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CNPq UFAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO


CIENTÍFICA – PIBIC CNPq/UFAL/FAPEAL

RELATÓRIO FINAL
(2019 – 2020)
TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA:

Aspectos sociojurídicos da segurança nas Universidades Federais: um estudo de caso sobre


o Campus A. C. Simões da Universidade Federal de Alagoas

TÍTULO DO PLANO DE TRABALHO

Percepção de docentes da Universidade Federal de Alagoas (Campus A. C. Simões) acerca


da segurança no espaço universitário

Orientadora: Elaine Cristina Pimentel Costa.


Campus da orientadora: Faculdade de Direito de Alagoas (FDA) - Universidade Federal
de Alagoas – Campus A.C Simões.

Colaborador: Eduardo Soares dos Santos.


Curso do Colaborador: Direito.

BOLSISTA CNPQ BOLSISTA FAPEAL


BOLSISTA UFAL X COLABORADOR

*NOME DA GRANDE ÁREA DO CONHECIMENTO (CNPq): Ciências Sociais Aplicadas


*NOME DA SUB-ÁREA DO CONHECIMENTO (CNPq): Sociologia Jurídica

Maceió -AL, 13/08/2020

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RESUMO

A pesquisa aborda as políticas de segurança na Universidade Federal de Alagoas Campus


A.C Simões e tem por objetivo compreender a percepção dos docentes sobre o tema. No
campo empírico, a pesquisa analisou as medidas tomadas pelo setor de segurança no interior
do Campus, avaliando a eficácia dos planos e estratégias deste setor. Buscou-se, também,
averiguar as opiniões dos docentes acerca das intervenções preventivas na segurança no
Campus. A pesquisa apresentou dois caminhos metodológicos inseparáveis: um teórico, por
meio de estudos de textos sobre os temas referentes à segurança nas Universidades Federais
por uma perspectiva docente, e outro empírico, com análise de documentos públicos e dados
estatísticos, coletados no órgão institucional responsável por elaborar as políticas de
segurança e arquivar as ocorrências de crimes dentro da UFAL. A pesquisa qualitativa contou
com a coleta de dados e informações que possibilitaram compreender a percepção dos
docentes acerca da segurança na UFAL, por meio de entrevistas semiestruturadas, cujos
conteúdos foram analisados com as ferramentas metodológicas da análise de conteúdo.

Palavras-chave: Docentes; Segurança Pública; Universidade.

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INTRODUÇÃO e OBJETIVOS

A percepção da realidade é um ato subjetivo de cada pessoa, sendo definida pela ação
ou efeito de perceber, de compreender o sentido de algo por meio das sensações ou da
inteligência.
Desta forma, cada grupo social passa a compreender o sentido de algo de maneira
única, de acordo com suas vivências e como consequência passam a construir suas
percepções da realidade de maneiras diferentes.
Quando o tema é segurança, a percepção do ser, enquanto homem/mulher social,
tende a apresentar padrões, consequência do instinto humano em sua busca de sobrevivência.
Neste sentido, o sentimento de medo é o que prevalece ao se falar sobre questões que
envolvem segurança. Por meio deste medo é despertado nos sujeitos diversos cuidados que
possibilitam a busca constante por medidas que lhe forneçam confiança e proteção.
Em espaços universitários, esses padrões se repetem e a percepção quanto a este
espaço social e profissional também é construído, inclusive na perspectiva do corpo docente.
Como estudo de caso, temos as discussões que envolvem a segurança no Campus A.C
Simões da Universidade Federal de Alagoas que tornaram-se o foco do debate universitário
após uma série de atos violentos tentados e consumados dentro do seu espaço ganharem
visibilidade midiática em 2017, o que levou a gestão da época a tomar algumas medidas e
estabelecer a criação de outras ações a curto e médio prazo.
A partir deste movimento de discussões, se fez necessária a investigação das normas
jurídicas que garantam o direito subjetivo à segurança nos espaços das Universidades
Federais, para que fosse possível o estudo de normas, planos e estratégias de segurança para
o Campus A.C Simões da Universidade Federal de Alagoas.
A presente pesquisa buscou avaliar as estruturas de segurança e sua interação com os
sujeitos envolvidos no espaço universitário, avaliando qual o impacto causado por esta
dinâmica que afeta diretamente a vida acadêmica do corpo docente desta instituição.
Esta avaliação foi possível através da coleta e mapeamento de dados (quantitativos e
qualitativos) que envolvem a vida dos docentes enquanto sujeitos da comunidade acadêmica.
Com estas respostas, foi possível compreender como a (in)segurança é vivenciada no
Campus A. C. Simões a partir da experiência dos docentes.

