Você está na página 1de 15

SEGUE UM MATERIAL DE APOIO QUE ELABOREI (TEORIA E EXERCÍCIOS) Somos membros da associação de escotismo; liga de futebol mirim; grupo

; liga de futebol mirim; grupo de jovens


COM INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS – INTERTEXTUALIDADE – religiosos; encontros da juventude...E assinamos qualquer revista de planejamento
INFERÊNCIA - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA – FUNÇÕES DA LINGUAGEM - familiar.”
GÊNEROS TEXTUAIS. Pressuposto: Eles têm muitos filhos.

APROVEITEM! UM ABRAÇO, THAÍS. Implícitos ou subentendidos – algum fato ou juízo envolvido em determinado contexto
que é apenas sugerido, mas não revelado por ele. Trata-se da maneira como se entende o
enunciado, mas é possível negá-la.
O TEXTO E A CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS

O texto é um todo organizado de sentido, cujas partes se relacionam dentro de determinado


contexto (explícito ou implícito) a fim de gerar determinado efeito de sentido.

Dessa forma, é uma manifestação linguística produzida por alguém, em algum contexto
com determinada intenção, pressupondo um interlocutor.

Contexto – circunstâncias que acompanham um fato ou uma situação (externo); conjunto


de palavras e frases que contribuem para o encadeamento do discurso (interno)
Contexto de produção
a) Autor do texto (papel social, época, lugar)
b) Interlocutores e sua representação social (depende do assunto, das características
formais, da linguagem, do meio em que circulou)
c) Finalidade/objetivo do texto (intenção)
d) Circulação (meio)

Referências textuais
Helga afirma que por trás de um grande homem há uma grande mulher. Como Helga está
- Explícitas – presença de marcas textuais que explicitam o contexto.
caminhando à frente dele, fica implícita a noção de que ela não o considera um grande
A gripe suína tornou-se um problema de saúde global.
homem. Note, porém, que em nenhum momento ela afirma categoricamente isso.
Gripe suína é um problema de saúde pública
- Inferências – conclusão decorrente do levantamento de indícios e da compreensão da
Gripe suína é “global”
realidade associada àquela situação.
- Pressupostos – circunstância ou fato considerado antecedente natural de outro, ou seja,
uma informação que integra o enunciado e denuncia determinada situação. Não é possível
negá-la.

Parei de fumar há dois anos.


Pressuposto: Eu fumava.

Não para de chover aqui.


Pressuposto: Chove há muitos dias.

“Família Silva

Indícios:
- Um globo terrestre estilizado para parecer um porco Minha terra tem primores,
- A presença de “atchim” indica que o porco está com gripe Que tais não encontro eu cá;
- o globo representa o mundo “globalizado” Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Compreensão da realidade: Minha terra tem palmeiras,
- Gripe (atchim) suína (porco) atinge o mundo (globo) Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Intertextualidade Sem que desfrute os primores
Intertextualidade significa interação entre textos, um diálogo entre eles que pode Que não encontro por cá;
ocorrer tanto por meio de elementos formais quanto temáticos. Dessa forma, é comum, ao Sem qu'inda aviste as palmeiras,
lermos determinado texto, lembrarmos de outros inúmeros que façam parte de nosso Onde canta o Sabiá.
repertório. A recorrência a outros textos é muito comum na literatura e nas propagandas. Coimbra, julho de 1843

A) Intertextualidade explícita 2) Citação - transcrição de texto alheio, marcada por aspas.


