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DESMILITARIZANDO

O MARKETING
EM NOME DA ECONOMIA COLABORATIVA

@miolo.digital
para: você
.olá-mundo;

Eu queria começar todos os parágrafos desse manifesto .digital;


com a expressão “a meu ver” pra você ter certeza que todo o
conteúdo a seguir parte da minha pequena e limitada visão
desse mundo infinito;

Obviamente não atendi o meu próprio desejo para que o texto


pudesse ser fluido, mas resolvi deixar registrado aqui;

e r
qu d ev
e ro c s
onstruir ou as (re)forma
tr

Sugestão para momentos de discordância:


Discuta mentalmente comigo para chegar a novas reflexões;
Me chama pra conversar:

@miolo.digital
Sabe aquela pessoa que chora vendo propaganda?
Assistindo uma cena de filme que viu de relance?
Quando quebra um galhinho de planta sem querer?
Quando o gato come o grilo? Sou eu.

Sempre dei importância demais para situações aparentemente


irrelevantes - para os outros. Até que me dei conta que sou, pe-
culiarmente, sensível. Por bom um tempo acreditei que isso me
impedia de ser forte e encarar o mundo tal qual é.

Já faz um tempo que comecei a entender que essa mesma


sensibilidade – que verdade seja dita, já me causou alguns
problemas na vida, é o que me faz ser quem eu amo ser.

Encarar o mundo não significa aceitar tudo que vemos, e já que


tudo muda o tempo todo mesmo, eu quero e posso contribuir de
alguma forma para transformar o que acredito que valha a pena
ser transformado, e trabalhar para que a sensibilidade seja vis-
ta como uma forma de ser livre. Pelo menos no verbo.

Essa busca pela liberdade me motiva todo dia a questionar so-


bre tudo, e principalmente sobre mim. Se minhas escolhas são
feitas de forma consciente ou se estou apenas reproduzindo
falas e comportamentos automáticos.

Recentemente, comecei a criar conteúdo online, e mesmo que


a princípio meu plano fosse esclarecer a mim, e com sorte
você, sobre alguns assuntos, fui percebendo que meu talento é
não-saber, e estar em busca de questionar cada vez mais, para
encontrar descobertas-perguntas ainda mais transformadoras.

Refletir é mágico.

@miolo.digital
Desde pequena, nesse processo de indagação contínua, a leitura
e a escrita me acompanham bem de perto, e esse fascínio ab-
soluto pelas palavras faz com que eu analise milimetricamente
uma por uma na hora de escrever.

Quando comecei a digitar o conteúdo que absorvi nos últimos


anos de estudo sobre empreendedorismo e marketing, percebi
que alguns termos constantemente presentes em ambas áreas
começaram a me chamar atenção - de um jeito ruim.

Notei um tom, algo como uma violência-subliminar, que, hoje


sei, começou com os famosos “gatilhos mentais”.

O uso desse termo foi esclarecido por um canal de neuromar-


keting, onde li pela primeira vez que a expressão original era
“atalhos mentais”, e havia sido modificada por profissionais de
marketing com a intenção de chamar mais atenção para si mes-
mos e seus negócios. O tal do clickbait (isca de vendas).

Pouco tempo depois, estava escrevendo um texto sobre a vonta-


de de alcançar pessoas com o meu trabalho, me veio à mente o
termo “atingir pessoas”. Achei apenas bizarra a naturalidade do
pensamento. De onde tirei aquilo?

Quais outros termos eu uso sem analisar de fato o que estou


dizendo? Usar palavras sem fazer essa análise significa, em al-
gum nível, abrir mão de escolher? Interfere na mensagem?

Comecei a reparar que outros termos me causavam uma sen-


sação igualmente opressora, e aos poucos me dei conta que
havia um padrão de ensino que faz o uso de uma linguagem béli-
ca: ao mesmo tempo desesperada e desesperadora.

@miolo.digital
Posso dizer que nunca curti o-pressão.

Um dos grandes motivos de querer o meu negócio, desde sem-


pre, é criar regras que façam sentido pra mim. Escolher minhas
obrigações, meus horários, meus valores.

Meu tipo de negócio exige, como muitos outros, presença online


sempre que possível, e o marketing digital é uma das ferramen-
tas mais importantes pra quem quer se estabelecer no mundo
virtual, porque o marketing se for bem feito nos faz ser mais
vistos, e se for feito com carinho, nos torna mais humanos.

Inseparável da ferramenta, vem a abordagem de quem nos en-


sina, e um sistema de crenças e linguagem que quanto mais se
repete, mais se reforça.

Muitos termos que foram disseminados e enraizados historica-


mente estão sendo aos poucos corrigidos: substituídos ou ape-
nas banidos, em prol de lutas contra o machismo, o racismo e a
homofobia.

Desmilitarizar o marketing é uma causa ínfima perto de mui-


tas outras, eu sei: olho para o futuro, vejo que muito preci-
sa ser transformado, e como acredito que grandes mudanças
começam no sentir, confio que cada palavra aqui carrega o po-
tencial de ser espalhada. Por isso escrevo.

Acredito no impacto positivo que isso pode gerar, principal-


mente para as gerações por vir, que, com sorte, substituirão
uma cultura subliminarmente militarizada e claramente com-
petitiva, por uma visão mais colaborativa, com espaço de sobra
para conexões e trocas verdadeiras.

@miolo.digital
Esse manifesto .digital; é um convite a novos olhares, com a in-
tenção de um mundo leve, que identifica e substitui palavras
bélicas e a agressão naturalizada de uma linguagem viciada em
competição e palanques por termos amigáveis: que se trans-
formem em estímulos à coragem de sempre espalhar o bem.

É sobre questionar-se como indivíduo e como coletivo.

Quantas palavras usamos sem saber o significado completo?


Quantos termos reproduzimos sem refletir à qual energia esta-
mos nos conectando? Ou o que transmitimos a outros?

Se você tivesse escolha, você tomaria um copo de água sem sa-


ber a procedência?
Será que não saber pode significar que essa ação poderia trazer
outros resultados além de sanar a sua sede?

Será que repensarmos a forma como reproduzimos essas pala-


vras e expressões de maneira inconsciente pode gerar uma mu-
dança?

Será que essa linguagem violenta tem a ver com a cultura do no


pain, no gain (sem dor, sem ganho)? Por que precisamos dessa
agressividade? Aonde ela nos leva?

Adequar a linguagem ao que queremos construir pode trazer


um impacto positivo para nós e para as gerações seguintes?

Queremos reforçar uma cultura militarizada e excludente ou


criar uma nova, com lentes de liberdade e colaboração?

Você também acredita no poder das palavras?

@miolo.digital
.para repensar a fundo;

09 .estratégia;

15 .criar autoridade;

24 .campo de batalha;

31 .gatilho mental;

41 .público alvo;

.para repensar um pouco;

48 .armas de (...);

53 .táticas de (...);

58 .linha de frente; COR A GEM


te explico
63 .marketing de guerrilha; no caminho

68 .você tem que (...);


O QUE
ESTRATÉGIA
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

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O QUE
ESTRATÉGIA
SIGNIFICA
PRA MIM?
Estratégia pra mim é um plano que você define, e
segue à risca para garantir que seu objetivo será
atingido.

No caso, quando eu aplicava a ideia ao meu


negócio, significava de alguma forma que eu pre-
cisava seguir ordens de mim mesma, indepen-
dentemente do cenário.

Cedo ou tarde, resultaria em ganhar ou perder.

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O QUE ESTRATÉGIA
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
1. MILITAR (TERMO)
arte de coordenar a ação das forças militares, políticas,
econômicas e morais implicadas na condução de um conflito
ou na preparação da defesa de uma nação ou comunidade de
nações.

2. MILITAR (TERMO)
parte da arte militar que trata das operações e movimentos de
um exército, até chegar, em condições vantajosas, à presença do
inimigo.

3. POR EXTENSÃO
arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de
explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute,
visando ao alcance de determinados objetivos.

