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Conceituar e comensurar a importância da Ciência Jurídica se torna difícil diante da

resplandecência das inúmeras opiniões de sábios juristas acerca desse tema. Em


minhas pesquisas encontrei uma definição simples da pergunta: Qual a finalidade do
Direito? O inglês, John Locke, assim preconizou: "O fim do Direito não é abolir nem
restringir, mas preservar e ampliar a liberdade".

A Religião, por sua vez, sempre norteou sua finalidade em aprimorar o homem,
ensinando-o e alicerçando-o nos axiomas éticos e morais. Destarte e unida das lições
de fé, esperança, perdão e fraternidade, a Religião deixa cravada sua marca na
sociedade.

Juntos, Direito e Religião conseguiram e conseguem equilibrar a sociedade diante de


situações ásperas do cotidiano.

Na seara judaico-cristã, os Dez Mandamentos regulam através da Religião e da figura


plácida do Direito a vida de milhões de fiéis. Carlos Mesters, em suas obras
denominava o Decálogo como sendo a Constituição do povo de Deus.

O Direito assim como a religião sempre lidou com ritos, formas, preceitos e símbolos
que empregam identidade às ciências.

As religiões no bom uso de seus preceitos e sacramentos participam da vida de seu


praticante. O Direito se torna concreto através de leis que sustentam a justiça, a
ordem, o equilíbrio, os direitos e obrigações de cada ser humano.

A justiça se torna maravilhosa quando alcança a efetividade do preceito "suum cuique


tribuere" – dar a cada um o que é seu. Neste sentido, Religião e Direito mais uma vez
corroboram em finalidades, sendo incontestável negar o hasteamento dessa bandeira
nas duas formas de representação social.

Não há como negar em toda a historiografia do homem a presença sempre marcante


dos fatores morais e religiosos intrinsecamente ligados ao fenômeno jurídico.

Fundamentando tal sentença, o brilhante Franco Montoro asseverava: "Na própria


origem histórica do direito, está a norma indiferenciada, de cunho moral e religioso. [..]
não faltam exemplos da influência permanente de fatores morais e religiosos na vida
do direito".

O "Corpus Juris Canonici" – Direito Canônico, emprestou grande influência no direito


brasileiro e latino.

Religião e Direito combinam força nas culturas muçulmanas, hindus e chinesas. O


Corão reúne em seu bojo verdadeiras pérolas do direito muçulmano. O sistema
jurídico da Índia se perfaz através do direito consuetudinário hindu e dos sânscritos
religiosos. O Direito chinês foi amplamente abordado por Vicente Ráo, ao demonstrar
de forma cabal que as lições confucianas foram à gênese do direito hodierno.

Esta junção marcante não escapa de nossas terras tupiniquins. O artigo 1.515 do
código civil brasileiro leciona que o casamento religioso equipara-se ao casamento
civil, se cumprido com as normas legais. O dispositivo ainda ensina, que feito o
casamento religioso, esse produzirá efeitos civis desde sua celebração. Não restam
dúvidas de que novamente se demonstra o paralelismo e a fusão entre as duas
ciências.

Em escritos epílogos, poderemos demonstrar outra faceta interdisciplinar. O


julgamento como procedimento jurídico se assemelha ao julgamento religioso ou juízo
final. Os símbolos da balança e da espada presentes na deusa Themissão os mesmos
que aparecem em figuras religiosas, como por exemplo, na imagem de São Miguel
Arcanjo. É indubitável afirmar que Religião e Direito sempre caminharam juntos na
evolução da espécie humana na terra. Para os que ainda possuem dúvidas, leiam "A
Cidade Antiga" de Fustel de Coulanges.

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