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O PAPEL DO PEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E


NO ENFRENTAMENTO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

RESUMO

O presente trabalho se propõem entender as principais dificuldades de


aprendizagem de crianças em fase de alfabetização. Objetiva-se com este estudo
analisar a importância do papel do pedagogo no processo de alfabetização,
auxiliando nas principais causas da não aprendizagem do sujeito no decorrer do
processo. Os objetivos específicos do referido trabalho, estão em entender como se
dá a prática de alfabetização e os motivos pelos quais as crianças enfrentam tais
dificuldades, compreender as dificuldades encontradas por professores e também
pela família em ajudar essas crianças a avançar na sua escolarização. A
metodologia utilizada partiu de uma abordagem qualitativa dos dados, através de
uma pesquisa bibliográfica. Utilizou-se como referencial teórico as contribuições de
vários estudiosos sobre o assunto estudado e que muito contribuiu para a realização
do referido estudo. Foi possível concluir, que é de fundamental importância a
intervenção pedagógica nas dificuldades de aprendizagem, como também é
fundamental que sejam feitos novos e aprofundados estudos sobre o tema.

Palavras-chave: Dificuldades de aprendizagem, Alfabetização, Professores,


Família, Pedagogo

1 INTRODUÇÃO

A alfabetização de crianças na idade certa é um tema de grande importância


para toda a sociedade, pois, é na educação que está a base para um país
desenvolvido.
A educação deve ser vista não apenas pelo viés da obrigatoriedade, mas sim,
ser entendida que sem ela não teremos condições de formar cidadão críticos,
capazes de analisar, refletir e intervir na realidade em que vivem.
Por essa razão se julga necessário que crianças sejam alfabetizadas na idade
certa, ou seja até os oito anos de idade, final do terceiro ano do ensino fundamental,
para que consigam seguir adiante nos seus estudos e melhor que isto, obter êxito e
sucesso na sua vida em sociedade.
Contudo, hoje no Brasil, existe uma grande quantidade de crianças que
mesmo já tendo terminado o terceiro ano do ensino fundamental, ainda não estão
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alfabetizadas, acarretando uma enorme dificuldade em seguir adiante os seus


estudos.
Sabemos que são inúmeras as razões que levam uma criança a ter
dificuldades no seu processo de alfabetização, que vão desde professores mal
remunerados e desmotivados em desenvolver aulas que incluam a todos até
problemas emocionais da própria criança.
De acordo com Leal e Nogueira (2012, p. 57) “é preciso que seja feita uma
investigação cuidadosa em relação as dificuldades de aprendizagem da criança,
passando por todos os níveis de aprendizagem”.
Nesse sentido, cabe à escola proporcionar condições de igualdade a todos os
indivíduos que lá estão, para que tenham as mesmas oportunidades dos demais em
avançar na sua escolarização.
A problemática deste trabalho, está no fato de entender o motivo pelo qual,
crianças em fase de alfabetização não conseguem terminar o terceiro ano do ensino
fundamental alfabetizadas, buscar entender quais são as dificuldades encontradas
por elas que não as permitem avançar e o papel do pedagogo para tentar ajudar na
resolução dos mesmos.
O referido trabalho tem por objetivo geral, analisar a importância do papel do
pedagogo no processo de alfabetização, auxiliando nas principais dificuldades de
aprendizagem encontradas pelos sujeitos no decorrer desse processo.
Para tanto, o estudo fez uso de uma abordagem qualitativa dos dados
utilizando-se de pesquisa bibliográfica, com o objetivo de aprofundar teorias já
elaboradas e que foram a base para a pesquisa.
Entende-se que é fundamental entender como se dá a prática de
alfabetização nas escolas, para assim entender os motivos pelos quais as crianças
enfrentam tais dificuldades.
No decorrer do desenvolvimento deste trabalho será feita uma análise do
processo de alfabetização e as principais dificuldades de aprendizagem encontradas
no decorrer desse processo. Também será analisada a importância da família na
construção do conhecimento.
Por fim, será feita a análise da importância do papel do pedagogo na busca
em auxiliar o sujeito e amenizar as suas dificuldades em relação a sua
escolarização.
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Por essa razão existe a necessidade de abordar esse tema, por ser algo de
fundamental importância no desenvolvimento escolar do sujeito, pois sem estar
alfabetizada a criança não conseguirá ter sucesso nos seus estudos posteriores.

