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PATRÍCIA APARECIDA STÜRMER

INCIDÊNCIA DE ANSIEDADE EM

PACIENTES CIRÚRGICOS

Monografia apresentada como requisito parcial


para obtenção do título de Bacharel em
Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí

Orientador (a): Giovana Delvan Stühler, MSc

Itajaí SC, 2007


2

“Na vida de todo ser humano há momentos de

júbilo e de depressão. Aqueles que só

compreendem o sucesso e a vitória não viveram tão

profunda e intensamente como os que tiveram de

superar alguma derrota. Na realidade, todos temos

algumas derrotas e algumas vitórias. Aprender a

viver com ambas é viver uma vida equilibrada”.

Cecil A. Poole
3

Dedico este trabalho aos meus pais, Ilário e

Ivany, que sempre estiveram ao meu lado, me

apoiando, me dando força, carinho e não me

deixando desanimar em nenhum momento de minha

vida.

Amo muito vocês!


4

AGRADECIMENTOS

A Deus... pela vida!

Aos meus irmãos, Marcos e Mauro, pela força mesmo que distantes.

Pelo companheirismo, compreensão e paciência as minhas queridas amigas

com quem tenho o privilégio de conviver.

A minha orientadora Giovana Delvan Stühler, pela paciência, competência,

dedicação, ética, e principalmente pela confiança depositada em mim.

Aos professores, Maria Celina Ribeiro Lenzi e Eduardo José Legal,

componentes da banca, pela disponibilidade em ler e avaliar meu trabalho.

Ao hospital que possibilitou a realização deste estudo.

A escrituraria Ivânia, pela disponibilidade e paciência, em me auxiliar dentro do


contexto hospitalar.

Pela disponibilidade e confiança, aos participantes que viabilizaram esta

pesquisa.
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SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................... 6

LISTA DE TABELAS .................................................................................................... 7

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 8

2 EMBASAMENTO TEÓRICO .................................................................................... 11


2.1 O Hospital e a Hospitalização ............................................................................... 11
2.2 Pacientes Cirúrgicos ............................................................................................. 13
2.3 Ansiedade ............................................................................................................. 17

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................................................................ 21


3.1 Participantes da pesquisa ..................................................................................... 21
3.2 Instrumentos .......................................................................................................... 21
3.3 Coleta de dados .................................................................................................... 22
3.4 Análise de dados.................................................................................................... 23
3.5 Procedimentos éticos ............................................................................................ 24

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 25

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 41

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 44

7 APÊNDICES ............................................................................................................ 48
7.1Questionário .......................................................................................................... 49
7.2 Autorização ........................................................................................................... 50
7.3 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................................... 51
6

INCIDÊNCIA DE ANSIEDADE EM PACIENTES CIRÚRGICOS

Orientador: Giovana Delvan Stühler


Defesa: junho de 2007

Resumo: A ansiedade é um fenômeno adaptativo com duração e intensidade apropriadas e necessárias ao ser
humano no enfrentamento das situações que lhe são impostas pela vida. Quando a situação refere-se a uma
internação hospitalar para a realização de uma cirurgia, a ansiedade pode elevar-se e somar-se a tensão, estresse e
outras condições adversas ao estado emocional, influenciando ou prejudicando este momento. A presente pesquisa
teve como objetivo identificar a incidência de ansiedade em pacientes cirúrgicos submetidos a diferentes
procedimentos. Participaram da pesquisa 20 pacientes, internados em um hospital localizado na cidade de Balneário
Camboriú (SC). Foram utilizados como instrumentos: um questionário contendo dados de identificação, dados sobre
a cirurgia e dados a respeito de experiências prévias e o Inventário de Ansiedade Beck (BAI). Os resultados obtidos
através da aplicação do BAI foram relacionados com os dados obtidos através do questionário, estes indicaram que
10 participantes apresentaram um nível mínimo de ansiedade, 5 um nível leve, 3 um nível moderado e 2 um nível
grave. Com relação ao conhecimento sobre o procedimento cirúrgico, 9 participantes receberam informações
repassadas pelos seus médicos, ou por outras pessoas que já haviam feito o mesmo tipo de cirurgia e 11 participantes
não receberam nenhum tipo de informação. Experiências prévias das mais variadas foram relatadas por 14
participantes e 6 afirmaram nunca ter tido nenhum tipo de experiência. Porém, neste estudo, o conhecimento acerca
do procedimento e as experiências prévias não foram fatores considerados desencadeantes para a ansiedade.

Palavras-chave: Ansiedade; Pacientes Cirúrgicos; Hospitalização.


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Freqüência de participantes em situação pré-cirúrgica quanto à


idade............................................................................................................................ 25

Tabela 2 – Relação de participantes quanto o grau de instrução e o estado


civil.............................................................................................................................. 26

Tabela 3 – Freqüência de participantes em situação pré-cirúrgica quanto à


procedência................................................................................................................ 27

Tabela 4 – Freqüência de participantes em situação pré-cirúrgica quanto ao tipo


de cirurgia.................................................................................................................. 28

Tabela 5 – Níveis de escores obtidos através do BAI............................................ 32

Tabela 6 – Participantes que obtiveram um nível Leve de Ansiedade................. 34

Tabela 7 – Participantes que obtiveram um nível Moderado de


Ansiedade.................................................................................................................. 36

Tabela 8 – Participantes que obtiveram um nível Grave de


Ansiedade................................................................................................................. 38
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1 INTRODUÇÃO

O ser humano é único, o seu modo de existir e adoecer reflete suas

características próprias, por isso o estar doente é sentido de forma única por cada

paciente. Complementando, Perestrello (1982, citado por CAMPOS, 1995) utiliza a

expressão “não há doenças, mas doentes”, alertando que uma doença produz efeitos

diferentes em diferentes pessoas, principalmente do ponto de vista psicológico, e que

essas manifestações tanto da saúde como da doença do ser humano refletem algo do

seu mundo interior.

Diante disso, percebe-se que cada paciente vai reagir ao processo de

hospitalização de uma maneira distinta, referente ao seu estilo de vida e de sua

personalidade. Bem como, tem que se adaptar ao ambiente hospitalar, que muitas

vezes é tido como desumanizador, uma vez que, trata os pacientes não pelos seus

nomes, mas sim pelo número de seu leito, pelo nome da sua enfermidade, acarretando,

portanto, numa despersonalização do paciente. Desta forma, o paciente sente o

processo de hospitalização como uma forma de agressão (CASATE & CORRÊA, 2005).

Essas características individuais juntamente com a perspectiva da cirurgia e da

anestesia, se traduzem numa mudança na rotina de vida podendo desencadear

alterações emocionais como ansiedade ou medo (JUÁREZ, GÓIS e SAWADA, 2002).

Deste modo, a perspectiva de submeter-se a uma cirurgia amedronta qualquer

ser humano, pois lhe impõe uma nova realidade abruptamente imposta. O desestrutura

ao ponto em que se sente atingido em sua auto-imagem, e também por ficar a mercê

de profissionais que nem sempre lhe transmitem segurança (VARGAS, MAIA e

DANTAS, 2006).
9

Frente a não certeza do diagnóstico, o primeiro sintoma que se apresenta é o

da ansiedade, devido ao medo do desconhecido que será a cirurgia. O paciente reage

de diversas maneiras a isso, sendo uma delas a recusa, de certas técnicas anestésicas,

como também referente ao que a equipe médica solicita a ele. Se não tratado, pode

influenciar negativamente no processo cirúrgico, bem como a sua não colaboração com

a equipe cirúrgica pode trazer complicações para seu pós-operatório (BOTEGA, 2002).

