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Conceituando o Risco, a Ameaça e a

Vulnerabilidade

Conteudista: Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes


Revisão Textual: Vanessa Dias

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Referências
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Material Teórico

 Objetivo da Unidade:

Compreender quais são os elementos que devem ser levados em conta no


diagnóstico e na avaliação de riscos em segurança: o risco, a ameaça, a
vulnerabilidade e a emergência.

Risco
Ao sermos questionados sobre o que vem a ser um “risco” é quase imediato termos um
conceito genérico sobre ele, de modo a ligarmos este, por exemplo, a uma situação que possa
expor algo ou alguém a um perigo ou a perda indesejada de determinado bem.

O ser humano desde seu estado mais primitivo sempre esteve sob determinadas situações
daquilo que genericamente compreendemos ser um risco.

Imagine quando o ancestral do ser humano moderno, o homo erectus, no período neolítico,
por volta de 7 mil anos a.C., descobriu o fogo. De certo, logo veio a perceber que o calor gerado
pela chama poderia provocar queimaduras, ou seja, pôde observar que quanto mais próximo
do lume maior seria o risco de se lesionar pela irradiação do calor ou pela exposição direta à
chama.
Figura 1 – Homo Erectus
Fonte: Reprodução

Diante deste fato, podemos dizer que os seres humanos desde muito estão submetidos a uma
quantidade imensurável de riscos.

Por exemplo, algo muito comum atualmente, abrir a geladeira e pegar um litro de leite que
esteja vencido e contrair uma infecção alimentar, ou, envolver-se em um acidente de
automóvel, dentre diversos outros.

Na maior parte das vezes as situações de risco que estamos submetidos decorre de um caso
fortuito ou motivo de força maior para o qual não há previsibilidade, mas também existe à
exposição ao risco mediante o “livre arbítrio”, na qual o ser humano se expõe a esta situação
por vontade própria, como por exemplo em um salto de paraquedas.

Independentemente de todas as técnicas e equipamentos de segurança a possibilidade de uma


ocorrência indesejada, ainda que mínima, existe.
Podemos a rmar que não existe “risco zero”.

Figura 2 – Salto de Paraquedas


Fonte: Pixabay

Diante da possibilidade da ocorrência de um resultado diverso do pretendido podemos


considerar que este tende a ser maior quanto menor for o preparo ou o planejamento para se
conhecer o risco e os resultados adversos que podem ocorrer.

Existe uma diversidade de conceitos do que vem a ser o “risco” os quais, geralmente, levam
em consideração o objeto exposto ou o interesse predominante contrário ao dano que possa
ser materializado.

Por exemplo, levando em consideração o objeto exposto, imaginemos, qual será o risco que
estará submetida uma residência localizada junto ao “pé” de um morro onde uma grande
rocha está no ápice deste acidente geográ co.
É certo que o risco a ser avaliado deva levar em consideração os danos que a casa e seus
habitantes estarão sujeitos, na hipótese de serem atingidos pelo deslocamento da rocha.

Exempli cando o risco ante ao interesse predominante, imaginemos qual seria este quanto a
possibilidade de perda de um negócio motivado por um péssimo investimento ou de uma
gestão ine caz.

Assim, mais uma vez a rmamos que, o risco é algo que acompanha a trajetória do ser
humano durante sua existência independentemente do período histórico.

Figura 3
Fonte: Freepik

Genericamente podemos estabelecer que o risco está ligado a uma incerteza daquilo que
eventualmente poderá ocorrer, diante de uma situação de fato que determinado cenário possa
vir a apresentar.
Sob essa concepção, poderíamos a rmar que risco e incerteza são expressões sinônimas?

A incerteza está relacionada à ausência de previsibilidade de que um determinado ambiente,


seja ele tangível ou intangível, possa ser alvo de uma ocorrência indesejada.

Por exemplo, um investidor no mercado de ações tem grande parte do seu capital neste
depositada. Diante desta situação, qual seria a possibilidade da depreciação de seu
investimento ante uma crise econômica gerada por uma pandemia de caráter mundial?

Sem dúvida, paira uma incerteza, ou seja, existe uma possibilidade de perda de capital em um
ambiente intangível que é o mercado de investimento em ações.

O que tem que car claro é que existe uma distinção entre incerteza e risco, já que a primeira
diferentemente da segunda não permite aferição.

Neste sentido, o economista norte-americano e professor da Universidade de Chicago, Frank


Knight, no início da segunda década do século passado, procurou estabelecer uma diferença
entre incerteza e risco.

