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Franciele Engleitner2
Angélica Cristiane Moreira3
1
Trabalho de Conclusão de Curso
2
Acadêmica do curso de Farmácia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. E-mail:
franciele25@yahoo.com.br
3
Mestre em Controle de Qualidade, professora assistente do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. E-mail: angelica.moreira@unijui.edu.br
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REVISTA CONTEXTO & SAÚDE IJUÍ EDITORA UNIJUÍ v. 7 n. 14 JAN./JUN. 2008 – v. 8 n. 15 JUN./DEZ. 2008 p. 37-44
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38 Franciele Engleitner – Angélica Cristiane Moreira
A caxumba, a rubéola e o sarampo são infec- que pertence à família Paramyxoviridae, dos gê-
ções virais agudas, transmissíveis e contagiosas. A neros Paramyxovirus, Morbillivirus e Pneumo-
rubéola e o sarampo são consideradas doenças exan- virus (Hinrichsen, 2005; Tonelli; Freire, 2000).
temáticas. Não há tratamento específico, sendo este
A caxumba se manifesta de forma epidêmica em
caracterizado por medidas gerais de suporte e pelo
locais fechados, como creches e escolas. A preva-
uso de medicamentos sintomáticos e a profilaxia
lência da doença é maior na cidade em relação ao
realizada por meio da vacinação. Atualmente é re-
campo, pois na zona urbana há mais aglomeração
comendada a vacina tríplice viral (sarampo, rubéola
de pessoas e isso facilita o contágio. É uma doença
e caxumba) no calendário básico da criança e, nas
que se manifesta mais frequentemente em crianças
campanhas é administrada a dupla viral (sarampo e
em idade escolar, entre 5 e 16 anos, sem diferencia-
rubéola) (Hinrichsen, 2005; Tavares; Marinho, 2005;
ção de sexo (Hinrichsen, 2005).
Tonelli; Freire, 2000).
A transmissão ocorre em contato direto por meio
A caxumba não faz parte da lista de agravos de
de gotículas da saliva (Bonfada, 2004; Hinrichsen,
notificação compulsória; já o sarampo, a rubéola e a
2005; Tonelli; Freire, 2000) e o período de contágio
síndrome da rubéola congênita (SRC) fazem parte
é cerca de 48 horas antes da parotidite e durante
desta lista. O sarampo é uma doença de notificação
sua manifestação, o que dura em torno de 9 dias.
compulsória desde 1968 e a rubéola e a SRC desde
Nesse período as crianças devem ficar afastadas
1996 (Brasil, 2007). Sendo assim, o objetivo deste
de creches, escolas, e em alguns casos precisam
artigo é apresentar como a caxumba, o sarampo e a
ser hospitalizadas. O período de incubação é de 15
rubéola se manifestam, o seu tratamento, a profila-
a 21 dias, com média de 18 dias, podendo o vírus ser
xia e também realizar uma análise dos dados epide-
encontrado na urina até 14 dias depois do início da
miológicos no município de Ijuí/RS nos últimos 13
caxumba (Hinrichsen, 2005; Tavares; Marinho,
anos (1995 a 2007).
2005; Tonelli; Freire, 2000; Wilson; Sande, 2004).
Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica
A manifestação da caxumba se dá mediante uma
(Brasil, 2007), a investigação epidemiológica é um
infecção generalizada, pois o vírus penetra pelas vias
trabalho de campo, realizado a partir de casos noti-
aéreas e depois multiplica-se no trato respiratório
ficados (clinicamente declarados ou suspeitados) e
superior e nos gânglios linfáticos. Após o período de
seus contatos, que tem por principais objetivos: iden-
incubação acontece a viremia, que dura, aproxima-
tificar a fonte de infecção, o modo de transmissão,
damente, cinco dias, podendo comprometer as glân-
os grupos expostos a maior risco e os fatores de
dulas parótidas e mamárias, testículos, ovários, ti-
risco, bem como confirmar o diagnóstico e determi-
reoide e pâncreas, entre outros (Hinrichsen, 2005;
nar as principais características epidemiológicas. O
Tonelli; Freire, 2000).
seu propósito final é estabelecer medidas de con-
trole para impedir a ocorrência de novos casos. A caxumba pode comprometer o sistema nervo-
so central, ocorrência mais comum no sexo mascu-
A metodologia adotada para a realização do pre-
lino. Os sintomas da meningite podem ocorrer an-
sente artigo foi a pesquisa na literatura científica, li-
tes, depois ou na ausência da parotidite. As mani-
vros e periódicos, bem como em materiais elabora-
festações clínicas da doença são: cefaleia, febre,
dos pela Vigilância Sanitária do município de Ijuí/RS.
rigidez da nuca e fotofobia. Em algumas regiões do
mundo, na era pré-vacinal o vírus da caxumba era a
principal causa da meningite asséptica (Tavares;
Caxumba Marinho, 2005; Tonelli; Freire, 2000).
