por período superior a
1 min, e o mesmo 1 min, e o mesmo
Actividades
opera uma carga opera uma carga
superior a 10Kg superior que 10Kg
intermitente intermitente.
Fonte: adaptado do autor

53
A tabela 9 apresenta as avaliações das posturas analisadas ilustração 9 pelo método RULA que
segundo as pontuações e o nível de acção na ilustração 10 sugerem uma intervenção de mudanças
imediatas em relação a postura do colaborador de forma a reduzir os riscos músculos-esqueléticos.

Ilustração 10: Análise da postura de trabalho pelo método RULA de trabalhadores A3 e B3


Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

A ilustração 11 foi captada no sector de processamento de cereais. A imagem


caracteriza a postura do trabalhador durante a humidificação. Para avaliação desta postura
utilizando o método RULA tem-se na tabela 10 os dados obtidos em função da comparação
das ilustração captada e as figuras da ferramenta Ergolândia versão 7.0. ver no anexo 2:

Ilustração 11: Postura de trabalho no processo de moagem


Fonte. Adaptado do autor
54
Tabela 10.
Dados para análise de postura Método RULA para trabalhador A4

DESCRIÇÃO DOS INTERVALO DE VARIAÇÃO


Item
MEMBROS Trabalhador A4
1 Angulo entre o Corpo e o Braços [45 − 90]
2 Angulo do Antebraços [60 − 100]
3 Localização do Punho 0
4 Angulo Rotação do punho 0
5 Angulo do Pescoço Em extensão em inclinação lateral
6 Tronco [0 − 20]
Não estão correctamente apoiados e
7 Situação das Pernas
equilibrados
A postura é mantida por período superior a 1
Actividades min, e o mesmo opera uma carga superior a
10Kg intermitente.
Fonte: adaptado do autor

A tabela 10 apresenta as avaliações das posturas analisadas ilustração 11 pelo método RULA
que segundo as pontuações e o nível de acção na ilustração 12 sugerem uma intervenção de mudanças
imediatas em relação a postura do colaborador de forma a reduzir os riscos músculos-esqueléticos.

Ilustração 12: Análise da postura de trabalho pelo Método RULA para o trabalhador A4
Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0
55
4.2. Análise da Postura de Trabalho Método REBA

Ainda segundo a ilustração 2, utilizando o método REBA tem-se na tabela 11 os dados


obtidos em função da comparação das ilustração captada e as figuras da ferramenta
Ergolândia versão 7.0. ver no anexo 3:

Tabela 11.
Dados para análise de postura Método REBA para trabalhadores A1 e B1
DESCRIÇÃO DOS INTERVALO DE VARIAÇÃO
Item
MEMBROS Trabalhador A1 Trabalhador B1
1 Angulo do Pescoço [0 − 20] [0 − 20]
≥ 60 ≥ 60
2 Angulo do Tronco (Rotacionado ou (Rotacionado ou
inclinado) inclinado)
Flexão dos joelhos Flexão dos joelhos
3 Angulo das Pernas
maior que 60º maior que 60º
Maior que 10Kg
4 Carga Menor que 5Kg com impacto da
força brusca
5 Angulo do Braço [20 − 45] [20 − 45]

6 Angulo do Antebraço [60 − 100] [60 − 100]


O punho mais que 15 O punho mais que
7 Angulo Punho
graus para cima 15 graus para cima
8 Pega Razoável É pobre
São realizadas São realizadas
Actividades repetitivamente repetitivamente
(4vezes por minuto). (4vezes por minuto).
Fonte: adaptado do autor

A tabela 11 apresenta as avaliações das posturas analisadas ilustração 2 pelo método REBA que
segundo as pontuações e o nível de acções nas ilustrações 13 e 14 nomeadamente sugerem uma
intervenção necessária o quanto antes e uma intervenção necessária imediata em relação a postura do
colaborador de forma a adoptar medida que visam na minimização de exposição a riscos ergonómicos.

