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UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE MOÇAMBIQUE

Mestrado em Desenvolvimento Humano e Educação

Módulo: Desenvolvimento e Educação psicossexual

Importância da educação psicossexual e os seus modelos

Beira, Agosto de 2023


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UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE MOÇAMBIQUE

Mestrado em Desenvolvimento Humano e Educação

Módulo: Desenvolvimento e Educação psicossexual

Importância da educação psicossexual e os seus modelos

Discente:

António Jaime Ofece


Ernesto Tomas Dauce
Francisca J. Adriano Joaquim
Gonçalves Mário
Inocêncio F. Bitone Carlos Utumbe
Marcos Alexandre Joaquim

Docente
Phd. Jorge Caetano Fonseca

Beira, Agosto de 2023


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Índice
1.Introdução ...................................................................................................................... 3

2.Importância da Educação Psicossexual e seus Modelos ............................................... 4

2.1. Abordagens contemporâneas para educação sexual .................................................. 4

2.1.1.Abordagem biológico-higienista ............................................................................. 4

2.1.2.A abordagem moral-tradicionalista ......................................................................... 5

2.1.3.A abordagem terapêutica ......................................................................................... 5

2.1.4.A abordagem religioso-radical ................................................................................ 5

2.1.5.A abordagem dos direitos humanos......................................................................... 6

2.1.6.A abordagem dos direitos sexuais ........................................................................... 6

2.1.7.A abordagem queer ................................................................................................. 6

2.1.8.A abordagem emancipatória .................................................................................... 7

2.2.Texeira (2012) Aborada quatro perspetiva de educação sexual ................................. 7

2.2.1.A educação sexual perspectivada como do domínio do biológico .......................... 7

2.2.2.A educação sexual perspectivada como do domínio do patológico/psicológico..... 8

2.2.3.A educação sexual perspectivada como do domínio do pan‐erótico ....................... 8

2.2.4.A educação sexual perspectivada como do domínio do dialógico/reflexivo........... 9

3.Conclusão .................................................................................................................... 10

4. Bibliografia .................................................................. Erro! Marcador não definido.


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1. Introdução

O presente trabalho resulta de uma investigação académica e o mesmo surge como


requisito para avaliação no módulo de Desenvolvimento e Educação psicossexual no
programa de Mestrado em Desenvolvimento Humano e Educação na Universidade Jean
Piaget de Moçambique - Beira

A educação psicossexual desempenha um papel fundamental no desenvolvimento


saudável e equilibrado dos indivíduos em sua jornada pela compreensão e aceitação de
sua própria sexualidade. Desde os primeiros estágios da vida, as experiências
relacionadas à sexualidade moldam a maneira como percebemos a nós mesmos, aos
outros e ao mundo ao nosso redor. A educação psicossexual não se limita apenas a
informações biológicas sobre anatomia e reprodução, mas também engloba aspetos
emocionais, psicológicos e sociais que estão intrinsecamente ligados à nossa identidade
sexual.

O Mesmo foi desenvolvida através de uma pesquisa bibliográfica, que consistiu na


revisão da literatura relacionada à temática abordada. Para tanto, foram utilizados livros,
artigos, sites da Internet entre outras fontes.

1.1.Objetivos
1.1.1. Objetivo Geral
 Analisar as diversas perspetivas e modelos pedagógicos no âmbito da educação
psicossexual;

1.1.2. Objetivo Específico


 Apresentar a importância da educação psicossexual;
 Conhecer objetivo principal da educação psicossexual;
 Descrever os diversos modelos de educação psicossexual;
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2. Importância da Educação Psicossexual e seus Modelos


A Educação sexual é o nome dado ao processo que visa ensinar e esclarecer
questões relacionadas à sexualidade. A educação sexual aborda temas como o sexo,
gravidez, aborto, métodos contracetivos e doenças sexualmente transmissíveis.

O objetivo principal da educação sexual é preparar os adolescentes para a vida sexual de


forma segura e consciente. Este processo de educação sobre a vida sexual se faz essencial
para a prevenção de diversas situações indesejadas, como doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs), gravidez na adolescência e experiências sexuais traumáticas.