Segundo Tonelli e Freire (2000), 75% dos casos
Também conhecida como parotidite epidêmica, de comprometimento da parótida são bilaterais, pois
é uma doença infectocontagiosa aguda, de caráter no período de um a cinco dias há aumento de uma
benigno e autolimitada. Doença causada por vírus, glândula e posteriormente da outra. Geralmente o
edema estende-se para a face e pescoço e compro- dos analgésicos e antitérmicos para aliviar a dor e
mete a drenagem linfática devido ao aumento das baixar a febre. Na orquite deve-se repousar e apli-
glândulas salivares. Bonfada (2004) observa que às car compressa fria, suspensório nos testículos e anal-
vezes também se verifica aumento de volume das gésico para aliviar a dor. A administração parente-
glândulas sublinguais e das submandibulares. ral de líquidos é indicada na pancreatite e na menin-
O período prodrômico dura em torno de 1 dia, gite para a manutenção dos pacientes com vômitos
com sintomas como febre baixa, mal-estar, anore- persistentes (Hinrichsen, 2005; Tonelli; Freire, 2000).
xia e cefaleia (Bonfada, 2004; Cimerman; Cimer- O prognóstico da caxumba, quando se manifes-
man, 2003). Conforme Wilson e Sande (2004), no ta em crianças, é bom, conferindo imunidade per-
entanto, a parotidite pelo vírus da caxumba rara- manente. Já quando acomete adultos poderá apre-
mente apresenta sintomas prodrômicos. sentar maior gravidade (Coura, 2005).
A parotidite é a manifestação mais comum da
caxumba. Em condições normais as parótidas não
são palpáveis e inicialmente ocorre dor em uma ou
em ambas. O lóbulo da orelha é empurrado para
Sarampo
cima e para fora e não se consegue ver ou sentir a
mandíbula. A parótida começa a regredir de tama- Também conhecido como sarampo vermelho e do-
nho, voltando ao seu normal em três a sete dias ou ença dos sete dias, é uma doença infecciosa aguda, trans-
pode levar mais tempo, sem deixar sequelas (Cou- missível, sistêmica, altamente contagiosa, causada por
ra, 2005; Tavares; Marinho, 2005). vírus, que pertence à família Paramyxoviridae, do gê-
nero Morbillivirus (Brasil, 2007; Hinrichsen, 2005; Ta-
No primeiro trimestre de gestação o vírus da vares; Marinho, 2005; Tonelli; Freire, 2000).
caxumba pode aumentar o índice de abortos espon-
tâneos, já que o mesmo atravessa a placenta (Tava- O sarampo é uma das principais causas de mor-
res; Marinho, 2005; Tonelli; Freire, 2000). bimortalidade entre menores de 5 anos, sobretudo
os desnutridos e os que vivem nos países de menor
O diagnóstico da caxumba é realizado pelos si- desenvolvimento econômico. É uma doença de dis-
nais e sintomas clínicos e pelo exame físico, mas tribuição universal que apresenta variação sazonal.
também pode ser feito por cultura celular. Uma das O comportamento endêmico-epidêmico do saram-
formas é isolar o vírus na saliva, urina, líquor e lava- po varia de um local para outro, e depende basica-
do de orofaringe (Hinrichsen, 2005; Tavares; Mari- mente da relação entre o grau de imunidade e a
nho, 2005). Crianças com parotidite devem fazer o susceptibilidade da população, bem como da circu-
teste diagnóstico para confirmar se estão com o ví- lação do vírus nas áreas (Brasil, 2007).