56
Ilustração 13: Análise da postura de trabalho do trabalhador A1
Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

Ilustração 14: Análise da postura de trabalho do trabalhador B1


Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

57
Ainda continuando com a ilustração 5 que caracteriza a postura do trabalhador durante a
moagem de cereais. Para avaliação desta postura utilizando o método REBA tem-se na tabela
12 os dados obtidos em função da comparação das ilustração captada e as figuras da
ferramenta Ergolândia versão 7.0. ver no anexo 3:

Tabela 12.
Dados para análise de postura Método REBA para trabalhador B2

INTERVALO DE VARIAÇÃO
Item DESCRIÇÃO DOS MEMBROS Trabalhador B2

Em extensão rotacionado ou inclinado para


1 Angulo do Pescoço
o lado
≥ 60
2 Angulo do Tronco
(Rotacionado ou inclinado)
3 Angulo das Pernas Flexão dos joelhos maior que 60º
4 Carga Maior que 10Kg
5 Angulo do Braço [20 − 45]
6 Angulo do Antebraço [60 − 100]
7 Angulo Punho O punho mais que 15 graus para cima
8 Pega Razoável
São realizadas com mudanças posturais
Actividades
grandes
Fonte: adaptado do autor

A tabela 12 apresenta as avaliações das posturas analisadas ilustração 5 pelo método REBA que
segundo as pontuações e o nível de acção na ilustração 15 sugerem uma intervenção uma intervenção
necessária imediata em relação a postura do colaborador de forma a adoptar medida que visam na
minimização de exposição a riscos ergonómicos.

58
Ilustração 15: Análise da postura de trabalho pelo Método REBA para o trabalhador B2
Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

Continuando com a ilustração 7 que caracteriza a postura do trabalhador durante o


descasque de cereais. Para avaliação desta postura utilizando o método REBA tem-se na
tabela 13 os dados obtidos em função da comparação das ilustração captada e as figuras da
ferramenta Ergolândia versão 7.0. ver no anexo 3:

Tabela 13.
Dados para análise de postura Método REBA para trabalhadores A2
INTERVALO DE VARIAÇÃO
Item DESCRIÇÃO DOS MEMBROS Trabalhador A2

Em extensão rotacionado ou inclinado para o


1 Angulo do Pescoço
lado
2 Angulo do Tronco O tronco em recto
3 Angulo das Pernas O tronco em recto, suporte nas duas pernas
4 Carga Carga é maior que 10Kg
5 Angulo do Braço 90º Com obro elevado
6 Angulo do Antebraço [0 − 60]
7 Angulo Punho O punho mais que 15 graus para cima
8 Pega É pobre
São realizadas com mudanças posturais
Actividades
grandes
Fonte: adaptado do autor

59
A tabela 13 apresenta as avaliações das posturas analisadas ilustração 7 pelo método REBA que
segundo as pontuações e o nível de acção na ilustração 16 sugerem uma intervenção o quanto antes em
relação a postura do colaborador de forma a adoptar medidas que impulsionam o uso de postura
adequadas.

Ilustração 16: Análise da postura de trabalho pelo Método REBA para o trabalhador A2
Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

Segundo a ilustração 9 que caracteriza a postura do trabalhador durante o descasque.


Para avaliação desta postura utilizando o método REBA tem-se na tabela 14 os dados obtidos
em função da comparação das ilustração captada e as figuras da ferramenta Ergolândia versão
7.0. ver no anexo 3:

Tabela 14.
Dados para análise de postura Método REBA para trabalhadores A3 e B3

DESCRIÇÃO DOS INTERVALO DE VARIAÇÃO


Item
MEMBROS Trabalhador A3 Trabalhador B3
Extensão rotacionado ou Extensão rotacionado ou
1 Angulo do Pescoço
inclinado para o lado inclinado para o lado
≥ 60
2 Angulo do Tronco O tronco em recto (Rotacionado ou
inclinado)
Suporte nas duas pernas, Flexão dos joelhos maior
3 Angulo das Pernas
andando ou sentado que 60º

