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Marcos Cieslak*
marcos_cieslak@yahoo.com.br
Resumo
Este artigo apresenta os resultados de um survey sobre percepção social da sustentabilidade e
comportamento sustentável de alunos do ensino médio, num colégio da rede pública de
educação, localizado no sudeste do Estado do Paraná. A análise considerou uma amostragem
probabilística simples de 75% de 53 alunos matriculados no ensino médio. Os resultados
mostram que os estudantes percebem as ações de sustentabilidade que estão mais evidentes e
repetitivas em seu dia a dia. Também se mostram mais propensos a adotar comportamentos
sustentáveis em relação a ações que merecem maior destaque na mídia ou que tem maior
probabilidade de os expor publicamente.
Resumen
Este artículo presenta los resultados de una encuesta sobre la percepción social de la
sostenibilidad y el comportamiento sostenible de los estudiantes de secundaria, en una escuela
pública, ubicada en el sureste del estado de Paraná. Se aplicó un cuestionario a 58 estudiantes, lo
que tomandose una muestra del 75% del universo de investigación. Los resultados muestran que
los estudiantes perciben acciones de sostenibilidad que son más evidentes y repetitivas en su vida
cotidiana. También tienen más probabilidades de adoptar comportamientos sostenibles en
relación con acciones que merecen mayor protagonismo en los medios o tienen más
probabilidades de exponerlas públicamente.
Abstract
Gonzaga et al.
This article presents the results of a survey on the social perception of sustainability and
sustainable behavior carried out with high school students at a public school in State of Paraná,
Brazil. A questionnaire was applied to 58 students, getting a sampling of 75% of the research
universe. The results show that the students perceive sustainability actions that are more evident
and repetitive in their daily lives. Also, they are more likely to adopt sustainable behaviors in
relation to actions that deserve greater prominence in the media or that are more likely to
expose them publicly.
1. Introdução
O conceito de sustentabilidade é amplamente interdisciplinar, existindo várias versões sobre seu
significado e abrangência. Conforme a área da ciência ou o paradigma de base, o termo sustentabilidade
é acompanhado de adjetivos como: ampla ou estreita, forte ou fraca, técnico-econômico ou político etc.
A opção sobre qual conceito adotar é uma decisão política (SCOONES, 2016). Como afirma Guimarães
(2016), a educação ambiental possui uma dimensão política que precisa ser assumida pelos educadores,
porque na formação dos estudantes está o objetivo de promover o senso de cidadania.
Inicialmente o termo sustentabilidade era abordado apenas a partir dos aspectos ambientais, mas tornou-
se predominante a adoção da postura mais inclusiva do Relatório Brundtland, que conecta as dimensões
ambientais, sociais e econômicas. A noção de sustentabilidade do Relatório Brundtland se expressa no
amplamente conhecido conceito de desenvolvimento sustentável, em que a satisfação das necessidades
das gerações presentes não deve comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem suas
necessidades (UN, 1987). Esse conceito evidencia um dos princípios básicos de sustentabilidade, a visão
de longo prazo (CLARO, 2008). Além disso, remete aos fundamentos éticos de justiça intergeracional e
direitos das futuras gerações (CONSANI; XAVIER, 2016).
Embora exista uma aceitação generalizada sobre a importância de ações para resolver os
problemas ambientais, não há consenso sobre como realizar a educação ambiental. Apesar das
orientações legais, predominam as abordagens reducionistas e despolitizadas, que enfatizam o
conservacionismo ecológico e limitam o potencial analítico do tema (ZAIONS; LORENZETTI, 2017).
Num estudo sobre o estado da arte da literatura científica sobre educaçação ambiental, Rodrigues et al
(2019) constataram que há muitos artigos teóricos discutindo a epistemologia da área, mas o predomínio
é de publicações resultantes do pragmatismo da pedagogia de projetos, que apresentam uma visão de
envolvimento da comunidade escolar em atividades continuadas, interdisciplinares, em parcerias com
outras instituições para realização de palestras, atos cívicos e programas oficiais.