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METODOLOGIA

Durante a execução da pesquisa, foram utilizados dois caminhos metodológicos


diferentes: um teórico, por meio de estudo de artigos, dissertações de mestrado e doutorado
que envolvessem o objeto específico desta análise: a perspectiva dos docentes. E outro
empírico, com a análise de documentos públicos da Universidade Federal de Alagoas, em
especial, as ações e posicionamentos da Reitoria posteriores a 2016 que tratam sobre
segurança no Campus.
Os dados coletados com o órgão de segurança da Universidade Federal de Alagoas
(UFAL) possibilitaram a compreensão de quais são as políticas de segurança que são
utilizadas atualmente para garantia da proteção dos docentes dentro do Campus.
Foram aplicadas três pesquisas: duas qualitativas e uma quantitativa. Dentre as
qualitativas, uma foi aplicada para um dos membros do setor de segurança da gestão
2016/2019 a outra, foi aplicada em docentes da UFAL Campus A.C Simões, nesta, possível
a coleta de informação de seis docentes, sendo três homens e três mulheres, de locais diversos
dentro do Campus: Faculdade de Direito, Faculdade de Arquitetura, Instituto de Ciências
Farmacêuticas, Faculdade de Medicina e o Centro de Educação. Todos os procedimentos
descritos foram aprovados pelo Comitê de Ética e o nome de todos os sujeitos entrevistados
não foram registados. As suas respostas serão apresentadas ao longo dos resultados, sendo
feitas as alterações necessárias apenas em seus nomes, desta forma, os dados coletados
passarão a ser apresentados por meio de pseudônimos.
A pesquisa quantitativa foi realizada através de formulário digital pelo Google Forms
e aplicada à toda comunidade acadêmica (docentes, discentes, técnicos e servidores) durante
os meses de maio, junho e julho de 2020, com a obtenção de 387 participantes, dentre eles,
67 docentes, nesta amostra temos: 29 homens o equivalente a 43,4% dos docentes que
participaram da pesquisa, 36 mulheres, correspondente a 53,7%, e 2 docentes que optaram
por não responder seu gênero, o que equivale a 2,9%. Foram coletadas também outras
respostas com relação a situações de segurança vivenciadas pelos docentes durante a rotina
dentro do Campus, assim como suas opiniões acerca de possíveis ações de enfrentamento
preventivo para segurança na Universidade, como: a atuação da Policia Militar na estratégia
de segurança, possibilidade de controle do direito de entrada de terceiros no Campus e até

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mesmo a opinião quanto à possibilidade de murar os limites territoriais da Universidade
Federal de Alagoas.
A pesquisa quantitativa foi elaborada de maneira presencial, mas aplicada de forma
virtual por meio da plataforma Google Forms em consequência do isolamento social causado
pelo COVID-19. Desta forma, as abordagens para a realização das entrevistas (qualitativa e
quantitativa) perante os sujeitos foram realizadas de maneira virtual pelos aplicativos
WhatsApp e/ou e-mail, porém, mesmo com as adaptações no procedimento e na abordagem,
todos os dados foram coletados de maneira satisfatória e tratados com as ferramentas
metodológicas da análise de conteúdo, utilizando como marco teórico a professora Laurence
Bardin (2016).

