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AS AÇÕES DO ENFERMEIRO FRENTE AO PACIENTE COM DIÁLISE PERITONEAL: UM

ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.

Thaise de Carvalho Pimentel1

Ana Márcia Chiaradia Mendes-Castilho2

RESUMO

A complexidade de problemas inerentes às doenças crônicas estimula a análise da


qualidade de vida de pacientes portadores de afecções renais. Este artigo apresenta uma
breve revisão literária que discorre sobre as ações do enfermeiro frente aos pacientes com
diálise peritoneal. Sabe-se que este procedimento trata-se da realização de mecanismos de
ultrafiltração e equilíbrio de distúrbios hidroeletrolíticos no controle hemodinâmico do
indivíduo. Utilizaram-se como referencial teórico, periódicos disponíveis em bibliotecas
públicas. Como também publicações em artigos e citações de alguns autores contidos nos
acervos online. Frente ao quadro apresentado, o presente estudo objetiva descrever as
ações de enfermagem no acompanhamento ao paciente usuário de diálise peritoneal. A
análise do material coletado nos teóricos nos fez perceber que o enfermeiro deve
primeiramente ter uma visão holística da patogenicidade, e subsidiar ações de prevenção,
promoção e intervenções a nível individual e coletivo.

Palavras-chave: diálise peritoneal, ações, enfermeiro, distúrbios renais, intervenção.

1
Enfermeira e Pós-Graduanda do curso de Enfermagem em Nefrologia pela Atualiza Pós-Graduação.

2
Enfermeira
2

1. INTRODUÇÃO

A diálise é um processo físico-químico pelo qual duas soluções separadas por


uma membrana semipermeável, o peritônio, influenciam na composição uma da
outra com o transporte de solutos. O peritônio é uma membrana serosa que recobre
os órgãos abdominais e reveste a parede abdominal. Para realização deste
transporte de solutos são utilizados dois processos: difusão e ultrafiltração. A difusão
é o movimento de solutos seguindo gradientes de concentração e é o principal
mecanismo de depuração na diálise. Esse fluxo de solutos depende do seu
gradiente de concentração, do peso molecular e das características da membrana. A
ultrafiltração é o processo de remoção de líquido por gradiente de pressão
hidrostática ou osmótica através de uma membrana semipermeável.(
SMELTZER,2005)
As substancias solúveis como a ureia e creatinina difundem-se através da
membrana de uma área de maior concentração (sangue) para uma área de menor
concentração (dialisado). O dialisado é formulado com concentrações variadas de
glicose ou sódio para produzir um gradiente osmótico puxando assim, o excesso de
água do sistema circulatório.A diálise peritoneal retira as toxinas do organismo e é
indicada para pacientes portadores de insuficiência renal crônica e distúrbios graves
do equilíbrio hidroeletrolítico.( SMELTZER, 2005)
A uréia e a creatinina (produtos metabólicos excretados pelos rins) são
depurados do sangue através da difusão e osmose através de uma membrana
semipermeável. Com isso, na difusão as concentrações excessivas de eletrólitos e
toxinas urêmicas do sangue passam pela membrana peritoneal e chegam à solução
dialítica. Por osmose, acontece o mesmo processo, sendo agora com a água
presente no sangue. Assim sendo, a ureia é depurada numa velocidade de 15-20
ml/min, enquanto a creatinina é removida lentamente. Este procedimento de
ultrafiltração, na diálise peritoneal, é realizado em 36-48 horas. (SMELTZER, 2005).
O dialisato é constituído de sódio (135-145 mEq/l), potássio (1.0-3.0 mEq/l),
bicarbonato (30-38 mEq/l), calcio (2.5-3.5 mEq/l), magnésio (0.5-1.0 mEq/l), cloro
(100-124 mEq/l) e acetato (2.0-4.0 mEq/l). (AJZAN & SCHON, 2005).
O catéter peritoneal é inserido na sala de cirurgia. Este catéter é introduzido
através de um trocarte e o dialisato previamente preparado é infundido dentro da
cavidade peritoneal, empurrando o omento (revestimento peritoneal que se estende
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a partir de órgãos internos) para longe do catéter. Logo após o mesmo é fixado com
uma sutura em bolsa e o curativo estéril é realizado sobre o local. A pele do paciente
deve ser preparada com antisséptico local para reduzir as bactérias cutâneas e os
riscos de contaminação e infecção. (SMELTZER, 2005).
Morton (2007) afirma que os catéteres para longo prazo (Tenckkhoff, Swan,
Cruz) são feitos em silicone e radiopacos, permitindo a visualização na radiografia.
A diálise peritoneal é realizada em series de trocas ou ciclos, sendo definidas
como infusão, retenção e drenagem do dialisado. Estes ciclos são repetidos durante
todo o curso da diálise. O dialisado é infundido por gravidade para dentro da
cavidade peritoneal. Numa infusão de 2L de líquido, utiliza-se 5 a 10 minutos. O
tempo de retenção ou equilíbrio permite que ocorram a difusão e a osmose. Na
difusão da ureia e creatinina, são utilizados 5-10 minutos do tempo de retenção. A
partir daí, começa o processo de drenagem. Solta-se a pinça do tubo e a secreção
da cavidade peritoneal é drenada por gravidade, através de um sistema fechado. O
aspecto deste líquido drenado deve ser incolor ou de dor palha, e nunca deverá ser
turvo. A troca inteira do sistema de diálise deve ser feita mais ou menos em 1-4
horas, dependendo do tempo de retenção prescrito. (SMELTZER, 2005)
É importante destacar que existem três tipos de diálise peritoneal e são elas:
Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD), a Diálise Peritoneal Intermitente
(IPD) e a Diálise Peritoneal Cíclica Contínua (CCPD). A CAPD é realizada em casa
pelo paciente ou por uma pessoa da família, que pode ser treinada. Ela permite uma
razoável liberdade ao paciente e o controle de suas atividades diárias,
oportunidades para evitar as restrições da dieta, aumentar a ingestão hídrica, elevar
os valores séricos do hematócrito, melhorar o controle da pressão arterial e obter
uma sensação de bem-estar. Na CAPD, ocorrem flutuações menos acentuadas nos
resultados dos exames laboratoriais em relação à diálise peritoneal intermitente. Os
níveis séricos de eletrólitos permanecem dentro da faixa da normalidade. Este
tratamento possui como desvantagem o fato do paciente efetuar as trocas 4 a 5
vezes ao dia, 24 horas por dia, 7 dias por semana. (SMELTZER, 2005)
Nesse tipo de diálise, 2.000 ml de dialisado é instilado aproximadamente, por
meio da força da gravidade pelo catéter em 30 a 40 minutos. O catéter é pinçado e a
solução permanece por 4-6 horas. Leva-se a bolsa de instilação abaixo do nível do
catéter e remove-se a pinça por 30-40 minutos para permitir a drenagem
gravitacional, o processo é repetido de modo contínuo. (TIMBY & SMITH, 2005).
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Smeltzer (2005) afirma que pode ocorrer complicações neste procedimento,


