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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

COLÉGIO DE APLICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS EXATAS E DA NATUREZA
QUÍMICA
Prof. Victor Santos DATA: / / 2020
Aluno(a):................................................................................................................................. Turma: 101 / 102

RADIOATIVIDADE – 3ª PARTE
6. EFEITOS BIOLÓGICOS
A radiação ionizante causa efeitos danosos nos seres humanos, como queimadura, câncer, defeitos genéticos em
gerações futuras, morte.
O estudo dos efeitos da radiação vem sendo feito em pessoas:
a) expostas a radiação em tratamentos médicos (radioterapia);
b) que sofreram acidentes com radiações (Exemplo: acidente nuclear de Goiânia, Fukushima, Chernobyl etc);
c) sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.
A radiação atua de forma diferente, dependendo do tipo de célula.

Os efeitos da radiação nos organismos podem ser divididos em duas classes: efeitos
somáticos e hereditários.
Os efeitos hereditários ou genéticos surgem somente no descendente da pessoa irradiada. Resultam do dano
causado pela radiação em células dos órgãos reprodutores. Têm caráter cumulativo.
Os efeitos somáticos resultam de danos nas células do corpo e aparecem na própria pessoa irradiada.
Dependem da dose total absorvida, do intervalo de tempo em que a radiação foi absorvida, da região e área do corpo.
Quando toda a dose é recebida num pequeno intervalo de tempo, a exposição é aguda. Temos exposição
crônica, quando a dose é recebida pouco a pouco durante anos.
Assim, se o corpo inteiro receber 700 rads (7 Gy) de uma só vez, sofrerá um efeito fatal, ou seja, sem chance
de sobrevivência, independentemente do tratamento prescrito às pessoas expostas. Se a mesma dose for recebida
em 30 anos, não haverá efeito aparente.
Os tecidos mais sensíveis são os da medula óssea, e tecido linfóide, os dos órgãos genitais, os do sistema
gastrointestinal. A pele e os pulmões apresentam sensibilidade média. Os músculos e os ossos plenamente
desenvolvidos são os menos sensíveis.
Efeitos imediatos são aqueles que ocorrem num período de poucas horas até umas poucas semanas após
uma exposição aguda. Exemplos: náusea, vômito, depilação. perda de apetite, indisposição, garganta dolorida,
diarréia, emagrecimento, morte.
Efeitos retardados ou tardios somente aparecem depois de anos ou décadas. Exemplo: úlcera, câncer,
catarata, anemia, leucemia, esterilidade, envelhecimento precoce.

O corpo humano é insensível à radiação ionizante. O corpo humano não tem um reflexo
condicionado para tirar a mão de perto de uma fonte de radiações ionizantes, como tem
de uma fonte de calor.

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Figura 10: Efeitos da exposição dos seres humanos à radiação
Disponível em: <https://lh4.googleusercontent.com/-Wn9RvChx4tg/TYnZKBo2NaI/AAAAAAAACXk/AiT6WfY0XMs/s1600/Energia+nuclear28.jpg>

Figura 11: Efeitos da radiação no organismo humano


Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-U79lOPayL9U/UafFiZry7wI/AAAAAAAAACE/aWu0B2MWZMs/s640/terremoto-tsunami-japao-nuclear-crisis-6.jpg>

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Tabela 1: Efeitos físicos da radiação para exposições agudas no organismo humano
Disponível em: < http://rihuc.huc.min-saude.pt/bitstream/10400.4/1338/1/2007%20-%20Radia%C3%A7%C3%B5es%20e%20electricidade%20-%20livro%20Fisiopatologia%2079-102-CAP.7.pmdMG-FB.pdf>

7. LEIS DA RADIOATIVIDADE
As leis da radioatividade tratam da transformação que um átomo sofre em seu núcleo ao emitir radiação alfa
ou beta. Foram propostas pelo químico inglês Frederick Soddy, no ano de 1911, com o objetivo de explicar a emissão
de radiação a partir do núcleo de átomos instáveis. Assim, um átomo radioativo, após a emissão de uma partícula
alfa ou beta, iria transformar-se em átomo de outro elemento.
1ª LEI DA RADIOATIVIDADE NATURAL (Soddy)
Verificou-se que, quando um átomo radioativo emite uma partícula alfa, ele se transforma em um elemento
cujo átomo recua “2 lugares na tabela periódica” e cuja “massa atômica diminui 4 unidades”.
Assim, Soddy enunciou uma lei conhecida como “primeira lei da radioatividade” ou “lei de soddy” hoje assim
interpretada:
Quando um átomo radioativo emite uma partícula alfa (α), seu número atômico
(Z) diminui de 2 unidades e seu número de massa (A) diminui de 4 unidades.
Genericamente, podemos representar essa lei pela
seguinte equação:
𝑨 4 𝑨−4
𝒁𝐸 → 2𝛼 + 𝒁−2𝑋

