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DRENAGEM DE TÓRAX: Cuidados com o dreno e retirada do dreno

Os drenos são instrumentos fundamentais para facilitar o escoamento de


líquidos em cavidades do corpo humano, ajudando a aliviar o acumulo excessivo de
fluidos em determinadas áreas. Sua classificação abrange uma variedade de tipos, cada
um designado de acordo com sua finalidade, mecanismo de funcionamento, sistema de
drenagem, localização no corpo e período de utilização, proporcionando uma
abordagem adaptativa e eficaz para diferentes situações clinicas.

São dispositivos invasivos vitais para restaurar e manter a pressão negativa no


espaço pleural, facilitando a recuperação da função cardiopulmonar e a estabilidade
hemodinâmica. Sua aplicação é crucial para remover fluidos sanguinolentos, purulentos,
serosos ou ar acumulado no tórax. Notavelmente, representam uma abordagem cirúrgica
frequente em casos de trauma torácico, compreendendo 71% das intervenções
realizadas nessa condição, evidenciando sua relevância clinica significativa.

Considerando a complexidade e a delicadeza do procedimento, é fundamental que


a equipe multiprofissional, possua um sólido conhecimento técnico e capacidade de
tomar decisões rápidas ao prestar assistência a pacientes submetidos a intervenções
terapêuticas como a inserção de drenos torácicos. Essa assistência engloba desde a
orientação e esclarecimento aos pacientes e familiares até a realização de curativos pós-
cirúrgicos e a avaliação clinica do paciente. A manipulação inadequada do dreno pode
resultar em complicações graves, aumentando o risco de morbidade, prolongamento da
internação hospitalar e, em casos extremos, óbito. Portanto, é essencial que o cuidado de
enfermagem seja embasado em processos científicos para garantir uma assistência
eficaz e segura, utilizando intervenções predeterminadas no planejamento e
implementação dos cuidados.

No geral, lesões torácicas são frequentes e podem comprometer órgãos vitais.


Nesses casos, a drenagem torácica é um procedimento cirúrgico comum, sendo indicada
para pneumotórax, hemotórax, derrame parapneumônico, empiema, quilotórax e pós-
operatório de toracotomias.

Diante de situações traumáticas, o trauma torácico é responsável por 20% a 25%


dos casos, com lesões divididas entre trauma fechado e penetrante. Em
aproximadamente 85% dos casos que requerem intervenção cirúrgica, os pacientes
podem ser tratados com drenagem torácica fechada e manejo clinico. A toracotomia de
emergência é necessária em 10% a 15% das situações, tais dados destacam a
importância da abordagem rápida e eficaz no tratamento do trauma torácico, visando
reduzir complicações e melhorar os resultados clínicos.

A drenagem fechada de tórax é um procedimento fundamental em cirurgia


torácica, exigindo domínio técnico dos profissionais médicos, especialmente aqueles em
serviços de urgência e emergência, e unidades de terapia intensiva. Além disso, requer
uma abordagem multiprofissional, envolvendo médicos, enfermeiros e fisioterapeutas,
para garantir cuidados especializados e monitoramento contínuo da permeabilidade e
funcionamento do sistema de drenagem pleural fechada. A equipe de enfermagem
desempenha um papel crucial nesse processo, exigindo habilidade técnica,
conhecimento da anatomia e fisiologia pleuro-pulmonar, e atenção minuciosa. A
literatura carece de mais estudos acessíveis e práticos para garantir uniformidade no
manejo e manipulação desse sistema de drenagem.

Os tipos comuns de drenos incluem o dreno de tórax, utilizado em casos de


colapso pulmonar; o dreno de Portovac, para sangramento pós-operatório; o dreno de
Penrose, em cirurgias com potencial acúmulo de líquidos infectados; o dreno de
Abramson, para drenar grandes volumes intra-abdominais; e o dreno de Kerr, para
drenagem de vias biliares extra-hepáticas.