4. POR EXTENSÃO
ardil engenhoso; estratagema, subterfúgio.

Origem
ETIM gr. stratēgía,as ‘o cargo do comandante de uma armada, o
cargo ou a dignidade de uma espécie de ministro da guerra na
antiga Atenas, pretor, em Roma; manobra ou artifício militar’

Oxford Languages 11
.estratégia;

Como eu tinha essa ideia enrijecida do que significa criar uma


estratégia – talvez pela energia esquisita que essa palavra car-
rega, ou porque eu era jovem (rs), quando meu objetivo não era
atingido, o
 u meus métodos não funcionavam, me frustrava pro-
fundamente, me sentia incompetente e nos piores casos, sentia
que estava tudo perdido pra sempre.

Dos 4 significados que nos deparamos naquela janela de busca


rápida da página inicial do Google quando digitamos estratégia,
apenas 1 dos verbetes exprime o que supostamente queremos
dizer quando usamos o termo dentro do mundo dos negócios.

“Aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar


as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao
alcance de determinado objetivos.” 

Se eu lesse só essa frase pra você: qual capacidade você di-


ria que ela resume? Posso estar enganada, mas será que você
imaginaria que é um dos significados de estratégia?

Acho que eu escolheria: inteligência.


Antes de planejar algo porque queremos alcançar algum objeti-
vo, planejamos porque temos Inteligência para tal. 
Óbvio, porém muito importante lembrar.

Pelo menos na minha visão: Inteligência associa-se a aprender,


enquanto estratégia se resume a tomar decisões e seguir as
etapas definidas: se acertar você ganha, se errar você perde.

Essa visão pode ser muito perigosa pra quem está começando
um negócio, porque ganhar e perder pode ser muito relativo
nesse aspecto.

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.estratégia;

Concordando pra sempre com Stephen Hawking nessas e outras


frases e vidas: inteligência tem tudo a ver com adaptar-se.

Logo, não muito a ver com enrijecer-se.


E com toda a minha sinceridade, nada a ver com guerra.

A capacidade de se adaptar no mundo dos negócios é o melhor


planejamento possível, já que ao longo da sua trajetória e/ou a
da sua marca, muitas coisas que você não esperava vão apare-
cer no seu caminho, e isso pode desestabilizar um planejamento
rígido, enquanto o planejamento maleável adapta-se e prosse-
gue em busca de novas formas de servir.

Essa leveza, pra mim, se faz necessária, porque ser autônoma


significa balancear gestão emocional e gestão de negócios, de
forma a priorizar a saúde mental usando métodos alcançáveis,
em vez de planejar tudo de antemão com a bola de cristal que-
brada - ou apenas inexistente mesmo.

Não quero ser simplória e dizer que planejamento (ou mesmo o


sentido 3 da palavra estratégia) não seja importante.

A ideia aqui é reforçar que esses termos militares podem nos


induzir – consciente, ou inconscientemente, a tratar a nós mes-
mos como peças num tabuleiro de guerrilha, tratar negócios se-
melhantes como inimigos, e a crer que a vitória de uns, significa
a derrota de outros, e por fim, cair na nóia da competição.

Se organizar com margem para adaptar-se significa ter um pla-


no de ação que organize nossas ideias e nosso tempo, e, prin-
cipalmente manter em mente que, em se tratando de cuidar do
próprio negócio, a maior “vitória” é o aprendizado.

@miolo.digital 13
PODEMOS TROCAR
POR PLANEJAMENTO
POR EXEMPLO
1.
ato ou efeito de planejar.

2.
serviço de preparação de um trabalho, de uma tarefa, com o es-
tabelecimento de métodos convenientes; planificação.
“o historiador fez um p. rigoroso para seu livro”

3.
determinação de um conjunto de procedimentos, de ações (por
uma empresa, um órgão do governo etc.), visando à realização de
determinado projeto; planificação.
elaboração de planos governamentais, esp. nas áreas econômica
e social.

Origem
ETIM planejar + -mento

+ SUGESTÕES:
plano de ação, preparação, organização, elaboração, hipóteses!
e em alguns casos: metodologia.

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O QUE
AUTORIDADE
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

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O QUE
AUTORIDADE
SIGNIFICA
PRA MIM?
Eu cresci cercada por muitas lógicas hierárqui-
cas, estudei em escola particular com muitos
resquícios de um sistema industrial: uniforme,
ordens, falta de autonomia, controle de entrada
e saída, alarme de intervalo. Pouco espaço pra
questionamento. A seita dos sei-tudos.

Na faculdade melhorou um pouco, mas ainda ro-


lava aquele climinha opressão, professor autori-
dade.

Pensar em “autoridade” sempre me remete à


noção de acatar ordens, mesmo se elas não me
parecerem razoáveis, ou sequer lógicas.

Como sempre busquei abertura pra questionar


tudo que eu quisesse, nunca gostei dessa pala-
vra.

@miolo.digital 16
O QUE AUTORIDADE
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
1. direito ou poder de ordenar, de decidir, de atuar, de se fazer
obedecer.

2. entidade que detém esse direito ou poder.

3. membro do governo de um país; representante do poder públi-


co. “autoridade militar”

4. autorização oficial para se realizar algo.

5. personalidade que permite exercer influência sobre pessoas,


pensamentos e opiniões; ascendência.

6. especialista de reconhecido mérito em dado campo de conhe-


cimento. “ela é uma autoridade em oncologia”

7. justificativa; fundamento, base.

8. força convincente; peso. “sua sinceridade adicionou muita au-


toridade à história”

Origem
ETIM lat. auctorĭtas,ātis ‘cumprimento, execução, conselho’

Oxford Languages 17
Não precisa mais do que uma breve análise pra perceber que,
do 5 em diante, os significados fariam sentido para o uso que o
marketing sugere ao aplicar o termo - pelo menos se conside-
rarmos uma ideia saudável da coisa.

No entanto, uma maçã meio podre, ainda assim, está podre.


Só que, no caso, a maçã dá pra cortar ao meio, e a palavra não.

A etimologia poderia até salvar seu uso se ao longo da história


a ideia de autoridade não tivesse sido tão associada a termos
como regime autoritário e autoritarismo, e a poderes nas es-
feras políticas e militares.

Refazendo o exercício sobre a palavra estratégia, desta vez apli-


cando aqui: “Especialista de reconhecido mérito em dado campo
de conhecimento.” Se você tivesse que resumir essa pessoa us-
ando apenas uma qualidade, qual seria?

Novamente, questiono as chances de ser “autoridade”.


E me pergunto porque não apenas especialista.

Conversando abertamente com um parceiro que trabalha com


marketing, observamos que o objetivo do termo provavelmente
é dizer que o negócio ou a pessoa, capaz de criar autoridade em
seu nicho, é bem visto e possui alto poder de venda por isso.

Menos se for para um aquariano. Porque aquariano não é


obrigado a nada - vou confiar que mesmo se você não acreditar
em signos, o senso de humor te fará rir de leve. E mesmo ten-
do questionado a ideia por trás de hierarquia, acho muito válido
considera-la quando ela se aplica por significação e respeito,
seja por tempo ou mérito, e não por puro “regimento” ou regra.

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Novamente, não quero ser leviana e dizer que um expert – em
qualquer área que seja, não inspira confiança e não gera mais
vendas. Autoridade à parte, ser eloquente já faria com que
qualquer profissional fosse ouvido, e vendesse mais por isso.

O ponto aqui não é questionar a eficácia da ideia por trás do que


é dito, e sim se a forma com que se expressa essa ideia pode-
ria se associar a energias mais favoráveis – nesse caso, menos
palanques-lacração, e mais trocas saudáveis, onde quem muito
sabe também pode aprender com pessoas abaixo do lugar que
ocupam no pódio imaginário do saber absoluto.

E de repente a lógica de autoridade também é alimentada por


pessoas que preferem que decidam por elas, seja pelo motivo
que for. E talvez isso faça sentido pra alguns tipos de negócios.