“A Incerteza precisa ser considerada com um sentido radicalmente distinto da noção


comumente aceita de Risco, da qual nunca foi adequadamente separada [...] O aspecto
essencial está no fato de “Risco” signi car, em alguns casos, uma variável passível de ser
medida, enquanto em outros o termo não aceita esse atributo; além disso, há́ enormes e
cruciais diferenças nas consequências desses fenômenos, dependendo de qual dos dois esteja
realmente presente e operante [...] Está claro que uma incerteza mensurável, ou o risco
propriamente dito, na acepção que utilizaremos, é tão diferente de uma incerteza não-
mensurável, que não se trata, de forma alguma, de uma incerteza”

- 1921, apud DAMODARAN, 2009, p. 23


Diante das palavras do economista mencionado, podemos entender que somente quando a
incerteza for passível de mensuração esta poderá ser considerada uma condição de risco.

Os conceitos do que vem a ser risco poderão variar em conformidade ao que se busca sob a
ótica de quem o mensura. A existência do “risco” é um fato que desperta estudo em diversas
áreas do conhecimento, como ocorre na economia, com relação ao risco de um determinado
investimento; o risco ambiental, referente ao impacto que determinada atividade ou obra
tenha possibilidade de causar danos ao meio ambiente; o risco envolto a um acidente do
trabalho, pertinente ao tipo de atividade laboral que esteja sendo submetido certo trabalhador;
na engenharia civil, a aferição do risco de que determinada estrutura possa vir a colapsar; na
segurança, temos a possibilidade da ocorrência de determinada infração penal; ou seja, existe
uma lista “gigantesca” daquilo que podemos denominar de “os olhos para o risco”.

Figura 4 – Olhos para o Risco


Fonte: Pixabay
Frente a esta dinâmica, de como risco pode ser compreendido, iremos, na sequência, apreciar
e analisar alguns de seus conceitos.

O primeiro conceito a ser observado é o de risco ligado à ocorrência de um desastre, sob à


ótica das atividades de proteção e defesa civil.

Sob este escopo, Antônio Luiz Coimbra de Castro, no volume I de sua obra Manual de
medicina de desastres, de niu o risco como sendo:

“Medida de danos ou prejuízos potenciais expressa em termos de probabilidade estatística de


ocorrência e de intensidade ou grandeza das perdas previsíveis.”

- CASTRO, 2007, p. 10

A presente de nição nos sugere conceber que o “risco” trata-se de uma análise sobre a
incidência de um desastre considerando tal evento como previsível, pois, trata-se de um
levantamento estatístico de sua incidência e qual seu potencial de vir a dar causa a danos e
prejuízos. Tal apuração se dá mediante o emprego de um método de mensuração que leva em
conta o ambiente receptor que venha a ser atingido.

O “Referencial básico de gestão de riscos”, publicado pelo Tribunal de Contas da União,


estabelece risco como sendo:

“Risco é o efeito da incerteza sobre objetivos estabelecidos. É a possibilidade de ocorrência de


eventos que afetem a realização ou alcance dos objetivos, combinada com o impacto dessa
ocorrência sobre os resultados pretendidos. B”

- BRASIL, 2018, p. 8

Para compreensão deste conceito é importante lembrarmos da de nição de Frank Knight,


sobre a sua visão do que vem a ser risco, vez que o doutrinador ao relacionar o risco com a
incerteza os distingue ante ou não a possibilidade de mensuração, posto que sem uma aferição
não será permitido estabelecer o alcance ou a probabilidade de incidência de um evento
adverso, ou seja, neste caso não há de se falar em risco mas sim em incerteza.

Sob esta lente, o risco tem por objetivo apreciar a vulnerabilidade que determinado objeto,
quando da ocorrência de um certo evento, possa vir a sofrer qualquer forma de dano ou
prejuízo. Para tanto, será por intermédio de um planejamento que deverão ser indicadas as
ações de controle e correção que devam ser adotadas.

Por exemplo, imaginemos que certo governo queira construir uma rodovia.

Uma obra como esta tende a demorar alguns meses para ser concluída pela empresa
contratada para sua edi cação. De modo geral, um contrato com este objeto irá prever a data
de início e término da empreita.

Entretanto, a realização da obra no prazo planejado está suscetível a eventos adversos, como
por exemplo, dias chuvosos que impeçam os trabalhos, greve dos trabalhadores, falta de
matéria-prima, não pagamento das obrigações contratuais por parte da administração,
falência da empresa responsável, dentre outros.
Figura 5 – Riscos na Obra
Fonte: Wikimedia Commons

Neste tipo de obra a incerteza e o risco pairam sobre uma série de fatores.