2. Fundamentação teórica
A literatura sobre educação ambiental no Brasil, tende a fazer eco às diretrizes contidas nos
documentos oficiais sobre o tema. Há a afirmação geral de que se trata de um ensino cuja prática deve
promover a compreensão da relação de interdependência entre os seres humanos, o desenvolvimento
socioeconômico e a natureza. Na prática, porém, a educação ambiental oscila frente ao dilema entre um
ensino formal de repetição de informações fragmentadas, ou de propiciar aos alunos os instrumentos
para articular uma visão abrangente e analítica do meio socioambiental em que habitam (FERREIRA;
PEREIRA; BORGES, 2013; GUIMARÃES, 2016; VERDELONE; CAMPBELL; ALEXANDRINO,
2019).
de 1988, por disposição constitucional, a administração pública no Brasil passou a adotar a gestão
participativa e colegiada de suas instituições. No âmbito escolar, isso oferece a oportunidade para o
desenvolvimento de uma educação ambiental subsidiada pelas experiências comunitárias, de modo
inclusivo e democrático, com os familiares dos estudantes (LOUREIRO; COSSÍO, 2007).
Segundo Oliveira (2000), há três desafios importantes para a efetividade da educação ambiental
no âmbito escolar. O primeiro se refere ao equacionamento das dificuldades metodológicas de transição
entre os enfoques disciplinar e interdisciplinar. O segundo diz respeito à superação da rigidez das
estruturas curriculares e de gestão escolar. O terceiro requer uma mudança de atitude docente em relação
às práticas pedagógicas herdadas de outros séculos.
Três tipos de relação entre forma e conteúdo predominam nas práticas pedagógicas, contribuindo
para a diversidade educacional, em geral, e particularmente para a educação ambiental. O primeiro tipo é
baseado numa visão cognitiva, que aborda a educação ‘sobre’ o meio ambiente, adequada para orientar
estudos e pesquisas sobre o tema. O segundo tipo se baseia numa visão comportamentalista, que enfoca
a educação para a prática da sustentabilidade ambiental, mais adequada para influenciar atitudes
imediatas em relação aos temas de conservação e ecologia da natureza. O terceiro tipo é a visão de uma
educação crítica emancipatória, voltada à instigar a superação do status quo socioambiental (SILVA;
SILVA; NICOLLI, 2019).
sobre sustentabilidade originou-se com a ecologia matemática, nas décadas de 1970 e 1980, a partir de
estudos sobre a forma como os ecossistemas respondem a choques e estresses, que identificaram as
propriedades de estabilidade e resiliência dos sistemas biológicos. Com esse conhecimento a
sustentabilidade foi definida como a capacidade de um sistema em recuperar-se de choques e tensões
para retornar ao seu estado de equilíbrio.
No entanto, essa definição passou a ser questionada no âmbito das ciências ecológicas e sociais,
devido à observação dos sistemas de não-equilíbrio, baseados em processos adaptativos imprevisíveis.
Concomitantemente, o afloramento da concepção de desenvolvimento sustentável direcionou o foco para
uma visão pragmática de formulação de metas políticas normativas relacionando meio ambiente,
economia e sociedade. Assim, observadas as condições de incerteza dos sistemas complexos, em que
não se estabiliza um estado ideal de equilíbrio, as noções de transformação, transição e trajetória se
tornaram centrais nas abordagens sobre desenvolvimento. Resulta daí a elaboração de enfoques baseados
em mudanças incrementais, gerenciamento adaptativo e aprendizado para a sustentabilidade, que
passaram a compor os discursos dominantes (SCOONES, 2016).
Araújo (2013) afirma que embora o termo sustentabilidade seja muito mencionado, na prática é
pouco compreendido. Cita como exemplo o fato de que todos os setores produtivos dependem de um
fluxo constante de materiais, no qual é necessário verificar a sustentabilidade de todo o ciclo de vida
ambiental dos produtos. O ciclo de vida se inicia na extração de um recurso da natureza e segue em
sucessivas etapas de transformações, transporte, montagem, manutenção, desmontagem, até o descarte
final. Todas estas etapas implicam em desafios para a sustentabilidade, mas a maioria das pessoas não
tem consciência disso quando adquire um produto no mercado.
Quando um consumidor faz a opção pela compra de um bem, deveria levar em conta várias
aspectos-ambientais embutidos, como impacto na extração da matéria-prima, utilização, eficiência
energética, quantidade de água necessária, durabilidade, manutenção, reciclabilidade etc. (ARAÚJO,
2013). No entanto, as preferências dos consumidores são resultado de um processo de aprendizagem
proveniente da circulação de informações em seu meio social. Significa que o consumo sustentável
precisa ser elucidado num processo de ensino-aprendizagem, guiado pelo objetivo de influenciar a
evolução das percepções do consumidor em relação ao impacto de suas escolhas sobre sua própria
saúde, sobre a natureza e sobre a resiliência do meio socioeconômico em que vive (GONZAGA, 2005).