Será que faz para o seu? Para o meu não faz.

Acredito que por mais conhecimento em uma área, ninguém


deveria ter o poder de ordenar ou decidir por outros, e muito
menos de se fazer obedecer - como sugere o significado número
1 do dicionário.

Confesso que me soa um pouco “prefiro ser temido que amado”.


Sabe?

Queria que você refletisse sobre as últimas compras que você


fez. Elas tinham a ver com a autoridade que a marca criou?

Ou com a sua necessidade? Ou ainda, com a conexão que você


criou com a marca?
Pensa comigo.

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Necessidade a gente não cria, a gente observa e tenta ajudar.

Conexão a gente cria de muitas formas diferentes, e sincera-


mente não acho que se posicionar apenas como autoridade fa-
voreça a prática de conectar-se com outras pessoas.

Autoridade talvez não seja uma característica tão desejável,


principalmente isoladamente.

Quando observo os cursos online que adquiri nos últimos anos


percebo claramente que deixei de comprar cursos sobre o mes-
mo assunto com pessoas que aparentavam saber muito, sim-
plesmente porque eu não me dei bem com o jeito da pessoa.

Isso é o que eu vou chamar de não-identificação digital:


deixar de seguir canais com conteúdo gratuito (ou pago) muito
bem feito porque a linguagem não tem nada a ver com a sua.

Enfim, será que autoridade é tão importante quanto dizem?

Isso também depende em qual ponto da jornada o seu cliente


está? Ou tem mais a ver com o tipo de cliente que você procura?

Pensar nisso, me leva a crer que outras características podem


ser mais importantes. Como por exemplo: identificação.

Poderia sugerir a palavra identificação como substituta, mas


achei vaga. Achei válido consultar palavras semelhantes:
arbítrio, ascendência, braço, domínio, força, governo, jugo, man-
do, mão, poder, poderio, potestade, senhorio, soberania, superi-
oridade, alçada, faculdade, mandachuva, atribuição, competência
(...)

@miolo.digital 20
Analisando 20 sinônimos, eu não gosto de nenhum, rs.
Achei que competência salvaria, mas consultei o dicionário e o
significado deixou a desejar pra esse sentido específico.

Substituir o termo “criar autoridade” no nosso tão sonhado


mundo horizontal não é facilmente definido em uma palavra só.

Um bom termo talvez seja “expressar saberes de forma con-


fiável”. Tentando elaborar um pouco mais, ficou assim:

Expressar seus saberes através do seu conteúdo


+
Observar problemas e necessidades de quem interage com você
criando formas de ajudar e maneiras eficientes de explicar-se
+
Possibilitar a identificação expondo sua personalidade de forma
autêntica para encontrar pessoas que gostem da sua linguagem
=
Confiança + Conexão

Por último, lembrei de uma história do meu pai:

Um dia ele me disse que acreditar é o melhor remédio.


Que se o paciente acreditava nele, mesmo quando ele passava
um remédio que não era muito eficiente, o paciente melhorava.
E ao contrário, se o paciente não confiava nele como médico,
mesmo o remédio certo não faria efeito algum.

Todo mundo erra. Ninguém sabe tudo. Mistérios da fé.

Será que tá em tempo de entender que criar conexão tem mais


poder de transformação do que criar pódios imaginários?

@miolo.digital 21
E SE EM VEZ DE
CRIAR AUTORIDADE,
CRIÁSSEMOS COMUNIDADES?
COMUNIDADE:

1. estado ou qualidade das coisas materiais ou das noções abs-


tratas comuns a diversos indivíduos; comunhão.

2. concordância, concerto, harmonia. “c. de aspirações”

7. qualquer grupo de indivíduos unidos pela mesma profissão ou


que exerça uma mesma atividade. “a c. dos médicos”

8. conjunto de indivíduos com determinada característica co-


mum, inserido em grupo ou sociedade maior que não partilha
suas características fundamentais. “a c. japonesa de São Paulo”

POR EXTENSÃO
grupo de indivíduos que partilha uma crença econômica ou social
particular e vive em conjunto. “uma c. hippie”

POR METONÍMIA
conjunto de indivíduos, inclusive de nações diferentes, ligado por
determinada consciência histórica ou por interesses sociais, cul-
turais, econômicos ou políticos comuns. “a c. europeia...”

Origem
ETIM planejar + -mento

@miolo.digital 22
Bonito trocar “criar autoridade” por “criar comunidade”, né?

Além de bonito, me parece mais sustentável a longo prazo.

Outras possíveis formas de dizer seriam “criar conexão” ou


“criar identificação”.

Que que você acha?


_

Um bônus reflexivo:

Sabe a expressão “mandou bem”?

Já parou pra pensar no que ela significa?

(...)

@miolo.digital 23
O QUE
BATALHA
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

ESPAÇO DE VISUALIZAÇÃO

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O QUE
BATALHA
SIGNIFICA
PRA MIM?
Imagens fortes.

@miolo.digital 25
O QUE BATALHA
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
1. MILITAR (TERMO)
combate entre forças oponentes, em terra, no ar e/ou no mar.

2. troca de golpes; luta, duelo. “...travavam b. sangrentas”

3. POR METÁFORA
grande esforço; empenho, luta, peleja. “a b. pelo pão”

4. POR METÁFORA
disputa, discussão acirrada, porém não beligerante, entre duas
ou mais pessoas ou grupos. “uma b. parlamentar”

5. disputa esportiva, em que prevalece o caráter lúdico; jogo,


torneio. “a b. entre os times rivais”

6. ANGIOSPERMAS
árvore ( Nectandra robusta ) da fam. das lauráceas, de folhas
lanceoladas, flores pequenas e bagas amarelas; (...)

7. LUDOLOGIA: jogo de baralho para dois parceiros.

Origem
ETIM lat.medv. batt(u)ālĭa ‘combate, luta, peleja’

Oxford Languages 26
Esse capítulo é óbvio.

Direto às reflexões, supondo o máximo de boas intenções de


quem incutiu esse termo no marketing: é verdade que ter um
negócio significa, em muitos âmbitos, batalhar (no sentido 3, por
metáfora: grande esforço”).

Principalmente consigo mesmo. Principalmente pelo que se


acredita. Principalmente com as variações de humor, rs.

Mas o primeiro significado é militar, e o segundo termina com a


palavra “sangrentas”. Esses dois argumentos já são o suficiente
pra repensar o uso dessa palavra.

Batalhar é matar e morrer. Sangue. Sofrimento imensurável.


Como ter um negócio se relaciona a algum desses sentidos?
Se se relaciona, acredito veementemente que não deveria.

A língua portuguesa é riquíssima em vocabulário, não tem


porquê a gente reproduzir ideias que se conectem à origens
tristes da história da humanidade se queremos construir um fu-
turo melhor.

Banalizar o uso dessa e outras palavras é, por fim, reproduzir


sutilmente (mais uma vez) a cultura de competição: porque usar
o termo “campo de batalha” significa em algum nível batalhar
com o outro, e o outro, nesse caso, é o oponente - e oponente
deve ser combatido e derrotado, mesmo inconscientemente.

Pode ser exagero, afinal é só um termo. Por outro lado, é exa-


tamente por ser só um termo, que podemos facilmente substi-
tui-lo por outro mais adequado aos nossos tempos.

@miolo.digital 27
Procurei sinônimos para tentar encontrar um substituto:
Combate, choque, conflito, guerra, hostilidades, lide, luta, prélio,
pugna, refrega, ataque (...)
Gostei não.

Fiquei pensando que a prática de chamar o mundo dos negócios


de campo de batalha tem a ver com a ideia de sofrer para, final-
mente, alcançar a vitória (no pain, no gain). Como se a vitória
dependesse de um misto de preparo, privilégio armamentista e
sorte, em um esforço imenso investido em um curto período de
tempo: ideias totalmente contrárias a negócios humanizados.

Perpetuar a lógica bélica é como disse a ex-presidenta: “Não


acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar ou
perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.”

