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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Campus Coração Eucarístico


Instituto de Ciências Biológicas e Saúde
Curso de Graduação em Fonoaudiologia
4º período

Ana Clara Andrade Maia


Emanuelle Alves de Souza Cardoso
Fernanda Rodrigues De Araújo
Hilda Luiza Antonia das Graças Oliveira
Uraí Urupê

Relatório do Estudo de Caso

Relatório do Estudo de Caso da paciente LLRG


Docente: Luciana Lemos de Azevedo

Belo Horizonte
2022
L.L.R.G, do sexo feminino, tem 26 anos de idade e é professora do ensino infantil.
Apresenta queixa de disfonia e fadiga vocal há cerca de 5 anos, com piora gradativa no
quadro há 6 meses, descreve que, mesmo descansando aos fins de semana, não tem
resposta positiva de melhora. Ela relata que não há antecedentes familiares com tais
sintomas de disfonia, diz ter maus hábitos vocais como, hidratação insuficiente, fala forte
e intensa, e que chega a usar o ar de reserva. L.L.R.G faz uso intenso da voz por 4 horas
diariamente no seu ambiente de trabalho, em um espaço ruidoso, amplo e com acústica
ruim.

A paciente realizou o exame videolaringoestroboscopia, onde foi relatado na avaliação do


otorrinolaringologista a presença de um espessamento no terço médio em ambas as
pregas vocais e fenda média posterior, devido ao mau uso da voz. O otorrinolaringologista
a encaminhou para a fonoterapia após a avaliação.

Durante a avaliação perceptivo-auditiva, foi possível observar que a paciente apresenta


qualidade vocal alterada, a resistência vocal reduzida, e possui tensão na fala, a voz
rouca, áspera e soprosa. A paciente apresentou também, o suporte respiratório
insuficiente, visto que, o seu tempo médio de emissão das vogais foi de 7 segundos, com
relação de s/z de hiperfunção, assim como os números. Como qualidade de tais
emissões, a fala se caracterizou como instável, com flutuações, ataque vocal brusco,
quebra de sonoridade, uso de ar de reserva, quebra de frequência, decréscimo na
intensidade e na altura, finalizando com a voz mais grave do que a normalidade.

Na fala espontânea, a mulher apresentou ressonância laríngea alterada, projeção vocal


insuficiente e articulação normal que deve melhorar, a qualidade da emissão foi instável
com quebra de sonoridade, uso de ar de reserva, quebra de frequência, decréscimo na
intensidade, e ataque vocal aspirado e isocrônico. Teve coordenação pneumofônica
alterada, com velocidade de fala normal. O Pitch, Loudness, as habilidades gerais da fala,
e a postura corporal da paciente, se encontram adequados, enquanto a gama tonal se
apresenta restrita, o emprego dos recursos prosódicos alterados (insuficiência de
parâmetros prosódicos) e a expressão corporal/facial alterada, com pouca expressividade
na face. Possuí tensão na região cervical e na cintura escapular, com voz adequada ao
sexo, idade e ao contexto, mas não a profissão, graças a disfonia identificada.

Sua respiração foi do tipo costal superior nas três situações, sendo de modo oral durante
a fala espontânea e uso profissional da voz, e de modo nasal durante o repouso. Obteve
resultados verosimilhantes, tanto na emissão dos sons da fala, quanto na fala
espontânea, entretanto na anamnese ela relatou fala acelerada e loudness aumentado, o
que não foi condizente com a percepção de fala normal, e de loudness adequado.

Na avaliação da laringe, a membrana tireo-hióidea se encontra tensionada ao apalpar,


com posição de repouso elevada, movimentação à fonação é insuficiente, com crepitação
presente, mas sem dor ao toque. A prova terapêutica de sopro com som com modulação
foi positiva, o que ajudou a própria paciente a perceber uma melhora na qualidade vocal.

Sua autoestima se encontra preservada, e está bastante motivada com a perspectiva do


tratamento e melhora do quadro. Então, se seguir todo o tratamento corretamente,
poderá melhorar o espessamento das pregas vocais, uma vez que, é um quadro
reversível.

No protocolo de análise de acústica, a paciente apresentou a frequência fundamental


adequda para sexo e idade, além da laudness aumentada. Identificou-se também, 93%
do ar com voz, durante a emissão da vogal “a”, enquanto o resto dos 7% é apresentado
sem emissão de voz, ou seja, tendo uma quebra de sonoridade, o que condiz com o
protocolo de avaliação Perceptivo-auditivo aplicado. O Jitter, Shimmer, a irregularidade,
proporção GNE, o ruído e HNR encontram-se fora da normalidade.

Na emissão analisada do [E] prolongado e da frase “Olha lá o avião azul”, é possível


identificar o CPPS, CPP e DAI alterados, comparados ao padrão de normalidade,
significando que a voz da paciente é ruidosa, condizente com a avaliação
Perceptivo-auditivo. Na emissão de escalas com [a] glissando, em intensidade habitual da
paciente, a frequência modal a frequência mais alta da tessitura variou 13 semitons, ou
seja, está adequado, já nas frequências baixas, houve variação de 1 semitom,
significando uma inadequação, por ter variado pouco, o que não condiz com sua sua atual
condição de voz com sua frequência adequada ao sexo e idade, e seu pitch dentro da
normalidade, ou seja, deveria diminuir mais semitons, entre as frequências mais baixas
até as mais altas, o número de semitons foi de 14. Na fala espontânea e na emissão da
voz profissional, a tessitura vocal está reduzida, o que está condizente com a gama tonal
e com a avaliação Perceptivo-auditiva, por ter fala restrita.

A partir dos resultados apresentados nos protocolos aplicados, tem como hipótese
diagnóstica do caso, a disfonia organo-funcional de grau moderado. A conduta dos
profissionais fonoaudiológicos deve incluir a orientação do paciente, a respeito dos
cuidados vocais, e a fonoterapia.

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