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Mas, na realidade, apenas existe uma contabilidade, isto é, uma única técnica de
informação ao serviço da empresa, utilizando-se aquelas expressões apenas para
distinguir duas formas de aplicação dessa mesma técnica, «propondo-se cada uma
fornecer informações diferentes, para responder a questões diferentes, situadas no
quadro de responsabilidades diferentes, e numa perspectiva diferente» (A. Cibert).
Como veremos no próximo capítulo, a palavra «custo» nunca deverá ser utilizada
isoladamente, mas sempre acompanhada por um adjectivo que lhe precise o seu
significado.
Genericamente, podemos dizer que os «custos de produtos» são custos vinculados à
produção, são «custos em vigor» ou «custos suspensos», pois não correspondem a
reduções do valor do património, mas sim a modificações do activo- são custos que se
podem inventariar (custos inventariáveis).
Pelo contrário, os «custos de período» são custos vinculados ao tempo, que acabam por
corresponder a reduções do valor do património, como acontece com todos os custos
não vinculados directamente à actividade produtiva, nomeadamente com os custos de
comercialização, de administração e de financiamento.
b)Na conta «Compras» será lançado, não só o valor das aquisições de matérias-primas e
de bens armazenáveis destinados a consumo, mas também aquelas despesas adicionais
de compra que possam vincular directamente a determinada matéria (embora com
prejuízo da respectiva classificação por natureza);
Compras Consumos
s = Existências
Produção Vendas
s = Existências
Para além de outras contas, que havemos de encontrar ao longo do vosso estudo,
podemos desde já referir as seguintes:
Destino funcionais
Industriais e trabalhos
RESULTADOS FUNCIONAIS
Custos de Proveitos
Período
CUSTOS PSÍQUICO, MATERIAL E MONETÁRIO
Esta ideia de custo psíquico está subjacente a grande parte das tomadas de decisão na
empresa, muito embora, perante a sua correlação com os custos material e monetário,
estes se apresentem prioritariamente ao nosso espírito.
Custo monetário: é a soma dos produtos das quantidades utilizadas pelos respectivos
preços unitários.
K = x p1 + y p 2 + z p 3
Sendo:
x, y e z – quantidades de factores
A análise dos desvios é uma operação fundamental para orientar e controlar a gestão,
podendo ser tão importante como o próprio conhecimento dos custos reais.
Com efeito, saber «o que é» (custos reiais) e desconhecer «o que devia ser» (custos
predeterminados) não permite um autêntico controlo da gestão, nem uma consciente
tomada de decisões.
Na realidade, a simples análise dos resultados por produtos, embora indispensável para
a tomada de certo tipo de decisões, é geralmente insuficiente para o controlo da gestão,
pois não fornece quaisquer informações particulares quanto à localização de possíveis
insucessos ao longo do processo de exploração.
Quer dizer, antes da determinação dos custos por produtos (após a resolução dos
problemas originados pelo desconhecimento imediato do destino final de certos meios
de exploração), podemos sempre determinar, e mais facilmente, não só os custos das
funções gerais da empresa (aprovisionamento, transformação, distribuição e
administração), mas também os custos dos vários departamentos que concorrem para
cada uma dessas funções.
Notemos, desde já, que os custos funcionais facilitam a determinação dos custos dos
produtos, como veremos, para além de permitirem a distinção entre custos controláveis
e os custos não controláveis pelos responsáveis de cada função ou departamento da
empresa.
Convém salientar, entretanto, que todo objecto de custo corresponde sempre a uma
acção ou actividade: um custo é sempre a soma das despesas necessárias para «fazer
qualquer coisa»: para exercer uma função, para realizar o trabalho dum departamento,
para fabricar um produto, para prestar um serviço – a função exercida, o departamento
considerado, o produto fabricado, o serviço prestado, são os objectos dos respectivos
custos.
Quer dizer, são directos todos aqueles custos especificamente originados por este ou
aquele serviço (custos directos das funções e departamentos) ou por este ou aquele
produto (custos directos dos produtos).
Assim, em relação aos custos directos é sempre possível conhecer, imediata, evidente
ou praticamente, ou o seu destino funcional, ou o seu destino final, ou ambos.