A ideia de ganhar também precisa ser ressignificada - para al-


gum sentido mais próximo a evoluir, que seja conceitualmente
inseparável da ideia de um processo orgânico, abrindo espaço
para ressignificarmos também os nossos erros, e entendê-los
como parte essencial de qualquer trajetória de sucesso.

Enquanto escrevo, vou pensando possíveis termos que trans-


mitam o que eu tiro de reflexão disso tudo. A palavra “caminho”
se aproxima, e como relaciono caminho a aprender novas pas-
sagens, histórias e rumos, penso que “campo de batalha” pode-
ria ser facilmente substituído por “campo de aprendizagem”.

Faz sentido pensar que, se por um lado, não dá pra batalhar o


tempo todo eternamente, pelo outro, o aprendizado sempre fará
parte do nosso caminho e dos nossos processos, sejam eles
quais forem - ao infinito, e além.

@miolo.digital 28
E SE A GENTE TROCASSE
CAMPO DE BATALHA POR
CAMPO DE APRENDIZAGEM?

m.q. APRENDIZADO (‘ato’, ‘duração’ e ‘experiência’).

Origem
ETIM fr. apprentissage ‘ação de aprender um ofício ou profissão’

+SUGESTÕES
experiência, troca de saberes, caminho, etc.

Bem simples e direto o significado né?


Busquei aprofundamento, e achei lindo demais:

“Aprendizagem é uma mudança relativamente permanente


no comportamento de um organismo em decorrência da ex-
periência. (...) Aprendizagem é um fenômeno ou um método re-
lacionado com o ato ou efeito de aprender. (...) A aprendizagem
estabelece ligações entre certos estímulos e respostas equi-
valentes, causando um aumento da adaptação de um ser vivo
ao seu meio envolvente.”
Myers, D. (1998). Introdução à psicologia geral

@miolo.digital 29
Um bônus reflexivo:

Sabe a expressão “matou a pau”?

Já parou pra pensar no que ela significa?

O que alguém que fez algo bem feito tem a ver com matar?

Podemos, mais uma vez, atentar às palavras que usamos?

Por que será que banalizamos termos ofensivos para usar de


elogio? Por exemplo chamar alguém de foda, ou dizer que algo
legal é cabuloso? Já viu os significados dessas palavras?

Ainda no contexto batalha: outra expressão que tá na moda ago-


ra é “afie seu machado”. Gente, que machado?

Também temos “matar aquela tarefa”, “matar um leão por dia”,


“matar dúvidas”, “me matei de tanto trabalhar”, etc.

(...)

@miolo.digital 30
O QUE
GATILHO
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

ESPAÇO DE VISUALIZAÇÃO

@miolo.digital 31
O QUE
GATILHO
SIGNIFICA
PRA MIM?
Mecanismo de arma de fogo.

Aquele negocinho que quando qualquer pessoa


aperta, seja pelo motivo que for, na maioria dos
casos, agride outras formas de vida.

Termo usado na área de saúde para descrever


reações psicológicas negativas desencadeadas
por alguma memória traumática.

@miolo.digital 32
O QUE GATILHO
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
1. ARMAMENTOS•ARMAS
na arma de fogo, pequena peça do fecho que, quando puxada, faz
disparar o tiro; disparador.

2. peça de metal que, num mecanismo, trabalha como uma ala-


vanca.

3. POR METÁFORA
qualquer coisa que, à maneira de um gatilho, faz disparar um
processo ou uma reação.
“g. salarial”

4. ELETRÔNICA
circuito biestável que passa de uma para outra condição quando
recebe um pulso; disparo.

Origem
ETIM esp. gatillo ‘parte alta do pescoço; disparador das armas de
fogo’

Oxford Languages 33
O QUE O MINISTÉRIO
DA SAÚDE FALA SOBRE
GATILHO?
Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa etária,
podem ser afetadas, em algum momento, por problemas de
saúde mental ou dependência química, de maior ou menor
gravidade.

Algumas fases, no entanto, podem servir como gatilhos para


início do problema.

Entrada na escola (início dos estudos)


Adolescência
Separação dos pais
Conflitos familiares
Dificuldades financeiras
Menopausa
Envelhecimento
Doenças crônicas
Divórcio
Perda de entes queridos
Desemprego
Fatores genéticos
Fatores infecciosos
Traumas

https://saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental 34
“Se você já pesquisou sobre saúde mental, em algum momento
deve ter se deparado com o termo “gatilho”.
Na psicologia, gatilhos são situações-chave para o desencadea-
mento ou retorno de transtornos mentais. De uma maneira geral,
isso quer dizer que determinados fatos são culminantes para que
uma pessoa desenvolva ou volte a ter tais problemas.”

A citação acima foi retirada de uma matéria no site do Hospital


São Francisco, de São Paulo, e vai de encontro com conversas
que tive com uma psicológa sobre o assunto.

Como eu citei no prelúdio desse manifesto, foi o termo “gatilhos


mentais” o primeiro de muitos a me incomodar, e embora ini-
cialmente de forma intuitiva, as pesquisas e reflexões sobre o
assunto resultaram em múltiplos argumentos relevantes.
Quanto mais me aprofundo, mais percebo que o uso desse ter-
mo é, a meu ver, singularmente indefensável.

Embora existam outras variáveis na utilização de “gatilho”, e


algumas delas estejam bravamente associadas a desencadear
reações positivas, a palavra se relaciona, na maioria dos casos,
principalmente no que diz respeito às áreas dedicadas à saúde
mental, ao desencadamento de reações negativas.

Nesse caso, eu consigo entender a associação, embora


metafórica. Faz sentido que um mecanismo de disparo que
acarreta algo negativo, simbolizado pela imposição poderosa de
uma arma de fogo, seja relacionado a distúrbios mentais, que
são também negativos, sendo a arma, nesse caso, a mente e
as circunstâncias que infligem tais transtornos, no qual a pes-
soa, em questão, normalmente é impossibilitada de controlar as
manifestações mentais, e às vezes físicas, que se sucedem.

@miolo.digital 35
Observar a proporção que a disseminação de tal termo tomou
no mundo do marketing digital, tendo recentemente emplaca-
do de forma avassaladora um número absurdo de memes e co-
mentários humoristicamente duvidosos em diversas redes soci-
ais me leva direto ao “seria cômico, se não fosse trágico”.

Me consola encontrar matérias de psicológos preocupados com


o raio banalizador que atingiu o termo com o uso intenso de
“piadas” que replicam frases como “Para, tá me dando gatilho.”

Digitei no Google diversas vezes e me assustei em todas elas.


“Gatilhos mentais: o que são, e como utilizá-los em sua estraté-
gia!” ou “Gatilhos Mentais: 25 formas de convencer as pessoas a
agir”, e tantos outros, perdidos entre artigos de psicologia.

Para se diferenciar, o que na psicologia é conhecido como


“gatilho emocional”, nos verbetes de marketing se tornou
“gatilho mental”, e embora o livro que originou a disseminação
de tal ideia não use esse termo uma única vez, seu nome é,
ironicamente ou não: “As Armas da Persuasão - Como Influen-
ciar, e Não Se Deixar Influenciar”.

O interessante é que ao lê-lo, intuí que o autor, professor de


psicologia e marketing escolheu, infelizmente, usar a palavra
“armas” no título para enfatizar o perigo e a potência do que
ele intitula “atalhos mentais” e acabou dando motivo para que
clickbaiteiros saiam por aí transformando atalhos em gatilhos
para ganhar mais atenção.

Embora o tal livro aborde 7 tipos de atalhos, ao digitar no google


a palavra gatilhos, encontramos infinitas variações dos tais mé-
todos infalíveis de “convencer” multidões.

@miolo.digital 36
Afinal, por que faz muito mais sentido ser atalho?

Porque o termo foi criado para explicar que nosso cérebro corta
caminhos para ser capaz de tomar decisões de forma mais efici-
ente, usando uma série de mecanismos mentais que fazem es-
colhas de maneira automática e em tempo hábil.

