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A análise dos dados se deu por meio Os relatos destacam elementos co-
do método de análise do discurso de muns às experiências vivenciadas pe-
orientação foucaultiana, ancorada teo- los diferentes sujeitos, dentre eles
ricamente nas teorias criticas em Psi- o fato de que a violência verbal sofrida
cologia Social e nos estudos das teorias no interior das escolas era, frequente-
queer, sobretudo, as de orientação pós- mente, praticada sempre e sistematica-
-estruturalista. mente pelas mesmas pessoas. Outra
característica comum nas falas dos in-
formantes é a não percepção das situa-
AS PERCEPÇÕES DE JOVENS LGBT ções como sendo violentas, estas “pia-
ACERCA DAS SITUAÇÕES DE dinhas” e “comentários” não eram
VIOLÊNCIA HOMOFÓBICA VIVIDAS NO vistos como violência homofóbica,
PERÍODO ESCOLAR “nada grave”, mas sim como algo nor-
mal, corriqueiro e que “provavelmente
Entender o conceito de violência é ocorreria no interior de qualquer outra
percebê-lo como incluindo ações que escola”. De acordo com Prado e Ma-
não são necessariamente passíveis de chado (2008), o preconceito se estrutu-
sanção penal, nesse sentido, incivilida- ra através de alicerces construídos por
des, agressões verbais, humilhações e uma dinâmica na naturalização de in-
violência simbólica se enquadram nas feriorizações sociais. O que sustenta o
atitudes tidas como violentas (Abra- preconceito é que sua lógica nos impe-
movay, Cunha & Calaf, 2009). Quando de de enxergar as razões que justificam
submetidos a perguntas referentes à as inferiorizações naturalizadas por
violência homofóbica geral e no con- seu mecanismo. Portanto, o preconcei-
texto escolar, considerando 100% dos to não nos deixa identificar a percep-
entrevistados, a violência homofóbica ção da realidade, o preconceito impede
se dava de maneira verbal, concreti- que as pessoas vejam sua própria ce-
zando-se principalmente sob a forma gueira diante das situações de discri-
de piadinhas. minação e preconceito (Prado & Ma-
chado, 2008). Nas palavras dos autores,
“... piadinhas várias vezes assim que “se há um elemento paradoxal no pre-
acho que pode ser considerado um conceito é que ele nos impede de ‘ver’
tipo de violência né...”. que ‘não vemos’ e ‘o que é que não ve-