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Março de 2018

Notas de Aula do Modelo Clássico

Alex Luiz Ferreira1


Universidade de São Paulo, Departamento de Economia, FEA-RP

Sumário
1 Conteúdo da Aula 0

2 Hipóteses do Modelo 0
2.1 Demografia e Condições Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0
2.2 Expectativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0
2.3 Estrutura da Economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0
2.4 Tecnologia de Produção Neoclássica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2.4.1 Propriedades da Função de Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2.5 Função de Produção de Cobb-Douglas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.6 Firmas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.7 Mercados de Fatores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.8 Divisão da Renda Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1 Conteúdo da Aula
• Função de produção

• Função de produção de Cobb-Douglas

• Mercado de Fatores e decisão das firmas

2 Hipóteses do Modelo
2.1 Demografia e Condições Iniciais
1. Estático
1
Departamento de Economia FEA-RP, Universidade de São Paulo, Av. Bandeirantes, 3900, CEP 14040-900, Ribeirão Preto, Brazil.
Telefone: 55 16 36020507, e-mail: alexferreira@usp.br.
Favor não divulgar sem autorização.
2. População é constante e predeterminada.

(a) Mão-de-obra, L = L̄

3. Estoque de capital disponı́vel é predeterminado, K = K̄.

2.2 Expectativas
1. Sem incerteza.

2. Há conhecimento perfeito (ou previsão perfeita)

2.3 Estrutura da Economia


1. Firma representativa.

2. Economia Fechada.

3. Mercados competitivos.

4. Ausência de fricções.

5. Preços flexı́veis.

6. Pleno emprego dos recursos.

2.4 Tecnologia de Produção Neoclássica


As variáveis principais são: fluxo de produto Y , estoque de capital fı́sico durável2 K, trabalho3
L e conhecimento, tecnologia ou efetividade do trabalho A. A função de produção é Y = F (K, AL).
A e L entra na forma multiplicativa → labor augmenting ou aumentadora de trabalho ou Harrod
neutra (definição de Roy Harrod). Tecnologia aumenta o produto da mesma forma que o trabalho.
Assume-se que A = 1. Em Macro III, serão explorados os impactos das variações de A (e de outros
insumos) sobre a economia.
Há apenas um setor na economia. O produto homogenêno resultante, Y , pode ser consumido
ou investido. Segue-se que

Y = F (K, L) (1)
em que F : R2+ 7→ R+ . Onde R2+ é o domı́nio e R+ é o contra-domı́nio de F . Os pares dos vetores K
e L , cujo domı́nio é o dos Reais positivos, são parte do universe of discourse da função. A seta vai
2
Conjunto de “ferramentas”: máquinas, prédios, computadores, calculadora etc. É um bem rival, com as
caracterı́sticas delineadas acima, produzido no passado por uma tecnologia de produção similar à que será aqui
apresentada.
3
Número de trabalhadores, o seu tempo de trabalho, suas habilidade saúde, força fı́sica. É também um insumo
rival.

1
indicar uma regra de mapeamento e F representa uma regra particular de mapeamento, embora
a forma funcional exata não é especificada (isso será feito ao assumir a função Cobb-Douglas, por
exemplo). O valor de F para o qual um valor do par K e L é mapeado é a imagem. O conjunto de
todas as imagens é denominado a imagem da função F (ver, por exemplo, um livro de Matemática
para Economistas, como o de Alpha Chiang), que é o conjunto de todos os valores que F pode
assumir representada em um espaço tridimensional. Vamos adotar o princı́pio daqui até o fim do
curso, como no próprio livro-texto Chiang, de que “em geral não haverá peocupação em especificar
o domı́nio de cada função em cada modelo”.

2.4.1 Propriedades da Função de Produção


1. Retornos constantes de Escala:

F (λK, λAL) = λF (K, AL) (2)


∀λ ≥ 0. Implica ausência de ganhos de especialização. Outros insumos de produção podem ser
relativamente importantes, porém serão omitidos por simplificação.

2. Essencialidade:
A função (2) satisfaz F (0, L) = 0 e F (K, 0) = 0.

3. Retornos positivos e decrescentes dos insumos individuais:


∂F (•)
∂K
= FK (•) > 0 e ∂F∂L(•) = FL > 0; FK é a taxa de variação de F para variações infinitesimais
do capital, FL é análogo; “Lei dos Rendimentos Decrescentes”: FKK < 0 e FKL < 0. F é
continuamente diferenciável, estritamente crescente, homogênea de grau 1 e estritamente quase-
côncava.

