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PLANEJAMENTO DE SAÚDE – CURSO UNA-SUS

Unidade 1 : Planejamento

SOBRE OS AUTORES

 A noção mais simples de planejamento é a de não-improvisação.


 Uma ação planejada é uma ação não-improvisada e, nesse sentido, fazer planos é coisa conhecida do homem desde que ele
se descobriu com capacidade de pensar antes de agir... (GIOVANELLA, 1991, p.28).
 O planejamento pode ser definido como o processo pelo qual determinamos que caminhos tomar para que cheguemos à
situação que se deseja. Significa, portanto, definir de antemão o que fazer para mudar as condições atuais para que se chegue
à condição definida como desejável (CHORNY et al., 2008).
 Para Carlos Matus:
Planejar significa pensar antes de agir, pensar sistematicamente, com método; explicar cada uma das possibilidades e analisar
suas respectivas vantagens e desvantagens; propor-se objetivos. É projetar-se para o futuro, porque as ações de hoje terão
sido eficazes, ou ineficazes, dependendo do que pode acontecer amanhã e do que pode não acontecer. O Planejamento é a
ferramenta para pensar e criar o futuro porque contribui com um modo de ver que ultrapassa as curvas do caminho e chega
à fronteira da terra virgem ainda não palmilhada e conquistada pelo homem. Essa visão ampla serve como suporte das
decisões de cada dia: os pés no presente e o olhar no futuro (HUERTAS,1996, p.31).
 Planejamento é o cálculo que precede e preside a ação (MATUS, 1993, p.41)
1.1 Planejamento em Saúde

Optar pelo planejamento significa assumir uma alternativa à improvisação. É decidir aonde se quer chegar, é acreditar
que o futuro pode ser construído. Isto porque planejar implica transformar ideias em ação. Uma rápida reflexão sobre nosso dia a
dia, já revela que o ato de planejar é inerente ao ser humano. Planejamos nossas férias, a compra de um automóvel, fazer um curso
de especialização, entre outros. Se em nossa vida pessoal é assim, o que dizer das instituições de saúde em que a complexidade
das tarefas e o elevado volume de recursos e pessoas envolvidas na sua realização não podem correr o risco do improviso? “Acresce-
se o fato de lidarem com situações que envolvem a vida de milhões de pessoas e que podem resultar em doenças, incapacidades
e mortes” (PAIM, 2006, p.17).

Para esse mesmo autor, o planejamento também ajuda a mobilizar vontades. “A identificação dos problemas e dos meios
de superá-los eleva a consciência sanitária das pessoas, facilitando a mobilização política dos interessados pela questão saúde”
(PAIM, 2006, p.22).

Segundo Paim (2006, p.25), planejamento também é “um modo de explicitação do que vai ser feito, quando, onde, como,
com quem, e para quê.”

O documento que registra essas escolhas é o Plano.

Matus nos ensina que o Plano é um produto momentâneo de um processo de planejamento. É um instrumento de
negociação, nunca está acabado, mas sempre em construção.

Assim, no contexto da Estratégia Saúde da Família, o principal objetivo do Plano deve ser o de orientar a ação da equipe
de saúde do município, apontar para correções de rumos e avaliação dos resultados obtidos em relação aos objetivos propostos.

Na saúde, quase sempre pretendemos alcançar objetivos complexos, de maneira pactuada entre os gestores do Sistema
Único de Saúde (SUS) e com a cogestão da sociedade civil. Para tanto, não só é importante planejar, como também dispor de um
método de planejamento.
Além disso, como planejamos em situações onde a incerteza, em maior ou menor grau, está sempre presente, o
planejamento deve ser um processo permanente, considerando que as situações são dinâmicas e estão em constantes
transformações. Por isso, um processo permanente de planejamento deve facilitar a direcionalidade das ações, a correção de rumos
e o enfrentamento de imprevistos.

Existem muitos métodos de planejamento, cada um com suas vantagens e desvantagens, conforme a situação em que
se apresenta. No entanto, as maiores influências no Planejamento em Saúde são as do pensamento normativo e estratégico.

Para melhor compreensão de como esses dois olhares influenciaram o Planejamento em Saúde, é preciso voltar no tempo
e conhecer um pouquinho da história do planejamento na América Latina e as origens do Planejamento em Saúde, expressos no
esquema abaixo.
Figura 1. Esquema Histórico do Planejamento em Saúde

Fonte: Adaptado de Almeida et al. (2001); Giovanella (1991); Teixeira (2001).

Fonte: NACHIF, M. C. A.; ANDRADE, S.M.O. Planejamento em Saúde. Curso de especialização em Saúde da Família. 2018.
Para realizar o planejamento, temos que conhecer a legislação e instrumentos que regulamentam o ato de planejar.

1.2 Legislações Aplicáveis ao Planejamento do SUS

Para realizar Planejamento em Saúde, deve-se conhecer a legislação aplicada ao planejamento do SUS. Algumas perguntas são
importantes, como por exemplo: de quem é a responsabilidade? E a parte orçamentária como fica? Como o planejamento está
estruturado? Existem princípios para esse planejamento?

A princípio, deve-se compreender que o planejamento no SUS é de responsabilidade conjunta das três esferas da federação, sendo
que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira a gerar
complementariedade e funcionalidade.

Na Lei nº. 8.080, de 1990, Lei Complementar (LC) nº. 141, de 2012 (BRASIL, 1990) é possível visualizar as competências de cada
esfera de Governo e como as ações de planejamento são importantes para as três esferas, conforme Quadro 1.

Quadro 1: Distribuição de competências: União, Estados e Municípios

Em Comum União Estados Municípios


Acompanhar, avaliar e divulgar o Formular, apoiar a Promover a articulação Planejar, organizar e avaliar a
nível de saúde da população implementação e avaliar as sistêmica, o planejamento e provisão local de serviços de
políticas prioritárias em coordenação regional das saúde
âmbito nacional politicas, ações e serviços de
saúde

Administrar os recursos Elaborar o planejamento Monitorar e avaliar as redes Gerenciar as unidades publicas
orçamentários e financeiros estratégico do SUS regionalizadas e de saúde
hierarquizadas do sus

Estabelecer instâncias e Coordenar sistemas de Elaborar e sistematizar os Executar serviços de vigilância


mecanismos de controle, laboratórios de saúde planos de médio e longo prazo epidemiológica e sanitária, de
avaliação e de fiscalização das pública, vigilância sanitária no âmbito estadual alimentação e nutrição,
ações e serviços de saúde; e epidemiológica saneamento básico e saúde do
trabalhador
Organizar e coordenar sistemas Formular a politica nacional Fornecer apoio técnico e Implementar a politica de
de informação de saúde de produção de insumos e financeiro aos municípios nas insumos e equipamentos de
equipamentos ações de descentralização saúde

Elaborar e atualizar os planos de Promover a Coordenar a rede estadual de Controlar e fiscalizar os


saúde, relatório de gestão, descentralização de ações laboratórios de saúde publica e procedimentos dos serviços
detalhamento de quadrimestre e serviços de saúde hemocentros privados de saude
anterior (RDQA) e programação
anual de saúde (PAS)

Elaborar normas para regular as Estabelecer e coordenar os


atividades dos serviços privados sistemas nacionais de
de saúde auditoria e ouvidoria

Fomentar, coordenar e executar


programas e projetos
estratégicos e de atendimento
emergencial

Elaborar proposta
orçamentária do Sistema Único
de Saúde (SUS)

Fonte: Lei n° 8.080, de 1990, LC n° 141, de 2012 (BRASIL, 1990).

As diretrizes gerais para elaboração do planejamento para todas as esferas de gestão e o estabelecimento de prioridades
e objetivos nacionais são definidos pelo Ministério da Saúde, em articulação com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de
Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), em conformidade com as políticas de
saúde aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde.

A instância de pactuação onde são definidos os rumos da política de saúde no país é a Comissão Intergestores Tripartite
(CIT). Os integrantes da CIT são os representantes da direção do Ministério da Saúde, do CONASS e do CONASEMS. Tem
composição paritária formada por 15 membros, sendo cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo CONASS e cinco pelo
CONASEMS. A representação de estados e municípios nessa comissão é regional, sendo um representante para cada uma das
cinco regiões no país. Nesse espaço, as decisões são tomadas por consenso e não por votação. A CIT está vinculada à direção
nacional do SUS.

Cada estado também possui uma Comissão Intergestores Bipartite (CIB) que tem atribuições semelhantes e
complementares as da CIT, mas atuam em seus respectivos estados, em consonância com as definições nacionais.

Comissão Intergestores Bipartite (CIB)

Espaços estaduais de articulação e pactuação política que objetivam orientar, regulamentar e avaliar os aspectos operacionais do
processo de descentralização das ações de saúde. São constituídas, paritariamente, por representantes do governo estadual,
indicados pelo Secretário de Estado da Saúde e dos Secretários Municipais de Saúde, indicados pelo órgão de representação do
conjunto dos municípios do estado, em geral denominado COSEMS. Os Secretários Municipais de Saúde, por meio de seus espaços
de representação, debatem entre si os temas estratégicos, antes de apresentar suas posições na CIB. Os COSEMS são, também,
instâncias de articulação política entre Gestores Municipais de Saúde, sendo de extrema importância a participação dos gestores
locais nesses espaços. As CIB foram institucionalizadas pela Norma Operacional Básica nº 1 de 1993, e instaladas em todos os
estados do país.