Dentre a intertextualidade explícita, temos vários gêneros, como: epígrafe, citação,
paráfrase, paródia, tradução. ■ Osório Duque Estrada, 1909 •••••
HINO NACIONAL BRASILEIRO
1) Epígrafe constitui uma escrita introdutória de outra.
(trecho)
CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
[Conheces o país onde florescem as laranjeiras? "Nossos bosques têm mais vida",
Ardem na escura fronde os frutos de ouro... "Nossa vida" no teu seio "mais amores".
Conhecê-lo? Para lá, para lá quisera eu ir!]
Goethe (tradução de Manuel Bandeira) 3) Paráfrase - A paráfrase é a reprodução do texto de outrem com as palavras do autor,
com sua ampliação ou interpretação particular. Ela não confunde com o plágio porque seu
Minha terra tem palmeiras, autor explicita a intenção, deixa clara a fonte. Apesar de as palavras serem mudadas, a ideia
Onde canta o Sabiá; do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos
As aves, que aqui gorjeiam, ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito.
Não gorjeiam como lá.
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Nosso céu tem mais estrelas, Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Nossas várzeas têm mais flores, Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Nossos bosques têm mais vida, Eu tão esquecido de minha terra...
Nossa vida mais amores. Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
Em cismar, sozinho, à noite, (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
4) Paródia - A paródia é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo
retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a
voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, levando o leitor a uma
reflexão crítica.

CANTO DO REGRESSO À PÁTRIA


Oswald de Andrade
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas


E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919.
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas


Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra


Sem que volte pra São Paulo  
Sem que veja a Rua 15 Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.
E o progresso de São Paulo

Observe ainda a paródia nas imagens a seguir:

Mona Lisa, propaganda publicitária

5)Tradução - A tradução de um texto literário implica em recriação, por isso ela está no
Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503. campo da intertextualidade. Veja um poema de Edgar A. Poe traduzido por dois escritores
da língua portuguesa:

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,


Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais, B) Intertextualidade implícita Quando uma articulista de jornal escreve sobre a
importância dos direitos humanos na atualidade, suas idéias fazem parte de um discurso
E já quase adormecia, ouvi o que parecia ideológico, portanto, com certeza, seu texto mantém diálogo implícito (ou explícito) com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e outros documentos.
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
Bibliografia
‘Uma visita’ eu me disse, ‘está batendo a meus umbrais
Paulino, Graça; Walty, Ivete; Cury, Maria Zilda Cury. Intertextualidades: Teoria e Prática,
E só isto, e nada mais. 1ª edição, Belo Horizonte-MG, Editora Lê, 1995.

(Tradução de Fernando Pessoa) Barros, Diana Luz Pessoa de; Fiorin, José Luiz (organizadores). Dialogismo, Polifonia,
Inter-textualidade. lª edição, São Paulo, Edusp, 1994.

Site “Por trás das Letras”


Em certo dia, à hora, à hora
Exercícios
Álcool, crescimento e pobreza
Da meia-noite que apavora, O lavrador de Ribeirão Preto recebe em média R$ 2,50 por tonelada de cana
cortada. Nos anos 80, esse trabalhador cortava cinco toneladas de cana por dia. A
Eu caindo de sono e exausto de fadiga, mecanização da colheita o obrigou a ser mais produtivo. O corta-cana derruba agora oito
toneladas por dia.
Ao pé de muita lauda antiga, O trabalhador deve cortar a cana rente ao chão, encurvado. Usa roupas mal-
ajambradas, quentes, que lhe cobrem o corpo, para que não seja lanhado pelas folhas da
De uma velha doutrina, agora morta planta. O excesso de trabalho causa a birola: tontura, desmaio, cãibra, convulsão. A fim de
agüentar dores e cansaço, esse trabalhador toma drogas e soluções de glicose, quando não
farinha mesmo. Tem aumentado o número de mortes por exaustão nos canaviais. O setor da
Ia pensando, quando ouvi à porta
cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta US$ 8 bilhões. Gera toda a energia elétrica que
consome e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo contrata cientistas e
Do meu quarto um soar devagarinho engenheiros para desenvolver máquinas e equipamentos mais eficientes para as usinas de
álcool. As pesquisas, privada e pública, na área agrícola (cana, laranja, eucalipto etc.)
E disse estas palavras tais: desenvolvem a bioquímica e a genética no país. Folha de S. Paulo, 11/3/2007 (com
adaptações).
‘É alguém que me bate à porta de mansinho:

Há de ser isso e nada mais.