Esse processo auxilia crianças e jovens em formação a aprenderem a ter autonomia nas
questões sexuais, chamando-os à responsabilidade de cuidar de seu próprio corpo e suas
vontades.

2.1. Abordagens contemporâneas para educação sexual


Furlani (2016) fala de oito abordagens contemporâneas para educação sexual,
nomeadamente: abordagem biológico-higienista; abordagem moral-tradicionalista;
abordagem terapêutica; abordagem religioso-radical; abordagem dos direitos humanos;
abordagem dos direitos sexuais; abordagem emancipatória e abordagem queer.

2.1.1. Abordagem biológico-higienista


Furlani (2016) é aquela considerada por muitas/os a prevalente (e até mesma a
única) nas ações educacionais voltadas à discussão do desenvolvimento sexual humano
no contexto, sobretudo, da escolarização formal. Costuma conferir ênfase na biologia
essencialista (baseada no determinismo biológico) e é marcada pela centralidade do
ensino como promoção da saúde, da reprodução humana, das DSTs, da gravidez
indesejada, do planeamento familiar, etc. Por manter inquestionáveis as premissas acerca
do determinismo biológico, considera as diferenças entre homens e mulheres decorrente
dos atributos corporais.
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2.1.2. A abordagem moral-tradicionalista

“Acaricie seu cachorrinho, e não seu namorado.”


“Controle a sua vontade. Seja virgem!” Enunciados do Programa - Abstinência Somente
da EUA (Furlani, 2016 p.12) Esta epígrafe apresenta enunciados comuns neste tipo de
educação sexual, frequentemente atrelada a princípios de uma moral tradicional. Um
exemplo é o Programa Abstinência Somente, no contexto moçambicano o programa de
geração Biz.

2.1.3. A abordagem terapêutica

Trata-se daquela que busca “causas” explicativas para as vivências sexuais consideradas
“anormais” ou para os “problemas sexuais”. Afirma ser capaz de obter a “cura” das
pessoas. Essa abordagem apresenta, geralmente, conclusões simplistas, imediatistas,
genéricas e universais para os fenômenos da vida sexual.

Mais voltada ao caráter psicológico do sujeito, a abordagem terapêutica, geralmente, pode


estar ligada a instituições religiosas, ocupar a mídia (especialmente a televisiva,
radiofônica e internet), consultórios de orientações e aconselhamento, e se utilizar das
técnicas de terapia individual, grupal e de psicodrama para alcançar a “cura” sexual.

2.1.4. A abordagem religioso-radical

Caracteriza-se pelo apego às interpretações literais da Bíblia, usando o discurso religioso


como uma “incontestável verdade” na determinação das representações acerca da
sexualidade “normal”. Presente em instituições e/ou em escolas religiosas, essa educação
da vida sexual e afetiva de homens e mulheres costuma ocorrer em encontros grupais ou
individuais, em estudos bíblicos ou em pregações coletivas (missas, cultos) (Furlani,
2016).
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2.1.5. A abordagem dos direitos humanos

A educação sexual baseada na abordagem dos direitos humanos é aquela que fala,
explicita, problematiza e destrói as representações negativas socialmente impostas a esses
sujeitos e às suas identidades “excluídas”. Trata-se de um processo educacional que é
assumidamente político e comprometido com a construção de uma sociedade melhor,
menos desigual, mais humana – na totalidade semântica desse termo, (Furlani, 2016)

O documento a “cara dos excluídos” ao falar explicitamente de crianças e adolescentes,


idosos/as, mulheres, afrodescendentes, povos indígenas, estrangeiros/as, refugiados/as e
migrantes, ciganos/as, portadores/as de necessidades especiais, gays, lésbicas,
travestis, transexuais e bissexuais (Furlan, 2016)

2.1.6. A abordagem dos direitos sexuais


A Declaração dos Direitos Sexuais foi elaborada no 13º Congresso Mundial de Sexologia,
realizado em 1997, em Valência (Espanha).
Posteriormente, foi revisada pela Assembleia Geral da Associação Mundial de Sexologia
(WAS World Association for Sexology), em 26 de agosto de 1999, e aprovada no 14º
Congresso Mundial de Sexologia (Hong Kong, República Popular da China, de 23 a 27
de agosto de 1999).
Embora tenha sido elaborada no sentido generalizado no que concerne às diversas
identidades sexuais, a declaração pode ser vista como um documento político, de
reivindicações e conquistas, de reconhecimento e respeito aos grupos e/ou sujeitos
subordinados.