O Gestor Municipal deve procurar o COSEMS de seu estado e discutir, ali, quais são as possibilidades de participação no processo
de constituição e funcionamento da CIB.

Para saber mais acesse: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/temas/comissoes-intergestores-bipartite-tripartite-cib-cit

Para completar, temos a Comissão Intergestores Regionais (CIR) que estão vinculadas às Secretarias Estaduais de Saúde para
efeitos operacionais e administrativos, devem seguir as diretrizes da CIB (BRASIL, 2011a).

Comissão Intergestores Regionais (CIR)


São instâncias deliberativas compostas por representantes do estado e todos os Secretários Municipais de Saúde de um
determinado território (região de saúde), que tem por finalidade viabilizar a integralidade das ações de saúde, considerando a
singularidade dos locais. Funciona como um órgão colegiado. Devem pactuar a organização e o funcionamento das ações e serviços
de saúde integrados em redes de atenção à saúde.

E como a sociedade participa?

A sociedade participa nas três esferas de governo por meio dos Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde.

Os Conselhos de Saúde são instituições presentes nas três esferas de governo, voltados para formular estratégias e controlar a
execução da política de saúde, incluindo as questões relativas aos aspectos econômicos e financeiros (MOREIRA; ESCOREL, 2009).

Portanto, para realizar o planejamento deve-se incluir o Conselho nas discussões, pois isso irá fortalecer a atuação dos atores que
têm o desafio de planejar as ações no território.

A legislação no campo da saúde é composta por normas gerais aplicáveis ao planejamento governamental e pelas normas
específicas editadas para o SUS. Para desenvolver o Planejamento em Saúde, é desejável conhecer e seguir a legislação. As
principais leis referentes ao planejamento governamental são:

Lei nº 4.320, de 1964 – Trata das normas para elaboração e controle financeiro e orçamentário da União, Estados e
Municípios.
Art. 165 a 169 da Constituição Federal de 1988 – Estabelece o Plano Plurianual (PPA), a Lei das Diretrizes Orçamentárias
(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
Lei Complementar nº 101, de 29 de dezembro de 2000 – Trata das normas de finanças públicas referentes à responsabilidade
e gestão fiscal e institui disposições complementares para a execução do PPA, da LDO e da LOA.
PORTARIA Nº 2.979, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 Institui o Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de
financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, por meio da alteração da
Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017.
Já as principais leis e normas específicas do planejamento governamental do SUS, são:

Art. 36 da Lei nº 8.080, de 1990 - O processo de planejamento e orçamento no SUS será de natureza ascendente da esfera
municipal até a federal. Destaca a observação do equilíbrio financeiro dos entes da Federação, define o Plano de Saúde
como instrumento básico do planejamento setorial e confere ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) a atribuição de
estabelecer as diretrizes gerais para a elaboração dos planos de saúde.
Lei n° 8.142, de 1990 - Define as conferências de saúde como instâncias para avaliação da situação de saúde e para a
proposição de diretrizes que subsidiarão a formulação da política de saúde, e estabelece a elaboração dos planos de saúde
como condição para o recebimento de transferências do Fundo Nacional de Saúde (FNS). O Conselho de Saúde atua na
formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos
aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder, legalmente constituído em
cada esfera do governo (§ 2 Lei Nº 8.142).
Emenda Constitucional n° 29, de 2000 - Institui a obrigatoriedade da aplicação por parte dos três entes da Federação de
patamares mínimos de recursos fiscais para o financiamento das ações e serviços de saúde no SUS.
Portaria n° 4.279, de 2010 - Estabelece os fundamentos conceituais e operativos essenciais ao processo de organização
das redes de atenção à saúde e as diretrizes para sua implementação, visando a regionalização das ações e serviços de
saúde no SUS e consequente a garantia da integralidade do cuidado.
Decreto n° 7.508, de 2011 - Regulamenta a Lei 8.080/1990 no que se refere à organização do SUS, ao planejamento da saúde,
à assistência à saúde e à articulação interfederativa.
Resolução CIT n° 01/2011 - Estabelece as diretrizes gerais para a instituição das regiões de saúde no âmbito do SUS, institui
a Região de Saúde como base para o planejamento dos entes federados e define as CIR, as CIB e a CIT.
Lei Complementar n° 141, de 2012 - Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores
mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de
saúde; além de estabelecer os critérios de rateio dos recursos de transferências à saúde e as normas de fiscalização,
avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo.
Portaria n° 2.135, de 2013 - Estabelece diretrizes para o processo de planejamento no âmbito do SUS, define o Plano de
Saúde, as respectivas Programações Anuais e o Relatório de Gestão, como os instrumentos fundamentais para o
planejamento no âmbito do SUS. Estabelece ainda que o Plano de Saúde deverá observar os prazos do PPA de cada ente
da Federação. Dispõe que o processo de planejamento regional integrado será coordenado pela gestão estadual, envolverá
os três entes federados e será elaborado no âmbito das regiões de saúde.

Para aprofundar o conhecimento é importante ler na íntegra as leis, resoluções e portarias apresentadas. Seguem abaixo
os sete princípios de planejamento em saúde extraídos do Manual de Planejamento no SUS:

1º O planejamento consiste em atividade obrigatória e contínua;

2º O planejamento do SUS deve ser integrado à Seguridade Social e ao planejamento governamental geral;

3º Deve respeitar os resultados das pactuações entre os gestores nas comissões intergestores regionais, bipartite e
tripartite;

4º Deve estar articulado constantemente com o movimento, a avaliação e a gestão do SUS;

5º deve ser ascendente e integrado;


6º deve contribuir para a transparência e a visibilidade da gestão da saúde;

7º deve partir das necessidades de saúde da população.

Obs: estes princípios devem ser seguidos para cumprir a missão principal de realizar o Cuidado integral da pessoa!

 INSTRUMENTOS BÁSICOS DE PLANEJAMENTO DO SUS:


1. Plano de saúde

Função: consolidar as políticas de saúde e seus compromissos.

Utilidade: serve para nortear a elaboração do Planejamento em Saúde e o orçamento do governo relacionados ao
setor saúde. Deve ser elaborado por todas as esferas do poder (federal, estadual e municipal), com validade de 4
anos. Sua elaboração é baseada na análise situacional, respeitando as necessidades e particularidades dos diferentes
territórios. Nele, estão apontados as diretrizes e objetivos que deverão orientar a gestão da política de saúde. É
organizado na forma programática, trazendo as metas e indicadores que irão permitir o monitoramento e avaliação
das ações propostas. No plano de saúde estão contempladas todas as áreas de atenção à saúde dos indivíduos, de
forma a assegurar a integralidade do cuidado do indivíduo e sua família. Abordando as ações de promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação em saúde. O Plano de Saúde deve ser submetido à apreciação e aprovação
do Conselho de Saúde, devendo ser disponibilizado para acesso público, utilizando-se do Sistema de Apoio ao
Relatório de Gestão (SARG-SUS).
2. Programação anual de saúde
Função: Orienta todas as ações de gestão no SUS. Nele estão definidos os objetivos, metas e indicadores
em saúde. Suas diretrizes foram elaboradas em eixos temáticos.
O Plano traz as informações sobre a fundamentação legal, apresenta uma análise de situação de saúde
da população brasileira, assim como a oferta de serviços para assegurar a atenção à saúde.
Utilidade: Por fim, aponta os objetivos e metas que devem ser alcançadas para ampliar o acesso ao SUS
e qualificar as ações de saúde ofertadas.

3. Relatório anual de gestão


Função: A nível estadual, o Plano de Saúde deve explicitar a metodologia de alocação dos recursos
estaduais e a previsão anual de repasse de recursos aos Municípios, pactuada pelos gestores estaduais
e municipais na CIB e aprovada pelo Conselho Estadual de Saúde. Cabe destacar o § 2°, art. 36 da Lei
n° 8.080, de 1990, que estabelece a vedação da transferência de recursos para o financiamento de ações
não previstas nos planos de saúde, exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, na área
de saúde.
De acordo com a Portaria n° 2.135, de 2013, a elaboração do Plano de Saúde deve conter a seguinte
estrutura:

Período de vigência do Plano de Saúde;


Identificação (esfera de gestão correspondente);
Ato do Conselho de Saúde que avalia o Plano de Saúde;
Análise da situação de saúde com base no Mapa da Saúde;
Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores;
Monitoramento e Avaliação.

4. Plano Municipal de Saúde


É o instrumento central de Planejamento Municipal para definição e implementação de todas as iniciativas
no âmbito da saúde para o período de quatro anos. Deverá ser elaborado no primeiro ano de mandato e
viger nos três últimos anos e no primeiro ano do próximo mandato.
Explicita os compromissos do governo para o setor saúde e reflete, a partir da análise situacional, as
necessidades de saúde da população. É a base para a execução, o acompanhamento, a avalição da
gestão do sistema de saúde e contempla todas as áreas da atenção à saúde, de modo a garantir a
integralidade dessa atenção.
O Plano Municipal de Saúde (PMS) tem vigência de 04 anos, sendo detalhado na Programação Anual de
Saúde (PAS), que é o instrumento que especifica as ações e os serviços, as metas, os indicadores e os
recursos para a operacionalização do PMS naquele ano específico. É elaborada no mesmo momento da
elaboração do PMS, que gerará uma programação para cada ano. A cada ano, a PAS deverá ser
atualizada e subsidiar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Deve ser apreciada pelo conselho
municipal, antes do envio da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) à Câmara Municipal. A data de
apreciação da LDO pela Câmara Municipal é definida pela Lei Orgânica do município. A PAS deve ser
anexada em meio eletrônico no Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão.

