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CUIABÁ
SETEMBRO DE 2017
EVILLYN BIAZATTI DE ARAÚJO
LUÍSA TEIXEIRA BATTISTETTI
SEBASTIÃO OSCAR GASPAR
VICTÓRIA FERREIRA SOARES TAPAJÓS
CUIABÁ
SETEMBRO DE 2017
INTRODUÇÃO
EUROPA
O estilo Art Déco foi inicialmente utilizado na França e teve, como momento
marcante, a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas de
1925. Esta grande exposição reuniu artistas de diversos países, servindo como uma
forma de evidenciar a França - país vitorioso na 1ª Guerra Mundial - e seus artistas a
nível internacional. A Exposição de 1925 trouxe, como principal temática, o estilo
decorativista, porém moderno e industrial.
Figura 01. Pôster da Exposição de 25. Transcrição: “Ministério do Comércio e da Indústria. Paris, 1925.
Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas. Abril - Outubro”.
Fonte: Robert Bonfils.
É nesse sentido que o estilo Art Déco - abreviação de Arts Décoratifs - se
encontra. O Art Déco se desenvolveu no início do século XX e foi utilizado tanto na
arquitetura, quanto em objetos de decoração e expressões artísticas diversas - pintura,
escultura, cinema e moda. Assim como o Art Nouveau e outras vanguardas e vertentes
modernistas, o Art Déco, inicialmente, emergiu como um estilo democrático, que viria a
ser acessível a todos, porém, na prática, configurou-se como o estilo da burguesia da
época, sendo caracterizado por sua monumentalidade e pelo uso de materiais
inovadores e nobres, como o ferro, o concreto armado e o granito.
Figura 05. Monumento às Bandeiras, Rio de Janeiro. Escultura em estilo Art Déco. Disponível em
<http://designculture.com.br/o-que-e-art-deco>. Acesso em: 07 set. 2017.
Figura 06. Chaise Longue, 1928, Le Corbusier, Pierre Jeanneret e Charlotte Perriand. Mobiliário em estilo
Art Déco. Disponível em: <http://www.herancacultural.com.br/blog/2013/11/lc4-le-corbusier/>. Acesso em:
07 set. 2017.
O Art Déco pode ser classificado como uma vertente do Modernismo, pois tem
características em comum com o estilo. Associado à modernidade, o Art Déco utiliza uma
linguagem industrial, fazendo uso de novos materiais e tecnologias. Apesar de ser
considerado um estilo decorativista, caracteriza-se pelo minimalismo, utilizando apenas
ornamentos pontuais, ao contrário de estilos anteriores, excessivamente adornados.
Outra característica que o aproxima do Modernismo é o racionalismo e o uso de figuras
geométricas puras. O Art Déco realizava um jogo de volumetrias, com a predominância
das linhas retas, sobretudo verticais, de modo a transmitir a sensação de que o edifício
é mais alto. Por fim, assim como o Modernismo, o Art Déco remetia à modernidade e a
grandes centros urbanos, sendo considerado um estilo cosmopolita.
Todas estas características são muito bem descritas em “O Art Déco na obra
getuliana - moderno antes do modernismo”, tese de doutorado de Márcio Vinícius Reis
pela FAUUSP orientada por Carlos Lemos:
“O Art Déco se define como Arte [...]; O Art Déco se define como Decorativo [...]; O Art
Déco se define como estilo Industrial, isto é, associado à sociedade industrial nascente, implícitas
aí todas as suas consequências, sobretudo tecnológicas; [...] o Art Déco se define como estilo
Moderno lato sensu, isto é, associa sua imagem a tudo o que, então, poder-se-ia definir como
tal: arranha-céus, automóveis, aviões, cinema, rádio, música popular, moda/vestuário e
emancipação da mulher. Propõe-se, portanto, como estilo intrinsecamente cosmopolita.”
Figura 07. Palais de Chaillot nos Jardins de Trocadéro, Paris, França. Percebe-se o predomínio de formas
geométricas puras e o jogo volumétrico com as mesmas. Ainda que a edificação não tenha dimensões
monumentais, ela apresenta monumentalidade e imponência, com os ornamentos sutis no coroamento e com o
ritmo dos pilares, que contrastam com a horizontalidade da construção, conferindo verticalidade à mesma. Fonte:
BRYANT, Jon. 10 of the best European cities for art déco design. Disponível em:
<https://www.theguardian.com/travel/2016/sep/08/10-best-european-cities-for-art-deco-design>. Acesso
em: 07 set. 2017.