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na pesquisa realizada entre os meses de maio a julho de 2020, com a comunidade


acadêmica do Campus A.C Simões da Universidade Federal de Alagoas, foi possível
verificar, através das respostas dos docentes entrevistados, que 71,64% deles percebem o
Campus da Universidade como sendo um espaço inseguro, que os impossibilita de circular
plenamente no ambiente em que trabalham. Esta limitação de suas liberdades surge através
do temor de serem vítimas de alguma situação de insegurança, estes temores para Henrique,
Riskaka e Victor (2011, p. 95), possui gênese em alguns fatores. Eles podem surgir
principalmente dos seguintes elementos:
a) percepção do aumento da criminalidade violenta; b) experiência
pessoal vivida pelo cidadão ou por pessoas próximas; c) informações
da mídia; d) mudanças sociais advindas da modernidade
(desemprego, status social, anonimato).

De acordo com os autores, a experiência pessoal vivida pelo cidadão ou por pessoas
próximas, torna-se um dos fatores para criação da percepção dos sujeitos quanto à segurança
nos espaços sociais. Esta afirmação está presente nos dados coletados, uma vez que entre os
docentes entrevistados 71,64% deles/as se sentem inseguros dentro do Campus e na mesma
proporção (73,13%) já tiveram experiência pessoal de insegurança vivida por si ou por
pessoas próximas dentro do Campus.
Esta afirmação é confirmada também nas entrevistas qualitativas dos docentes,
enquanto Camelo, docente na instituição há 27 anos afirma que nunca presenciou alguma
situação de segurança no Campus e por isso, avalia a segurança na UFAL como ‘’boa’’ de
maneira a sentir-se seguro dentro deste espaço. Esta perspectiva se difere das de Alfredo e
de Carlos, ambos já tendo presenciado situações de insegurança dentro do Campus e
consideram que este espaço “não inspira sensação de segurança para os usuários” e desta
maneira, afirmam não se sentirem seguros ao transitarem pela Universidade.
De acordo com o próprio significado da palavra, a percepção é o resultado da ação de
perceber e de compreender o sentido de algo por meio das sensações ou da inteligência. Deste
modo, a construção da percepção dos docentes sobre a segurança no Campus pode ser
construída através de alguns aspectos que lhe possibilitem criar esta sensação de sentir-se
seguros, dentre elas: as ações aplicadas pelo setor de segurança da instituição e as (ii)
informações mínimas sobre como proceder após a vivência de insegurança no Campus.

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A Universidade Federal de Alagoas, possui um Manual de Segurança Patrimonial e
Prevenção de Perdas1. Neste documento, a Instituição de Ensino Superior reconhece que seu
papel na segurança é de ajudar a encontrar os autores dos delitos, após o acontecimento do
ato. Sendo assim, o sistema de segurança oferecido atualmente pela Universidade não possui
nenhum caráter preventivo, uma vez que ‘’por si só, nem o sistema eletrônico de segurança
ou tampouco as câmeras impedem o crime, apenas registra’’.
Segundo este Manual, a empresa responsável pela segurança afirma que os crimes
cometidos dentro do Campus são, em sua maioria, ao patrimônio da Universidade, onde, os
indivíduos criminosos aproveitam das ‘’fragilidades encontradas no ambiente’’ para o
cometimento de delitos.
Esta opinião do setor de segurança é semelhante a dos docentes Mônica e Alfredo,
que trabalhando na UFAL há 12 anos e avaliam a estrutura de seus locais de trabalho
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Instituto de Ciências Farmacêuticas) como: prédios
vulneráveis quanto a aspectos que forneçam segurança, para eles, os blocos possuem uma
‘’rede lógica inconstante’’ o que faz os docentes considerarem a segurança no espaço em que
trabalham como sendo ‘’péssima’’ e ‘’vulnerável’’.
Opinião diversa da expressa pela docente Carol, trabalhando na Faculdade de
Medicina desde 2004, e mesmo com a localização de seu bloco não favorecendo a segurança,
por seu um espaço mais recluso e distante da avenida principal, a docente avalia a segurança
do seu bloco como ‘’muito boa’’ e mesmo já tendo presenciado situações de insegurança
dentro do Campus, Carol se considera ‘’muito segura’’ no seu local de trabalho, chegando
considerar a UFAL como sendo um dos três locais mais seguros que conhece. A docente,
afirma em seu relato:
Sempre encontro seguranças de moto no estacionamento, tem
segurança que fica responsável pelos blocos da unidade acadêmica
até a gente desocupar o prédio no início da noite, que nos acompanha
até o estacionamento.