como por exemplo, a peritonite, que pode ser evitada quando o paciente empreende
cuidados meticulosos para evitar a contaminação do catéter, do líquido ou do equipo
e a desconexão acidental entre o catéter e o equipo. O catéter é protegido da
manipulação, sendo o local de entrada cautelosamente cuidado, de acordo com um
protocolo padronizado.
A diálise Peritoneal Intermitente (IPD) é indicada para pessoas com sintomas
urêmicos (náuseas, vômitos, fadiga, estado mental alterado), sobrecarga hídrica,
acidose e hipercalemia. Ela permite uma alteração mais gradual no estado de
volume hídrico do paciente e na retirada dos produtos de degradação. Portanto a
IPD pode ser o tratamento de escolha para a paciente com instabilidade
hemodinâmica. (SMELTZER, 2005)
De acordo Timby & Smith (2005), o processo ocorre periodicamente, com
vários dias de intervalo entre as diálises, quando se faz a IPD, as sessões podem
durar 24 horas e o tempo total despendido é de 36-42 horas por semana. Este
tratamento pode ser realizado manualmente ou por uma máquina cicladora. Manter
o ciclo de diálise peritoneal é uma responsabilidade do enfermeiro. A técnica
asséptica estrita é mantida quando se trocam os recipientes de solução esvaziam os
recipientes de drenagem. O enfermeiro utiliza uma planilha de fluxo para
documentar cada troca e registrar os sinais vitais, concentração do dialisado,
medicamentos acrescentados, volume de troca e equilíbrio hídrico cumulativo.
Quando o líquido peritoneal não drena de maneira adequada, o enfermeiro
pode facilitar a drenagem virando o paciente de um lado para o outro ou levantando
a cabeceira do leito. Ele também monitoriza quanto ás complicações, inclusive
peritonite, sangramento, dificuldade respiratória, extravasamento do líquido
parenteral, além disso, deve certificar-se de que o catéter de diálise peritoneal
permaneça fixo e que o curativo permaneça seco. (SMELTZER, 2005).
Já a Diálise Peritoneal Cíclica Contínua a CCPD, combina a diálise peritoneal
intermitente durante a noite com um tempo de retenção prolongado durante o
dia.Nesse processo, o catéter peritoneal enche e drena automaticamente o dialisado
do abdome enquanto o indivíduo dorme, é realizada durante um período de 10-12
horas. O peritônio permanece cheio com solução durante o dia, mas permite que o
paciente realize atividades sem ter que fazer trocas do dialisado. (TIMBY & SMITH,
2005).
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Smeltzer (2005) completa descrevendo que: “o paciente recebe três a cinco