2 O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E AS DIFICULDADES DE


APRENDIZAGEM

2.1 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL SEGUNDO ALGUNS ESTUDIOSOS

Os estudos de alguns pesquisadores têm grande importância na busca pela


compreensão do processo pelo qual cada criança passa na aquisição do
conhecimento e também no desenvolvimento da inteligência.
Segundo Ferreira (2001, p.94):

A inteligência não é predeterminada com limites e possibilidades estáticas.


Está em constante estruturação e a cada conhecimento adquirido constrói
significados que transformam, conservam, reconstroem a estrutura, dando-
lhe com esta reconstrução um novo nível de conhecimento.

Alguns se empenharam para explicar como funciona a aquisição da


linguagem pelas crianças. Temos como exemplo Vygotsky, que estudou como
acontece a aprendizagem, Jean Piaget com a sua teoria cognitiva que estuda como
se estrutura a inteligência e também Emília Ferreiro , que se dedicou em estudar para
entender como a criança aprende no campo escolar.
De acordo com Cartaxo (2011, p.90):

O desenvolvimento infantil tem por princípio uma posição ativa da criança


em relação ao meio em que vive na interação com os outros. Com o meio
ela desenvolve sua capacidade afetiva, sensibilidade, autoestima,
raciocínio, linguagem e pensamento.

Dessa forma, é fundamental que todo o professor alfabetizador tenha domínio


desses conceitos, para em caso da não aprendizagem, poder intervir e auxiliar o seu
aluno de acordo com a fase em que se encontra, partindo dos conhecimentos que já
possui.
Toda e qualquer pessoa traz consigo um conhecimento desde o seu
nascimento, a criança tem uma bagagem de conhecimentos dentro do universo
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infantil, é muito importante que o professor considere esse contexto histórico, que
influência na sua aprendizagem.
Cada criança é única, cada uma possui suas próprias características e
aprende de forma particular, passando pelas diferentes fases de desenvolvimento
durante a sua infância.
Na escola, é através da mediação com o professor que o aluno adquire
conhecimentos, o professor precisa trabalhar um conjunto de significados, tendo em
mente sempre o objetivo a ser alcançado, precisa conhecer como são as fases e
como acontece o desenvolvimento infantil.
Para Piaget a inteligência se desenvolve a medida que a criança interage com
o mundo que a cerca, ou seja, com o meio, construindo e reconstruindo seu
pensamento, assimilando e acomodando suas estruturas.
De acordo com Lakomy (2014, p.23):

A maturação biológica, o conhecimento prévio, o desenvolvimento da


linguagem, o processo de interação oscila, e a descoberta da afetividade,
são fatores de grande relevância no processo de desenvolvimento da
inteligência e, consequentemente, da aprendizagem.

Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo passa por diferentes estágios,


dependendo da idade em que criança se encontra, que são os seguintes:
- Sensório Motor: Este estágio está compreendido desde o nascimento até os dois
anos de idade. Nele são desenvolvidas as percepções sensoriais como pegar,
morder, jogar, correr, etc.
- Pré-Operatório: nessa fase a criança possui personalidade egocêntrica, seus
pensamentos estão centrados em sí mesma. Outro destaque importante está nas
suas brincadeiras que são permeadas pela imitação, nesta fase também está
marcada pelo aparecimento da linguagem.
- Operatório concreto: nesse momento a criança começa a adquirir a capacidade de
utilizar a lógica, compreende os próprios erros, além de começar a planejar as suas
ações, adquire o conceito de reversibilidade. A criança passa a apresentar a
capacidade de refletir, além de adquirir uma maior autonomia em relação ao adulto.
- Operatório Formal: essa fase inicia com a adolescência e se estende até a fase
adulta, a criança já é capaz de entender conceitos abstratos.
Naspolini (1996, p.34) alerta para o fato de que a prática escolar, precisa
contar com um professor que crie condições para que a criança “realize trocas
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verbais e se sinta encorajada a prosseguir diante de questões desafiadoras, ou seja,