rus da caxumba, considerando que outros agentes
podem ser a causa dessa doença (Tavares; Mari- É caracterizado pela presença de tosse, febre
nho, 2005; Tonelli; Freire, 2000). alta, coriza, exantema específico (sinal de Koplik),
seguidos de erupção maculopapular generalizada,
Não há tratamento específico para o vírus da cefaleia, dor de ouvido, diminuição da acuidade au-
caxumba e, por isso, utilizam-se medidas gerais de ditiva, dor abdominal, náuseas, vômitos, laringite,
suporte e medicamentos sintomáticos. São indica- pescoço endurecido e sonolência excessiva. Tam-
dos repouso, hidratação, alimentação e higienização bém é uma infecção respiratória, pois atinge o epi-
(Hinrichsen, 2005; Tavares; Marinho, 2005). télio respiratório da nasofaringe e, depois de certo
Como as pessoas sentem dores para mastigar, período de viremia atinge o sistema reticuloendote-
são recomendados alimentos líquidos e pastosos, e lial. O sarampo não pode ser considerado uma do-
não se deve ingerir alimentos ácidos, como o vina- ença benigna, porque pode apresentar complicações,
gre e o limão, pois causam dor, náusea e vômitos. especialmente em crianças desnutridas (Cimerman;
Para aliviar o desconforto na região da parótida apli- Cimerman, 2003; Coura, 2005; Hinrichsen, 2005;
cam-se compressas mornas ou quentes. São utiliza- Tavares; Marinho, 2005).
O modo de transmissão do sarampo é pelo con- Segundo Hinrichsen (2005), 30% dos casos de
tato direto com secreções nasofaríngeas expelidas sarampo podem apresentar algum tipo de complica-
ao tossir, espirrar, respirar ou falar, e também por ção, ocorrendo mais frequentemente em crianças
gotículas de saliva e secreções catarrais. A trans- menores de 5 anos ou adultos maiores de 20 anos.
missão indireta ocorre por meio de gotículas virais Cimerman e Cimerman (2003) explicitam que as
que estão suspensas no ar e o contágio se dá em complicações do sarampo mais frequentes são as
locais fechados, como creches e escolas (Brasil, do aparelho respiratório e do sistema nervoso cen-
2007; Cimerman; Cimerman, 2003; Tavares; Mari- tral. Para Coura (2005) e Tavares e Marinho (2005),
nho, 2005). no entanto, as complicações do sarampo podem ser
de três tipos: virais, bacterianas e de etiologia des-
Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica conhecida. Sua presença, em geral, é denunciada
(Brasil, 2007), o período de transmissibilidade do pelas manifestações clínicas de cada complicação,
sarampo ocorre de 4 a 6 dias antes do aparecimen- mas também, e principalmente, pela manutenção ou
to do exantema e até 4 dias após. O período de maior retorno da febre no final do período exantemático.
transmissão se dá 2 dias antes e 2 dias depois do As complicações virais são pneumonia intersticial,
início do exantema. O tempo de incubação é de 10 encefalite, laringite obstrutiva (crupe do sarampo),
dias, variando de 7 a 18 dias. miocardite, estomatite, lesões oculares e diarreia.
Após o período de incubação o sarampo inicia-se As complicações bacterianas podem ser pneumo-
com febre moderada a alta e com sintomas catarrais, nia, gastrenterite e/ou otite média. Outras compli-
com coriza, diarreia, tosse seca e lacrimejamento. O cações que podem ocorrer são manifestações he-
quadro assemelha-se ao estado de gripe. O diagnós- morrágicas, panencefalite subaguda esclerosante,
ativação da tuberculose e evolução grave em pacien-
tico dessa fase é denominado período prodrômico e
tes imunodeficientes.
pode ser feito pela presença do sinal de Koplik na
mucosa oral (Cimerman; Cimerman, 2003; Coura, Não há tratamento específico para a infecção do
2005; Hinrichsen, 2005; Tavares; Marinho, 2005). sarampo, sendo este sintomático. Os pacientes de-
vem adotar algumas medidas como lavagem dos olhos
O sinal de Koplik aparece na mucosa bucal, pró-
com água limpa e fervida, a tosse pode ser ameniza-
ximo aos molares, e se estende a toda a mucosa oral,
da com vaporização frequente das vias aéreas supe-
e é caracterizado por uma placa esbranquiçada, que
riores, hidratação oral, repouso, ambientes com pou-
tem curta duração e antecede um ou dois dias o exan-
ca luz, dieta balanceada e antitérmicos. Nas compli-
tema e regride logo após sua instalação (Cimerman;
cações utiliza-se antibioticoterapia adequada para o
Cimerman, 2003; Coura, 2005; Hinrichsen, 2005;
quadro clínico. Também recomenda-se administrar
Tavares; Marinho, 2005; Tonelli; Freire, 2000).