60
Maior que 10Kg com
4 Carga A carga é maior que 10Kg
impacto da força brusca
5 Angulo do Braço 90º Com ombro elevado [20 − 45]
Angulo do [60 − 100]
6 [60 − 100]
Antebraço
O punho mais que 15 graus O punho mais que 15
7 Angulo Punho
para cima graus para cima
8 Pega É pobre É razoável
Realizadas com mudanças Realizadas com mudanças
Actividades
posturais grandes posturais grandes
Fonte: adaptado do autor

A tabela 14 apresenta as avaliações das posturas analisadas ilustração 9 pelo método


REBA que segundo as pontuações e o nível de acção na ilustração 17 e 18 nomeadamente
sugerem uma intervenção uma intervenção o quanto antes em relação a postura do
colaborador de forma a adoptar medidas que impulsionam o uso de postura adequadas.

Ilustração 17: Análise da postura de trabalho pelo Método REBA para o trabalhador A3
Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

61
Ilustração 18: Análise da postura de trabalho pelo Método REBA para o trabalhador B3
Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

Segundo a ilustração 11 já acima referenciada que caracteriza a postura do trabalhador


durante a humidificação do cereal. Para avaliação desta postura utilizando o método REBA
tem-se na tabela 15 os dados obtidos em função da comparação das ilustração captada e as
figuras da ferramenta Ergolândia versão 7.0. ver no anexo 3:

Tabela 15.
Dados para análise de postura Método REBA para trabalhador A4

INTERVALO DE VARIAÇÃO
Item DESCRIÇÃO DOS MEMBROS
Trabalhador A4

Mais de 20º rotacionado ou inclinado para


1 Angulo do Pescoço
o lado
2 Angulo do Tronco [0 − 60]

3 Angulo das Pernas Suporte em uma perna


Carga é maior que 10Kg com impacto da
4 Carga
força brusca
[20 − 45]
5 Angulo do Braço
(Com braço apoiado)
6 Angulo do Antebraço [60 − 100]

62
7 Angulo Punho O punho mais que 15 graus para cima

8 Pega É pobre
São realizadas com mudanças posturais
Actividades
grandes e movimentos repetitivos
Fonte: adaptado do autor

A tabela 15 apresenta as avaliações das posturas analisadas ilustração 11 pelo método


REBA que segundo as pontuações e o nível de acção na ilustração 19 sugerem uma
intervenção uma intervenção imediata em relação a postura do colaborador de forma a adoptar
medidas com vista a modificar e ajustar o ambiente de trabalho conforme as normas
regulamentas de trabalho e condições ergonómicas.

Ilustração 19. Análise da postura de trabalho Método REBA para o trabalhador A4


Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

63
4.3. Aplicação Da Equação De NIOSH

Descrição da tarefa - tarefa de descarregamento de sacos de cereais na fábrica de


Processamento de cereais:

Após a chagada do camião com uma carga igual à 50 sacos de 50 quilograma cada de
diversos cereis, a descarga é feita com diversos trabalhadores sendo um, descarregando por
cima do veiculo de forma manual e outros transportando até ao armazém. O trabalhador por
cima do veículo, levanta o saco há uma altura de 20 cm do piso do camião (chão), ele realiza
esta tarefa durante uma hora da sua jornada, numa frequência de 02 vezes/min e toda
actividade ´realizada a mão sem nenhum equipamento para o auxílio. A distância entre a
origem e o destino da carga é de 25cm e a distancia horizontal do agarre do saco é de 40 cm.
O ângulo de torção que o trabalhador realiza é de 45º.
Para a realização do cálculo da tarefa serão procedida de duas ferramentas; a ferramenta de
avaliação analítica e a ferramenta de cálculo gráfico.

Ilustração 20: Altura Vertical e Horizontal


Fonte: Adaptado do autor

64
4.1.1. Avaliação da Equação de NIOSH Utilizando o Método Analítico

𝐂𝐕 = (𝟏 − 𝟎, 𝟎𝟎𝟑 × |𝟐𝟎 − 𝟕𝟓|) = 𝟎, 𝟖𝟑𝟓

V - Distância Vertical:
É a distância do chão ao ponto médio entre as
pegas (MP), em centímetros (medida na origem e
destino do levantamento).