5. Programação anual de saúde


Instrumento que tem como finalidade operacionalizar as intenções definidas no Plano de Saúde, inclusive
prevendo como serão alocados os recursos orçamentários para execução das ações.
Nesse documento, estão definidas as ações que devem ser realizadas para alcançar os objetivos e o
cumprimento das metas do Plano de Saúde, os indicadores para monitoramento e avaliação.
Ele deve ser composto contendo a seguinte estrutura:
Período de vigência do Plano de Saúde;
Identificação (esfera de gestão correspondente);
Ato do Conselho de Saúde que avalia o Plano de Saúde;
Diretrizes, objetivos e indicadores do Plano de Saúde;
Metas do Plano de Saúde anualizadas/ revisadas;
Ações que, no ano especifico, garantirão o alcance dos objetivos e o cumprimento das metas do
Plano de Saúde.
Previsão de alocação de recursos orçamentários necessários ao cumprimento da PAS.

6. Relatório de gestão
7. Outro instrumento importante no Planejamento em Saúde é o relatório de gestão (RG). Nele, são apresentados os resultados
alcançados com a execução da PAS, apurados com base no conjunto de diretrizes, objetivos e indicadores do Plano de Saúde, e
orienta eventuais redirecionamentos que se fizerem necessários ao Plano de Saúde e as Programações seguintes. Por essas
características, é o instrumento em que os gestores do SUS prestam contas das ações do Plano de Saúde operacionalizadas pela PAS,
que foram executadas no ano anterior.

UNIDADE 2 – MÉTODOS E FERRAMENTAS DO PLANEJAMENTO DE SAÚDE


Os métodos de planejamento e as escolas de planejamento são inúmeros, mas para a discussão proposta os métodos discutidos
serão os planejamentos normativo e estratégico. A escolha de um em detrimento ao outro está pautada no modelo assistencial de
saúde e no modelo de gestão adotado pela instituição que elabora o planejamento.

Lembrando que o planejar é pensar antes, durante e depois de agir. Envolve o raciocínio, portanto é de forma racional observar uma
situação indesejada, pensar na forma ideal ou possível e desenvolver um plano em busca da situação desejada, esse plano deve
ser monitorado e avaliado.

Agora é importante conhecer as diferenças entre esses dois métodos de planejamento.

1.1 Planejamento Normativo

No planejamento normativo, o sujeito planejador está fora da realidade do local que vai ser alvo do plano, desconsiderando a
realidade local, os determinantes sociais, os atores sociais e trabalhadores em saúde. O objetivo do plano é um problema técnico.

O seu caráter normativo estabelece o planejamento estanque e que generaliza as situações de saúde, desconsiderando a realidade
que é complexa.

Planejamento Estratégico Situacional

O Planejamento Estratégico é uma concepção, em que na elaboração de modelos e planos a dimensão política é central. As relações
são analisadas e as orientações e estratégias são definidas, a partir de conjunturas e equilíbrios de poder existentes entre os atores
políticos e instituições (MATUS, 1993).

O Planejamento Estratégico Situacional passou a ser utilizado como um método que atende melhor as necessidades reais do
Planejamento em Saúde.

Matus desenvolveu o Planejamento Estratégico Situacional (PES). Esse modelo será apresentado em detalhes para uma maior
compreensão.
PLANEJAMENTO NORMATIVO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
É um problema técnico; É um problema entre pessoas;
Centrado na lógica da formulação; Centrado na lógica da realização;
Planos, programas e projetos expressam o desejável; Planos, programas e projeots expressam a possibilidade;
Dá muita importancia ao papel dos tecnicos; Destaca a importancia de integrar o aporte metodologico dos
A definição dos objetivos resulta no diagnóstico; diferentes profisionais com as expectativas, interesses e necessidades e
Importancia nas decisoes do sujeito planejador que está
problemas das pessoas envolvidas,
fora da realidade, considerada como objeto de
planejamento; A definição do objeto resulta do consenso social entre os
O centro do planejamento é um desenho e se expressa em diferentes atores sociais implicados no processo,
aspectos específicos da realidade social; Destaca a importancia da politica e da intervenção dos
O sujeito que realiza o plano tem capacidade de controlar a diferentes atores sociais;
realidade planejada; O centro do planejamento e a dinamica da condução não se
Não leva em conta, de maneira significativa, os oponentes, critalizam em um plano, levando em conta permanentemente as
obstaculos e dificuldades que condicionam a factibilidade do questões da conjutura política, economica e social;
planejamento; Os atores que planejam não controlam por si só a realidade
O ponto de partida é um modelo analítico que explica a planejada;
situação problema, expressa em um diagnóstico; Procura conciliar o conflito e o consenso como os fatores
O ponto de chegada é um modelo normativo, que expressa
atuantes dos processos sociais e que condicionam a realização do
o desenho do deve ser;
O sujeito que planifica está sobre e fora da realidade planejamento;
planejada; O ponto de partida é a situação inicial que explica a situação
O sujeito que planeja tem monopólio do plano problema, expresa em um diagnóstico.
O ponto de chegada é a situação objetivo que expressa a
realização do tempo e da imagem objetivo, que configura o horizonte
utópico;
O ator que planeja está inserido na realidade que planeja,
coexistindo com outros atores sociais que de algum modo, tambem
planejam;
Não há monopólio na elaboração do planejamento, mas a
coexistencia de vários planos
Matus destaca três fundamentos teóricos para compreensão do PES. Eles aparecem representados no Triângulo do
Governo. (Fonte: NACHIF, M. C. A.; ANDRADE, S.M.O. Planejamento em Saúde. Curso de especialização em Saúde da Família. 2018. )
Estes três pontos devem ser vistos em uma interrelação dinâmica e a análise do equilíbrio entre os três vértices do
triângulo. Permite avaliar as fragilidades da gestão, orientando os ajustes necessários, ou seja, se é preciso trabalhar
melhor o plano, se é preciso aumentar a governabilidade ou a capacidade de governo.

O triângulo de governo nos ajuda a refletir sobre como está se dando o processo de planejamento em nossa equipe.
Por exemplo, às vezes temos um bom plano (do ponto de vista da ciência), mas não temos o apoio da comunidade
ou do gestor, o que significa que não construímos governabilidade. Também existem os casos onde o gestor possui
governabilidade, mas não tem equipe preparada para executar o seu projeto de governo, o que significa dizer que não
possui capacidade de governo.

Observe que para o PES é importante compreender a interrelação entre os três vértices do triangulo, a fim de escolher
a melhor forma de executar o planejamento de suas ações.

O planejamento pode ser dividido em momentos, são eles:


Exemplo: Imagine que o gerente da unidade perceba que algum procedimento não está sendo executado da forma
adequada. Ele decide então reunir a equipe para avaliar a situação e verificar quais são as causas dos problemas,
perceba que esse é o momento explicativo. Após verificar quais são as causas do problema, a equipe elabora um
conjunto de possíveis soluções. Essas soluções são descritas em objetivos que são ações necessárias para
resolver as causas e assim encerrar o problema, veja que esse é o momento normativo. Com as possíveis soluções
descritas no Plano de Ação, a equipe pode discutir com os outros atores, com objetivo de avaliar a viabilidade e os
recursos necessários para implantar a ação. Agora, após esses momentos, com os planos discutidos e validados
pelos atores envolvidos no processo, é hora de executar o plano, estabelecendo as formas de monitoramento e
avalição das ações. Após o conhecimento sobre o planejamento e seus principais conceitos, agora é o momento de partir para
uma análise situacional.

1.2 Análise Situacional

A análise situacional é uma ferramenta usada para compreender uma realidade, classificando as necessidades e os principais
problemas de um território, em que se pretende produzir o cuidado à pessoa.

A análise situacional é um conjunto de ações e análises que irá auxiliar os gestores a avaliarem profundamente sua unidade de
saúde, conseguindo detectar seus pontos fortes e fracos. Com isso, seria possível identificar e até mesmo prevenir problemas, bem
como encontrar soluções mais corretas para resolvê-los (CAMPOS; FARIA e SANTOS, 2010) .

O desafio da análise situacional é levantar dados, transformá-los em informação para produzir conhecimento que subsidie o
Planejamento em Saúde. Inicialmente deve-se caracterizar o território, a distribuição da população por sexo e faixa etária, os
principais determinantes sociais que possam impactar negativamente na saúde das pessoas, os recursos comunitários, a situação
socioeconômica, dentre outras informações de relevância.

O que move a análise situacional são as perguntas e essas perguntas devem fazer com que o grupo conheça o território em que
atua, portanto para um bom Planejamento em Saúde, o grupo precisa saber:
Identificar,

Descrever, e

Explicar.

A partir dos principais problemas de saúde em um determinado território, deve-se buscar definir prioridades quanto às soluções para
reduzir esses problemas e elaborar um Plano de Ação baseado nessas prioridades.

