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Departamento de Química Analítica
Química Analítica Farmacêutica Experimental I – IQA 124
que essa solução volte à condição de saturação e o soluto em excesso vá para forma
de precipitado.
A dissolução de uma substância é um equilíbrio químico e, como qualquer equilíbrio,
possui uma constante associada. O Kps, constante do produto de solubilidade,
descreve o produto iônico (PI) no qual se tem a maior concentração possível de íons
dissolvidos.
Quando, em uma solução:
PI < Kps → solução insaturada
PI = Kps → solução saturada
PI > Kps → solução supersaturada (que é uma condição instável)
Obs.: não confundir o conceito dado para o produto iônico de supersaturada com o
que acontece nas precipitações. Normalmente se calcula a concentração de íons que
foram adicionados e se compara com o Kps. Quando é maior, significa que
“ultrapassou” o Kps e o excesso formará precipitado, ou seja, estes íons que foram
adicionados a mais não permanecem em solução. Logo, se trata de uma solução
saturada com precipitado e não uma solução supersaturada.
A solubilidade está relacionada com o Kps, podendo ser calculada através do mesmo.
Porém, não são duas grandezas equivalentes. Deve-se tomar cuidado quando se
compara a solubilidade de espécies diferentes. Os Kps somente podem ser
comparados entre espécies diferentes se possuírem a mesma estequiometria, pois,
caso contrário as suas relações com a solubilidade apresentaram relações
matemáticas diferentes e, portanto, não são comparáveis.
No processo de solubilização, como mencionado anteriormente, o que ocorre é a troca
das interações. De maneira geral, o aumento de temperatura favorece esse tipo de
processo por dar energia para romper a interação soluto-soluto, porém, há exceções,
como sulfato de cálcio, que tem sua solubilidade diminuída com aumento da
temperatura.
Fatores que podem influenciar a solubilidade:
- Temperatura: pode ser um meio de se fazer precipitação seletiva.
- Pressão: ligeiras variações de pressão não apresentam influência apreciável na
solubilidade.
- Presença de outras espécies no meio: outras espécies podem mudar a força iônica
do meio, fazendo com que a solubilidade da espécie em estudo varie. O aumento da
força iônica influencia tanto positivamente quanto negativamente na solubilidade,
dependendo da força iônica apresentada, pois o aumento da força iônica pode
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7) Diluição limite: é o máximo que se pode diluir uma solução sem que ela pare de
apresentar a característica da reação de identificação da espécie presente, ou seja, é
o limite da diluição onde se a solução for mais diluída, a resposta da análise dará um
falso negativo.
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A marcha sistemática de separação dos cátions nestes grupos que iremos estudar,
está representada na Figura 1, e está disponibilizada na página 3 da apostila deste
curso. Os esquemas de marcha interna dentro de cada grupo, para separação dos
cátions de um mesmo grupo estão na apostila do curso, nas páginas 4 a 9, conforme
assinalado na marcha sistemática.
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A seguir, é apresentada uma explicação breve de cada uma das etapas da marcha
sistemática de separação de uma mistura de cátions nos seus respectivos grupos.
Estas etapas serão estudadas com maiores detalhes em cada aula, iniciando do
Grupo I até o V:
- Separação do Grupo I: Na primeira etapa, HCl diluído é adicionado para precipitar
os cátions do Grupo I na forma de seus respectivos cloretos. O HCl deve ser diluído
pois, em excesso de Cl- alguns desses cátions formam cloro complexos solúveis.
Posteriormente, separa-se o precipitado, através de centrifugação, de seu
sobrenadante.