São indirectos todos aqueles custos originados, não por este ou aquele serviço ou
produto, mas sim por vários serviços ou produtos (gastos gerais da empresa),
desconhecendo-se, no momento da sua efectivação, o seu destino funcional e/ou final.
a) Em relação aos serviços os custos são quase sempre directos (excepções: o ordenado
do director geral e o salário do vigilante dos edifícios e equipamentos, por exemplo);
c) Os custos directos em relação aos serviços podem ser indirectos em relação aos
produtos, caso em que se designam por custos semi-directos.
De facto, por um lado, em certos casos a mão-de-obra pode ser um custo indirecto; por
outro lado, poderão ser custos directos os fornecimentos e serviços de terceiros, a força
motriz e a reintegração de certas máquinas, verificando-se tal sempre que estes
elementos estejam especialmente ligados ao custo de determinado produto.
Nesta ordem de ideias, também alguns «custos de período» podem ser relacionados com
determinados produtos, como certos gastos de distribuição (as despesas de expedição –
embalagem e frente – deste ou daquele produto), embora seja mais difícil encontrar
elementos directos entre os gastos de administração e financiamento.
Com efeito, os elementos directos, conhecendo-se o seu destino funcional e /ou final,
são fácil e imediatamente aplicados, atribuídos, ou melhor, afectados, aos respectivos
objectivos de custo, isto é, são directamente incluídos no cálculo dos respectivos custos
(dos serviços e/ou dos produtos).
b) Em relação aos produtos, a afectação dos custos directos e a imputação dos custos
semi-directos e indirectos.
CUSTOS FUNCIONAIS
Vamos estudar, agora, os custos respeitantes a cada função geral da empresa: o custo de
aprovisionamento, o custo de transformação, o custo de comercialização e o custo de
administração (incluindo o custo de financiamento).
CUSTO DE APROVISIONAMENTO
CUSTO DE TRANSFORMAÇÃO
CUSTO DE COMERCIALIZAÇÃO
Todos estes elementos, directos ou indirectos, são «custos de período» e, portanto, não
inventariáveis.
CUSTO DE ADMINISTRAÇÃO
Relativamente aos custos dos produtos, vamos distinguir o custo industrial, o custo
comercial e o custo completo.
CUSTO INDUSTRIAL
Designa-se por custo industrial o custo dos produtos à saída da fábrica, isto é, no
momento em que entram no armazém de produtos fabricados.
1. Custo de aprovisionamento
2. Custo de transformação
a) As matérias-primas;
b) A mão-de-obra directa;
c) Os gastos gerais de fabrico.
CUSTO COMERCIAL
Designa-se por custo comercial o custo dos produtos vendidos no momento da sua
entrega aos clientes.
1. Custo industrial
2. Custo de comercialização
Note-se que o custo comercial dos produtos vendidos só pode determinar-se, realmente,
após a venda dos produtos, mas cada impede que, em relação aos produtos fabricados,
se estabeleça uma previsão do respectivo custo comercial, adicionando ao custo
industrial uma percentagem correspondente ao custo de comercialização, calculada de
acordo com as informações obtidas em anos anteriores.
Por outro lado, e na medida em que grande parte dos elementos do custo de
comercialização são custos indirectos, a determinação custo comercial de cada produto,
ou mesmo de cada linha de produtos, exige a repartição dos referidos custos indirectos,
com base em critérios pouco rigorosos, conduzindo sempre a custos mais ou menos
arbitrários. Por isso, geralmente as empresas limitam-se a determinar o custo comercial
global, isto é, de toda a produção vendida.
CUSTO COMPLETO
Designa-se por custo completo aquele que compreende todos os custos da empresa.
1. Custo comercial
2. Custo de administração
3. Custo de financiamento
Os custos fixos são aqueles que a empresa suporta para dispor de um certo potencial ou
capacidade de produção e venda.
Os custos variáveis são aqueles que dependem do nível de actividade da empresa, sendo
maiores ou menores consoante o grau de utilização ou de aproveitamento do potencial
ou capacidade disponível.