Por exemplo, estatisticamente é possível avaliar a quantidade de chuva que comumente atinge
o local onde a obra será executada, neste caso, a paralização da obra em virtude de chuvas será
um risco.

Já a possibilidade do aumento exorbitante de determinados materiais que venham a


comprometer a obra será uma incerteza, pois, geralmente, não será possível uma avaliação
antecedente do evento indesejado.

Importante frisar que tanto o risco quanto a incerteza podem sujeitar um determinado
receptor de um evento adverso que dá origem a intercorrências que causem danos e prejuízos.
No tocante à segurança pública o risco deve ser apreciado sob a visão de um ambiente coletivo
e indeterminado, denominado de sociedade.

Um dos conceitos de risco voltado à segurança pública é de Lincoln D'Aquino Filocre,


mencionado por Nathan Glina:

“[...] segurança pública é a ausência de risco correspondente ao interesse da sociedade,


tomada esta como a soma das individualidades, mas como um corpo, qual seja, a
coletividade.”

- 2013, apud GLINA, 2020, p. 51

Como podemos notar no conceito em questão a ação da segurança pública tem uma visão
utópica de eliminar totalmente o risco. 

Para uma compreensão do conceito de risco voltado ao aspecto da segurança pública é


necessário serem feitas algumas considerações.

A segurança pública é um dos chamados direitos sociais, assegurados a todo povo brasileiro,
conforme enunciado no artigo 144 de nossa Constituição Federal.

“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
através dos seguintes órgãos”.

Como característica, os chamados direitos sociais são considerados normas de conteúdo


programático ou uma ação programática, ou seja, a sua plenitude não será nunca alçada. Desta
forma, a pretensão de concretude absoluta de tais direitos será um objetivo de perseguição
contínua, o que certamente, irá ampliar a qualidade da prestação destes direitos por parte do
Estado.

Frente a isto, não podemos esquecer que nunca atingiremos o ápice de uma segurança pública
que torne a sociedade totalmente livre dos riscos ao patrimônio e a incolumidade das pessoas.

O autor anteriormente mencionado, nos traz uma visão da segurança pública, levando em
consideração a presença do risco.

A concepção de segurança pública frente ao risco não pode deixar de lado que vivemos em um
Estado Democrático de Direito, o qual possui como grande característica o reconhecimento
dos direitos humanos como mecanismo de proteção:

“[...] Nas normas de direito internacional dos direitos humanos, a segurança pública foi
prevista como limitação objetiva aos demais direitos, a m de protegê-los, evitando que
qualquer direito sirva de escudo para o seu exercício abusivo, para expor a risco e lesionar os
direitos das outras pessoas.”

- GLINA, 2020, p. 51

Diante do exposto, podemos apreciar que o objetivo da segurança pública, mediante as


posturas dos órgãos competentes, é de produzir ações para prevenir e reprimir condutas
indesejadas, que tenham potencial de expor ou causar danos aos direitos humanos.

Por exemplo, qual o risco de sacar dinheiro em espécie em um banco em dia de “pagamento
de salários” e ser vítima de um crime de furto ou de roubo?
É claro e notório que neste dia e nestas condições o risco é grande, carecendo a adoção de
posturas dos órgãos de segurança pública, que promovam planejamento e gestão de seus
recursos humanos e materiais para minimização dos riscos destas modalidades de delito.

Figura 6 – Risco de roubo


Fonte: Freepik

Quanto à segurança patrimonial, o risco está voltado a uma relação entre “probabilidade” de
exposição de determinado patrimônio diante de sua vulnerabilidade e condições de ameaça
que venham a provocar sua perda ou deterioração.

Um exemplo para este risco seria o ingresso de pessoas não autorizadas a uma edi cação,
cujo acesso não tem qualquer tipo de controle por intermédio de barreiras físicas ou
tecnológicas.

Para este exemplo podemos entender que a sujeição ao risco de situações indesejadas é alta.

Figura 7 – Risco de roubo


Fonte: Getty Images
No caso da segurança privada, considerando interesses e recursos disponíveis, a adoção de
um plano de contingência ou de segurança, bem elaborado, tende a reduzir o risco que
decorram de fato indesejado.

A seguir, observemos um grá co narrando o caminho para apreciar os riscos e estabelecer


um planejamento para sua contenção:

Figura 8 – Plano de Contingência ou Segurança

Após termos uma compreensão sobre as várias formas que o risco pode ser apreciado iremos
conhecer outras variáveis a serem consideradas em um diagnóstico de análise de risco:
ameaça, vulnerabilidade e emergência.

Ameaça
Assim como o risco, a ameaça também é um elemento imprescindível para o emprego de
qualquer avaliação ou diagnóstico de segurança.

