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O CURRÍCULO DE EURITMIA, PERTINENTE A CADA ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL WALDORF

Os elementos aqui apresentados, para cada ano do Ensino Fundamental, devem


ser compreendidos como arquétipos, que compõem uma linha mestra essencial,
capaz de favorecer e apoiar o desenvolvimento corporal e anímico da criança.
Paralelamente, porém, cabe aos professores de euritmia pesquisar elementos
adicionais, adequados a cada ano escolar, que possam ampliar os conteúdos
básicos, agregando temas relacionados à história, à geografia, à cultura em que
vivem suas crianças etc.. Sempre lembrando, porém: a Antroposofia nos ensina
que o desenvolvimento do indivíduo repete o desenvolvimento da humanidade;
por isto grandes temas da história geral da humanidade encontram eco na alma
da criança, e constituem para ela um alimento essencial. Assim, toda busca deve
ser norteada pelo arquétipo; devemos aprender a perceber o que é o essencial,
o que é transitório, e nos deixar guiar por esse entendimento. O essencial não
deve faltar nas aulas de euritmia.

1º ano
O que importa? - a LUZ!
- atmosfera de ‘A’ – atitude de admiração, veneração
- confiança
- imitação
Considerações gerais
A entrada no o 1º ano é uma passagem a uma nova fase, à do período da escola
propriamente dita, início de um aprendizado mais formal que o do Jardim de Infância.
Aqui se dá a transição do brincar saudável da infância, em que se exploraram as forças
vitais mais abrangentes, ao lento focar em temas de aprendizado. Se no Jardim de
Infância fomos orientados pelo princípio do BOM, agora adentramos o setênio que deve
ser regido pelo sentimento de que o mundo é BELO.

O trabalho do corpo em movimento ainda deve apoiar-se fortemente na fantasia infantil,


despertando nas crianças o interesse por conhecer, em tudo que vivencia e realiza, a
ampla e maravilhosa gama de fatos e seres do mundo. Desenvolver o encantamento e
a gratidão, e ampliar a capacidade cognitiva dos alunos promove segurança interior e
ainda muita satisfação.

As coreografias propostas para as crianças de 7 anos pretendem cultivar essa essência,


ao mesmo tempo em que trabalham a orientação do corpo no espaço, a musicalidade,
a relação da criança com a fala e mesmo o domínio das estruturas básicas do
pensamento. Acompanhando o currículo dado pelo Professor de Classe, na aula de
Euritmia “dançamos” o universo da imaginação, presente nos Contos de Fadas, com
seus coloridos e múltiplos ambientes, com seus personagens - nobres ou grotescos,
grandes ou pequenos, explorando muitos contrastes... - tudo inserido no bom respirar,
contribuindo para a consolidação paulatina do sistema rítmico da criança. E... estamos
no 2º setênio! Portanto, tudo deve ser realizado com ritmo, com poesia, com Beleza.
Aqui deve reinar a alegria de viver, o bem-estar, a certeza de que “o céu nos carrega”,
com suas estrelas, o sol, a lua... Tudo isto tem sua melhor expressão coreográfica no
grande círculo - em que todos são todos os personagens, uma vez que estes
representam forças ou aspectos do nosso ser anímico.

Nas aulas de Euritmia

1- Trazer luz para a sala de aula. A euritmia tem a ver com a transformação da luz
através do ser humano! E os fonemas configuram esse encontro com a luz.
2- Criar a atmosfera de A, do eterno, do atemporal (universo dos Contos de Fadas).
Ter uma atitude de admiração, de veneração.
3- Trazer a sensação de calor, de confiança. Quando confiam, as crianças se abrem.
4- Fazer tudo a partir da imitação – o professor precisa estar seguro para fundamentar
a confiança, e a repetição é essencial, ela fortalece o corpo etérico.
5- Usar batas de uma única cor. Steiner recomenda verde-água.

TEMA CENTRAL
• Contos de Fadas
• Seres elementais
• Tudo que estiver envolvido com isso

FORMAS
Sempre unir geometria com a euritmia!
• Retas e curvas; espiral
• Tudo no círculo, a partir do círculo, ao longo do círculo. Um único círculo!

FONEMAS
• Regulares; no pulso da fala (“compasso” tem a ver com a ausência de tempo);
ritmo, só mais tarde!
• Da essência à imagem
• A sílaba tônica
• Região do coração

POSTURA DO PROFESSOR
• Leve inclinação para a frente: acolhendo as crianças “no colo”; mais tarde isso
tem que desaparecer.

EURITMIA TONAL
• Ainda ausente; a música acompanha a atmosfera das histórias; dar preferência
a ambientes flutuantes, como a escala pentatônica, música modal; se possível,
incluir outros instrumentos (lira, címbalo, xilofone etc.), evitar o piano. Em
adotando o piano, privilegiar a escala de Dó maior.

