Você está na página 1de 3

Resumo do Livro de Processos Industriais Inorgânicos

Unidade 1

 Seção 1.1 – Ácido Sulfúrico

A primeira etapa na obtenção da matéria-prima para a fabricação do ácido


sulfúrico é a mineração do enxofre a partir de rochas localizadas no subsolo, a
uma profundidade de até 760 m. O método de exploração denomina-se Processo
Frasch.
O enxofre, por ser um elemento de baixo ponto de fusão, liquefaz-se em
contato com água quente. Por isso, água superaquecida é bombeada para o
subsolo por meio de um sistema de tubulações coaxiais (um tubo central com
outra tubulação ao seu redor, formando uma região anular e um terceiro tubo
exterior a ambos).
Uma vez que o enxofre é liquefeito, injeta-se ar comprimido no poço de
mineração. O ar comprimido cria um gradiente de pressão entre o fundo do poço
e a superfície, causando, dessa forma, a expulsão do enxofre líquido para o topo
do poço, onde se solidifica e é separado do ar e da água.
A mineração de rochas não é o único meio pelo qual as indústrias obtêm o
enxofre e compostos sulfurosos. O enxofre também se faz presente (na forma de
gás sulfídrico – H2S ) no gás natural, biogás, petróleo cru e no carvão, podendo
ser separado desses gases por processos adequados.
Por meio da combustão de tais materiais, óxidos tóxicos e poluentes são
liberados para o ambiente e podem causar severo desequilíbrio ambiental.
Atualmente, orientadas por interesses econômicos e ambientais, as indústrias
realizam a remoção do gás sulfídrico desses materiais e, com isso, obtêm o
enxofre elementar em detrimento da mineração de rochas.
Esse poder ácido e corrosivo tem origem na dissociação dos íons H+ presentes
no ácido quando em solução. Por isso, antes que os gases combustíveis (gás
natural, gás de síntese e biogás) sejam utilizados industrialmente, é necessário
remover o H2S de sua composição, pois, caso contrário, haveria danos severos
às linhas de processo e equipamentos, além dos problemas ambientais, riscos
aos trabalhadores e diversos outros.
As empresas obtêm o enxofre a partir da mineração de rochas subterrâneas ou
obtêm esse elemento unido ao hidrogênio pelo processo de dessulfurização. Além
desses dois métodos, o enxofre também pode ser recuperado dentro de um
mesmo processo industrial, na forma de sulfeto pelo processo denominado de
recuperação Claus.
De acordo com Shreve e Brink Jr. (1997), o processo Claus remove o sulfeto
de hidrogênio dos gases combustíveis, transformando-o em SO2, usado na
produção do ácido sulfúrico. Esse processo é uma reação exotérmica de oxidação
do sulfeto com o oxigênio. No entanto, pode-se modificar o processo industrial e
transformar o dióxido de enxofre em enxofre elementar por meio de uma segunda
etapa reacional catalisada pelo óxido de ferro III.
A primeira reação é exotérmica e produz vapor. É realizada em uma caldeira
alimentada com uma corrente de ar e outra de H2S. O produto da primeira reação
(corrente que sai pelo topo da caldeira) é misturado com a mesma alimentação de
sulfeto de hidrogênio que alimentou a caldeira, seguindo para um conversor onde
ocorrerá a segunda reação, que também é exotérmica.
Infelizmente, o processo Claus não é capaz de recuperar integralmente todo o
enxofre presente nos processos industriais. Por isso, uma pequena porcentagem
de enxofre e de seus compostos atingem, mais cedo ou mais tarde, os corpos
hídricos e a atmosfera. A fim de evitar uma grave contaminação ambiental, cada
país desenvolveu leis apropriadas com a finalidade de regulamentar as emissões
de enxofre e seus compostos no ambiente.
Uma vez que o ácido sulfúrico tenha sido comercializado e utilizado, ele não
pode ser descartado no ambiente devido à sua carga poluidora e toxicidade. É
comum reutilizar o ácido sulfúrico usado quando a contaminação do ácido usado
não é elevada e, para isso, ele pode ser novamente encaminhado para uma usina
de contato e reconcentrado em um concentrador a ar.
O ácido sulfúrico é utilizado em vários processos industriais e, devido à sua
ampla aplicabilidade, tornou-se uma substância inorgânica de significativa
importância na indústria e na economia. No passado, sua importância havia
crescido a tal ponto que seu consumo foi utilizado como parâmetro do
desenvolvimento industrial de um país. Porém, os processos industriais foram
sofrendo modificações a fim de, cada vez mais, recuperar maiores quantidades do
ácido e, também, alterações que substituíssem o seu emprego, como foi o caso,
por exemplo, do ácido clorídrico na decapagem do aço.
Industrialmente, o processo de síntese do ácido sulfúrico é denominado de
processo de contato. O ponto de partida para a produção desse ácido é o dióxido
de enxofre. Porém, ao invés de utilizar o dióxido de enxofre diretamente, algumas
usinas podem realizar a combustão do enxofre elementar e, desse modo, obter o
SO2.
Uma vez que o enxofre elementar é descarregado nas usinas de contato, faz-
se a fundição do mesmo para o estado líquido, visto que isso facilita
sobremaneira o transporte (escoamento) do material ao longo do processo de
contato. A prática mais comum, no entanto, é que o enxofre elementar seja
fornecido para a empresa já no seu estado fluido, seguindo, então, diretamente
para uma etapa de remoção de cinzas por meio da filtração. Para a etapa de
queima do enxofre, deve-se empregar ar de combustão desidratado, pois ele não
pode conter umidade, a fim de evitar-se a corrosão dos equipamentos e das
tubulações do processo. Somente então, o enxofre fluido é alimentado ao
queimador da caldeira com ar desidratado por um bocal atomizador.
Desde o fornecimento de enxofre para a usina até a caldeira a calor perdido,
passando pela torre de secagem e o queimador de enxofre. A partir do momento
em que o enxofre elementar foi oxidado e transformado em dióxido de enxofre,
todo o processo de contato restante baseia-se em duas reações químicas, a
saber: a oxidação do dióxido de enxofre em trióxido de enxofre com posterior
conversão em ácido sulfúrico.
A oxidação do SO2, assim como todas as outras reações do processo de
síntese do ácido sulfúrico, é exotérmica, e o calor liberado é empregado na a
produção de vapor superaquecido. Por isso, os produtos das reações de síntese
do ácido sulfúrico são encaminhados a trocadores de calor, superaquecedores de
vapor ou caldeiras, aumentando a eficiência energética da produção. Além disso,
as temperaturas das correntes reacionais são ajustadas de acordo com o
necessário para a etapa de conversão catalítica.
A última etapa do processo de contato é a concentração do trióxido de enxofre
produzido em coluna absorvedora contendo o ácido sulfúrico concentrado, visto
que este é o melhor agente absorvedor do SO3. Dessa forma, são formadas as
soluções de ácido sulfúrico com SO3 suficiente para formar a concentração do
ácido, digamos 98%, chamado de óleum. Portanto, o ácido sulfúrico é vendido na
forma de solução concentrada denominada óleum.
Obs: Um óleum com X% é uma solução de ácido sulfúrico e trióxido de enxofre
de tal forma que em 100 kg de solução estão contidos X kg de SO3 e (100 - X) kg
de HSO24. Portanto, a diluição desse óleum em água forneceria mais de 100 kg
de ácido sulfúrico.

Você também pode gostar