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UNIÃO DAS FACULDADES DOS GRANDES LAGOS - UNILAGO

HEBERT JUNIOR CONCEIÇÃO

A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADORES DE HIV

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


2021
HEBERT JUNIOR CONCEIÇÃO

A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADORES DE HIV

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial
para a obtenção do grau de bacharel
e licenciatura em Educação Física à
Banca Examinadora da União das
Faculdades dos Grandes Lagos -
UNILAGO

Orientador: Prof.Esp. Valter Luiz da


Silva Felix

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


2021
FICHA CATALOGRÁFICA

Conceição, Hebert

Conceição, Hebert. TÍTULO: A Prática da Atividade Física em Portadores de HIV.


Trabalho de Conclusão de Curso – Educação Física da União das Faculdades dos
Grandes Lagos – UNILAGO. São José do Rio Preto, 2021. Folhas 37.

Orientador: Professor: Esp. Valter Luiz da Silva Felix

Palavras Chaves:

1 Prática; 2 Atividade física; 3 Portadores; 4 HIV.

CDD ..................
UNIÃO DAS FACULDADES DOS GRANDES LAGOS – UNILAGO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

HEBERT JUNIOR CONCEIÇÃO

A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADORES DE HIV.

Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora para


obtenção do título de graduação de educação física.

DATA ___/___/___

____________________________________________________

ORIENTADOR: Professor Esp. Valter Luiz da Silva Felix

___________________________________________________

EXAMINADOR 1: Professor Ms. Flavio Roberto Pelicer

_____________________________________________________

EXAMINADOR 2: Professor Me. Mayara Arina Bertolo

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

2021
EPÍGRAFE

Se Deus disse que eu posso, então eu posso. Irei e não temerei mal algum.
(Bíblia, Filipenses 4.3).
AGRADECIMENTOS

A Deus, que sе mostrou criador, que foi criativo. Sеυ fôlego da vida еm mіm mе
fоі sustento е mе dеυ coragem para questionar realidades е propor sempre um
novo mundo de possibilidades.
Prof. Valter Luiz da Silva Félix, por me orientar durante todo o trabalho, com
determinação e vontade em todas as vezes que foi requisitada, por suas
correções e incentivo.
A todos os professores por proporcionar о conhecimento não apenas racional,
mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no processo de
formação profissional, por tanto que se dedicaram, não somente por terem
ensinado, mas por terem feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça
аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão os meus eternos
agradecimentos.

Dedico este trabalho à minha mãe,


por sua capacidade de acreditar e
investir em mim. Seu cuidado e
dedicação foi que deram, em alguns
momentos, a esperança para seguir.
RESUMO

O HIV tem como principais características epidemiológicas ser uma doença


infecciosa, transmitida por via sexual, vertical e parental. Por intermédio desse
trabalho tem-se como objetivo desenvolver uma pesquisa em como a atividade
física melhora a qualidade de vida de pessoas portadoras do vírus. Além de
apresentar uma revisão bibliográfica conceitual sobre o vírus HIV. Sendo o
primeiro caso registrado no mundo na década de 80, sua incidência no início
era predominantemente em homossexuais.

Palavras-Chave: Prática. Atividade física. Portadores. HIV.


ABSTRACT

HIV’S more epidemiological caracteristics are that it is an infectious disease,


transmited sexually, vertically and parentlly. Through this work, the objective is
to develop research on how physical activity improves the quality of life of
people with the virus. Being the first case registered in the world in the 1980s,
its incidence at the beginning was predominantly in homosexuals.

Keywords: Practice. Physical activity. Carriers. HIV.


Sumário

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................................11

1.1 OBJETIVOS............................................................................................................................12

1.2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................................12

2. HIV..........................................................................................................................................13

2.1. FORMAS DE TRANSMISSÃO.................................................................................................13

2.1.1. Sexual...............................................................................................................................14

2.1.2. Sanguínea.........................................................................................................................14

2.1.3. Vertical.............................................................................................................................14

2.1.4. Ocupacional......................................................................................................................15

2.1.5. Outras formas de transmissão.........................................................................................16

2.2. PREVENCÃO E CONTROLE...................................................................................................16

2.2.1. Preservativos....................................................................................................................17

2.2.2. Espermicidas....................................................................................................................17

2.2.3. Prevenção em usuário as de drogas injetáveis (UDI)........................................................18

2.2.4. Exposição Ocupacional.....................................................................................................19

2.3. TESTES DISGNÓSTICOS........................................................................................................19

2.3.1. Testes de detecção de anticorpos....................................................................................20

2.3.2. Testes de detecção de antígeno VIRAL.............................................................................21

2.3.3. Técnicas de cultura viral...................................................................................................21

2.3.4. Testes de amplificação do genoma vírus..........................................................................22

2.3.5. Contagem de células CD4+ em sangue periférico............................................................22

2.4. ASPESCTOS CLÍNICOS..........................................................................................................23

2.4.1. Infecção Aguda.................................................................................................................23

2.4.2. Fase assintomática...........................................................................................................23


2.4.3. Fase sintomática inicial.....................................................................................................23

2.4.4. Doenças Oportunistas......................................................................................................24

2.5. TRATAMENTO......................................................................................................................25

2.5.1. Inibidores de transcriptase reversa..................................................................................25

2.5.2. Inibidores de protease......................................................................................................25

3. ATIVIDADE FÍSICA...................................................................................................................26

4. ATIVIDADE FÍSICA E O HIV......................................................................................................27

5. PRESCRIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NO HIV............................................................................29

5.1. Treinamento de Força.........................................................................................................31

5.2. Treinamento Aeróbico........................................................................................................32

6. METODOLOGIA.......................................................................................................................33

7. CONCLUSÃO...........................................................................................................................33

8. REFERÊNCIAS..........................................................................................................................34
11

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Brasil (2018) a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida


(AIDS) foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, a partir da identificação de
um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e
moradores de São Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi,
pneumonia por Pneumocystis carinii e comprometimento do sistema imune, o que
levou à conclusão de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de
etiologia provavelmente infecciosa e transmissível.
O grafar - HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana,
ataca o sistema imunológico. As células mais atingidas são os linfócitos TCD4+, o
HIV altera DNA dessa célula e faz cópias de si mesmo. Ter HIV não é a mesma
coisa que ter aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar
sintomas ou desenvolver sintomas. Embora, não apresentando sintomas transmitem
a doença através das relações sexuais, pelo compartilhamento de seringas
contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, quando
não tomam as devidas medidas de prevenção. O HIV é um retrovírus, classificado
na subfamília dos Lentiviridae.
Segundo Brasil (2019) Quanto mais cedo a descoberta da sorologia positiva
para o HIV aumenta a expectativa de vida da pessoa que convive com o vírus. As
pessoas que buscam tratamento no tempo certo ganham em muito qualidade de
vida. Os testes são realizados gratuitamente pelo SUS – Sistema Único de Saúde,
nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA)
onde o diagnóstico é feito através de da coleta de sangue ou fluído oral. (BRASIL,
2019)
Quando há infecção pelo vírus causador da aids, o sistema imunológico já
começa a ser atacado. A primeira fase, chamada de infecção aguda, ocorre a
incubação do HIV, esse período varia de três a seis semanas. O organismo começa
a produzir anticorpos anti-HIV após 30 a 60 dias após a infecção. Os primeiros
sintomas são muito parecidos com os da gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a
maioria dos casos passam despercebidos.
12

A atividade física é um comportamento que envolve os movimentos do


corpo, que são feitos de maneira intencional. A atividade física pode estar presente
no lazer, nas tarefas domésticas ou no deslocamento para a escola ou o trabalho.
Todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é
um exercício físico. Quando a atividade física é planejada e predisposta com o
objetivo de melhorar ou manter os componentes físicos, como a estrutura muscular,
a flexibilidade e o equilíbrio, estamos falando do exercício físico.

1.1 OBJETIVOS
Estre trabalho tem por objetivo observar a qualidade de vida de uma pessoa
portadora do HIV que pratica atividade física regularmente. E, contudo, discorrer
sobre os benefícios da atividade física no dia a dia.

1.2 JUSTIFICATIVA
A ideia do estudo se faz com o intuito em demonstrar que independente de uma
pessoa ser portadora do vírus HIV é possível ter uma qualidade de vida boa e
praticar atividades físicas regulares.
13

2. HIV

De acordo com Brasil (2018) em 1983, o HIV-1 foi isolado de pacientes com
AIDS pelos pesquisadores Luc Montaigner, na França, e Robert Gallo, nos EUA,
recebendo os nomes de LAV (Lymphadenopathy Associated Virus ou Virus
Associado à Linfadenopatia) e HTLV-III (Human T-Lymphotrophic Virus ou Vírus T-
Linfotrópico Humano tipo lll) respectivamente nos dois países. Em 1986, foi
identificado um segundo agente etiológico, também retrovírus, com características
semelhantes ao HIV-1, denominado HIV-2. Nesse mesmo ano, um comitê
internacional recomendou o termo HIV (Human Immunodeficiency Virus ou Vírus da
Imunodeficiência Humana) para denominá-lo, reconhecendo-o como capaz de
infectar seres humanos.
O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da Família Retroviridae (retrovírus)
e subfamília Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não-
oncogênicos que necessitam, para multiplicar-se, de uma enzima denominada
transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia
DNA, que pode, então, integrar-se ao genoma do hospedeiro.

2.1. FORMAS DE TRANSMISSÃO

As principais formas de transmissão do HIV são:


● sexual;
● sanguínea (em receptores de sangue ou hemoderivados e em usuários de
drogas injetáveis, ou UDI); e
● vertical (da mãe para o filho, durante a gestação, parto ou por
aleitamento).
Segundo Brasil (2018) além dessas formas, mais frequentes, também pode
ocorrer a transmissão ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em
profissionais da área da saúde que sofrem ferimentos com instrumentos
perfurocortantes contaminados com sangue de pacientes infectados pelo HIV.
14

2.1.1. Sexual

De acordo com Brasil (2018) a principal forma de exposição em todo o


mundo é a sexual, sendo que a transmissão heterossexual, nas relações sem o uso
de preservativo é considerada pela OMS como a mais frequente. Na África sub-
Sahariana, é a principal forma de transmissão. Nos países desenvolvidos, a
exposição ao HIV por relações homossexuais ainda é a responsável pelo maior
número de casos, embora as relações heterossexuais estejam aumentando
proporcionalmente como uma tendência na dinâmica da epidemia. Os fatores que
aumentam o risco de transmissão do HIV em uma relação heterossexual são: alta
viremia, imunodeficiência avançada, relação anal receptiva, relação sexual durante a
menstruação e presença de outra DST, principalmente as ulcerativas. Sabe-se hoje
que as úlceras resultantes de infecções sexualmente transmissíveis como cancro
mole, sífilis e herpes genital, aumentam muito o risco de transmissão do HIV.

2.1.2. Sanguínea

Segundo Brasil (2018) a transmissão sanguínea associada ao uso de drogas


injetáveis é um meio muito eficaz de transmissão do HIV, devido ao uso
compartilhado de seringas e agulhas. Essa via de transmissão adquire importância
crescente em várias partes do mundo, como na Ásia, América Latina e no Caribe. A
transmissão mediante transfusão de sangue e derivados é cada vez menos
relevante nos países industrializados e naqueles que adotaram medidas de controle
da qualidade do sangue utilizado, como é o caso do Brasil.

2.1.3. Vertical

Brasil (2018) nos fala que a transmissão vertical, decorrente da exposição da


criança durante a gestação, parto ou aleitamento materno, vem aumentando devido
à maior transmissão heterossexual. Na África, são encontradas as maiores taxas
desta forma de infecção pelo HIV, da ordem de 30 a 40%; entretanto, em outras
partes do mundo, como na América do Norte e Europa, situam-se em torno de 15 a
15

29%. Os principais motivos dessa diferença devem se ao fato de que, na África, a


transmissão heterossexual é mais intensa, e que neste continente, o aleitamento
materno é muito mais frequente do que nos países industrializados. A transmissão
intrauterina é possível em qualquer fase da gravidez; porém é menos frequente no
primeiro trimestre. As infecções ocorridas nesse período não têm sido associadas a
malformações fetais. O risco de transmissão do HIV da mãe para o filho pode ser
reduzido em até 67% com o uso de AZT durante a gravidez e no momento do parto,
associado à administração da mesma droga ao recém-nascido por seis semanas.
Um estudo realizado nos Estados Unidos (Aids Clinical Trial Group 076 ou ACTG-
076) demonstrou redução na transmissão vertical de 25,6% para 8,3% com o uso de
AZT durante a gravidez. A transmissão pelo leite materno é evitada com o uso de
leite artificial ou de leite humano processado em bancos de leite, que fazem
aconselhamento e triagem das doadoras.