A relação conceitual entre sustentabilidade e desenvolvimento foi articulada pela primeira vez no
Relatório Brundtland, com a formalização do conceito de desenvolvimento sustentável (UN, 1987).
Ambos os conceitos remetem à abordagem de transformações ao longo do tempo, em que o
desenvolvimento é concebido como promotor de transformações desejáveis, enquanto a sustentabilidade
se associa à ideia de prevenção das transformações indesejáveis. Assim, a composição dos dois termos
resultou numa expressão que alude à uma realidade desejada, mas suscita uma miríade de múltiplas
abordagens teóricas, convenções internacionais e políticas públicas nacionais.
Após a Cúpula Mundial da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como
Rio-92, o termo desenvolvimento sustentável consolidou-se globalmente nos discursos políticos e
econômicos, à medida que os problemas ambientais e sociais se aprofundaram globalmente. A pobreza
passou a integrar os debates ambientais, não como um problema por si só, mas como uma de suas causas
e consequências, a ser resolvido de forma integrada aos objetivos da sustentabilidade (UN, 1993).
Face a essa evolução institucional internacional, algumas análises consideram que a expressão
Desenvolvimento Sustentável passou a ser utilizada como um guarda-chuva para discursos que se
pretendem apolíticos e ambientalmente corretos, embora não sejam. Assim, enquanto o uso do conceito
impulsiona um processo de homogeneização globalizada da cultura e da educação ambiental, as
economias desenvolvidas expandem sua hegemonia de mercado. Eclodem no mercado relações
econômicas baseadas na criação de novas commodities imateriais, como créditos de carbono, patentes e
royalties, que aprofundam as desigualdades econômicas, regionais, sociais, de gênero e étnicas
(NEILSON; CASTRO, 2016).
Hume e Barry (2015) consideram a crise ecológica e seus problemas como parcialmente
associados à ignorância. Por isso, precisamos de um tipo de educação de base ecológica, holística e
interdisciplinar, que inclua aspectos cognitivos, análise ética e política, orientada para a ação e solução
de problemas (HUME; BARRY, 2015). A educação ambiental seria a mediadora da interface entre os
sistemas educacionais formais e a crise ambiental, onde os indivíduos e suas redes sociais estão diante de
novas incertezas e perplexidades. Tornou-se necessária a produção de novos conhecimentos e valores
para tomar decisões em situações complexas (CARVALHO, 2017).
As evidências de que há uma crise ambiental são percebidas, em nível local e global, pelo ritmo
acelerado da produção industrial em processos de alta entropia, nos hábitos de consumo e na quantidade
de lixo produzido pelas sociedades humanas (HOSOKAWA; HOSOKAWA, 2001; MARQUES, 2013;
COSTA, 2016; SONG et al., 2018; BUSCHER; FLETCHER, 2019). Os excessos desses processos
teriam causado um acúmulo crescente de CO2 na atmosfera e levado a uma ruptura irreversível na
degradação dos ecossistemas naturais (CRUTZEN, 2002 e 2016; STEFFEN et al, 2011; BIERMANN,
2014). No extremo desta constatação, Crutzem (2002; 2016) propõe que esta nova configuração
histórico-geológica seja denominada de Antropoceno, uma era em que as atividades antrópicas passaram
a influenciar todos os processos não humanos no planeta Terra.
3. Metodologia e procedimentos
Esta pesquisa se caracteriza como estudo de caso, cujos dados foram analisados a partir de
parâmetros quantitativos e qualitativos. Os estudos de caso possibilitam a oportunidade para aprofundar
a compreensão de aspectos específicos de um problema. São realizados com a finalidade de esmiuçar
descobertas, podendo-se atribuir importância aos detalhes e ocorrências evidenciados, a fim de verificar
se impactaram no resultado obtido (FREITAS, 2000). Os estudos de caso podem ser desenvolvidos
segundo uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista
dos participantes. (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
Este estudo de caso baseou-se na utilização do método survey, de corte transversal, com
finalidade descritiva. A utilização do método survey é considerada adequada em situações que se almeja
identificar opiniões, percepções e atitudes de grupos populacionais em um determinado momento do
presente, sem no entanto investigar as causas de tais fenômenos (FREITAS, 2000).
bases de dados consultadas foram Scielo, Scopus e Web of Science. Os termos de busca foram
“sustainabity” e “environmental education”.