Os drenos são estruturas tubulares compostas por tubo de drenagem, conector


intermediário, tubo de extensão e câmara de coleta. O modelo tradicional de drenos com
frascos em selo de água é amplamente utilizado na região torácica, permitindo o
controle do volume e aspecto dos fluidos drenados.

O uso de drenos pode levar a complicações, como infecção, desposicionamento,


obstrução e sangramento, aumentando o tempo de hospitalização e morbidade.
Pacientes em estado crítico com dreno torácico podem apresentar complicações
adicionais, como mau posicionamento do dreno, hemotórax residual, pneumonia e
permanência do orifício fora da cavidade torácica.

Deste modo, por se tratar de um procedimento invasivo que necessita de alta


vigilância por parte da equipe de enfermagem, principalmente pelo risco de
complicações, deve-se criar um plano de cuidados que contemple a vigilância ao
paciente e a manutenção do dispositivo.
 Antes do procedimento: Esterilização e checagem do material a ser
utilizado.
 Durante o procedimento: Preparo do material, auxílio e confecção do selo
d’água, seguindo normas assépticas de segurança. O nível do selo d’água
deve estar em 2,5cm de altura em relação ao fundo do frasco.
 Após o procedimento: manter a higiene adequada das mãos antes, durante e
após inserção ou manipulação do dreno torácico; realização de trocas do
sistema de drenagem; aferição do débito drenado; trocar o curativo em torno
do dreno torácico a cada 24h e conforme necessário; manter o frasco de
drenagem com selo d’água abaixo do nível do tórax; desobstrução de drenos.

