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DAS PRELIMINARES
1) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Deve-se ressaltar que os citados artigos da lei nº. 13.105/2015 regulam a assistência
judiciária relativa à isenção de taxas, custas e demais despesas processuais, e o inciso
LXXIV do art. 5º. da Constituição Federal regula a assistência jurídica integral e gratuita.
Caso não seja possível a concessão da Gratuidade de Justiça, requer a parte autora o
parcelamento das custas e taxas judiciárias, ou o seu recolhimento ao final da ação,
com fundamento no enunciado nº. 27 do Aviso 57/2010:
"Considera-se conforme ao princípio da acessibilidade ao Poder Judiciário ( CF/88, art.
5º, XXXV) a possibilidade, ao critério do Juízo em face da prova que ministre a parte
autora acerca da possibilidade de recolhimento das custas e a taxa judiciária ao final
do processo, ou de recolhimento em parcelas no curso do processo, desde, em ambas
as situações, que o faça antes da sentença, como hipótese de singular exceção ao
princípio da antecipação das despesas judiciais, incumbindo à serventia do Juízo a
fiscalização quanto ao correto recolhimento das respectivas parcelas." (NOVA
REDAÇÃO)
2) DA JUSTIÇA COMUM
A Autora informa que ingressou com o referido pedido na Justiça Especial Civel, donde o
processo foi extinto SEM JULGAMENTO DO MÉRITO pelo fato daquele magistrado entender
que o caso devesse ser analisado minuciosa e tecnicamente, tendo a sentença transitada em
julgado em 24/08/2022, cujo o teor está contido na figura abaixo (Processo nº 0809766-
46.2022.8.19.0203):
É o pedido para receber e julgar o aludido processo nessa esfera.
I - DOS FATOS
Inicialmente cabe informar que, a parte Autora é cliente da Ré através da prestação de
serviço de energia elétrica sob o código de cliente nº. 21265175e código de instalação
nº. 412963764, tipo de fornecimento MONOFÁSICO, conforme se verifica em
documentos anexados.
Alega a Autora que sempre pagou suas contas em dia, cujo valor de suas contas
variava entre R$ 70 a R$ 200,00, até o mês de JULHO 2021, quando a Requerida,
trocou o Medidor para modernização, como se verifica nas contas em anexo e no
quadro abaixo:
Ocorre que no mês seguinte à troca do Medidor, ao analisar sua fatura do mês de
AGOSTO 2021 percebeu uma elevação abrupta e injustificável no valor de sua conta,
de R$ 862,24. A Autora levou um susto, pois sua a média que pagava era em torno de
R$ 150,00 a R$ 200,00.
Muito abalada, ligou para o SAC da empresa, contestando a conta, no que ficou
garantido por prepostos, que, em cinco dias o problema seria resolvido, com o envio
de uma equipe técnica e, se fosse o caso, recálculo da conta emitida, sem resultado.
O fato é que mesmo diante das várias reclamações junto à LIGHT e solicitações de
visitas junto à loja virtual, a fim de comparecimento de um técnico da LIGHT no local, a
fim de verificar irregularidade no Medidor ou mesmo na ligação daquele, assim
vistoriar as instalações elétricas, é com pesar que a Autora alega, que, mesmo
insistindo nas ligações etc, ninguém compareceu.... E assim continuou nos meses
subsequentes, de AGOSTO 2021 até MARÇO de 2022 com o pesadelo de contas com
valores elevadíssimos, com AVISO DE CORTE e o pior, sem que a Autora tivesse
condições financeiras de pagá-las.
O fato era que o Medidor não apresentava problema algum...... Mas, certo dia, o
esposo da Autora resolveu fazer um teste: Desligou todos os aparelhos, inclusive o
disjuntor do Relógio e aproximou o multímetro. Através daquele aparelho visualizou
fuga de energia, pois o aparelho marcou 108w, quando deveria dar 0 (zero) no seu
Relógio, já que todos os aparelhos estavam desligados, fora da tomada.
Diante dessa descoberta, imediatamente comunicou o ocorrido para a Ré, que enviou,
novamente, uma equipe técnica até sua residência, que, finalmente RESOLVEU O
PROBLEMA, depois de 08 (oito) longos meses de espera e de angústia, como
comprova nos Links de gravação em anexo. No ato da instalação do Medidor, um fio
ficou solto, o que causou a “fuga” de energia.
DA INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO
A Autora está sendo cobrada por contas indevidas, devido ao erro técnico de
prepostos da Requerida. Ao realizar a mudança no relógio não fizeram o serviço
corretamente, deixando “escapar energia” por conta de um fio que ficou solto, o que
causou dano à Autora, com o aumento absurdo de sua conta de energia elétrica. A
Autora está sendo cobrada pelas contas dos meses de AGOSTO 2021 (quando houve a
mudança do relógio, em 20/07/2021) até março 2022 (quando, enfim, resolveram o
problema de “fuga” de energia, que nada tinha a ver com problema no Medidor do
Relógio), que juntas dão um montante de R$ 6.296,98 (seis mil, duzentos noventa e
seis reais e noventa e oito centavos).