Segundo Vainboim (2005), a ansiedade é um fenômeno estruturante da

existência humana, ou seja, é necessário para a condição do ser humano. Além de ser

uma experiência eminentemente individual e real. Quando está na condição de alerta

de uma ameaça interna ou externa, pode ter uma função defensiva diante dos perigos

que provam ameaçar o ser humano.

Estados de tensão, provocados pela interrupção de suas atividades, podem

contribuir para que o paciente passe a interagir com medos, dores e solidão,

manifestando diferentes formas de defesa para lidar com a situação, tais como, ficar

deprimido, irritado, exigente, sensível, angustiado, dormir pouco, tornar-se mais quieto,

entre outros sintomas (LEITÃO, 1993).

Desta forma, é possível observar a diversidade das reações dos pacientes

frente à cirurgia, que é um procedimento desencadeante de alterações emocionais nos

indivíduos, quer pela expectativa, pelo medo, pela dor, pela cirurgia em si ou por

possíveis problemas no pós-operatório.

Os pacientes cirúrgicos, normalmente não se sentem seguros, pois este

procedimento tende a gerar um intenso desconforto emocional, provocando então um

futuro incerto, com manifestações de sentimentos de impotência, isolamento, medo da

morte, da dor, da mutilação, de ficar incapacitado, das mudanças em sua imagem


10

corporal, que podem levar o paciente a desenvolver dificuldades de adaptação e

produzir, no indivíduo, um déficit na relação do sujeito no mundo (SEBASTIANI & MAIA,

2005).

Com base na literatura pesquisada sobre o tema, acredita-se que estudos como

este, podem também contribuir para que o papel do psicólogo no contexto hospitalar

seja ainda mais reconhecido, na medida em que é um profissional com formação para

atuar junto a pacientes que apresentam respostas de ansiedade elevadas. A presente

pesquisa, portanto, teve como objetivo identificar a incidência de ansiedade em

pacientes cirúrgicos submetidos a diferentes procedimentos que aguardavam por estes

em um hospital localizado na cidade de Balneário Camboriú (SC).

Esta pesquisa será apresentada da seguinte forma: na primeira parte, o

embasamento teórico, onde os temas sobre o hospital e a hospitalização, paciente

cirúrgico e a ansiedade serão abordados. Posteriormente serão apresentados os

aspectos metodológicos, os quais descrevem os métodos utilizados para a coleta de

dados, análise e discussão dos resultados. No capítulo seguinte, será realizada a

apresentação e discussão dos resultados, em que, num primeiro momento, serão

apresentados e analisados os dados obtidos através do questionário de identificação, e

em seguida apresentados e discutidos os dados obtidos através da aplicação do

Inventário de Ansiedade Beck (BAI), relacionando-os entre si.

Para concluir, buscar-se-á nas considerações finais identificar os dados mais

expressivos, bem como explanar se o conhecimento acerca do procedimento e as

experiências prévias foram fatores desencadeantes de ansiedade.


11

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 O Hospital e a Hospitalização

O hospital é um ambiente físico reservado para acolher doentes e tratar doenças.

Ele reflete a humanidade, no que se refere aos anseios, angústias, dificuldades,

desejos e alegrias. Demonstra também a fragilidade física do homem, bem como, sua

busca incessante dos meios e recursos para a luta contra seus males (CAMPOS,

1995).

Segundo Seitz (2006), os hospitais são estruturados de modo a facilitar o

trabalho dos profissionais e favorecer um tratamento eficiente aos pacientes. Mas,

muitas vezes esses são submetidos a normas e rotinas rígidas e inflexíveis,

favorecendo então para um ambiente de solidão e isolamento, gerando dentre outros

sentimentos, ansiedade, angústia e insegurança.

Corroborando essa idéia, Campos (1995) afirma que as instituições estabelecem

um jogo de forças, em que o poder está de um lado e a submissão do outro. Isso faz

com que o paciente se enquadre a determinadas normas e limites, ocasionando assim

uma perda de identidade, de poder, autonomia e participação. O próprio processo de

hospitalização pode ser sentido como agressão, pois a instituição reforça a condição de

dependência, impondo-lhe roupas, camisolões, decidindo tudo ou quase tudo pelo

paciente.

É possível perceber no ambiente hospitalar o confronto de forma ambivalente, de

sentimentos como a vida e a morte. Ao ser hospitalizado, o individuo sofre mudanças


12

de ambiente físico e social e mudanças nas atividades diárias, portanto, a

hospitalização afeta todo o seu sistema de vida. Também se pode alegar que a

necessidade que o paciente tem de interagir com várias pessoas estranhas, a

expectativa de submeter-se a procedimentos técnicos que lhe são desconhecidos,

como as cirurgias e a sensação de que o seu corpo esta sendo manipulado por outros

são eventos ameaçadores (SEITZ, 2006).

De acordo com Sebastiani (2003), o fato de ser levado ao hospital e de ficar

internado já implica por si só uma quebra no domínio sobre si mesmo, pois, passará de

uma situação de vida de agente, para a de paciente, tanto no sentido psicológico como

no orgânico.

Mas, Melho Filho (2002) afirma que no período de internação a situação de cada

paciente vai depender da evolução de sua enfermidade em interação com a estrutura

hospitalar, representada pela capacitação técnica da equipe, do relacionamento entre

as pessoas e desses para com o paciente.

De um modo geral, os pacientes são surpreendidos pela doença e pela

hospitalização, fazendo com que mudem-se para um ambiente estranho e impessoal,

trazendo consigo dor, medo e incerteza. Mas sabe-se, que o processo de

hospitalização é agressivo e doloroso, além de inevitável e inadiável (SEITZ, 2006).

Assim, ao ser hospitalizado o paciente requer uma assistência segura e

humanizada, além de competente no seu aspecto técnico-científico, pois é um ser único

e está num momento de vulnerabilidade onde a sua vida pode estar ameaçada

(ANDRADE DIAS, 2006).


13

2.2 Pacientes cirúrgicos

A saúde é a harmonia do ser humano com o seu meio físico e social, contudo a

ruptura dessa harmonia conduz à doença que pode levar a um desequilíbrio total

(ROMANO, 1994).

Entende-se que a doença é uma agressão que gera um abalo em sua condição

de ser, o que faz com que seu futuro se torne incerto. Este futuro incerto provoca

insegurança e ansiedade, pois o que havia planejado pode não ocorrer devido ao

aparecimento da enfermidade (SANTOS & SEBASTIANI, 2000).

Isso pode ser percebido em pacientes cirúrgicos, uma vez que a necessidade

de uma cirurgia é sentida pelo paciente e seus familiares como uma situação

extremamente desestabilizadora, que gera medo e ansiedade, e em alguns casos,

sentimentos de frustração (CAVALCANTE, PAGLIUCA & ALMEIDA, 2000).

Complementando essa idéia, Sonobe et al (2001) afirmam que a necessidade

de um procedimento cirúrgico traz diversas conseqüências para o paciente e sua

família, tendo um significado ímpar, pois, as modificações que serão realizadas em seu

corpo precisarão ser adaptadas para que o mesmo possa retornar a sua vida

normalmente.

Pode-se dizer que frente à cirurgia o paciente apresenta várias reações como,

tender a mudar, a se refazer, a refinar seu autocontrole. Deliberadamente os pacientes

limitam suas percepções e sentimentos, negam o perigo e até mesmo conseguem uma

aparência de satisfação. Com sua própria ajuda o paciente não apenas se protege
14

contra um medo e sofrimentos avassaladores como também, se entrega a um papel

mais passivo, cooperativo e tratável (SEBASTIANI, 2003).