Quanto a origem a ameaça pode ser considerada da seguinte forma:

Figura 9 – Tipos de Ameaças

A denominada ameaça humana podemos subdividi-la em duas espécies, as de caráter


intencional e as que tem como origem a quebra do dever de cuidado ou segurança.
De caráter intencional ou doloso, a ameaça, decorre da vontade que certo agente tem em dar
causa a um determinado resultado.

Por exemplo, imaginemos um agente de segurança descontente com a empresa que venha a,
intencionalmente, descumprir ação determinada em plano de segurança deixando de fazer a
veri cação de pertences de visitante que esteja portando arma de fogo e tenha a intenção da
prática de um ilícito penal naquele patrimônio.

No tocante as ameaças decorrentes da quebra do dever de cuidado ou de segurança, também


podendo ser denominadas de culposas, estas são oriundas de posturas imprudentes,
negligentes ou que demonstrem imperícia por parte do agente.

Por exemplo, a entrada de uma arma de fogo em patrimônio particular, onde existe um
sistema de segurança implantado, cujo ingresso somente fora possível em decorrência do não
cumprimento do exato procedimento (protocolo) pelo vigilante responsável em vistoriar os
pertences pessoais daquele visitante.

As ameaças ambientais levam em consideração o que se chama de meio ambiente natural, não
tem origem em razão do comportamento humano de forma direta, mas nada impede que ele
venha de certa forma “colaborar” na ampliação dos riscos que possam vir a resultar em danos
e prejuízos.  

Uma outra forma de ameaça, que pode ocorrer no chamado meio ambiente do trabalho, é
decorrente da vulnerabilidade que estão sujeitos os trabalhadores em certa atividade laboral
durante sua execução.

Por exemplo, a ameaça decorrente da falta de medidas de segurança do trabalho na qual põe
em risco a saúde do trabalhador em virtude do não emprego de Equipamento de Proteção
Individual – EPI de qualidade certi cada.
Figura 10 – Equipamentos de Segurança do Trabalho EPIs
Fonte: Getty Images

Sob a ótica dos conceitos de proteção e defesa civil, uma ameaça encontra-se relacionada a
incidência de um desastre, ante a vulnerabilidade que determinado ambiente receptor se
encontra, ou seja, como este pode superar ou enfrentar a “agressividade” daquele evento
adverso. 
Desta de nição pode-se deduzir que a ameaça decorre da aferição das consequências que
certo evento adverso venha a provocar sendo esta mensurada em danos e prejuízos.

A ameaça, neste caso, leva também em consideração a magnitude do evento e a possibilidade


de sua reincidência.

Uma distinção é peculiar ao confrontarmos os conceitos de “ameaça” e “vulnerabilidade”.


Enquanto a primeira está ligada à avaliação da recorrência pretérita de um evento adverso, a
segunda tem como foco a capacidade de o ambiente receptor de fazer frente a agressividade
provocada pelo desastre.

Por exemplo, a aferição da ameaça decorrente de eventos pluviométricos em determinados


períodos do ano, e como estes atingem a sociedade de certa região, causando enchentes em
decorrência das cheias dos rios e córregos.

Ainda na esteia deste exemplo, a vulnerabilidade encontra-se em aferir como este ambiente
recebe o acumulado de chuva e quais suas condições para minimizar ou não as consequências
oriundas das cheias.

Para concluirmos a visão de ameaça sob a ótica da proteção e defesa civil, mencionamos o
conceito de Antônio Coimbra de Castro:

“Estimativa de ocorrência e de magnitude de um evento adverso, expressa em termos de


probabilidade estatística de concretização do evento e da provável magnitude da manifestação
do mesmo.”

- CASTRO, 2007, p. 10
Figura 11 – Visão de ameaça sob a ótica da proteção e
defesa civil
Fonte: Getty Images

No âmbito da segurança pública, o estudo da “ameaça” tem por escopo uma avaliação
estatística da incidência de eventos que afetem ou tendam a afetar a “ordem pública” de
determinado local.

Neste sentido, devemos levar em consideração que o principal objetivo do direito social a
segurança pública, ou seja, a garantia da ordem pública, encontra previsão no texto
constitucional em seu artigo 144.
 “Art. 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
através dos seguintes órgãos: (g/n)”.

 Diversos são os conceitos de “ordem pública”, aqui, iremos abarcar o de José Afonso da Silva,
que assim entende:

“Ordem Pública será uma situação de pací ca convivência social, isenta de ameaça de
violência ou de sublevação que tenha produzido ou que supostamente possa produzir, a curto
prazo, a prática de crimes.”

