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A Passagem do Conhecimento em equipes de

Aerodesign
Bruno Vasselai Soares Mendes

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

bruno.vasselai.mendes@hotmail.com

Resumo: O artigo a seguir apresenta uma pesquisa relacionada a passagem de conhecimento


em equipes de aero design. Para essas equipes, que competem todo ano em uma competição
organizada pela instituição SAE BRASIL, o conhecimento é vital para o desenvolvimento de
seus projetos aeronáuticos, portanto, também é a sua passagem para novos membros. Esse
conhecimento é definido a partir de sua comparação com os conceitos de informação e de
dados, e é dividido em dois tipos: tácito e explícito. A criação do conhecimento é dependente
da constante conversão entre esses dois tipos, e só pode ocorrer a partir de ambientes que a
favorecem, assim como a utilização de diversas ferramentas descritas pela gestão do
conhecimento. Diante disso, a pesquisa buscou validar tais ferramentas dentro do contexto de
uma equipe de aero design, utilizando um questionário. A partir dos resultados, houve a
validação desses conceitos relacionados à gestão do conhecimento.

Palavras-chave: Aero design; Gestão do conhecimento; criação do conhecimento

1-Introdução
Todo ano, equipes inscritas no projeto competição SAE BRASIL aero design são
desafiadas a se envolver em um ou mais projetos aeronáuticos completos, com o intuito de
desenvolver e propagar técnicas e conhecimentos da engenharia aeronáutica. Os grupos
estudantis participantes se deparam com regulamentos inspirados em problemas reais da
indústria aeronáutica (SAE BRASIL, n.d.).

O evento se ramifica em três categorias: Regular, aberta e micro, cada uma com
diferentes restrições. Também possui duas etapas: a competição de projeto e a competição de
voo. Durante sua realização, engenheiros da área avaliam, comparativamente, as equipes de
acordo com o desempenho dos projetos em ambas as etapas (SAE BRASIL, n.d.).

Diante das características da competição SAE BRASIL aero design, e de acordo com as
experiências do autor como membro ativo da equipe Aerodesign UTFPR Curitiba, os
conhecimentos técnicos e práticos são de suma importância para o desenvolvimento desses
projetos.

Adicionalmente, há uma alta rotatividade da composição de uma equipe de aero design,


devido ao fato de todos os participantes serem estudantes e possuírem presença limitada ao
tempo de formação dentro da instituição de ensino. Comparando com a situação de uma
empresa, a eventual saída de pessoas com conhecimentos vitais para a competitividade dessa
pode ser a causa da queda do seu desempenho, advinda da perda desses conhecimentos. Isso
exalta a importância do planejamento de sucessão e da passagem de conhecimento para novos
integrantes (Durst & Wilhelm, 2012).

O envolvimento pessoal do autor com a equipe citada também é um fator motivador


para a construção do projeto de pesquisa aqui discutido, já que seus resultados podem,
futuramente, ser diretamente aplicados com o intuito de aprimorar os processos seletivos e de
treinamento do time e, consequentemente, buscar melhores resultados nas disputas anuais.

Tendo em vista todos esses fatores, surge uma questão a ser respondida: Como pode-
se otimizar a passagem de conhecimentos dentro de uma equipe de Aerodesign? Para
responder essa indagação, buscou-se avaliar a percepção de integrantes da equipe Aerodesign
UTFPR Curitiba quanto a ferramentas da gestão do conhecimento e suas influências no processo
individual do aprendizado.

2-Marco teórico
2.1-O conhecimento
Para melhor entender como funciona a gestão do conhecimento e suas ferramentas, é
necessário compreender a diferença entra dados, informações e conhecimento (Silva, 2004).

Apesar de vários autores darem diferentes definições para esses conceitos, há uma ideia
em comum: a existência de uma hierarquia entre esses, na qual os dados estão abaixo das
informações e estas abaixo do conhecimento (Tuomi, 1999).