2.1.7. A abordagem queer


O termo queer, nos países de língua inglesa, sempre foi usado como expressão da
homofobia para humilhar e envergonhar pessoas definidas como esquisitas, estranhas, ou
seja, por apresentarem sua identidade sexual e de gênero fora dos padrões da
“normalidade” instituída e esperada.
A teoria queer, portanto, recusa, rejeita a posição de um essencialismo sobre a identidade
sexual; ela admite os predicados normativos e homofóbicos
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2.1.8. A abordagem emancipatória


Uma abordagem emancipatória pressupõe desvendar esses modelos e projetar a rutura de
ordens estabelecidas, na busca de um novo que aponte para uma sociedade nova.
Outro aspeto dessa abordagem é admitir a sexualidade (e seus sujeitos) como uma
dimensão “reprimida, histórica, social e politicamente”, assumindo como válida a
“hipótese repressiva” como base explicativa de seus argumentos.

2.2. Texeira (2012) Aborada quatro perspetiva de educação sexual


Nomeadamente:
a) Educação sexual perspetivada como do domínio do biológico;
b) Educação sexual perspetivada como do domínio do patológico/psicológico;
c) Educação sexual perspetivada como do domínio do pan‐erótico;
d) Educação sexual perspetivada como do domínio do dialógico/reflexivo.

Texeira (2012) Aborada quatro perspectiva de educação sexual, nomeadamente:


educação sexual perspectivada como do domínio do biológico; educação sexual
perspectivada como do domínio do patológico/psicológico; educação sexual
perspectivada como do domínio do pan‐erótico e a educação sexual perspectivada como
do domínio do dialógico/reflexivo.

2.2.1. A educação sexual perspectivada como do domínio do biológico


Teixeira (2012) a perspectiva biológica, ou biologicista, é a perspectiva de que a
sexualidade é uma coisa natural, tal como a humanidade seria uma coisa natural,
predeterminada, realizada já antes de ser realizada, competindo ao homem apenas a
descoberta ou o caminho de um auto‐reconhecimento. Mas se a humanidade é alguma
coisa é um auto‐desconhecimento, um desconhecer‐se a si próprio enquanto
desreificação, já que o humano é incompletude por definição, um sendo e não um ser.

A perspectiva biológica é também, regra geral, a perspectiva daqueles que são contra a
educação sexual na escola (ainda que a sua "educação biológica" seja já uma educação
sexual). Ao fazerem do corpo e do discurso sobre o corpo algo de meramente mecânico
e naturalístico ou, em alternativa, moralístico e repressivo, supõem desse modo obstar à
reflexividade sexual e aos seus frutos, que, amiúde, sugerem ser capaz de libertar de uma
Caixa de Pandora todos os monstros que os atormentam, ao seu corpo e ao seu poder.
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2.2.2. A educação sexual perspectivada como do domínio do


patológico/psicológico
Teixeira (2012) a perspectiva pela qual a sexualidade se configura num abismo de
relações pulsionais irracionais, ameaçadoras, dissolutoras da ordem social estabelecida,
que convém enquadrar e modelar (um certo freudismo pode bem estar na origem desta
concepção).

É bem certo que há no corpo uma dimensão de absoluta indecisão, de absoluta cisão, que
o étimo e o mito nos mostram. Ora, é esta cisão que assusta, que, tomada como uma
espécie de pecado original, exige um renascimento e uma recomposição, que a psicologia
seria capaz de, como ciência dessa cisão, providenciar. No entanto, não só esta cisão não
constitui uma ameaça como, pelo contrário, é condição de possibilidade da própria
liberdade, não constituindo um pecado que nos constrange, mas antes uma virtualidade,
uma promessa, ou, se quisermos, constituindo um pecado que, ao invés de nos perder,
nos salva.