Ainda referente ao pós-procedimento, de acordo com a lei nº 7.498/1986 e as


diretrizes do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o enfermeiro possui
atribuições privativas que incluem cuidados de enfermagem de alta complexidade e
assistência a pacientes graves em situações de risco de morte. Medeiros el al. (2020)
destacam que o enfermeiro é responsável pelos cuidados pós-inserção, como trocas de
sistema de drenagem, aferição de débito drenado, curativos, ordenha do dreno e
transporte do paciente. Por outro lado, atividades de média complexidade, de natureza
repetitiva, podem ser realizadas pela equipe técnica sob supervisão do enfermeiro ou de
acordo com protocolos operacionais, incluindo auxilio nas atividades privativas do
enfermeiro. Essas atribuições reforçam a importância do enfermeiro ou de acordo com
protocolos operacionais, incluindo auxilio nas atividades privativas do enfermeiro.
Essas atribuições reforçam a importância do enfermeiro na equipe de saúde, garantindo
a segurança e a qualidade da assistência prestada aos pacientes especialmente em
situações mais desafiadas.
No que diz respeito sobre os cuidados de enfermagem ao manuseio de dreno de
tórax, a realização da troca do sistema de drenagem torácica é de extrema importância
no cuidado ao paciente. Este processo requer uma abordagem meticulosa e cuidadosa,
visto que sua execução inadequada pode acarretar complicações graves. Inicialmente, é
essencial realizar a preparação adequada do procedimento. Isso inclui a separação dos
materiais a serem utilizados em uma área estéril e a realização da antissepsia das mãos,
seguida do uso de luvas estéreis. Essas medidas visam reduzir o risco de contaminação e
garantir a segurança do paciente durante todo o processo.
Durante a troca, a limpeza do equipamento é um passo crucial. Utilizando álcool
70%, é feita a higienização da extensão e do exterior do frasco de drenagem. Isso é
fundamental para eliminar possíveis agentes patogênicos e prevenir infecções
nosocomiais. Ao manipular o dreno, é importante minimizar o tempo de pinçamento,
especialmente em casos de pneumotórax, para evitar interrupções na drenagem e reduzir
o desconforto do paciente. Além disso, a remoção da tampa do coletor com a face
anterior voltada para cima previne a contaminação do ambiente estéril, mantendo a
integridade do sistema de drenagem.
Durante a avaliação do conteúdo drenado, é crucial observar as características do
liquido, como cor, presença de sangue, pus ou bile, para monitorar a condição do
paciente e identificar possíveis complicações. Após a avaliação, a reconstrução do selo
d’água é realizada com uma coluna de liquido adequada, garantindo a eficácia da
drenagem pleural e prevenindo a entrada de ar no espaço pleural. A reposição do liquido
com água destilada ou soro fisiológico mantém a pressão negativa no sistema de
drenagem, otimizando sua eficácia. Por fim, a marcação do nível do liquido e o registro
da troca permitem o acompanhamento preciso da evolução do paciente e a identificação
precoce de qualquer alteração no débito ou nas características do conteúdo drenado.
A aferição do débito drenado é essencial no cuidado de pacientes com drenagem
torácica, sendo sua frequência determinada pela gravidade do quadro clinica e pela
rotina hospitalar. Este processo é necessário para monitorar a evolução do paciente e
identificar sinais de possíveis complicações. Na fase aguda do trauma, a aferição é
realizada a cada 1 a 2 horas, garantindo um acompanhamento minucioso da condição do
paciente. Em casos de pacientes graves, a avaliação é feita a cada 1 hora, coincidindo
com a verificação dos sinais vitais, enquanto pacientes estáveis podem ter seu debito
aferido a cada 24 horas. É importante ressaltar que determinados volumes de débito,
como 1500ml de sangue na drenagem inicial ou 200ml/h por 2 a 4 horas, indicam a
necessidade de intervenção urgente, como uma toracotomia de emergência. Essas
diretrizes proporcionam um monitoramento eficaz do paciente, permitindo uma resposta
rápida a alterações significativas no débito drenado, garantindo assim a segurança e a
qualidade do cuidado prestado.
No que diz respeito aos curativos no local do dreno torácico, é necessário realizar
trocas com intervalo médio de 24 horas, utilizando técnica asséptica para prevenir
infecções e promover a cicatrização adequada da ferida. Durante essas trocas, o
profissional de enfermagem deve estar atento a sinais que possam indicar complicações,
como infecção do dreno, vazamento pela ferida, ferida larga ou fios de fixação frouxos,
comunicando prontamente o médico responsável.
Durante o transporte do paciente, é fundamental garantir que o frasco coletor do
dreno seja mantido abaixo do nível do tórax, evitando o retorno do liquido para
cavidade torácica. Essa prática simples, porém, crucial, contribui para a eficácia
continua do tratamento e para a prevenção de complicações decorrentes de um
posicionamento inadequado do dreno. Ainda sobre o transporte do paciente, é essencial
manter o lacre do tubo de extensão aberto, no entanto, em situações em que é necessário
posicionar rapidamente o dreno acima do nível do tórax, como em casos de emergência,
o lacre pode ser fechado temporariamente por até 5 segundos e, em seguida, deve ser
imediatamente aberto novamente. Isso é necessário para evitar o acumulo de pressão no
espalho pleural, o que poderia levar a complicações graves, como o pneumotórax
hipertensivo. Assim, o cuidado diligente durante o transporte do paciente assegura a
segurança e o bem-estar do mesmo, mantendo a integridade do tratamento com dreno
torácico e garantindo uma recuperação sem complicações.
A desobstrução de drenos é um procedimento que requer meticulosidade e
assepsia para garantir sua eficácia e segurança. Inicia-se utilizando uma sonda
nasogástrica calibrosa conectada a um sistema de sucção. Após assegurar a assepsia
adequada, procede-se à desconexão da extensão do dreno. Em seguida, a sonda é
introduzida de maneira intermitente para aspiração, visando remover a obstrução. Assim
que o dreno estiver desobstruído, retira-se a sonda e fecha-se temporariamente o dreno.
O dreno permanece clampeado até que a conexão com a extensão do selo de água
esteja restabelecida, momento em que o clampe do dreno é removido para permitir a
drenagem adequada.
A retirada do dreno torácico é indicada quando há drenagem mínima ou ausência
de debito em 24 horas, juntamente com a estabilização da coluna de água, melhora do
quadro clinico e ausculta pulmonar comprovada pela radiografia. Nos casos de
pneumotórax, o dreno é retirado quando a fistula aérea do parênquima pulmonar estiver
fechada. Para isso, é realizado um procedimento de pinçamento do dreno por um
período de 6 a 12 horas, seguido de radiografia para verificar se o pneumotórax persiste.
Se não houver evidencia de pneumotórax, o dreno é retirado de acordo com a orientação
médica.
Durante a retirada do dreno é solicitado ao paciente que pare de respirar,
preferencialmente no final da inspiração ou durante a expiração forçada, para minimizar
o risco de entrada de ar pelos vários orifícios do dreno. Após a retirada do dreno, são
realizados cuidados pós-retirada para garantir a integridade tecidual e conforto do
paciente. Isso inclui orientações como esclarecer dúvidas, informar sobre a formação da
cicatriz no local, evitar esforço físico em excesso até autorização médica e retomar as
atividades diárias conforme recuperação e melhora do conforto. Além disso, é
importante orientar sobre a assepsia da ferida, a retirada dos pontos após 10 dias em
uma unidade de saúde e o retorno à unidade hospitalar em caso de sinais de infecção,
febre, dor intensa, desconforto respiratório, vômitos, desmaio ou sinais de piora.