A coleta de dados foi realizada por meio de amostragem probabilística simples, com estudantes
do primeiro e segundo ano do ensino médio (não havia terceiro ano), num colégio público estadual
localizado na periferia urbana de uma cidade industrializada, no sudeste do Paraná. O entorno do colégio
caracteriza-se como um bairro de baixa renda, habitado, majoritariamente, por famílias de operários das
indústrias de madeira, papel e mineração, próximas. A amostra representou 75% de um universo de
pesquisa composto por 53 estudantes, cuja adesão foi voluntária. Os participantes da amostra tinham
entre 14 e 17 anos. Os dados foram coletados no segundo semestre de 2018.
O questionário aplicado foi elaborado a partir de um recorte ambiental, contendo dois conjuntos
de perguntas. O primeiro, sobre a percepção do estudante quanto às ações sustentáveis no ambiente
socioeducacional em que vive. O segundo, sobre seus próprios comportamentos em relação a questões
ambientais. Considerando a obrigatoriedade da educação ambiental no ensino médio, incluindo conteúdo
de sustentabilidade, as perguntas visaram identificar se os estudantes percebem as ações de
sustentabilidade nos seus principais ambientes institucionais de convivência, o colégio e o município.
Visaram, também, acessar se os mesmos assimilam e adotam comportamentos sustentáveis básicos no
dia a dia.
As perguntas foram elaboradas utilizando a Escala de Likert (1969), com valores variando de 1 a
5, onde 1 equivale a nunca, e 5 equivale a sempre. Os participantes foram orientados a responder de
acordo com o modo como percebem as situações perguntadas e conforme seu real comportamento, sem
preocupar-se com o que outras pessoas possam considerar mais correto.
Os dados foram analisados tendo por meta identificar as características subjacentes das
percepções e comportamentos dos estudantes. A partir das respostas obtidas levantaram-se indagações
sobre possíveis motivações que conduziram às respostas obtidas. Como as surveys não tem a finalidade
de investigar as causas do fenômeno estudado, mas apenas o grau de sua manifestação, não é possível
elucidar as motivações dos comportamentos declarados. Por isso, a fim de contribuir com a discussão
sobre a educação ambiental praticada no atual cenário de evolução do conceito de sustentabilidade, são
realizados exercícios de indução em busca de relações causais sobre sua efetividade na vida dos
estudantes. Como afirmam Tozoni-Reis; Kavasaki (2016), a metodologia da pesquisa em educação
ambiental não vem da bibliografia, posto que ela precisa ser elaborada durante o estudo empreendido,
envolvendo articulação teórica e epistemológica.
Gráfico 1. Durante sua vida escolar, você Gráfico 2. Sua escola promove eventos de
recebeu informações quanto aos cuidados e conscientização, tal como dia e/ou semana do
respeito com o meio ambiente? meio ambiente?
0% 2%
Gráfico 3. Em sala, seus professores fazem Gráfico 4. Sua escola tem projetos de coleta
colocações quanto à preservação do meio seletiva, ou possuem aquelas sextas coloridas
ambiente e da saúde? para separar o lixo?
0%
9% 7%
1 - Nunca 1 - Nunca
12% 35% 14% 2 - Raramente
2 - Raramente
3 - Às vezes 3 - Às vezes
14%
56% 4 - Muitas Vezes
4 - Muitas Vezes
44% 9% 5 - Sempre
5 - Sempre
Gráfico 5. Sua cidade apresenta programas de Gráfico 6. Você tem consciência de que
coleta seletiva de materiais recicláveis? muitos dos recursos naturais são finitos, isto
é, um dia podem se acabar?
2%
0%
12%
1 - Nunca 9% 1 - Nunca
9% 2 - Raramente 12% 2 - Raramente
3 - Às vezes 3 - Às vezes
14% 14%
63% 4 - Muitas Vezes 4 - Muitas Vezes
65%
5 - Sempre 5 - Sempre
O Gráfico 3, sobre a menção de questões ambientais pelo conjunto dos professores em sala de aula, há o
reconhecimento de que o assunto é mencionado, mas apenas eventualmente, conforme 79% das
respostas. Isto pode estar relacionado à dificuldade de tratar temas transversais por parte de professores
formados em sistemas disciplinares. Tal dificuldade se reproduz em alunos que tem dificuldade de fazer
a conexão entre os conteúdos específicos das disciplinas com os cenários abrangentes dos problemas
socioambientais que vivenciam.
