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EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO

UNIDADE 2 - AULA 1

Olá, estudante! Na Unidade 1, você aprendeu que, para começar uma nova empresa ou vender
um novo produto, tradicionalmente, se faz um Plano de Negócios, definindo métodos de
captação de recursos e, por fim, montando a equipe e gerindo o negócio em operação.

Nesta aula, você aprenderá que, ao longo de todo esse processo, pode existir muito desperdício
de tempo, custo ou recursos em geral e, pensando em solucionar esses desafios, os
empreendedores utilizam uma metodologia chamada Lean Startup, que os ajuda a desenvolver
produtos ou serviços novos e que sejam realmente desejados pelos clientes, aumentando as
chances de a empresa ser bem-sucedida.

Você verá que o Canvas, abordado lá na Aula 4, é uma ferramenta muito utilizada no Lean
Startup também, mas aprenderá alguns novos conceitos, como MVP, pivotar um negócio e
agilidade na interação com clientes, para minimizar erros e desperdícios.
Bons estudos!

Conheça a Lean Startup

Antes de estudarmos o conceito e as premissas da Lean Startup, precisamos conhecer a origem


do termo por meio de um resumo da história do seu fundador, Eric Ries, que desenvolveu a
abordagem a partir da própria experiência como fundador de startups que falharam pelo mesmo
motivo: má compreensão da necessidade dos clientes e muitos recursos – ( tempo e dinheiro) –
gastos para o lançamento da primeira versão do produto. E, aqui, temos uma palavra importante
para o nosso ,é jestudo a partir de agora: startup. Dentre várias definições possíveis,
utilizaremos a que diz que uma startup é uma empresa jovem com um modelo de negócios
repetível e escalável, que opera em um cenário de incertezas e desenvolve soluções. Não se
limita apenas a negócios digitais, mas necessita de inovação para não ser considerada uma
empresa de modelo tradicional (BICUDO, 2023).

Somado à experiência pessoal, Ries utilizou as premissas da Lean Manufacturing, que baseava o
famoso Sistema de Produção Toyota na década de 1950 e seguia a premissa da minimização do
desperdício e da maximização das atividades que geram valor para o cliente. Com isso, em
2008, Ries lançou para o mercado as premissas da Lean Startup, o que facilitou muito a jornada
de crescimento de uma startup, por meio do desenvolvimento ágil de produtos e do
envolvimento do cliente durante o próprio processo de desenvolvimento.
Essas premissas são (RIES, 2019):
– Mínimo Produto Viável: versão de um novo produto que permite à equipe coletar a
quantidade máxima de aprendizagem validada sobre clientes com o mínimo
esforço.

– Implantação Contínua: o trabalho da equipe é atualizado frequentemente para o


cliente final, a fim de obter feedbacks imediatos sobre a experiência.

– Teste A/B: observar as mudanças no comportamento dos clientes a partir da sua


experiência com versões distintas do produto, no caso, a versão A e a versão B.

– Métricas Acionáveis: estabelecimento de medidas que oferecem informação


necessária para que a startup possa tomar decisões sobre o rumo do negócio.

– Pivotar: habilidade de corrigir a rota estruturada previamente para testar uma nova
hipótese fundamental sobre o produto, a estratégia ou o motor de crescimento.

Com essa contextualização, vamos à definição da Lean Startup: abordagem para a criação e a
implantação de novos negócios e produtos que privilegia a experimentação rápida, o
aprendizado ativo e os ciclos curtos. Esta abordagem incentiva os empreendedores a serem
ágeis e focados, ajustando o produto rapidamente, conforme necessário, e com base nos
dados que obtém dos feedbacks dos clientes ao longo do processo (RIES, 2019).

A abordagem Lean Startup pode ser muito útil para qualquer tipo de negócio. Apesar de não
existir uma única fórmula de sucesso para uma empresa que lançará um produto, as premissas
da Lean Startup ajudam a ter agilidade para testar uma ideia com o segmento de clientes-
alvo de forma mais rápida e econômica.

Todo profissional que se prepara para atuar com a Lean Startup, certamente, está atrativo para o
mercado de trabalho, já que as empresas veem nessa abordagem um diferencial que impactará o
crescimento da organização.

Princípios direcionadores da Lean Startup

Além das premissas básicas da Lean Startup, Ries (2019) se aprofundou na explicação da
abordagem e criou cinco princípios direcionadores dela:

1. Empreendedores estão em todo lugar: empreender vai além das startups e pode ser
adotado por todo tipo de empresa, desde que esteja orientada para a inovação em
produtos ou serviços, em condição de incerteza.