ALGUNS ELEMENTOS
• Saltitar! Muito! Atua contra a sedimentação ou decantação. Saltitar de lado (os
pés se tocam de lado); ajuda na troca dos dentes e as crianças adoram.
• “Kibitz”- saltitar lateralmente batendo os pés
• Quinta: R.Steiner: “Com a quinta a criança constrói sua casa e toma conta do
espaço”! Ele propõe a quinta para o 1º ano, com o gesto.
• Entradas formando a roda de todos.
LEMBRETES:
1- Ao criar um verso de abertura, é sempre bom cultivar o ser do Sol, o Senhor do
Mundo. As crianças confiam nesse ser que diariamente surge, iluminando o dia. Elas
sabem mais do que pensamos sobre esse Ser.
2- Contração e expansão é a fonte de vida, elemento imprescindível nas aulas de
euritmia.
3- Favorecer a rima e o ritmo na poesia – eles estimulam o etérico, “refrescam” a
criança.
2º ano
O que importa? - descobrir o mundo!
- atmosfera de ‘O’

Considerações gerais
Aos quase 8 anos as crianças já estão mais despertas, brincam com vigor, exploram o
espaço com mais desenvoltura e domínio, ampliam suas capacidades motoras.
Discretamente, distanciam-se do universo mágico dos Contos de Fadas, tornando-se
mais “terrenas”, relacionando-se mais de perto com as coisas, os seres, os espaços do
mundo físico, as pessoas. Faz parte dessa “chegada ao planeta Terra” a relação com o
que nele vive: a natureza – os bichos, as plantas, as paisagens etc... – e as pessoas e
seres que nele habitam.

Nas aulas de Euritmia são explorados os mesmos elementos iniciados no 1º ano


escolar, mas agora introduzimos a divisão do círculo em duas rodas concêntricas. Essa
situação permite no 2º ano muitas relações entre personagens que se situam dentro do
círculo com outros colocados na parte externa do mesmo. Assim se opera o diálogo, a
troca, pergunta e resposta, ação e reação entre eles: a criança e o bicho, ou o animal e
a planta, ou a fada e o(a) menino(a), ou o gigante e o anão, ou o rei e a princesa etc...,
em infinitas possibilidades. Com novos desafios no domínio do corpo e do espaço, com
muito saltitar, pular, correr, de diversas maneiras, a Euritmia expressa o caráter das
mais variadas personagens e situações, portanto sempre conferindo um significado ao
movimento. Nada é aleatório! Tudo encanta, diverte, e ao mesmo tempo organiza,
educa.

Quanto aos conteúdos, o 2º ano traz a vivência do ser humano entre o Céu e a Terra,
vivendo suas polaridades; por isso ele é mostrado em sua expressão mais nobre,
através das lendas de homens santos (São Francisco, São Cristóvão etc.), e em sua
expressão mais animalesca, através das Fábulas – tudo vivenciado coreograficamente
– com a ressalva de que se devem evitar caricaturas e falas moralizantes, muitas vezes
presentes nas Fábulas.

Rudolf Steiner deu para a Euritmia do 2º ano indicação do exercício “eu e tu” que,
segundo ele, atua contra o egoísmo e a inveja. O texto “eu e tu, tu e eu, somos nós”
aponta para a integração entre dois que estão separados, a percepção e inclusão do
outro, o contato, a união entre diferenças etc., o que deve ser tema explorado no 2º ano,
quando a criança vivencia uma crescente separação de si em relação ao todo. Se no 1º
ano fortalecemos a vivência da inserção no todo, aqui exploramos os múltiplos aspectos
da dualidade.

Nas aulas de Euritmia

1- Acolher o mundo em si e interagir com ele.


2- Fazer histórias de animais e plantas que tenham relações entre si, uma
interação.
3- Dois círculos concêntricos.
4- As batas são aqui de duas cores – uma para cada metade da classe. As
crianças percebem a si mesmas em relação aos outros.
TEMA CENTRAL

• Lendas (a nobreza do ser humano)


• Histórias de animais
• Histórias de plantas
• Relação entre plantas e animais
• Fábulas

DOIS CÍRCULOS
• A roda única se divide em duas, concêntricas, que se interrelacionam,
“conversam” entre si, nos mais variados elementos e histórias.

FORMAS
• Arcos / zig-zag / espiral / triângulo / quadrado - no círculo (sempre em imagem!)
• Cada um realiza um círculo por si / para si
• Preparo para o Oito Harmônico

FONEMAS
• Inseridos nas imagens das histórias
• Incluir gestos anímicos
• Consoantes - salientar, quando a imagem for clara, na sílaba tônica,
representando o conceito
• Preencher os gestos de coloridos/cores!
• Sequência evolutiva em um texto (“Na beira da baía/ movem-se as marolas...”)

EURITMIA TONAL
• A Quinta, como um “som especial”, “já conhecido” – agora, aprender a ouvi-la
dentro de uma melodia
• Altura de tons como acontecimento externo
• Canções infantis adaptadas (em Dó maior); algum personagem pode aparecer
sempre, e ter uma identidade sonora sua: na história do Anãozinho Sapateiro,
por exemplo, ele ouve seu amigo Sineiro sempre com: Sol, do do Sol, Fá Mi Ré
Do.

ALGUNS ELEMENTOS
• Saltitar muito!
• “Kibitz”- saltitar lateralmente batendo os pés
• Contração-expansão nas histórias!
• Destreza!
• Exercícios pedagógicos: NÓS; EU E TU (sem cruzamento)
• Entradas com diferentes tarefas – Piano/Forte; rápido/lento; agudo/grave ... -
incentivar as crianças a ouvir as diferenças
3º ano

O que importa? - compreender existencialmente a solidão, a missão do eu


- atmosfera de ‘E’
- entre dentro e fora – cultivar o bom respirar

Considerações gerais

O desenvolvimento da criança perfaz um caminho de aproximação paulatina de


sua individualidade, de natureza espiritual, com a Terra, unindo-a a seu corpo,
para fazer dele seu instrumento de atuação na vida. Nesse processo, um marco
característico no comportamento da criança de 9 anos se faz notar, que Steiner
nos ajuda a entender em profundidade. Fala ele de uma 2ª aproximação do Eu
(a 1ª ocorre aos 3 anos), de uma percepção sutil da criança, quase
autoconsciente, de ser ela um ser individual, único. Esta experiência interna lhe
traz a vivência de ser ela diferente, separada dos outros, e consequentemente a
vivência profunda e assustadora da solidão. Steiner dá a esse período a alcunha
de “Rubicão”, aludindo à travessia do rio Rubicão pelo exército de Júlio Cesar,
após a qual se diz que “nunca mais o mundo foi o mesmo”. Analogamente ocorre
com a criança que atravessa esse vale de águas sombrias da alma, após o qual
ela sai fortalecida, diferente, com maior prontidão para enfrentar agora todos os
desafios com uma força própria, individual.