(Tradução de Machado de Assis)

O poema é o mesmo, mas Machado de Assis traduziu do francês para o português,


enquanto Fernando Pessoa partiu direto do inglês, por isso as traduções ficarem bem
diferentes, embora a essência dele continue nos dois textos traduzidos.
2. Pode-se inferir que o autor do texto:
I. Atualiza a história de Cristo, adaptando o sentido da paixão cristã às duras condições de
vida nas grandes cidades.
II. Faz ver que, em nossa era, o advento de um Cristo seria impossível, em vista das
atrocidades em que os homens se especializaram.
III. Ironiza a corrida armamentista, comparando-a a fatos narrados em passagens bíblicas.
Está correto somente o que se afirma em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

Anacronismo. S.m. 1. Confusão de data quanto a acontecimentos ou pessoas.

3. Com base na definição acima, do Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o


autor se vale intencionalmente de um anacronismo quando associa:

a) a Virgem e o carpinteiro José à cidade de Belém;


b) a fala do dono de um hotel à realização de um congresso;
1. Confrontando-se as informações do texto com as da charge acima, conclui-se que c) soldados de Herodes a elementos radioativos;
A a charge contradiz o texto ao mostrar que o Brasil possui tecnologia avançada no setor d) nuvem em forma de cogumelo a súbita explosão;
agrícola. e) uma estrebaria a um boi branco e um burro cansado.
B a charge e o texto abordam, a respeito da cana-de-açúcar brasileira, duas realidades
distintas e sem relação entre si. O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período de
C o texto e a charge consideram a agricultura brasileira avançada, do ponto de vista 1988 a 2008.
tecnológico.
D a charge mostra o cotidiano do trabalhador, e o texto defende o fim da mecanização da
produção da cana-de-açúcar no setor sucroalcooleiro.
E o texto mostra disparidades na agricultura brasileira, na qual convivem alta tecnologia e
condições precárias de trabalho, que a charge ironiza.

“Natal 1961
Deslocados por uma operação burocrática – o recenseamento da terra – a Virgem e o
carpinteiro José aportam a Belém.
“Não há lugar para essa gente”, grita o dono do hotel onde se realiza um congresso
internacional de solidariedade.
O casal dirige-se a uma estrebaria, recebido por um boi branco e um burro cansado do
trabalho.
Os soldados de Herodes distribuem elementos radioativos a todos os meninos de menos de
dois anos.
Uma poderosa nuvem em forma de cogumelo abre o horizonte e súbito explode.
O menino nasce morto.” MENDES, Murilo. Conversa portátil. Poesia completa e 4. As informações do gráfico indicam que:
prosa.Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1944. p. 1486.
A o maior desmatamento ocorreu em 2004.
B a área desmatada foi menor em 1997 que em 2007. Toda língua possui variações que podem ser divididas em:
C a área desmatada a cada ano manteve-se constante entre 1998 e 2001.
D a área desmatada por ano foi maior entre 1994 e 1995 que entre 1997 e 1998. a) Variação histórica (ou diacrônica)
E o total de área desmatada em 1992, 1993 e 1994 é maior que 60.000 km2.
- no som/pronúncia ou na flexão e na derivação;
Vossa Mercê – Vosmecê – Você – Cê - Vc
Em boa hora - embora
Arbores – árvores
Fidele - fiel
Debere – dever
Super - sobre
conceptu - conceito
(Gramática Histórica - Ismael de Lima Coutinho)

— nos padrões de estruturação da frase e/ou no nível dos significados;


Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito
prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
5) A propaganda acima estabelece diálogo intertextual com uma outra. Esclareça a que mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos
outra propaganda ela se vincula e que elemento deixa claro tal vínculo. meses debaixo do balaio." Carlos Drummond de Andrade

— pela introdução de novas palavras (neologismos e estrangeirismos).


Deletar – estandardização – mensalão - blogueiro

b) Variação regional (espacial ou diatópica)

FONÉTICA :
Porta – para cariocas – piracicabanos- paulistanos

LEXICAL :
mandioca – aipim - macaxeira
cheiro – beijo

SINTÁTICA
Tu já estudaste? Você já estudou?

