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Erupção dental

A emergência ou irrompimento do dente, isto é, o aparecimento da coroa dental na cavidade


bucal, é apenas um dos eventos do complexo processo da erupção.

A direção do movimento do dente, durante a erupção, é resultante do crescimento dental, do


crescimento do osso alveolar e do crescimento do osso de suporte, isto é, da maxila ou da
mandíbula.

Na erupção dental, o movimento prevalente é o axial* ou vertical para a oclusal, mas ocorre
também movimentação do dente em todos os planos. Assim, pode haver inclinação para a
mesial, distal, vestibular ou lingual, giroversão* ou deslocamento no plano horizontal, para
que seja atingida a posição funcional.

O movimento dos dentes em relação à mandíbula ou maxila é denominado erupção ativa,


enquanto a exposição gradual da coroa dental no meio bucal, ' decorrente da retração da
gengiva devida ao deslocamento da aderência epitelial em direção apical, é chamada erupção
passiva.

A época do irrompimento de um dente varia amplamente, portanto, apenas aqueles casos


que fogem muito da ampla faixa normal de variação podem ser considerados anormais;

De modo geral, ocorre mais cedo nas meninas do que nos meninos e o atraso é mais frequente
que a aceleração.

O desenvolvimento e a erupção dos dentes são facetas do crescimento somático e, em


decorrência, podem ser afetados por fatores sistêmicos; somente nos casos de crescimento
somático deficiente, causado por distúrbio endócrino, deve-se esperar atraso generalizado do
irrompimento dos dentes.

Dentre as glândulas endócrinas, a hipófise e a tireoide são as que exercem maior controle
sobre o desenvolvimento e irrompimento dentais. Fatores locais, como por exemplo a falta
de espaço no arco dental ou a presença de cistos, podem atrasar e até mesmo impedir a
erupção.

A erupção dos dentes permanentes ou decíduos pode ser dividida nas seguintes fases
sucessivas: pré-eruptiva, pré-funcional e funcional

A fase pré-eruptiva compreende a movimentação do germe dental* nas etapas iniciais


do seu desenvolvimento, no interior do osso em crescimento, a fim de se colocar
numa posição adequada ao movimento para a oclusal. O término da fase pré-eruptiva
ocorre quando a coronogênese termina e inicia-se a rizogênese*, estando o germe
dental confinado, quase inteiramente, em uma cripta* óssea. Inicialmente, os germes
dos dentes decíduos e permanentes ocupam uma cripta óssea comum, mas quando a
morfogênese da coroa do decíduo está quase concluída há crescimento de uma lâmina
óssea interveniente que possibilita ao dente permanente ficar em sua própria cripta.
Ao final desta fase, o epitélio reduzido do órgão do esmalte pode sofrer alterações que
resultam na formação de um cisto, chamado de cisto de erupção que circunda o arco
dental, causando aumento volumétrico da gengiva e atrasando o irrompimento;
Dentes permanentes realizam movimentação complexa antes de alcançarem a posição
propícia;
Na fase final pré-eruptiva, incisivos e caninos estão em posição lingual ao nível da
região apical;
Pré-molares iniciam seu desenvolvimento na região lingual, depois se situam entre as
raízes divergente desses molares e, no final da fase pré-eruptiva, estão localizados
abaixo das raízes dos molares decíduos;
Em parte, essas alterações de posicionamento são devido ao crescimento em altura do
osso de suporte, que é muito rápido nessa fase;
Fase pré-funcional vai desde o início da rizogênese até o posicionamento do dente no
plano oclusal. Quando as raízes começam a se formar, a coroa dental começa a ser
impulsionada em direção à mucosa gengival; a inteira reabsorção do teto da cripta
óssea é o primeiro indício morfológico que o dente vai irromper logo, a coroa surge
enquanto a raiz ainda não está inteiramente formada; daí a maior chance de haver
um mau posicionamento nesta etapa de erupção;
Enquanto o dente se movimenta para a superfície, o tecido conjuntivo situado entre o
epitélio reduzido do órgão do esmalte e o epitélio gengival vai desaparecendo; eles se
fusionam quando a borda incisal ou as cúspides se aproximam da mucosa gengival; a
ruptura desse epitélio fusionado sobre a incisal ou cúspide ocorre com a continuação
do movimento eruptivo e irrompimento no meio bucal;
A fase funcional é o período em que o dente já está no plano oclusal e ainda assim
continua se movimentando para se ajustar entre si, prevalentemente na direção
oclusomesial;
A velocidade da erupção é muito mais rápida antes que após o contato oclusal,
podendo acelerar-se caso haja perda do antagonista, possibilitando inclusive uma
pequena extrusão;
Trauma agudo intenso pode resultar na parada da erupção ativa se, durante a fase
funcional, o ligamento periodontal for seriamente lesado, com ocorrência de
reabsorção radicular e aposição óssea no espaço periodontal levando à anquilose*,
isto é, a fusão da raiz dental com o osso alveolar, o que impedirá a movimentação
dental para a oclusal.
Atualmente, o ligamento periodontal é tido como a estrutura capaz de gerar a força
eruptiva principal, sendo que nos dentes de crescimento contínuo, como os dos
roedores, os fibroblastos do ligamento periodontal são os principais responsáveis pela
geração da força eruptiva principal.