O Gráfico 6, sobre a finitude dos recursos planetários, e por extensão, à ideia catastrófica de que
a Terra perderá a capacidade de abrigar as sociedades humanas do modo como são atualmente, mostra
que a mensagem está bem assimilada pela grande maioria, 79% da amostra. Talvez tenha relação com o
fenômeno observado por Lozano Ascencio (2002), de que o interesse pioneiro das pessoas pelos meios
de informação está, de algum modo, associado à curiosidade pelos desastres. Possivelmente esta é a
mensagem mais reforçada pelos meios de comunicação de massa, particularmente, nos tempos recentes,
com a onipresente divulgação sobre aquecimento global. Isso também mostra, assim como nos Gráficos
4 e 5, que as mensagens comunicadas com a linguagem adequada e persistentemente, são assimiladas
pelos estudantes.
Gráfico 7. Sua família costuma separar o lixo: Gráfico 8. Você costuma separar o lixo:
orgânico do reciclável? orgânico do reciclável?
7% 14%
7% 19%
1 - Nunca 1 - Nunca
42% 2 - Raramente 2 - Raramente
18%
3 - Às vezes 14%
28% 3 - Às vezes
4 - Muitas Vezes 4 - Muitas Vezes
16% 5 - Sempre 35% 5 - Sempre
Gráfico 9. Na rua, ou quando ninguém está Gráfico 10. Ao comprar um produto, você
vendo, você joga seu lixo na lixeira? joga a sacola plástica ou embalagem no lixo
reciclável?
2%
Gráfico 11. Você toma um banho rápido e Gráfico 12. Você evita o desperdício de
fecha a torneira enquanto escova os dentes energia elétrica, deligando luzes e aparelhos
(para evitar desperdícios de água)? de sua casa quando estão sem uso?
individuais, embora a percebam no comportamento domiciliar da família. É possível dizer que nem o
exemplo dos familiares leva uma parte desses estudantes a adotarem práticas mais sustentáveis. De
acordo com a maioria das respostas, 58% das famílias dos estudantes da amostra mantém a prática
sistemática de separação do lixo (Gráfico 7), mas individualmente essa prática é consistente apenas para
33% da amostra (Gráficos 8).
Parece haver maior adesão ao comportamento sustentável quando em espaço público, onde 53%
afirma utilizar as lixeiras públicas (Gráfico 9). Talvez porque nunca existe certeza se de fato não há
alguém olhando.
Então, quem entende de sustentabilidade? Quem está pronto para o processo emancipatório da
educação crítica quando as pequenas coisas da natureza se tornam grandes problemas para gerenciar e
Crutzen (2002, 2016) parece ter razão, o Antropoceno já começou. Nova sustentabilidade, nova
cidadania, novo conservacionismo, nova emancipação precisam ser elaborados. Os estudantes precisam
aprender que o futuro está por ser inventado e o protagonismo será deles. Então, é melhor que a prática
pedagógica, crítica, includente e libertadora, encontre um jeito de comunicar as formas de como é que se
faz a conexão entre os conteúdos cognitivos e os desafios cotidianos da comunidade local e do planeta.
5. Considerações finais
A escola funciona como uma ferramenta de promoção da cidadania, extensivamente à família e
ao meio social. Isso implica constituir-se num espaço onde se aprende a importância da relação
sustentável dos seres humanos com o meio socioambiental. É onde os estudantes se encontram em
processo de construção de seu instrumental analítico mental, em que a aprendizagem não demanda
apenas repasse de conhecimentos factuais, mas envolve a formação de atitudes éticas e o aprendizado do
protagonismo social.
desinteressados, pois os temas ambientais destacados pelas mídias de massa não lhes são alheios, ainda
que possam estar alienados de seu significado político.
Neste estudo realizou-se uma abordagem apenas elementar e exploratória do impacto que a
educação ambiental exerce em algumas dimensões da vida de estudantes do ensino médio. Como é
próprio do método survey, seu alcance é limitado ao escopo do questionário aplicado e não permite
generalizações. Mesmo assim, dentro das limitações, os resultados ajudaram a refletir sobre aspectos
mais amplos da prática pedagógica em educação ambiental e temas de seu conteúdo, no caso, o conceito
de sustentabilidade.
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