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Doutrinação Umbandista – Pressa na Incorporação

O tema que estarei abordando é uma das maiores dificuldades encontradas


dentro dos terreiros, e muitas vezes não começa ali no iniciar dentro da
gira, começou bem antes quando aquele médium ainda era um consulente.
Muitas pessoas quando entram num terreiro, ficam encantadas, acham
aquilo tudo muito magico, acham tudo lindo, e com o tempo começam a
querer fazer parte daquilo tudo, não se contentam mais em ser apenas
consulentes, sentem como um chamamento, mas tem um porém, qualquer dirigente no mínimo
responsável sabe perfeitamente que o ingressar dentro de um terreiro é algo de suma
responsabilidade, comprometimento e seriedade, ali não é um brinquedo de um parque de
diversão onde a pessoa quer passar umas horas e brincar e quando cansar largar, e que essa
empolgação pode ser algo passageiro.

Quando ocorre o despertar consciencial de uma pessoa não tem volta, é como uma
casca de ovo que se quebra, aquela pessoa foi tocada pelo espiritual.

Infelizmente algumas pessoas pensam apenas impulsivamente sobre o assunto, na euforia do


momento, e querem que por que querem estar dentro da gira, é onde começa o primeiro
sintoma da tal complicada pressa.

Já na assistência, notamos mudanças com essa pessoa, a qual não pode sentir um arrepio se
quer, que lá está ela passando mal, acreditem muitos casos “esse passar mal” é pura
sugestão no intuito do guia chefe ou mesmo dirigente fazer o tal esperado convite

“… você quer entrar para a corrente…”, uma coisa que é muito notado é que quando
esse chamamento está ocorrendo de fato vindo pelo espiritual, o médium sente
automaticamente o peso da responsabilidade, e ele teme, não corresponder,

mas passando por esse estágio de descoberta, nesse momento começa a euforia, a
empolgação, uma ansiedade enorme de criar borboletas no estomago, é gostoso de se ver,
mas em alguns casos infelizmente para alguns médiuns não irá passar de uma chuva de verão.

Após entrar…

O Médium quando já do uso da sua roupa branca, ele começa a observar toda a rotina
da casa, seus deveres e direitos, pela qual escolheu, quando da escolha de uma casa correta
e bem dirigida, ele vai observar que existe toda uma disciplina na parte do desenvolvimento
mediúnico, e ele começa a perceber algumas entrelinhas, dentre algumas, que não basta ele
colocar branco, para “incorporar” acoplar espiritualmente com seu guia, que não é tão fácil
assim, como ele havia pensado.

Em outras situações ele se frustra porque percebe que alguns médiuns estão tendo mais
facilidade de incorporar que ele. Ele por sua vez começa a ouvir conversas nos bastidores, “…
há levei no máximo 3 giras para incorporar com meu preto velho, eu levei também
coisa de dias…”, e ele já está no terreiro já algum tempo, e só sente vibrações. E ali começa
a se comparar, se achando o pior dos piores dentro da corrente. ISSO NÃO PODE
ACONTECER.

O trabalho mediúnico e espiritual na Umbanda não se limita a apenas a incorporar


um guia.

Logo após essas observações, lá vem a tão famigerada PRESSA, e com ela a FRUSTRAÇÃO,
o médium começa a perceber, que não era tão simples assim, e começa a questionar, porque
eu não consigo incorporar?

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O médium iniciante, primeiramente ele tem que ser o máximo verdadeiro