2.1.4. Ocupacional

De acordo com Brasil (2018) a transmissão ocupacional acontece quando


profissionais da área da saúde sofrem ferimentos com instrumentos perfurocortantes
infectados com sangue de pacientes portadores do HIV. É estimado que o risco
médio de contrair o HIV após uma exposição percutânea a sangue contaminado seja
de aproximadamente 0,3%. Nos casos de exposição de mucosas, esse risco é de
aproximadamente 0,1%. Os fatores de risco já identificados como favorecedores
deste tipo de contaminação são: a profundidade e extensão do ferimento a presença
de sangue visível no instrumento que produziu o ferimento, o procedimento que
resultou na exposição e que envolveu a colocação da agulha diretamente na veia ou
artéria de paciente portador de HIV e, finalmente, o paciente fonte da infecção
mostrar evidências de imunodeficiência avançada, ser terminal ou apresentar carga
viral elevada.
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2.1.5. Outras formas de transmissão

Segundo Brasil (2018) ainda que o vírus tenha sido isolado de vários fluidos
corporais, como saliva, urina, lágrimas, somente o contato com sangue, sêmen,
secreções genitais e leite materno têm sido implicados como fontes de infecção. O
risco da transmissão do HIV por saliva foi avaliado em vários estudos laboratoriais e
epidemiológicos. Esses estudos demonstraram que a concentração e a infectividade
dos vírus da saliva de indivíduos portadores do HIV são extremamente baixa. Até o
momento, não foi possível evidenciar, com segurança, nenhum caso de infecção por
HIV adquirido por qualquer das seguintes vias teóricas de transmissão: contato
interpessoal não-sexual e não-percutâneo (contato casual), vetores artrópodes
(picadas de insetos), fontes ambientais (aerossóis, por exemplo) e objetos
inanimados (fômites), além de instalações sanitárias. Há raros relatos anedóticos de
hipotética transmissão horizontal do HIV; porém, estes não resistem a uma análise
mais cuidadosa, e as evidências são insuficientes para caracterizar formas não-
tradicionais de transmissão.
Dados laboratoriais e epidemiológicos não provêm qualquer suporte à
possibilidade teórica de transmissão por artrópodes atuando como vetores
biológicos ou mecânicos. Não foi possível evidenciar qualquer multiplicação do HIV
em artrópodes após inoculação intra-abdominal, intratorácica ou após repasto de
sangue infectado. Outros estudos demonstraram ausência de replicação do HIV em
linhagens celulares derivadas de artrópodes. Estudos epidemiológicos nos Estados
Unidos, Haiti e África Central não demonstraram qualquer evidência de transmissão
por vetores. Conclui-se que formas alternativas de transmissão são altamente
improváveis, e que a experiência cumulativa é suficientemente ampla para se
assegurar enfaticamente que não há qualquer justificativa para restringir a
participação de indivíduos infectados nos seus ambientes domésticos, escolares,
sociais ou profissionais.
17

2.2. PREVENCÃO E CONTROLE

Brasil (2018) nos fala que as principais estratégias de prevenção


empregadas pelos programas de controle envolvem: a promoção do uso de
preservativos, a promoção do uso de agulhas e seringas esterilizadas ou
descartáveis, o controle do sangue e derivados, a adoção de cuidados na exposição
ocupacional a material biológico e o manejo adequado das outras DST.

2.2.1. Preservativos

De acordo com Brasil (2018) os preservativos masculinos e femininos são a


única barreira comprovadamente efetiva contra o HIV, e o uso correto e consistente
deste método pode reduzir substancialmente o risco de transmissão do HIV e das
outras DST. O uso regular de preservativos pode levar ao aperfeiçoamento na sua
técnica de utilização, reduzindo a frequência de ruptura e escape e,
consequentemente, aumentando sua eficácia. Estudos recentes demonstraram que
o uso correto e sistemático do preservativo masculino reduz o risco de aquisição do
HIV e outras DST em até 95%.

2.2.2. Espermicidas

Segundo Brasil (2018) os produtos espermicidas à base de nonoxinol-9 são


capazes de inativar o HIV e agentes de outras DST "in vitro", e poderiam ter um
papel importante na redução da transmissão sexual do HIV, se usados em
associação com os preservativos. Estudos recentes sugerem que a concentração de
nonoxinol-9, normalmente preconizada nos preservativos, seria insuficiente para
inativar o HIV, sendo que o uso de concentrações mais elevadas poderia apresentar
toxicidade. Entretanto, a segurança e eficácia dos espermicidas atualmente
disponíveis, nas condições de uso corrente, não estão bem estabelecidas, e mais
estudos clínicos controlados são necessários para esta determinação.
18

2.2.3. Prevenção em usuário as de drogas injetáveis (UDI)

Em Brasil (2018) nos fala que desde 1986, ficou claro que os UDI
correspondiam um grupo focal particularmente importante, devido ao risco específico
de ocorrência de epidemias de HIV nesta população, e ao potencial de
representarem a interface através da qual a infecção por HIV se difundiria para a
população heterossexual não usuária de drogas e consequentemente para as
crianças.
A disseminação da infecção pelo HIV entre UDI em muitos países com
características diferentes, levantou importantes questões sobre a natureza do
comportamento dos dependentes, e da possibilidade de modificá-lo mediante
intervenções preventivas, de modo a reduzir a transmissão do HIV.
Houve ceticismo inicial acerca da eficácia de ações educativas nessa
população. O temor de que a estratégia de redução de danos, baseadas na
facilitação do acesso a equipamento estéril de injeções pudesse levar ao aumento
da população de usuários de drogas injetáveis, não se concretizou.
Há atualmente evidências suficientes para concluir que foi possível reduzir o
nível epidêmico da transmissão do HIV em locais onde programas inovadores de
saúde pública foram iniciados precocemente. Os elementos desses programas de
prevenção incluem orientação educativa, disponibilidade de testes sorológicos,
facilitação de acesso aos serviços de tratamento da dependência de drogas, acesso
a equipamento estéril de injeção, além de ações que se desenvolvem na
comunidade de usuários de drogas a partir da intervenção de profissionais de saúde
e/ou agente comunitários, recrutados na própria comunidade.
Em relação às mudanças comportamentais, demonstrou-se que os UDI
podem ser sensíveis às ações preventivas e capazes de reduzir a frequência das
situações de risco. Porém, se todos os estudos demonstram redução de risco,
evidenciam, infelizmente, a persistência de níveis importantes do comportamento de
risco, mesmo nas cidades onde se obteve razoável impacto com as ações
preventivas.
19