sua função é solicitar a reflexão da criança a todo o momento~.
Jean Piaget (1896) ainda apresenta no campo da educação conceitos de
extrema importância, como também para a área da alfabetização, que são,
equilibração, adaptação, acomodação, assimilação e desequilíbrio.
Para Vygotsky (1993) não existe uma sequência de estágios cognitivos,
segundo ele o desenvolvimento está baseado no organismo ativo de cada criança e
a linguagem possui um papel importante nesse desenvolvimento, pois desde o
nascimento ela é fundamental na formação e organização do pensamento.
Ainda de acordo com seus estudos, para que uma criança se aproprie do
sistema da escrita, precisa primeiramente, compreender a sua representação
simbólica.
Vygotsky, (1993) desenvolveu o conceito de ZDP, Zona de Desenvolvimento
Proximal, que representa a distância entre o que a criança sabe fazer sozinha, seu
desenvolvimento real, e o que consegue fazer com a ajuda de outro, seu
desenvolvimento potencial.
De acordo com Stoltz (2012, p.65), “ao professor cabe atuar na ZDP do aluno
para que este torne real o que primeiro é potencial, uma vez que só é possível a
imitação de ações que estão na ZDP. A criança não consegue imitar tudo, só o que
se encontra na ZDP”.
As contribuições de Emília Ferreiro são de grande importância para o
professor, pois através dos seus estudos foi possível compreender melhor o nível de
escrita em que passa cada criança.
Sua teoria se chama psicogênese da linguagem, para ela a criança é um ser
ativo que interage com a linguagem escrita, ainda segundo seus estudos a escrita
representa a linguagem e não apenas uma cópia gráfica de unidades sonoras.
De acordo com Ferreiro (1995), a apropriação do código escrito passa por
diferentes fases:
- Pré-silábica: Nessa etapa, a criança não consegue fazer correspondência
entre o som emitido e a palavra escrita, porém começa a entender que escrever é
diferente de desenhar, ainda não possui domínio da quantidade de letras ou
rabiscos necessários para cada palavra. A criança registra garatujas.
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- Silábica: Começa a perceber que existe um valor sonoro para cada palavra,
que cada grafia corresponde a pronúncia de uma sílaba. Nessa fase a criança
entende que para escrever precisa utilizar uma letra para representar cada sílaba.
Silábica-alfabética: Nesse momento a criança entende que para escrever
precisa representar de forma progressiva todas as partes sonoras da palavra, porém
ainda não é capaz de o fazer corretamente.
- Alfabética: Nessa fase a criança já se torna capaz de compreender que cada
caracter da escrita representa um valor sonoro menor que a sílaba.
Outro conceito de fundamental importância e que sofreu alterações, é o do
erro, antes das pesquisas realizadas por Emília Ferreiro, as formas escritas que não
correspondiam a escrita convencional eram vistas como erradas, após seus estudos,
essa visão foi modificada e agora entende-se o erro como parte do processo para
aprender a escrever “certo”.