e sincero possível, precisa confiar no seu dirigente, nos guias chefes do
terreiro, os quais estarão ali para assessorar no que for possível, precisa
haver sempre uma conversa franca, consciente, onde o médium tem que
ter o espaço para falar de suas sensações e medos para que as mesmas
sejam explicadas e orientadas. O médium quando do processo de acoplamento espiritual, tem
que haver uma entrega, uma confiança para aquele guia que quer se manifestar, o médium ele
deve entender que ele é um instrumento, e confiar na direção dos guias chefes da casa os quais
estarão conduzindo bem de perto todo processo e caso ocorra algo errado estarão ali também
para consertar e direcionar o que for preciso. Sem esse desprendimento, confiança, o médium
não irá conseguir fazer a entrega necessária. O medo de errar, muitas vezes inibe a chance de
acertar, então não tenham medo de errar, porque errando vocês estarão aprendendo. Evitem
de falar sobre suas duvidas mediúnicas e espirituais com médiuns dentro do terreiro que lhes
faltem a licença e conhecimento para isso. Uma má orientação pode ser devastadora na mente
de um médium iniciante. Lembre-se CONFIANÇA, faltou a mesma, talvez a casa e o
dirigente não sejam para você. Infelizmente é bem assim.

Pois é pessoal, primeiramente devemos frisar que dentro de uma casa espiritual, o carro chefe
são os médiuns de incorporação, mas a grande questão é que há outros dons mediúnicos, que
muitas vezes vem agregados com o de incorporação mas isso não é uma regra, alguns médiuns
NUNCA terão a incorporação nas suas vidas, muitos serão auditivos, videntes,
clarividentes, olfativos, curadores, dons esses extremamente necessários dentro de
uma casa espiritual, mas não serão de incorporação.

Quando o médium por ventura descobre sobre esse fato, ele fica meio que perturbado, ele
queria muito aquilo, muitas vezes até por falta de orientação, fica decepcionado porque ele
acha dentro da sua cabeça, que teria importância apenas se fosse de incorporação, e isso não
é verdade.

O que seria de nossos terreiros se não fosse nossos amados CAMBONOS, médiuns
extremamente necessários, braços direito e esquerdo de qualquer dirigente e guia chefe de um
terreiro, vejam bem estou falando de cambonos que realmente nunca irão incorporar, mas que
são colunas energéticas essenciais dentro de qualquer casa. Mas muitas vezes o médium
simplesmente não quer entender, acaba irritado e por ventura sai daquela casa que o
acompanhou e pensa “… essa casa é que não prestava…”, interessante, mas há
controversas, muitas vezes esse médium vai para outra casa, pode ocorrer que na outra
realmente faltou algo a mais, ou simplesmente não era o lugar dele, pode acontecer é claro,
mas muitas vezes ele pode ter a infelicidade de cair na mão de um péssimo dirigente, onde
por ele será orientado de erradas formas e por ventura, ele irá começar a se auto sugestionar.
Vou dar um exemplo:

A pressa muitas vezes, não é só oriunda da expectativa de um médium, muitas vezes ela vem
pela mão do próprio dirigente o qual deveria combatê-la, daqueles que ficam rodando…
rodando.. rodando.. sem parar seus médiuns, tipo pião, ou vai ou racha, o cidadão pensa “…
vou colocar um guia nesse menino seja por bem ou por mal…”, e como isso judia, só
quem já passou, ou viu de perto sabe como é danoso esses extremos. Muitas vezes o médium,
por não querer mais passar por aquilo, muitas vezes ele se auto sugestiona, infelizmente finge
estar com o guia, para que aquele sofrimento acabe, médiuns assim ficam extremamente
anímicos, uns realmente acreditam estar incorporados, outros por outro lado, não sentem nada
de irradiação e fluidificação espiritual e fingem, mistificação, esse é um dos piores erros que
um médium pode cometer. E deixo uma questão no ar, e você dirigente quer médiuns
sugestionados ou realmente acoplados com seus guias?

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Só frisando que a técnica de girar o médium bem conduzida é muito


pertinente em alguns casos, mas frisando quando bem conduzida, e não
fazendo do médium um pião desgovernado. Um médium sugestionado, é
visível que a algo errado com ele, as pessoas começam a notar que está
ali o médium e não o guia, na realidade ele acaba passando por algumas
situações onde ele mesmo se perde. Um médium nesse ponto, deve ser muito bem orientado,
direcionado, doutrinado, muitas vezes quando vindo de maus costumes de outras casas deverá
recomeçar pelo seu próprio bem. Muitos médiuns quando só fluidificados pelo guia já acham
que estão incorporados e acabam que acelerando o processo de incorporação, deixando o guia
em segundo plano.