- DA SILVA, 2005, p.777

Frente a tal conceito, podemos deduzir que o estudo da ameaça na visão da segurança pública
envolve a apreciação de acontecimentos cuja existência tenha previsibilidade ou não, mas
sempre tendo por perspectiva o propósito de evitar que as infrações penais tenham incidência.

Quanto a segurança privada a concepção de uma ameaça não foge muito das óticas anteriores.
O que irá lhe dar peculiaridade é o objeto legal para qual se presta este tipo de segurança.

A Lei nº 7102, de 20 de junho de 1983, regula as atividades de “segurança privada” em nosso


país. Tal norma, em seu artigo 10, enumera quais são as atividades a ela atinentes: a segurança
patrimonial, a segurança física, o transporte de valores e a garantia de transporte de qualquer
tipo de carga, e por m o desenvolvimento de cursos de capacitação e aperfeiçoamento de
vigilantes.
“Art. 10. São considerados como segurança privada as atividades desenvolvidas em prestação
de serviços com a nalidade de:

I - proceder à vigilância patrimonial das instituições nanceiras e de outros


estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas;   II
- realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga.”

Após estudarmos o risco e a ameaça veremos aqui a vulnerabilidade, levando em consideração


o interesse sobre ela para um diagnóstico de segurança.

A vulnerabilidade apresenta em seu conceito pouca divergência.

Basicamente a vulnerabilidade, leva em consideração dois fatores:


Figura 12

Sob as lentes da doutrina de proteção de defesa civil, a vulnerabilidade pode ser conceituada,
conforme as palavras de Antônio Coimbra de Castro, como:

“Condição intrínseca de um corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do


evento, caracteriza as consequências dos efeitos adversos, medida em termos de intensidade
dos danos previsíveis ou provocados.”

- CASTRO, 2007, p. 10
Podemos aferir, ante ao presente conceito, que a vulnerabilidade está relacionada a capacidade
que determinado ambiente terá ou não de absorver as consequências de uma ameaça
decorrente de um determinado evento adverso.

Por exemplo, diante de uma tempestade, onde os índices pluviométricos atingem uma aferição
superior à que normalmente se apresentam, qual será a capacidade do ambiente atingido
(receptor do desastre) em fazer frente a ele, evitando ou minimizando danos humanos,
materiais, ambientais e consequente prejuízos econômicos e sociais.

No que tange as ações de segurança pública ou privada a visão a ser dada, quanto a questão da
vulnerabilidade, leva em consideração a probabilidade de que alguma ameaça aferida venha a
impactar o objeto daquela espécie de segurança, seja ela a ordem pública sob o prisma da
segurança pública ou o patrimônio, a pessoa ou o bem sob a custódia ou vigilância no caso da
segurança privada.

Emergência
Uma emergência é uma situação que desperta uma atenção especial para as pessoas que de
alguma forma se encontram envolvidas em um evento indesejado.

O grande trunfo para fazer o enfrentamento a uma emergência é ter o conhecimento do risco,
saber avaliar a ameaça e sobretudo reconhecer a vulnerabilidade do ambiente receptor do
evento adverso que se pretende inibir, contendo e evitando suas consequências.
Figura 11
Fonte: Pixabay

Mas qual o conceito do que vem a ser uma emergência?

Embora instintivamente cada pessoa consiga avaliar uma determinada situação como uma
emergência cabe aqui deixarmos um conceito do que pode ser considerado como tal.

Iremos recorrer a um conceito rmado por Antônio Coimbra de Castro, que assim a de ne:

Emergência

1 Situação crítica; acontecimento perigoso ou fortuito; incidente. 2. Caso de


urgência.” CASTRO, 2007, p. 67.
Como podemos observar, uma emergência decorre de uma situação crítica na qual as ameaças
desta situação devam ser contidas, evitando danos ou prejuízos.

O grande mote de um diagnóstico de análise de risco é produzir a possibilidade, planejar


medidas de inibição ou contenção de um evento não desejado.

No que tange as medidas de segurança, seja pública ou privada, para o enfrentamento de uma
emergência estas devem ser organizadas.

De tal forma que os atores responsáveis pelo enfrentamento da ameaça sejam capazes de
evitar ou minimizar as consequências do evento adverso.
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Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados


nesta Unidade:

Sites

Segurança Privada e suas Normas Legais


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ACESSE

Constituição Federal de 1988


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ACESSE

A nal o que é Segurança Pública?


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ACESSE
Leitura
Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
Federal, Política. Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2015.
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Referências

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ANTONOVZ, T. & MAZZAROPPI, M. Análise de Riscos. Porto Alegre:


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