“Para viver no ambiente complexo e dinâmico dos dias de hoje,


precisamos de atalhos. Não se pode querer reconhecer e anali-
sar todos os aspectos de cada pessoa, acontecimento e situação
com que deparamos, mesmo num único dia. Não dispomos de
tempo, energia ou capacidade para tal. Em vez disso, temos mui-
tas vezes que usar nossos estereótipos - nossas regras gerais
- para classificar as coisas de acordo com umas poucas carac-
terísticas-chave e depois passar a reagir sem pensar quando
uma ou outra dessa característica desencadeadora estiver pre-
sente. (...) À medida que os estímulos saturadores de nossa vida
continuarem se tornando mais complexos e variáveis, teremos
que depender cada vez mais de nossos atalhos para lidar com to-
dos eles.” Robert B. Cialdini, As Armas da Persuasão

Enquanto usar o termo gatilho faz sentido quando se usa um


mecanismo disparador com o desejo explícito de atingir algo,
mesmo contra à vontade ou ciência desse “algo-alvo”.

“Apesar do atual uso generalizado e da importância cada vez


maior dos nossos padrões de comportamento automático, a
maioria de nós sabe bem pouco sobre eles. Talvez isso se dê
justamente pela maneira mecânica e impensada como ocorrem.
Qualquer que seja a razão, é vital reconhecê-los, já que esses
padrões nos tornam muito vulneráveis a alguém que saiba como
eles funcionam” Robert B. Cialdini, As Armas da Persuasão

@miolo.digital 37
Cialdini também cita formas positivas de usar os atalhos men-
tais para promover reações benéficas, como induzir pessoas a
economizarem gás em suas casas, porque serão recompensa-
das ao terem seus nomes impressos em um jornal, e no ano se-
guinte, mesmo sem que haja o impresso, continuem a reduzir,
ou reduzam ainda mais, o consumo para manter a imagem que o
jornal criou sobre elas, em prol do compromisso e da coerência.

No entanto, nem todos os profissionais de marketing se utili-


zam desses atalhos de maneira edificante, e muitos acabam, in-
clusive, se utilizando da ideia manipuladora por trás da palavra
gatilho para induzir outros profissionais a fazerem o mesmo.

O que, consequentemente, faz com que a ideia de marketing


seja mal vista por pessoas sensíveis, tipo eu e você.

Além da falta de respeito escancarada aos campos de saúde


mental, e às pessoas que sofrem desses males, o uso desse ter-
mo também reforça a ideia de convencer pessoas sem que elas
percebam que estão sendo manipuladas, e tal qual se aplica, é
também uma afronta ao livre-arbítrio.

E quando menos percebemos, artigo por artigo colocado nas


prateleiras da primeira página de pesquisa do Google dão ori-
gem a um largo grupo de pessoas que buscam soluções deses-
peradas para convencerem outros que merecem atenção.

E, por fim, nos resta aprender sobre isso, para evitar que nos
“atinjam” com belas páginas de vendas, produtos de proprie-
dades transformadoras e milagrosas, promessas infalíveis, dis-
cursos fervorosos, descontos assustadoramente sedutores, e o
bônus exclusivo que acaba em 3,2,1...

@miolo.digital 38
PODEMOS RESPEITAR
A SAÚDE MENTAL
POR EXEMPLO
Não consegui encontrar substituto adequado para o termo
“gatilhos mentais”, porque é grostescamente indefensável.
Não tem como relativizar ou normalizar o uso dessas práticas
intencionalmente manipuladoras e desrespeitosas e, ainda por
cima, etimologicamente militar.

Talvez no sentido de saber apresentar bem uma ideia - que não


careça de manipulação para ser aceita, eu tentaria algo tipo
“mecanismos” ou “métodos”.
E por que não uma combinação de criatividade, autenticidade, e
veracidade? Que se destaque por merecimento e não por mano-
bra?

O marketing do futuro tem a ver com aprender a enxergar para


ser visto, Seth Godin é presidente da organização e nos presen-
teou com o livro “Isso é Marketing”, que é leitura essencial para
todos aqueles que querem se aventurar no mundo vasto que é
lançar ideias próprias por aí de forma humana.

“O marketing é um ato generoso de ajudar as pessoas a re-


solverem os seus problemas. É uma chance de mudar a cultura
para melhor. Tem pouco a ver com estardalhaço, pressão ou co-
erção. É uma chance de servir.” Seth Godin, Isso é Marketing

@miolo.digital 39
Preciso acrescentar algumas coisas:

No fim do dia, gatilhos ou atalhos, dá no mesmo: o uso desse


mecanismo manipula atenção e confiança instântaneas, trocan-
do coelho por lebre, novatos por experts e produtos desconheci-
dos por fórmulas de sucesso.

O mais grave é que aqueles que fazem o uso desses métodos


para induzir os outros abrem mão do poder da autorresponsa-
bilidade, já que em vez de manobrarem a si mesmos, escolhem
manobrar o comportamento alheio; enquanto poderiam dedi-
car-se a mudar o próprio produto para melhor servir ao outro,
aprendem a mudar o outro para que o outro lhe sirva melhor.

Essa inversão de valores é muito perigosa. Pra mim, pra você, e


pro mercado como um todo, e talvez, se continuar assim, pode-
mos nos ver, em breve, competindo para saber quem tem técni-
cas de manipulação mais eficientes, e não quem vende o melhor
produto, entrega resultados e atende melhor os seus clientes.

A quem interessar possa, sugiro uma busca sobre Marketing de


Permissão, e finalizo esse capítulo citando, mais uma vez, pala-
vras incríveis de Seth Godin, no livro “Isso é Marketing”:

“A internet significa que você pode tratar diferentes pessoas de


maneira diferente, e exige que descubra o que fazer para permitir
que as pessoas que concedem sua permissão escolham o que
ouvem e em que formato.
Se parece que você precisa de humildade e paciência para fazer
marketing de permissão, é porque precisa mesmo. É por isso que
poucas empresas o fazem corretamente. O melhor atalho, neste
caso, é não pegar atalho algum.”

@miolo.digital 40
O QUE
ALVO
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

ESPAÇO DE VISUALIZAÇÃO

@miolo.digital 41
O QUE
ALVO
SIGNIFICA
PRA MIM?
Alvo pra mim é a ideia indissociável de atingir
algo, normalmente atirando um projétil perfuran-
te, na maior parte dos casos, com intenções noci-
vas.

Posso também descrever a imagem de um objeto


com listras circulares, para aonde se aponta em
direção a figuras humanas, de animais e sabe-se
mais o que, procurando acertar pontos especifi-
camente letais, até onde sei, à caráter de teste.

Se fosse só isso seria uma prática inofensiva,


embora extremamente duvidosa, mas sabemos
que, infelizmente, mesmo com seus objetivos,
consequências e ilegalidades, é, ainda assim, rel-
ativizada e culturalmente aceitável, e ouso dizer,
romantizada como expressão de status e poder.

@miolo.digital 42
O QUE ALVO
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
adjetivo
1. de cor branca; branco, claro.
2. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
dotado de pureza; cândido, inocente.

substantivo masculino
1. a cor branca; branco.
2. a parte branca do olho; alva, esclera.
3. ponto de mira que se procura atingir (com tiro, flecha, bomba
etc.). “atirar em alvo fixos e móveis”
4. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
centro de interesse; objetivo. “sua beleza foi o alvo das atenções”
5. POR EXTENSÃO FIGURADO
aquilo que se procura alcançar; intuito, desígnio.
“o alvo daquele escritor não era a literatura, era a televisão”
6. ARMAMENTOS•ARMAS
objetivo físico visado para destruição parcial ou total, ainda que
figurativamente.
7. ARMAMENTOS•ARMAS
representação desse objetivo.