2.2.4. Exposição Ocupacional

Segundo Brasil (2018) embora alguns tipos de exposição acidental, como o


contato de sangue ou secreções com mucosas ou pele íntegra teoricamente possam
ser responsáveis por infecção pelo HIV, os seus riscos são insignificantes quando
comparados com a exposição percutânea, através de instrumentos perfurocortantes.
Fatores como prevalência da infecção pelo HIV na população de pacientes,
grau de experiência dos profissionais de saúde no cuidado desse tipo de paciente,
uso de precauções universais (luvas, óculos de proteção, máscaras, aventais etc.),
bem como a frequência de utilização de procedimentos invasivos, podem também
influir no risco de transmissão do HIV.
O meio mais eficiente para restringir tanto a transmissão profissional-
paciente quanto a paciente-profissional, baseia-se na utilização sistemática das
normas de biossegurança, na determinação dos fatores de risco associados, e na
sua eliminação, bem como na implantação de novas tecnologias da instrumentação
usadas na rotina de procedimentos invasivos.

2.3. TESTES DISGNÓSTICOS

Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos


basicamente em quatro grupos:
● detecção de anticorpos;
● detecção de antígenos;
● cultura viral; e
● amplificação do genoma do vírus.
Em Brasil (20108) cita as técnicas rotineiramente utilizadas para o
diagnóstico da infecção pelo HIV são baseadas na detecção de anticorpos contra o
vírus. Estas técnicas apresentam excelentes resultados e são menos dispendiosas,
sendo de escolha para toda e qualquer triagem inicial. Porém detectam a resposta
do hospedeiro contra o vírus, e não o próprio vírus diretamente. As outras três
técnicas detectam diretamente o vírus ou suas partículas. São menos utilizadas
rotineiramente, sendo aplicadas em situações específicas, tais como: exames
20

sorológicos indeterminados ou duvidosos, acompanhamento laboratorial de


pacientes, mensuração da carga viral para controle de tratamento etc. A seguir, cada
técnica será explicada separadamente.

2.3.1. Testes de detecção de anticorpos

De acordo com Brasil (2018) os testes de detecção de anticorpos são:

 ELISA (teste imunoenzimático): este teste utiliza antígenos virais


(proteínas) produzidos em cultura celular (testes de primeira geração) ou através de
tecnologia molecular recombinante. Os antígenos virais são adsorvidos por
cavidades existentes em placas de plástico e, a seguir, adiciona-se o soro do
paciente. Se o soro possuir anticorpos específicos, estes serão fixados sobre os
antígenos. Tal fenômeno pode ser verificado com a adição de uma
antiimunoglobulina humana conjugada a uma enzima como, por exemplo, a
peroxidase. Em caso positivo ocorre uma reação corada ao se adicionar o substrato
específico da enzima. Esta técnica é amplamente utilizada como teste inicial para
detecção de anticorpos contra o vírus, devido à sua facilidade de automação e custo
relativamente baixo. Apresenta atualmente altas sensibilidade e especificidade.
 Western-blot: este ensaio envolve inicialmente a separação das
proteínas virais por eletroforese em gel de poliacrilamida, seguida da transferência
eletroforética dos antígenos para uma membrana de nitrocelulose. Em um terceiro
momento, a membrana é bloqueada com proteínas que são adsorvidas por sítios
não ocupados pelos antígenos. Posteriormente a membrana é colocada em contato
com o soro que se deseja pesquisar. As reações antígeno-anticorpo são detectadas
por meio da reação com antiimunoglobulina humana, conjugada com um
radioisótopo ou uma enzima. A revelação é feita por autorradiografia ou por
substrato cromogênico. Geralmente este teste é utilizado para confirmação do
resultado reagente ao teste ELISA (ou seja, teste confirmatório da infecção), devido
à sua alta complexidade e custo. Tem alta especificidade e sensibilidade.
 Imunofluorescência indireta: fixadas em lâminas de microscópio, as
células infectadas (portadoras de antígenos) são incubadas com o soro que se
21

deseja testar. Depois, são tratadas com outro soro que contenha anticorpos
específicos para imunoglobulina humana (anti-lg) conjugados a um fluoro cromo. A
presença dos anticorpos é revelada por meio de microscopia de fluorescência.
Também é utilizada como teste confirmatório.
 Radioimunoprecipitação: a detecção dos anticorpos decorre de
reações com antígenos radioativos. Estes antígenos são obtidos de células
infectadas, mantidas na presença de radioisótopos durante a síntese de proteínas
virais. Precipitados formados da reação desses antígenos com anticorpos
específicos são sedimentados, dissociados com detergente, e depois, analisados
por eletroforese em gel de poliacrilamida. Segue-se a autorradiografia. É uma
técnica menos conhecida, mas que pode ser utilizada para confirmação de
diagnóstico.
 Outros testes para detecção de anticorpos: muitos testes rápidos para
estudos de campo, triagens de grandes populações e para decisões terapêuticas em
emergências vêm sendo desenvolvidos, geralmente baseados em técnicas de
aglutinação em látex e hemaglutinação.