Dados podem ser interpretados como fatos brutos e isolados. Informações são meios
de transmissão de dados contextualizados, possuindo emissores e receptores e tendo o objetivo
de alterar a percepção do receptor sobre algo. Já o conhecimento pode ser descrito como uma
união de experiências, intuições e informações que possibilita o trabalho com outras
informações e experiências. Notadamente, o conhecimento é muito mais profundo e complexo,
justamente por consistir de diversos elementos (Davenport & Prusak, 1998, pp. 2-6)

O conhecimento pode ser dividido em dois tipos ou formatos: o formato tácito e o


formato explícito. O formato tácito pode ser descrito como o conhecimento subjetivo do
indivíduo, que é de difícil formalização ou passagem para outra pessoa. O formato explícito é o
conhecimento que já foi codificado ou formalizado a partir de construções gráficas e textuais,
podendo ser facilmente organizado dentro de uma base de armazenamento de dados, em meios
físicos ou virtuais (Silva, 2004).

2.2- A criação do conhecimento


Antes de entender como surge o conhecimento, é necessário entender o conceito de
organização. Uma organização é uma instituição ou entidade que cria conhecimento a partir de
uma postura ativa e interativa (Nonaka, Toyama & Konno, 2000).

A principal forma de se criar conhecimento dentro de uma organização é a partir da


conversão entre conhecimento tático e explícito. Essa conversão ocorre em quatro processos
diferentes: a socialização, a externalização, a combinação e a internalização (Balestrin, Vargas &
Fayard, 2004).
A socialização é um processo de transformação de conhecimento tácito em tácito.
Ocorre a partir da comunicação entre pessoas, podendo envolver sujeitos com diferenças em
experiência e dinâmicas de grupo. Já a externalização é um processo de conversão de um
conhecimento tácito para um conhecimento explícito, utilizando recursos linguísticos, gráficos
e lógicos para registrar, o quanto for possível, do conhecimento original (Silva, 2004).

A combinação é um fenômeno de associação dos conhecimentos explícitos individuais


com os pertencentes à uma organização a partir de técnicas de estruturação e classificação dos
mesmos. Por fim, a internalização consiste na digestão de parte do conhecimento
organizacional, formando conhecimento tácito de uma pessoa. Envolve a leitura de
documentos, a prática individual e a interpretação das experiências de acesso ao receptor do
conhecimento (Silva, 2004).

A sucessão cíclica das quatro formas de transformação do conhecimento dispõe-se no


formato de uma espiral, e deve ser estudada, analisada e dirigida com cautela para promover a
expansão do conhecimento original (Silva, 2006). Esse ciclo é chamado de processo SECI (Nonaka
et al., 2000).

Para tornar mais eficiente esse controle do conhecimento, é necessário promove-lo em


um contexto propício para o acontecimento das conversões entre conhecimentos tácito e
explícito. esse contexto é chamado de contexto “ba”, e possui o objetivo de unificar o espaço
físico, virtual e mental. também pode ser chamado de espaço de interação, já que a palavra
japonesa “ba” não possui significado direto no ocidente (Balestrin et al., 2004).

Existem quatro tipos de espaços de interação: o espaço de socialização do


conhecimento, o espaço de externalização do conhecimento, o espaço de sistematização do
conhecimento e o espaço de internalização do conhecimento (Balestrin et al., 2004).

Cada um dos quatro espaços contextualiza a etapa da espiral do conhecimento a qual


seu nome se refere. O espaço de socialização permite e facilita interações presenciais, trocas de
experiências e de emoções. Adicionalmente, espaço de externalização confere a possibilidade
de compartilhamento de modelos mentais entre indivíduos a partir de conceitos, definições e
termos. Já o espaço de sistematização tem o objetivo de permitir a combinação de
conhecimentos explícitos, envolvendo interações coletivas e, geralmente, virtuais. Finalmente,
o espaço de internalização envolve interações virtuais e individuais que tornam possível o
estudo, leitura e acesso dos indivíduos à documentos compartilhados (Nonaka et al., 2000).

2.3- Ferramentas de otimização do trabalho com o


conhecimento
Observa-se que uma organização em rede dos membros envolvidos em um grupo é um
dos métodos mais eficientes para facilitar o trabalho com o conhecimento, principalmente o
conhecimento tácito. Isso evidencia a importância da troca de experiências e da comunicação
entre pessoas de uma organização (Silva, 2004). Esse tipo de estruturação no meio de trabalho
provoca a formação de espaços de interação, fortalecendo o processo de criação do
conhecimento (Balestrin et al., 2004).