Figura 08. Hoover Building, Londres, Inglaterra. A edificação é pouco ornamentada e usa formas
geométricas puras e linhas retas, presentes até mesmo nas esquadrias. A horizontalidade da construção
é quebrada pelos pilares, proeminentes. A entrada é destacada em um jogo volumétrico, recurso comum
no estilo Art Déco. Fonte: BRYANT, Jon. 10 of the best European cities for art déco design. Disponível em:
<https://www.theguardian.com/travel/2016/sep/08/10-best-european-cities-for-art-deco-design>. Acesso
em: 07 set. 2017.
Figura 09. Mossehaus, Berlim, Alemanha. Uma das características que mais chamam a atenção nesta
edificação é a curva na esquina, onde são utilizados materiais como concreto armado e ferro. A curva ou
o chanfro em esquinas são recursos bastante comuns no estilo Art Déco. Além disso, destaca-se a entrada
marcada e, principalmente, o escalonamento no coroamento da edificação, característico do Art Déco. As
formas geométricas puras e o minimalismo nas ornamentações estão presentes em toda a construção,
inclusive nos pilares e nas esquadrias. Fonte: BRYANT, Jon. 10 of the best European cities for art déco
design. Disponível em: <https://www.theguardian.com/travel/2016/sep/08/10-best-european-cities-for-art-
deco-design>. Acesso em: 07 set. 2017.
BRASIL
O estilo Art Déco, no contexto da política getulista, não se limita a “Marcha para
Oeste”. É possível notar o estilo em outras obras públicas do período getulista, se
excetuando a política do Departamento de Correios e Telégrafo. A partir dessa
constatação, é possível analisar que o Art Déco esteve marcado sutilmente como uma
breve linguagem oficial. Naquele período, ocorreu na Europa a famigerada ascensão das
diferentes vanguardas arquitetônicas, como o Art Déco e o Modernismo corbusiano. Na
perspectiva do conceito de modernização e desenvolvimento do país, promovido por
Getúlio Vargas, a adoção de um estilo moderno nas obras públicas representaria bem a
consolidação de uma modernidade brasileira. No entanto, frente aos estilos modernos
do período, o Art Déco se constitui como o mais aberto às diversas linguagens, excluindo
o “radicalismo plástico-formal abstrato” (REIS, 2014, pág. 202) das outras correntes
modernas.
A exemplo dessas obras arquitetônicas, há o Estádio do Pacaembu, na cidade de
São Paulo (Figura 12).
Figura 12. Estádio do Pacaembu, São Paulo - SP. Construção entre os anos de 1938-40. Projeto do
Escritório Técnico Ramos de Azevedo - Severo e Villares (São Paulo, Governo do Estado de. Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. São Paulo/Pacaembu. s/d) Fonte:
Wikipédia, Estádio do Pacaembu. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_do_Pacaembu> . Acesso em: 12 de set de 2017. Foto:
Rafael Neddermeyer.
Figura 13. Demonstração gráfica da tripartição do edifício Art Déco no Estádio do Pacaembu, São Paulo.
Imagem alterada. Foto: Rafael Neddermeyer.
Em Cuiabá, o estilo Art Déco aparece na década de 30, com a construção da Sede
do Departamento de Correios na Praça da República, pela construtora Pederneiras S/A,
instalada no Rio de Janeiro.
Figura 14. Sede dos Correios e Telégrafos de Cuiabá (MT), construída na década de 30, pela Construtora
Pederneiras S/A. Foto da década de 60. Fonte: IBGE, Acervo fotográfico do. Disponível em:
<http://www.biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=424506>. Acesso em:
12 de set de 2017. Foto: Acervo do IBGE.