Para fazer a análise situacional são necessárias informações confiáveis que produzam conhecimentos válidos para o planejamento.
Para isso, devemos utilizar ferramentas que serão apresentadas.
Existem muitas ferramentas para realizar a análise situacional. Apresentaremos o método de Estimativa Rápida, que além de ser
eficiente em custos, é rápida e contribui para a participação da comunidade.

Estimativa Rápida
A Estimativa Rápida é um modo para obtenção de informações sobre um conjunto de problemas e dos recursos disponíveis para o
seu enfrentamento, em um curto período de tempo e sem altos gastos. Para executar uma estimativa rápida, devem-se utilizar três
princípios:

1
Não coletar dados excessivos ou desnecessários.

2
Adaptar as investigações para que elas reflitam as condições e especificidades locais.

3
Envolver as pessoas da população tanto na definição de seus problemas quanto na identificação das possíveis soluções.
AS PRINCIPAIS FONTES DE DADOS PARA REALIZAÇÃO DE UMA ESTIMATIVA RÁPIDA SÃO:

 registro escritos existentes ou fontes secundárias;


 Entrevistas com lideranças e pessoas que conhecem a comunidade, utilizando roteiros ou questionários curtos;
 Observação ativa da área.

QUESTÕES DE ORDEM PRÁTICA


Para utilizar o roteiro de entrevistas, devem-se observar algumas questões de ordem prática, como seguem:
Quem são os possíveis informantes- chave?
 Trabalhadores dos equipamentos públicos locais (serviços de saúde, escolas, creches, etc);
 Lideres comunitários: diretores de organizações comunitárias, lideres religiosos, lideranças de grupos femininos ou de jovens,
etc;
 Comerciantes, donos de estabelecimentos de diversão, donos de farmácias;
 Organizações não- governamentais que atuam na região;
 Curandeiros, benzedeiras, parteiras, etc.

RECOMENDAÇÕES PARA FORMULAÇAO DE PERGUNTAS:

 Questoes abertas, que estimulem o entrevistado a responder de modo livre;


 Cada pergunta deve referir-se a uma única ideia;
 Ser formulada com palavras simples e claras e ser tão curta quanto possivel;
 Deve-se evitar perguntas que influenciem a resposta

HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA REALIZAR UMA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA:

 Boas maneiras na saudação, apresentando-se e dizendo ao informante qual a finalidade da entrevista;


 Não ser crítico as respostas do informante;
 Verificar com o informante se ele compreendeu corretamente os pontos importantes apresentados na entrevista;
 Pedir detalhes sobre questões importantes;
 Praticar bastante e fazer pré-testes para melhorar as habilidades de entrevistador.

Que tal agora visualizar as etapas de uma estimativa rápida?

ELABORAR PERFIL DE PLANEJAMENTO


COMO?

Levantar informações nos diálogos entre técnicos e membros da população.

Utilizar o bloco de informações para um perfil de planejamento

POR QUÊ?

Reconhecer a situação da saúde das pessoas que vivem em uma área geograficamente definida e que pode servir como referência para identificar as intervenções necessárias para melhorar essa situação.

DIRETRIZES PARA A COLETA

COMO?

Reuniões das equipes multiprofissionais e intersetoriais e com a participação da comunidade para definir quais informações são relevantes, e assim definir uma lista de perguntas sobre o território que contribuam
para o perfil de planejamento. Depois se deve decidir sobre a forma de coleta (entrevista, observação e/ou registros existentes).

POR QUÊ?
O planejamento correto irá depender das informações corretas sobre o território. Portanto, definir claramente as informações relevantes contribui para um diagnóstico mais acurado.

DESENVOLVIMENTO DO CRONOGRAMA DE TRABALHO

COMO?

O cronograma deve identificar as etapas e o tempo de trabalho de cada participante. Definir quem será entrevistado (trabalhadores da equipe de saúde, líderes comunitários, líderes religiosos, organizações
comunitárias, trabalhadores das escolas, moradores antigos, comerciantes, lideranças informais, etc.)

POR QUÊ?

O cronograma é ferramenta necessária para acompanhar o desenvolvimento da estimativa rápida e cumprir o prazo.

ANÁLISE DOS DADOS

COMO?

Como os dados são qualitativos, a dificuldade de interpretação é maior. Para tanto, deve ser organizada em três fases: 1 – identificação das categorias; 2 – classificação das respostas; interpretação das
descobertas. Essas informações podem ser agrupadas nos blocos de informações do perfil de planejamento.

POR QUÊ?

Utilizar as informações obtidas e interpretadas seguindo a estrutura do bloco de informações, para subsidiar os planos de ação.

Fonte: elaborado pelos autores Campos, Faria e Santos, com base em Planejamento e Avaliação das Ações em Saúde, NESCON (2010).

Perceba que ao final da Estimativa Rápida, a unidade terá um Bloco de Informações para um perfil de planejamento, que se
aproximará ao retrato do território. Entretanto, para fazer uma boa estimativa rápida, são necessários alguns cuidados. Na Figura 2
são identificados alguns temas e perguntas a serem realizadas.

Figura 2. Temas e perguntas para estimativas rápidas


TEMAS INFORMAÇÕES

Composição da população (por sexo, por faixa etária);


Informações sobre a população Organização e estruturas (grupos e suas relações);

Capacidade de ação da população (mobilização, atuação conjunta,


etc.).

Informações sobre o ambiente (físico e socioeconômico) Ambiente físico: habitação, saneamento, ocupação do solo,
e o perfil de doenças pavimentação, etc.;

Ambiente socioeconômico: nível de escolaridade, renda, inserção no


mercado de trabalho etc.;

Perfil de doenças: principais causas da morbimortalidade.

Informações sobre os serviços Serviços de saúde e ambientais: acessibilidade, cobertura,


qualidade;

Serviços sociais: creches, centros sociais, escolas, áreas de


recreação, etc.
TEMAS INFORMAÇÕES

Informações sobre a política de saúde Vontade política;

Evolução da política do governo local em relação à saúde e


problemas a ela relacionados;

Orçamentos.

Fonte: elaborado por Campos, Faria e Santos, com base em Planejamento e Avaliação das Ações em Saúde, NESCON (2010).

Com a definição das informações necessárias, pode-se construir um quadro contendo as informações, as possíveis fontes e os
responsáveis pela coleta dessas informações/dados, bem como os prazos para apresentação de dados coletados. Observe o
exemplo na Tabela 1.

Tabela 1. Fontes de informações para a Estimativa Rápida


FONTE
INFORMAÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO
ENTREVISTA OBSERVAÇÃO REGISTROS

DEFINIDO
CONDIÇÕES DE MEMBRO
SIM SIM PREFEITURA/IPTU PELA
MORADIA DA EQUIPE
EQUIPE

DEFINIDO
MEMBRO
RENDA FAMILIAR SIM --- IBGE PELA
DA EQUIPE
EQUIPE

ABASTECIMENTO E DEFINIDO
COMPANHIA DE MEMBRO
ARMAZENAMENTO SIM SIM PELA
ÁGUA, IBGE DA EQUIPE
DE ÁGUA EQUIPE

SECRETARIA DE
DEFINIDO
SAÚDE E SISTEMAS MEMBRO
MORTALIDADE SIM --- PELA
DE INFORMAÇÃO EM DA EQUIPE
EQUIPE
SAÚDE

Fonte: elaborado por Campos, Faria e Santos, com base em Planejamento e Avaliação das Ações em Saúde, NESCON
(2010).
Deve-se levar em conta que os dados disponíveis no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) podem não estar tão
atualizados, portanto observar o território e fazer boas entrevistas é fundamental para um bom diagnóstico. Uma fonte de dados que
deve auxiliar a equipe no planejamento são os dados registrados no sistema eletrônico do serviço de saúde. Procure analisar os
dados de produção, número de famílias cadastradas, doenças autor referidas e outras. Um dos sistemas eletrônicos utilizados é o
Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC).

PARA SABER MAIS!

O e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) é uma estratégia para reestruturar as informações da saúde na Atenção Básica em nível
nacional. A qualificação da gestão da informação é fundamental para ampliar a qualidade no atendimento à população. A estratégia
e-SUS faz referência ao processo de informatização qualificada do SUS em busca de um SUS eletrônico.

O sistema de software público e-SUS AB é um sistema de apoio à gestão do processo de trabalho que pode ser utilizado da seguinte
forma:

O sistema e-SUS AB foi desenvolvido para atender às necessidades de cuidado na Atenção Básica. Logo, o sistema poderá ser
utilizado por profissionais das equipes de AB, pelas equipes dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-
AB), do Consultório na Rua (CnR) e da Atenção Domiciliar (AD), oferecendo ainda dados para acompanhamento de programas
como Saúde na Escola (PSE) e Academia da Saúde.
DESENVOLVIMENTO DO PLANO DA ENTREVISTA:

 Levantar quais os informantes-chave a serem entrevistados;


 Estimar a quantidade de horas de trabalho dos membros da equipe;
 Elaborar um questionario semiestruturado. São indicados questionarios semi-estruturado, pois o entrevistado tem mais
liberdade para falar

COLETA DE INFORMAÇOES E ROTEIRO DE ENTREVISTA:

 No questionario deve ser explicada a razao da entrevista;


 O roteiro deve ter os dados para identificação do informante-chave;
 O roteiro deve ter perguntas mais simples e menos controversas;
 O roteiro deve ter fluidez, ou seja, seguir uma linha;
 É importante fazer um pré-teste para ver a clareza das perguntas;
 Vale aproveitar para fazer a observação do territorio quando for a campo fazer entrevistas.