Outro fator importante para a otimização do trabalho com o conhecimento tácito é o


estímulo à criatividade e inovação, advindo da presença de pessoas mais experientes ou
talentosas no grupo de análise ou promovido pela própria instituição ou empresa responsável
pela gestão do conhecimento (Silva, 2004).
Fica denotada, adicionalmente, a importância da estruturação da memória
organizacional, que pode ser compreendida como o conjunto de conhecimentos explícitos de
um grupo, instituição ou empresa. O seu principal objetivo é o aumento da competitividade de
uma organização a partir da melhoria no manejo do conhecimento e pode assumir diversas
formas dependendo dos objetivos e tipos de implementação (Heijst, Spek & Kruizinga, 1997).

O sótão do conhecimento é o mais simples formato para uma memória organizacional.


Consiste em um banco de dados que reúne conhecimentos explícitos e informações e que é de
fácil acesso à todos os integrantes da entidade em questão (Heijst et al., 1997). Considerando
que o uso da internet e armazenamento online são ferramentas crescentes em muitos
mercados, também é importante que a estrutura da memória organizacional esteja
devidamente classificada e dividida no caso do uso esses instrumentos (Maurer, 1998).

Ainda tratando de conhecimento explícito, as tecnologias de informação possuem o


potencial para facilitar suas conversões, otimizando a criação do conhecimento. Embora não
sejam tão úteis para a passagem de conhecimentos tácitos, essas tecnologias são muito efetivas
dentro da externalização, combinação e internalização do conhecimento, já que propiciam um
melhor trabalho e organização em rede e permitem fácil interação entre indivíduos e a memória
organizacional (Silva, 2004).

3-Metodologia
3.1 Fundamentação teórica
A metodologia do projeto de pesquisa realizado foi baseada nos conceitos apresentados
por Gil (2002), Kauark, Manhães e Medeiros (2010), para uma pesquisa qualitativa descritiva.

Uma pesquisa qualitativa é definida pela preocupação com o sujeito e sua percepção e
relação com o ambiente. Estão em foco o estudo de fenômenos e da atribuição de significados,
que são analisados indutivamente pelo pesquisador. É um tipo de pesquisa naturalmente
descritiva (Kauark et al., 2010).

Uma pesquisa descritiva, adicionalmente, consiste em uma pesquisa cujo objetivo é


analisar o comportamento de uma população, fenômeno ou relação entre variáveis e
posteriormente descreve-los. É um tipo de pesquisa muito amplo, mas pode ser unificado pelo
uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, como questionários ou observações
sistemáticas (Gil, 2002).

3.2 Procedimento Metodológico


3.2.1 Universo de estudo
Como o objetivo da pesquisa foi avaliar as técnicas e ferramentas da gestão de
conhecimento dentro de uma equipe de aero design, o universo da pesquisa foi a equipe
representante da Universidade Tecnológica Federal do Paraná na competição SAE BRASIL aero
design.

Esta equipe possuía, durante o período de desenvolvimento do projeto desta pesquisa,


29 participantes. Esses integrantes compartilham o mesmo espaço de trabalho, que consiste no
laboratório de protótipos existente em um campus da universidade.
Também é importante denotar que essas pessoas possuem períodos de participação do
projeto diferentes, significando diversificados níveis de experiência dentre elas. Esses
integrantes foram as fontes diretas da coleta de dados.

Este grupo foi selecionado devido aos seguintes motivos:

• O interesse da pesquisa foi atingir resultados mais aprofundados sobre uma


mesma organização, não necessariamente descrevendo com precisão todas as
equipes de aero design.
• Pelo fato do pesquisador ser um membro efetivado da equipe AeroDesign
UTFPR Curitiba, houve maior facilidade e acesso aos dados diante dos contatos
já estabelecidos
• Pela falta de recursos financeiros, não seria possível obter contatos de um
número suficientemente grande de equipes ou participar de conversas
informais sobre o tema de pesquisa

3.2.2 A amostra
Da população analisada pela pesquisa, a amostra foi composta por 11 membros da
equipe AeroDesign UTFPR Curitiba.