Origem
ETIM lat. album,i ‘cor branca, alvura’

Oxford Languages 43
O uso da palavra alvo para descrever a “cor branca” parece
datar de tempos distantes. Apesar deste significado aparecer
nos verbetes primários do dicionário, e também estar presente
em sua etimologia, é, ao que tudo indica, ignorado por nós.

Existe um fenomêno chamado metaplasmo, onde se estuda a


evolução da língua portuguesa que se dá ao longo do tempo por
alterações sonoras ou de significados, que eventualmente in-
terferem na gramática. E outro chamado falácia etimológica ou
falácia da raiz, em que considera-se que o significado etimológi-
co não é o real significado da palavra, porque o real significado é
considerado o significado atual - usado popularmente.

Não sei contar a história da palavra alvo, ou como ela saiu do


seu significado raiz para associar-se ao campo semântico de ar-
mamentos, ou ser traduzida metaforicamente como centro de
interesse, ou objetivo.

Fato é: público alvo possui dois significados consideravelmente


diferentes. Assim como ao buscar a palavra ALVO no dicionário
encontramos os sentidos da palavra separados pelo seus atri-
butos, primeiro como adjetivo, e depois como substantivo.

No caso de adjetivo aparecem apenas 2 significados: a cor bran-


ca, ou figuradamente uma pessoa inocente.

Tendo isso em mente, vamos ler de novo: público-alvo.

Se o alvo desse público for adjetivo, quem usa esse termo está,
consciente ou insconcientemente, em busca de um público da
cor branca (heil hitler-ariana), e, ainda por cima inocente (afinal,
quanto mais gatilho mental puder usar, melhor, né?).

@miolo.digital 44
Agora, e se considerarmos alvo como substantivo? Vamos crer
na bondade humana e assumir que dos 7 significados, estamos
nos referindo ao 4 e 5: “centro de interesse; objetivo” ou “aquilo
que se procura alcançar; intuito, desígnio” e repetir aquele exer-
cício de imaginar uma palavra que resuma bem essas ideias.
Sem perder o costume, duvido bastante que seja “alvo”.

Um adendo importante é que ambos os significados trazidos aci-


ma estão no campo figurado dos sentidos da palavra, ou seja,
são metáforas que, com o passar do tempo, surgiram como
apêndices do seu significado original.

Considerando o sentido de alvo como substantivo, à parte dos


significados figurados, o que vem à tona pra nossa análise re-
laciona-se, primariamente, à ideia da cor branca, em seguida
vira ponto de mira a ser atingida com tiro (porrada) e bomba, ou
um objeto físico visado para destruição, e por fim, a represen-
tação do objetivo relacionado à armamentos. Bem triste, né?
Tendo isso em mente: quem inventou o termo “público-alvo”
certamente não gostaria de ser “público-alvo” de ninguém, rs.

Em ambos: adjetivo e substantivo, o sentido primário é cor bran-


ca, e por se associar à palavra público acaba fazendo alusão à
cor de pele, e isso é cabuloso de muitas formas diferentes;
Os significados seguintes fazem do público um objeto de inte-
resse e um objetivo, quando são pessoas como eu e como você.

Além da alusão à exclusão racial e objetificação, há também


essa conotação militar que, aplicada nessa situação de negócios,
me faz visualizar um dardo desses de parede com um retrato de
uma pessoa branca anônima com uma camisa escrito PERSONA,
com um furo no meio, e a certeza de que precisamos melhorar.

@miolo.digital 45
PODEMOS TROCAR
POR PESSOAS
POR EXEMPLO
1. indivíduo considerado por si mesmo; ser humano, criatura.

2. indivíduo notável, eminente; personagem.

3. caráter particular ou original que distingue alguém; individua-


lidade. “admiramos muito a sua pessoa”

4. GRAMÁTICA•LINGÜÍSTICA
categoria linguística, ligada esp. a verbos e pronomes, que mos-
tra a relação dos participantes do ato de fala com o(s) partici-
pante(s) do acontecimento narrado.

5. FILOSOFIA
cada ser humano considerado como individualidade física e es-
piritual, e dotado de atributos como racionalidade, autoconsciên-
cia, linguagem, moralidade e capacidade para agir.

Origem
ETIM lat. persona,ae ‘máscara de teatro’

+ SUGESTÕES:
pessoas interessadas, público (apenas), seres humanos, etc.

@miolo.digital 46
Sobre o uso da palavra persona, sem o intuito de desmilitarizar
onde não há desmilitarização a ser feita, façamos uma análise
de seu significado em busca de humanizar + nossas escolhas:

1. PSICOLOGIA
na teoria de C.G. Jung, personalidade que o indivíduo apresen-
ta aos outros como real, mas que, na verdade, é uma variante às
vezes muito diferente da verdadeira.
2. personagem literário em que o autor se encarna.
3. imagem com que uma pessoa se apresenta em público.
“a persona de um político”

etimologicamente a palavra pessoa se origina da palavra perso-


na, e por sua vez possui significações que sugerem um compor-
tamento que pode não corresponder à realidade.

Essa ideia de persona aplicada ao marketing me incomoda


porque pode criar blocos generalistas e irreais, desconsiderar
a diversidade e o caráter singular de cada um de nós, e dar ori-
gem a uma ideia invertida de que é preciso desenhar um certo
perfil de pessoa que se quer alcançar com determinado produ-
to, em vez de encontrar pessoas interessadas no que você tem a
dizer e depois pensar em produtos que se adequem.

Um tipo de lógica inversa perigosa, que nos faz pensar que pre-
cisamos criar soluções para pessoas imaginárias, ou que é mais
eficiente tentar resolver problemas de quem não conhemos do
que procurar soluções genuínas para nossos próprios, usando a
ilimitada informação que temos sobre nós mesmos - e, por ser-
mos no fundo, tão parecidos uns com os outros, como diria Carl
Jung: “Se você levar um problema pessoal a sério o suficiente,
estará, simultaneamente, resolvendo um problema social.”

@miolo.digital 47
O QUE
ARMA
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

ESPAÇO DE VISUALIZAÇÃO

@miolo.digital 48
O QUE
ARMA
SIGNIFICA
PRA MIM?
Não é preciso discorrer a fundo, já que o sen-
tido de arma é um tanto quanto primitivo.

Embora alguns a usem com a desculpa de


defesa, as estatísticas de acidentes e in-
justiças que envolvem o seu uso indevido é de-
veras alarmante.

@miolo.digital 49
O QUE ARMA
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
1. instrumento, mecanismo, aparelho ou substância esp. prepa-
rados, ou adaptados, para proporcionar vantagem no ataque e na
defesa em uma luta, batalha ou guerra.
2. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
qualquer argumento que se use, ou que estrategicamente se
guarde, para tentar vencer ou defender-se numa discussão, de-
bate etc.
3. cada um dos tipos particulares de tropas que constituem um
exército (cavalaria, artilharia etc.).
4. cada uma das três forças militares (Exército, Aeronáutica e
Marinha).
5. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
meio de favorecer ou prejudicar alguém ou algo. “têm na oração
sua a. espiritual”
6. as forças armadas de um país.
7. feitos militares.
8. o conjunto dos cornos (‘apêndice ósseo’) de um animal; tocos.
9. insígnias de brasão.

Origem
ETIM lat. arma,ae ‘arma’, no neutro pl. armōrum ‘armas em ger-
al’

Oxford Languages 50
Encontrar entre seus 9 significados as palavras e expressões:
“ataque, defesa, batalha, guerra, estrategicamente, tropas, ex-
ército, cavalaria, artilharia, militares, prejudicar alguém ou
algo, e forças armadas” é o mínimo esperado, e já é mais do que
o suficiente para não fazer nenhum sentido relacionarmos esse
termo a ensinamentos envolvendo o mundo dos negócios.

Ao digitar no Google “armas marketing” os resultados são nu-


merosos, e fica difícil ignorar a banalização do termo que per-
petua, de forma tão natural, essa ideia de luta e ofensividade
muita fora de um cenário lógico.

