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Lean e Ágil potencializam “o que” e

“como” fazer
Christopher Thompson, Carlos Baldissera, Erasto
Meneses, Fábio Trierveiler e Maria Fernanda Vieira

Entenda como a filosofia de gestão lean e o método ágil se fortalecem e


otimizam a transformação digital.

Aessência do Ágil não é entregar mais rápido, mas, sim, errar e aprender com
maior velocidade. E em um mundo com constantes mudanças, muita incerteza
e baixa previsibilidade, adaptar-se de forma rápida nunca foi tão necessário.

Dessa maneira, com base nos aprendizados construídos por Taiichi Ohno na
Toyota e depois aperfeiçoados por James Womack no Lean Enterprise
Institute e por José Roberto Ferro no Lean Institute Brasil, a equipe lean digital
do Lean Institute Brasil desenvolveu a Jornada de Transformação Lean Digital.
Enquanto o lean ajuda a resolver o problema certo, a agilidade apoia na
adaptação rápida, para se ajustar o curso rumo ao propósito sempre que
necessário. Dessa forma, saber o que fazer é fundamental para que, depois,
se saiba como fazer.

Descobrir “o que fazer” através da concepção de


“negócio” e “valor”
Desenvolver novos produtos e serviços é algo importante e valioso para
empresas que almejam crescer, transformar e evoluir. Contudo, muitas delas,
por vezes, criam produtos ou serviços que não estão conectados com os
anseios de seus clientes. Esse afastamento é prejudicial e, como
consequência, gera desperdício de esforço e tempo e eleva os custos dos
recursos.

Para evitar essa desconexão, utilizamos um modelo baseado nas técnicas de


Design Thinking, Lean Startup e Product Discovery para concepção de novos
produtos ou serviços enxutos, orientados à máxima geração de valor e que,
realmente, estejam conectados com o cliente e suas reais necessidades.

Utilizamos frameworks e métodos de descoberta que ajudam a empresa a


entender de forma profunda os problemas e gerar soluções que, de fato,
agreguem valor. O resultado esperado é a compreensão do comportamento,
da expectativa, dos desejos do cliente e sob a ótica do negócio, gerando a ele
uma melhor experiência.

Encontrar o “como fazer” através da governança lean-


agile
No contexto da atual transformação digital das organizações, o uso
inadequado da agilidade faz com que os resultados esperados não sejam
alcançados. A mera criação de “squads” não torna a empresa ágil. Agrupar
pessoas sem que tenham autonomia, multidisciplinariedade, condições
sistêmicas para tomada de decisão e contato direto com o cliente gera mais
desperdício e silos invisíveis.

Entendemos que os valores e princípios ágeis, quando aplicados com


propósito, em toda sua plenitude e essência, garantem os resultados
necessários e a sustentabilidade da transformação digital. De forma
estruturada, utilizando como base o pensamento lean, o desenvolvimento de
uma governança lean-agile ajudará a empresa a se tornar verdadeiramente
ágil. Ou seja, isso possibilita rápida resposta ao mercado (time-to-market) e
responde às mudanças de forma estratégica e orientada por valor.

É comum encontrar gestores que ainda trabalham com modelo de gestão


ultrapassado, de comando e controle. A transformação digital lean provoca
mudanças em todos os âmbitos da organização. Um elemento essencial para
sustentar essas mudanças é o desenvolvimento da liderança, uma vez que
esses serão os principais precursores e disseminadores do pensamento lean.

A base de uma transformação é a construção de uma estrutura organizacional


simples, que permite resposta às mudanças do cliente, suportada por uma
liderança lean que engaja, conduz e sustenta os times matriciais de forma
autônoma e sempre com objetivos, metas e relações bem definidas,
descobrindo e entregando valor continuamente.

Lean e agile juntos


Se observarmos o conceito do kata de melhoria, percebemos que o propósito
(1) está sempre visível para todos que participam da jornada. Para evoluir de
onde você está (2) até o próximo degrau (3), você precisa conduzir uma
jornada (4) de aprendizagem sólida, usando técnicas do lean thinking e os
ciclos de aprendizagem de forma rápida, usando técnicas de agilidade.

Toyota Kata de melhoria

Ser ágil nunca esteve tanto em voga. Não é mais exclusividade da TI – embora
todos os setores que desejam se manter vivos precisem dela. A agilidade está
presente no RH, no marketing, na administração tradicional e em tantos
lugares que necessitam se reinventar na velocidade de que o mercado
necessita.

Em fevereiro de 2001, no resort The Lodge at Snowbird, em Utah, nos Estados


Unidos, 17 pensadores, professores e profissionais muito influentes nos mais
diversos conhecimentos relacionados a um melhor desenvolvimento de
software se reuniram e, depois de um final de semana acalorado com intensos
debates, chegaram ao "Manifesto Ágil de Desenvolvimento de Software",
composto por 4 princípios:

• Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas.


• Software em funcionamento mais que documentação
abrangente.
• Colaboração com o cliente mais que negociação de
contratos.
• Responder a mudanças mais que seguir um plano.

No manifesto, procura-se sempre utilizar-se com mais intensidade o que está


escrito à esquerda, ou seja, mesmo havendo valor nos itens à direita, são
valorizados mais os itens à esquerda.

Entretanto, uma coisa é fundamental: repare que o que separa o que está à
esquerda do que está à direita é ‘mais que’ e não ‘ao invés de’, ou seja, não
significa que iremos deixar de fazer processos porque "agora sou ágil" ou que
não vou mais rasgar contrato para só fazer acordos de negócio com Post-its
"porque sou ágil". O importante sempre é equilíbrio.

Agilidade é meio; não é fim


Caso você tenha dúvidas de “o quão perfeito” está aplicando uma
determinada ferramenta ou prática ou “o quão ágil” está sendo sua jornada,
lembre-se que o propósito sempre precisa estar em primeiro plano. Se sua
organização estiver adaptando-se na velocidade adequada para caminhar no
rumo certo, com os clientes mais satisfeitos, negócio mais saudável e
profissionais mais felizes, este é o caminho.

Agora, pense na jornada de uma empresa como se fosse uma corrida de longa
distância: você não precisa, necessariamente, de um par de tênis para correr
uma maratona, certo? Mas convenhamos que fica muito mais fácil usar um
calçado adequado do que correr descalço. E a agilidade está no mesmo
caminho: ela não garante melhores resultados, mas maximiza – e muito – suas
chances de conseguir obtê-los.

A busca pela agilidade não é novidade nas empresas, mas muitas não
compreendem de fato o verdadeiro significado de ser ágil. Ser ágil
consiste não necessariamente em entregar mais rápido, mas em utilizar a
agilidade para aprender mais rápido e se adaptar com maior velocidade rumo
ao propósito. E para nos tornarmos verdadeiramente ágeis, utilizar a
combinação entre o pensamento lean e o agile é o melhor caminho. Portanto,
se você quer sobreviver no mundo de mudanças exponenciais, o dinamismo
da agilidade em conjunto com a base sólida do lean thinking é a receita do
sucesso!

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