2.2 OS DESAFIOS DA ALFABETIZAÇÃO / LETRAMENTO

Alfabetizar crianças vai muito além do que ensiná-las um código escrito ou


ensiná-las a fazer um traçado, alfabetizar é ter a consciência que com o domínio do
código escrito o sujeito se torna capaz de intervir na realidade em que vive de forma
crítica e significativa.
Para alfabetizar, o professor enfrenta muitos obstáculos no decorrer do ano
letivo, muitas crianças chegam no primeiro ano do ensino fundamental sem ter
frequentado a educação infantil de forma adequada, prejudicando o seu
desenvolvimento e tendo dificuldades em acompanhar o restante da turma.
Além desse fator, existe a desvalorização do professor que está em sala de
aula, com baixos salários e muitas vezes condições precárias de trabalho, falta de
material para trabalhar, o que desmotiva o profissional, levando muitas vezes a
ministrar aulas baseadas apenas no livro didático tornando o aprendizado das
crianças nessa fase tão importante, algo mecânico e sem muito comprometimento
com a aprendizagem dos seus alunos.
Segundo Leal e Nogueira (2012, p. 48):

Os educadores devem procurar novos caminhos e alternativas para todo


esse delicado processo de aprender, para que os estudantes não sejam
obrigados a se tornarem copistas que fazem as coisas por fazer ou para
passar de ano, cumprindo uma obrigação desmotivante e castradora.
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São diversos os motivos pelos quais uma criança chega ao final do terceiro
ano do ensino fundamental sem estar alfabetizada, cabe a escola ter a preocupação
em entender os motivos pelos quais cada criança passa ao enfrentar dificuldades na
sua alfabetização.
Muitas vezes, esse sujeito é rotulado como fracassado, ou então, apenas
justificam essa situação como sendo um problema mental ou algum outro tipo de
transtorno o que diminui da instituição, de forma mais fácil, a sua responsabilidade
pelo não aprendizado dos seus alunos.
Por todos esses motivos, quando um aluno, apesar de todo o esforço do seu
professor não consegue ser alfabetizado, existe então, a necessidade de ser feita
uma investigação detalhada das razões pelas quais levam essa criança possuir tais
dificuldades. De acordo com Leal e Nogueira (2012, p.54):

É necessário salientar que por mais que existam formas diversas de abordar
as dificuldades, exigem uma investigação diagnóstica clinica aprofundada,
realizada por uma equipe de especialistas que vai desde o pedagogo,
passando pelo psicólogo, o neurologista, o fonoaudiólogo, etc. Só a partir de
uma avaliação multidisciplinar será possível vislumbrar o não aprender de
maneira profissional e acertada para que não haja julgamentos precipitados
e preconceituosos.

Portanto, não é responsabilidade do professor da sala de aula diagnosticar,


muito menos rotular a criança que está tendo dificuldades em acompanhar o
restante da turma, mas sim encaminhar esse aluno para que após todos os
pareceres de diversos profissionais, possa ter mais clareza das condições e motivos
do não aprendizado do seu aluno e então criar situações que o envolvam e lhe
permita avançar como os demais.
Além disso, existe a necessidade de alfabetizar letrando, trabalhar na
perspectiva do desafio, o aluno deve ser um sujeito ativo e pensante, deve haver
interação, trazendo para a sala de aula diálogos, textos e músicas que provoquem
na criança o pensar.
Na prática, a alfabetização e o letramento estão intimamente ligados, é um
processo que está na extensão e na qualidade do domínio da leitura e escrita.
Deve ser um trabalho intencional, com planejamento por parte do professor
visando alcançar objetivos.

2.3 PRINCIPAIS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM


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Cada criança possui um ritmo de aprendizagem, algumas são mais rápidas ou


aprendem com mais facilidade que outras, porém , existem aquelas que possuem
algum problema específico de aprendizagem, que são alguns transtornos muito
discutidos e comentados no meio escolar
Segundo Leal e Nogueira (2012, p.68):

Os aspectos da aprendizagem são classificados em duas categorias: as


dificuldades naturais ou secundárias e os transtornos. Como naturais
consideramos as dificuldades experimentadas por todos os indivíduos em
alguma matéria ou em algum momento da vida escolar. As dificuldades
secundárias são os transtornos que atuam antes no desenvolvimento
humano normal e depois na aprendizagem específica.