Além desse repertório do período getulista, o Art Déco retoma a Cuiabá com a
chegada do arquiteto de origem alemã Frederico João Urlass. O arquiteto já havia
consolidado um repertório em Mato Grosso (hoje Mato Grosso do Sul), na cidade de
Campo Grande, entre outras. Em Cuiabá, talvez a obra mais célebre deste arquiteto
tenha sido o Hotel Centro América (Figura 16), localizado na travessa da Avenida Getúlio
Vargas com a Rua Galdino Pimentel, situado de frente à Praça da República. A
linguagem Art Déco do edifício foi utilizada como recurso para enfatizar a antiga catedral
de Cuiabá, em adobe, situada de frente à Praça da República (CASTOR, 2013, 203). O hotel
foi demolido na década de 90, e hoje o seu terreno é ocupado pela loja Riachuelo.
Figura 16. Hotel Centro América, Cuiabá - MT, inaugurado em 1954 (CASTOR, 2013, pag. 203). Nota-se
na extremidade esquerda do edifício o atual Palácio Alencastro (Prefeitura Municipal de Cuiabá) e à direita
do hotel, o edifício Maria Joaquina. Fotografia sem data de tiragem. Fonte: IBGE, Acervo fotográfico do.
Disponível em: <http://www.biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-
catalogo?view=detalhes&id=441540>. Acesso em: 12 de set de 2017. Foto: Acervo do IBGE.
Figura 17. Cartão postal. Vista de cima da Praça da República, Cuiabá - MT. Nota-se em seu entorno, da
esquerda para a direita: Sede dos Correios e Telégrafos, Thesouro do Estado e Palácio da Instrução.
Fotografia sem autor referenciado, cartão postal recebido em 1981. Fonte: Flickr. Acervo fotográfico do
usuário “pequena .”. Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/pequena-/12001318073>. Acesso em:
12 de set de 2017.
Figura 18. Vista de cima da Praça da República, Cuiabá - MT. Nota-se ao fundo, o edifício do Hotel
Centro América, à esqueda, e o Palácio do Comércio, à direita. Na extremidade direita se situa o Morro
da Luz, e ao fundo, a torre da Energisa (antiga Cemat). Fotografia sem autor referenciado. Fonte:
Pinterest. Acervo fotográfico do Museu da Imagem e do Som (MISC) de Cuiabá. Disponível em:
<https://br.pinterest.com/pin/852165560711909871/?lp=true>. Acesso em: 12 de set de 2017.
O projeto dos edifícios que se inserem no tipo I foi desenvolvido para as agências
de 3ª classe, onde a agência fica no térreo (com áreas internas separadas para os
serviços, espaço do hall, gerência, tesouraria, almoxarifado e instalações sanitárias), e
no pavimento superior (com entrada lateral independente), uma moradia funcional (três
quartos, sala, cozinha e banheiro).
Figura 19. Edifício tipo I, Guarabira-PB e Pesqueira-PE. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 20. Edifício tipo I, Petrolina- PE e Camocim - CE. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 21. Edifício tipo II, Quixeramobim- CE. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra Getuliana:
moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da
Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 22. Edifício tipo II, Princesa Isabel- PB e Picuí- PB. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na
Obra Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e
Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 23. Edifício tipo III, Princesa Isabel- PB. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Além dos tipos já mencionados, existem os edifícios tipo I,II e III especiais, que
configuram os edifícios tipos já mencionados porém com algumas alterações como por
exemplo entrada num plano proeminente, brises horizontais, muitos ressaltam mais os
pontos focais, como entrada, e apresentam mais ênfase no jogo volumétrico na fachada
incorporando-se até à geometria da calçada. Esses tipo especiais se apresentavam mais
parecidos com a tipologia das DRs.
Além dos tipos I,II e III e I, II e III especiais, existem mais cinco tipos especiais,
IV,V,VI,VII e VIII. O tipo especial IV é o que mais remete aos tipos I, II e III, no que diz
respeito à volumetria, é característico deste tipo, a presença de elementos verticais
repetidos com ritmo frequente na fachada, se assemelhando com brises (Figura 24). A
principal marca dos tipos V, VI, VII e VIII, são as pilastras que marcam a fachada e
sustentam a arquitrave desenha com o nome “correios e telégrafos” (Figura 25).