Aqui o currículo, mais uma vez, responde em todas as matérias de forma a


acompanhar essa travessia interna da criança e muni-la da coragem necessária,
da força e confiança de ser, ainda que só, carregada pelos deuses.

Percorrendo a grande trajetória da alma, sempre do universal ao terreno, do


mundo divino ao mundo dos homens sobre a Terra, isto é, do convívio com os
deuses ao caminho solitário e corajoso do “herói”, observa-se o grande conforto
da criança ao sentir-se acolhida nesta fase, ainda que individualmente só, numa
grande e sábia ordem superior, na Grande História da humanidade. É aí que, no
3º ano escolar, lhe são apresentadas as imagens poderosas da Criação do
mundo, como é descrita no Gênesis.

Também é na narrativa da Mitologia Hebraica (o Antigo Testamento) que a


criança encontra essa inserção, agora no contexto épico de um povo em sua
trajetória, criando sua história sobre a Terra.

Nesse caminho - do drama divino, passando pelo drama épico de um povo,


chegando ao indivíduo na Terra e suas tarefas a realizar em seu dia a dia - faz
parte agora a construção de uma casa individual, feita por cada criança para si,
que servirá de metáfora para o abrigo de seu Eu, seu instrumento individual para
viver aqui na Terra. Também é parte marcante desse ano o feitio do pão,
incluindo o plantio do trigo e os cuidados com seu desenvolvimento, até a feitura
da farinha, a construção do forno e o preparo do pão. E assim muitas outras
profissões percorrem o currículo, levando a criança a descobrir a beleza da vida
produtiva do ser humano, as múltiplas formas de se lidar com as dádivas da
Terra de forma produtiva e amorosa, e com isto sentir-se capaz de enfrentar
qualquer desafio. Depois do Rubicão, ela nunca mais será a mesma!
Nas aulas de Euritmia

1- Cultivar o respirar – contração e expansão.


2- Ajudar a que as crianças estejam bem dentro da corporalidade e se sintam
capazes diante das regras estipuladas pelo professor.
3- Aprender a sentir a dor, mas também a alegria da solução - da separação ao
encontro.
4- Promover pequenos despertares! A solidão, a dor, o susto – a solução!

TEMA CENTRAL
• A Obra Divina trazida para dentro da aula! As grandiosas imagens da Criação –
- o poder de Deus, a força da inveja de Lúcifer, os anjos menores que a
ele se unem, o auxílio do Arcanjo Micael e dos anjos maiores, a criação
de Adão como o primeiro homem sobre a Terra, a origem estelar dos
fonemas que vão compor seu nome, a queda do Paraíso, o legado árduo
para a humanidade
• Mitologia Hebraica (Antigo Testamento) – histórias e poemas de um povo
construindo sua trajetória sobre a Terra
• A Obra Humana trazida para dentro da aula! A construção do mundo / as
diversas profissões, com seus fazeres específicos, divertidos e maravilhosos. O
trabalho com a Terra.
(“Mãos que abençoam e fazem o bem/mãos que trabalham...”)

FORMAS
• Espiral, para dentro e para fora – no todo, e também cada um por si
• Pergunta/resposta
• A roda pode se abrir em muitas formas! Triângulos, quadrados, hexágonos...
• A grande Lemniscata! O cruzamento! A cruz, o E!

FONEMAS
• Até o final do ano as crianças devem conhecer todo o alfabeto! Movimentar o
seu nome!

EURITMIA TONAL
• Começa a existir por si!
• Quinta + terça maior / terça menor – as terças como elementos da vida interior
da alma, relacionadas, portanto, ao Rubicão
• Ritmos / motivos / frases / dinâmicas / pausas / melodias / timbres
• Contração/expansão nas coreografias
• Altura de tons: um pouco
• Dó maior / tons / descobrir um pouco até o final do ano; a consciência dos tons
e suas leis formais se completa no quarto ano.

ALGUNS ELEMENTOS
• Saltitar, pular etc.
• Marcar ritmos (curto-curto-longo)
• Bater palmas
• Passo mais consciente! Perceber como o passo pode ser diferenciado!
4º ano
O que importa? - o caminho do Mito ao Herói
- relação coração-pulmão
- consonantal - aliterativo
- pulso - vigor

Considerações gerais
Atravessado o Rubicão, as crianças agora estão fortalecidas. Evidentemente trata-se
de um processo vivo e, como tal, ele se conclui em cada criança num momento
específico, podendo se estender até meados do 4º ano. Em geral, no decorrer do 4º ano
as crianças se tornam robustas e corajosas. Gostam de estar na vida, na Terra. Correm,
pulam, experimentam o espaço, gostam de desafios corporais. Aos 10 anos se firma o
ritmo 4 X 1 da relação coração-pulmão, consolidam-se as forças de pulsação e
circulação sanguínea, manifesta-se o poder do calor, do vigor, as forças do sangue. O
homem se apropriou de seu corpo, se apropriou da Terra! A “descida do Paraíso”
propicia uma nova retomada do caminho do cosmos à Terra.