2. Empreender significa gerir: startups são empresas como outras quaisquer e precisam
.
olhar para além dos produtos, com uma gestão que permita reações rápidas a mudanças.

. Aprendizado validado: startups precisam ganhar dinheiro e fidelizar os clientes, porém


devem ter como principal propósito a construção de negócios sustentáveis e, por isso, o
aprendizado precisa ser validado através de experimentos constantes que permitam ao
time de fundadores validar a sua visão do negócio.

. Construir-Medir-Aprender: a atividade fundamental de uma startup é transformar ideias


em produtos para solucionar demandas reais das sociedades. Por isso, a coleta de
feedback dos clientes-alvo é importante. Com esses dados, a startup decidirá se segue ou
não com o plano original. Esse ciclo não só acelera o desenvolvimento do produto como
traz assertividade, gerando, em contrapartida, redução dos custos. A Figura 1 representa
o ciclo proposto.

Figura 1 | Ciclo Construir-Medir-Aprender. Fonte: adaptada de Ries (2019).

. Contabilidade de inovação: o empreendedor não pode perder o foco no progresso. Por


isso, definir metas e priorizar o trabalho, de modo a melhorar os resultados e se manter
informado sobre a evolução da organização, é essencial para a construção de um negócio
sustentável.

Vamos nos aprofundar mais no princípio 4, pois é importante que você compreenda o que está
por trás das etapas de construção do produto e medição dos resultados.
Como você pôde observar na Figura 1, a startup inicia o processo de construção de um produto
a partir do campo das ideias. Em seguida, é preciso medir o desempenho das funcionalidades
desse produto. Segundo Ries, a melhor forma de medir esse desempenho é colocando o
produto sob condições reais. Portanto, devem ser criados produtos simples e que sirvam de
objeto para estes testes: produto mínimo viável, também chamado de MVP (traduzido do
inglês, Minimum Viable Product).

O objetivo de um MVP é ser o validador que permita à startup se estruturar e ganhar tração
para o desenvolvimento posterior do produto. Com o MVP em andamento, é hora de a startup
acompanhar se as hipóteses previstas estão corretas ou se será preciso alterar a rota
preestabelecida, ou seja, pivotar o produto ou o modelo de negócios. Observa-se, em geral,
que o tempo de vida de uma startup está relacionado tanto ao número de pivôs que ela suporta
realizar como com a quantidade de ciclos construir-medir-aprender que ela consegue rodar.

É possível pivotar um empreendimento alterando seu modelo de monetização, seu motor de


crescimento, sua plataforma de tecnologia, seu canal de distribuição, ou ainda, realizando um
zoom-in, zoom-out, ou ajuste na necessidade do consumidor do negócio. Essas três últimas
formas, inclusive, são as principais maneiras de se pivotar um negócio (RIES, 2019).
Elas propõem o seguinte:
– Zoom-in: foco em um grupo específico de clientes-alvo, diminuindo a amplitude de perfis,
mas aprofundando na coleta de insights do grupo escolhido.

– Zoom-out: oposto ao zoom-in. Aqui, a startup identifica que seu público-alvo é pequeno e
decide expandir seu foco de estudo.

– Necessidade do consumidor: propõe uma mudança no foco do problema a ser


solucionado. Esse tipo de pivô, usualmente, acontece após os pivôs anteriores, como
resultado da análise da interação da startup com seu cliente-alvo, quando surge o
entendimento de que o problema original atacado não era tão doloroso quanto um novo
problema descoberto.

A história do Dropbox com a aposta no MVP

Antes de contar a experiência de Drew Houston, CEO do Dropbox, com a aplicação do MVP, vale
definir a proposta de valor da startup: desenvolver uma ferramenta que compartilha arquivos
com grande facilidade. Uma aplicação é instalada e uma pasta do Dropbox aparece na área de
trabalho do computador. Com isso, todo documento que é arrastado para dentro da pasta é
enviado diretamente para o serviço do Dropbox e instantaneamente replicado para todos os
dispositivos e computadores associados àquela conta.

Agora, vamos à história do MVP do Dropbox, que, por ser referência, tem um capítulo inteiro
dedicado a ela no livro Lean Startup, de Eric Ries.