trocas de 2L durante a noite”. Pela manhã o paciente desconecta o catéter depois de
infundir 1-2l de dialisado fresco. Esse dialisado permanece na cavidade abdominal
até que o equipo seja religado à máquina cicladora na hora de dormir. A CCPD
possui uma taxa de infecção menor que as outras formas de diálise peritoneal por
causa da menor quantidade de oportunidades para a contaminação com as trocas
de bolsa e desconexões do equipo, e possibilita que o paciente fique livre das trocas
durante todo o dia, permitindo que ele trabalhe mais livremente e realize as
atividades da vida diária.
A diálise peritoneal apresenta algumas vantagens: equipamentos e
suprimentos menos complicados e mais disponíveis do que na hemodiálise; as
reações adversas associadas ao uso da hemodiálise são minimizados, o que para
pacientes com cardiopatia grave em uso destes procedimentos não podem tolerar as
rápidas alterações hemodinâmicas. (MORTON, 2007).
Também apresenta algumas desvantagens: Requer mais tempo para remover
os resíduos metabólicos de maneira adequada e para restaurar o equilíbrio
hidroeletrolítico, tratamentos repetidos podem levar a peritonite, períodos longos de
imobilidade do paciente resultam em complicações, como congestão pulmonar e
estase venosa. (MORTON, 2007).
Ao cuidar de um paciente com diálise peritoneal, o enfermeiro deve: observar
os resultados dos exames laboratoriais, controlar e notificar a ocorrência de
possíveis sinais de infecções ou outras complicações que poderão ocorrer durante
ou após o procedimento. Também avalia antes, durante e após o procedimento os
sinais vitais basais e o peso.
Hoje em dia observa – se o aumento da expectativa de vida das pessoas
tanto em países desenvolvidos, como em desenvolvimento. Com isso cresce
também as doenças crônico - degenerativas, como diabetes e hipertensão. Ambas,
se não controladas, levam à insuficiência renal crônica.
Frente ao quadro apresentado, o presente estudo objetiva descrever as
ações de enfermagem no acompanhamento ao paciente usuário de diálise
peritoneal. A atuação do enfermeiro por meio de estratégias educativas e facilitadora
da adaptação do paciente é primordial, pois, a equipe de enfermagem é responsável
pelo treinamento e tomada de consciência do cliente no que diz respeito ao
autocuidado, levando informações a todos os clientes tornando ativo no seu
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processo saúde-doença, sendo ele o principal responsável pelo sucesso do seu


tratamento.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caráter exploratório, descritivo, do tipo revisão


literária. Para base de busca bibliográfica utilizou-se publicações em acervos online,
disponíveis em banco de dados eletrônicos, citações e periódicos encontrados no
acervo de bibliotecas, dos últimos cinco anos.
De acordo Marconi e Lakatos (2006, p. 44): “A pesquisa bibliográfica permite
compreender que de um lado está à resolução de um problema, e de outro, o
levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar.”