Questionados sobre a existência de alguma política de segurança específica para


docentes dentro do Campus, o responsável pelo setor de segurança da gestão 2016/2019,
afirmou que ‘’a política deve ser geral porém cada função tem um risco específico que devem

1
Manual de orientações de segurança patrimonial e prevenção de perdas. Disponível
em:https://ufal.br/servidor/gestao-do-conhecimento/seguranca/manual-de-seguranca-
patrimonial/view. Acessado em 15/06/2020.

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ser trabalhados conjuntamente em um só plano de segurança.’’ Mas ao falar sobre a
circulação das motos da equipe de segurança, afirma que há estratégias para a circulação
destes bens móveis que ‘’mudam constantemente dependendo das ocorrências do período,
da época do ano e do dia’’.
A partir de 2018, a Universidade passou a dar orientações sobre medidas para evitar
riscos de assaltos2, mas anterior a isto, não há relatos sobre a instituição disponibilizar
qualquer tipo de material sobre orientações de segurança, uma vez que 67,7% dos
entrevistados não sabem como proceder, caso se encontrem diante de alguma situação de
insegurança na UFAL. Apenas Alfredo e Camelo afirmam possuir conhecimento de quais
procedimentos adotar após se encontrarem diante de tais situações.
Para a docente Cristina, cabe apenas que ‘’instintivamente, solicitar apoio da guarita
de seguranças mais próxima’’, mesmo lecionando na Faculdade de Direito de Alagoas desde
2016, não conhece nenhuma medida oficial sobre os procedimentos a adotar caso presencie
alguma situação de insegurança no Campus.
Em 2017, após alguns atos consecutivos de violência que atingiram diretamente os
sujeitos que compõe o espaço universitário, a gestão da Reitoria da época divulgou uma nota
de esclarecimento sobre a segurança na instituição 3 e apesar de em nota a gestão superior da
Universidade justificar que ‘’o drama da violência não é novo e ele não pode ser dissociado
do drama social no qual estamos imersos […]’’ a gestão elaborou um plano com 16 medidas
de curto a médio prazo para serem aplicados com a finalidade de melhorar a segurança dentro
do Campus.
De acordo com o órgão de segurança da gestão, algumas medidas foram
implementadas, dentre elas: (I) elaboração de relatórios internos contendo análise das
vulnerabilidades das unidades acadêmicas, além de propostas de ação a serem discutidas com
os Diretores para buscar melhorias, (II) a contratação inédita e ainda considerada precursora
de tecnólogos para profissionalizar e especializar as ações nos Campus, a (III) substituição
de lâmpadas queimadas nos postes para dar visibilidade aos trechos de circulação de pessoas,

2
Orientações sobre medidas para evitar riscos de assaltos. Disponível
em:https://ufal.br/ufal/noticias/2018/4/divisao-de-seguranca-orienta-sobre-medidas-para-evitar-
riscos-de-assaltos. Acessado em 30/06/2020.
3
Nota de esclarecimento sobre a segurança na UFAL. Disponível
em:https://ufal.br/ufal/noticias/2018/3/gestao-da-ufal-emite-nota-para-esclarecer-medidas-de-
seguranca-3. Acessado em 15/06/2020.

