A decanulação é descrita como processo de retirada da traqueostomia,
dado quando o tubo não é mais necessário. Estudos propõem decanulação a partir do momento em que o paciente apresenta uma mecânica respiratória adequada, sem necessidade de ventilação mecânica, sem obstrução de vias aéreas superiores, secreções controladas e deglutição previamente avaliada. O paciente deve ser capaz de respirar por via aérea superior (nasal) com a retirada da pressão do cuff e oclusão da cânula, sem qualquer sinal de obstrução ou resistência em que o fluxo expiratório também deve ser suficiente para gerar força para que o paciente possa tossir e falar.
No período de decanulação da TQT o paciente passa da situação de
dependência da TQT para uma situação de independência, uma vez que as vias aéreas superiores apresentam parâmetros respiratórios adequados, com pouco ou nenhum suporte necessário. A força muscular do paciente também deve ser avaliada pelo fisioterapeuta, uma vez que submetido à traqueostomia e à ventilação mecânica prolongada, este paciente sofre perda de força e endurece por desuso.
Em pacientes com traqueostomia de longo prazo, é pratica comum
passar por uma etapa intermediaria antes da completa remoção do tubo de traqueostomia. Com isso a equipe multidisciplinar monitora o paciente com relação a aspectos essenciais, como a eficácia da tosse, a deglutição, a qualidade da voz, a endurece da musculatura respiratória e a habilidade do paciente em respirar adequadamente através da VAS.
Após a resolução da necessidade do uso da cânula ou tubo de
traqueostomia, deve-se prosseguir com as etapas para a decanulação. O incentivo e o suporte ao paciente são particularmente importantes durante toda essa fase. A seguir estão as etapas para a decanulação.
Considerações e cuidados
A não existência de necessidade iminente do uso de ventilação
mecânica invasiva. Um intervalo de tempo de pelo menos 5 a 7 dias após a inserção original do tubo. O uso de cânula com ou sem cuff desinsuflado, podendo ainda se utilizar cânulas fenestradas. Caso não haja nenhum impedimento, o protocolo padrão preconiza a redução do calibre da cânula, onde após a readaptação do paciente ao calibre menor, sugere-se a oclusão da saída da cânula. Dessa maneira, estaremos testando a patência das vias aéreas acima do Óstio e ao redor da cânula.
Protocolo: Oclusão do tubo de traqueostomia
Esta etapa é executada aplicando-se um tampão oclusivo na região
anterior da cânula de traqueostomia, o que pode ser realizado com auxilio de um êmbolo de seringa. Uma vez que a oclusão seja tolerada por um período mínimo de 24 horas consecutivas, com ou sem oxigenoterapia, a equipe decide se a decanulação pode ocorrer. A cânula de traqueostomia é removida e as bordas do estoma são aproximadas por um curativo oclusivo de gaze estéril. Antes da decanulação, deve ser realizada fisioterapia respiratória, bem como a higienização das VAS. Se necessário, deve-se realizar aspiração da cânula de traqueostomia e das VAS, um exame diário do local deve ser realizado. É essencial que esse paciente seja monitorado para que fique evidente qualquer sinal de dificuldade respiratória. O Óstio da traqueostomia fecha em 24 a 48 horas após a decanulação, portanto, deve-se observar muito atentamente a ocorrência de possíveis complicações, que poderão determinar a complicação do paciente, uma vez que a recanulação é extremamente difícil e uma obstrução de vias aéreas pode dificultar a intubação orotraqueal.. É importante também que os pacientes sejam ensinados a remover, eles próprios, o tampão caso experimentem qualquer dificuldade para respirar. Incentivar o paciente e/ou cuidadores a realizar a limpeza diária do estoma com soro fisiológico, tomando cuidado para que este não migre para o interior da cavidade. Deve-se também orientar o paciente a pressionar delicadamente a região do estoma ao tossir para impedir que as secreções escapem através dele. O curativo deve ser trocado se estiver frouxo ou sujo.
Todos os profissionais envolvidos no tratamento do paciente precisam
estar atentos aos sinais de alerta para complicações onde a interação entre médico, enfermeiro, fisioterapeuta e fonoaudiólogo permite diminuir o tempo de uso da traqueostomia. A remoção da traqueostomia é um passo fundamental na reabilitação de pacientes oriundos de situações críticas em que na maioria dos hospitais, os fisioterapeutas são os responsáveis pelo processo de desmame e decanulação da traqueostomia.