A ideia do Dropbox surgiu porque Drew observou que, apesar da grande oferta de serviços de
armazenamento de documentos na “nuvem”, muitos tinham problemas estruturais que diminuíam
a usabilidade. Por isso, ele queria criar algo bem similar, mas simples de usar, e que não tivesse
todos os bugs dos outros, além de armazenar os arquivos com segurança (RIES, 2019).

Ao mesmo tempo em que a equipe de engenheiros se dedicava ao desenvolvimento do produto,


Drew e os outros fundadores resolveram coletar feedback dos seus clientes-alvo sobre o que
era realmente importante para eles, ou ainda, quais eram os principais problemas no uso das
outras ferramentas. Em outras palavras, eles queriam testar se essa ferramenta realmente tinha
valor para os usuários por meio da aplicação de uma pesquisa de mercado. As principais
perguntas foram: “Você já tentou utilizar esses outros produtos?” e “Eles funcionaram
perfeitamente para você?”.

Boa parte das respostas era sempre “não”. No entanto, Drew acreditava que se o software
“simplesmente funcionasse como mágica”, os consumidores seriam adeptos do Dropbox. Mas, o
desafio era demonstrar a ferramenta funcionando perfeitamente na forma de um protótipo que
precisava superar os problemas técnicos das outras ferramentas, transmitindo confiabilidade.

Então, a solução encontrada por Drew foi fazer um vídeo narrado por ele próprio demonstrando
exatamente como o Dropbox funcionaria. Enquanto ele descrevia os tipos de arquivo que podiam
ser sincronizados, o espectador assistia o mouse manipulando a ferramenta. Com o vídeo
enviado para várias comunidades de tecnologia, rapidamente o número de interessados que se
inscreveram para experimentar a ferramenta cresceu de 5.000 para 75.000.

O vídeo foi uma forma de demonstrar o produto mínimo viável do Dropbox e validou a suposição
de Drew, que assumiu que os consumidores queriam o produto que estava desenvolvendo, mas
não porque eles simplesmente falaram que queriam ou porque já utilizavam outra ferramenta
parecida, mas porque eles realmente se inscreveram para obter o produto do Dropbox.

Após o período de operação do MVP, Drew levantou 250 milhões de dólares em rodadas de
investimento para colocar o Dropbox de pé. Anos depois, o Dropbox alcançou 700 milhões de
usuários, mas sofreu com a chegada de grandes concorrentes, como o Google Drive, que não
ocupa espaço de armazenamento do computador, pois é 100% na “nuvem” e, por isso, é muito
mais rápido e conveniente.

Saiba mais
Para conhecer a fundo a metodologia Lean Startup, é mandatório estudar o livro de Eric Ries
utilizado como referência nessa aula. No link a seguir, você pode saber mais sobre a história
narrada no livro: https://g4educacao.com/portal/lean-startup

AULA 2

Introdução
Olá, estudante! Anteriormente, você aprendeu as quatro principais etapas do processo
empreendedor. Aprofundamos o conhecimento acerca da primeira etapa, conhecendo métodos
e ferramentas que auxiliam na geração de boas ideias e na avaliação do potencial de essas ideias
se transformarem em negócios.

Neste momento você se aprofundará nas duas etapas seguintes. Primeiramente, entenderá a
importância do planejamento antes de implantar qualquer negócio. Não é suficiente apenas
identificar e avaliar uma ideia. Imagine que você deseja comprar um carro. O seu objetivo final é
que dê tudo certo, não é? Portanto, é importante um criterioso planejamento; não basta desejar
que as coisas aconteçam com êxito, é preciso definir cada uma das ações e monitorá-las para
obter sucesso.

Por fim, você também conhecerá algumas análises e ferramentas financeiras que podem ajudar a
captar recursos para o negócio e que determinarão o seu fracasso ou sucesso. Vamos em
frente?

O Plano de negócios
Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos de um negócio e as
etapas que devem ser seguidas para que esses objetivos sejam alcançados, diminuindo os
riscos e as incertezas que levam a erros na condução da empresa (ROSA, 2007).

Em outras palavras, o plano de negócio cumpre o papel de um documento descritivo das metas
e objetivos de uma empresa (FIA, 2022). Os principais benefícios de elaborar o plano de negócio
antes de a empresa estar em operação, segundo (FIA, 2022), são:

● Toda empresa necessita de dinheiro para nascer, sobreviver e prosperar, seja capital
próprio ou de terceiros. O planejamento servirá como referência em casos de captação de
recursos.