𝟐𝟓 𝟐𝟓
𝐂𝐇 = ( ) = = 𝟎, 𝟔𝟐𝟓
𝐇 𝟒𝟎

H - Distância Horizontal:
É a distância do ponto médio entre as pegas
(MP) ao ponto médio entre os tornozelos (MT)
do trabalhador, em centímetros (medidos na
origem e destino do levantamento).
𝐂𝐀 = (𝟏 − 𝟎, 𝟎𝟎𝟑𝟐 × 𝟒𝟓º) = 𝟎, 𝟖𝟓𝟔

A – Ângulo
É a medida angular de quão distante o objecto é
colocado em relação a frente (plano sagital
médio) do trabalhador na origem e destino do
levantamento, em graus. O ângulo de assimetria
(A) é definido operacionalmente como o ângulo
entre a linha de assimetria e a linha sagital
média.

65
𝟒, 𝟓
𝐂𝐃 = (𝟎, 𝟖𝟐 + )=𝟏
𝐃

D - Distância vertical percorrida pela carga:


É o valor absoluto da diferença entre V no
destino e origem do levantamento (Vd – Vo), em
centímetros..

D=V1- V2 , onde V1= altura da carga em relação a origem do movimentoação ao solo e


V2= altura final do mesmo.
𝐅𝐂 = 0,94

F - Freqüência de
levantamento:
É o número médio de
levantamentos por
minuto, obtidos através
da observação da
realização da tarefa
durante um período
mínimo de 15 minutos.
Obtido através da Tabela ao lado

66
𝐐𝐂 = 0,95
P – Pega
É o local de contato
entre as mãos do
trabalhador e objeto
levantado.
Além destas variáveis
citadas acima, é
necessário obter a
duração da tarefa
durante a jornada diária
de trabalho, pois o fator
freqüência (FF)
considera a duração e a
freqüência do
levantamento.

O Limite do Peso Recomendado é dado por:


𝐋𝐏𝐑 = 𝟐𝟑 × 𝐂𝐇 × 𝐂𝐕 × 𝐂𝐃 × 𝐂𝐀 × 𝐅𝐂 × 𝐐𝐏

𝐋𝐏𝐑 = 𝟐𝟑 × 𝟎, 𝟔𝟐𝟓 × 𝟎, 𝟖𝟑𝟓 × 𝟏 × 𝟎, 𝟖𝟓𝟔 × 𝟎, 𝟗𝟒 × 𝟎, 𝟗𝟓 = 𝟗, 𝟏𝟕𝟓

A Equação de Levantamento revisada do NIOSH de 1991 (ELN) permite avaliar tarefas


de levantamento:
 Assimétrico, Objectos com qualidade de pega inferior ao óptimo;
 Oferece novos procedimentos para avaliar uma faixa mais extensa de
duração do trabalho e frequências de levantamento;
 A ELN é baseada num modelo multiplicativo que fornece um peso para
cada uma das seis variáveis da tarefa. Os pesos são expressos como coeficientes que
servem para reduzir a constante de carga, que representa o peso máximo recomendado
para ser levantado em condições ideais;
 O Limite de Peso Recomendado (LPR) é o principal produto da equação
67
e é definido como o peso da carga que aproximadamente todos os trabalhadores
saudáveis poderiam suportar por um período de até 8 horas diárias, sem aumentar o
risco de desenvolverem lombalgia relacionada ao trabalho;
 Trabalhador saudável é considerado aquele com ausência de condições de
saúde adversas que pudessem aumentar o risco de lesões músculo-esqueléticas.