Figura 24. Edifício tipo especial IV, Araguari-MG. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 25. Edifício tipo especial V, Campo Belo- MG. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 26. Edifício tipo especial VI, Porto Feliz- SP. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 27. Edifício tipo especial VII, Manhuaçu- MG. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 28. Edifício tipo especial VIII, Três Lagoas-MS. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Os edifícios tipo DRs- Sede das diretorias regionais, são construções para
acomodarem as diretorias regionais e as agências no mesmo edifício, rede de pequenas
agências implantadas primeiramente no nordeste, sobretudo nas capitais e mais tarde
nas cidades de médio porte. Eram edifícios maiores que todos os outros tipos,
pertenciam às 1ª e 2ª classes, possuíam algumas características cubistas, predominava
o jogo entre as formas prismáticas remetendo à edifícios modernista, possuíam
volumetria geometrizada particulares do Art Déco e eram implantados geralmente em
esquinas, nas áreas centrais da cidade.
Figura 29. Edifício tipo DR, Aracaju- SE e Cuiabá- MT. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 30. Edifício tipo DR, Vitória-ES e Campanha-MG. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Figura 31. Edifício tipo DR, Maceió- AL e Barbacena- MG (linha de cima), Franca- SP e Sorocaba- SP
(linha de baixo). Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra Getuliana: moderno antes do
modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo)-
Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
O geógrafo Aníbal Alencastro aponta, em relato oral, que o terreno hoje ocupado
pelo prédio dos Correios era inicialmente residência do Juiz de Fora, que se envolveria
posteriormente em um escândalo e abandonaria a edificação. Esta então seria ocupada
pelo colégio Liceu Cuiabano por alguns anos, contudo, com o crescimento populacional
e o aumento do número de alunos, a estrutura já não comportava o uso do colégio, que
se mudou para um novo endereço.
A edificação na Praça da República estava desocupada e então fora demolida.
Somente na década de 30 é que a Construtora Pederneiras começaria a construção do
prédio dos Correios, fazendo uso do concreto armado como material construtivo.
Ainda de acordo com Aníbal, Cuiabá não possuía tanto mão de obra qualificada
quanto matéria prima adequada para o preparo do concreto armado. Assim, o Rio Cuiabá
foi dragado em busca da areia para sua produção. Já o aço e a mão de obra, foram
trazidos do Rio de Janeiro.
O prédio dos Correios tem planta baixa em formato U, abrigando um pátio interno.
O piso é em taco e ladrilho hidráulico (encontrado principalmente nas alas laterais do
primeiro pavimento, cozinhas e banheiros). A cobertura original é em laje plana que se
projeta para o exterior do edifício, como a marquise. As esquadrias são em ferro e vidro,
podendo ser do tipo basculante ou de abrir. O fechamento entre pilares e vigas de
concreto armado se dá com alvenaria de tijolos. Já quanto à tipologia, segue a das
Diretorias Regionais.
De acordo com Márcio Vinícius Reis em sua tese de doutorado intitulada Art déco
na Obra Getuliana: moderno antes do modernismo”, é uma reprodução da DR de Aracaju
em Sergipe, que, por sua vez, se baseou na DR de São Luís no Maranhão.
CORREIOS DE CUIABÁ
Figura 32. Sede dos Correios e Telégrafos de Cuiabá (MT), construída na década de 30, pela Construtora
Pederneiras S/A. Foto da década de 60. Fonte: IBGE, Acervo fotográfico do. Disponível em:
http://www.biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=424506>. Acesso em:
12 de set de 2017. Foto: Acervo do IBGE.
CORREIOS DE ARACAJU
Figura 33. Edifício tipo DR, Aracaju- SE e Cuiabá- MT. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
CORREIOS DE SÃO LUÍS
Figura 34. Edifício tipo DR, São Luís- MA e Cuiabá- MT. Fonte: REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra
Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014. 279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos
da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.
Todavia, ainda com a regularidade das tipologias, o prédio dos Correios facilita e
complementa a leitura do terreno, quase como se fossem feitos um para o outro.
Localizado numa esquina, apresenta um chanfro entre a fachada voltada para Praça da
República e a fachada voltada para a Rua 13 de Junho, indicando continuidade da
edificação, reforçada pelo sequenciamento das janelas. O edifício é composto por três
blocos verticais articulados, que sugerem o caimento do terreno através da diferença de
gabarito. Entretanto, os três blocos são interligados por um cinta de alvenaria na altura
do peitoril das janela, quase como se fossem amarrados, garantindo a unidade da
edificação. A entrada é bem marcada hierarquicamente através de um grande pórtico
levemente avançado em relação ao restante do volume, havia ainda a escada que
conduzia ao interior do edifício.