2.3.2. Testes de detecção de antígeno VIRAL

Segundo Brasil (2018) os testes de detecção de antígeno VIRAL são


realizado por meio da pesquisa de Antígeno p24: este teste estima a concentração
da proteína viral p24 presente no plasma ou no sobrenadante de cultura de tecido.
Embora esta proteína encontre-se no plasma de pacientes em todos os estágios da
infecção pelo HIV, sua maior prevalência ocorre antes da soroconversão e nas fases
mais avançadas da doença; o teste é realizado mediante a utilização da técnica de
ELISA (imunoenzimático).

2.3.3. Técnicas de cultura viral

Segundo Brasil (2018) as técnicas de culturas virais são:


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● Cultura de células mononucleares de sangue periférico para isolamento do


HIV: esta técnica foi inicialmente utilizada para caracterizar o HIV como agente
causador da aids. As culturas são observadas quanto à evidência de formação
sincicial (células gigantes multinucleadas);

● Cultura quantitativa de células: é uma técnica que mede a carga viral


intracelular, mediante a diluição seriada decrescente de uma população de 106
células do paciente infectado. Considera-se como positiva a menor diluição capaz de
isolar alguma célula infectada.
● Cultura quantitativa de plasma: técnica semelhante à anterior, porém
utilizando alíquotas decrescentes de plasma. Considera-se como positiva a menor
diluição capaz de infectar células mononucleares.

2.3.4. Testes de amplificação do genoma vírus

De acordo com Brasil (2018) a análise quantitativa direta da carga viral


através de técnicas baseadas na amplificação de ácidos nucleicos, tais como a
reação de polimerase em cadeia (PCR) quantitativa, amplificação de DNA em cadeia
ramificada (branched-chain DNA ou bDNA) e amplificação sequencial de ácidos
nucleicos (nucleic acid sequence-based amplification ou NASBA). Em caso de início
ou mudança de terapia antirretroviral, alguns autores recomendam uma dosagem da
carga viral com 1 a 2 meses de tratamento, para avaliação da resposta ao esquema.

2.3.5. Contagem de células CD4+ em sangue periférico

Segundo Brasil (2018) a contagem de células T CD4+ em sangue periférico


tem implicações prognósticas na evolução da infecção pelo HIV pois é a medida de
imunocompetência celular; é mais útil no acompanhamento de pacientes infectados
pelo HIV. De maneira didática pode-se dividir a contagem de células T CD4+ em
sangue periférico em quatro faixas:
● maior que 500 células/mm3;
● entre 200 e 500 células/mm3;
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● entre 50 e 200 células/mm3;


● menor que 50 células/mm3;

2.4. ASPESCTOS CLÍNICOS

A infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas: 1) infecção
aguda; 2) fase assintomática, também conhecida como latência clínica; 3) fase
sintomática inicial ou precoce; e 4) aids.

2.4.1. Infecção Aguda

Segundo Brasil (2018) a infecção aguda, também chamada de síndrome da


infecção retroviral aguda ou infecção primária, ocorre em cerca de 50% a 90% dos
pacientes. Seu diagnóstico é pouco executado devido ao baixo índice de suspeição,
sendo, em sua maioria, retrospectivo. O tempo entre a exposição e os sintomas é de
cinco a 30 dias.

2.4.2. Fase assintomática

Brasil (2018) nos fala que na fase assintomática ou infecção precoce pelo
HIV, o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. Alguns pacientes podem
apresentar uma linfadenopatia generalizada persistente, "flutuante" e indolor. Logo,
a abordagem clínica nestes indivíduos no início de seu seguimento prende-se a uma
história clínica prévia.

2.4.3. Fase sintomática inicial

Segundo Brasil (2018) a fase sintomática inicial tem por sintomas:


 Sudorese noturna;
24

● Fadiga;
● Emagrecimento;
● Diarreia;
● Sinusopatias;
● Candidíase Oral e Vaginal (inclusive a recorrente);
● Leucoplasia Pilosa Oral;
● Gengivite;
● Úlceras Aftosas;
● Herpes Simples Recorrente;
● Herpes Zoster;
● Trombocitopenia.

2.4.4. Doenças Oportunistas

Em Brasil (2018) é visto que doenças oportunistas são aquelas que se


desenvolvem em decorrência de uma alteração imunitária do hospedeiro. Estas são
normalmente de origem infecciosa, porém várias neoplasias também podem ser
consideradas oportunistas.
As infecções oportunistas (IO) podem ser causadas por microrganismos não
considerados usualmente patogênicos, ou seja, não capazes de desencadear
doença em pessoas com sistema imune normal. Não obstante, microrganismos
normalmente patogênicos também podem, eventualmente, ser causadores de IO.
Porém, nesta situação, as infecções necessariamente assumem um caráter de
maior gravidade ou agressividade para serem consideradas oportunistas.
As doenças oportunistas associadas à aids são várias, podendo ser
causadas por vírus, bactérias, protozoários, fungos e certas neoplasias:
● Vírus: Citomegalovirose, Herpes simples, Leucoencafalopatia Multifocal
Progressiva.
● Bactérias: Micobacterioses (tuberculose e complexo Mycobacterium
aviumintracellulare), Pneumonias (S. pneumoniae), Salmonelose.
● Fungos: Pneumocistose, Candidíase, Criptococose, Histoplasmose.
● Protozoários: Toxoplasmose, Criptosporidiose, Isosporíase.
25

● Neoplasias: sarcoma de Kaposi, linfomas não-Hodgkin, neoplasias intra-


epiteliais anal e cervical.

2.5. TRATAMENTO

Existem, até o momento, duas classes de drogas liberadas para o


tratamento anti-HIV:

2.5.1. Inibidores de transcriptase reversa

Segundo Brasil (2018) as drogas que inibem a replicação do HIV


bloqueando a ação da enzima transcriptase reversa que age convertendo o RNA
viral em DNA: Nucleosídeos:
● Zidovudina (AZT) cápsula 100 mg, dose:100mg 5x/dia ou 200mg 3x/dia
ou 300mg 2x/dia;
● Zidovudina (AZT) injetável, frasco-ampola de 200 mg;
● Zidovudina (AZT) solução oral, frasco de 2.000 mg/200 ml;
● Didanosina (ddI) comprimido 25 e 100mg, dose: 125 a 200mg 2x/dia;
● Zalcitabina (ddC) comprimido 0,75mg, dose: 0,75mg 3x/dia;
● Lamivudina (3TC) comprimido 150mg, dose: 150mg 2x/dia;
● Estavudina (d4T) cápsula 30 e 40mg, dose: 30 ou 40mg 2x/dia; e
● Abacavir comprimidos 300 mg, dose: 300 mg 2x/dia. Não-nucleosídeos
● Nevirapina comprimido 200 mg, dose: 200 mg 2x/dia;
● Delavirdina comprimido 100 mg, dose: 400 mg 3x/dia; e
● Efavirenz comprimido 200 mg, dose: 600 mg 1x/dia. Nucleotídeo:
● Adefovir dipivoxil: comprimido, 60 e 120 mg, dose: 60 ou 120 mg 1x/dia.

