Você está na página 1de 3

Apostila de Lógica – Falácias não Formais IV

Falácia Pergunta Complexa

São perguntas formuladas de forma a supor que foi dada uma resposta anterior a
uma pergunta que não foi feita na realidade. Supõe-se uma resposta a uma pergunta que
não foi formulada.

Ex. Um delegado de policia pergunta um sujeito:

- Onde você escondeu o produto do furto?

Observe que a pergunta formulada pressupõe que o suspeito tenha confessado o


furto, o que na realidade não ocorreu. Geralmente essas perguntas são formuladas de má
fé, como sugere o exemplo a seguir:

AUDITOR (A) – O aumento do seu patrimônio ocorreu devido a sonegação de


impostos durante o período de cinco anos.

ACUSADO (Ac) – Não, eu não soneguei impostos nos últimos cinco anos.

A – Então, isso significa que seu patrimônio aumentou, e se aumentou, não foi
declarado, o que significa que o imposto foi sonegado. Ou ainda que você não sonegou
nos últimos cinco anos, mas nos anteriores sim; daí a causa do aumento do seu
patrimônio.

Note que o ACUSADO não afirmou em momento nenhum que o patrimônio


aumentou, apenas o AUDITOR.

Falácia Ignoratio Elenchi

Ocorre quando as premissas de determinado argumento inferem em conclusão


diferente daquela que deveria ocorrer pelo processo de inferência. Esse tipo de falácia
também recebe o nome de Conclusão Irrelevante.

Ex. Todo aumento no índice de criminalidade decorre, segundo pesquisa sociológica, da


má distribuição de renda. No último semestre, o índice de criminalidade caiu cerca de
5% em relação ao índice do semestre anterior. Portanto podemos inferir que está
ocorrendo uma melhoria na distribuição de renda.

Nesse argumento a conclusão é irrelevante, pois se bem observarmos a


criminalidade ainda existe, porém, segundo o que diz o argumento, em menor numero.
Isso não significa, no entanto, uma melhora na distribuição de renda, mas o contrário, a
distribuição de renda é péssima, considerando como verdadeira a primeira premissa.

Ex. Determinado Parlamentar, ao discursar no Plenário da Câmara Federal sobre seu


projeto que tratava da politica salarial, argumentava que esse tem por objetivo melhorar
a vida do trabalhador e que, portanto, aqueles que não votassem favoravelmente a sua
proposta não queriam que a vida do trabalhador melhorasse.

Falácia da Falsa Analogia

Ocorre Falácia da Falsa Analogia quando, na tentativa de provar uma conclusão


recorremos, na premissa, a uma comparação entre situações que não apresentam
semelhanças, quer no grau pretendido, quer em nenhum outro.

Observemos que a Analogia exige dois termos de comparação, ou seja, se A é


análogo a B, subentende-se que A e B tem ao menos uma coisa em comum.

Ex. Os empregados são como pregos: temos que martelar a cabeça dos pregos para eles
desempenharem a sua função.

A casa tem uma arquiteto e um senhor. Assim o Universo tem um arquiteto e um senhor
– Deus.

Gerenciar o Estado é como gerenciar uma empresa. Assim como a gestão de uma
empresa responde a geração de lucro de seus acionistas, deve também ser o Estado.

Falácia de Falsa Dicotomia

Dicotomia é um enunciado composto disjuntivo. Para que uma Dicotomia seja


falsa (falaciosa), ambas as alternativas devem ser falsas.

Ex. Ou o Brasil muda agora ou não muda nunca mais.

Escreve Henrique Raposo no Expresso:

«Não querem cortes? Ok, defendam aumento de impostos»


Eis um exemplo clássico da Falácia da Falsa Dicotomia, um all-time favourite de
políticos e opinion makers.

A questão não é simplesmente «quero cortes»/«não quero cortes», ou «quero aumento


de impostos»/«não quero aumento de impostos».

 Eu quero cortes numas coisas, aceito cortes noutras e não quero cortes ainda
noutras.
 De igual modo, quanto aos impostos, eu quero aumentos nuns, aceito aumentos
noutros e não quero aumentos ainda noutros.
 Tudo isto, claro, dependente ainda dos valores em concreto dos cortes/aumentos:
concordar com o princípio do corte/aumento não implica necessariamente
concordar com o valor definido pelo Governo.

Com raras excepções, o Governo não cortou/aumentou onde eu queria, cortou/aumentou


onde eu não queria, e sempre em valores de que discordo.

<http://iniciacaotedio.blogspot.com.br/2013/01/era-uma-falacia-da-falsa-dicotomia.html> Acesso em 08
de outubro de 2013.

Falácia Dictor Simplicer

Quando se toma um enunciado de regra que possui exceção, como se fosse


verdadeiro, sem exceções.

Ex. A água sempre ferve aos 100° C.

Você também pode gostar