2.2.3. A educação sexual perspectivada como do domínio do pan‐erótico


Teixeira (2012) muito menos faz sentido uma educação sexual pan‐erótica, espécie de
viagra dialéctico. A erotização da vida contemporânea não necessita de novos
estimulantes. Pelo contrário, necessita de espaços de reinvenção interior, de instrumentos
de desestruturação do pan‐erotismo dominante, que só pode passar pela devolução da
sexualidade ao irredutível individual, ao projecto de vida para lá dos estereótipos que
raptam a cada um o essencial da sua individualidade e o põe ao dispor dos poderes
dominantes.

É bem certo que face à alienação consumista e erótica dominante pode parecer atraente
uma nova erotização, desalienadora. O problema deste modelo é, porém, o problema de
todas as derivas desalienadoras. É que não se sabe quem nos pode desalienar dos
desalienadores. Não se sabe (embora se suspeite) se a desalienação não é mais que a
substituição de um domínio por outro, dito vanguardista, ao abrigo da alienação e, por
isso, dito puro. Acontece que toda a pureza é merecedora de suspeição de irreflexividade,
princípio sob o qual não há desalienação possível. A salvação é sempre perigosa.
Sobretudo se são outros a salvar‐nos. Ser salvo por terceiros significa ser‐se determinado,
configurado pelo salvador.
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2.2.4. A educação sexual perspectivada como do domínio do


dialógico/reflexivo
Teixeira (2012) é a de um modelo auto‐edificatório ou dialógico/reflexivo. Como
alternativa à emancipação da construção. Uma das diferenças entre uma coisa e outra é
que a emancipação resulta de uma alienação no outro, enquanto a construção aposta tudo
na liberdade e, logo, no desejo que a motiva. Numa forma rígida pode-se falar de uma
emancipação própria como alternativa a uma emancipação alheia. Assim, a educação
sexual deveria ser espaço de auto‐emancipação, de auto‐construção, do auto‐edificatório
como, aliás, deveria ser a educação em geral.

A informação burocratizada, as técnicas, os métodos, a biologia, as doenças, as


patologias, de nada servem se não forem, por um lado, postas à disposição de uma
narrativa pessoal, de um projecto individual e, por outro, se não forem o resultado de uma
investigação pessoal, reflexiva. Numa altura em que a escola manifesta profundos e claros
sinais de atraso, ou falência, face à sociedade, a educação sexual pode ajudar a encantar
a escola, a fazer dela um espaço de auto‐produtividade e de auto‐criação, se se fizer da
educação sexual um espaço de pensamento, de diálogo e de criação.
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3. Conclusão

Uma educação psicossexual bem estruturada ajuda a promover a autoaceitação, a


autoestima e a confiança, ao mesmo tempo em que reduz o estigma e a vergonha
associados a tópicos sensíveis. Ela oferece um ambiente seguro para discutir e explorar
questões complexas, como consentimento, contraceção, prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis e relacionamentos saudáveis.
Além disso, a educação psicossexual desempenha um papel crucial na prevenção do
abuso sexual, ao capacitar os indivíduos a reconhecerem situações inadequadas e a
estabelecerem limites claros.
Isso contribui para a criação de uma cultura de respeito mútuo e proteção, especialmente
entre os jovens.

Ao longo da vida, a compreensão adequada da educação psicossexual ajuda a melhorar a


comunicação interpessoal e a qualidade dos relacionamentos, permitindo que as pessoas
estabeleçam conexões emocionais e físicas mais saudáveis. Além disso, uma educação
psicossexual bem implementada em escolas e comunidades pode contribuir para a
redução da gravidez na adolescência, bem como para a prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis
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4. Bibliografia

Boccato, V. R. C. (2006). Metodologia da pesquisa bibliográfica na área odontológica e


o artigo científico como forma de comunicação. Rev. Odontol. Univ. v. 18, n. 3, p. 265-
274. Cidade São Paulo, São Paulo

Furlani, J. (2016) Educação sexual na sala de aula: relações de gênero, orientação sexual
e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças, 1. ed. 1. reimp,
Autêntica Editora, Belo Horizonte, Brasil

Teixeira, F.(2012) O sexo e a ontologia do humano. Revista do Centro de Formação


Francisco de Holanda, 23-34

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