3. RESULTADOS

3.1 INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM FRENTE ÀS COMPLICAÇÕES DA


DIÁLISE PERITONEAL

3.1.1 Peritonite

A peritonite é a inflamação do peritônio, correspondendo às complicações


mais frequentes da diálise peritoneal em cerca de 60-80% em pacientes sob o uso
de diálise peritoneal. Para Smeltzer (2005) caracteriza-se por drenagem de dialisato
turvo, dor abdominal e sensibilidade por rebote. Caso a infecção for causada por S.
aureus o paciente apresenta sinais de hipotensão e choque. Seja qual for o micro-
organismo, o doente com peritonite perde grandes quantidades de proteína através
do peritônio.
O enfermeiro deverá ,segundo Brunner (2005) : administrar antibiótico,
segundo prescrição médica, que pode ser por via oral,venosa ou pelo peritônio.
Monitorar a temperatura do paciente. Auxiliar na retirada do catéter ,se houve
indicação. Avaliar dieta e estado nutricional do paciente prevenindo ou tratando a
desnutrição. Auxiliar no preparo do paciente para hemodiálise ,se indicado.
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De acordo Smeltzer (2005), para reduzir o risco da peritonite, o paciente


empreende um cuidado meticuloso para evitar contaminar o catéter, líquido ou
equipo e desconectar acidentalmente o catéter do equipo. O catéter é protegido
contra a manipulação, de acordo com um protocolo padronizado.

3.1.2 Hipotensão

Alguns pacientes queixam-se de tontura ou náuseas quando estão


apresentando hipotensão. A pressão arterial deve ser monitorada regularmente
durante as sessões de diálise. (SMELTZER, 2005).
O aparecimento da hipotensão poderá estar associada à redução excessiva
do volume sanguíneo, perda da vasoconstricção (solução de diálise com acetato ou
muito quente, ingestão alimentar, isquemia tecidual, medicações anti-hipertensivas)
e fatores cardíacos (débito cardíaco, disfunção diastólica devido à hipertrofia
ventricular, isquemia cardíaca). (SMELTZER, 2005).
Para Schon & Ajzan (2005) “o paciente deverá ser colocado em posição
Trendelenburg e realizar administração de solução salina em bolus 0,9% (100 ml ou
mais) e solução de sódio hipertônica, glicose ou soluções de albumina”.
Para Morton (2007), os sinais vitais são monitorados com frequência,
principalmente quando se emprega uma solução hipertônica. As leituras da pressão
arterial nas posições deitado e sentado são particularmente úteis para avaliar o
estado hídrico. As quedas progressivas na pressão arterial e no peso são sinais de
déficit de líquidos.

3.1.3 Desequilíbrio da diálise

A uremia deve ser preferencialmente corrigida a fim de evitar a síndrome do


desequilíbrio. Segundo Morton (2007, p. 677) “o paciente apresenta cefaléia,
náuseas, inquietação, comprometimento mental, vômitos, agitação e convulsões.”
Todos estes sinais e sintomas são decorrentes da diminuição da concentração
plasmática dos solutos.
A uréia e o nitrogênio desempenham um papel importante no cálculo da
osmolaridade sérica por causa da barreira hematoencefálica, então os solutos são
removidos mais lentamente das células cerebrais. Por isso, o plasma torna-se
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hipotônico em relação a estas células, resultando assim, em deslocamento da água


do plasma para as células cerebrais, causando edema cerebral e o desenvolvimento
dos sintomas da síndrome do desequilíbrio. (MORTON, 2007).
Morton (2007) afirma que, os níveis de uréia e creatinina são rigorosamente
monitorados porque eles ajudam a avaliar a eficácia da diálise, e se prescrito
administrar medicação para corrigir qualquer alteração ,segundo prescrição.

3.1.4 Síndrome das pernas inquietas

Muitos pacientes em uso de diálise queixam-se de sensação irritante e


profunda nos músculos dos membros inferiores, especialmente na musculatura da
panturrilha. Geralmente, essas dores aparecem quando este paciente está em
repouso. O tratamento é feito através de precursores da dopamina ou antagonistas,
benzodiazepínicos e opióides, administrado segundo prescrição, avaliando melhora
dos sintomas. (SCHON & AJZAN, 2005).

3.1.5 Náuseas e vômitos

Ocorrem em mais de 10% dos pacientes em tratamento dialítico e a maioria


dos episódios está relacionado à hipotensão. Também podem manifestar síndrome
do desequilíbrio, reações ao dialisador, assim como alterações não relacionadas à
diálise, como a hipercalcemia. Para tratar essas reações deve-se administrar
atiemético, segundo prescrição, avaliar melhora e possível causa. (SCHON &
AJZAN, 2005).