Exemplo:
𝟐𝟑𝟖 4 (𝟐𝟑𝟖−4)
𝟗𝟐𝑈 → 2𝛼 + (𝟗𝟐−2)𝑋
238 4 234
92𝑈 → 2𝛼 + 90𝑋
Figura 12: Liberação de uma partícula alfa (α) do núcleo atômico
<https://blog.maxieduca.com.br/wp-content/uploads/2018/02/Alpha- Procure na tabela periódica o elemento de Z = 90.
768x488.jpg> Logo:
238 4 234
92𝑈 → 2𝛼 + 90𝑇ℎ

2ª LEI DA RADIOATIVIDADE NATURAL (Soddy, Fajans e Russel)


Com a colaboração de mais dois cientistas, descobriu-se que, quando um átomo radioativo emite uma partícula
beta, o lugar desse átomo na classificação periódica “avança de uma unidade" e a sua “massa atômica permanece
constante".
Quando um átomo radioativo emite uma partícula beta (β), seu número atômico
(Z) aumenta de 1 unidade, e seu número de massa (A) permanece constante.

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Essa foi a observação que resultou na Segunda Lei da Radioatividade, conhecida como “Lei de Soddy. Fajans
e Russel", assim interpretada:

Genericamente, podemos representar essa lei pela


seguinte equação:
𝑨 0 𝑨
𝒁𝐸 → −1𝛽 + 𝒁+1𝑋
Exemplo:

𝟐𝟑𝟒 0 𝟐𝟑𝟒
𝟗𝟎𝑇ℎ → −1𝛽 + (𝟗𝟎+1)𝑋
𝟐𝟑𝟒 0 𝟐𝟑𝟒
𝟗𝟎𝑇ℎ → −1𝛽 + 𝟗𝟏𝑋

Procure na tabela periódica o elemento de Z = 91. Logo:


Figura 13: Liberação de uma partícula beta (β) do núcleo atômico
𝟐𝟑𝟒 0 𝟐𝟑𝟒
<https://blog.maxieduca.com.br/wp-content/uploads/2018/02/Beta- 𝟗𝟎𝑇ℎ → −1𝛽 + 𝟗𝟏𝑃𝑎
768x474.jpg>

Observação:

Quando um átomo libera uma partícula alfa ou beta, ele


continua instável, pois as emissões dessas partículas
não foram suficientes para estabilizar o átomo. Para
reduzir a instabilidade atômica, há emissão de raios
gama (γ), ou seja, energia pura.

Figura 14: Liberação de radiação gama (γ) do núcleo atômico


<https://blog.maxieduca.com.br/wp-
content/uploads/2018/02/Gamma-768x452.jpg>

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CURIOSIDADE

Figura 15: Efeitos Imediatos e Tardios da radiação no organismo humano


< https://images.impresa.pt/mirante/2015-03-12-35001.jpg/16x9/mw-900 >

Os efeitos biológicos das radiações ionizantes ou radioinduzidos também podem receber denominações em
função do valor da dose e forma de resposta, sendo classificados em estocásticos e determinísticos.
Os efeitos estocásticos são aqueles em que a probabilidade de ocorrência é proporcional à dose de radiação
recebida, sem a existência de limiar. Isto significa que doses pequenas, abaixo dos limites estabelecidos por normas
e recomendações de radioproteção, podem induzir tais efeitos. Entre estes efeitos, destaca-se o câncer.
Os efeitos determinísticos são causados por irradiação total ou localizada de um tecido, gerando um grau
de morte celular não compensado pela reposição ou reparo, com prejuízos detectados no funcionamento do tecido
ou órgão.
Esses efeitos vão depender diretamente da exposição do indivíduo a radiação. Dessa maneira, há dois tipos
de exposição a radiação: Externa e Interna. A exposição externa é resultante de fontes externas ao corpo,
proveniente dos raios X ou fontes radioativas. A exposição interna, resulta da entrada de material radioativo no
organismo por inalação, ingestão, ferimentos ou absorção pela pele. O tempo de manifestação dos efeitos causados
por estas exposições pode ser tardio, os quais manifestam-se após 60 dias, ou imediatos, que ocorrem num
período de poucas horas até 60 dias. Quanto ao nível de dano, os efeitos podem ser somáticos, que acontecem
na própria pessoa irradiada ou hereditários, os quais se manifestam na prole do indivíduo como resultado de danos
causados nas células dos órgãos reprodutores.

Prof. Victor Santos Radioatividade

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