vitamina A em crianças para reduzir a ocorrência de
O período exantemático é a fase mais marcante casos graves e fatais (Bonfada, 2004; Coura, 2005;
da virose e tem duração de 5 a 6 dias. O rash do tipo Hinrichsen, 2005; Tavares; Marinho, 2005).
maculopapular inicia-se na face, progride para o tronco Uma das formas de prevenção da transmissão
e para os membros em 72 horas. É caracterizado do sarampo é pelo isolamento domiciliar, e a hospi-
pela tonalidade avermelhada e presença de maculo- talização ocorre quando há complicações em pacien-
pápulas eritematosas irregulares, que se confluem em tes imunocomprometidos e em crianças desnutridas.
grandes áreas que depois descamam, deixando as Não se pode frequentar escolas, creches ou reali-
lesões hiperpigmentadas. O rash começa a clarear zar qualquer contato suscetível até 4 a 5 dias após o
no terceiro ou quarto dia, e a tosse pode atravessar início do período exantemático. Este isolamento é
todo o período da doença. A febre e as manifesta- relativo, porque o período prodrômico da virose já
ções catarrais diminuem juntamente com a regres- apresenta alta transmissibilidade, não sendo possí-
são do exantema (Cimerman; Cimerman, 2003; Cou- vel isolar os doentes nessa fase. A vigilância dos
ra, 2005; Hinrichsen, 2005; Tavares; Marinho, 2005; contatos, portanto, deve ser realizada num período
Tonelli; Freire, 2000; Wilson; Sande, 2004). de 21 dias (Brasil, 2007; Bonfada, 2004).
Segundo Duke e Mgone (2003), a luta contra o Após o período de incubação surgem as manifes-
sarampo é dividida em três batalhas, que são o con- tações prodrômicas, que permanecem por um a cin-
trole, a prevenção do surto e a erradicação, e pode co dias, dependendo da faixa etária, geralmente não
ser realizada em diferentes momentos e em locais ocorrendo em crianças menores. As manifestações
variados, de acordo com as necessidades e recursos. clínicas são: febre moderada, conjuntivite, dor de gar-
ganta, cefaleia, linfadenopatia (suboccipital, retroau-
ricular e cervical), calafrios, náusea, anorexia, tosse
e exantema. O exantema é maculopapular, fino, ró-
Rubéola e Síndrome seo, generalizando-se no sentido craniopodálico, com
da Rubéola Congênita (SRC) duração média de dois a três dias (Hinrichsen, 2005;
Tonelli; Freire, 2000; Wilson; Sande, 2004).
A rubéola é uma doença infecciosa aguda, be- O exantema surge primeiro na face, dissemi-
nigna, causada por vírus, que pertence à família nando-se para as extremidades distais dentro de 24
Togavirus e ao gênero Rubivirus. É uma doença horas, algumas vezes confluente, e ao regredir, dei-
exantemática e apresenta alta contagiosidade. Pode xa a pele com leve descamação (Cimerman; Ci-
apresentar-se de duas formas principais: adquirida merman, 2003, Tavares; Marinho, 2005; Wilson;
ou pós-natal e congênita ou pré-natal (Hinrichsen, Sande, 2004).
2005; Tonelli; Freire, 2000). Na rubéola adquirida o diagnóstico clínico pode
A maior incidência de casos de rubéola ocorre ser difícil, porque normalmente apresenta um qua-
durante a primavera e em crianças maiores, ado- dro leve e evolui de forma subclínica. O hemogra-
lescentes e adultos jovens. A transmissão da rubéo- ma não é muito esclarecedor, observando-se ape-
la se dá pelo contato com as secreções nasofarín- nas leucócitos em quantidade normal ou um pouco
geas de pessoas infectadas. A infecção é produzida diminuídos. A cultura viral é um exame pouco utili-
por disseminação de gotículas ou contato direto com zado, normalmente mais empregado na suspeita de
os pacientes. A transmissão é menos frequente por rubéola congênita, e é obtida de secreções nasofa-
meio de sangue, urina e fezes (Brasil, 2007; Coura, ríngeas, sangue, urina, liquor, líquido sinovial e leite
2005; Tavares; Marinho, 2005). materno. Os métodos sorológicos são as técnicas
mais adequadas para diagnosticar a infecção pelo
Segundo Hinrichsen (2005), o vírus da rubéola vírus da rubéola (Hinrichsen, 2005; Tavares; Mari-
invade as vias respiratórias e começa a se multipli- nho, 2005; Wilson; Sande, 2004).