ANALISE DE RESULTADOS

 Identificar as categorias, ou seja, sentenças que indiquem quais os principais problemas;


 A classificação das respotas deve ser feita em equipe, assims erá possivel levantar a quantidade de entrevistados por
categorias identificadas;
 Interpretar os resultados e comparar com as demais fontes de dados;
 Agrupar as informaçoes nos blocos do perfil de planejamento

Apresentação dos resultados:


 Preparar o relatorio situacional de saude do territorio, utilizando as informações obtidas nas fontes de dados utilizados

ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO:

 Definir claramente os problemas de saude encontrados;


 Ordenar por prioridade;
 Elaborar um plano de ação para cada problema.

Fonte: elaborado por Campos, Faria e Santos, com base em Planejamento e Avaliação das Ações em Saúde, NESCON (2010).

FIQUE ATENTO!

A observação do território sobre diversos aspectos, como, por exemplo, as questões sociais e de infraestrutura são muito importantes para o diagnóstico situacional em saúde. As equipes das unidades devem
manter registros atualizados sobre o território, pois as informações servem também para validar ou invalidar os conteúdos das entrevistas.

1.3 Plano de Ação

Após a análise situacional é importante elaborar um Plano de Ação, que é uma ferramenta de gestão muito utilizada para
planejamento de ações e acompanhamento de atividades necessárias para o atingimento de um resultado desejado. Ele permite o
acompanhamento da execução das atividades mais importantes para se alcançar determinados objetivos e metas, mas antes disso
é importante identificarmos os principais problemas observados e priorizá-los.

Uma maneira de priorizar os problemas, os quais deverão ser enfrentados, é através da construção de uma planilha em que os
mesmos serão analisados. Podem-se considerar os seguintes critérios: atribuindo valor ao problema (alto, médio, baixo); distribuindo
pontos conforme a sua urgência; definindo se o problema está fora, dentro, ou parcialmente dentro da capacidade da equipe;
classificando conforme esses critérios. Observe a Tabela 2.

Tabela 2. Priorização dos Problemas

Fonte: elaborado por Campos, Faria e Santos, adaptado de Planejamento e Avaliação das Ações em Saúde, NESCON (2010).
É necessário que se avalie a urgência de resolver um determinado problema, a pontuação é em ordem crescente, quanto maior o
valor, maior a urgência.

Veja que no caso da gravidez na adolescência, a capacidade de enfrentamento é parcial, pois depende da ação do usuário e não
podemos esquecer que muitas vezes os problemas estão relacionados. O desemprego, apesar de ser uma situação que impacta
diretamente na qualidade de vida do indivíduo, está fora da governabilidade da equipe de saúde.

Após escolher o problema é preciso selecionar as possíveis causas para elaborar um Plano de Ação que a equipe possa executar.
Para levantar as causas é interessante construir uma árvore explicativa, em que o caule é o problema, as causas, a raiz e as
consequências, a copa. Veja a figura abaixo.

Figura 3. Árvore Explicativa


Fonte: Planejamento na Atenção Básica, Lacerda, Botelho, Colussi (2016).

As causas e consequências podem ser demonstradas também com o uso de um fluxograma situacional conforme proposto por
Matus, com a utilização de quadros e setas. Conforme a Figura 4. Figura 4. Rede explicativa de problema
Fonte: extraído de Planejamento na Atenção Básica, UFSC (2016).

Agora com as causas do problema definidas é hora de elaborar o Plano de Ação, em que a equipe define o que será feito para lidar
com o problema de saúde do paciente.

Para praticar, elabore um Plano de Ação para atuar nessa situação. Veja que um dos caminhos é realizar palestras educativas com
as adolescentes, mas existem outros caminhos. Seja criativo nas propostas do plano!

Após o contato com o PES, fica evidente a necessidade de executar todos os seus momentos, partindo do momento explicativo, em
que o objetivo é conhecer a situação atual, assim o diagnóstico pode ser executado através da estimativa rápida e com o uso de
informações dos sistemas de informações em saúde, isso ajudará na identificação dos problemas. O uso de uma árvore
explicativa e uma análise para a priorização dos problemas ajudará a priorizar as ações. No momento normativo, a equipe formula
as possíveis soluções para enfrentar os problemas identificados. Assim, será preciso verificar a viabilidade da proposta e mobilizar
os atores em prol da execução de um Plano de Ação (momento estratégico), e finalmente o momento tático operacional para executar
o plano.

Observa-se que para executar os planos de forma organizada, cumprindo prazos e dividindo responsabilidades, monitorando as
ações e ao final avaliando os resultados, pode-se utilizar ferramentas de planejamento. Essas ferramentas foram apresentadas ao
longo do PES como a estimativa rápida, a árvore explicativa, a rede explicativa de problemas e a figura de priorização de problemas.
Agora, o foco será o Plano de Ação, ferramenta muito utilizada no Planejamento em Saúde.

As ações devem ser monitoradas e avaliadas, portanto é importante observar o que vem a ser esses dois termos. Mas antes, vamos
conhecer o Modelo Lógico, que pode ser utilizado para elaborar o planejamento das ações após a definição do problema.

1.4 O Modelo Lógico

O Modelo Lógico (ML) fornece uma linguagem comum entre os responsáveis pelas ações e ajuda a identificar variáveis relevantes,
sendo uma ferramenta importante para documentar a descrição e análise dos fatores contextuais do problema a ser enfrentado; da
estrutura e dos componentes centrais do planejamento; das conexões entre estes componentes; das atividades e recursos previstos;
e dos resultados esperados (IPEA, 2010).

Os elementos do modelo lógico são: recursos, ações, produtos, resultados intermediários e finais (IPEA, 2010). O ML deve ser
construído seguindo as seguintes etapas:
No momento de contextualização, é interessante descrever fatores do contexto, tanto os favoráveis, quando os desfavoráveis. O preenchimento
segue os seguintes passos: tomando como referência que determinada atividade do projeto é realizada de acordo com uma premissa, é obtido um
resultado imediato que atende a um objetivo específico, e este contribui para o alcance do objetivo geral. A lógica da matriz é toda referenciada
por objetivos e suas metas. Uma vez identificados estes componentes do projeto, são definidos os indicadores e os seus meios de verificação
(fontes) para complementar o preenchimento da matriz lógica (IPEA, 2010).

Veja a Matriz do Modelo Lógico na Tabela 3.

Tabela 3. Matriz do Modelo Lógico

DESCRIÇÃO METAS INDICADORES MEIOS DE VERIFICAÇÃO PREMISSAS


(Fontes) (Fatores de Risco)

Metas de
Objetivo Geral:
Impacto:

Metas de
Objetivo Específico:
Efetividade:

Metas de
Resultados Imediatos:
Desempenho:

Metas
Atividades:
Operacionais:

Fonte: Como elaborar Modelo Lógico: roteiro para formular programas e organizar avaliação, IPEA (2010).
Após o preenchimento da matriz lógica, o próximo passo é construir a estrutura lógica, que indicará àquilo que é necessário à
execução do projeto.

A estrutura lógica deve ser seguida para que os objetivos propostos sejam atingidos. Veja na Tabela 4, como é possível construir a
estrutura lógica.

Tabela 4. Estrutura Lógica

RECURSOSAÇÕESPRODUTOSIMPACTOSRESULTADOSINTERMEDIÁRIOSRESULTADOFINAL

Fonte: elaborada pelos autores, baseado em Como elaborar Modelo Lógico: roteiro para formular programas e organizar avaliação,
IPEA (2010).

Quando estamos trabalhando com ações mais complexas na Unidade de Saúde, o Modelo Lógico pode ser uma ótima ferramenta.
Nesse sentido, para atingir um objetivo geral, essas ações envolvem recursos, dependem de diversas ações, são compostos de
resultados intermediários, para então atingir um resultado final e gerar os impactos esperados.

Para aprofundar o conhecimento, leia o material: Como elaborar o Modelo Lógico: roteiro para formular programas e organizar
avalição (IPEA, 2010).

1.5 Monitoramento

O monitoramento envolve coleta, processamento e análise sistemática e periódica de informações e indicadores de


saúde selecionados, com o objetivo de observar se as atividades e ações estão sendo executadas conforme o planejado e estão
tendo os resultados esperados (BRASIL, 2005, p. 20).

1.6 Avaliação
A avaliação pode ser entendida como uma atividade que envolve a geração de conhecimento e a emissão de juízos de valor sobre
diversas situações. É importante para retroalimentar o planejamento, ou seja, avaliar se o que foi executado atingiu o resultado
esperado.

1.7 Indicadores de Saúde

Cabe aqui uma definição dos indicadores de saúde. Os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre
determinados atributos e dimensões do estado de saúde. Eles devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a
vigilância das condições de saúde.

Foi proposto pelo Projeto de Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde (PROADESS) um modelo que permitisse compreender
os fatores que influenciam a eficiência, a efetividade e a equidade no desempenho do SUS e como eles se relacionam. O quadro
teórico-conceitual do PROADESS é composto por dimensões e subdimensões, estas últimas, operacionalizadas por indicadores de
saúde, socioeconômicos, demográficos e de desempenho (ALBUQUERQUE E MARTINS, 2017). Na Figura 5 você observa as
dimensões e subdimensões.