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e (IV) orientações sobre medidas para evitar riscos de assaltos, foram algumas das medidas
adotadas pela gestão.
Para Armando Luís (2006, p. 111), a segurança oferecida pelas Universidades no
Brasil ainda é um processo praticado com certo grau de amadorismo. De acordo com o autor,
falta nos sistemas de segurança universitário, uma estratégia uniforme que garanta a
segurança dos sujeitos que fazem parte do cotidiano desses espaços.
Enquanto isto, os docentes buscam soluções mais imediatas que busquem solucionar
o problema da falta de segurança dentro do espaço universitário, algumas das ações mais
populares que surgem nos debates entre os docentes são: (I) atuação da Polícia Militar no
Campus, tendo apoio de 85% dos docentes para oficializar esta atuação; (II) a utilização de
muros para proteção da UFAL, possuindo posição favorável de 63% dos docentes e/ou (III)
algum tipo de controle do atual trânsito aberto na universidade, esta ação conta com o apoio
de apenas 15% dos docentes entrevistados.
Para a docente Cristina, que entende dos limites impostos pela legislação e com a
consciência que a ‘’Cidade Universitária é um espaço democrático e de grande referência
comunitária.’’ tem opinião favorável à instituição de mecanismos de controle do trânsito de
terceiros, trabalhando no primeiro bloco da Universidade (Faculdade de Direito de Alagoas)
a docente avalia a segurança no seu bloco como sendo ‘’deficiente’’ justamente pela
exposição e possibilidade do trânsito de terceiros na Universidade como um todo.
Apesar de algumas soluções apresentadas pelos docentes serem consideradas
polêmicas e passíveis de grandes debates, há um consenso entre a classe para que todas as
medidas a serem aplicadas sejam realizadas de maneira que não prejudiquem as ações
populares da Universidade, uma vez que esta possui atendimento diário a comunidade
alagoana e como consequência há um fluxo diário de terceiros no espaço universitário.

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CONCLUSÕES

Os dados coletados nas entrevistas quantitativas e qualitativas foram cruciais para


construção da percepção dos docentes sobre a segurança dentro do Campus A.C Simões da
Universidade Federal de Alagoas. Estes dados, em concomitância com as informações
disponibilizadas através de questionário aplicado ao responsável do setor de segurança da
gestão 2016/2019, somados aos documentos públicos disponíveis no site da UFAL,
produzem a interlocução entre duas realidades: a segurança ofertada no Campus e a
perspectiva dos docentes quanto à percepção de (in)segurança na Universidade.
A partir do tratamento dos dados, foi possível chegar à conclusão de que boa parte
dos docentes participantes da pesquisa qualitativa percebem o espaço em que trabalham
como um lugar inseguro, capaz de produzir limitações quanto à necessidade de transitar pelo
Campus. Esta visão é confirmada e explicada através das entrevistas qualitativas, onde os
sujeitos envolvidos fornecem em suas respostas a experiência e vivência de anos de trabalho
na Universidade.
Esta perspectiva docente de que a UFAL é um lugar inseguro, pode ser resultado da
falta de comunicação entre a gestão universitária, o setor de segurança e o corpo docente,
uma vez que a gestão máxima da Universidade possui apenas um manual de orientações para
a segurança e prevenção do seu patrimônio.
A UFAL, anterior aos atos de violência que ocorreram em 2017, não disponibilizava
para o corpo docente, até então, qualquer tipo de material preventivo para orientação dos
sujeitos sobre medidas de segurança que visem proteger sua vida, sua integridade física e/ou
sexual.
A instituição não oferece sequer orientações para os casos em que tenham como
resultado violência – tentada ou consumada – em seu território. Desta forma, os docentes
agem de maneira intuitiva quando são vítimas ou telespectadores de uma situação de
insegurança no Campus.
Para intensificar a falta de comunicação entre a Universidade e a comunidade
acadêmica como um todo, a instituição atualmente não divulga os dados das violências que
acontecem dentro do seu espaço, por não possuírem profissionais que sejam designados ao
tratamento de dados para a divulgação pública destes atos, o que prejudica a construção da