car possivelmente nos gânglios cervicais. A viremia
aparecerá 7 dias após a infecção inicial e se esten- As complicações mais frequentes da rubéola
derá até o aparecimento dos anticorpos (12 a 14 adquirida são artrite, encefalite, trombocitopenia e
dias). O surgimento do exantema coincide com o síndrome da rubéola congênita (SRC). As menos
período em que o nível dos anticorpos está mais alto. comuns são a miocardite, conjuntivite folicular, ce-
Após o desaparecimento do exantema o vírus é só ratite, entre outras (Hinrichsen, 2005; Tavares;
detectado na orofaringe. Marinho, 2005; Wilson; Sande, 2004).
O período de incubação varia de 14 a 21 dias, Não existe tratamento específico para a rubéola.
em média 17 dias. A fase de transmissibilidade é Os sinais e sintomas devem ser tratados de acordo
aproximadamente de 5 a 7 dias antes do início do com a sintomatologia e com terapêutica adequada.
Deve-se tratar a febre, cefaleia e mal-estar com o uso
exantema e até 5 a 7 dias após (Brasil, 2007). As
de analgésicos e antitérmicos. O repouso é necessário
crianças devem ser afastadas da escola e creche
em alguns casos (Brasil, 2007; Hinrichsen, 2005).
neste período, devendo-se também evitar o contato
com mulheres grávidas suscetíveis, especialmente A SRC constitui importante complicação da in-
no primeiro trimestre de gestação (Tonelli; Freire, fecção pelo vírus da rubéola durante a gestação,
2000; Wilson; Sande, 2004). especialmente no primeiro trimestre, podendo com-
prometer o desenvolvimento do feto e causar abor- senta dificuldades de aprendizagem. Além da sur-
to, morte fetal, parto prematuro, natimorto e ano- dez, as outras manifestações são endocrinopatias,
malias congênitas (Brasil, 2007; Coura, 2005). lesões oculares, lesões vasculares, panencefalite
progressiva, distúrbios do comportamento, retardo
O modo de transmissão da SRC é pela via trans-
mental e autismo (Brasil, 2007; Cimerman; Cimer-
placentária após a viremia materna, e a frequência
man, 2003; Hinrichsen, 2005; Tonelli; Freire, 2000;
e a natureza do envolvimento fetal dependem da
Wilson; Sande, 2004).
imunidade materna e do momento da gestação em
que ocorre a infecção. O recém-nascido com SRC Não existe tratamento antiviral efetivo para a
pode excretar o vírus da rubéola nas secreções na- síndrome da rubéola congênita, com o tratamento
sofaríngeas, no sangue, urina e fezes por longos sendo direcionado às malformações congênitas e
períodos (Brasil, 2007; Tavares; Marinho, 2005; deficiências observadas (Brasil, 2007).
Tonelli; Freire, 2000).
Os efeitos da rubéola no feto dependem do mo-
mento em que a infecção ocorre: quanto mais cedo Vacina Tríplice Viral
o feto é afetado, mais grave é a doença. Quando
ocorre nas 12 semanas (primeiro trimestre), podem
A vacina tríplice viral é uma associação das va-
ocorrer malformações congênitas e aborto espon-
cinas contra sarampo, rubéola e caxumba. A indica-
tâneo. Após a 20a semana de gestação a possibili-
ção da vacina tríplice viral obedece ao calendário
dade de ocorrer malformações congênitas é rara
básico da criança, em que a primeira dose é aos 12
(Cimerman; Cimerman, 2003, Tavares; Marinho,
meses de idade e o reforço aos 4 – 6 anos. No ca-
2005; Wilson; Sande, 2004).