O índice de levantamento é dado por:


𝐏 𝟓𝟎𝐤𝐠
𝐈𝐋 = = = 𝟓, 𝟒𝟓
𝐋𝐏𝐑 𝟗, 𝟏𝟕𝟓
Ou seja IL > 1IL

4.1.1.1. Identificação do risco pelo índice de levantamento


Zona de riscos segundo NIOSH

a) Riscos limitados (índice de levantamento <1) a maioria dos trabalhadores que realizam
este tipo de tarefa não deveria ter problemas
b) Aumento moderado do risco (1 <índice de levantamento <3) Alguns trabalhadores
podem adoecer ou sofrer lesões se realizam essas tarefas. As tarefas de tipo devem ser
redesenhadas ou atribuídas apenas a trabalhadores seleccionados que serão submetidos
a controlo
c) Aumento elevando de risco (índice de levantamento <3) este de tarefa e inaceitável do
ponto de vista ergonómico e deve ser modifica.

68
4.2. Discussão dos resultados métodos RULA, REBA e ELN

4.2.1. Discussão dos Resultados do Método RULA

Ilustração 21: Controle de Nível de Acção pelo método RULA


Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

De acordo com a Ilustração 25, podemos afirmar que das 7 posturas analisadas, 0%
correspondem aos níveis 1 e 2, ou seja sem nenhuma pontuação observada, 14,28%
corresponde ao nível 3 e 85,71% correspondem ao nível 4 com maior pontuação pelo método.
Ou seja, a maioria dos trabalhadores exercem as suas actividades sem observação dos
aspectos ergonómicos biomecânicos. Todavia mudanças devem ser introduzidas
imediatamente como forma a distanciar os mesmos das lesões ocupacionais segundo as
normas ergonómicas já estabelecidas.

69
4.2.2. Discussão dos Resultados do Método REBA

Ilustração 22: Controle de Nível de Acção pelo método REBA


Fonte: Software Ergolândia Versão 5.0

De acordo com a Ilustração 26, podemos afirmar que das 7 posturas analisadas, 0%
correspondem aos riscos 1 a 7 ou seja dos insignificantes aos médios e não é observada em
nenhum trabalhador 57,14% corresponde aos riscos entre 8 a 10 e 42,85% correspondem aos
riscos entre 11 ou mais. Segundo a norma 17.6.3. nas actividades que exijam sobrecarga
muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e
a partir da análise ergonómica do trabalho, deve ser observado os ambientes de exposição de
riscos e consideradas pausas para descansos. Todavia o maior número de trabalhador
encontra-se entre os riscos altos e necessita de especial atenção. Os dois métodos demostram
que a fábrica necessita de uma intervenção imediata, visto que as avaliações feitas
demonstram em termos percentual a gravidade da mesma.

70
4.2.3. Discussão dos Resultados de Método da Equação de NIOSH

Ilustração 23: Resultado pelo Software Ergolândia Versão 5.0


Fonte: O autor

De acordo com a ilustração 28 os resultados do índice de levantamento é maior que um


ou seja deve-se introduzir mudanças imediata nos procedimentos, visto que, a norma
regulamentadora 17.2.2. referencia que não deverá ser exigido nem admitido o transporte
manual de cargas, por um trabalhador, cujo peso seja susceptível de comprometer sua saúde
ou sua segurança. Deste modo, devem ser adquiridos métodos que proporcionam menor
exposição de carregamento fora do índice de levantamento de forma a garantir e reduzir no
máximo os riscos músculos-esqueléticos proveniente de carregamento e descargas de pesos.