● O plano representa a primeira oportunidade que o empreendedor terá para testar de fato o
potencial da sua ideia e avaliar as reais chances de sucesso. Ou seja, funciona como um
validador de negócios, servindo para direcionar as decisões futuras do negócio.

● Por fim, o plano de negócio é uma ferramenta de apoio à gestão dinâmica na fase de
operação. Isto é, com o tempo, pode ser ajustado de acordo os novos desafios que
surgirão na condução da empresa.

Sabendo da importância da elaboração de um plano de negócio para o sucesso do processo


empreendedor, vamos conhecer os dez elementos que o compõem. Não existe uma única receita
para elaborá-lo, mas alguns tópicos são comuns e podemos levá-los em consideração como o
mínimo necessário para um plano de negócio consistente. Segundo (FIA, 2022), são eles:

. Sumário executivo: similar ao índice de um livro, é nele que se encontram todos os tópicos
que serão abordados posteriormente. Vale uma dica: mesmo sendo o primeiro entre os
diversos tópicos de um plano de negócio o sumário, por resumir todo o resto, deve ser
elaborado por último.
. Análise de mercado: como já vimos anteriormente, é um mapa do que já existe no
mercado. Os clientes, fornecedores e parceiros são identificados, e os dados do segmento
de mercado são capturados e analisados para prever cenários de facilidade ou dificuldade
de escala.
. Plano de marketing: é focado em definição de oferta de valor, segmento de clientes,
canais de distribuição, recursos, relacionamento, receitas e custos e atividades-chave.
Esses termos lembram algo? São itens do Business Model Canvas! Em seguida, é hora de
avançar para o detalhamento da parte de custos, traçando os investimentos a serem feitos
em marketing e estimar receita e despesas gerais.
. Plano operacional: é por meio dele que a empresa vai organizar todos os processos
produtivos até a chegada dos produtos/serviços às mãos dos clientes. Pode incluir
também o processo de desenvolvimento de produtos, que já foi estudado anteriormente.
. Plano financeiro: o investimento de qualquer empresa é composto pelos investimentos
fixos, capital de giro e investimentos pré-operacionais (MASSENSINI, 2011). Além disso,
faz-se uma estimativa de alguns indicadores financeiros principais para o sucesso de um
negócio, entre eles, o faturamento mensal, os custos de comercialização e de pessoal, e o
cálculo do ponto de equilíbrio a ser perseguido para que a empresa não entre no vale da
morte.
. Construção de cenários: brainstorming das possíveis situações adversas que podem
atingir o negócio, seja em um contexto otimista ou pessimista.
. Avaliação estratégica: também chamada de análise SWOT (Strenghts, Weaknesses,
Opportunities and Threats), é importante para analisar as forças e fraquezas do negócio,
bem como as ameaças e oportunidades.
. Revisão do plano de negócio: é o último tópico do plano de negócio para constar a opinião
acerca da viabilidade ou não do negócio a partir do que foi registrado nos tópicos
anteriores.

Adiante estudaremos mais profundamente como elaborar um plano de negócios dando foco
principalmente no tópico 5, o do plano de negócios.

Principais aspectos do plano financeiro


O plano de negócio tem como objetivo principal ajudar os empreendedores a tomarem melhores
decisões a respeito do rumo da empresa. Dentre os oito principais tópicos a serem elaborados, o
plano financeiro é o que se relaciona com todos os aspectos de um ambiente de negócios, pois
define os indicadores financeiros que determinarão o status da rentabilidade e do retorno sobre
o investimento que será feito, ou seja, que medirão a performance da empresa.
Vamos dividir a explicação acerca dos indicadores que compõem o plano financeiro em duas
partes: os indicadores da fase de pré-operação (investimentos fixos, capital de giro e
investimentos pré-operacionais) e os indicadores da fase de operação (margem bruta, margem
EBITDA, margem líquida, custos fixos e custos variáveis, margem de contribuição, ponto de
equilíbrio, retorno sobre o patrimônio líquido e retorno sobre investimento).
Parte 1 – Indicadores da fase de pré-operação
● Investimentos fixos: correspondem a toda parte de infraestrutura necessária para que o
negócio opere (TORRES, 2022). Podemos citar os equipamentos, utensílios e veículos,
entre outros.
● Capital de giro: corresponde ao valor estimado para que a empresa funcione com base no
mês a mês de operação (TORRES, 2022). É preciso considerar todas as despesas fixas e
móveis mensais, como salário dos funcionários, contas de água, luz e internet, impostos e
despesas com fornecedores, por exemplo (TORRES, 2022).
● Investimentos pré-operacionais: correspondem à mensuração de quanto custa as ações
para que a empresa comece a funcionar (TORRES, 2022). Valores referentes a

