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RESUMO
Este trabalho aborda uma reflexão sobre a Arte como disciplina nas séries iniciais,
visando compreender melhor o papel que seus conteúdos desempenham no
processo ensino-aprendizagem para a formação do cidadão. Tem-se por objetivos
específicos: entender suas diversas linguagens artísticas e seu contexto histórico;
compreender o trato pedagógico que estes estudos podem desencadear e contribuir
para o campo acadêmico da pedagogia no que diz respeito às suas áreas de
atuação e interdisciplinaridade; explicitar a função da Arte como meio de
interpretação da subjetividade do aluno com propostas de trabalhos rotineiros e
cotidianos. O estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica com adoção
da perspectiva qualitativa do campo educacional. Aprofundando-nos um pouco mais
sobre a Arte, observa-se que esta não é simplesmente um desenho, uma bela
pintura, mas a arte está no dia-a-dia, no jeito de ver a vida, no falar de cada região,
no andar na passarela de uma modelo, no corre-corre pela sobrevivência.
1 INTRODUÇÃO
Este estudo busca abordar uma reflexão sobre a Arte como disciplina nas séries
iniciais, procurando compreender melhor o papel que seus conteúdos desempenham
no processo ensino-aprendizagem para a formação do cidadão.
Para uma melhor compreensão do trato pedagógico que estes estudos podem
desencadear e contribuir para o campo acadêmico da pedagogia no que diz respeito
às suas áreas de atuação e interdisciplinaridade, faz-se necessário explicitar a
função da Arte como meio de interpretação da subjetividade do aluno com propostas
de trabalhos rotineiros e cotidianos.
Nesse sentido, buscam-se entender quais são as diversas linguagens artísticas que
podem ser desenvolvidas em sala de aula, suas propostas e possibilidades de
programá-las no cotidiano da escola.
2 A ARTE NA EDUCAÇÃO
Para Bueno (1998, p. 36), “Nessa fase a escrita, grande novidade para a 1ª série, é
mais valorizada do que os trabalhos em desenho e pintura, que acabam perdendo
muito da sua liberdade de expressão e significação”.
Também os pais não veem o ensino da Arte como algo que leve seu filho à
aprendizagem, sentem-se ansiosos pela alfabetização dos filhos não sabendo a
finalidade das aulas de Arte, e, isso faz com que o aluno perca o interesse e a
capacidade de expressão por meio da arte.
Sendo assim, o sociólogo e pesquisador de Arte Canclini (1980) diz que o fato
artístico é modificado ainda pelo consumo que, de certa forma, altera seu sentido
uma vez que depende de classes sociais e da formação cultural dos espectadores.
Vive-se num mundo em que as imagens nos invadem a cada instante de maneira
fugaz e efêmera. Essa massificação do olhar acaba por tornar-nos espectadores
passivos que consomem qualquer tipo de produção imagética, sem tempo de se
deter sobre ele um olhar reflexivo que a transforme em imagem verdadeiramente
significativa.
O exercício de ler imagens é tão importante quanto produzir objetos e não pode de
maneira alguma ser interpretado como um “fazer nada”.
A vida adquire sentido para o ser humano, à medida que o mesmo organiza o
mundo. Por meio das percepções e interpretações, os sistemas externos da
realidade são mapeados nos sistema internos do ser, e o cérebro humano vai
também se desenvolvendo no contato com essa realidade.
De acordo com Bueno (1998, p. 20) “[...] a arte se faz presente desde as primeiras
manifestações como linguagem e produto da relação homem x mundo”.
O ensino da Arte no Brasil se iniciou ainda no período colonial, quando Dom João VI
trouxe para o país um grupo de artistas vindos da Europa. A este grupo foi dado o
nome de Missão Artística Francesa, trazida em 1816, cujo enfoque principal era o
desenho, com a valorização da cópia fiel e a utilização de modelos europeus.
De acordo com a autora Iavelberg (2003), existente a partir de 1950 nos EUA, a
escola tecnicista, que se instalou no Brasil nas décadas de 60 e 70, visando uma
sintonia com os interesses da sociedade industrial e a preparação dos alunos para o
mercado de trabalho. O Behaviorismo de Skinner era a base psicológica da
proposta, o que implicava a prática escolar e as propostas de estudos dirigidos. A
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – Nº. 5692/71 introduz a
Educação Artística no currículo escolar do ensino fundamental e médio.
Nos fins da década de 70, ocorre a retomada dos estudos teórico-críticos, conhecida
como Escola Crítico-Social dos conteúdos, cujas metas eram conseguir uma escola
pública competente e garantir aos alunos acessos aos conteúdos fundamentais.