Todas estas características são muito bem descritas em “Arquitetura Moderna em
Mato Grosso: diálogos, contrastes e conflitos”, tese de doutorado de Ricardo Silveira
Castor pela FAUUSP orientada por Hugo Massaki Segawa:
“[...] o prédio dos Correios apresenta-se como uma sequência de blocos articulados, resultando numa
volumetria mais complexa e dinâmica. O resultado sugere um efeito de escalonamento entre os três blocos
paralelos que compõem a fachada, em sintonia com o caimento do terreno. A reforma posterior que
ampliou a terceira ala, à direita de quem entra no prédio, só fez reforçar essa impressão. A relativa
autonomia dos blocos é garantida visualmente por meio de leves recuos, recortes e diferenças de gabarito.
Nada que possa comprometer a unidade do conjunto, realçada com sutileza pela faixa horizontal de
alvenaria que percorre a meia altura as três alas frontais, amarrando-as.
[...] Ao invés da platibanda a esconder um telhado cerâmico, como no casarão vizinho, o que se vê agora
é uma laje plana de concreto, que se projeta para além do plano da fachada a título de beiral. É clara a
relação visual da linha do beiral com a marquise de concreto em balanço e com as vergas do mesmo
material que cortam indistintamente as janelas do térreo. Pena que essas peças tenham sido removidas
posteriormente, pois garante mais iluminação ao saguão do térreo sem prejuízo da modulação das
modernas esquadrias metálicas, do tipo basculante. Além disso, elas compunham uma faixa contínua que
alcançava a marquise frontal e as bandeiras dos três portais de acesso. Para completar, uma profusão de
caixa de ar-condicionado na fachada, a inclusão de platibandas, a supressão de duas janelas do térreo e
a abertura de outras tantas no andar superior acabaram por arruinar as qualidades originais do histórico
edifício. ”
Figura 38. Vista Frontal do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte: Área de
Engenharia da Superintendência Estadual de Mato Grosso da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
- ECT.
Figura 39. Planta Baixa ampliação, terceiro pavimento do Departamento de Correios e Telégrafos de
Cuiabá, MT. Fonte: Área de Engenharia da Superintendência Estadual de Mato Grosso da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.
Figura 40. Planta Baixa ampliação, segundo pavimento do Departamento de Correios e Telégrafos de
Cuiabá, MT. Fonte: Área de Engenharia da Superintendência Estadual de Mato Grosso da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.
Figura 41. Planta Baixa projeto de ampliação, segundo e terceiro pavimentos do Departamento de Correios
e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte: Área de Engenharia da Superintendência Estadual de Mato Grosso
da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.
Figura 42. Projeto de ampliação, alterações na fachada, planta e cobertura do Departamento de Correios
e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte: Área de Engenharia da Superintendência Estadual de Mato Grosso
da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.
Figura 43. Pátio interno do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte: elaborada pelos
autores.
Figura 44. Pátio interno do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte: elaborada pelos
autores.
Figuras 45 e 46. Pátio interno do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte: elaborada
pelos autores.
Figura 47. Frontão no Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte: elaborada pelos
autores.
Figuras 48 e 49. Escadas no Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte: elaborada
pelos autores.
Figuras 50 e 51. Divisória das salas do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte:
elaborada pelos autores.
Figura 52. Esquadria e vista de sala do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte:
elaborada pelos autores.
Figura 53. Vista da Praça da República de sala do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT.
Fonte: elaborada pelos autores.
Figura 54. Área de acesso público do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte:
elaborada pelos autores.
Figura 55 Área de acesso público do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. Fonte:
elaborada pelos autores.
Figura 56. Caixa postal em ferro fundido do Departamento de Correios e Telégrafos de Cuiabá, MT. A Área
de Engenharia da Superintendência Estadual da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos informa que
não possui registro sobre a data de anexação deste caixa de coleta na fachada da antiga Sede dos
Correios e Telégrafos. Contudo, a caixa não se encontra no projeto arquitetônico original. Fonte: elaborada
pelos autores.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REIS, Márcio Vinicius. O art déco na Obra Getuliana: moderno antes do modernismo. 2014.
279 p. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo)- Arquitetura e
Urbanismo, FAUUSP, São Paulo, 2014.