71
CAPITULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1. CONCLUSÕES

O Trabalho teve como objectivo principal a analise das condições ergonómicas-


biomecânicas na fábrica de processamento de cerais na Cidade da Beira, onde foi utilizadas
três (3) métodos diferentes, nomeadamente REBA, RULA e ELN onde foram analisadas
diversas posturas relacionadas a exercícios das actividades de levantamento de carga e
manuseio de equipamento. Segundo os dados apurados durante o processo da entrevista e
observação direita, os trabalhadores da fábrica desconhecem os conceitos ergonómicos-
biomecânicos, há falta de capacitação e treinamento na matéria de posturas, manuseio de
cargas e equipamentos o que impulsiona de forma exponencial a exposição de riscos
músculos-esqueléticos dos trabalhadores.
A fábrica não dispõe de nenhuma técnica ou método eficaz no que concerne a
minimização dos movimentos e posturas inadequadas com vista a garantir e melhorar a saúde
do trabalhador durante o desempenho das suas actividades, há não ser, a permissão para
permuta das actividades. Os mesmos têm o direito de mudar de actividades, quando este
sentir-se desconfortável a tarefa que executa, passando este, para o sector em que melhor lhe
convém de acordo com as suas habilidades, competências e aptidões física.
Os resultados encontrados com o uso da ferramenta Ergolândia versão 7.0 para métodos
REBA, RULA e ELN, revelaram, que a maioria das posições assumidas pelos trabalhadores,
necessitam de correcções imediatas, principalmente no caso das que exigem o agachamento
do trabalhador ou a inclinação e torção da região das costas. Deste modo, para o métodos
RULA os resultados obtidos por pontuações através das 5 (cinco) ilustrações analisadas foram
de: (7; 6; 7; 7; 7; 7; 7) o que indica que há exposição de um risco muito alto e é necessário
uma intervenção imediata. Para o método REBA foram analisadas a mesma ilustrações e os
resultados obtidos por pontuações foram de: (8; 13; 13; 10; 10; 9; 12), onde de 8 á 10 indica o
risco alto e é necessário uma intervenção, o quanto antes e de 11 á 15, é considerado o risco
muito alto necessitando uma intervenção imediata. Portanto, na questão relacionada a ELN os
resultados obtidos por cálculo analítico e por avaliação da ferramenta Ergolândia versão 7.0
coincidiram, sendo, LPR igual a 9,175 e 5,45 foi o valor encontrado de índice de
levantamento (IL). Segundo NIOSH (1994) o aumento elevando de risco acontece quando o
índice de levantamento for maior que três (> 3).

72
5.2. RECOMENDAÇÕES

Após a análise dos resultados, é possível identificar as demandas ergonómicas e


biomecânicas, a fim de, propor acções no intuito de melhorar as condições do ambiente
laboral recomenda-se que;

 Aos responsáveis e ao gestor da fábrica para adquirir todos equipamentos de protecção


individual e colectivos recomendados em função das características das actividades de
modo a proporcionar e garantir o bem-estar dos seus trabalhadores durante o despenho da
sua função.
 Monitorar o uso correcto dos equipamentos e máquinas de forma a minimizar a acções
correctiva e desgaste excessivo que possam perigar ou atentar com a integridade física dos
trabalhadores.
 As bancadas e suportes estejam dentro das exigências estabelecidas pelas normas,
atendendo a altura e zona óptima de alcance dos colaboradores e a preferência de
carrinhos para os transportes de cargas.
 Proporcionar capacitação e indução nas matérias de biomecânica, isto é por exemplo,
como levantar cargas e qual a postura certa para execução de actividades de modo a se
evitar postura inadequada e prejudicial.
 Os gestores devem criar um departamento de ergonomia, liderado por um agente
especializado na matéria, de modo a monitorar e proporcionar condições adequadas e de
bem-estar nas realizações das diversas tarefas.