Aqui o currículo Waldorf apresenta um novo enfoque da Criação, até chegar ao caminho
do indivíduo: os deuses nórdicos e a mitologia do povo germânico carregam a potência
da vontade, o vigor do sangue, a força desbravadora e guerreira do querer. Por fim, o
crepúsculo dos deuses leva à história do herói: Siegfried, Beowulf e outros, indivíduos
dotados de força exemplar e coragem, que enfrentam dragões, defendem povos
ameaçados e pessoas indefesas, assumem na Terra a força organizadora da vida,
outrora reservada apenas aos deuses.

Agora a criança está só e tem coragem de enfrentar o mundo a partir de sua própria
força. A criança tem força para se colocar diante do(a) professor(a), diante do mundo:
ela é o herói. Agora as crianças são verdadeiros vikings!

Na língua essa força se expressa no poder plástico das consoantes e na cadência


pulsante da aliteração, que em sua origem contém o ritmo 4 X 1:

Vê como o vento enverga os troncos


Ouvi-lo uivando vivaz
Em busca de abrigo os bichos fogem
Em bandos bravos, aos berros*

*autoria de Claudio Bertalot

A recomendação de trabalharmos a aliteração com as crianças, independentemente do


país em que atuamos como educadores, se baseia no fato de, também culturalmente,
conforme proposto pela Antroposofia, a ontogênese repetir a filogênese. A humanidade
constrói sua história. Nela se desenvolve a consciência do homem, no decorrer de
séculos e milênios, e cada ser repete em seu desenvolvimento individual os arquétipos
atravessados pela humanidade como um todo.

A língua portuguesa, principalmente como é falada no Brasil, é muito musical, muito


vocálica. Sua força reside nas melodias, no sentimento, mais que na vontade, no vigor
plástico das consoantes. Conhecemos muito pouco a força da aliteração. E não é fácil
compor aliterações perfeitas em português, mas se podem compor e falar textos num
modo aliterativo.
Aliteração perfeita se apresenta no poema da Criação, Gnungagap, nos versos de
Muspelheim e Niflheim, as terras respectivamente do fogo e do gelo. Aqui se pode
experimentar a relação 4X1 presente nas consoantes, neste caso F para o continente
do fogo e K para o do gelo, com 3 pulsos fortes e uma pausa no quarto tempo:

E a fúria do fogo inflama os ares,


Refulge e se esfuma até o fim!
E em quinas e cantos se quebra o gelo,
Se cortam as capas (crostas) e os cumes!*

*autoria de Marília Barreto

O caráter vigoroso e consonantal da aliteração é fundamental, e deve ser levado em


conta também na recitação.

Nas aulas de Euritmia

Agora rompe-se o círculo! Trabalha-se de modo frontal, em fileiras, quadrados, grandes


formações em transmutação pela sala, muita geometria - a confiança de ir para trás (no
movimento frontal) exige a coragem do Eu.
No 4º ano introduzimos as formas em espelho, mais conscientes e complexas,
exercícios de destreza e presença de espírito, estratégias coreográficas, desafios. Muito
movimento, pulos, saltitar, ritmo com os pés, motivos musicais, precisão nas
coreografias. Tudo deve arrebatar a vontade, o querer da criança para a ação.

TEMA CENTRAL
• Mitologia Nórdica / a Criação do mundo, os deuses
• O crepúsculo dos deuses / o nascimento do herói / os desafios
• Siegfried, Beowulf... temas e personagens arquetípicos

FORMAS
• Formas geométricas como referência - por excelência o quadrado
• Frontalidade
• Formas espelhadas - só é possível fazê-las após se dominar a frontalidade!
• Fileiras
• Motivos – poéticos ou musicais - na geometria

• Formas Apolíneas - no 4º ano a criança começa a aprender a Gramática, as


leis da linguagem no movimento

• Transposição simples de quadrados

FONEMAS
• Caráter consonantal, “viking” / aliteração
• Domínio do alfabeto
• Ritmos ascendentes, vigorosos (de mim para o mundo) – iambo, anapesto

EURITMIA TONAL
• Peças em modo Maior
• Altura de tons – um pouco
• Tons – escalas
• Ritmo / motivo / frases / forma – agora juntos!
• Espelho / geometria

Observação
Altura dos tons só conseguimos fazer, de fato, quando o corpo astral está encarnado.
É tema para o Colegial. Trazemos desde o 1º ano como um acontecimento externo,
dentro da história (pedrinha, vento, chuva, gesto do ‘L’ etc.).
Também na música, considerar a importância da pulsação. Esse caráter determinará
os gestos; é a arquitetura musical que prevalece no 4º ano.
Aprender a ouvir a primeira voz.

ALGUNS ELEMENTOS
• Exercício pedagógico: “Em busca de luz...”
• Marcar ritmos / pulso!
• Cultivar, exercitar - o alfabeto, a sequência evolutiva (na imagem, como em “Na
beira da baía”), a Grande Lemniscata com cruzamento, o preparo para o Oito
Harmônico
• Os fonemas devem ser realizados de trás para a frente, do eu para o mundo;
‘B' e 'V' são mais adequados do que fonemas de cima para baixo

• Aliteração: bater os pés no pulso da fala - as crianças querem chegar à Terra!