Foram necessários 8 (oito) longos meses de espera, aviso de corte por falta de
pagamento de contas altíssimas, para que o problema fosse resolvido.
O fato é que nada justifica a cobrança tão expressiva, devendo ser revista, além do
fato de que a Autora e seu esposo, numa casa de, aproximadamente 60m2, de posse
dos aparelhos eletrodomésticos discriminados no TOI da Ré, jamais conseguiriam
consumir, aproximadamente, R$ 1.000,00 de conta de luz mensalmente.
Com esse postulado, a Ré não pode eximir-se das responsabilidades inerentes à sua
atividade, dentre as quais prestar esclarecimentos e retificar sua conduta, visto que se
trata de um fornecedor de produtos que, independentemente de culpa, causou danos
efetivos à Autora.
Vale destacar o princípio da boa-fé objetiva prevista no art. 4º. III do Código de Defesa
do Consumidor e traduz a lealdade que as partes devem ter na realização do negócio
jurídico. Portanto, a boa-fé passa a ser elemento objetivo, ou seja, de apuração
obrigatória na formação dessas relações jurídicas, no caso em questão, esta mais do
que comprovada à boa-fé da parte Autora.
Nesse sentindo o CDC, que traz a responsabilidade objetiva da Ré, uma vez que
responderá independente da existência de culpa pela reparação dos danos causados
aos consumidores, a saber:
Traz-se a lume fundamento do ato ilícito previsto no Art. 186 do Código Civil, nesse
sentindo é importante observar que toda pessoa tem um patrimônio jurídico,
constituído por seus bens materiais e morais. Estes se constituem de todos os
atributos físicos ou imateriais inerentes à pessoa, aqui incluídos seus dotes,
intelectuais, sua honra, sua própria imagem, seu direito de ter paz e privacidade. A
ofensa a qualquer desses direitos constitui o que se convencionou chamar dano moral,
hoje indenizável, em face dos preceitos constitucionais, conforme a redação do art.
5º., X da CF, in verbis:
"Art. 5º. - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
(...)
Nessa linha de raciocínio observa-se a redação prevista no art. 927 do CC, a seguir
exposta:
"Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo."
Ao tratar do dano moral MARIA HELENA DINIZ (Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º.
vol., 9a. ed., Saraiva), ressalva que a reparação tem sua dupla função, a penal"
constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando à diminuição de seu patrimônio,
pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa (integridade
física, moral e intelectual) não poderá ser violado impunemente ", e a função
satisfatória ou compensatória, pois" como o dano moral constitui um menoscabo a
interesses jurídicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que não têm preço, a
reparação pecuniária visa a proporcionar ao prejudicado uma satisfação que atenue a
ofensa causada. "Daí, a necessidade de observar às condições de ambas as partes.
Na maioria das relações de consumo há uma desigualdade de fato entre os
contratantes e no caso em questão não é diferente. Desta forma, o legislador procura
proteger os mais fracos contra os mais poderosos, os leigos contra os mais informados.
" Na atualidade, a teoria da responsabilidade civil, mesmo que conserve seu nomen
juris, transcendeu os limites da culpa e "trata-se, com efeito, de reparação do dano"
(cf. José de Aguiar Dias, Da responsabilidade Civil, cit., p. 16).
"Na teoria do risco não se cogita da intenção ou do modo de atuação do agente, mas
apenas da relação de causalidade entre a ação lesiva e o dano" (v. Carlos Alberto
Bittar, Responsabilidade Civil nas atividades nucleares, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 1985)
"Sou favorável à tese de que o ressarcimento deve ser sério, não só para recompor os
danos sofridos, mas para que as pessoas passem a tomar mais cuidado com o direito
dos outros. A medida teria efeito educativo: se o custo doer no bolso do ofensor, ele
ficará inibido de praticar no futuro atos que possam vir a prejudicar alguém".
O dano moral neste caso se configura como dano in re ipsa, pois a conduta ilícita da ré
afetou os direitos de personalidade da Autora, além dos direitos protetivos do
consumidor.
Portanto, ao entender que é cabível o pleito indenizatório urge que para a fixação do
montante indenizatório, deverá levar em consideração a atribuição de um valor
compatível com o dano efetivamente sofrido e a situação financeira exercida pela ré.
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências
IV - DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência o seguinte:
1. A concessão da gratuidade de justiça;
2. A inversão do ônus da prova, de acordo com o art. 6º, VIII do Código de Defesa do
Consumidor;
5. recálculo das contas dos meses AGOSTO 2021 a MARÇO 2022, levando-se em
consideração a média dos 12 últimos meses antes da troca do Medidor, cujo valor
mensal é, aproximadamente, de R$ 160,00.