73
5.3. Referências Bibliográficas

1. ALCÂNTARA, Jonas Vieira, (2009). Adequações ergonómicas nos serviços de


alvenaria, (Utilizando equipamentos versáteis, visando a saúde e a produtividade
dos operários). Ponta Grossa.
2. ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ERGONOMIA ─ IEA. (2000). Definição
internacional de ergonomia. Santa Mónica: Estados Unidos.
3. BASÍLIO, F.H.de M. (2008). Análise ergonómica para o sistema de movimentação
de materiais na construção civil. Pernambuco.
4. BATTINI, D.; PERSONA, F; SGARBOSSA, F. (2014). Innovative real-time system
to integrate ergonomic evaluations into warehouse design and management.
(Computers e Industrial Engineering). Italia: Vicenza.
5. BRANDÃO, Cláudio. (2006) Acidente de Trabalho e Responsabilidade Civil do
Empregador. 3. Ed. São Paulo: LTR.
6. COLOMBINI, Daniela. et al. (2005).Il método ocra per l´analisi e la prevenzione
del rischio da movimenti ripetuti. Milão: FrancoAngeli.
7. COUTO, H.A. (2002). Ergonomia Aplicada ao Trabalho em 18 lições. Belo
Horizonte.
8. DUL, J., WEERDMEESTER, B. (2004). Ergonomia Prática. 2. ed. São Paulo:
Tradução de Itiro Iida
9. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. (2012). Ergonomia Prática. Tradução de Itiro Iida.
3. ed. São Paulo. Edgard Blücher.
10. FALZON, Pierre. (2007). Ergonomia. (1ª Reimpressão). Tradução: Giliane M J.
Ingratta et al. São Paulo: Edgard Blücher.
11. GONÇALVES, M. (1998).Variáveis biomecânicas analisadas durante o
levantamento manual de carga. MOTRIZ.
12. GUIMARÃES, C. P., NAVEIRO, R. M. (2004).Revisão dos métodos de análise
ergonômica aplicados ao estudo dos DORT em trabalho de montagem manual.
Porto Alegre: Revista Produto & Produção.
13. HIGNETT, S.;McTAMNEY, L. (2000). Rapid Entire Body Assessment (REBA).
Applied Ergonomics. Nottingham.
14. IIDA, Itiro, (2002). Ergonomia, projecto e produção. São Paulo: Edgard Blucher
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74
15. IIDA, Itiro, (2005), Ergonomia: Projecto e Produção. São Paulo: Edgar Blucher.
16. LASOTA, Andrzej, M. Packer’s, (2013), Workload Assessment, Using the OWAS
Method. Logistics and Transport Journal. Poland.
17. LUEDER, Rani. (1996). A Proposed RULA for Computer Users. In (Proceeding of
the Ergonomics Summer Workshop, UC Berkeley Center for Occupational &
Enviromental Health Continuing Education Program,«) San Francisco.
18. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. (2002). Brasília: MTE, SIT.
19. MARRAS, S. W., KARWOWSKI, W. (2006). Fundamentals and Assessment Tools
for Occupational Ergonomics. 2. ed. CRC Press.
20. MCATAMNEY, L; CORLETT, E. N. RULA (1993). A survey method for the
irwestigation of world-related upper limb disorders (Applied Ergonomics).
Nottingham.
21. NIOSH. (1981). Work practices guide for manual handling. Washington. DC: Us
Departament of health and Human Services, Publications nº 81-122, Us Government
Office.
22. PAVANI, R. A; QUELHAS, O. L. C. (2006). A avaliação dos riscos ergonómicos
como ferramenta gerencial em saúde ocupacional. SP: XIII SIMPEP – Bauru.
23. PINHEIRO, A.K.S; FRANÇA, M.BA. (2006).Ergonomia aplicada à anatomia e à
filosofia do trabalhador. Goiânia: AB.
24. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. (2015). Boletim da República Lei nº 23/2007,
de 01 de Agosto, Dispõe sobre o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança
Social, Maputo.
25. SANTOS, António Raimundo dos. (2000). Metodologia Científica: a construção do
conhecimento. Rio de Janeiro: 3ª Edição;
26. SANTOS, M. H. R.; et al. (2013). Análise de postura e carga através dos métodos
owas e niosh em uma fábrica no sul do Brasil. Encontro Nacional de Engenharia de
Produção.
27. SHIDA, G. J.; BENTO, P. E. G. (2012). Métodos e Ferramentas Ergonómicas que
Auxiliam na Análise nas Situações de Trabalho In VIII Congresso Nacional de
Excelência em Gestão.
28. SILVA F. P. DE PAULA. (2010). Aplicação do Método Owas no Transporte e
Manuseio. São Paulo.
29. VANÍCOLA, M.C; T. MENDES E. F. (2004). Biomecânica ocupacional – uma
revisão de literatura. São Paulo.

75
APÊNDICE

GUIÃO DE ENTREVISTA AOS RESPONSAVEIS E COLABORADORES DA FÁBRICA


DE PROCESSAMENTO DE CEREIAS MOCRIA.