O Projeto de Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde (PROADESS) é um sistema desenvolvido pelo ICICT FIOCRUZ,
que instrumentaliza os gestores de saúde. O sistema produz subsídios para o planejamento de políticas, programas e ações de
saúde para gestores de todas as esferas administrativas e dissemina informações sobre o desempenho do SUS. Tem como objetivo
contribuir para o monitoramento e avaliação do sistema de saúde brasileiro. Nele, você poderá visualizar indicadores de saúde em
seu estado.

Para saber mais acesse: https://www.proadess.icict.fiocruz.br/

PROADESS

Figura 5. Matriz de Dimensões da Avaliação de Desempenho do Sistema de Saúde


Fonte: PROADESS (2017).
Nota: Equidade é o eixo que conta transversalmente todas as dimensões. Portanto, todas elas devem ser analisadas segundo essa perspectiva, utilizando as variáveis e indicadores mais apropriados a cada
uma delas.

Ao analisar os indicadores, é importante associar as informações levantadas no diagnóstico situacional com os indicadores do
Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB).

Os indicadores definidos e pactuados entre Ministério da Saúde, Governos Estaduais e Municipais para o monitoramento das ações
e serviços de saúde ofertados à população no âmbito da Atenção Primária em Saúde, podem ser divididos em indicadores principais
e indicadores complementares.
Indicadores Principais

1. Número absoluto de óbitos em menores de um ano de idade.

2. Taxa de mortalidade infantil.

3. Proporção de nascidos vivos com baixo-peso ao nascer.

4. Proporção de óbitos em menores de um ano de idade por causas mal definidas.

5. Taxa de internação por infecção respiratória aguda em menores de cinco anos de idade.

6. Homogeneidade da cobertura vacinal por tetra valente em menores de um ano de idade.

7. Taxa de mortalidade materna.

8. Proporção de nascidos vivos de mães com quatro ou mais consultas de pré-natal.

9. Proporção de óbitos de mulheres em idade fértil investigados.

10. Razão entre exames citopatológicos cérvico-vaginais em mulheres de 25 a 59 anos e a população feminina nesta faixa etária.

11. Taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC).


12. Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares.

13. Taxa de internação por cetoacidose e coma diabético.

14. Proporção de abandono do tratamento de tuberculose.

15. Proporção de abandono do tratamento de hanseníase.

16. Taxa de detecção de casos de hanseníase.

17. Cobertura de primeira consulta odontológica.

18. Razão entre os procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos.

19. Proporção da população coberta pelo Programa Saúde da Família (PSF).

20. Média anual de consultas médicas nas especialidades básicas por habitante.

Fonte: Indicadores do Pacto da Atenção Básica, 2003.

Indicadores Complementares

1. Número absoluto de óbitos neonatais.

2. Taxa de mortalidade infantil neonatal.

3. Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de colo do útero.

4. Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de mama.

5. Proporção de nascidos vivos de mães com sete ou mais consultas de pré-natal.

6. Taxa de internação por Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC).

7. Taxa de internação por diabetes.


8. Taxa de incidência de tuberculoso pulmonar positiva.

9. Taxa de mortalidade por tuberculose.

10. Proporção de cura dos casos novos de hanseníase diagnosticados.

11. Taxa de prevalência da hanseníase.

12. Proporção de grau de incapacidade I e II registrados no momento do diagnóstico.

13. Proporção de exodontias em relação às ações odontológicas básica individuais.

14. Média mensal de visitas domiciliares por família.

Fonte: Indicadores do Pacto da Atenção Básica, 2003.

Agora que você estudou como realizar o planejamento, é necessário que coloque em prática. Reúna sua equipe de saúde e faça a análise situacional de saúde de seu território.

Quais são os principais problemas de sua comunidade? Quais são as possíveis soluções? Que tipo de ação poderia ser realizada? Quais são os critérios de avaliação? Quais estratégias serão
adotadas para cooptar a participação da comunidade?

1.8 Sistemas de Informações de Saúde

Os Sistemas de Informação em Saúde são sistemas padronizados de monitoramento e coleta de dados. Eles fornecem informações
para análise de importantes problemas de saúde da população, subsidiando a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e
federal.

As informações disponíveis nos sistemas de informações contribuem para o Planejamento em Saúde. Infelizmente, o sistema traz
os dados do município, não sendo possível a desagregação por territórios.
1. SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE MORTALIDADE (SIM):
Possibilita a captação de dados sobre mortalidade, de forma abrangente, para subsidiar as diversas
esferas de gestão na saúde publica.

2. SISTEMA DE INFOR. SOBRE NASCIDOS VIVOS (SINASC):


Possibilita a captação de dados sobre nascidos vivos.

3. SISTEMAS DE INFOR. DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN):


Coleta, transmite e dissemina dados gerados rotineiramente pelo sistema de vigilância epidemiológica,
nas três esferas do governo.

4. SISTEMAS DE INFOR HOSPITALARES DO SUS (SIH/SUS):


São informados os dados de internações no âmbito do SUS.

5. SISTEMAS DE INFOR. AMBULATORIAIS DO SUS (SAI/SUS):


Captação e processamento das contas ambulatoriais do SUS.

6. CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE (CNES):


Registra as características dos estabelecimentos, tais como tipo, leitos, serviços, equipamentos. O
sistema registra também a mantenedora, habilitações, sua forma de relacionamento com o SUS e seus
profissionais dos estabelecimentos, com ou sem vínculo empregatício.

7. SISTEMA DE INFOR. DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (SI-PNI):


Permite a avaliação dinâmica do risco quanto a ocorrência de surtos ou epidemias. Possibilita também o
controle do estoque de imunobiológicos para a programação da aquisição.

8. SISTEMA DE INFOR. SOBRE ORÇAMENTOS PUBLICOS EM SAUDE (SIOPS):


Subsidia o planejamento, gestão, avaliação e o controle social do financiamento e do gasto publico em
saúde nas três esferas de governo, por meio da formação e manutenção de um banco de dados sobre
receitas e despesas com ações e serviços de saúde.

9. SISTEMA DE INFOR. EM SAUDE DA ATENÇÃO BÁSICA (SISAB) E O E-SUS:


Sistema de software publico e-sus AB é um sistema de apoio a gestão do processo de trabalho. Ele
pode servir de apoio ao planejamento de atividades por profissionais das equipes de AB, pelas equipes
dos núcleos de apoio a saúde da família (nasf), consultório na rua (CnR) e da atenção domiciliar (AD),
oferecendo ainda ddos para acompanhamento de programas como saúde na escola (PSE) e Academia
da Saúde (PORTAL DA SAÚDE, 2012).

UNIDADE 3- O PLANEJAMENTO NO ESPAÇO DOS SERVIÇOS DE SAUDE

Nas unidades anteriores, você foi apresentado(a) à temática do Planejamento em Saúde, seus fundamentos, métodos e instrumentos
formais utilizados no SUS, especialmente nos espaços e pelos atores da gestão pública da saúde.

Agora, você poderá se aproximar do Planejamento em Saúde em uma perspectiva mais próxima da dinâmica dos serviços de saúde,
cujo cotidiano tem algumas diferenças, na medida em que os serviços, diferentemente dos espaços formais de gestão, lidam
diretamente com os usuários, suas demandas, necessidades e sofrimentos.
Neste sentido, utilizaremos a Atenção Primária em Saúde (APS) como cenário para abordar o planejamento, porque os seus
serviços, chamados genericamente de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF), são o tipo
predominante de estabelecimento de saúde no SUS. E também porque a APS representa e materializa, em grande parte, o ideário
da reforma sanitária brasileira, da saúde coletiva e os princípios e diretrizes do SUS.

O que preciso saber sobre a Atenção Primária em Saúde para pensar em seu planejamento?

A APS começou a ser pensada nas décadas iniciais do século XX, especialmente na Inglaterra, como um tipo de serviço
descentralizado, acessível para todos, operado por médicos gerais, e com retaguarda de diferentes serviços especializados,
conformando uma rede de atenção regional (cobrindo um dado território), com integração de ações preventivas, curativas e de
reabilitação, e tendo gestores (chamados de autoridades sanitárias) com responsabilidade definida.Cerca de duas décadas depois,
quando as condições políticas estavam mais favoráveis a tal ideia, foi então criado e implantado o que até hoje conhecemos como
o Serviço Nacional de Saúde inglês (NHS, sigla em inglês), que serviu de base para outros países do mundo que adotaram sistemas
públicos e universais de saúde, inclusive o Brasil.

Outro marco histórico internacional importante para a APS foi a Conferência Internacional de Alma-Ata em 1978, no qual os países
presentes, a partir de uma concepção ampliada de saúde, construíram a ideia da “saúde para todos no ano 2000”, bem como os
chamados “cuidados primários de saúde” como estratégia fundamental para a organização dos sistemas de saúde. No entanto,
sabemos que, na prática, houve desdobramentos heterogêneos nos países, ora com uma atenção primária seletiva, ora com uma
atenção primária abrangente.

E no Brasil?