Nem mesmo seus significados figurados justificam seu uso no


contexto que vem sido utilizado nas esferas do marketing e
áreas correlacionadas, principalmente se considerarmos que
queremos contemplar e construir uma atmosfera benevolente
para nós e para os outros.

No contexto em que o termo é utilizado em tais áreas de estudo


poderia ser facilmente substituído por “ferramenta’, apesar de
eu ter acabado de descobrir que “ferramenta” possui um único
significado relacionado a armamento graças ao brasileirismo :(

Poderia ser substituído com tranquilidade por “técnicas”, ou


“elementos”.

Sigo na minha busca.

Como até então escolhi uma única palavra para cada caso como
principal sugestão, através dessa lógica, com base nas minhas
pesquisas, a minha substituição favorita é: “mecanismo”.

@miolo.digital 51
PODEMOS TROCAR
POR MECANISMO
POR EXEMPLO
1. combinação de peças para fazer funcionar, pôr em movimento
um aparelho, um engenho; maquinismo.
“o mecanismo de um relógio, de um piano”

2. POR EXTENSÃO
conjunto de elementos que concorrem para a atividade de uma
estrutura orgânica; mecânica. “mecanismo cerebral, fisiológico”

3. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
maneira de operar comparável à de uma máquina, uma engrena-
gem. “os mecanismos da política”

4. MÚSICA
conjunto de exercícios que proporcionam destreza e virtuosismo
na execução de um instrumento musical.

5. PSICOLOGIA
conjunto de meios utilizados para que uma função psicológica se
realize. “mecanismo de condicionamento”

Origem
ETIM fr. mécanisme ‘estrutura natural ou artificial de um organ-
ismo etc.’

@miolo.digital 52
O QUE
TÁTICA
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

ESPAÇO DE VISUALIZAÇÃO

@miolo.digital 53
O QUE
TÁTICA
SIGNIFICA
PRA MIM?
Tática sempre me remeteu a métodos que pode-
riam ajudar a performar melhor em alguma ativi-
dade.

Até começar a fazer a pesquisa para escolher os


termos que faziam sentido para desmilitarizar
o marketing, não passava pela minha cabeça
que essa palavra aparentemente neutra carre-
ga conotações militares em seus significados
primários, a começar pela sua etimologia.

@miolo.digital 54
O QUE TÁTICA
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
1. MILITAR (TERMO)
parte da arte da guerra que trata de como proceder durante um
combate ou batalha.

2. MILITAR (TERMO)
arte de dispor e manobrar as tropas no campo de batalha para
conseguir o máximo de eficácia durante um combate.
“tática aérea”

3. POR EXTENSÃO
método ou habilidade para sair-se bem em empreendimentos,
disputas, situações de vida etc.
“o orador discursou empregando a tática necessária ao caso”

Origem
ETIM fem. substv. gr. taktikḗ ‘habilidade, esp. nas manobras do
exército’

Oxford Languages 55
Só dos dois primeiros significados terem em seu campo semân-
tico o termo MILITAR em letras garrafais, já acho inaceitável.

Tática é aquela palavra que parecia inofensiva, mas militarizou.

E essa, ao contrário de outras como batalhas, armas, alvo, gatil-


ho e guerrilha, pode realmente escapar aos sentidos - como
quase passou impercebida por mim que estou pesquisando es-
pecificamente sobre essas correlações entre aprendizagens de
marketing e termos bélicos.

Embora não seja tão escancarada quanto outras, a partir do mo-


mento que seu significado foi desvendado não há motivos para
que ela permaneça no nosso no-vocabulário-colaborativo.

Ao pensar em possíveis substituições, me veio a palavra artifício


em mente e, fiquei bem triste ao descobrir que um dos significa-
dos de artifício é astúcia para enganar :(

Continuei minha busca e seguindo a lógica de mecanismo para


armas, a palavra “tática” como elemento poderia ser substituída
por “engrenagem”. Ou por “método”. Gosto da ideia de aprender
“métodos” para criar “metodologias” em vez de aprender “táti-
cas” para criar “estratégias”.

Fazendo um trocadilho-mental pensei que o que é tática deveria


ser tátil. Não consigo me desfazer do olhar poético, rs.

E, exatamente nesse sentido de algo que seja poderoso para re-


forçar as práticas do marketing permissivo e benevolente que a
gente quer ver crescer no mundo, escolho, com uma alegre con-
vicção, substituir “tática” por “tato”.

@miolo.digital 56
PODEMOS DESENVOLVER
NOSSO “TATO”
POR EXEMPLO
1. sentido por meio do qual se conhece ou percebe, usando o
corpo, a forma, consistência, peso, temperatura, aspereza etc. de
outro corpo ou de algo.

2. POR EXTENSÃO
qualquer sensação provocada por este sentido.

3. ato ou efeito de tatear; tateio.

4. POR METÁFORA
procedimento cauteloso; prudência, tino.
“só com muito tato se poderia resolver tão grave situação”

POR METÁFORA
sutileza e sensibilidade para se expressar.

5. POR EXTENSÃO
firme vocação; habilidade, capacidade.
“é homem de grande tato político”

Origem
ETIM lat. tāctus,us ‘toque, tato, ação de tocar’, do v.lat. tangĕre
‘tocar (sentido físico e moral, transitivo e absoluto)’

@miolo.digital 57
O QUE
LINHA DE FRENTE
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

ESPAÇO DE VISUALIZAÇÃO

@miolo.digital 58
O QUE
LINHA DE FRENTE
SIGNIFICA
PRA MIM?
Além de imagens fortes, a ideia de linha de
frente vem associada àqueles soldados con-
siderados de menos valia para seus exércitos,
que eram posicionados na frente dos demais
para que fossem os primeiros atingidos ao i-
nício do confronto.

Soldados de combate. Combo de abate.

@miolo.digital 59
O QUE LINHA DE FRENTE
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
linha

32. MILITAR (TERMO)


série de unidades militares em posições alinhadas

33. POR EXTENSÃO•MILITAR (TERMO)


sucessão de entrincheiramentos, de fortificações que protegem
um exército ou um setor dele (freq. us. no pl.); trincheira, frente
de combate.

linha da frente

• [Militar] Conjunto de unidades mais avançadas num confronto


militar. = LINHA DE FRENTE

• Elemento ou conjunto de elementos que têm maior exposição,


maior visibilidade ou maior avanço numa .atividade. = LINHA DE
FRENTE, PRIMEIRA LINHA

Oxford Languages / Dicionário Priberam da Língua Portuguesa 60


Me recuso a explicar ou tentar entender o uso romantizado
desse termo e do termo trincheira que também já vi ser usado
nesse sentido.

Seja para descrever profissionais que são essenciais para o


negócio, ou para falar da equipe de atendimento de qualquer
empresa, eu acho simplesmente sem noção.

Buscando no Google achei inclusive o termo se referindo ao


cartão de visita. Sou só eu, ou realmente é muita forçação de
barra uma associação dessa?

Vamos lá, tentar substituir. Esse exercício de entender o contex-


to em que se aplica e pensar num jeito mais amistoso de des-
crevê-lo sempre acaba me surpreendendo.

Poderia ser só “pessoas à frente”, assim como publico-alvo


poderia ser só “público”. Cheguei a pensar na palavra “essen-
cial”, mas não sei se é isso ainda.

No caso de cartão de visita fica fácil trocar por “fachada”, e por


que não “fachada frontal”?

Agora, em se tratando de pessoas, gosto da ideia de “principal”,


“determinante”.

Pesquisando o significado, passe a página para descobrir a


minha favorita:

@miolo.digital 61
PODEMOS TROCAR
POR FUNDAMENTAL
POR EXEMPLO
1.
que serve de fundamento, de alicerce.
que dá início, real ou simbolicamente, a um projeto, cons-
trução, obra etc.
“pedra fundamental”

2.
FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
que tem caráter essencial e determinante; básico, indispensável.

Origem
ETIM lat.tar. fundamentālis,e ‘id.’