5º ano
O que importa? - “A fase mais rítmica da fase rítmica!”
- ritmo – ar – leveza - graça

Considerações gerais

O 5º ano é o coração do segundo setênio e, como tal, expressa um equilíbrio nessa fase
que é a mais rítmica do desenvolvimento infantil. O meio do setênio do Sentir, do Belo,
do bom respirar. Aqui as crianças conquistam harmonia, inserem-se no espaço com
absoluta beleza e naturalidade, tomam conta de seu corpo. Dançam com graça, ritmo e
leveza. Em sua constituição, tornaram-se “gregas”; como pequenos deuses inseridos
no cosmo, dominam o espaço ao seu redor!
Steiner recomenda, de fato, um grande enfoque na Mitologia Grega nessa fase escolar.
Nas aulas de História, entretanto, se passa por todas as grandes culturas da
humanidade, antes de se chegar à Grécia: a antiga Índia, a Pérsia, o Egito, com suas
histórias, costumes e conquistas, até sua decadência. Vale salientar que em todas
essas culturas se verifica uma adoração a um ser solar, ou de calor e fogo, ou de luz –
Agni, na antiga cultura hindu; Ahura-Mazdao na cultura persa; Rá na cultura egípcia.
Forças que regem a partir de sua essência solar a vida do Universo, por conseguinte da
Terra e dos Homens. Ora, sabemos pela Astrologia que o sol se conecta no corpo
humano com o coração. São as forças do coração que a criança tem desenvolvidas aos
11 anos de idade, pulsando agora em ritmo harmonioso, conquistado depois das lutas
vikings do 4º ano. O ser está livre!

Na Grécia Apolo representa o sol, a luz. É o deus da consciência. “Homem, conhece-te


a ti mesmo!” é a inscrição no portal de seu templo em Delfos. Apolo é regente do pensar.
Não é à toa que a Filosofia nasce na Grécia! Também é aí que se estabelece a noção
de cidadania, de sociedade: o pensar humano, que vive na cabeça em comunhão com
a ponderação do coração, agora pode criar e organizar a vida da sociedade. E a
sociedade, com suas discussões filosóficas e políticas, é o âmbito das relações, da
respiração, da troca entre dentro e fora, entre um ser e outro ser. Isso é força de coração
permeando a luz do pensar.

Também o corpo se cultiva na Grécia. É aí, em Olímpia, que surgem os jogos olímpicos!
Cinco são os esportes ali cultivados, e vemos em imagens daquela época corpos
harmoniosos e belos, perfeitamente rítmicos e graciosos, com total domínio do corpo no
espaço, como que carregados por deuses em sua beleza e perfeição.

Dionísio é o outro polo venerado na Grécia antiga, regente dos ritmos e da força da
natureza, fora e dentro do homem. A ele se agradece pelas estações no ano; em seu
nome celebram-se rituais de gozo e alegria, a colheita da uva, a produção e consumo
do vinho, as danças e confraternizações, o êxtase, as orgias - que levam a consciência
a um outro patamar de conexão com o divino. Não o divino luminoso, como em Apolo,
mas o divino caloroso, visceral, regente do mistério da criação, da reprodução, da
sexualidade. Eros atua na Grécia como força de elã por tudo que vive. Dionísio rege o
teatro e a catarse, elemento essencial para o equilíbrio da alma, nos templos voltados
à cura, em que as tragédias gregas eram encenadas com fim terapêutico.

Todos esses elementos da Grécia antiga permeiam o currículo do 5º ano escolar na


pedagogia Waldorf.
Nas aulas de Euritmia

Aqui se cultiva o elemento rítmico ao máximo, o ritmo harmonioso. Danças, ritmos,


geometria, muito trabalho com os braços, numa plena inserção do corpo musical no
espaço, agora em formas plenamente livres do círculo, de fileiras ou quadrados. Apolo
rege as leis da gramática e a geometria, que têm na Euritmia sua expressão
coreográfica. O ser humano pleno inserido no cosmo, vivenciado no pentagrama, se
expressa na estrela de 5 pontas, que se aprende a caminhar nas aulas de Euritmia do
5º ano. Dionísio rege as Danças de Guerra e de Paz, que na Euritmia se realizam com
o ritmo anapesto (composto de 2 pulsos curtos seguidos de um longo (uu—) sobre um
triângulo agudo ou equilátero, respectivamente.

TEMA CENTRAL
• Épocas Culturais – foco em Grécia

FORMAS
• Formas em espelho
• Estrela de 5 pontas
• Estrela e círculo ao redor
• Espiral Evolutiva
• Curva Cassínica – ou “Elipse”
• Oito Harmônico
• Lemniscatas de todo tipo! “Oito alegre”
• Elementos apolíneos
• Geometria – na poesia e na música (a LEI! sem arbitrariedades – Apolo!)

FONEMAS
• A imagem da palavra

EURITMIA TONAL
• Peças alegres, movimentadas, dançantes
• Ritmo exato!
• Tons que se sobressaem
• Altura de tons – um pouco mais
• Escalas – tons pequenos e grandes; stacatto, frente/trás...
• Terças e Quintas

ALGUNS ELEMENTOS
Introduzir o bastão de cobre de forma que ganhe um significado e cumpra sua função:
a lida com um objeto externo, que deve ser dominado e incluído na beleza e harmonia
dos próprios movimentos. Os exercícios de bastão de Rudolf Steiner propriamente
ditos serão introduzidos apenas a partir do 6º ano.

• Dança da Energia ou da Guerra – Dionísio!