3.2.3 O tipo, a instrumentação e a metodologia


A pesquisa foi do tipo qualitativa descritiva. Os instrumentos selecionados para a coleta
de dados e revisão bibliográficas fizeram uso de ferramentas virtuais e online. Para a revisão
bibliográfica, foram utilizadas ferramentas de busca acessíveis pela internet. Também foi
utilizado um fichamento bibliográfico simplificado, armazenado no computador do pesquisador,
cujo objetivo foi organizar os artigos coletados e facilitar seu acesso durante a construção do
trabalho. Todos os artigos reunidos estão listados na lista de referências.

Já para a coleta de dados, foi utilizado um questionário online com 7 perguntas, sendo
6 de múltipla escolha e obrigatórias para o envio das respostas, e 1 discursiva não obrigatória
para o envio da resposta. A própria ferramenta organizou as respostas obtidas em gráficos de
seções, para as perguntas de múltipla escolha, e em lista, para a pergunta discursiva.

O questionário buscou analisar a percepção dos indivíduos participantes em relação a


cada uma das ferramentas de otimização do trabalho com o conhecimento estudadas durante
a fase de revisão bibliográfica. Ele foi devidamente testado por um dos membros da equipe,
considerado mais experiente dentre os outros integrantes e capaz de avaliar a coerência das
perguntas com o histórico da equipe.

O questionário abrangeu as seguintes perguntas:

1. Em sua opinião, qual é a relevância/importância da socialização com outros


membros no seu processo de aprendizado dentro da equipe? (inclui conversas
formais, informais, reuniões, etc)
2. Para você, o quão relevante é a presença de integrantes mais experientes ou
com maior conhecimento técnico e prático para o seu aprendizado dentro da
equipe?
3. Você concorda que o registro de experiências passadas de outros membros da
equipe (por exemplo: erros cometidos, problemas frequentes, soluções
encontradas) é uma ferramenta eficiente para a otimização do aprendizado?
4. O quão importante você acredita que seja a organização dos arquivos que
contém o conhecimento (livros, relatórios, imagens, etc.) na
facilitação/otimização da aprendizagem?
5. O quão relevantes são as tecnologias de informação (internet, drives, meios de
comunicação virtuais, etc.) para o aprendizado em uma equipe de aero design?
6. Você concorda que a inovação e a criatividade são essenciais no aprimoramento
da passagem do conhecimento dentro da equipe?
7. Caso deseje, discorra sobre uma proposta para melhorar a forma como a equipe
ensina seus trainees.

A pesquisa foi desenvolvida e realizada por apenas um pesquisador, e seu trabalho


durou, aproximadamente, 1 mês. O tempo esperado para a coleta completa, a partir do
lançamento do questionário no meio de coleta foi de quatro dias, porém a coleta ocorreu de
maneira mais rápida devido ao engajamento dos membros da amostra e pela proximidade do
pesquisador com a amostra.

Diversas variáveis poderiam provocar variações nas respostas. Primeiramente, a


diferença de idade e experiência poderia gerar desvios nas percepções dos indivíduos em
relação aos temas das perguntas. A formulação das perguntas também demonstrou provocar
perturbações durante a fase de teste dos instrumentos, já que nem todas as ferramentas de
gestão do conhecimento foram ou são aplicadas dentro da equipe, impedindo que alguns
participantes da pesquisa relatassem as importâncias das ferramentas para suas próprias
experiências. Isso exigiu uma reformulação de algumas perguntas, para que pudessem,
adicionalmente, avaliar a percepção desligada das experiências pessoais.

4-Pesquisa
A seguir, estão dispostos os gráficos gerados para cada pergunta múltipla escolha:

4.1 Pergunta n°1

Figura 1 – Gráfico de seções para as respostas da pergunta 1


Fonte: Autor

Para a primeira pergunta, dentre os 11 participantes, 6 responderam que a socialização


entre membros é extremamente relevante para o seu aprendizado dentro da equipe, 4
responderam que é muito relevante e um respondeu que é apenas relevante. O gráfico acima
apresenta uma comparação percentual das frequências de cada resposta dada, também
apresentando as opções da múltipla escolha em sua legenda.