@miolo.digital 62
O QUE
GUERRILHA
SIGNIFICA
PRA VOCÊ?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A LEITURA
A SEGUIR

ESPAÇO DE VISUALIZAÇÃO

@miolo.digital 63
O QUE
GUERRILHA
SIGNIFICA
PRA MIM?
Imagens fortes.

@miolo.digital 64
O QUE GUERRILHA
SIGNIFICA PARA
O DICIONÁRIO?
1. luta armada, empreendida por um movimento revolucionário
de índole patriótica ou não, que combate um governo estabeleci-
do ou forças de ocupação com a estratégia de mobilização políti-
ca da população camponesa e a tática de incursões ofensivas,
atos violentos e de surpresa, perpetrados por pequenos grupos
ger. recrutados nessa população.

2. POR EXTENSÃO
corpo de combatentes que adota esse esquema de luta.

3. POR EXTENSÃO
tropa ou bando autônomo que combate sem obediência à disci-
plina e às regras militares.

4. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
polêmica contínua.
“guerrilha psicológica”

Origem
ETIM esp. guerrilla ‘id.’

Oxford Languages 65
Alguns termos possuem conflitos tão evidentes que me sinto
desnecessária.

Embora a criação do termo tenha sido inspirada pelas táticas al-


ternativas usadas na Guerra do Vietnã, “guerrilha” é uma pala-
vra que não possui um significado sequer que justifique seu uso
no contexto em que se encontra.

Estudei um pouco a lógica por trás dessa metodologia, e achei a


ideia interessante! Mas a linguagem utilizada para descrevê-la
me deixa, sinceramente, triste.

Basicamente, a ideia dessa estratégia é fazer o uso de táticas


agressivas para atingir o público-alvo de forma eficiente.

Reparou a frase anterior? Algo soa estranho? Rs

Poderia descrever de outra forma:

Basicamente, a ideia dessa metodologia é desenvolver camin-


hos criativos para atrair as pessoas certas.

A metodologia é direcionada à empresas que possuem poucos


recursos e por isso devem fazer o uso de determinadas técnicas
para alcançarem resultados satisfatórios - de forma rápida.

O conceito básico por trás da ideia é a maximização de recur-


sos (fazer o máximo possível com o mínimo disponível), e o uso
da criatividade para conseguir destacar-se e criar a experiência
mais memorável possível para os clientes!

Sou só eu que acho ou é legal demais pra ter o título que tem?

@miolo.digital 66
NÃO PODEMOS TROCAR
PORQUE TEM AUTORIA
MUITO BEM DEFINIDA
Como o “Marketing de Guerrilha” é um termo difundido por um
publicitário norte-americano, achei desrespeitoso da minha
parte sugerir uma substituição livre para o nome da metodolo-
gia, que como citei, possui atributos consideravelmente inte-
ressantes.

Quis trazer o termo, de toda forma, para corroborar a teoria de


que há muitas associações militares às práticas do Marketing
atualmente, e honestamente, não sei ao certo as consequências
reais disso, nem a curto, nem a longo prazo. Enxergo esse fato
como um resultado condizente à cultura vigente, e por isso re-
solvi me manifestar à respeito para que você refletisse comigo.

Acrescento aqui que essa metodologia possui várias semelhan-


ças com outra conhecida como “Inbound Marketing”, também
chamada de “Marketing de Atração”.

E por último, quero deixar claro que a minha opinião, que está
espalhada em todo esse rolê, não te impede de estudar os
vieses que possuam abordagens que se alinhem com a sua
identificação, e façam sentido para a sua cosmovisão.

O convite aqui é pra elevar a consciência das nossas escolhas.

@miolo.digital 67
O QUE
VOCÊ TEM QUE
FAZER QUE É
INDISPENSÁVEL?
UMA PEQUENA REFLEXÃO
SUGESTIVA QUE PODE
ENRIQUECER A VIDA
A SEGUIR

ESPAÇO PARA SE DESOPILAR DE OBRIGAÇÕES IMA-


GINÁRIAS, QUE ATRAPALHAM A LIBERDADE DE SER
(POR EXEMPLO: O TEXTO NÃO FICOU ALINHADO ALI)
@miolo.digital 68
O QUE
“VOCÊ TEM QUE”
SIGNIFICA
PRA MIM?
Tanque de guerra em inglês é “tank” e a pronún-
cia é exatamente “tem que”.

Mera coincidência, mas foi assim que essa ex-


pressão-trocadilho veio parar aqui, precisando,
urgentemente, ser desmilitarizada.

Nada pessoal, mas alguém que começa uma


frase com a expressão “você tem que” pra mim
significa eu respondendo: “quem é você pra me
dizer o que eu tenho ou não tenho que fazer, se
às vezes nem eu mesma sei?”

@miolo.digital 69
Tirando respirar, comer e fazer aquelas necessidades diárias
padrões, ninguém é, efetivamente, obrigada(o) a nada, muito
menos a concordar com esse manifesto.

Queria dizer, com muito carinho, que tá cheio de cagarregras


por todos os lados - eu sou um deles, e, sem ofensas, provavel-
mente você também é.

Há uns 4 anos eu fiz um curso de Ciência de Dados ministrado


por uma empresa que ajuda pessoas e organizações ao redor
do mundo com práticas analíticas para aprimorar performance
e tomada de decisões. Neste curso enxerguei, pelo leve camin-
ho da consciência, o quanto nós nos baseamos em achismos e
dados inventados para convencer a nós mesmos, e pessoas ao
nosso redor, da legitimidade de algo que acreditamos ser verda-
deiro. Acho que todo mundo faz isso, de forma ou de outra.

Nesse aspecto, toda vez que eu cometo um erro, acabo perce-


bendo - depois, que errar poderia ter sido mais brando caso eu
não tivesse tido tanta certeza de algo que obviamente não dava
pra ter certeza. Ou ao contrário, rs. Faz sentido?

Tento sempre partir da autorresponsabilidade para entender


aonde posso melhorar, e antes de aceitar os “tem que” alheios,
também avalio os “tenho que” que crio para mim mesma.

Anos em busca do meu propósito me levaram a crer que o meu


maior propósito é continuar buscando o meu propósito, me ex-
pressando em liberdade para experimentar meus potenciais, e
abrindo espaços reflexivos para que eu e você possamos desco-
brir e redescobrir quantas vezes necessárias que: a nossa tra-
jetória de pensar é o observatório mais poderoso do mundo.

@miolo.digital 70
PODEMOS TROCAR
POR “VOCÊ PODE”
POR EXEMPLO
Falar poder dá poder. Sacou? :D

Ia colocar o significado de “poder” aqui, mas a lista é gigante.


De toda forma, fez todo sentido pra mim.

+ SUGESTÕES DIRETAS:
se você quiser, caso te interesse, se fizer sentido pra você, etc.

+ outros casos & respectivas substituições sugestivas:


- você precisa (...)
= o que você precisa?

- você deve (...)


= você já tentou (...)

- é indispensável (...)
= pra mim é indispensável, você pode testar (...)

- o único jeito (...)


= existem várias formas de (...)

- o melhor jeito (...)


= o melhor jeito é o que funciona pra você.

@miolo.digital 71
ESPAÇO
FINAL DE
REFLEXÃO
SUGESTIVA

@miolo.digital 72
RESUMO É BOM E EU GOSTO!
CÊ GOSTA?

estratégia = planejamento

criar autoridade = criar comunidade

campo de batalha = campo de aprendizagem

gatilho mental = sem substituição


sugestão: estudar marketing de permissão

público alvo = pessoas interessadas

armas = mecanismos

táticas = tato

linha de frente = elementos ou pessoas fundamentais

marketing de guerrilha = sem substituição


sugestão: escolher estudar abordagens que você gosta

você tem que (...) = você pode

conselho final: na dúvida, sempre reflita!


se fez sentido aí,
você pode me ajudar
a espalhar essa
mensagem?

FUTURO LINDO
m:

quer m
ra

e conta t a g
r o q ue a i ns
chou? te espero no

@miolo.digital

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