Naturalmente, o custo total (CT) é a soma do custo variável (CV) com o custo fixo
(CF), sendo estes custos parciais.
Observemos, entretanto, que o montante dos custos fixos está directamente relacionado
com o potencial ou capacidade produtiva actual da empresa, podendo aumentar ou
diminuir num futuro mais ou menos próximo.
Com efeito, não se poderá falar em custos fixos a longo prazo, pois, de acordo com um
objectivo generalizando de expansão, é natural que, em determinado momento, a
empresa aumente o seu potencial ou capacidade de acção e, concomitantemente, os seus
custos fixos. Uma greve prolongada ou uma recessão económica também podem obrigar
a empresa a reduzir o seu potencial produtivo e, portanto, os seus custos fixos.
Quer dizer, um custo fixo define-se sempre em função do potencial produtivo existente
em determinado período de tempo. Assim, os custos fixos não são absolutamente e
definitivamente rígidos e invariáveis, podendo ser designados, com mais propriedade,
por custos semi-fixos.
Notemos, finalmente, que as empresas, por variadas razões, não conseguem aproveitar
toda a capacidade produtiva disponível, pelo que o montante dos custos fixos se poderá
dividir em duas parcelas: uma correspondente à capacidade utilizada, outra à capacidade
não utilizada.
Quando se faz esta distinção os custos de subactividade devem ser considerados como
«custos de período».
A- SECÇÕES HOMOGÉNEAS
Neste método, o conjunto dos gastos gerais é repartido, não só pelas funções, que têm
um carácter demasiado amplo, mas também pelos vários centros de actividade da
empresa, isto é, pelas suas secções, de acordo com a localização desses gastos,
intimamente relacionada com a respectiva utilização.
O número e natureza das secções varia de empresa para empresa, muito embora se
subordinem habitualmente ao seguinte esquema funcional:
SECÇÕES
Aprovisionamento Transformação Distribuição Administração
Compras armz. de Trituração Armz. prod. fab. Contabilid. Geral
matérias cozimento Vendas embal. e direc. Financeira
serragem exped. administração
Como é evidente, as secções de transformação variam com o sector industrial e a
organização da empresa, acompanhando geralmente o processo tecnológico de
fabrico.
As secções apresentadas referem-se a uma indústria de aglomerados de cortiça
(trituração da cortiçã para obtenção de granulado; cozimento do granulado para
obtenção de blocos; serragem dos blocos para obtenção de placas).
B – Repartição e imputação
Neste método, teremos de começar por elaborar um quadro de repartição (primária) dos
custos indirectos pelas secções homogéneas (compreendendo a afectação dos custos
semi-directos), utilizando os critérios mais adequados, tal como sabemos, de modo a
que todos os custos por natureza (em linhas) se encontram repartidos pelas secções (em
colunas).
Depois, para imputar os gastos de cada secção aos produtos, bastará determinar:
b) O custo da unidade de obra (quociente dos gastos da secção pelo número de unidades
de obra);
Como é evidente, os gastos das secções (auxiliares e principais) que se aproveitam dos
respectivos serviços, verificando-se aqui uma sub-repartição, de acordo com as unidades
de obra fornecidas a cada uma.
Assim, os gastos próprios de cada secção (auxiliar e principal) são acrescidos da fracção
dos gastos das secções auxiliares que lhes respeita, obtendo-se então o custo das
unidades de obra produzidas por cada secção principal.
Para além da sub-repartição dos gastos das secções auxiliares, também se verificam,
muitas vezes, transferências de custos entre secções principais, especialmente entre as
secções de transformação,quando o respectivo processo compreende várias fases, com
relações sucessivas, paralelas ou recíprocas.
Quando tal acontece, só após estas transferências se poderão imputar os custos das
secções aos produtos.
Sem dúvida que este método representa um progresso notável em relação aos anteriores,
na medida em que:
b) A repartição dos gastos gerais pelas secções é feita por intermédio de chaves,
adaptadas, tanto quanto possível, à natureza de cada gasto ou de cada secção;
c) A imputação por unidades de obra traduz por forma mais significativa e precisa a
contribuição de cada secção para os vários produtos.