3.1.6 Cefaléia

É um sintoma bastante comum durante a diálise. Primeiramente o indivíduo


pode apresentar síndrome do desequilíbrio. Pacientes que tomam café com
frequência podem apresentar cefaléia. Para reverter o quadro poderá ser
administrado acetaminofen durante a diálise, segundo prescrição, avaliar melhora,
observar possíveis causas, monitorar sinais vitais. (SCHON & AJZAN, 2005).

3.1.7 Dor torácica e lombar


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Inicialmente, o paciente apresenta dor torácica leve associada com leve dor
lombar. Não há tratamento específico. Pode-se perceber também o desenvolvimento
de angina durante o processo de diálise, o que deve ser considerada como
diagnóstico diferencial.(MORTON,2007)
Para Carpenito (2005), há que se discutir com o indivíduo como determinar
que métodos podem ser usados para reduzir a intensidade da dor. Como, bolsa de
água quente, compressa de calor úmido ou as aplicações frias como toalhas frias
compressas frias, etc.

3.1.8 Prurido

É comum em pacientes em uso de diálise peritoneal. Surge geralmente


durante a diálise, atentar para outros sintomas alérgicos. Relatos evidenciam que o
aparecimento do prurido é decorrente do paciente permanecer longo período deitado
durante o procedimento. Poderá estar relacionado também a
xeratodermia.(MORTON,2007)
Para Smeltzer (2005), o prurido deve ser tratado mantendo a pele limpa e
bem umedecida com o emprego de banhos com óleos, sabão hiperlipídico e cremes
ou loções. Ensinar o paciente a manter as unhas aparadas para evitar a arranhadura
e escoriação.

3.1.9 Hipertensão

A sobrecarga hídrica, a síndrome do desequilíbrio, a resposta da renina à


ultrafiltração e ansiedade são causas mais frequentes de hipertensão durante a
diálise, o que também é causada pelo excesso de sódio. Alguns pacientes podem
estar normotensos no início da diálise, e tornar-se hipertensos durante o
procedimento. (SCHON & AJZAN, 2005).
Os pacientes devem ser monitorados constantemente, pois a vasoconstricção
causada pela resposta da renina é limitada. Quando uma diminuição no volume
sanguíneo é maior que a capacidade de manter a pressão arterial por meio de
vasoconstricção, a hipotensão pode acontecer de forma acentuada.
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Para Morton (2007), se toda a solução do dialisado não for removida em cada
ciclo, poderão ocorrer hipertensão e sobrecarga hídrica. Se há hipertensão e um
aumento no peso, a enfermeira avalia a permeabilidade do catéter e anota a
quantidade exata de líquido no frasco do dialisado. É necessário renstringir o sódio e
a glicose. A enfermeira também observa o paciente quanto aos sinais de sofrimento
respiratório e congestão pulmonar. Na ausência de outros sintomas de sobrecarga
hídrica, a hipertensão pode ser resultado da ansiedade e apreensão. As medidas
não farmacológicas para reduzir a ansiedade são preferíveis à administração de
sedativos e tranqüilizantes.

3.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ANTES, DURANTE E APÓS O


PROCEDIMENTO

Quando o enfermeiro prepara o paciente para diálise peritoneal e mantém o


cuidado durante e após o procedimento, ele realiza as seguintes intervenções
(BOUNDY, 2005):

 Antes do procedimento:

Ao paciente que fará diálise peritoneal pela primeira vez, o enfermeiro deve
explicar o objetivo do tratamento e o que ele pode esperar durante e depois
do tratamento e o procedimento adotado na inserção.
Antes de introduzir o catéter, verificar e anotar os sinais vitais basais, a
pressão arterial nas posições supina e ereta e o peso do cliente, pedir ao
paciente para urinar com o objetivo de diminuir o risco de perfuração da
bexiga e aumentar o conforto durante a inserção do catéter, e se ele não
conseguir urinar, realizar a cateterização de alívio para drenar a bexiga,
conforme prescrição.
Enquanto o paciente estiver sendo submetido à inserção do catéter
peritoneal, deve-se aquecer a solução dialítica à temperatura corporal
utilizando, um aquecedor ou banho-maria. O dialisado deve ser límpido e
incolor. Acrescentar todos os fármacos prescritos nessa ocasião.
Colocar uma máscara cirúrgica e preparar o equipamento para administração
da diálise. Instalar a bolsa de drenagem abaixo do paciente para facilitar a
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drenagem por gravidade e conectar as linhas de infusão do dialisado nas


bolsas ou frascos com a solução dialítica e colocar os recipientes em um
suporte para infusão intravenosa colocada ao lado do leito do paciente. Usar
técnica estéril durante a preparação da solução e dos equipamentos.
Após preparar a solução e equipamentos, colocar o paciente na posição
supina, pedindo para que coloque uma máscara cirúrgica e que fique
tranquilo. Encher os tubos com a solução mantendo os clampes fechados e
conectar uma linha de infusão ao cateter abdominal.
Verificar se o catéter está patente, abrindo o clampe da linha de infusão e
instilar rapidamente 500 ml da solução dialítica dentro da cavidade abdominal
do paciente. Depois que tiver confirmado a patência do catéter, pode-se
começar a diálise.