Assaltante Mineiro
Ô sô, prestenção... Isso é um assalto, uai...
6) A propaganda acima parte da plurissignificação do vocábulo “enrolado” para gerar efeito Levanta os braços e fica quetin que esse trem na minha mão tá cheio de bala...
de sentido. Esclareça os dois sentidos deste adjetivo utilizados na propaganda e que Mió passá logo os troado que eu num tô bão hoje.
palavras são modificadas por ele. Vai andando, uai! Tá esperando o que uai!!
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Assaltante Gaúcho
Ô guri, ficas atento... Báh, isso é um assalto. Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com
Levantas os braços e te quieta, tchê. as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo.
Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Assim, fatores tais como sexo, faixa etária, condição socioeconômica, profissão,
Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala. religião e até mesmo convicções político-partidárias e esportivas, entre outros, condicionam
mudanças no uso efetivo da língua.
c) Variação social (ou diastrática) Para quaisquer falantes de português, “homem” pode ter um sentido amplo, geral,
Em sociedades complexas convivem variedades lingüísticas diferentes, usadas por de “ser humano” ou mais específico, isto é “ser humano do sexo masculino”.
diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças No entanto, em certas situações de uso, a mesma palavra pode significar “polícia”,
tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita. como em “-Corre, que lá vem os home!”, ou “patrão”, como em “O homem te mandou
embora?”
FONÉTICA : Além disso, há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de
peneu em vez de pneu uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates,
adevogado em vez de advogado por exemplo), jovens, grupos marginalizados, entre outros. São as gírias e os jargões.

LEXICAL : Níveis de linguagem


presunto em vez de cadáver - Formal, Culto ou Padrão = linguagem gramaticalmente correta, objetiva e clara. Usada
rolê em vez de passeio em textos técnicos, científicos, jornalísticos, em situações que exigem formalidade.
- Informal ou Coloquial = admite alguns deslizes na norma culta, como abreviaturas,
SINTÁTICA : expressões como a gente (em lugar de nós), pra (em lugar de para), entre outras. É usada em
Houveram muitas percas. contexto de informalidade, como bate-papo pela internet e diálogos.
Naonde posso ponhar isso?
Exercícios
O Poeta da Roça 1) As aspas marcam o uso de uma palavra ou expressão de variedade lingüística diversa da
Sou fio das mata, canto da mão grossa, que foi usada no restante da frase em:
Trabáio na roça, de inverno e de estio. a) Essa visão desemboca na busca ilimitada do lucro, na apologia do empresário privado
A minha chupana é tapada de barro, como ‘grande herói’ contemporâneo.
Só fumo cigarro de paia de mío. b) Pude ver a obra de machado de Assis de vários ângulos, sem participar de nenhuma visão
‘oficialesca’.
Sou poeta das brenha, não faço o papé c) Nas recentes discussões sobre os ‘fundamentos’ da economia brasileira, o governo deu
De argun menestré, ou errante cantô ênfase ao equilíbrio fiscal.
Que veve vagando, com sua viola, d) O premio Darwin, que ‘homenageia’ mortes estúpidas, foi instituído em 1993.
Cantando, pachola, à percura de amô. e) Em fazendas de Minas e Santa Catarina, quem aprecia o campo pode aproveitar o frio,
Não tenho sabença, pois nunca estudei, ouvindo ‘causos’ à beira da fogueira.
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,


Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)

d) Variação situacional (ou diafásica).


A próxima figura mostra, em campo de visão ampliado, como povos de culturas não-
indígenas
percebem o espaço estelar em que a Ema é vista.

2) Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou coloquial, da


linguagem.
A “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”
B “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres cairão!”
C “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar a rua...”
D “...e ela me deu um anel mágico que me levou a um tesouro”
E “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, onde um dragão...”
3) Assinale a opção correta a respeito da linguagem empregada no texto A Ema.
Ema A A palavra Cut’uxu é um regionalismo utilizado pelas populações próximas às aldeias
O surgimento da figura da Ema no céu, ao leste, no anoitecer, na segunda quinzena indígenas.
de junho, indica o início do inverno para os índios do sul do Brasil e o começo da estação B O autor se expressa em linguagem formal em todos os períodos do texto.
seca para os do norte. É limitada pelas constelações de Escorpião e do Cruzeiro do Sul, ou C A ausência da palavra Ema no início do período “É limitada (...)” caracteriza registro
Cut'uxu. Segundo o mito guarani, o Cut’uxu segura a cabeça da ave para garantir a vida na oral.
Terra, porque, se ela se soltar, beberá toda a água do nosso planeta. Os tupisguaranis D A palavra Cut’uxu está destacada em itálico porque integra o vocabulário da linguagem
utilizam o Cut'uxu para se orientar e determinar a duração das noites e as estações do ano. informal.
A ilustração a seguir é uma representação dos corpos celestes que constituem a E No texto, predomina a linguagem coloquial porque ele consta de um almanaque.
constelação da Ema, na percepção indígena.
Ai Se Sêsse
Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Zé Da Luz

Se um dia nois se gostasse


Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse Isso mostra que, apesar de tantos enlatados, a nossa crítica é antenada com o passado e o
Se juntim nois dois morasse presente da humanidade e com as coisas que acontecem no mundo. Fantástico! Parabéns,
Se juntim nois dois drumisse Sérgio Rizzo, seus textos nunca me decepcionam.”
Se juntim nois dois morresse Luciano Duarte. Guia da Folha, 10 a 16 de junho 2005.
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse Apelativa ou Conativa – ênfase no receptor, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice em que predomina essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido,
E se eu me arriminasse levando-o a adotar este ou aquele comportamento.
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse Beba coca-cola! Aproveite a viagem!
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse RESERVA CULTURAL
Tarvês que nois dois caísse Você nunca viu cinema assim.
E o céu furado arriasse Não perca a retrospectiva especial de inauguração, com 50% de desconto, apresentando
e as virgi toda fugisse cinco filmes que foram sucesso de público. E, claro, de crítica também.

4) O texto acima apresenta mais de um tipo de variação lingüística. Identifique: Fática – palavra fático significa “ruído, rumor”. Foi utilizada inicialmente para designar
a) uma variação regional certas formas que se usam para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função
b) uma variação social ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando
verificar e fortalecer sua eficiência.
5) Apesar de gramaticalmente incorreto o registro de “sesse” como Pretérito Imperfeito do
Subjuntivo do verbo “ser”, esta construção se justifica na própria formação deste tempo Olá, estão todos ouvindo?
verbal. Explique esta afirmação
Referencial ou Denotativa – referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir
No ato da fala, pode-se observar: informações objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é
o emissor: aquele que diz algo a alguém privilegiado nos textos jornalísticos.
o receptor: aquele com quem o emissor se comunica
a mensagem: tudo o que é transmitido do emissor para o receptor Este refrigerante contém açúcar.
o código: a convenção que permite ao receptor compreender a mensagem. Ex: Língua
Portuguesa UM FILME FALADO - Idem. França/Itália/Portugal, 2003. Direção: Manoel de Oliveira.
o canal: o meio que conduz a mensagem ao receptor. Ex: a língua oral Com: Leonor Silveira, John Malkovich, Catherine Deneuve, Stefania Sandrelli e Irene
o referente: o assunto da mensagem Papas. Jovem professora de história embarca com a filha em um cruzeiro que vai de Lisboa
a Bombaim. 96 min. 12 anos. Cinearte 1, desde 14. Frei Caneca Unibanco Arteplex7, 13h,
15h10, 17h20, 19h30 e 21h50.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Metalingüística – quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu
Emotiva ou Expressiva – O emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: próprio referente, ocorre a função metalingüística. Ênfase no código, usado para explicar ou
emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor. discutir o próprio código.