Na LDB 9394/96, Arte passa a ser componente curricular obrigatório, definido nos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte em quatro linguagens: Artes Visuais,
Dança, Música e Teatro. Esta abordagem caracteriza a Escola Construtivista. Os
temas transversais também citados pelos parâmetros são trabalhados nos
conteúdos de todas as linguagens da Arte e demais áreas de conhecimento,
separada ou interdisciplinarmente.
Com a nova LDB (Lei 9394/96), não só a terminologia de Educação Artística foi
mudada, mas também a presença da Arte foi reafirmada no currículo escolar como
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Barbosa (1972) afirma que a arte desenvolve a criatividade das crianças e age como
veiculo de interatividade, independente do método que a ela se aplique. Em sua
obra, acrescenta que a escola precisa promover aprendizagem através da interação
mental das crianças.
educadores certa visão de que a obra de arte se completa ao ser apreciada. Isso
significa que a obra não está pronta ao ser concluída pelo autor, mas seu ciclo
estende-se até o momento de sua apreciação. A interpretação de determinadas
obras devem ser levadas em conta seu contexto histórico
Arte é uma das disciplinas que proporciona ao aluno encontrar-se consigo mesmo,
com o mundo, com sua realidade, de forma imaginária e criativa. Apesar de algumas
mudanças sociais, a criança traz em si a fantasia, a imaginação, o conto de fadas, a
necessidade de representar tudo que a cerca através de um universo lúdico, criado
por ela. Nesse sentido, ela produz, transforma e natureza e aprende interagindo com
sua própria realidade. Portanto,
As crianças nas aulas de Arte poderão expressar os seus modos de ver o mundo
nas linguagens artísticas, concretizando em formas plásticas, gestuais, cênicas,
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Os PCNs (1997) propõem uma base triangular para o exercício da leitura que
compõem a Arte: as artes visuais, a dança, o teatro e a música. Propõem ainda que
observemos a obra de Arte dentro do seu contexto de produção, procurando ler, por
meio dela, o grupo social do qual fez ou faz parte o artista criador para perceber a
intencionalidade do artista e a ideologia presente na obra.
Para um cientista, uma fórmula pode ser “bela”, para um artista plástico, as relações
entre a luz e as formas são “problemas a serem resolvidos plasticamente”. Parecem
que há muito mais coisas em comum entre essas duas formas de conhecimento do
que se pode pensar (PCN, 2007, p.35).
Dentro desta perspectiva, surgem também novos paradigmas nas Artes. Tem-se
hoje Artes como cinema, Arte moderna, fotografia, design, dentre muitas outras que
dependem de conceitos científicos para sua criação e apreciação.
Enfim, esse conhecimento envolve experiência de fazer formas artísticas e tudo que
entra em jogo nessa ação criadora: recursos pessoais, habilidades, pesquisas
materiais e técnicas, a relação entre perceber, imaginar e realizar um trabalho de
arte (PCN, 1997, p.23).
CONCLUSÃO
Portanto, acreditamos que a arte faz parte da vida do ser humano, pois, somos todos
criadores, geramos idéias, concluímos, analisamos, realizamos leituras, ampliamos
nossos conhecimentos e de novo geramos novas idéias. Somos todos integrantes
de um contexto sócio-cultural. Neste “lugar” aprendemos a andar, falar, conceituar,
agir, neste determinado tempo e espaço, medidos pela linguagem, interagiu com
todos os outros sujeitos e coletivamente transformamos e somos transformados pela
cultura.
No entanto, uma boa forma de reconhecer a relação das crianças com a produção
artística tem tornado possível um novo conceito de aprendizagem e uma nova forma
de ação pedagógica. A Arte solicita a visão, a escuta e os demais sentidos como
portas de entrada para uma compreensão mais significativa das questões sociais.
A ação artística também costuma envolver criação grupal: nesse momento a arte
contribui para o fortalecimento do conceito de grupo como socializador e criador de
um universo imaginário, atualizando referências e desenvolvendo sua própria
história. A arte se torna presente para si mesmo, por meio de suas representações
imaginárias. O aspecto lúdico dessa atividade é fundamental (IAVALBERG, 2003).
Viu-se que, a verdadeira Arte está em cada ser humano que sabe viver a sua vida.
Percebe-se que o sinônimo da Arte é a vida. Vida vivida em eterna alegria de saber
fazer Arte.
Por fim, num contexto histórico-social que inclui o artista, a obra de arte, os difusores
comunicacionais e o público, a Arte se apresenta como produção, trabalho e
construção.
REFERÊNCIAS
ARG
AN,
Giuli
o
Carl
o.
Clás
sico
Anti
clás
sico.
São
Paul
o:
Cia
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1998
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_____. Teoria e prática da educação artística. 3 ed. São Paulo: Cultrix, 1972.
_____. Arte – Educação: leitura no subsolo. 2 ed. – São Paulo: Cortez, 1997.
LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9394/86, cap. II, Art.
26, inciso 20.