 Durante o procedimento:

Monitorar os sinais vitais a cada 10 minutos, até que esteja estabilizados, em


seguida fazer a monitoração a cada 2-4 horas, de acordo a prescrição.
Atentar a quaisquer alterações súbitas.
Detectar complicações, principalmente a peritonite.
Verificar se há sangue na solução dialítica drenada, lembrando que o líquido
drenado geralmente apresenta sangue depois da inserção do catéter, e
clareia depois de algumas trocas de solução.
Ficar atento aos sinais de angústia respiratória, que podem indicar sobrecarga
de volume ou extravasamento da solução dialítica para dentro do espaço
pleural.
Verificar periodicamente se tubos de drenagem para detectar coágulos ou
dobras que possam estar dificultando a drenagem.
Realizar mudança de posição no paciente, frequentemente, fazer exercícios
de mobilização passiva e estimular a realização de exercícios de respiração
profunda e tosse, para desta forma melhorar o conforto do paciente.

 Após o procedimento:
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Verificar periodicamente o peso do paciente.


Trocar o curativo do catéter a cada 24 horas, ou sempre que estiver sujo ou
úmido.
Calcular o equilíbrio hídrico do paciente ao final de cada sessão de diálise.
Manter a nutrição adequada seguindo dieta prescrita. O paciente deve
receber reposição protéica, pois este perde proteínas pela diálise.

3.3 INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NO CUIDADO DOMICILIAR

A diálise peritoneal é um dos tratamentos para o paciente com insuficiência


renal crônica, em que a participação do paciente e família é fundamental para o seu
sucesso. Habilitar o paciente para o autocuidado é função da equipe de
enfermagem, que realiza a instrução e treinamento. A técnica de autocuidado pode
ser empregada para educação dos pacientes renais crônicos de maneira eficaz e
segura, proporcionando melhor qualidade de vida e independência. (FIGUEIREDO,
2005).
Smeltzer (2005) completa assegurando que “o treinamento leva de 5 dias a 2
semanas, os pacientes são ensinados de acordo com suas próprias capacidades de
aprendizado e nível de conhecimento”. E Smeltzer (2005) complementa ainda:

“O ensino é realizado até o momento em que os pacientes possam


manusear sem se sentirem desconfortáveis ou se tornarem embaraçados.
O cuidado de acompanhamento através de telefonemas, de consultas de
paciente no departamento ambulatorial e de cuidados domiciliares auxiliam
os pacientes na transição para a casa e promovem sua participação ativa
em seus cuidados de saúde.”

Segundo Figueiredo (2005) a teoria de Dorothy Orem, define o autocuidado


como a “prática de atividades que o indivíduo inicia e realiza para benefício próprio
para manter a vida, a saúde e o bem estar...”. Assim sendo, vê a pessoa como um
todo. Esta teoria de enfermagem valoriza a responsabilidade do indivíduo com a
saúde, enquanto reconhece que prevenção e educação para a saúde são aspectos
importantes nas intervenções de enfermagem.
Por conseguinte, o enfermeiro adota e fornece as seguintes orientações ao
paciente de diálise peritoneal (BOUNDY, 2005):
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Verificar se o paciente compreende bem todo o procedimento, se pode