Sendo assim, a drenagem torácica é uma intervenção crucial na assistência intra-


hospitalar, sendo realizada por diversos propósitos diagnósticos e terapêuticos. Embora
seja considerada uma técnica relativamente simples, sua inserção e manejo requerem
competência médica. No entanto, é o enfermeiro quem assume a responsabilidade pelos
cuidados pós-inserção, incluindo troca de sistemas de drenagem, monitoramento do
débito drenado, curativos e retirada do dreno, desde que prescrito por médico. É
também dever do enfermeiro capacitar a equipe técnica, como os técnicos de
enfermagem, nos cuidados com drenos torácicos, assegurando uma abordagem segura e
eficaz. Os técnicos, por sua vez, devem agir dentro dos limites de sua competência e do
protocolo institucional, oferecendo assistência de baixa complexidade aos pacientes.

Em suma, o enfermeiro desempenha um papel fundamental na garantia da


qualidade e segurança dos cuidados relacionados aos drenos torácicos, colaborando para
prevenir complicações e promover uma assistência eficaz nos diferentes níveis de
cuidado hospitalar.
REFERÊNCIAS

CAVALCANTI, K.S.; et al. Cuidados de enfermagem no manuseio de drenos de tórax


na profilaxia de agravos. Brazilian Journal of Development, Curitiba. v. 7, n.11, p.
107730-107743, 2021.

FERREIRA, L.D.S.; et al. Gerenciamento dos cuidados de enfermagem a clientes em


período pós-operatório: drenos. Revista de trabalhos acadêmicos-universo, Belo
Horizonte. v. 1, n. 9, 2023.

KATO, E.S.; et al. Drenagem pleural: conhecimento dos profissionais de enfermagem


sobre cuidados e manejo, em um hospital escola no Paraná. Revista Contribuiciones a
Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais. V. 17, n. 1, p. 5539-5552. 2024.

SILVA, E.G.; et al. Cuidados de enfermagem ao paciente adulto com drenagem


torácica: protocolo de scoping review. Online Braz. J. Nurs. (Online), p. e20236616-
e20236616, 2023.
ESCOLA TÉCNICA DE ENFERMAGEM IRENA SANDLER

DRENAGEM DE TÓRAX
CUIDADOS DE ENFERMAGEM E RETIRADA DO DRENO
CORURIPE – ALAGOAS
2024
ESCOLA TÉCNICA DE ENFERMAGEM IRENA SANDLER

Daniela da Silva Santos


Denise Protásio Santos
Edja Nascimento da Silva
Jardiane Roberto dos Santos
Soraya da Costa
Tatiane da Silva Santos

DRENAGEM DE TÓRAX
CUIDADOS DE ENFERMAGEM E RETIRADA DO DRENO

Trabalho solicitado pelo professor


Jayran Souza, como componente da
nota para a disciplina de UTI.
20 de março de 2024.
CORURIPE – ALAGOAS
2024

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