treinamento de funcionários, marketing para divulgação da marca e legalização da


empresa, entre outros, são considerados (TORRES, 2022).
Muitas vezes, o empreendedor precisa levantar capital de terceiros para ter os investimentos
pré-operacionais e, para ir à fonte certa, é necessário conhecer as possibilidades.
As instituições governamentais e não governamentais, bancos e incubadoras que disponibilizam
recursos financeiros para a concretização do negócio são opções constantemente buscadas.
Alguns dos principais financiadores no país são o Banco do Brasil, Banco de Desenvolvimento
Sustentável (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF) e o Centro de Apoio aos Pequenos
Empreendimentos (CEAPE).
Outra opção muito acessada por empreendedores com negócios de tecnologia são os
investidores-anjo. Segundo Torres (2023), investidor-anjo é uma pessoa física que utiliza os
próprios recursos para investir no negócio de outros empreendedores. Em geral, são
empresários e executivos que já atuaram, ou ainda atuam, no segmento em questão, e que têm
vasta experiência profissional, além de uma rede de relacionamentos estratégicos.
Por fim, o financiamento conseguido por meio de familiares e amigos também é um meio muito
buscado; portanto, o plano de negócio bem constituído se faz muito importante para gerar
confiabilidade nas fontes financiadoras.
Parte 2 – Indicadores da fase de operação
A Figura 1 traz as definições dos principais indicadores que são acompanhados na fase de
operação do negócio:
Figura 1 | Indicadores da fase de operação. Fonte: adaptada de FIA (2021, [s. p.]).
Na hora de abrir o próprio negócio, os indicadores financeiros são importantes para auxiliar na
tomada de decisão, pois medirão a performance da operação, permitindo uma análise capaz de
projetar o desempenho futuro. Do contrário, o negócio pode fracassar sem que o empreendedor
tenha tempo hábil para corrigir a rota.

Modelo padrão de um plano financeiro

Existem diversas formas de desenvolver um plano financeiro coerente e que garanta a


mensuração de todos os indicadores da fase de pré-operação.
Vamos conhecer um modelo muito utilizado por empreendedores, considerando para o nosso
estudo um negócio fictício que se baseia na literatura de Rosa (2007), que diz que um plano
financeiro deverá conter os itens e tabelas:
. O Quadro 1 a seguir pode ser utilizado para o cálculo da estimativa dos investimentos
fixos, nesse caso considerando os itens:
a. Máquinas e Equipamentos
b. Móveis e Utensílios Gerais
c. Veículos
Quadro 1 | Exemplo para mensuração dos investimentos fixos

Descriç Quantid Valor Total


ão ade Unitário (R$)

(R$)
1 Comput 10 X 2.900,0 = 29.000,
adores 0 00
2 X =
3 X =
4 X =
5 X =
Total R$
Fonte: adaptado de Rosa (2007).
. Os Quadros 2 e 3 a seguir podem ser utilizadas para o cálculo da estimativa do capital de
giro em dias, nesse caso considerando os itens:
a. Estimativa do estoque inicial: pode ser utilizado o Quadro 1;
b. Caixa mínimo: contas a receber;
c. Caixa mínimo: cálculo de prazo médio de compras, ou seja, prazo médio definido pelos
fornecedores para o pagamento dos produtos e serviços adquiridos (ROSA, 2007).
Quadro 2 | Exemplo para mensuração do caixa mínimo

Prazo % Número Média


médio de dias pondera
de da em
vendas dias
1 À vista 50 X 0 = 0
2 A prazo 50 X 20 = 10
3 A prazo X =
4 A prazo X =
4 A prazo X =
5 À vista X =
Total R$
Fonte: adaptado de Rosa (2007).
d. Cálculo de necessidade média de estoque: quantidade de itens em estoque dividido por
um período, que pode ser dia, semana ou mês. É representado pela fórmula: Estoque médio =
(estoque inicial do período + estoque final do período) / período escolhido.
e. Cálculo de necessidade líquida de capital de giro em dias, conforme o Quadro 3 a seguir:
Quadro 3 | Exemplo para cálculo do capital de giro em dias