realizar todas as etapas necessárias, e dizer-lhe para sempre manter em
mãos o telefone do centro de diálise.
Providenciar visitas domiciliares periódicas para avaliar sua adaptação à
diálise peritoneal.
Informar ao paciente que se devem manter os suprimentos de diálise em uma
área limpa, longe de crianças e animais de estimação.
Lembrar ao paciente o ato de lavagem das mãos antes de manusear o catéter
e usar luvas esterilizadas durante a limpeza e as trocas do dialisado, para
deste modo evitar infecções.
Evitar o uso de tesouras durante as trocas de curativos, para evitar a
perfuração ou corte do catéter.
Usar máscaras durante as trocas se houver uma infecção das vias aéreas
superiores e limpar o local de inserção do catéter diariamente com um
antisséptico como, por exemplo, iodo povidine.
Manter o catéter estabilizado no abdome, acima da linha da cintura, para
evitar a fricção constante.
Avisar ao paciente para ficar atento aos sinais de infecção no sítio de inserção
do catéter e distúrbio do equilíbrio de líquidos e conferir se ele sabe aferir os
sinais vitais.
Reforçar a importância das consultas de acompanhamento com o médico,
enfermeiro e equipe de diálise, para avaliar o sucesso do tratamento e
detectar quaisquer problemas.

4. CONCLUSÃO

A doença renal é considerada um grande problema de saúde pública, pois


causa elevadas taxas de morbidade e mortalidade e, além disso, tem impacto
negativo sobre a qualidade de vida relacionada à saúde.O enfermeiro direciona o
cuidado focado no paciente renal, acolhendo-o no momento da constatação da
doença com apoio psico-afetivo, assim como assistencialmente, através das
técnicas e orientações pertinentes ao tratamento. Deste modo, tanto a família quanto
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o paciente passam a ter em conjunto uma aceitação da própria realidade. É este


profissional que através da assistência, deve planejar intervenções educativas junto
aos pacientes, de acordo com avaliação que realiza, numa tentativa de ajudá-los a
reaprender a viver nessa realidade. (TORREÃO, 2009).
Silva (2005) cita que a enfermeira necessita ter, além da fundamentação
científica e da competência técnica, conhecimentos dos aspectos que levam em
consideração os sentimentos e as necessidades dos pacientes. Assim, o papel da
enfermeira é destacado como de grande colaboração na tentativa de ajudar o
paciente renal crônico a adaptar-se ao novo estilo de vida.
A interação entre a equipe de enfermagem e família é fundamental para que
juntos se somem e componham o produto principal da terapêutica do cliente renal.
Por fim, o papel da equipe multiprofissional, como um todo, é buscar o mais
alto bem-estar para o paciente, dentro de suas possibilidades, respeitando sua
individualidade e opções, buscando assisti-lo holisticamente, dentro do complexo
biopsicossocial, tendo em mente que, o principal responsável pelo sucesso do
tratamento será o próprio paciente.
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THE SHARES OF NURSES FACE OF PERITONEAL DIALYSIS PATIENTS: A


BIBLIOGRAFIC STUDY

Thaise de Carvalho Pimentel2

Ana Márcia Chiaradia Mendes-Castilho²

_____________________________________________________________________________

ABSTRACT

The complexity of inherent problems to the chronic illnesses stimulates the analysis of the
quality of life of carrying patients of remains illnesses. This article presents one brief literary
revision that discourses on the actions of the nurse front to the patients with peritoneal
dialysis. One knows that this procedure is about the accomplishment of mechanisms of ultra
filtration and balance of hydro electrolytic riots in the hemodynamic control of the individual.
They had been used as referential theoretician, periodic available in public libraries. As well
as publications in articles and citations of some authors contained in the quantities online.
The analysis of the material collected in the theoreticians made in them to perceive that the
nurse must first have a holistic vision of the pathogen city, and to subsidize action of
prevention, promotion and interventions the individual and collective level.

Keyword: peritoneal dialysis, remains actions, nurse, riots, intervention.

2
Nurse and e Graduate student course in Nephrology Nursing by Atualiza Graduate.

² Nurse
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5. REFERÊNCIAS

AJZAN, H.; SCHON, N. Guia de medicina ambulatorial e hospitalar. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

BOUNDY, J. Enfermagem Médico-Cirúrgica. 3 ed. Rio de Janeiro: Reichmann &


Afonso, 2005.

MOYET, Lynda Juall Carpenito. Diagnósticos de Enfermagem: Aplicação a prática


cliníca. 10ed. Porto Alegre: ARTMED, 2005.

FIGUEIREDO, A.E.; KROTH, L.V; LOPES, M.H.I. Diálise peritoneal: educação do


paciente baseada na teoria do autocuidado Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS,
v. 15, n. 3, jul./set. 2005. Disponível em: http://<revistaseletronicas.pucrs.br>. Acesso
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MARCONI, Marina de Andrade,; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de


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MORTON. O. G. Cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística.


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