4. Condições Inada (1963):

lim FK (•) = lim FL (•) = 0


K→∞ L→∞

lim FK (•) = lim FL (•) = ∞


K→0 L→0

2.5 Função de Produção de Cobb-Douglas


Proposto por Knut Wicksell; evidência encontrada por Paul Douglas e por Charles Cobb em
19284 .

Y = K α L1−α (3)
4
Paul Howard Douglas: economista americano (Columbia University) buscou evidência empı́rica sobre o modelo
neoclássico o que levou à formulação da função acima junto com o matemático Charles Douglas.

2
Figura 1: Função de Produção

Questão para os alunos: Checar se as propriedades listadas acima são atendidas. Por
exemplo, a de homogeneidade linear:

F (λK, λL) = (λK)α (λL)1−α = λα λ1−α K α L1−α (4)

2.6 Firmas
1. Hipótese de comportamento: maximizador

2. Função objetivo: lucro

3. Variáveis de escolha: K e L.

4. Mercado competitivo: firma atomista (não influencia preços e salários de mercado, toma-os
como predeterminados)

5. Propriedade do capital é das famı́lias que o alugam às firmas

6. Variáveis exógenas: W (salário nominal), P (preço de Y) e R (custo de aluguel do capital)

3
2.7 Mercados de Fatores
Para a firma temos o seguinte problema:

max π(K, L) = P.F (K, L) − RK − W L. (5)


K,L

Resolvendo-se para as condições necessárias de primeira ordem, tem-se

P mgK = FK (•) = R/P, (6)

P mgL = FL (•) = W/P. (7)


Note que o produto marginal do capital (FK (•)) é igual ao custo real de aluguel do capital
(R/P ). A condição é análoga para o trabalho (L).

Figura 2: Equilı́brio no mercado de fatores

A condição (7) define implicitamente uma função demanda por mão de obra negativamente
inclinada no plano cartesiano (L, W/P), com abcissa L e ordenada W/P. A razão é que quanto
menor o salário real, maior será a quantidade de trabalho demandada, conforme mostrado na figura
acima.
A inclinação negativa da demanda deve-se à FLL < 0, sendo que é decrescente em módulo.

2.8 Divisão da Renda Nacional


Teorema de Euler
Tendo analisado como a firma decide o quanto cada fator vai utilizar, pode-se explicar como o
mercado de fatores distribui a renda total da economia.
Viu-se da equação (5) que o lucro da firma é o que resta após os fatores de produção forem
pagos. Pode-se rearranjar (5) de forma que:

4
Y = F (K, L) = (R/P ).K + (W/P ).L + π (8)
Utilizando (6) e (7), tem-se que

Y = F (K, L) = P M gK.K + P M gL.L + π (9)


Ou seja, a renda é dividida entre retorno do trabalho, retorno do capital e o lucro econômico.
De acordo com o Teorema de Euler, se a função de produção tem retornos constantes de escala, o
lucro econômico deve ser zero, de forma que:

F (K, L) = P mgK.K + P mgL.L (10)


Demonstração
O produto por trabalhor e o capital por trabalhor são definidos por
Y
y= (11)
L
K
k= (12)
L
Utilizando-se Y = F (K, L) e a propriedade de homogeneidade de grau 1, tem-se que (11) se
torna:
1 K
y = .F (K, L) = F ( , 1) = f (k)
L L
Logo, pode-se reescrever (11) como:

Y = L.f (k) (13)


Primeiramente, deriva-se (13) em relação à K:

∂Y ∂f (k) ∂k
= L.
∂K ∂k ∂K
∂Y 1
= L.f 0 (k). = f 0 (k)
∂K L
∂Y
Como P mgK = ∂K
, então

P mgK = f 0 (k) (14)


Agora faz-se a mesma conta, porém em relação à L:

∂Y ∂f (k) ∂k
= f (k) + L.
∂L ∂k ∂L

∂Y ∂f (k) −K
= f (k) + L.
∂L ∂k L2

5
∂Y K
= f (k) − f 0 (k).
∂L L
∂Y
Como P mgL = ∂L
, então
K
P mgL = f (k) − f 0 (k). (15)
L
Rearranjando (15) e usando (11) e (14):

L.P mgL = L.f (k) − P mgK.K

L.P mgL = F (K, L) − P mgK.K

F(K,L)=PmgL.L+PmgK.K (16)

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