Recursos da empresa fora do seu Número de dias


caixa
1. Contas a receber: prazo médio
de vendas
2. Estoques: necessidade média
de estoques
Subtotal A (1 + 2)
Recursos de terceiros no caixa da Número de dias
empresa
3. Fornecedores
Subtotal B (3)
Necessidade líquida de capital de Número de dias
giro em dias
Subtotal A – Subtotal B
Fonte: adaptado de Rosa (2007).
3. Os investimentos pré-operacionais são os mais variados possíveis e dependem do tipo do
negócio, mas vamos exemplificar conforme o Quadro 4:
Quadro 4 | Exemplo para cálculo dos investimentos pré-operacionais

Investimentos pré-operacionais R$
Despesas de Legalização
Reformas de Infraestrutura
Campanhas de Marketing
Treinamento de Pessoal

Outras Despesas
Total
Fonte: adaptado de Rosa (2007).
4. Por fim, o investimento total é demonstrado por meio dos valores totais calculados para a
estimativa dos investimentos fixos, do capital de giro e dos investimentos pré-operacionais,
conforme exemplificado no Quadro 5 a seguir:
Quadro 5 | Exemplo para cálculo do investimento total

Descrição dos investimentos R$


Investimentos Fixos (Quadro 1)
Capital de Giro (Quadro 3)
Investimentos Pré-Operacionais
(Quadro 4)
Total – Quadro 1 + Quadro 3 +
Quadro 4
Fonte: adaptado de Rosa (2007).
Com o cálculo do investimento total realizado é hora de preparar a estimativa de faturamento
mensal da empresa, que passa por prever a quantidade (ou estimativa) do produto ou serviço
que será vendido ao longo do mês e multiplicar pelo valor unitário dele.
Mas, para uma empresa produzir, existem, também, os custos de aquisição de matéria-prima e
com serviços terceirizados. Esse cálculo envolve somar todos esses custos no mês para cada
produto ou serviço ofertado ao mercado. Existem ainda os custos de comercialização do produto
e com o departamento pessoal, e é preciso considerar a depreciação dos ativos físicos no tempo
(máquinas, equipamentos e veículos, entre outros). Por fim, não podemos deixar de lado a
estimativa de custos fixos operacionais mensais (itens como aluguel, condomínio, IPTU, água,
energia elétrica, telefone, combustível e material de escritório) (MASSENSINI, 2011).
Com todos esses valores estimados, é hora de estruturar o DRE (Demonstrativo de Resultados)
para conhecer o resultado operacional previsto. Um formato bem conhecido está exposto no
Quadro 6:
Quadro 6 | Exemplo para DRE

Descrição R$
(+) Receita total com vendas –
Subtotal A
Custos variáveis totais:
(-) custos com materiais diretos e/
ou
(-) custos com materiais diretos e/
ou
vendidos
(-) Impostos sobre vendas
(-) Gastos com vendas
Subtotal B – Custos variáveis
totais
(+) Margem de contribuição
(Subtotal A – Subtotal B =
Subtotal C)
(-) Custos fixos totais (Subtotal
D)
Resultado operacional líquido
(Subtotal C – Subtotal D = Total E)
Fonte: adaptado de Rosa (2007).
O DRE é o instrumento mais utilizado para visualização dos prováveis investidores na jornada de
levantar capital para o empreendimento. Muitos empreendedores que não têm o domínio da
disciplina financeira recorrem a ajudas de terceiros, como escritórios de finanças ou consultores
especializados no assunto.

Videoaula: Plano de negócios: planejamento e financiamento

[Video]

Meu vídeo não funciona


Olá, estudante! Neste vídeo você terá a oportunidade de estudar mais a fundo a segunda e a
terceira fases do processo empreendedor – estruturação do plano de negócios e do plano
financeiro –, com a determinação dos principais indicadores de performance e das fontes
financiadoras da empresa.
O conteúdo estará focado na importância da elaboração do planejamento, pois é o que ajudará o
empreendedor a determinar o rumo do negócio, e é a forma mais segura de apresentar esse
negócio na hora de levantar capital com terceiros.

Saiba mais
O Sebrae oferece um e-book gratuito com conteúdo e ferramentas necessárias para você
elaborar um plano de negócio. Faça o download no site indicado a seguir. Disponível em: https://
www.sebrae-sc.com.br/ebook/plano-de-negocio. Acesso em: 28 maio 2023

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