2.5.2. Inibidores de protease

De acordo com Brasil (2018) os inibidores de protease são drogas que agem
no último estágio da formação do HIV, impedindo a ação da enzima protease que é
26

fundamental para a clivagem das cadeias proteicas produzidas pela célula infectada
em proteínas virais estruturais e enzimas que formarão cada partícula do HIV.
● Indinavir cápsula 400 mg, dose: 800 mg 3x/dia;
● Ritonavir cápsula 100mg, dose: 600mg 2x/dia;
● Saquinavir cápsula 200mg, dose: 600mg 3x/dia;
● Nelfinavir cápsula de 250 mg, dose 750 mg 3x/dia; e
● Amprenavir cápsula de 150 mg, dose 1.200 mg 2x/dia.

Em Brasil (2018) é visto que o tratamento antirretroviral com associação de


duas ou mais drogas da mesma classe farmacológica é chamado de terapia
combinada (p ex. dois análogos nucleosídeos), ou de classes diferentes (p ex. dois
análogos nucleosídeos e um inibidor de protease). Estudos multicêntricos
demonstraram aumento na atividade antirretroviral (elevação de linfócitos T-CD4+ e
redução nos títulos plasmáticos de RNA-HIV) quando da associação de drogas,
particularmente redução da replicação viral por potencializar efeito terapêutico ou
por sinergismo de ação em sítios diferentes do ciclo de replicação viral. Outros
estudos evidenciaram redução na emergência de cepas multirresistentes quando da
utilização da terapêutica combinada.
A terapia antirretroviral é uma área complexa, sujeita a constantes
mudanças. Para que seja incorporado novos conhecimentos gerados pelos ensaios
clínicos é necessário que as recomendações sejam revistas periodicamente.

3. ATIVIDADE FÍSICA

De acordo com Guedes (1995) atividade física é definida como qualquer


movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que sucede em gasto
energético maior do que os níveis de repouso. O nível de prática da atividade física
exigido é determinado pela quantidade de energia necessária à realização de um
certo movimento.
Independentemente de o gasto associado à atividade física ser diretamente
relacionado à intensidade, a duração e a frequência com que se realizam as
contrações musculares, além da quantidade de massa muscular envolvida nos
movimentos corporais e a quantidade de energia necessária à realização de uma
27

mesma tarefa motora poderão variar de indivíduo para indivíduo, ou ainda em razão
da variação do peso corporal e do índice de aptidão física num mesmo indivíduo.
O gasto energético das atividades físicas de nosso cotidiano deverá se
classificar basicamente em cinco categorias:
I - A demanda energética proveniente do tempo dedicado ao descanso e às
necessidades vitais, como horas de sono, refeições, higiene e outras;
II - A demanda energética provocada pelas atividades no desempenho de
uma ocupação profissional;
III - A demanda energética necessária à realização das tarefas domésticas;
IV - A demanda energética voltada a atender às atividades de lazer e de
tempo livre; e
V - A demanda energética induzida pelo envolvimento em atividades
esportivas e em programas de condicionamento físico.
Mesmo comprovante a significativa participação de cada uma dessas
categorias no estabelecimento do gasto energético/dia, a necessidade de energética
proveniente das atividades esportivas e dos programas de condicionamento físico é
a que permite provocar as maiores variações energéticas em nosso cotidiano,
compreendendo-se, portanto, no principal modulador dos níveis de prática da
atividade física.

4. ATIVIDADE FÍSICA E O HIV.

Segundo Ávila (2006) a realização regular de exercícios físicos é


recomendada a todas as pessoas, principalmente aos soropositivos, por estimular o
sistema imunológico, aumentar a disposição, a autoestima, aliviar o estresse,
recuperar a depressão, entre outros benefícios para a saúde em geral. Para o
soropositivo, o exercício também é indicado por prevenir e amenizar os efeitos
colaterais provocados pelos remédios, como a lipodistrofia - mudanças na
distribuição de gordura pelo corpo que pode afinar braços e pernas.
    O exercício físico induz alterações transitórias no sistema imunológico. A
intensidade, a duração e o tipo de exercício determinam as alterações ocorridas
durante e após esforço. Diferentes tipos e cargas de exercício físico podem provocar
alterações distintas nos parâmetros imunes.
28

    A prática de exercício físico é incentivada por inúmeros órgãos de pesquisa


na área da saúde, sendo que tal indicação reside nas evidências científicas que
relacionaram os efeitos do exercício sobre a saúde do ser humano. Mas aspectos
como frequência, intensidade, tipo de exercício e volume de treino têm levado a
contradições, pois o organismo humano é composto por vários sistemas, sendo
moldado sob diferentes constituintes, o que nos leva a concluir que a mesma
sobrecarga de trabalho produz efeitos diferentes nos mesmos, sobretudo no sistema
imunológico e na relação de homeostasia do organismo.
    Ainda em Ávila (2006) é citado que hoje em dia existem informações
suficientes para sugerir que os exercícios físicos não são contraindicados para
pacientes com HIV, sendo capaz de trazer benefícios físicos e psicológicos.
    O exercício físico poderia aumentar o número de células auxiliares ou CD4+
nos pacientes com HIV. Embora os exercícios realizados moderadamente possam
ser benéficos para indivíduos HIV assintomáticos, há dados preliminares sugerindo
que tal benefício pode ser estendido também à pacientes em estágios mais
avançados da doença.
    É conhecido que uma alteração na resposta imunológica pode ser afetada
pela atividade física intensa ou pelo aspecto psicológico. Porém, suspeita-se que as
técnicas de relaxamento e de combate ao estresse podem revigorar as defesas
imunológicas. O número de linfócitos, por exemplo, aumenta durante a atividade
física, caindo logo após seu término. Já os neutrófilos têm também aumento, só que
persistente por até 24 horas. As atividades físicas moderadas estimulam funções
dos neutrófilos, por outro lado, exercícios físicos intensos e sobrecarregantes
deprimem a atividade dos neutrófilos. Os conhecimentos atuais também permitem
afirmar que recomendações relacionadas a atividades físicas para pacientes
infectados pelo HIV podem ter efeito adjuvante no seu tratamento e promover
melhora tanto física quanto psicológica.
    A provável explicação para o benefício geral da atividade física em pacientes
portadores do HIV, vem da combinação de fatores como a influência benéfica da
atividade física de moderada intensidade sobre o sistema imunitário; o bem-estar
psicológico causado pelo exercício em virtude de sua capacidade de reduzir o
estresse, a ansiedade e a depressão; e a possibilidade de reforçar a autoestima e a
autoconfiança.
29