Exfoliação dos dentes decíduos

 Eliminação fisiológica em consequência da reabsorção das raízes;


 A pressão faz-se inicialmente sobre o osso que separa alvéolo do dente decíduo e a
cripta do dente permanente e depois sobre a raiz dental;
 Devido à posição do germe do dente permanente, a reabsorção dos incisivos e dos
caninos decíduos começa ao nível do terço apical da face lingual; o germe do dente
permanente segue uma direção oclusal e vestibular.
 Quando o dente permanente está localizado perfeitamente abaixo do decíduo, a
reabsorção deste se faz em planos transversais e o dente erupciona na posição
ocupada pelo dente decíduo;
 Nesses casos, o decíduo é exfoliado antes de aparecer o dente de substituição,
enquanto nos outros casos, o dente permanente pode fazer sua erupção embora o
dente decíduo continue no seu lugar;
 Nos molares decíduos, a reabsorção das raízes começa nas superfícies radiculares
voltadas para o septo Inter- radicular, pois os germes dos pre - molares, de início,
encontram-se entre as raízes dos molares decíduos;
 Em condições normais, a reabsorção radicular e a lise do tecido pulpar são indolores e
assintomáticas;
 Iniciam-se pela pressão do dente permanente, mas também sofrem influência da
debilitação dos tecidos de sustentação do dente decíduo, causada pela reabsorção
radicular e pela migração da aderência epitelial do dente decíduo em direção apical,
aumentando a coroa clínica.
 As forças mastigatórias aumentam com o crescimento dos músculos da mastigação, e
os hábitos alimentares tornam-se mais vigorosos, de modo que devido à destruição do
periodonto de inserção elas são transmitidas ao osso como pressão, coadjuvando a
queda do dente decíduo;
 O processo de queda apresenta períodos de grande atividade e de repouso relativo;
durante os períodos de repouso relativo, além de não haver reabsorção, pode ocorrer
reparação por aposição de cemento e/ou osso;
 Molares decíduos tendem a escapar a reabsorção pelo seu maior diâmetro;
 Outro fator de permanência do dente decíduo por maior tempo é a ausência ao germe
ao dente permanente de substituição; nesse caso, denomina-se o dente decíduo de
dente retido; às vezes, eles ficam durante longo tempo em bom estado funcional,
mas, comumente, as suas raízes são reabsorvidas pela sobrecarga mastigatória e eles
acabam exfoliados.
 Em algumas oportunidades, o trauma oclusal pode determinar a anquilose* do dente
decíduo em vez de sua queda; nesses casos, o dente pára de fazer sua erupção ativa e
permanece em uma determinada altura, ficando posteriormente abaixo dos seus
vizinhos que continuaram sua erupção vertical;
 É importante ressaltar, sobretudo para aplicação clínica, que a queda precoce do
dente decíduo pode acelerar a erupção do sucessor permanente se o espaço for
mantido, caso contrário, poderá haver atraso ou erupção ectópica, isto é, fora de sua
posição normal;

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