• Dança da Paz – Dionísio!
• Passo trimembrado
• Contração/Expansão - pequeno/grande - forte/piano - curto/longo...
• Marcar ritmos / ritmos contrários
• Ritmo – na poesia e na música
• Pergunta/resposta
6º ano

O que importa?
- a LEI
- a ordem, o pensar consequente / conversas
- aspecto espiritual: pensar junto / a lei
- aspecto anímico: justiça! o astral
- aspecto físico: os ossos

Considerações gerais
Sempre acompanhando o desenvolvimento da humanidade e do indivíduo, o currículo
da escola Wadorf favorece a crescente identificação do ser humano individual com o
caminhar da raça humana sobre a Terra e a descoberta de seu papel no desenrolar da
História. Nesta perspectiva, o conhecimento crescente de todos os aspectos do nosso
planeta e da atmosfera que o circunda está presente no dia a dia de cada ano escolar.
Como um despertar paulatino do sonho à vigília, o caminho do pensar da imaginação à
racionalidade é acompanhado cuidadosamente através das matérias oferecidas às
crianças na escola Waldorf, sempre adequando conteúdo e forma, de acordo com as
fases de desenvolvimento dos alunos.

A partir do 6º ano, quando o desenvolvimento físico e o amadurecimento cerebral


favorecem que o pensar se torne cada vez mais um instrumento de investigação, as
Ciências Naturais ganham crescente relevância na vida escolar. O modo artístico como
são ensinadas, a partir do experimento e da observação fenomenológica da natureza,
até as conclusões a posteriori - isto é, da experiência ao pensar - faz parte do fascinante
método Waldorf de ensino das Ciências. Agora, conhecer o mundo objetivo através da
Física é o caminho central do estudo dos fenômenos, que a partir de agora o aluno irá
desbravar.

Do ponto de vista da consolidação da personalidade e da identificação da criança com


modelos de ser humano, o ensino de História oferece, como vimos, desde a 1º ano,
temas específicos. Se no 4º ano fomos heróis nórdicos e no 5º pulsamos e dançamos
na Grécia, o 6º ano nos leva da passagem da rítmica e dançante cultura helênica para
o rigor estratégico de Roma e suas conquistas, tanto geográficas e políticas quanto
intelectuais e da personalidade. No campo anímico desperta um forte senso de justiça.
No campo espiritual brota um pensar objetivo, lógico, pragmático. Causa e efeito devem
estar presentes em todas as matérias. A lei que a tudo subjaz deve reger também a vida
da sociedade, as regras devem prevalecer. Além das Ciências, também a Geometria
ganha a partir deste ano papel relevante.

Nas aulas de Euritmia

Também nas aulas de movimento com o aluno da pré-puberdade a Geometria oferece


desafios e recursos eficazes ao desenvolvimento do pensar, fortalecendo a inserção do
indivíduo no espaço. A Euritmia se utiliza da geometria em todas as suas coreografias,
desde o simples círculo do 1º ano escolar, através das formas básicas, como retas e
curvas, triângulos e quadrados, pentagramas, hexágonos etc., às mais complexas
variações e transposições estratégicas de formas geométricas, exercitadas aqui no
movimento.
TEMA CENTRAL
• Roma

• Bastões - agora se introduzem os exercícios indicados por Rudolf Steiner

• Geometria

FORMAS
• Transposições geométricas – inversões
• Estrela de 6 pontas
TEXTOS
Além de conteúdos diretamente ligados às conquistas e a dramas humanos vividos em
Roma, cabe trazermos conteúdo para o despertar do corpo astral. A Lírica da Natureza
desperta o encantamento pelo mundo através da poesia. Elevar os sentimentos em
direção aos arquétipos, enobrecer o ser humano, são anseios genuínos da alma nessa
idade.
Acompanhando o currículo de História e Geografia do Brasil, também cabe coreografar
com os alunos lendas indígenas e poemas com as múltiplas características naturais do
Brasil.
Também o trabalho com o Humor pode ser um bom contraponto para o peso dos ossos,
sentido pela criança de 12 anos no 2º estirão de seu esqueleto, que ocorre aos 12 anos.

FONEMAS
• Exatidão! Caráter! Consoantes!

EURITMIA TONAL
A Música atua profundamente sobre o corpo astral! Muita música no 6º ano!
• oitava!
• compasso - 4/4 em zig zag; 6/8 em arcos; perceber a lei na coreografia
• duas vozes – ouvir, coreografar

ALGUNS ELEMENTOS
• Dança da Energia – com rigor!
• Dança da Paz
• bastões – 7 tempos, “S”, 12 tempos, “Qui”, cânones, variações, equilibrar na
cabeça
• geometria no círculo – variações, com texto e música
• “Oito Alegre”
• destrezas com bastões / “Telégrafo”, desafios....

• andar, com acentos, deslocando-os/ frente-trás

TEXTOS
• Admira a Beleza!
• Traze o Sol à Terra
• A luz do sol inunda o espaço imenso
• Alvor da lua nas eiras
• No respirar duas graças podem-se encontrar.
7º ano
O que importa?
- nutrir a divisão da alma entre alegria máxima e tristeza
profunda
- as tarefas se tornam mais difíceis quanto ao tema, porém
mais fáceis quanto à execução
- entusiasmo nas aulas!