Antes do SUS, a APS já era um tema considerado chave para o movimento da reforma sanitária e a saúde coletiva, com experiências
em diferentes cidades e estados do país. No processo de implantação do SUS, na década de 1990, o modo escolhido para
operacionalizar a APS foi inicialmente o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), posteriormente reordenados no
Programa de Saúde da Família (PSF), que adotou o formato de equipes de saúde da família (EqSF) com agentes de saúde, médico,
enfermeiro e auxiliar de enfermagem, passando a se chamar, depois, de Estratégia de Saúde da Família (ESF), a partir de proposta
para reorientar o sistema de saúde.
De lá para cá muitas ações aconteceram. A ESF expandiu-se em todo o país, muitas iniciativas de formação de profissionais para a
APS foram criadas, implantaram-se sistemas de informação, foram criados os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF,
atualmente denominados de Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica- NASF-AB), ampliaram-se os formatos de
equipes (até Consultórios na Rua e Equipes de Saúde da Família Fluviais existem!), foi criado o Programa Médicos pelo Brasil
(MEDIDA PROVISÓRIA Nº 890, DE 1 DE AGOSTO DE 2019), e o programa Saúde na Hora.

PORTARIA Nº 930, DE 15 DE MAIO DE 2019.

Esta Portaria institui o Programa "Saúde na Hora" no âmbito ESF, implementando no SUS o horário estendido de funcionamento
das Unidades de Saúde da Família (USF).

São objetivos do Programa: ampliar a cobertura da ESF; ampliar o número de usuários nas ações e nos serviços promovidos nas
USF; reduzir o volume de atendimentos de usuários com condições de saúde de baixo risco em unidades de pronto atendimento e
emergências hospitalares.

Para saber mais: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n%C2%BA-930-de-15-de-maio-de-2019-104562211


PARA SABER MAIS!

Atenção: Se você quiser saber sobre a Política Nacional de Atenção Básica ou Atenção Primária, acesse o seguinte endereço:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/MatrizesConsolidacao/Matriz-2-Politicas.html

Mas o que caracteriza a Atenção Primária em Saúde?

Internacionalmente, a APS é muita conhecida a partir de alguns atributos: o primeiro contato com usuários, como porta de entrada
do sistema de saúde; a abrangência ampliada de ações, ou visão integral; a longitudinalidade do cuidado, como acompanhamento
ao longo do tempo; a coordenação do cuidado, gerindo fluxos e articulando ações de cuidado dentro e fora da APS; a orientação
familiar; a competência cultural e a orientação comunitária (STARFIELD, 2002). A noção de abordagem centrada na pessoa (e não
em doenças ou partes do corpo apenas), também é chave para a APS, bem como para a Medicina de Família e Comunidade (MFC).
No Brasil, além de considerar estes atributos, são também marcantes, em nossa APS, o caráter territorial dos serviços (muito próximo
do contexto de vida das pessoas e grupos sociais), a adscrição de clientela (equipes responsáveis por pessoas que vivem em
determinados locais), a função de porta de entrada preferencial do SUS, o trabalho em equipe multiprofissional (buscando ampliar a
capacidade de cuidado, e também equilibrar as relações de poder entre diferentes profissões). Espera-se ainda que a APS realize
ações individuais e coletivas, sem dicotomia entre elas, por meio de práticas como promoção, prevenção, cura, reabilitação e redução
de danos.
PARA SABER MAIS!

Para saber mais sobre APS, sugerimos ver os seguintes livros:

Manual de Práticas de Atenção Básica, organizado por Campos,GWS e Guerrero, AVP, editora Hucitec.

Atenção Primária à Saúde no Brasil: conceitos, práticas e pesquisas. Organizado por Mendonça, MHM e colaboradores, editora Fiocruz.

Você frequenta alguma unidade de saúde da sua cidade? O que você pensa sobre a atenção primária da sua cidade? Em que medida ela se aproxima ou se afasta destes atributos, princípios e
diretrizes?
Vamos voltar , então, ao planejamento na APS

Agora que você conheceu ou relembrou um pouco mais sobre a APS, vamos continuar a conversa sobre o ato de planejar em um
serviço de saúde.

Inicialmente, no planejamento de um serviço é importante (se) fazer algumas perguntas:


Pois bem, abordaremos diferentes dimensões e etapas de um processo de
planejamento: o seu foco, a periodicidade, as fontes de informação utilizadas, as
estratégias e metodologias para planejar o acompanhamento e a gestão do plano.
Vamos lá!

1.1 O foco do planejamento em uma USF

No cotidiano do trabalho em uma unidade de saúde, surgem diversos problemas que devem ser trabalhados para melhorar a
resolutividade do trabalho, impactando, desta forma, na qualidade da atenção prestada ao usuário do serviço de saúde.
Genericamente, podemos dividi-lo em dois grupos (que são de governabilidade local):

Problemas internos da unidade de saúde

1 As questões internas da unidade, o seu processo de organização, funcionamento e gestão. Esse tipo de foco pode
ser necessário, por exemplo, quando a(s) equipe(s) e o serviço estão muito desorganizados, precisando se arrumar
internamente, se rever. No entanto, este foco tem um risco e requer um cuidado: o risco é de focar nos trabalhadores
e na organização e esquecer a população, os usuários do serviço, mesmo sem ter esta intenção. Isto pode levar o
foco para problemas intermediários que não necessariamente dialogam com uma importante razão de ser do
serviço de saúde: cuidar das pessoas. Para evitar que isto aconteça, pode-se usar como tática a criação de algum
mecanismo que faça os profissionais pensarem sobre os usuários (por exemplo, se perguntar e discutir em grupo:
como isso pode impactar no acesso e no cuidado dos usuários? O que os usuários pensam sobre isso?). E,
oportunamente, fazer um planejamento como será explicado a seguir.
Problemas e necessidades de saúde da população sob responsabilidade da USF

Neste caso, partimos da situação de saúde e dos problemas do território para pensar o
planejamento. Este tipo de foco nos conecta com nossa missão mais geral: produzir saúde.
2
Além disso, pode fazer com que a organização do processo de trabalho em uma UBS e as
ações realizadas pelos profissionais sejam mobilizadas pelas necessidades dos usuários,
ainda que algumas questões mais internas também possam ser incluídas. Um dos cuidados a
tomar, no entanto, é não ignorar as questões internas, especialmente se elas forem chave
naquele momento ou para o enfrentamento de determinado tipo de situação. Uma equipe
desmotivada, com remuneração ruim ou atrasada, sem infraestrutura adequada, pode resistir
ou não se envolver com uma proposta de planejamento. Por sua vez, um processo de
planejamento, a depender de como for feito, pode mobilizar as pessoas, inclusive para
modificar processos internos do serviço. O outro cuidado diz respeito ao que vamos considerar
como problemas de saúde da população, e como vamos nos aproximar deles, visualizá-los.
Pensando nisso, vamos passar para um próximo aspecto-chave.

1.2 A periodicidade do planejamento

O planejamento pode se dar em momentos especificamente programados, ou no cotidiano. No primeiro caso, podemos pensar em
uma oficina ou reunião anual de planejamento da USF, na qual diversos elementos são abordados para construir um grande Plano
de Ação. Normalmente, esse tipo de planejamento inclui muita gente, precisa de metodologia e organização específica (às vezes
até de um mediador/facilitador externo), podendo inclusive requerer negociação com a gestão e/ou com a comunidade para diminuir
ou mesmo suspender temporariamente os atendimentos. Por isso mesmo, precisa ser pensado com antecedência, e não pode ser
feito a todo momento. Sua vantagem pode ser a construção não apenas de um plano mais geral, como também o envolvimento das
pessoas em um grande processo que gera um projeto coletivo, despertando vontade, criatividade, pactos e compromissos. Em
algumas USF, fazer esse tipo de planejamento uma vez por ano (no início do ano, por exemplo), pode ser interessante, mas não
deve ser visto como algo obrigatório, especialmente se a equipe ou unidade tiverem espaços regulares de discussão e deliberação.
O planejamento no cotidiano, por sua vez, tanto pode ser visto como um dos desdobramentos do planejamento mais geral quanto
como um processo que é feito para lidar com problemas ou situações específicas que acontecem em uma USF. Por exemplo: um
surto de dengue, casos frequentes de sífilis congênita ou problemas agudos no acesso em uma USF, podem ser objeto de um
processo de planejamento mais focado, rápido e oportuno (indo desde a análise da situação, até a formulação de intervenções). A
existência de espaços regulares de discussão e deliberação no âmbito das equipes ou da USF pode facilitar esse processo mais
dinâmico de planejamento, tornando-o um processo vivo, atento à realidade de cada momento.

1.3 Fontes de informação e subsídios para o planejamento

As questões importantes a tratarmos, aqui, tem a ver com duas perguntas principais: de quais informações precisamos?
Como podemos obtê-las?

Um dos modos de obter informações para um uso prático é a realização de estimativas rápidas, que estão ao alcance da equipe
de saúde. Para isso, sugerimos que você acesse a Unidade Métodos e Ferramentas do Planejamento em Saúde para estudar
ou rever esta técnica

Outra forma é a partir de indicadores de saúde, considerando a população total da unidade e alguns grupos em situação de maior
risco e vulnerabilidade (idosos frágeis, pessoas com doenças crônicas, gestantes, crianças muito novas, pessoas com sofrimento
mental importante, dentre outras). Vale lembrar, também, uma distinção clássica que se faz, entre indicadores de estrutura, de
processo e de resultado.