Esse mesmo autor relata que, ao dar entrada no hospital, instala-se de início no

paciente um clima de apreensão que, muitas vezes, marca um período de sofrimento e

reflexões. Ele tem que se adaptar a realidade institucional e a sua doença, o que faz

com que essa situação se torne invasiva e abusiva, na medida em que não se respeita

os limites e imposições dessa pessoa hospitalizada.

Em se tratando de pacientes cirúrgicos, Gorayeb (2001) afirma que além dos

desconfortos de se ter uma doença ele tem a ameaça de algo desconhecido e

arriscado, bem como o medo de que a cirurgia e/ou a anestesia dêem problemas.

Assim, diante desse futuro incerto, o paciente manifesta sentimentos de

impotência, isolamento, medo da morte, da dor, da mutilação, de ficar incapacitado, das

mudanças na sua imagem corporal. Bem como, sente ameaçada a sua integridade

física e psicológica (SEBASTIANI & MAIA, 2005).

Integrando essa idéia, Cavalcante, Pagliuca e Almeida (2000) afirmam que ao

ser hospitalizado o paciente cirúrgico traz consigo expectativas, dúvidas e temores

sobre os acontecimentos que irá vivenciar. Ele estará num ambiente estranho, com

pessoas desconhecidas, longe de sua família e amigos, e o seu corpo será “agredido,

cortado e mutilado”.

Para esses mesmos autores, a realização de uma cirurgia é um evento

importante na vida de uma pessoa, pois através dessa ela espera viver uma vida mais

saudável. Mas sabe-se que a cirurgia não é uma ocorrência rotineira na vida dos

indivíduos, ela requer um preparo prévio dessa pessoa e de seus familiares, além de
15

que essas necessitam mobilizar recursos físicos, emocionais e até financeiros para

enfrentar esse momento.

No entanto, o pré-operatório é vivenciado a partir do tipo de cirurgia a ser

realizada, como também pela forma com que o paciente elabora a situação vivida. Os

procedimentos cirúrgicos possuem várias finalidades, dentre elas: de diagnóstico, de

tratamento eletivo, de prevenção, de aliviar sintomas, de cura, de reconstrução ou

cosmética. Porém, qualquer ato cirúrgico por menor que seja sua extensão

desencadeia no paciente uma série de reações fisiológicas e psicológicas.

E, mesmo quando consentida e programada a cirurgia pode significar um

processo de agressão que, se somando ao estado emocional e a forma como ele se

sente em relação à mesma, alteram seu estado fisiológico, podendo assim influenciar

no procedimento cirúrgico.

Conforme Sebastiani (2003), o paciente que é submetido a um procedimento

cirúrgico demonstra aspectos psicológicos importantes, principalmente em relação ao

medo. Tem medo da dor e da anestesia, de ficar desfigurado ou incapacitado, medo de

mostrar o medo, medo de mil e uma coisas, e sobretudo, tem medo da morte.

Partindo disto, a forma de freio que o paciente utiliza sobre seu medo faz muita

diferença em relação ao seu bem estar. Alguns o têm firme, relativamente inquebrável e

muito útil. Outros o têm muito frágil precisando de um reforço, em geral, com o uso de

drogas ou acompanhamento psicológico. Existem também aqueles que dispõem de

métodos especiais para controlar a ansiedade, como é o caso daqueles que a desviam

da parte do corpo cirurgicamente afetada, tornando-se preocupados com outras partes

do corpo, onde criam problemas que não existem.


16

No entanto, por mais que a cirurgia seja um ataque benéfico, ela pode causar

reações agressivas nos pacientes que se sentem incapacitados, percebendo-se

violentados uma vez que são cortados e sentem dor. Desta forma, resistem a tudo que

é feito e dito pelos médicos e enfermeiros, e insistem em fazer o que pensam ser

melhor (SEBASTIANI, 2003).

De acordo com esse autor, o paciente mobiliza-se frente à cirurgia, defendendo-

se ou esquivando-se da situação ameaçadora. Todos os seus mecanismos de defesa

voltam-se para o enfrentamento do evento crítico, que é a cirurgia.

Com base nisso, Angelotti (2001) relata que a ansiedade aumenta o estado da

dor, desde que o paciente não seja informado sobre seu estado atual. Como também,

pode baixar o limiar da dor, causando algumas sensações que são interpretadas pelo

paciente como se fossem dor e vistas como um dos problemas que restringe a

habilidade médica, no caso de um procedimento invasivo.

No entanto, até certo ponto a ansiedade é considerada normal, mas à medida

que se eleva e se soma à tensão, estresse e outras condições adversas do estado

emocional, o paciente sofre influências em seu organismo que podem prejudicar o

procedimento cirúrgico (SEBASTIANI & MAIA 2005).


17

2.3 Ansiedade

O termo ansiedade provém do grego Anshein, que significa oprimir, sufocar.

Angústia ou ansiedade são termos correlatos, que exprimem a experiência subjetiva e

são sempre associadas a manifestações de sintomas corporais (BARROS et al, 2003).

Para Juárez, Góis e Sawada (2002) a ansiedade é um estado emocional

desconfortável que basicamente consiste em três condições: a) pressentimento de

perigo iminente; b) atitude de espera em relação ao perigo; c) desestruturação ante ao

perigo com sensação de estar desprotegido. Esse autor faz alusão à ansiedade como

sendo um medo sem objetivo, uma situação ou uma imagem mental e, o indivíduo que

a experimenta, sabe que não se trata de uma ameaça objetiva.

A ansiedade é um sentimento que faz parte da vida do ser humano, é um

sentimento intrínseco ao desenvolvimento experimentado de modo único e pessoal.

Dessa forma a ansiedade acompanha a maior parte das pessoas em seu processo

existencial, sendo provocada quando ocorre um aumento inesperado ou previsto de

tensão ou desprazer e pode desenvolver-se em qualquer situação, real ou imaginária

(CABRERA & SPONHLZ, 2002).

Para Sebastiani (2003, p. 52):

A ansiedade é o sinal de perigo na mente, um sinal que se manifesta em


presença de um problema. Como sinal, a ansiedade é análoga a dor, é tão
importante quanto esta. O homem não pode viver normalmente sem sentir
ansiedade. Este sentido da ansiedade, em geral captado apenas como uma
sensação manifesta-se, deixando-nos inquietos, preocupados, assustados e de
algum modo, ameaçados.
18

Segundo esse mesmo autor, a ansiedade é histórica, pois todas as

experiências passadas com doenças ou outros perigos, similares ou não, tendem a

acumular-se no atual. É deste modo que cada pessoa gradualmente constrói sua

maneira característica de reagir à enfermidade e à ansiedade que ela provoca. Em

virtude da ligação da ansiedade com o passado, é útil pensar que a reação atual do

paciente está sendo influenciada por algo acontecido anteriormente.

Já Vargas, Maia e Dantas (2006) afirmam que a ansiedade é mais freqüente em

pacientes que nunca tiveram experiências prévias e que nunca foram submetidos a

nenhuma intervenção cirúrgica, capazes de apresentar alguns temores como: medo do

desconhecido, da morte, da anestesia e da alteração de sua imagem corporal

Contudo, a ansiedade é caracterizada por alguns elementos em comum como:

sensação difusa, altamente desagradável e freqüentemente vaga de apreensão,

acompanhada por uma ou mais sensações corporais, como por exemplo, sensação de

vazio na boca e no estômago, súbita necessidade de evacuar, cefaléia, batimentos

cardíacos acelerados, sudorese, aperto do tórax, inquietação e um desejo de

movimentar-se, podendo, assim, apresentar um estado de atenção sensorial e tensão

motora aumentada (VAINBOIM, 2005).