4.2 Pergunta n°2

Figura 2 – Gráfico de seções para as respostas da pergunta 2

Fonte: Autor

Na segunda pergunta, os 11 componentes da amostra avaliaram a relevância da


presença de integrantes mais experientes ou com maior conhecimento técnico e prático para
o próprio aprendizado dentro da equipe. Houve sete respostas que afirmaram extrema
relevância para a variável, duas que disseram que o fator é muito relevante, e duas que
relataram ser relevante o objeto da pergunta. O gráfico acima demonstra esses resultados,
também apresentando as opções para a múltipla escolha.

4.3 Pergunta n°3


Figura 3 – Gráfico de seções para a pergunta 3

Fonte: Autor

A pergunta n° 3 buscou avaliar se os indivíduos da amostra concordavam que o registro


de experiências passadas é importante para a otimização do aprendizado dentro da equipe.
Nove pessoas afirmaram que concordam com a afirmação, e duas pessoas relataram que
concordam parcialmente com a mesma. O gráfico acima apresenta a comparação percentual
das respostas.

4.4 Pergunta n°4

Figura 4 – gráfico de seções para a pergunta 4

Fonte: Autor

A quarta pergunta tinha como objetivo avaliar a percepção dos componentes da


amostra quanto a relação entre a organização de documentos de conhecimento explícito com a
otimização da aprendizagem. Oito entrevistados responderam que a organização é
extremamente importante para a otimização do aprendizado, um afirmou ser muito importante
e dois responderam que a organização é apenas importante para tal fenômeno. O gráfico acima
representa esses resultados.

4.5 Pergunta n°5

Figura 5 – Gráfico de seções para a pergunta 5

Fonte: Autor

A relevância das tecnologias da informação no aprendizado dentro de uma equipe de


aero design foi o tema da quinta pergunta. Quatro pessoas afirmaram ser extremamente
relevante, quatro relataram ser muito relevante e 3 disseram que é apenas relevante. O gráfico
acima apresenta os resultados para a pergunta.

4.6 Pergunta n°6

Figura 6 – Gráfico de seções para a pergunta 6

Fonte: Autor

A influência da inovação e criatividade no aprimoramento da passagem de


conhecimento foi avaliada na sexta pergunta. Nove participantes concordaram que a inovação
e a criatividade são essenciais para o fenômeno, e dois concordaram apenas parcialmente.
4.7 Pergunta n°7
A sétima pergunta solicitava uma proposta para a melhoria do instrução dos trainees
dentro da equipe AeroDesign UTFPR Curitiba.

Para essa pergunta, apenas um membro da amostra respondeu. Sua resposta foi a
seguinte:

“Acredito que a inserção por meio do desenvolvimento de projetos paralelos ao da equipe


principal.”

5-Análise
Diante das respostas para as perguntas de múltipla, é notório que todas tiveram
respostas neutras ou positivas, o que significa que, para cada ferramenta testada pelas
perguntas, há uma resposta positiva dos membros da equipe em questão e, em caso de
aplicações mais aprofundadas, poderiam ser efetivas para a otimização da passagem de
conhecimento dentro do grupo.

Na pergunta 1, desejava-se validar a importância das redes de trabalho aplicadas no


universo da pesquisa, conceito estudado por Silva (2004). Como os dados demonstram que a
socialização é, em geral, muito ou extremamente relevante no processo de aprendizado
individual de cada membro participante, há a validação da ideia do autor.

Silva (2004) também comentou sobre a importância da presença de talentos individuais


para o estímulo da criatividade e inovação que, por consequência, favorecem a conversão de
conhecimentos tácitos em tácitos. A pergunta 2 confirmou tal afirmação, já que a maior parte
da amostra relatou extrema ou muita relevância da presença de membros mais experientes ou
com maior conhecimento, ou seja, uma reinterpretação dos talentos individuais.

A pergunta 3 buscou avaliar a percepção dos indivíduos com relação à construção e a


importância da memória organizacional, definidas por Heijst, Spek e Kruizinga (1997). Todos as
respostas foram positivas para a afirmação dessa relevância na otimização da passagem do
conhecimento dentro da equipe de aero design, validando a ferramenta descrita pelos autores
no ambiente de pesquisa.