É necessário ter a certeza e a clareza das características de cada um desses


transtornos de aprendizagem, contudo, não se pode rotular ou afirmar que uma
criança é disléxica, por exemplo, baseado apenas nas semelhanças dos sintomas, é
necessário que exista um diagnostico feito por profissionais, para então trabalhar
com esse aluno de acordo com as suas necessidades, para que avance na
aquisição dos seus conhecimentos.
Os transtornos funcionais específicos da aprendizagem, conhecidos como;
dislexia, disgrafia, disortografia, e discalculia, causam uma limitação no sujeito,
interferindo e muitas vezes impedindo de forma significativa que ocorra a
aprendizagem.
 DISLEXIA: relacionado às crianças que possuem sérias dificuldades em
relação a leitura e consequentemente a escrita, apesar de terem inteligência normal
para a idade que possuem.
A dislexia não está relacionada a problemas de má alfabetização ou falta de
interesse por parte do aluno, diz respeito a problemas genéticos muitas vezes
decorrentes de problemas durante o parto, nascimento prematuro, problemas na
aquisição da linguagem, entre outros.
 DISGRAFIA E DISORTOGRAFIA: a disgrafia que é considerada por muitos
como letra feia, está relacionada com a dificuldade da criança em recordar a escrita
das letras, dessa forma escreve de forma muito lenta e por muitas vezes de forma
ilegível, essa criança possui uma escrita desorganizada, não observa a margem da
folha e possui traços irregulares.
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No que diz respeito a disortografia, podemos relacioná-la aos erros ortográficos, ao


indivíduo que não consegue escrever letras, sílabas e palavras de forma correta, faz
trocas de letras como também as omite, também apresenta dificuldades nos sinais
de pontuação.
 DISCALCULIA: esse transtorno funcional da aprendizagem indica que o
educando possui dificuldades relacionadas com a matemática, o que afeta a
capacidade do sujeito em trabalhar com números. Dessa forma não consegue
compreender os sinais das quatro operações, contar ou aprender a tabuada.

2.4 A IMPORTÂNCIA DA FAMILIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

É no seio familiar, muito antes da criança frequentar a escola, que a educação


começa a acontecer. Esse processo longe dos muros escolares, possui um valor
significativo no futuro de cada criança.
É durante a primeira infância que a criança através dos vínculos afetivos,
constrói a sua personalidade, são valores passados pelos pais aos filhos e que no
futuro refletirão na vida em sociedade do sujeito.
Segundo Stoltz (2012, p. 82):

O contexto familiar é primordial no desenvolvimento das pessoas. No


entanto, sabemos que as características do desenvolvimento das crianças
não se devem unicamente a ele. Outros contextos socializadores (escola,
grupo social, outras instituições), além de macro fatores (situação
econômica, política e social do país, entre outros), condicionam e
determinam seu funcionamento.

É necessário considerar a história trazida pela criança para a escola, ela vai
expressar através de comportamentos e assim o professor deve saber trabalhar com
diferentes situações, que influenciam diretamente no seu desenvolvimento e
aprendizagem.
Sabemos que o emocional interfere de forma considerável na vida de uma
pessoa, por essa razão é de fundamental importância que a criança receba na sua
primeira instrução aspectos positivos, que tenha uma infância saudável e feliz, para
que ao chegar na escola, não carregue consigo problemas psicológicos que
atrapalharão o seu desempenho e com isso afete a sua aprendizagem.
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A família deve ser a base e o apoio necessário para a evolução de cada


criança, hoje há por muitos pais uma inversão de valores, acreditam que a escola
deve educar, quando na verdade essa é função da família. A escola tem o dever de
passar para os alunos o conhecimento sistematizado e para isso precisa sem dúvida
ter o apoio e o suporte da família para que dê continuidade ao que está sendo
desenvolvido pela instituição.
De acordo com Oliveira (2014, p.88):

A escola compete criar um ambiente favorável a aprendizagem, em que se


observem uma interação instrutiva e o desenvolvimento de competências. A
criação de uma relação dialógica entre família e escola, em que haja
aceitação de princípios de ambas as partes, favorece que esses sistemas
constituam fronteiras flexíveis.