Considerações gerais
A caminho do 3º setênio, o despertar da astralidade que se anuncia nas crianças de 13
anos, em contraste com o peso da corporalidade, que se faz presente nos ossos, agora
mais calcificados, e na percepção de um crescimento ainda desequilibrado do corpo,
geram nos alunos o desconforto de exporem o corpo em movimento, sobretudo de
permearem esse movimento com as vivências profundas e dramáticas da alma. O jovem
adquire autoconsciência, envergonha-se de sua imperfeição, sente-se só.
Animicamente, o querer está se libertando da construção do corpo, para ser substrato
do pensar. Essa libertação acomete também o sentir, e de forma impulsiva. Daí o jovem
sentir-se vulnerável, também no campo anímico; a pré-puberdade, especialmente no 7º
ano, vive o drama da alegria jubilante em súbito contraste com o mais profundo pesar.
A diferenciação sexual tem forte expressão nessa fase, e traz consigo seus conflitos,
paixões, incertezas, complexos, medos, rompantes, com diferenciações características
entre os meninos e as meninas.
Para acolher e aplacar essa cisão da alma, as aulas na escola devem contemplar esses
contrastes. A alma anseia pelo ultrapassar de limites, pela libertação do antigo, o
descortinar de novos horizontes, a conquista de nova harmonia. Da Idade Média à Idade
Moderna, passando por suas extraordinárias conquistas e expressão na Renascença,
o 7º ano abarca amplo panorama da história da humanidade. Marco Polo e suas viagens
à Ásia; Colombo descobrindo a América; Gutenberg e a impressão no papel; Da Vinci
revelando as leis da Ciência; Copérnico e Galileu ampliando o entendimento do
Geocentrismo ao Heliocentrismo – eis alguns motivos inspiradores, que apontam para
o ímpeto individual do ser humano por conhecimento, dedicando-se a uma conquista
que vai servir à humanidade toda, que vai transformar a História! O desenvolvimento da
humanidade agora se dá a partir da perspectiva do indivíduo descobridor; não mais na
imagem “do mito ao herói”, mas na conquista do Eu histórico, que vai desbravar o
mundo; no caminho do ser que deve conhecer o diferente, que deve se tornar social.
Vamos atravessar “mares nunca dantes navegados”, descobrir e criar mecanismos de
troca, de novos aprendizados, de comércio, economia, soberania... ultrapassar os
limites do céu e da terra.
Nas aulas de Euritmia

Aqui também se constroem capacidades e desbravares. Trabalhar com as tonalidades


maior e menor da música é uma forma de contemplar contrastes da alma, percebendo-
os inseridos numa lei universal que os abarca. Mais ainda que no 6º ano, as peças
musicais trabalhadas devem ser belas, mas de fácil execução. Humor e entusiasmo são
imprescindíveis! Para ordenar e elevar o peso dos ossos a uma ordem harmônica
construtiva, os exercícios de bastão e a geometria têm grande relevância nas aulas.
Analogamente ao anseio por conhecer e se tornar soberano sobre suas descobertas do
mundo, cabe agora também conhecer e dominar os elementos da arte da Euritmia! A
realização de uma obra que reúna todo o aprendizado até aqui, como uma “peça de
teatro”, um Conto, com seus diferentes personagens e desenvolvimentos, com gestos
anímicos, elementos das Formas Apolíneas, danças com os ritmos, coreografias e
gestos da euritmia... cai muito bem no 7º ano! Pode ser levada a termo em detalhes e
apresentada às classes mais jovens – “agora vocês já sabem muito da Euritmia, e já
podem apresenta-la aos outros!”

TEMA CENTRAL

• o domínio dos elementos, principalmente da Euritmia da Palavra

• Gestos Anímicos

• Bastões / Geometria

• Contos, em forma teatral eurítmica

FORMAS

• Geometria - o auge é a transposição do losango, agora frontal.

• Geometria do círculo – variações de lemniscatas em grupos subdivididos, com


texto, ritmos, música

• Estrela de 7 pontas

• Coroa

• Metamorfose da estrela de 7 pontas em coroa / com tons ou vogais

• Estrela de 5 pontas e arco

• Espiral evolutiva – com texto ou música

• Oito Harmônico em diferentes direções


• Formas Apolíneas aplicadas ao Conto - Zonas / Pés / Cabeça
FONEMAS

• Trabalhar a passagem de um fonema a outro, incluindo os gestos anímicos,


posições de pés e cabeça etc.

EURITMIA TONAL

• Modo Maior e modo Menor

• Estrela de 7 pontas, com acordes, saindo pela direita, para a escala maior; a
outra estrela de 7 pontas, saindo pela esquerda e pulando somente um lugar,
para a escala menor

• Introduzir os gestos dos Intervalos

• Tons / elementos coreográficos – exigir exatidão

ALGUNS ELEMENTOS

• Dança da Energia

• Dança da Paz

• Bastões – acrescentar aos outros exercícios a “Cascata”; ampliar os desafios

• Gestos anímicos – simpatia, pergunta, exclamação, Sim-Não, humor,


expectativa, intimidade, vitória, plenitude etc...

• Passo trimembrado – cultivar

• Humor – poemas / histórias; possivelmente “Bruxas” (Ruth Salles,


Shakespeare, outros...)

• Destrezas diversas, contrastes / “Can-Can”

• “Kibitz” frontal e lateral - Bartok “Allegro rubro”...