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percepção de segurança no espaço, uma vez que os docentes só recebem as informações e
não tem a possibilidade de fazer um comparativo entre sua perspectiva e a realidade.
Desta forma, uma vez que a própria comunidade acadêmica não sabe quais
procedimentos tomar, não há possibilidade para aplicação de possíveis parcerias entre a
comunidade acadêmica e os setores de segurança da Universidade. Desta maneira, a
segurança no Campus fica limitada apenas às estratégias que objetivam quantificar o
patrimônio e impossibilitam a prevenção de crimes.
Com as inseguranças causadas em 2017, o debate sobre ações de segurança no
Campus foram intensificadas nos anos subsequentes e medidas, como a atuação da Polícia
Militar no Campus, tornaram-se o foco das discussões acadêmicas.
É fato que criar e efetivar ações de segurança em uma espaço com ampla circulação
diária de pessoas (cerca de 29.000) é um debate que por si só abrange diversas
particularidades que devem ser analisadas de forma pormenorizada antes da adoção de novas
ações.
Neste amplo debate, há uma uniformização da opinião docente: busca-se a sensação
de segurança dentro do espaço universitário, sem que isto prejudique o objetivo
constitucional da Universidade pública: a interação constante com a sociedade.
Não existindo atualmente nenhuma legislação, nem plano de segurança especifico
que busque proteger a vida dos docentes na Universidade, mesmo com estes sujeitos sendo
um dos ‘’alvos’’ da violência universitária, se faz necessário diálogos mais constantes e
intensos para a construção de um plano de segurança especifico para este grupo crucial para
a manutenção das atividades universitárias.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, Henrique Hoffmann Monteiro de; FILHO, Riskala, Matrak; MONTEIRO,


Victor Bomfim. O SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA E O MEDO DO CRIME -
Revista ordem pública e defesa social - V. 4 , Nº . 1 e 2 , semestre I e II, 2011.

Dados sobre a UFAL. Disponível em: https://numeros.ufal.br/. Acessado em 30/07/2020

Manual de orientações de segurança patrimonial e prevenção de perdas. Disponível


em:https://ufal.br/servidor/gestao-do-conhecimento/seguranca/manual-de-seguranca-
patrimonial/view. Acessado em 15/06/2020.

NASCIMENTO, Armando Luís do. Segurança Orgânica nas Universidades Federais:


Pernambuco em Perspectiva Comparada. (tese de mestrado). Disponível em:
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7777. Acessado em 20/06/2020.

Nota de esclarecimento sobre a segurança na UFAL. Disponível


em:https://ufal.br/ufal/noticias/2018/3/gestao-da-ufal-emite-nota-para-esclarecer-medidas-
de-seguranca-3. Acessado em 15/06/2020.

Orientações sobre medidas para evitar riscos de assaltos. Disponível


em:https://ufal.br/ufal/noticias/2018/4/divisao-de-seguranca-orienta-sobre-medidas-para-
evitar-riscos-de-assaltos. Acessado em 30/07/2020.

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PLANO DE TRABALHO INDIVIDUAL E DIFERENCIADO DO BOLSISTA OU
COLABORADOR

TÍTULO DO PLANO DE TRABALHO: Percepção de docentes da Universidade Federal


de Alagoas (Campus A. C. Simões) acerca da segurança no espaço universitário.