lendário de vacinação dos adolescentes pode ser
As manifestações da rubéola congênita podem administrada dos 11 aos 19 anos se o adolescente
ser precoces e/ou tardias. As precoces são aquelas não recebeu nenhuma dose anterior (12 meses ou 4
que apareceram do nascimento até o primeiro ano – 6 anos). E também, se não recebeu nenhuma dose,
de vida. Alguns sintomas são transitórios e desapa- ou faltou alguma, tem o calendário do adulto e do
recem em alguns meses. Outros são permanentes, idoso, que podem recebê-la em dose única, a partir
persistindo por toda a vida (Cimerman; Cimerman, dos 20 anos de idade. A vacina tríplice viral deve
2003; Hinrichsen, 2005; Tonelli; Freire, 2000). ser administrada em mulheres de 12 a 49 anos que
As manifestações precoces transitórias são aque- não tiveram comprovação de vacinação anterior e
las observadas ao nascimento e que desaparecem em homens até 39 anos. O calendário básico da crian-
em um espaço de tempo variável, entre as quais: ça é a vacinação de rotina, enquanto os calendários
baixo peso ao nascimento, púrpura trombocitopêni- de vacinação do adolescente, do adulto e do idoso
ca, trombocitopenia e leucopenia, hepatoesplenome- seguem as campanhas desenvolvidas (Portal da
galia, hepatite, anemia hemolítica, lesões ósseas, lin- Saúde, 2008a,b,c).
foadenopatia, diarreia, icterícia e meningoencefali- A vacina tríplice viral é apresentada liofilizada
te. As manifestações precoces permanentes podem em frasco-ampola de 10 doses, além de ampola di-
durar até o final do primeiro ano de vida, e são: si- luente. Cada dose de 0,5 ml de vacina reconstituída
nais gerais (prematuridade, baixo peso, retardo no contém não menos que o equivalente a 1.000
crescimento e desenvolvimento intrauterino, etc.); CCID50 (doses infectantes de cultura celular) do ví-
lesões ósseas; oculares; do sistema nervoso cen- rus de sarampo, 5.000 CCID50 do vírus de caxumba
tral; cardiovasculares; auditivas; distúrbios hemato- e 1000 CCDI50 do vírus de rubéola. Os excipientes
lógicos; lesões viscerais e outras. As manifestações são sorbitol, fosfato de sódio, sacarose, cloreto de
tardias podem ser evidenciadas desde o segundo ano sódio, gelatina hidrolisada, albumina humana, soro
de vida até a idade escolar, destacando-se entre elas de feto bovino, outros ingredientes de tampão e de
a surdez, que é diagnosticada quando a criança apre- meios e aproximadamente 25ìg de neomicina. Para
o preparo da vacina usa-se cepas de vírus atenua- Tabela 1: Dados epidemiológicos do município de
dos de sarampo (cepa Schwarz), caxumba (cepa Ijuí/RS
RIT 4385 – derivada da cepa Jeryl Lynn) e rubéola Caxumba Rubéola Sarampo
(cepa Wistar RA 27/3), separadamente obtidas por 1995 77 27 12
propagação, em culturas de tecidos de ovos embrioná- 1996 3 3 1
rios de galinha (caxumba e sarampo) ou células di- 1997 21 68 17
ploides humanas MRC5 (rubéola) (Fiocruz, 2008). 1998 - 12 1
As reações adversas mais comuns são queima- 1999 - 2 2
2000 - 2 4
ção e/ou ardência no local da aplicação por um cur-
2001 - 1 1
to período de tempo, podendo ocorrer edema transi-
2002 2 5 5
tório nas articulações, vermelhidão local, rash (erup- 2003 2 4 2
ção cutânea), febre, dor no local, enduração local, 2004 2 4 -
convulsões febris, entre outras (Fiocruz, 2008). 2005 2 2 -
2006 4 - -
2007 5 23 -
Fonte: Informe epidemiológico (2006, 2007, 2008).