8º ano
O que importa?
- consolidar habilidades
- desenvolver autonomia e expressividade
- vivenciar os contrastes que compõem um todo complexo
- coroar todo o aprendizado até aqui

Considerações gerais
De modo geral, o acontecimento do 8º ano é uma evolução das questões do ano
anterior. O 8º ano é como uma “oitava musical”, ao final de um galgar pelas tensões e
vetores da “escala da vida”. Aqui se completa o 2º setênio, e o aluno se prepara para o
descortinar de novos horizontes, no Ensino Médio e na vida! Os jovens estão mais
próximos do florescer do corpo astral, mais hábeis e desenvoltos para o pensar
participativo dos acontecimentos do mundo; paulatinamente também se tornam mais
harmônicos em sua corporalidade. É uma idade muito dinâmica e também dramática,
de fortes emoções, mas menos introspectiva que o 7º ano.
Os conteúdos aprendidos se ampliam e aprofundam, em todas as matérias. Agora
cabe, ainda mais, compreender os processos que levaram à História da humanidade,
suas conquistas, da Renascença ao século XX. Até o 8º ano as crianças devem
dominar os processos de aprendizado - da vivência ao conhecimento, do
conhecimento ao saber/ser capaz de realizar. O foco central é a Cultura humana, seus
feitos e conquistas. Continuando o descortinar da história dos descobridores e
inventores vistos no 7º ano, passando agora pelos clássicos dos séculos XVIII-XIX -
na Literatura, na Música, na Filosofia - os jovens vão conhecer a imensa mudança de
paradigma trazida pela era industrial. Analogamente, em todo o aprendizado compete
compreender o funcionamento interno das coisas, a técnica, as sutilezas:
compreender as funções dos órgãos na Antropologia; o Magnetismo, a Mecânica dos
fluidos, a Aerodinâmica na Física; a Química Orgânica como um campo mais profundo
que a Química das substâncias, aprendida no 7º ano etc., sempre percebendo a
aplicação prática dos novos conhecimentos na construção da Cultura humana.

Nas aulas de Euritmia

Também na Euritmia os alunos deverão conquistar precisão, caminhar para uma


soberania em relação às leis da coreografia. Cabe sensibilizar a percepção dessas leis
em tudo que ouvimos, compreendemos, dançamos. Assim como a oitava musical
representa uma conquista de si mesmo, num patamar mais soberano e elevado, agora
os alunos podem consolidar um novo patamar ao realizar e expressar tudo que
aprenderam até aqui. Agora prevalece o trabalho artístico, o refinamento. Mais do que
introduzir muitos novos temas, cabe compreender e consolidar os assuntos
aprendidos, atingindo beleza, desenvoltura, expressividade, completude.
Os contrastes vivenciados com o despertar do corpo astral, que já foram explorados
no 7º ano no tema musical das tonalidades em modo Maior e Menor, aqui se
aprofundam, e são explorados na alternância dinâmica entre acordes e/ou passagens
musicais que se expressam nos modos Maior ou Menor, numa mesma música. Saber
ouvir essas sutilezas e expressá-las em gesto e movimento é o desafio do 8º ano.
Para atender ao despertar da alma no movimento, a indicação original é fazermos
Baladas no 8º ano. Ocorre que esse gênero literário é pouco presente no Brasil atual.
Entendemos que esse gesto poético pode ser substituído por poemas lírico-
dramáticos, em que os anseios da alma se expressem, em personagens vivendo suas
histórias e dramas.

TEMA CENTRAL

• O gesto central básico do 8º ano abarca a variedade de ânimos, inerente a um


todo poético ou musical (o drama das personagens num poema ou balada, os
contrastes entre o modo Maior e Menor da música num mesmo organismo
musical etc.)

FORMAS

• Hexágono, Septágono, Octágono,

• Coroa (7 pontos de apoio)

• Formas Apolíneas – compreendidas e executadas como recurso para as


coreografias da palavra

• 4 Oitos Harmônicos sobrepostos, simultâneos (sempre seguindo o nariz)

• Metamorfose da estrela de 7 pontas em coroa / com tons ou vogais

• Estrela e flor (5 e/ou 7 pontas)

• Estrelas concêntricas (5 e/ou 7 pontas, 10 ou 14 pessoas) – variações


geométricas, alternando caminhos retos com espirais, arcos etc.

• Exercício de bastão com a Espiral – no lugar, parados

• Exercício com o bastão, movendo-se no eixo horizontal/vertical de uma cruz, o


grupo todo em linhas, elevando e baixando o bastão, com música (ideal: a
composição de L.vdPals para o exercício da Espiral)

FONEMAS

• Todos; incluir gestos anímicos; aprofundar a passagem de um fonema a outro;


criar a “imagem da palavra”
EURITMIA TONAL

• Maior e Menor em alternância

• Base para o movimento: arcos Maior-Menor, alternando expressivamente - pela


frente, arcos com arpejos em modo Maior; por trás, arcos com arpejos em
Menor

• Base para os gestos: ouvir arpejos ou peças em modo Maior e Menor e


“desenhar a coreografia no ar” com as mãos: para a direita para os momentos
em Maior, para a esquerda para os momentos em Menor

• Duas Vozes – peças mais elaboradas

• Gestos mais complexos; explorar os intervalos, contração-expansão, dinâmica,


coloridos, inserir tons e intervalos etc.
• Estrela de 7 pontas pela direita, modo Maior; estrela de 7 pontas pela
esquerda, modo Menor

• Espiral para dentro do círculo – tonalidade Menor; para fora do círculo –


tonalidade Maior
• Alternar exercícios intervalos/tons ou vogais

• Entrada: 4 cruzamentos no eixo central - até formar a roda grande

ALGUNS ELEMENTOS

• “Schwung”! crucial no 8º ano, em tudo que fazemos


• Auge dos exércitos de bastões; a Cascata deve ser bastante trabalhada e a
Espiral também, incluindo complexidades

• A “Grande Estrela” no círculo – Octágono, com 8 pessoas - variações da


lemniscata, com ritmos, poemas, músicas

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