Como citado anteriormente, a ansiedade em si não é algo patológico, mas

essencial ao homem, pois sem esta o ser humano perderia o estímulo que o faz e o

estimula a agir, sendo então necessária num estado normal para a sobrevivência

humana.

Integrando essa idéia Vargas, Maia e Dantas (2006) acreditam que existe uma

faixa de ansiedade que deve ser considerada desejável, pois impulsionara o paciente a

agir como: fazendo perguntas à equipe, relacionando-se com os familiares e aceitando


19

as restrições impostas pelo preparo pré-cirúrgico. No entanto, um alto grau de

ansiedade pode levar o paciente a se mostrar apático, o que ocasionaria dificuldades

para aprender as orientações verbais recebidas da equipe e um baixo grau de

ansiedade pode denotar uma ausência de introversão, tendo como conseqüência igual

resistência em compreender e se reafirmar diante da situação vivida.

Para Sebastiani (2003), a ansiedade é rica em máscaras, sendo um de seus

disfarces a simples troca de nomes, como por exemplo, “sinto-me nervoso, tenso, fraco,

assustado, apreensível, estável, deprimido, aborrecido, inquieto, preocupado, ou então,

fico acordado de noite, não consigo comer, dormir, ou tomar uma decisão”. Em geral, o

paciente usa centenas de palavras no lugar de ansiedade.

Do mesmo modo, a ansiedade pode se esconder atrás de outras emoções

como a irritação, a agressividade, que agem como uma situação subjacente geradora

de ansiedade. Pessoas frias, paralisadas e mudas também podem estar respondendo a

situações ansiogênicas.

Mas deve-se ressaltar que cada indivíduo atribui um significado ao processo de

adoecer e cada paciente tem uma maneira de representar sua doença. Isso porque as

reações de cada um são ditadas pelo seu mundo interno, pela sua história psicossocial

e pelo seu contexto familiar (CAMPOS, 1995).

No entanto a cirurgia, seja ela eletiva ou de emergência, é um evento complexo

e ansiógeno para o paciente. Tal procedimento envolve a administração de anestesia

local, regional ou geral, aumentando assim o grau de ansiedade. Isto, portanto, causa

situações desagradáveis no estado não só psicológico como também no biológico do

paciente, acarretando em problemas graves que podem levar a suspensão da cirurgia

ou até mesmo ao óbito do paciente (SMELTZER & BARE, 1998).


20

Deste modo, a ansiedade pré-operatória está diretamente relacionada ao

ambiente não familiar, ao receio do desconhecido, a perda do controle da situação e ao

medo da morte (CONCEIÇÃO et al, 2004).


21

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 Participantes da pesquisa

Participaram da pesquisa 20 pacientes que aguardavam por procedimento

cirúrgico, destes, 13 participantes são do sexo feminino e 7 do sexo masculino. Os

participantes autorizaram a pesquisa assinando um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Apêndice 03).

Foram utilizados alguns critérios para a inclusão dos participantes na pesquisa

visando um maior controle sobre os possíveis resultados. Tais critérios foram: não

possuir história de doenças psiquiátricas como demência, depressão ou esquizofrenia,

estar orientado no tempo e no espaço, não ter sido submetido a nenhum tipo de cirurgia

anteriormente. Contou-se também com o apoio do Serviço de Psicologia do Hospital

que fez a triagem destes pacientes para a pesquisa.

3.2 Instrumentos

Para a presente pesquisa foram utilizados os seguintes instrumentos:

- Questionário (APÊNDICE 01), composto por questões abertas contendo

dados de identificação como idade, sexo, profissão, procedência; dados

relacionados ao tipo e conhecimento sobre o procedimento cirúrgico; dados sobre

experiências prévias e expectativas para a vida pós-cirurgia.


22

- Inventário de Ansiedade Beck (BAI), criado por Aaron T. Beck e colaboradores

em 1988, que foi construído para medir sintomas de ansiedade, compartilhados de

forma mínima com os sintomas da depressão.

O BAI é uma escala de auto-relato, que mede a intensidade do sintoma de

ansiedade. É um inventário constituído de 21 itens, que são “afirmações descritivas de

sintomas de ansiedade” (BECK & STEER, 1993a, p.2, citado por CUNHA, 2001), sendo

estes avaliados pelo próprio sujeito, numa escala de 4 pontos, que refletem níveis de

gravidade crescente de cada sintoma: 1) “Absolutamente não”; 2) “Levemente: não me

incomodou muito”; 3) “Moderadamente: Foi muito desagradável, mas pude suportar”; 4)

“Gravemente: dificilmente pude suportar”.

Os itens incluídos na escala são esses: dormência ou formigamento, sensação

de calor, tremores nas pernas, incapaz de relaxar, medo que aconteça o pior,

atordoado ou tonto, palpitação ou aceleração do coração, sem equilíbrio, aterrorizado,

nervoso, sensação de sufocação, tremores nas mãos, trêmulo, medo de perder o

controle, dificuldade de respirar, medo de morrer, assustado, indigestão ou desconforto

no abdômen, sensação de desmaio, rosto afogueado, suor (não devido ao calor).

3.3 Coleta dos Dados

Primeiramente foi feito contato com a psicóloga do Hospital, localizado na

cidade de Balneário Camboriú (SC), que assinou uma autorização (Apêndice 02) para

que a coleta de dados pudesse ser realizada. Manteve-se contato com a equipe

cirúrgica, com o intuito de obter informações a respeito do horário e dia das cirurgias.
23

Durante os meses de março e abril do corrente ano a pesquisadora manteve

contato diário com os responsáveis pelo setor de cirurgia do referido hospital tomando

conhecimento do mapa cirúrgico para verificar a presença de participantes aguardando

por procedimentos cirúrgicos.

A pesquisadora entrava em contato com todos os pacientes que aguardavam

por procedimento cirúrgico, e quando os mesmos atendiam aos critérios de inclusão,

explicavam-se os objetivos da pesquisa, colhia-se a assinatura no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 03) e iniciava-se a coleta de dados.

3.4 Análise dos Dados

Primeiramente analisaram-se os dados obtidos com a aplicação do

questionário. Através das perguntas obtiveram-se falas que foram analisadas

qualitativamente e serviram como elemento a mais para a identificação da ansiedade.

Os dados obtidos através do Inventário de Ansiedade Beck (BAI) foram

analisados a partir dos escores totais que refletem níveis de gravidade da ansiedade: 0-

10, mínimo; 11-19, leve; 20-30, moderado; 31-63, grave, e relacionados com as

respostas do questionário.

Desta forma, foi possível explorar fatores desencadeantes de sintomas de

ansiedade, considerando-se os relatos desses participantes e as observações feitas

pela pesquisadora durante a aplicação dos instrumentos.


24

3.5 Procedimentos Éticos

Esta pesquisa foi realizada dentro das normas do conselho de Ética e Pesquisa,

informados que os procedimentos éticos são de vital importância para o sucesso desse

trabalho. Diante disso, esta pesquisa foi orientada pelas resoluções CNS - 196/96 e

CFP – 016/2000, procurando respeitar todos os itens da mesma.


25

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, serão apresentados os dados obtidos através da aplicação do

questionário e da aplicação do Inventário de Ansiedade Beck (BAI).

As tabelas a seguir mostram com mais clareza as características dos

participantes em situação pré-cirúrgica.

Tabela 1. Freqüência de participantes em situação pré-cirúrgica quanto à idade.

IDADE FREQUÊNCIA PERCENTUAL (%)

17-29 2 10

(S4, S14)
30-39 6 30

(S1, S2, S3, S10, S13, S17)


40-59 9 45

(S5, S6, S7, S8, S9, S11,


S12, S15, S16)
60 acima 3 15

(S18, S19, S20)


TOTAL 20 100

Com base na tabela 1, percebe-se que a maior freqüência de participantes

aguardando por procedimento cirúrgico encontra-se entre 40 e 59 anos (45%).