Durante a execução da segunda fase do projeto, foi realizado um levantamento de


dados, servindo como base artigos, dissertações de mestrado/doutorado e livros que
envolvessem as temáticas relevantes para a elaboração desta pesquisa. Textos com a temática
centralizada em temas sobre: perspectiva, segurança e medo, serviram como base para o
desenvolvimento do estado da arte junto do objeto de estudo, todas as leituras foram
analisadas e trabalhadas juntamente com os dados obtidos através dos questionários
qualitativos e quantitativos.
Esta etapa foi prolongada a segunda fase da execução do projeto, uma vez que há
poucos materiais disponíveis sobre o objeto de estudo pesquisado, sendo necessário a
adaptação do cronograma de estudos para ampliar a busca pormenorizado dos trabalhos
científicos disponíveis nas plataformas virtuais, possibilitando ao pesquisador encontrar
estudos sobre o tema, uma vez que esta análise especifica mais aprofundada não foi possível
na primeira fase da execução desta pesquisa.
Dando continuidade, foram avaliadas portarias do Conselho Universitário da UFAL
(CONSUNI) referentes a políticas de segurança no Campus, dados coletados pelo
Superintendência de Infraestrutura (Sinfra) e manifestações oficiais da Reitoria sobre a
segurança na UFAL, sendo analisados pormenorizado todos estes documentos oficiais.
Foram aplicadas os roteiros de entrevista semiestruturada, aprovados na primeira fase
de execução do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFAL, buscando-se averiguar
algumas questões com enfoque na perspectiva dos objetos de estudo, dentre elas: seu horário
no Campus, seu meio de locomoção, seu gênero, sexualidade, sentimento de segurança
dentro do Campus e suas opiniões acerca de ações de segurança para serem efetivadas no
Campus, como: a atuação da Polícia Militar, a utilização de muros para cercar o território
pertencente a Universidade Federal de Alagoas Campus A.C Simões e a opinião dos docentes
quanto a circulação do trânsito livre de terceiros pelo território do Campus. Estes dados são
de relevante impacto para os resultados, discussões e conclusões da segunda fase desta
pesquisa.
Para o tratamento de dados, foi utilizado o livro: Análise de Conteúdo da professora
Laurence Bardin (2016) onde foi possível fazer a interlocução entre os dados coletados e o
material teórico analisado, todos os dados quantitativos foram coletados e transformados em
percentuais seguindo como base geral, o total de docentes alcançados pela pesquisa realizada
no Google Forms, a partir deste resultado alguns dados foram classificados para serem

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divulgados em concomitância com os dados coletados pela pesquisa quantitativa e o contexto
teórico exposto nos ‘’resultados e discussões’’ deste relatório final.
Por fim, os encontros com os demais pesquisadores e com o órgão de segurança
Pública da UFAL foram realizados de maneira periódica pelo aplicativo de videoconferência:
Google Meet e pela plataforma virtual da UFAL, tais encontros foram necessários para
aprofundamento das discussões dos dados coletados, permitindo o entendimento amplo da
perspectiva de todos os sujeitos envolvidos com a comunidade acadêmica: discentes,
docentes, técnicos, servidores, órgão de segurança e a comunidade circunvizinha.
As abordagens dos sujeitos para obtenção dos dados qualitativos e quantitativos
foram realizadas através dos aplicativo WhatsApp e/ou E-mail, o que impossibilitou o
pesquisador de analisar dados adicionais como por exemplo: a estrutura física de cada bloco
do Campus e sua possível ligação com a percepção de segurança dos docentes. Esta lacuna
foi suprida com os dados fornecidos pela docente Suzann Cordeiro, professora da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo resultado dos dados coletados pelo Projeto Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) durante o ciclo 2018-2019, intitulado ‘’ Estudo de
Padrões de Linguagem Arquitetônica Relacionados com a Segurança de Espaços
Educacionais da UFAL - Campus A. C Simões.
As adaptações metodológicas dos encontros entre os pesquisadores e a abordagem
para com os sujeitos entrevistados, foram necessárias em decorrência do período de
isolamento social causado pela pandemia do COVID-19.

ATIVIDADES
FEV MAR ABR MAI JUN JUL
Leitura de textos sobre aspectos sociojurídicos inerentes a x x x
segurança nas universidades públicas e o seu impacto na
vida dos docentes
Elaboração de formulário de pesquisa survey e roteiros de x

entrevistas semiestruturadas para docentes (matutino,

vespertino e noturno) da UFAL


Aplicação do pré-teste de entrevista e ajustes nos x

instrumentos de pesquisa
Aplicação de pesquisa survey e de entrevistas com os x
docentes do matutino e vespertino
Aplicação da entrevista com os docentes do matutino e x
vespertino
Aplicação das entrevistas com os docentes do noturno x
Tratamento dos dados coletados x x
Elaboração do relatório final x x

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