Médiuns aprendam uma coisa, não existe comparação de um médium para com o
outro, cada médium traz consigo sua trajetória, sua missão, é totalmente equivocado
e errado se auto comparar com a trajetória de um outro médium. Os médiuns dentro
do terreiro são peças únicas, com vivências e trajetórias próprias. Cada médium tem
seu tempo para realizar seu acoplamento espiritual, há médiuns que levaram dias,
outros meses, e outros anos. Sabe aquele ditado que diz: “… a pressa é a inimiga da
perfeição…”

O que adianta ter pressa, dar ali um estremecimento com o corpo em segundos, se o guia
ainda tá mais de 4 metros de distância (só um comparativo do que acontece) e o médium já
está no terreiro incorporado, todo mundo olha e vê ali o médium e não o guia, não tem a
autenticidade a veracidade do guia. Tem médiuns que incorporam rápido, sim claro, mas você
sente o guia ali, eu conheci um médium que incorporava muito rápido, mas em segundos ele
se transformava a olhos vistos, você via ali a presença autentica do guia.

Não importa a forma e sim o conteúdo dessa manifestação, cada médium tem uma forma
especifica de realizar o acoplamento, o importante é que ali esteja o guia e não o médium.
Uma das primeiras lições que tive é que INCORPORAÇÃO, é o médium deixar de ser ele
mesmo, ele cede o papel principal para seu guia, sua entidade. Quando o médium
sente mais ele que o guia tem algo errado. E vejam bem, isso não tem nada haver com
mediunidade consciente, semi-inconsciente, ou inconsciente. Porque já conheci médiuns
conscientes excelentes, e por outro lado médiuns que se diziam inconscientes mistificadores
natos. Trágico.

Ai pergunto, o que vale incorporar com tanta pressa, se aquela incorporação não
passa confiança, seriedade e autenticidade.

Uma outra questão, muito falada de forma errada, muitas pessoas falam para o médium se ele
não incorporar rápido, o guia vai abandonar o médium. Pessoal, a ligação é de lá de cima
para baixo, o guia conseguirá incorporar quando esse médium estiver seguro e preparado para
isso. Agora vejam bem, se o médium fica sendo pressionado, coagido, se é imposto medo a
ele, ELE NUNCA VAI CONSEGUIR INCORPORAR NADA, A NÃO SER ELE MESMO
dependendo da forçação de barra diga-se de passagem. E infelizmente essa falta de
conhecimento está vindo de dirigentes, não somente dos médiuns.
GUIA NÃO ABANDONA MÉDIUM E PONTO FINAL.

Um guia tem uma missão especifica com cada pupilo, ele independente da dificuldade de um
médium X, ele jamais irá abandoná-lo por outro, porque ele como guia tem outros médiuns
em vários estágios de desenvolvimento, ele é o professor o médium seu aluno. Então não existe
essa pressão psicológica de dizer, “… se você ficar bloqueando seu guia, ele vai te
largar…”, pura falta de conhecimento. A única coisa que provoca um afastamento de um

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guia, e a falta de compostura, índole, seriedade, caridade e bondade de
seu médium, um guia idôneo não se compraz no mal e nem na maldade,
questão de sintonia, mas caso esse médium se volte a luz novamente eles
estarão ali para o receber, mas mesmo assim sempre mandaram sinais
para que ele retome ao bom caminho. Mas jamais irá se afastar de seu
médium num processo de aprendizagem e despertar consciencial.

Uma questão referente a incorporação que muitas vezes passa desapercebida, é que tem casos
que o médium irá sentir o fluido da energia do guia, ao ponto de causar efeitos em sua matéria
mas que nunca irá chegar em uma incorporação plena, o médium ele como um catalizador, ele
absorve aquela energia para depois doar a quem está em volta. Um outro caso que pode ocorrer
é que um médium ele pode ser instrumento de um guia, no caso de um acoplamento espiritual,
uma única vez na vida por um determinado propósito e nunca mais incorporar com um guia,
muitas vezes esse tipo de trabalho espiritual e incorporação é possível porque o médium se
encontra a sua volta com outros médiuns e guias, o qual o magnetismo espiritual desses
médiuns e guias faz com que ocorra a manifestação.