26

Tabela 2. Relação de participantes quanto ao grau de instrução e ao estado civil

Grau de Instrução
Participantes (completo ou Estado Civil
incompleto)
S1 Ensino Fundamental Casada
S2 Ensino Fundamental Casada
S3 Ensino Fundamental Casada
S4 Ensino Fundamental Solteira
S5 Ensino Fundamental Solteira
S6 Ensino Fundamental Casado
S7 Ensino Fundamental Divorciada
S8 Ensino Médio Casado
S9 Ensino Médio Casado
S10 Ensino Médio Casado
S11 Ensino Fundamental Solteira
S12 Ensino Fundamental Separado
S13 Ensino Fundamental Solteira
S14 Ensino Médio Separada
S15 Ensino Médio Separada
S16 Ensino Fundamental Solteiro
S17 Ensino Superior Separado
S18 Ensino Médio Viúva
S19 Ensino Fundamental Viúva
S20 Ensino Fundamental Viúva

Com base na tabela, pode-se verificar que 13 participantes possuem Ensino

Fundamental (completo ou incompleto), 6 participantes possuem Ensino Médio

(completo ou incompleto), e 1 participante possui Ensino Superior.

Quanto ao estado civil, verifica-se que 7 participantes são casados (as), 5

participantes são solteiros (as), 4 participantes são separados (as), 4 participantes são

viúvas e 1 participante é divorciado (a).


27

Tabela 3. Freqüência de participantes em situação pré-cirúrgica quanto à


procedência.

PROCEDÊNCIA FREQUENCIA PERCENTUAL (%)

Balneário Camboriú 12 60

Porto Belo 1 5

Bombinhas 1 5

Penha 1 5

Brusque 1 5

Itapema 1 5

Camboriú 3 15

TOTAL 20 100

Constata-se que 12 participantes (60%), são da cidade de Balneário Camboriú,

o que confirma a hipótese de que as pessoas procuram no próprio município a

assistência hospitalar, quando esta é disponível.

Outras informações coletadas no questionário explicitaram alguns fatores que

podem estar presentes no desencadeamento de respostas de ansiedades em pacientes

cirúrgicos: o tipo de procedimento cirúrgico que seria realizado, se o paciente já havia

passado por algum tipo de experiência prévia; o conhecimento sobre o procedimento

cirúrgico; o sentimento presente quando o paciente passa a conhecer o procedimento;

e as expectativas para suas vidas após a cirurgia.


28

A seguir serão apresentadas as tabelas contendo estes fatores e alguns trechos

mais relevantes das respostas dos pacientes:

Tabela 4. Freqüência de participantes em situação pré-cirúrgica quanto ao tipo de

cirurgia.

TIPO DE CIRURGIA FREQUÊNCIA PORCENTAGEM


(%)

HISTERECTOMIA 3 15
(S1, S13, S15)

CIRURGIA VASCULAR 2 10
(S2, S3)

CIRURGIA ORTOPÉDICA 10 50
(S4, S5, S6, S7, S8, S10, S11,
S12, S16, S17)
CIRURGIA FACIAL 1 5
(S9)

CIRURGIA DO APARELHO 1 5
DIGESTIVO
(S14)
CIRURGIA OCULAR 3 15
(S18, S19, S20)

TOTAL 20 100

De acordo com a tabela 4, percebe-se que a cirurgia ortopédica é a que

aparece com maior freqüência, 50% dos participantes. Nessa categoria os

procedimentos encontrados foram: uma reconstituição de tendão no dedo médio direito;

retirada de tendinite do ombro direito; implante de platina na coxa direita; retirada de

joanete do pé esquerdo; retirada de tufo gotoso do cotovelo esquerdo; implante de


29

pinos no antebraço direito; retirada de um tumor no joelho esquerdo; fratura de rádio no

braço direito, fratura da cabeça do úmero esquerdo e implante de pinos no ombro

esquerdo.

A histerectomia e a cirurgia ocular foram as cirurgias que sucederam às

cirurgias ortopédicas, compondo essas 15% da pesquisa, o procedimento encontrado

na cirurgia ocular foi à retirada de catarata. Seguindo essas, encontra-se a cirurgia

vascular (10%), nesta os procedimentos realizados foram duas secagens de varizes. Os

outros procedimentos cirúrgicos que aparecem, compuseram 5% da pesquisa, e foram

referentes a uma cirurgia facial e uma cirurgia do aparelho digestivo (retirada de

apêndice).

A cirurgia é uma experiência de muita ameaça na vida de qualquer pessoa, pois

envolve uma carga emocional característica. A forma como cada um enfrenta esse tipo

de intervenção poderá facilitar ou não a completa recuperação e readaptação à vida

normal. Também é muitas vezes um evento não-esperado, que interrompe o ciclo

normal de desenvolvimento e de vida do indivíduo (FIGHERA & VIERO, 2005).

A forma como cada paciente enfrenta o processo cirúrgico, pode ou não ser

influenciado pelas suas experiências prévias. Nesta pesquisa, através da aplicação do

questionário, pode-se constatar que 14 participantes já tiveram experiências com

internações anteriores, por vários motivos: parto, flebite, pneumonia, problemas de

circulação, problemas de joanete, problemas de estômago e fígado, acidente de

trânsito, tumor no intestino, problemas nos rins, sinusite, deslocamento de ombro. Os

outros 6 participantes nunca passaram por nenhum tipo de experiência prévia.

Dos participantes com experiências prévias, alguns relatos nos mostram o

desagrado em relação aos hospitais, especificamente o hospital em questão:


30

“[...] não gosto de vir ao hospital, é um lugar frio” (S2).

“[...] não gosto de ficar no hospital, porque tenho medo de pegar alguma

infecção” (S5).

“[...] não suporto esse lugar” (S7).

“[...] nunca é bom parar no hospital, pois significa que algo não esta bom” (S10).

“[...] fico agoniada de estar aqui, não gosto de hospitais” (S13).

De acordo com Leitão (1993), hospitalizar-se significa recolher-se em ambiente

frio, impessoal e ameaçador. Muitas vezes é uma opção feita por necessidade e que

implica sempre em uma ruptura do ritmo comum de vida, seja por curto ou longo prazo.

Toda uma cadeia de hábitos e condicionamentos sofre alterações em maior ou menor

escala.

Em contrapartida, outros participantes não se lembram de como foi sua

experiência:

“[...] não me lembro muito de quando fiquei internada, eu era pequena” (S4).

“[...] faz muitos anos que fiquei internada.... Mas agora creio estar sendo muito

diferente” (S11).

Já outros participantes relatam ter tido experiências boas:

“[...] minhas experiências hospitalares foram boas, pois todas foram para ter

meus filhos” (S1).

“[...] quando me internei foi para ter meu filho, que é uma coisa muito boa” (S3).
31

O que pode ser percebido através dos relatos é que as experiências prévias

tiveram pouca influência no estado atual. As falas a seguir corroboram isso:

“[...] cada experiência é de um jeito, é por um motivo, não é porque fiquei

internado já uma vez que não vou ficar nervoso agora” (S6).

“[...] nunca fiquei internada antes, mas posso garantir que também ficaria

ansiosa” (S14).

“[...] nunca fiquei internado, mas acho que me sentiria como me sinto agora,

tranqüilo” (S8).

“[...] vim ao hospital várias vezes, mas nunca por nada sério, sempre uma gripe.