É necessário que haja interesse por parte da família em acompanhar os


avanços da criança, para que possam cada vez mais estimulá-la a avançar, como
também devem estar atentos as dificuldades dos filhos, para auxiliá-los quando
necessário, criando uma parceria com a escola, visando o desenvolvimento do
educando.

2.5 A IMPORTÂNCIA DO PEDAGOGO

É dentro da sala de aula, que o aprendizado acontece, como também é lá que


ocorrem frustrações oriundas de diversos locais, tanto escolares como familiares
porém, resultam em dificuldades de assimilar e avançar na conquista do
conhecimento, para tanto, existe a necessidade do professor estar atento a cada
criança em particular e perceber quando esta necessita de uma ajuda diferenciada.
Através da investigação dos sintomas que causam tais dificuldades no
educando será possível perceber a relação que esta criança possui com o
conhecimento e então auxiliá-la a superar os obstáculos que impedem que a
aprendizagem ocorra.
De acordo com Nogueira (2013, p.52):

A avaliação pedagógica clínica é um processo complexo de investigação


sobre a aprendizagem de uma pessoa ou um grupo. Esse processo
investigativo envolve não só o pedagogo e a criança, mas vários atores
(professores, familiares, colegas etc.), pois, nesse caso, estamos tratando
da aprendizagem informal, como também da aprendizagem formal, ou seja,
aquela que se dá na escola. Assim devemos investigar o processo de
ensino aprendizagem em todas as instâncias com base nas relações
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socioculturais estabelecidas pelo indivíduo, desde o início de seu


desenvolvimento até o estágio em que se encontra

É então que se faz necessário e de suma importância a atuação do


pedagogo, para que através de uma investigação cuidadosa e detalhada, seja
possível identificar as causas ou barreiras que levam a criança a ter dificuldades na
sua escolarização, com o objetivo de permitir que esse indivíduo, possa retomar o
percurso normal da sua aprendizagem.
Dessa forma, a avaliação pedagógica em crianças que não conseguem
avançar em sua alfabetização, configura-se em encontrar o foco do problema, que
nem sempre está na própria escola. A educação informal, ou seja, a que acontece
fora dos muros escolares, influência de forma significativa em todos os aspectos da
vida do sujeito, refletindo de forma positiva ou negativa na sua aprendizagem.
O profissional pedagogo, tem como objetivo analisar os diferentes âmbitos da
vida da criança, na área cognitiva, pedagógica, emocional, cultural e social, para
dessa forma entender o que está causando interferência na sua aprendizagem.
Se torna também necessário, que haja um trabalho em conjunto com pais ou
responsáveis, escola e demais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem
do educando.
Nesse sentido, o pedagogo é quem terá a oportunidade de auxiliar esse
sujeito. Por meio de um provável diagnóstico, entender o porquê das dificuldades
encontradas por esse indivíduo e permitir que o professor em sala de aula, de
continuidade aos seus trabalhos conseguindo atingir os seus objetivos,
principalmente com essa criança que até então não conseguia avançar.
Segundo Nogueira e Leal (2013, p. 52):

Esse processo investigativo envolve não só o pedagogo, e a criança, mas


vários atores (professores, familiares, colegas etc.) pois, nesse caso,
estamos tratando da aprendizagem informal, como também da
aprendizagem formal, ou seja, aquela que se dá na escola.

É comum nas escolas encontrarmos professores reclamando das dificuldades


em trabalhar com seus alunos, ora por comportamento, ora por dificuldades em
aprender.
Contudo, é também comum, ver esses profissionais acomodados e com a
visão de que a criança não aprende por ter problemas neurológicos, quando na
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verdade se fossem encaminhadas para uma avalição pedagógica, talvez tivessem a


oportunidade de ter o seu futuro modificado. Infelizmente, é um problema que
começa muitas vezes na educação infantil e se arrasta até a fase final da
alfabetização, sem a devida atenção.