O desenvolvimento espiritual, digo desenvolvimento por ser uma forma de melhor


entendimento e que já virou que costume o uso do termo, mediunidade não se
desenvolve ela se desperta, é o despertar consciencial do médium, é algo muito
complexo, sério, deve ser feito com muita responsabilidade, e JAMAIS COM PRESSA.

A gente vê certas falhas muito complexas dentro de um terreiro, de um lado médiuns afoitos,
apressados e ansiosos, de outro dirigentes os quais parece que acham que ver seus médiuns
incorporados ali é questão de status e ibope a sua casa, não priorizando a qualidade mediúnica
necessária para um bom atendimento espiritual, ali exposta, está se perdendo o
comprometimento e seriedade que esse despertar exige, isso não é brincadeira, não é uma
pista de corrida, que quem ganha é quem incorpora primeiro, ou diria mais rápido, estão
brincando de serem médiuns. O lidar com a espiritualidade exige-se respeito, ela é tudo menos
uma brincadeira.

Uma das grandes dificuldades tanto dos dirigentes quando dos próprios guias e mentores é
lidar com a teimosia de médiuns que não sabem ouvir, e aplicar determinadas orientações,
tudo tem que ser no tempo deles e não é assim, a ligação é de lá de cima para baixo, não tem
como mudar isso e caso a pressa e a teimosia insistam, fatalmente nos deparamos com
médiuns literalmente na mão, o tal “borococho” o guia tá ali léguas de distância e o médium
se passando por ele. E sabe o que é mais triste? é quando esse médium faz um papelão dentro
do terreiro, mesmo depois de ser orientado, ele insiste em brincar de dar espírito. Fatalmente
esse médium fica desacreditado e envergonhado.

Alguns médiuns deveriam aprender o valor do silêncio, e ficarem com suas boquinhas fechadas
de quando não saberem das minucias sobre um determinado assunto, principalmente no que
condiz a ESPIRITUALIDADE E MEDIUNIDADE se limitarem a aprenderem e não quererem
ensinar o que não sabem nem para eles. Cansei de ver médiuns, debochando de outros porque
eles “supostamente” estavam incorporando, enquanto o irmão do lado só estava na fase do
bambear. Só que lhes afirmo, vi muito médium que ninguém dava nada por ele, se
manifestarem com guias e mentores com uma sabedoria milenar, é o tal julgar o conteúdo
pelo frasco. Médiuns determinadas orientações devem ser dadas por aqueles que tem
competência para isso, cuidado, uma má orientação pode fazer com que se perca um médium
promissor, que teria muito a oferecer, mas que por frustração ou por não se achar capaz, achou
melhor abandonar tudo. Olha a responsabilidade e o peso de desviar um médium do seu
caminho.

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Tenham pressa na vontade de aprender, de colaborar com a casa,
de ouvir. Pressa de incorporar é bobagem não importa se a sua
primeira manifestação irá vir quando você menos esperar depois
de anos, o que importa que aquela INCORPORAÇÃO SEJA
VERDADEIRA.

E tomem muito cuidado com a fantasia, muitos de nossos guias, mentores e entidades foram
pessoas simples e humildes, cuidado com essa onda de realeza, tem muito rei que não precisa
de coroa e muito plebeu exigindo a mesma. Lembrem-se estamos falando de guias sérios de
entidades espirituais comprometidas com a verdade. Certas realezas por mais que eles tem,
não necessariamente são exploradas ou mostradas. Espero que com essas orientações, abra
reflexões a respeito, para que sejamos os médiuns necessários que nossos guias esperam de
nós.
Que Oxossi nos traga sabedoria.

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