Sou Armando Sebastião Balate estudante finalista do Curso de Licenciatura em Engenharia


de Processos Industriais, na Unizambeze - FCT. Agradeço a sua colaboração na resposta das
questões que se seguem de modo a tornar possível a elaboração do meu trabalho de
conclusão do curso, destinado ao referido curso acima mencionado.

QUESTIONÁRIO

Questões Respostas
1.Em qua não a fábrica iniciou as suas actividades
(Histórico)
2.Qual é o número de Horas de trabalho por turnos na
fábrica?
3.Quais são tipos de actividades da fábrica?
4.A fábrica dá treinamento ao admitir os trabalhadores e
de como realizar as actividades?
5.Número de trabalhadores por sectores de
equipamentos (Trituração, Moagem e Carregamento)?
6.Qual é o tipo de capacitação que os trabalhadores
recebem para exercícios das actividades com os
equipamentos?
7.Os trabalhadores já ouviram falar da questão da
ergonomia-biomecânica e doenças ocupacionais? Se
sim o que é, qual é a sua função e onde é aplicada?
8.Como são executadas as actividades em cada sector?
(Isso pode-se notar, com uma simples pesquisa de
campo e de acordo com o tipo de actividade)
9.Tempo de exposição do trabalhador ao um dado
equipamento, tendo em conta dos ruídos e vibrações

76
que os mesmos estão sujeitos?
10.Como são tratados os problemas de saúde dos
trabalhadores relacionados com as actividades?
11.Alguns trabalhadores já queixaram-se de alguma dor
devido a sua actividade na sua área?
12.Os trabalhadores têm direito a permuta das
actividades por vontade, incapacidade ou necessidade?
13.Quais as estratégias adoptadas pela fábrica, para
salvaguardar a saúde e o bem-estar e dos trabalhadores?
42.Qual é a capacidade de produção diária da fábrica?
/em Toneladas/quilogramas
15.Durante o expediente costumavam fazer grandes
esforços (levantar, puxar e/ou empurrar objectos
pesados)
16.Durante a jornada de trabalho é permitido pausas
para descanso (excepto pausa para almoço ou jantar)
17.Os trabalhadores recebem algum tipo de orientação
ou instrução sobre a sua saúde ou segurança do
trabalho?
18.Historico de Problemas de saúde, dores e lesões
musculares do trabalhador nos últimos 7 dias/12 meses
 Pescoço
 Ombros
 Cotovelos
 Punhos e mãos
 Coluna dorsal
 Coluna lombar
 Quadril ou coxas
 Joelhos
 Tornozelos ou pés

77
ANEXO I

Ilustração 29: Mapa de localização da fabrica MOCRIA. Fonte: Adaptado do GOOGLE EARTH

78
ANEXO II

Figura 2: Avaliação da posição dos braços.


Fonte: Software Ergolândia versão 7.0

Figura 3: Avaliação da posição dos antebraços.


Fonte: Software Ergolândia versão 7.0
79
Figura 4: Avaliação da posição dos punhos.
Fonte: Software Ergolândia versão 7.0

Figura 5: Avaliação da rotação dos punhos.


Fonte: Software Ergolândia versão 7.0
80
Figura 6: Avaliação da posição do pescoço.
Fonte: Software Ergolândia versão 7.0

Figura 7: Avaliação de posição do tronco.


Fonte: Software Ergolândia versão 7.0
81
Figura 8: Avaliação da posição das pernas.
Fonte: Software Ergolândia versão 7.0

Figura 9: Avaliação das actividades.


Fonte: Software Ergolândia versão 7.0
82
ANEXO III

Figura 10: Avaliação de posição de pescoço, tronco e perna.


Fonte: Software Ergolândia versão 7.0

Figura 11. Avaliação da carga.


Fonte: Software Ergolândia versão 7.0
83
Figura 12. Avaliação da posição do braço, antebraço e punho.
Fonte: Software Ergolândia 7.0

Figura 13. Avaliação da qualidade da pega.


Fonte: Software Ergolândia versão 7.0

84
Figura 14. Avaliação da actividade.
Fonte: Software Ergolândia versão 7.0

85

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