    Em alguns estudos, os termos ‘moderado’ e ‘intenso’, quando referentes à


intensidade de esforço, não são utilizados pelos autores com o mesmo significado. A
intensidade do exercício aeróbio com duração de 20 a 60 minutos, utilizando como
referência a frequência cardíaca máxima e o VO 2 máx. ou a frequência cardíaca de
reserva, e consideram ‘moderado’ o esforço que não ultrapassa 75% do
VO2 máximo ou 80% da FC máxima.
    Segundo Ávila (2006) a intensidade enquadra-se perfeitamente com o limite
estabelecido pelos estudiosos dos efeitos do exercício sobre a imunidade, que
argumentam que exercícios moderados e com duração inferior a 60 minutos não
ocorre nenhuma supressão imunológica importante.
    Intensidades menores do que 50% do VO 2 máx. são consideradas leves, e
seus efeitos sobre o condicionamento aeróbio parecem apresentar resultados
menos expressivos, a despeito de não alterarem a imunidade, e tendem a oferecer
uma menor contribuição sobre o aprimoramento cardiorrespiratório e o controle da
lipodistrofia associada à infecção pelo HIV e/ou à terapia antirretroviral com
inibidores de protease. Não obstante, intensidades até 75% do VO 2 máx., além de
aprimorarem o condicionamento aeróbio dos pacientes HIV/AIDS, também não
oferecem prejuízo ao sistema imunológico. O esforço aeróbio em HIV+ deve possuir
como limite superior, uma intensidade que não comprometa a imunidade. Nessa
população, o nível absoluto e percentual de CD4+ e a carga viral são os principais
índices prognósticos na evolução da síndrome da imunodeficiência.

5. PRESCRIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NO HIV

Gorski (2011) cita que o exercício físico é seguro e benéfico ao portador de


HIV; sendo um programa de atividade física apropriada e adequado deve ser
iniciado ainda enquanto não existam sintomas, esse programa deve ser mantido e
continuamente adaptado durante todo o curso da doença; a atividade física pode
desempenhar um importante papel adjuvante no auxílio do tratamento desses
pacientes na medida em que melhora a qualidade de vida; os benefícios
terapêuticos dependem da raça, da etnia e do gênero do paciente.
30

    Contudo, alguns cuidados devem ser observados, em complementação aos já


apresentados, os quais, à época, ainda não dispunham de dados suficientes sobre o
treinamento de força.
De acordo com Gorski (2011) segue, abaixo, dez recomendações como
diretrizes básicas a serem seguidas pelos profissionais de educação física que
pretendem trabalhar com esta população:
 Certificar-se de que o paciente encontra- se em tratamento médico constante
e conta com avaliações laboratoriais da carga viral e das CD4+ com reconhecido
controle de qualidade.
 Acompanhar os níveis de CD4+ e a carga viral do paciente e verificar se o
treinamento físico não está impedindo a estabilidade ou ascensão da imunidade e a
queda da carga viral promovida pelos antirretrovirais. Notar que exercícios até 75% do
VO2 máximo (contínuo ou intervalado) e de RML parecem não diminuir os níveis
absolutos e percentuais de CD4+, diferentemente do que ocorre com os de maior
intensidade e/ou de força;
 Observar sempre o estágio da infecção em que o paciente se encontra e se
apresenta ou não sintomaticidade. Nos casos de CD4+ < 200 céls./mm3, o cuidado
com a intensidade deve ser ainda maior, não devendo ultrapassar a intensidade
discutida neste trabalho. Em casos de sintomaticidade, a carga deve ser diminuída ou
até interrompida, dependendo de cada caso. Para tal, é fundamental a comunicação
constante com o médico assistente, num verdadeiro trabalho multidisciplinar. O risco
de intensidades maiores de treinamento parece ser menor em pacientes, que
apresentam relativamente bem estruturada (CD4+ acima de 500 céls./mm3);
 Procurar associar exercícios aeróbios com os de resistência, assim como
adaptar as de atividade para as que o paciente apresenta maior possibilidade de
persistência;
 Antes de iniciar o programa de exercícios, deve-se realizar a bateria de
testes físicos proposta pelo ACSM -American College of Sports Medicine(2009),
utilizando-se dos protocolos de medidas apropriados. Associar a estes testes os
questionários autoaplicáveis sobre a qualidade de vida e a capacidade funcional, os
quais poderão referendar futuras correções de rumo no programa inicialmente
proposto, sempre acompanhado por psicólogos.
31