Mas agora estou aqui por algo muito sério minha visão” (S19).

Segundo Moro e Modolo (2004), as experiências prévias podem tanto

exacerbar como atenuar o medo, sendo que a qualidade destas experiências é

fundamental para determinar o grau de ansiedade.

A ansiedade é um estado emocional presenciado em indivíduos que se sentem

ameaçados na continuidade da rotina e da vida, mas esta é experimentada por cada

um de maneira distinta, de acordo com suas experiências e expectativas (JUÁREZ,

GÓIS & SAWADA, 2002).

Cosmo e Carvalho (apud FIGHERA & VIERO, 2005) comentam sobre esse

assunto, afirmando que o momento da internação é vivido de forma extremamente

dramática, não importando o tipo de cirurgia a qual o paciente será submetido, mas sim

o modo como o paciente vivencia esse momento. Para eles, o estado emocional no pré-
32

operatório atua diretamente sobre suas reações, tanto durante a cirurgia quanto no pós-

operatório.

Com isso, percebe-se que toda hospitalização vai marcar a vida da pessoa,

independente dessa ter tido ou não vivências anteriores de internação, bem como

apresentar ou não ansiedade, sendo esta conceituada como um estado emocional

transitório ou condição do organismo humano que é caracterizada por sentimentos

desagradáveis de tensão e apreensão, conscientemente percebidos (JUÁREZ, GÓIS &

SAWADA, 2002).

Ansiedade é um estado que não se apresenta na mesma intensidade em todos

os pacientes, classificando-a em três graus: leve, moderada e grave (CARPENITO,

1997).

Nas tabelas a seguir, serão apresentados os resultados obtidos através da

aplicação do Inventário de Ansiedade Beck (BAI):

Tabela 5: Níveis dos escores obtidos através do BAI.

PARTICIPANTES NÍVEL ESCORES

10 0-10 MÍNIMO
(S2, S3, S5, S8, S10, S12,
S13, S15, S16, S17)
5 11-19 LEVE
(S1, S7, S9, S11, S18)
3 20-30 MODERADO
(S14, S19, S20)
2 31-63 GRAVE
(S4, S6)
33

Para Juárez, Góis e Sawada (2002), a ansiedade é difícil de ser conceituada,

pois ela é experimentada por cada um de maneira particular e de acordo com sua

experiência. Todavia, cada um é capaz de pressenti-la em si próprio, ainda que com

freqüência seja a ansiedade entendida como medo ou até depressão.

De acordo com a tabela 5, observa-se que 10 participantes não apresentaram

um nível significativo de ansiedade, independente de terem tido ou não conhecimento

sobre o procedimento. Uma explicação para isso é o fato de se tratar de cirurgias

eletivas, em que a mesma é uma opção do próprio paciente, como por exemplo, alguns

participantes a optaram por uma questão de estética.

Se um estímulo interno e externo ao sujeito for interpretado como perigoso e

ameaçador, desencadeará uma reação emocional caracterizada como um estado de

ansiedade (PENICHE & CHAVES, 2000).

Segundo os relatos dos participantes, pode-se constatar que alguns

participantes não interpretam a cirurgia como algo ameaçador. S10 teve necessidade

de cirurgia devido a um acidente de trânsito, dizia estar tranqüilo, pois obteve

conhecimento em relação ao procedimento, “estou tranqüilo, pois a cirurgia me tirará a

dor”. Também S12, teve necessidade da cirurgia devido a uma fratura e mesmo não

obtendo conhecimento do procedimento se sentia tranqüilo, obteve um nível mínimo de

ansiedade, “gostaria de ter conhecimento de como a cirurgia será feita, não para ficar

mais calmo, porque já estou...”.

Segundo Peniche e Chaves (2000), a ansiedade é um fenômeno adaptativo

com duração e intensidade apropriadas e necessárias ao ser humano no enfrentamento

das situações que lhe são impostas pela vida, sendo uma relação existente entre a
34

pessoa, o ambiente ameaçador e os processos neurofisiológicos decorrentes desta

relação.

A seguir, na tentativa de explorar fatores desencadeantes de ansiedade, optou-

se em apresentar os dados obtidos no questionário, relacionando-os com os resultados

obtidos na aplicação do BAI. Observando-se os resultados de cada participante em

tabelas separadas por níveis de ansiedade leve, moderado e grave:

Tabela 6: Participantes que obtiveram Nível Leve de Ansiedade.

PARTICIPANTES TIPO DE CIRURGIA CONHECIMENTO EXPERIENCIA

DO PRÉVIA

PROCEDIMENTO

S1 HISTERECTOMIA SIM SIM

S7 ORTOPÉDICA NÃO SIM

S9 FACIAL NÃO SIM

S11 ORTOPÉDICA SIM SIM

S18 OCULAR NÃO NÃO

Com exceção de S18 todos os outros participantes tiveram experiências prévias

de internação, mas divergem em relação ao conhecimento do procedimento cirúrgico. O

mesmo, também não obteve conhecimento acerca do procedimento “queria saber o que

vão fazer comigo” (SIC), mesmo assim se sentia tranqüilo e aliviado, pois com a cirurgia

voltaria a enxergar.
35

Já S1 relata ter tido conhecimento através de pessoas que já haviam feito essa

mesma cirurgia “me informei com outras mulheres que já fizeram essa cirurgia, como

também pesquisei muito na internet, e o médico também me explicou, por isso estou

tranqüila” (SIC). E S11 obteve conhecimento através do médico “o médico me explicou”

(SIC).

Em contrapartida, S7 e S9 não receberam nenhum tipo de informação, mas

ambos relatam que gostariam de obter esse conhecimento para se sentirem mais

calmos e seguros. As falas a seguir corroboram isso:

“Gostaria de saber para ficar mais calma, estou com medo por não saber como

será feita” (S7).

“Gostaria de ter esse conhecimento para ficar mais calmo, ainda mais por se

tratar do meu rosto” (S9).

Ter um conhecimento sobre os procedimentos que serão realizados em seu

corpo é de suma importância para uma cirurgia, pois, o paciente sentindo-se mais

compreendido, percebe-se mais seguro, podendo entender a doença nos aspectos

fisiológicos e também nos aspectos emocionais, conscientizando-se do que é real e o

que é fantasioso. Assim, a explicação sobre os procedimentos ajuda a diminuir os

temores, a insegurança e apreensão (CAMPOS, 1995).

Segundo estudos de Silva (2002), a comunicação pressupõe a informação e o

domínio sobre o que se quer falar, a intenção, a emoção do que o médico quer ao se

aproximar do paciente. Vale ressaltar que essa comunicação não é somente a verbal,

mas também a não-verbal, dita não usando as palavras, mas sim as ações, sinais

realizados pelos profissionais de saúde, que possui um grande valor, pois permite que o

relacionamento entre as pessoas se torne algo positivo, afetivo e harmonioso.


36

Pode-se dizer que a ansiedade é considerada não propriamente um fenômeno

patológico, mas algo inerente à condição humana. Até determinado ponto pode ser

sinal de vitalidade servindo para despertar e motivar o organismo, sendo sua função útil

para a sobrevivência, já que põe o organismo de sobreaviso quando aparece algo

ameaçador para a estabilidade e integridade emocional do sujeito (GRAZZIANO &

BIANCHI, 2004).