Dados Epidemiológicos
A vigilância epidemiológica tem como objetivo Este fato pode ter ocorrido pela não notificação de
detectar a circulação dos vírus em determinado tem- casos. Apenas o tempo mostrará a completa erradi-
po e área geográfica, identificar a população sob cação do sarampo.
risco nessas áreas e proteger a população susceptí-
vel. Todos os casos suspeitos devem ser imediata-
mente notificados à Secretaria Municipal de Saúde
(Brasil, 2007). Considerações Finais
O Sistema de Informação de Agravos de Notifi-
cação (Sinan) tem como objetivo coletar, transmitir Para que a população brasileira continue livre do
e disseminar dados gerados rotineiramente pelo sis- sarampo é imprescindível a manutenção de cober-
tema de vigilância epidemiológica das três esferas turas vacinais adequadas. Isso significa a obtenção
do governo (nacional, estaduais e municipais), por de níveis de cobertura maior ou igual a 95% em
intermédio de uma rede informatizada, para apoiar todos os municípios do país.
o processo de investigação e dar subsídios à análise Recentemente, foi lançada no Brasil uma cam-
das informações de vigilância epidemiológica das panha nacional para a eliminação da rubéola. A cam-
doenças de notificação compulsória (Brasil, 2007). panha teve como objetivos interromper a transmis-
Segundo informações da Secretaria Municipal de são endêmica da rubéola e atingir os grupos de adul-
Saúde do município de Ijuí/RS, entre os anos 1995 e tos suscetíveis para o sarampo, para que se consiga
2007 foram notificados os casos apresentados na obter a erradicação dessa doença no Brasil e alcan-
Tabela 1. çar a meta de eliminação da rubéola e da SRC esta-
Analisando-se os dados constata-se que, apesar belecida para a região das Américas no ano de 2010.
do esforço do Ministério da Saúde, mediante cam- A meta é alcançar vacinação maior ou igual a 95%
panhas nacionais de vacinação, e também das Se- em todos os municípios do Brasil, para os seguintes
cretarias Municipais de Saúde por meio de projetos grupos: homens e mulheres de 20 a 39 anos, vaci-
de controle de casos notificados, não se pode con- nando com dupla viral (sarampo e rubéola) e vaci-
firmar a completa erradicação da caxumba e rubéola nando em alguns Estados homens e mulheres de 12
no município de Ijuí/RS. Por outro lado, não há evi- a 19 anos, com a tríplice viral (caxumba, rubéola e
dências de casos de sarampo nos últimos quatro anos. sarampo).
A vigilância epidemiológica precisa estar sem- DUKE, T.; MGONE, C. S. Sarampo: não apenas
pre atualizada nas dinâmicas das suas práticas me- um outro exantema viral. The Lancet 2003, 361:763-
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ticos) e aprimorando as estratégias operacionais FIOCRUZ. Vacina combinada contra rubéola,
de controle. A rápida evolução das ferramentas sarampo e caxumba. Disponível em: <http://
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computacionais, aliada à redução de seus custos,
BM_BUL_005_01_V_190510_TVV.pdf>. Acesso
vêm possibilitando o desenvolvimento de informa-
em: 4 nov. 2008.
ções mais ágeis que contribuem para tornar mais
oportunas as intervenções neste campo da saúde HINRICHSEN, S. L. DIP: Doenças infecciosas e
parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
pública.
2005.
Segundo Coura (2005) e Tavares e Marinho INFORME Epidemiológico. Município de Ijuí. Po-
(2005), os recentes avanços em epidemiologia mo- der Executivo. Secretaria Municipal da Saúde. Vi-
lecular têm possibilitado a análise das sequências gilância Epidemiológica. n. 0001, ano I, jun. 2006.
de nucleotídeos, a classificação dos vírus de acordo INFORME Epidemiológico. Município de Ijuí. Po-
com a sua origem geográfica, oferecendo subsídios der Executivo. Secretaria Municipal da Saúde. Vi-
para as atividades de controle e vigilância epidemi- gilância Epidemiológica. n. 0002, ano II, jun. 2007.
ológica da doença. INFORME Epidemiológico. Município de Ijuí. Po-
Os profissionais de saúde têm como desafio atual der Executivo. Secretaria Municipal da Saúde. Vi-
trabalhar para o desenvolvimento da consciência gilância Epidemiológica. n. 0003, ano III, jul. 2008.
sanitária dos gestores municipais de saúde, para que PORTAL DA SAÚDE. Calendário básico de
passem a priorizar as ações de saúde pública e atuem vacinação da criança. 2008a. Disponível em:
na perspectiva de desenvolvimento da vigilância da < h t t p : / / p o r t a l . s a u d e . g o v. b r / p o r t a l / s a u d e /
saúde, e que tem como um dos seus pilares de atua- visualizar_texto.cfm?idtxt=21462>. Acesso em: 4
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