 Programar treinos entre 3 e 4 vezes por semana e não ultrapassar a sessão


de 90 minutos totais ou 45 minutos aeróbios. Preferir exercícios aeróbios com
intensidade até 75% do VO2 máximo ou 80% da FC máxima. Em caso de atletas ou
pessoas em que essa intensidade seja pequena, assegurar-se de um
acompanhamento clínico/laboratorial mais rigoroso e frequente, porém, ainda assim,
deve-se evitar treinos diários e muito longos;
 O treinamento de resistência progressivo, quando necessário para pacientes
que apresentam perda excessiva e involuntária de massa magra, deve ser
programado até que possa atingir 3 séries de 8 a 10 repetições a 80% de 1RM.
Atentar para a evolução das CD4+ e da carga viral e a viabilidade ou não de
progressão da carga de treinamento, uma vez que ainda não se conhece com
clareza os efeitos desse tipo de treinamento sobre a imunidade, tanto de HIV como
de HIV+.
 Para o controle da lipodistrofia e da perda de massa é importante a
associação do exercício a uma adequada dieta e de medicamentos específicos
prescritos e acompanhados, respectivamente por nutricionistas e médicos
especialistas.
 Atentar para o fato de que o uso de esteroides e/ou hormônios, prescritos
pelo médico assistente, deve ser rigorosamente controlado e pode causar efeitos
colaterais indesejáveis, principalmente sobre os níveis de colesterol total e de HDL
colesterol. Nesses casos os exercícios aeróbios são determinantes;
 Lembrar que mais importante do que a carga é a aderência ao treinamento.
Apesar de necessitarmos de dados confirmativos, pacientes que iniciam um
programa e rapidamente deixam de prossegui-lo, podem experimentar uma
diminuição da imunidade. Por isso, manter o paciente-aluno motivado é essencial
para o sucesso do treinamento.

5.1. Treinamento de Força

Gorski (2011) aponta uma doença comum entre os portadores do vírus HIV é a
lipodistrofia, que é caracterizada pela distribuição irregular de gordura no corpo, que
32

causa o acúmulo ou a perda da mesma em algumas áreas. O treinamento de força é


eficiente contra a lipodistrofia nos portadores do vírus HIV.
Exercícios aeróbios demandam muito tempo de prática para a perda de
gordura e o fator ergo gênico (perda calórica) ocorre principalmente durante a
atividade. Enquanto isso, a atividade de força faz com que o ritmo do metabolismo
aumente, e a perda de gordura se dá ao longo do dia. E além da perda de gordura,
há ainda o ganho de massa muscular.
Para Gorski (2011), o exercício físico com pesos melhora muito a autoestima e
a percepção corporal porque a pessoa vê o resultado na sua própria forma corporal,
condição muito afetada pelas pessoas que vivem com HIV/aids.

5.2. Treinamento Aeróbico

Em Gorski (2011) a combinação de fatores como a influência benéfica da


atividade física de moderada intensidade sobre o sistema imunitário; o bem-estar
psicológico causado pelo exercício, em virtude de sua capacidade de reduzir o
estresse, a ansiedade e a depressão; e a possibilidade de reforçar a autoestima e a
autoconfiança, é apontada como a provável explicação para o benefício geral da
atividade física nesses pacientes.
O estresse psicológico não controlado tem consequências danosas sobre a
imunidade, e propõem um modelo baseado na psiconeuroimunologia (PNI), em que
esses eventos ativam os sistemas nervoso autônomo e neuroendócrino e,
consequentemente, seus efeitos imunossupressores. Assim, quanto maior o
estresse psicológico, como ansiedade, depressão, autoestima, comuns em
pacientes HIV/AIDS51, maior a probabilidade de avanço da infecção para AIDS.
    Tem se o entendimento que vários autores agregaram aos seus estudos a
investigação de aspectos psicológicos relacionados à atividade física em pessoas
HIV/AIDS, encontrando, em grande parte deles, significativas reduções da
ansiedade e da depressão, além da melhoria da capacidade funcional e/ou da
qualidade de vida.
33

   

6. METODOLOGIA

Fonseca (2002) entende por pesquisa bibliográfica aquela que os dados são
obtidos a partir de fontes escritas de uma modalidade específica de documentos que
são feitas a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e
publicadas por meios escritos ou eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas
de web sites, ou seja, a pesquisa bibliográfica é a condição essencial para o
sucesso.
A metodologia que usamos foi a pesquisa bibliográfica, a busca de conteúdo
foi através das palavras chaves: Prática, Atividade Física, Portadores e HIV. Foram
consultados artigos científicos, notas de aulas, livros, teses, normas e revistas sobre
o tema estudado, por fim foi selecionado o material afim de facilitar o entendimento
do trabalho.

7. CONCLUSÃO

No transcorrer do trabalho fica se evidente que o fato da prática de exercícios


físicos regular é extremamente importante para todos como meio de qualidade de
vida e para garantir uma melhoria na saúde. O exercício físico é indicado para todos,
respeitando as características de cada um que propõe a realizá-lo.
Portadores de HIV não só podem como devem realizar exercícios, além de
benefícios físicos, também psicológicos e sociais, é importante que seja
acompanhado de um profissional habilitado e de preferência com formação
especifica para trabalha com este público , para que saiba lidar e planejar na
intensidade ,volume e outros aspectos do treinamento desportivo, fisiologia do
exercício e outros campos da ciência da saúde para que essas atividades físicas
sejam bem especificas e individualizadas para este público.
 
34

8. REFERÊNCIAS
ACSM, AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. American College of Sports
Medicine position stand. Progression models in resistance training for healthy adults.
Medicine and Science in Sport and Exercise, v. 41, n.3 p. 687-708,2009.

ÁVILA, Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde – Volume 1 – Número 1, p. 55


– 2006 <https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/451/495>, acessado em 19 de
novembro de 2021.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. São Paulo, SP – 2018. Disponível em:


<http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv>, acessado em 07 de junho
de 2021.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, São Paulo, SP - 2019. Disponível em:


<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Aids_etiologia_clinica_diagnostico_trat
amento.pdf>, acessado em 08 de junho de 2021.

BRASIL, SAÚDE BRASIL. São Paulo, SP - 2019 Disponível em:


<https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/exercicio-fisico-x-
atividade-fisica-voce-sabe-a-diferenca>, acessado em 07 de junho de 2021.

FONSECA, José João Saraiva. Metodologia da pesquisa cientifica. Fortaleza: UEC,


2002. Apostila.

GORSKI, GABRIELA MARTINS, São Paulo, SP – 2011. Treinamento aeróbico e os


portadores de HIV. Disponível em: <https://www.efdeportes.com/efd154/treinamento-
aerobio-e-os-portadores-de-hiv.htm>, acessado em 19 de novembro de 2021.

GUEDES, Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde – Volume 1 – Número 1, p.


20 – 1995 <https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/451/495>, acessado em 19 de
novembro de 2021.

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