Adicionalmente, a pergunta 4 buscou validar a importância da estruturação


devidamente classificada da memória organizacional, comentada por Maurer (1998).
Novamente, as respostas positivas, estando em maioria no conjunto de respostas, confirmam
que essa estratégia é bem recebida no ambiente de trabalho na equipe.

A quinta pergunta busca levantar um panorama da importância das tecnologias da


informação, analisada por Silva (2004), para os membros da equipe em análise. As respostas,
apesar de melhor divididas entre “extremamente importante”, “muito importante” e
“importante”, ainda representam percepções positivas sobre essas tecnologias.

Finalmente, a pergunta 6 teve como tema a inovação e a criatividade, também


confirmadas por Silva como facilitadores do trabalho com o conhecimento tácito. A maioria dos
participantes concordaram com a afirmação no enunciado, demonstrando uma perspectiva
otimista em relação a esses dois conceitos, mas também demonstrando uma necessidade dos
mesmos por parte dos integrantes. Essa última afirmação é confirmada pela experiência do
pesquisador dentro da equipe AeroDesign UTFPR Curitiba a partir da observação de diversos
processos seletivos e de treinamento.

Como a última pergunta obteve apenas uma resposta dentre os componentes da


amostra, não é possível afirmar nada quanto a seu conteúdo.

Em frente às confirmações dadas pelo questionário, é possível afirmar que a aplicação


das ferramentas da gestão do conhecimento é um bom caminho para a otimização da passagem
do conhecimento, já que seu funcionamento já é comprovado em outros ambientes.

6-Considerações Finais
Ao final da pesquisa, podemos observar que seu objetivo foi atingido, já que foi possível
avaliar as percepções de diversos membros de uma equipe de aero design quanto à ferramentas
da gestão do conhecimento. Como um trabalho futuro, a aplicação direta dessas ferramentas
dentro da equipe AeroDesign UTFPR Curitiba pode resultar no aumento de sua eficiência nas
competições em que participa, possibilitando novos estudos mais aprofundados e precisos
quanto aos resultados dessa implementação.

Pode-se afirmar que uma das grandes dificuldades do projeto foi a pesquisa
bibliográfica, já que os conhecimentos abordados são de extrema complexidade, além de haver
algumas discordâncias entre autores sobre algumas definições

Referências
Balestrin, A., Vargas, L. M., Fayard, P. (2004), CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO NAS REDES DE
COOPERAÇÃO INTERORGANIZACIONAl.

Davenport, T.H., Prusak, L. (1998), Working Knowledge: How Organizations Manage What They
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Durst, S., Wilhelm, S. (2012), Knowledge management and succession planning in SMEs, Journal
of Knowledge Management, 16(4), 637-649, doi: 10.1108/13673271211246194.

Gil, A. C. (2002), Como Elaborar Projetos de Pesquisa (4 ed.), São Paulo: Atlas S.A.

Heijst, G., Spek, R., KRUIZINGA, E. (1997) Corporate memories as a tool for knowledge
management. Expert Systems with Applications, v. 10, n. 5, p. 41-54, July, 1997.

Kauark, F. S., Manhães, F. C. (2010), METODOLOGIA DA PESQUISA: UM GUIA PRÁTICO (1 ed.),


Bahia: Litterarum.

Maurer, H. (1998), Web-based knowledge management. Computer, v. 31, n. 3, p. 122-123, Mar.


1998.

Nonaka, I., Konno, N. (1998), The concept of ‘ba’: building a foundation for knowledge creation.
California Management Review, v. 40, n. 3, p. 40-54, Spring 1998.

SAE BRASIL (n.d.) , AeroDesign, Recuperado em 13 de outubro de 2018 de


http://portal.saebrasil.org.br/programas-estudantis/sae-brasil-aerodesign.

Silva, S. l. (2004), Gestão do conhecimento: uma revisão crítica orientada pela abordagem da
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Silva, F. A. C. (2006), GESTÃO DO CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA: desafios para
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Tuomi, I. (1999, inverno), Data Is More Than Knowledge: Implications of the Reversed
Knowledge Hierarchy for Knowledge Management and Organizational Memory. Journal of
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