Tabela 7: Participantes que obtiveram Nível Moderado de Ansiedade

PARTICIPANTES TIPO DE CONHECIMENTO EXPERIENCIA

CIRURGIA DO PREVIA

PROCEDIMENTO

S14 APARELHO SIM NÃO

DIGESTIVO

S19 OCULAR SIM SIM

S20 OCULAR NÃO NÃO

S14 apresentou o nível moderado de ansiedade, relata nunca ter passado por

nenhum tipo de experiência, mas recebeu informações acerca do procedimento “fui

bem informada do procedimento através do meu médico” (SIC). Tal participante relata

não ter dormido a noite anterior a entrevista e que estava com muitas dificuldades para

relaxar, mas afirmava estar muito tranqüila, “estou calma, apesar de a cirurgia ter me

pego de surpresa” (SIC). A paciente relata que tais sintomas: a sensação de calor, a
37

incapacidade para relaxar, os tremores nas mãos e no corpo, o estar assustada e a

indigestão ou desconforto no abdômen, estavam muito difíceis de suportar.

Segundo Campos (1995), a negação aparece como um mecanismo de defesa

contra a dor, na tentativa de evitar uma verdade que trará muito sofrimento, podendo

esta propiciar distúrbios do sono, agitação e fala compulsiva.

S19 obteve um nível moderado, mas passou por algumas internações

anteriores, “já fiquei internada várias vezes, mas nunca nada sério, sempre por causa

de uma gripe, e da última vez por causa de uma pneumonia” (SIC). Obteve

conhecimento do procedimento porque questionou as responsáveis pelo atendimento a

esse tipo de cirurgia “as meninas que trabalham aqui explicaram” (SIC). Os sintomas

que mais a incomodavam de acordo com a classificação do BAI foram: o nervosismo, a

sensação de sufocação e o rosto afogueado. Relata que esses a incomodavam muito.

Em contrapartida, S20 que também apresentou nível moderado, nunca passou

por nenhum tipo de experiência prévia e também não recebeu informações acerca do

procedimento, mas diz que gostaria de ter informações, “sempre é bom saber, ainda

mais porque são meus olhos” (SIC). A cirurgia era necessária, uma vez que, sua visão

estava bastante prejudicada, e por isso ao ser questionada sobre a necessidade da

intervenção cirúrgica diz: “me senti bem, preciso fazer logo, não enxergo mais” (SIC).

Em relação aos sintomas os que mais gravemente sente são: a sensação de calor, a

incapacidade para relaxar, o rosto afogueado e o suor (não devido ao calor).

Segundo Crepaldi e Hackbarth (2002), o paciente sente a cirurgia baseado em

sua realidade, como uma ameaça a sua vida. A falta de informações sobre as razões

da hospitalização, da cirurgia e dos procedimentos relativos à intervenção pode

contribuir para manifestações de medo e ansiedade.


38

Tabela 8: Participantes que obtiveram Nível Grave de Ansiedade.

PARTICIPANTES TIPO DE CONHECIMENTO EXPERIENCIA

CIRURGIA DO PREVIA

PROCEDIMENTO

S4 ORTOPÉDICA NÃO SIM

S6 ORTOPÉDICA NÃO SIM

S4 estava internada na enfermaria juntamente com outros três pacientes. A

paciente não conversava muito, só respondia o que era questionado. Segundo seu

relato não recebeu informações o que a deixava mais nervosa: “gostaria de saber o que

o médico vai fazer comigo, queria ficar mais segura” (SIC). Em relação a experiência

prévia, não se lembrava muito, uma vez que, foi internada quando ainda era pequena.

De acordo com os 21 itens do Inventário de Ansiedade Beck, os sintomas que

dificilmente podia suportar eram: a incapacidade para relaxar, o medo que acontecesse

o pior, a palpitação ou aceleração do coração, o nervosismo, os tremores nas mãos e

no corpo e estava assustada.

Segundo Campos (1995), o impacto direto da doença física nas enfermarias é

intensificado pela captação do estresse psicológico de outras pessoas.

Segundo Silva (2002), fazer o paciente se sentir seguro é quando o médico

explica ao paciente o que esta fazendo, utilizando uma linguagem a qual o paciente

entenda, bem como identificar-se, através de crachás, e vale ressaltar que chamar o

paciente pelo seu próprio nome, faz este se sentir mais seguro.
39

Em relação a S6, o que se pode perceber é que seu nervosismo aumentava na

medida em que demorava sua transferência para o quarto, enquanto isso aguardava

em cima de uma maca no meio do corredor. Também relata estar muito preocupado,

pois não sabia nada a respeito da cirurgia e nem conhecia o médico: “Gostaria de ter o

conhecimento, ainda mais porque quem vai me opera hoje é outro médico, não o que

estava me tratando” (SIC).

S6 relatou que os sintomas que dificilmente podia suportar eram: a dormência

ou o formigamento, a sensação de calor, o medo que acontecesse o pior, a tontura, o

terror, o nervosismo, a sensação de sufocação, os tremores nas mãos e no corpo, o

medo de perder o controle, o medo de morrer, estava assustado, a indigestão ou

desconforto no abdômen, o rosto afogueado e o suor (não devido ao calor).

Segundo Campos (1995), ao se falar em hospitais públicos, é fato conhecido a

submissão a que o paciente tem que se expor, desde o enfrentar filas, aceitar a rotina e

os tratamentos impostos. Bem como, o paciente e seus familiares têm que se sujeitar

às imposições administrativas e técnicas, nem sempre podendo saber o que se passa

com seu corpo, qual tratamento esta sendo feito, sendo muitas vezes o último, a saber,

de suas condições de saúde.

A hospitalização é um evento que envolve uma grande capacidade de

adaptação do indivíduo às várias mudanças que ocorrem no cotidiano. As dificuldades

de adaptação acontecem no momento em que o paciente não é atendido

adequadamente em suas necessidades básicas, agravando com isso as sensações de

isolamento e angústia pré-existentes (FIGHERA & VIERO, 2005).

Segundo Shinohara (2001) as pessoas ansiosas têm um vasto número de

sintomas. Muitos desses, sendo resultados de um aumento da estimulação do sistema


40

nervoso vegetativo ou autónomo, que controla o "reflexo ataque-fuga". E outros são

"somatizações", ou seja, os doentes convertem a ansiedade em problemas fisicos,

incluindo dores de cabeça, distúrbios intestinais e tensão muscular.

Contudo, a perspectiva da cirurgia e da anestesia traduz numa mudança na

rotina de vida que, associada às características individuais de cada pessoa, pode

desencadear alterações emocionais como ansiedade.

Estudo realizado por Barros et al (2003), confirma a hipótese de que as

situações inesperadas, novas ou desconhecidas, podem ser geradoras de ansiedade,

pois nem sempre o indivíduo dispõe de auxílios que o ajudem a atuar sem aumento de

tensão. Dessa forma, é possível que a ansiedade esteja presente nesses momentos.

Fazendo uma relação entre o exposto acima e os dados da tabela 8, pode-se

chegar à conclusão de que os pacientes que não receberam informações a respeito do

procedimento cirúrgico apresentaram um nível grave de ansiedade, mesmo estes já

tendo passado pela experiência de internação.


41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa foi realizada com 20 participantes, que aguardavam por

procedimentos cirúrgicos. Identificou-se a incidência de ansiedade, contudo pode-se

constatar que o conhecimento acerca do procedimento e as experiências prévias não

foram fatores considerados desencadeantes para a ansiedade na maioria dos

participantes.

Com relação aos resultados obtidos através da aplicação do questionário e da

aplicação do Inventário de Ansiedade Beck (BAI) é possível afirmar:

- a respeito do conhecimento sobre o procedimento cirúrgico, 9 participantes receberam

informações repassadas pelos seus médicos, ou por outras pessoas que já haviam feito

o mesmo tipo de cirurgia, já os outros 11 participantes não receberam nenhum tipo de

informação. Constata-se que esta falha na comunicação entre o médico e o paciente,

pode contribuir para a elevação do grau de ansiedade na medida em que a mesma está

relacionada com o medo do desconhecido.