- Separação do Grupo II: Continua-se a marcha de separação de grupos com o
sobrenadante (o precipitado contendo o Grupo I deve ser guardado para depois ser
separado e caracterizado), ajustando-se o pH para que a solução fique levemente
ácida e ocorra a precipitação do Grupo II na forma de seus respectivos sulfetos. O
precipitado é formado pela adição tioacetamida (TAA), que em solução forma S2-, HS-
ou H2S, dependendo do pH do meio. O meio deve estar ácido a fim de promover uma
precipitação seletiva, precipitando somente os sulfetos de menor solubilidade,
permanecendo em solução os cátions que poderiam precipitar na forma de sulfeto,
porém, possuem uma solubilidade maior, e precipitam em meio alcalino (cátions do
Grupo IIIB). Os equilíbrios a seguir mostram a influência do pH nas quantidades de
H2S e S2- que podem estar presentes no meio.
H2S(aq) + H2O(l) ⇄ H3O+(aq) + HS-(aq) Ka1= 9,1.10-8
HS-(aq) + H2O(l) ⇄ H3O+(aq) + S2-(aq) Ka2 = 1,2.10-15
Obs.: O meio também não pode estar muito ácido, pois, se não a quantidade de sulfeto
presente não será suficiente nem para precipitar os sulfetos de menor solubilidade.
Posteriormente, coloca-se o sobrenadante em um béquer (para aumentar a superfície
de contato) para retirar o sulfeto presente na solução, adicionando HNO3 (é sempre
interessante adicionar HNO3 quando se quer acidificar o meio, pois todos os nitratos
são solúveis) e aquecendo na capela. O sulfeto irá sair da solução na forma de H2S.
A retirada do sulfeto é confirmada, colocando em cima do vapor da solução um papel
de filtro umedecido com acetato de chumbo (Figura 2). Na presença de H2S o papel
ficará preto/prateado devido a formação de PbS. A eliminação será completa quando
o papel permanecer branco. A liberação de H2S no meio causa um odor de ovo podre.
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Caso o sulfeto não seja retirado do meio quando o pH for modificado haverá
precipitação do Grupo IIIB. O Grupo IIIA não precipita na forma de sulfeto em meio
básico, pois, mesmo que os sulfetos fossem formados eles iriam sofrer hidrólise e os
cátions precipitariam na forma de seus hidróxidos.
- Separação do Grupo IIIA: Após a eliminação do sulfeto da amostra adiciona-se
tampão amoniacal (NH4OH/NH4Cl) que possui pH perto de 10. Com isso ocorrerá a
precipitação do Grupo IIIA na forma de seus respectivos hidróxidos. O Grupo IIIB não
irá precipitar, pois, a quantidade de hidróxido presente não é suficiente para precipitar
o Mn(OH)2 (precipitado branco rosado que em contato com o ar gera o MnO 2,
precipitado marrom) e os demais cátions deste grupo formam amino complexos.
Deve-se tomar cuidado para primeiro solubilizar o NH 4Cl, para que o excesso do
mesmo não interfira na análise e agitar bem o tubo, pois, a formação de hidróxidos é
mais rápida do que a formação de complexos, logo, pode se formar hidróxidos do
Grupo IIIB antes dos complexos solúveis dos mesmos serem formados.
- Separação do Grupo IIIB: Separa-se o precipitado (Grupo IIIA) e ao sobrenadante
adiciona-se tioacetamida (TAA) que irá precipitar em meio alcalino, proveniente da
etapa anterior. O meio deve estar alcalino, pois, desta vez será feita a precipitação
dos sulfetos de maior solubilidade que não precipitaram em meio ácido devido à menor
disponibilidade de sulfeto. Portanto, alcaliniza-se o meio para aumentar a quantidade
de sulfeto para que os cátions do Grupo IIIB possam precipitar. Após a separação do
precipitado deve-se retirar o sulfeto do sobrenadante, seguindo o mesmo
procedimento feito anteriormente com ácido nítrico.
- Separação do Grupo IV: Após a retirada de sulfeto adiciona-se novamente o
tampão amoniacal e depois carbonato de amônio para precipitar o Grupo IV na forma
de seus respectivos carbonatos e leva-se a aquecimento em banho-maria. O meio
deve estar básico para que haja maior concentração de carbonato, conforme os
equilíbrios descritos:
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Referências
O texto presente neste material foi extraído e adaptado das seguintes fontes:
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