2.6 METODOLOGIA

O referido trabalho fez uso de pesquisa bibliográfica, com o objetivo de


aprofundar teorias já elaboradas e que foram a base para a pesquisa. Para Gil (2007
p.42), “a pesquisa é um processo que utilizando a metodologia cientifica, permite a
obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social”.
É importante abordar e relacionar com a prática todo o estudo teórico da
pesquisa, pois todo o resultado do trabalho se dá na relação coletiva, tanto da parte
teórica, como da parte prática estudada.
Através da pesquisa bibliográfica foi possível esclarecer muitas dúvidas
relacionadas ao tema estudado e dessa forma acrescentar dados ao presente
trabalho.
É fundamental que a pesquisa faça parte da prática de todo o professor, pois
através da busca incessante pelo conhecimento é que o profissional terá recursos
para avançar no processo de ensino e aprendizagem e construir novos
conhecimentos.
Para Demo (1995, p. 54):

Pesquisar significa, de partida, duvidar, querer saber, buscar, avançar no


conhecimento, sem cair na armadilha de oferecer resultados que já não
permitiam mais ser duvidados, questionados ou, precisamente,
pesquisados.

O trabalho teve como base uma pesquisa qualitativa dos dados coletados,
buscando compreender as razões pelas quais tantas crianças enfrentam
dificuldades na sua alfabetização, comprometendo dessa forma os seus estudos
posteriores.
Segundo Minayo (1996, p.21):

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, ela trabalha


com o universo de significados, motivos, aspirações e crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
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processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à


operacionalização de variáveis.

Sendo assim, através de pesquisa cientifica, o trabalho procurou analisar os


dados obtidos e dessa forma, auxiliar professores, pais e alunos que possuem
dificuldades de aprendizagem no processo de alfabetização.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a conclusão do referido trabalho, foi possível perceber o quanto é difícil


o processo de alfabetização nas escolas brasileiras, muitas crianças passam por
esse processo sem conseguir avançar, e muitas são as barreiras que a impedem de
seguir em frente.
Muitas vezes pela formação frágil dos professores e pela falta de formação
continuada. Hoje, o que impera nas salas de aula, ainda são aulas com uma
abordagem tradicional, tornando o processo de alfabetização algo ultrapassado e
que pouco contribui para a evolução das crianças que lá estão.
Existe também a falta de conhecimento em relação as teorias da
aprendizagem, tornando o ensino mecânico e muitas vezes com objetivos que não
contemplam a real aprendizagem do educando.
Por essa razão, se faz necessário e de extrema importância a intervenção
pscopedagógica, pois assim tais dificuldades poderão ser amenizadas, e o sujeito
poderá ter a oportunidade de aprender como os demais.
Após muitos estudos e leitura sobre o tema, foi possível constatar que é
imprescindível a atuação de um pedagogo no ambiente escolar, em muitos casos
atuando de forma preventiva e dessa forma amenizando futuros problemas de
aprendizagem.
Ainda entende-se a necessidade de serem feitos novos e aprofundados
estudos sobre o tema abordado, pois é um assunto amplo e de grande importância
para toda a sociedade.
Dessa forma, torna-se necessário que o tema sobre as dificuldades na fase
de alfabetização esteja de forma frequente nos debates educacionais, para que se
consiga, se não superar todas as dificuldades de aprendizagem, pelo menos
melhorá-las e permitir a todos o acesso aos conhecimentos historicamente
produzidos.
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REFERÊNCIAS
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Curitiba: Ibope, 2011.

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Gil, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de pesquisa Social. 5. Ed. São Paulo:
Atlas, 2007.

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InterSaberes, 2014.

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NOGUEIRA, M.O.N.; LEAL, D. Psicopedagogia clínica: caminhos teóricos e


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OLIVEIRA, Maria Ângela Calderari Oliveira. Psicopedagogia: a instituição


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PIAGET, Jean. A epistemologia genética. Petrópolis: Vozes, 1973.

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