- 14 participantes relataram ter tido experiências prévias das mais variadas, e 6

participantes afirmam nunca ter tido nenhum tipo de experiência.

- os participantes não receberam atendimento psicológico no período pré-operatório,

pois o atendimento só é realizado quando solicitado ou quando há alguma

intercorrência emocional.

- 2 participantes apresentaram um escore Grave de ansiedade, o que ratifica achados

da literatura com relação ao aparecimento da ansiedade nesse período.


42

- alguns fatores que podem ter influenciado para o aparecimento da ansiedade nos

casos detectados foram: a falta do conhecimento acerca do procedimento; a pouca

informação, proveniente talvez, de uma falha na comunicação entre equipe de saúde e

paciente; e a falta de experiência prévia.

- dentre os 21 itens da escala de ansiedade os que mais frequentemente apareceram

nos participantes que obtiveram um nível significativo de ansiedade foram: a dormência

ou formigamento, a sensação de calor, os tremores nas pernas, a incapacidade para

relaxar, o medo que aconteça o pior, estar atordoado ou tonto, a palpitação ou a

aceleração do coração, estar aterrorizado, o nervosismo, a sensação de sufocação, os

tremores nas mãos, estar trêmulo, o medo de perder o controle, o medo de morrer,

estar assustado, a indigestão ou desconforto no abdômen, o rosto afogueado e o suor

(não devido ao calor).

Embora entendendo a ansiedade como uma resposta normal do ser humano

frente ao desconhecido, quando exagerada pode levar à ocorrência de doenças,

constituindo-se em um importante alvo de cuidados.

Por isso, sabe-se que a aquisição e o acesso às informações e conhecimentos

sobre a cirurgia e suas conseqüências facilitam a adaptação do paciente às novas

condições e o torna participante na sua preparação e recuperação cirúrgica (SONOBE

et al, 2001).

Contudo, sabe-se que a maneira como cada ser humano reage aos seus

problemas, ou a sua doença é particular e única, entretanto, o atendimento que os

profissionais de saúde devem dar aos seus pacientes sempre deve preconizar um

respeito ao ser humano, com o intuito de fazer com que o mesmo possa reagir a tudo

aquilo que lhe esta sendo prejudicial.


43

Assim, o paciente necessita de uma atenção especial não só no aspecto

técnico-científico, como também no aspecto emocional, uma vez que, enfrenta um

momento de grande vulnerabilidade.

Concluindo, a alteração do estado de ansiedade em relação a uma cirurgia

pode ter as mais variadas explicações: seja por experiências prévias negativas, por falta

de conhecimento sobre o procedimento cirúrgico, ou até mesmo por fatores não

relacionados à cirurgia, como por exemplo, a preocupação com a família que está em

casa, ou com o trabalho que foi interrompido, ou com a quebra do domínio sobre si

mesmo.
44

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SHINOHARA, H. O modelo cognitivo da ansiedade e seus transtornos. In: GULHARDI,


H. J. (org). Sobre comportamento e cognição. 1. ed. São Paulo: ESETec Editores
Associados, v. 7, 2001.

SONOBE, H. M., et al. O método do arco no ensino pré-operatório de pacientes


laringectomizados. Revista Brasileira de Cancerologia, Ribeirão Preto, v. 47, n. 4, p.
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SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. B. Visita Pré-operatória. Tratado de Enfermagem


Médico Cirúrgica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, v. 1, p. 369, 1998.
47

Disponível em:
http://www.aguaviva.mus.br/enfermateca/Trabalhos/VisitaPreOperatoria.htm
Acesso em: 16 novembro 2006.

VAINBOIM, T. B. Representação da doença e internação e níveis de ansiedade e


depressão em pacientes com hipertireoidismo internados comparados a pacientes
ambulatoriais. Psicologia Hospitalar, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 103-120, julho 2005.

VARGAS, T. V. P.; MAIA, E. M.; DANTAS, A. S. Sentimentos de pacientes no pré-


operatório de cirurgia cardíaca. Revista Latino Americana de Enfermagem, Ribeirão
Preto, v. 14, n. 3, p. 1-12, 2006.
48

7 APÊNDICES
49

7.1 APÊNDICE 01

QUESTIONÁRIO

1. Dados de identificação
Nome:
Idade:
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Profissão:
Procedência:

2. Tipo de cirurgia que será submetido?

3. Você já passou por alguma internação anterior?


( ) Sim ( ) Não
Qual motivo:
Quando foi:

4. Você tem conhecimento de como será feita sua cirurgia?


( ) Sim ( ) Não
Como obteve este conhecimento?

5. Como você se sente após saber da necessidade de uma intervenção cirúrgica?

6. Quais são suas expectativas para sua vida após a cirurgia?


50

7.2 APÊNDICE 02

O hospital __________________________________________, situado à rua


_________________________________________, número _____, na cidade de
___________________________________________ está ciente de que será realizada
a aplicação de um questionário e de um Inventário de Ansiedade Beck (BAI) a fim de
identificar a incidência de ansiedade em pacientes cirúrgicos. Os dados coletados
poderão ser utilizados tanto para fins acadêmicos, como para publicação em eventos
e/ou revistas científicas por professores idôneos no ensino de seus alunos do Curso de
Psicologia da UNIVALI. Por serem voluntários não terão direitos a nenhuma
remuneração, e os dados referentes aos pacientes serão mantidos em sigilo.

Local: ___________________________________________ Data:_____________

Assinatura (de acordo):_______________________________


51

7.3 APÊNDICE 03

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa intitulada “Incidência


de ansiedade em pacientes cirúrgicos”, cujo objetivo geral é identificar a incidência de
ansiedade em pacientes cirúrgicos e os objetivos específicos são: analisar se o tipo de
cirurgia contribui para a incidência de ansiedade e comparar o grau de ansiedade em
diferentes tipos de cirurgia.
Sua tarefa consistirá em responder a um questionário sobre seu conhecimento
referente à sua cirurgia e sobre o processo de hospitalização e um Inventário de
Ansiedade que medirá o seu grau de ansiedade no momento.
Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que:
a) Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido seu
anonimato;
b) Os resultados da pesquisa serão utilizados somente com finalidade
acadêmica podendo a vir a ser publicado em revistas especializadas, porém,
como explicitado no item (a) seus dados serão mantidos no anonimato;
c) Não há respostas certas ou erradas, o que importa é sua opinião;
d) A aceitação não implica que você estará obrigado a participar, podendo
interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,
bastando, para tanto, comunicar a pesquisadora;
e) Você não terá direito a remuneração por sua participação, ela é voluntária;
f) Durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista
ético, você poderá contatar com o responsável por esta pesquisa;
Os resultados da pesquisa serão repassados para a psicóloga responsável pelo
Serviço de Psicologia do Hospital que poderá utilizá-los na melhoria da sua prática
profissional.
52

IDENTIFICAÇÃO E CONSENTIMENTO

Eu________________________________________________________________

_________________________________

Declaro estar ciente dos propósitos da pesquisa e da maneira como será realizada e no
que consiste minha participação. Diante dessas informações aceito participar da
pesquisa.

Assinatura: ________________________________________________________

RG: ________________

Pesquisadora responsável: Prof. Giovana Delvan Stühler, MSc (CRP 12/00338)

Assinatura: ____________________________________

Acadêmica: Patrícia Aparecida Stürmer

Assinatura: ____________________________________

UNIVALI – CCS – Curso de Psicologia


Rua Uruguai, 438 – bloco 25b – sala 401
Fone: (47) 3341-7542

E-mail: giovanads@univali.br

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