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R.A. 8115521
Desde o seu nascimento até os dias atuais, a vida da índia cantora tem sido de lutas. Ela nasceu
gêmea com um irmão e, pela tradição yanomami, no caso de nascimento de gêmeos, um tem de ser
sacrificado para que não roube a alma do outro. Como nasceu um casal, o menino tem a preferência
à vida, pois pode se tornar um guerreiro. “Se são crianças do mesmo sexo, a escolha é aleatória”,
explica Dani.
A recém-nascida foi entregue à avó materna, Jeayrandy, para ser enterrada ou jogada nas águas do
rio. A índia, no entanto, não teve coragem de seguir a tradição e o sentimento de avó falou mais
alto. A pequena foi levada para junto dos curumins (crianças indígenas) e foi criada longe da
família. Para não atrair a atenção da tribo, a avó de Dani a criou como sendo um menino.
“As crianças não perceberam nada porque usávamos um tapa-sexo e minha avó mantinha meus
cabelos cortados”, revela. Dani conta que semanalmente a avó lhe levava às margens do rio São
Gabriel do Cachoeira na esperança de que conseguisse alguém para adotá-la e levá-la da tribo.
Em uma dessas tentativas, o destino de Dani se cruzou com o da antropóloga Helena Duarte que
fazia ume estudo sobre os povos indígenas daquela região. “Eu era um verdadeiro bicho do mato,
com medo das pessoas e de tudo, ai chamei a atenção da Helena”, conta. Depois de ouvir a história
da indiazinha, a antropóloga decidiu levá-la consigo. “Ela me levou para Porto Velho (RO) onde me
registrou e depois me deixou em um colégio interno no Rio de Janeiro durante dois anos, pois eu
precisava aprender a falar”, conta.
Depois do primeiro contato com a ‘civilização’, Daniele foi, finalmente, levada para Americana,
onde vive até hoje. Depois da morte da mãe adotiva, ela mora com uma irmã, trabalha em uma
tecelagem e pretende se formar em assistente social. Paralelo à vida profissional e universitária,
Dani mantém a de compositora e cantora.
Título do artigo: Cantora indígena tem história de luta e superação.. Disponível em:
http://www.povosindigenas.blog.br/v1/2018/03/30/musica-cantora-indigena-tem-historia-de-luta-e-
superacao/ Acesso em: 01/06/2020