Os indicadores de processo, por exemplo, podem se referir mais à produção da unidade (proporção de consultas de demanda
espontânea sobre o total de consultas, por exemplo), que por vezes fala também do acesso. Já os indicadores de resultado se
referem à população (proporção de usuários diabéticos com hemoglobina glicosilada satisfatória, por exemplo). Os indicadores
costumam ser extraídos dos sistemas de informação alimentados pelos profissionais da unidade (por exemplo, e-SUS/SISAB, SIS-
PRENATAL, SINAN, dentre outros). Infelizmente, os sistemas de informação que temos no Brasil ainda são muito desintegrados,
embora algumas integrações tenham sido realizadas.

Por fim, especialmente para termos informações qualitativas, podemos e devemos lembrar que a conversa e a escuta também
podem dar um termômetro diferente e muito importante sobre a situação, ajudando a contextualizar os problemas e mesmo a
relativizar alguns dados quantitativos. Por exemplo, um profissional que realiza muitos atendimentos não necessariamente escuta
os usuários em sua singularidade, em seu sofrimento, e também pode não atuar de maneira colaborativa na sua equipe. Como
captar isso? Um dos modos é a escuta (nas reuniões de equipe e com a população, na sala de espera, no corredor, no território).
Outro exemplo é que, para um usuário com pressão arterial elevada, porém assintomática, pode não existir problema, ou o problema
ser algo que ele sente, que provoca sofrimento, e nem sempre isso coincide com o olhar do profissional. O que se escuta deve ser
valorizado, sem a obrigação de concordância automática, mas com a preocupação de problematizar, de refletir sobre o que se
escuta, de colocar em discussão, de modo cuidadoso.

1.4 Estratégias e Metodologias para planejar

Um dos elementos que costumam aumentar a qualidade, a legitimidade e a possível efetividade do planejamento é o envolvimento,
o pertencimento das pessoas ao processo. Planejar só para outros fazerem, ou executar só o que outros pensaram, pode ser um
grande limite do planejamento. Por isso, a participação de pessoas diretamente ligadas ao que é (ou será) objeto de participação é
algo que pode ser um pouco mais trabalhoso, mas pode resultar em maior envolvimento das pessoas, inclusive na execução das
ações. Fica então a lembrança: vale muito a pena cuidar com carinho dos momentos de preparação do planejamento, do antes,
durante e depois da elaboração de planos, criando estratégias que incentivem e favoreçam a efetiva participação, como chamadas
públicas no serviço (ou na comunidade), rodas de conversa, dinâmica de oficina de trabalho, recolhimento de sugestões, avaliação
ao final dos encontros, dentre outros.

Sobre os métodos e técnicas de planejamento, existem vários tipos, apresentados na unidade 2 (vale a pena estudar ou rever esse
assunto).

Uma lembrança importante é que o método tem que ajudar e não pode ser muito complicado para a realidade de uma USF, sob
pena de levar mais tempo tentando explicar (ou a entender e se adequar ao método) que efetivamente aproveitando a oportunidade
para planejar, para mudar a situação atual, para construir um futuro um pouco diferente (para melhor) que o presente, o qual é a
razão de ser do planejamento.

Um dos métodos utilizados na APS é o planejamento a partir de problemas. Podemos organizá-lo em algumas etapas, a saber:
1
Levantamento de problemas;
2

Explicação/compreensão dos problemas;


3

Escolha de nós críticos para atuação sobre cada problema analisado e escolhido para intervenção;
4

Elaboração de ações;
5

Definição de prazos e responsáveis, e


6

Definição dos indicadores de acompanhamento.

O quadro abaixo pode facilitar a visualização destas etapas, bem como a sistematização do planejamento e do plano dele decorrente:

AÇÕES RESPONSÁVEIS PERIODICIDADE INDICADORES PARA


PROBLEMA NÓ CRÍTICO
NECESSÁRIAS POR AÇÃO OU PRAZO DA AÇÃO ACOMPANHAMENTO

P1

P2
AÇÕES RESPONSÁVEIS PERIODICIDADE INDICADORES PARA
PROBLEMA NÓ CRÍTICO
NECESSÁRIAS POR AÇÃO OU PRAZO DA AÇÃO ACOMPANHAMENTO

Sobre o levantamento e explicação de cada problema, é muito útil a árvore de problemas, uma representação visual que tenta
representar o problema (colocado no meio), as causas (na raiz) e as consequências (em cima, nos galhos e folhas).

Algumas dicas:
Os resultados de alguns indicadores (na USF) podem compor parte do problema ou da sua caracterização.

É importante escolher problemas (e especialmente nós críticos) sobre os quais o ator que está planejando tem alguma governabilidade para intervir; as ações precisam ter redação clara e objetiva,
além de serem viáveis.

É importante definir precisamente os responsáveis por ação (indicando se ele/ela é responsável por executar ou por monitorar a ação).

Os indicadores de acompanhamento são evidências (na forma de indicadores, por exemplo) que indicam que o problema está sendo modificado com as intervenções realizadas.

Para mais detalhes, veja:

CECILIO, Luis Carlos de Oliveira. Uma sistematização de tecnologia leve de planejamento estratégico aplicada ao setor governamental. In: Agir em Saúde - um desafio para o público (Hucitec, 2a ed, São
Paulo, 2006).
PAIM, Jairnilson Silva. Planejamento em Saúde para não especialistas. In: Tratado de Saúde Coletiva (Hucitec - Fiocruz, 2006, São Paulo-Rio de Janeiro).

1.5 O acompanhamento e a gestão do plano

Convite para pensar:

Você já fez planos na vida? O que aconteceu com seus planos? Por que alguns planos dão certo e outros dão errado? Por que acontece de os planos às vezes mudarem? Pare e reflita um pouco.

Pensou? Agora siga com a leitura!

Sem acompanhamento e sem gestão do plano produzido, a equipe que fez o planejamento corre o risco de “morrer na praia”.
Nenhum plano se viabiliza por si, automaticamente, só pela riqueza de sua elaboração ou pelo nosso desejo. Se o plano não entrar
na agenda cotidiana da USF, ele dificilmente será viabilizado e, para isso, algumas pessoas (inclusive as responsáveis pela unidade)
precisam dar vida ao plano ao longo do tempo, fazendo ajustes de rota, mudanças de ações, quando a realidade for mudando.
Embora seja em boa parte desejável, o mais importante não é cumprir todas as ações mecanicamente, mas fazer tudo que a vida
vai mostrando ou confirmando que precisa ser feito, sem perder de vista que o que dá sentido à ação é a necessidade de enfrentar
um problema e de construir uma situação melhor.

Estamos chegando ao fim dessa unidade, e esperamos que você tenha conseguido relembrar alguns fundamentos do planejamento,
perceber especificidades da APS, e se familiarizado com algumas etapas do processo de planejamento que pode ser feito na unidade
de saúde.

UNIDADE 4- O QUE FAZER DIANTE DESTA SITUAÇÃO?


Nesta unidade, convidamos você a exercitar um pouco o que aprendeu, mas de um modo um pouco diferente. Como assim?
Utilizaremos um caso muito parecido com a vida real, no qual você será convidado a colocar sua capacidade de análise e de
intervenção em movimento. Vamos lá!

1.1 Situação Problema

Você mora e trabalha em um município de 110 mil habitantes, com densidade demográfica de 1,60 hab./km², mortalidade
infantil de 23,0 óbitos por mil nascidos vivos, em torno de 20% dos domicílios com esgotamento sanitário adequado, taxa
de escolarização (para pessoas de 6 a 14 anos) de 94.7% e cerca de 37% da população vive em domicílios com rendimento
per capita de até meio salário mínimo.

Nesta cidade existem 25 Unidades Básicas de Saúde (cobrindo em torno de 80% da população), além de 1 hospital com
ambulatório de especialidades anexo, 1 base do SAMU, 1 UPA, 1 CAPS Geral, 1 CAPS AD, além de áreas técnicas, incluindo
vigilâncias em saúde, na sede da Secretaria Municipal de Saúde.

A UBS na qual você está atuando se encontra em um bairro com áreas de vulnerabilidade social, em que a pobreza e a
violência são marcantes.

Atualmente, você e sua equipe enfrentam alguns problemas, dentre os quais se destacam:

1- Problemas no trabalho: alguns colegas de sua equipe estão muito insastisfeitos com o trabalho;
2- Problemas no trabalho: no ultimo ano, já passaram 2 medicos diferentes na sua equipe, que chegou a ficar três meses sem medico;
3- Gravidez na adolescência: há 3 anos, entre cada 10 gestantes, 3tem sido adolescentes;
4- Problemas relacionados a saúde mental: o numero de pessoas com problemas de saúde mental e uso de álcool e outras drogas vem aumentando
muito, na maioria das vezes relacionados com o desemprego crescente
5- Sífilis: o numero de casos de sífilis congênita tem aumentado nos últimos anos.
Você, médico da equipe Sol Nascente, iniciou suas atividades nessa unidade há menos de um mês. Sua equipe ficou
sem médico por mais de 3 meses, é o terceiro médico da equipe em um ano. Agora, o gestor local informou que a
equipe precisa planejar as ações de trabalho com base nos indicadores de saúde. Você não tem noção de como fazer
isso: gestantes adolescentes? Ações em saúde mental? Sífilis congênita? Estudar Plano Municipal de Saúde? Usar
ferramentas do planejamento? Fazer análise situacional?

Você comentou com a equipe: “Vou precisar fazer isso? Não sei nem como começar. Agora entendo porque a
rotatividade está grande nessa equipe....”

Vamos trabalhar?

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