Eu sempre quis viajar para a Alemanha. Escrever é um processo ao mesmo tempo complexo e prazeroso. Organizar as idéias e
expressa-las no papel parece difícil, mas não é impossível.
“Não só baseado na avaliação do Guia da Folha, mas também por iniciativa própria, assisti
cinco vezes a “Um filme falado”. Temia que a crítica brasileira condenasse o filme por não Palavra de origem latina, "ars" significa técnica ou habilidade. Segundo o
se convencional, mas tive uma satisfação imensa quando li críticas unânimes na imprensa. dicionário Houaiss, arte é a "produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a
concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da subjetividade Ela: - Ah, não sei explicar.
humana". Ele: - E então?
Ela: - Então o quê?
Poética – ênfase na mensagem, quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e Ele: - Olhe, eu vou embora porque você é impossível!
imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de idéias, Ela: - É que só sei ser impossível, não sei mais nada. Que é que eu faço para conseguir ser
temos a manifestação da função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no possível?
leitor prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários. Presença Ele: - Pare de falar porque você só diz besteira! Diga o que é do seu agrado.
de musicalidade, rimas, linguagem figurada (conotativa) Ela: - Acho que não sei dizer.
Ele: - Não sabe o quê?
Todos bebemos futebol! Ela: - Hein?!
Ele: - Olhe, estou até suspirando de agonia. Vamos não falar em nada, está bem?
A bela e a fera. * Título adaptado do romance de Clarice Lispector A hora da estrela.

Tecendo a manhã 1) Não só o personagem, mas também o leitor deve ter suspirado de agonia ao ler o texto
João Cabral de Melo Neto acima, especialmente porque nele uma das principais funções da comunicação, a de
Um galo sozinho não tece uma manhã: informar, não foi atendida. De fato, os personagens não falam sobre nada durante todo o
ele precisará sempre se outros galos. diálogo. Considerando essas afirmações e os elementos de comunicação envolvidos no
De um que apanhe esse grito que ele texto, avalie as afirmações abaixo:
e o lance a outro; de um outro galo I – No diálogo entre o casal, em vários momentos as falas têm objetivos diferentes, o que
que apanhe o grito que um galo antes gera dificuldade de compreensão da mensagem. Esse problema de comunicação é
e o lance a outro; e de outros galos conhecido como ruído.
que com muitos outros galos se cruzem II - A intenção do casal, ao longo do diálogo, é transmitir uma mensagem cifrada, ou seja,
os fios de sol de seus gritos de galo, em código, que pode ser compreendida apenas pelos dois.
para que a manhã, desde uma tela tênue, III - O diálogo não tem qualquer carga informativa, pelo contrário, caracteriza-se
se vá tecendo, entre todos os galos. unicamente pela manutenção do contato entre os falantes, por meio de expressões vazias e
sem sentido claro (hein?!/ como assim?/ quê?).
Texto para as questões 1 e 2 Sobre as afirmações acima, aponte a alternativa que apresenta apenas as que analisam
Os dois não sabiam inventar acontecimentos* corretamente o texto:
Sentavam no que é de graça: banco de praça pública. E, ali acomodados, nada os distinguia a) I e II
do resto do nada. Para a grande glória de Deus. b) II e III
Ele: - Pois é. c) I e III
Ela: - Pois é, o quê? d) II
Ele: - Eu só disse pois é! e) III
Ela: - Mas “pois é” o quê?
Ele: - Melhor mudar de conversa porque você não entende. 2) Quando os falantes não comunicam um conteúdo, mas apenas testam o canal, ou seja,
Ela: - Entender o quê? tentam iniciar a comunicação com expressões como “Pois é”, “Então”, “Hein?”, a função
Ele: - Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto, e já! da linguagem presente é:
Ela: - Falar então de quê? a) apelativa
Ele: - Por exemplo, de você. b) emotiva
Ela: - Eu?! c) referencial
Ele: - Por que esse espanto? Você não é gente? Gente fala de gente. d) fática
Ela: - Desculpe, mas não acho que sou muito gente. e) poética
Ele: - Mas todo mundo é gente, meu Deus!
Ela: - É que não me habituei. 3) Assinale a alternativa incorreta sobre os elementos que compõem a comunicação:
Ele: - Não se habituou com o quê? a)Emissor é aquele que envia uma mensagem a um receptor por meio de um canal (meio);
b)O canal de comunicação entre duas pessoas não varia, é sempre o contato físico entre - A crônica é um gênero egresso das páginas fugazes de jornais e revistas que, em certos
elas; casos de elaboração estética das informações do cotidiano, merece permanência entre o que
c)O código utilizado na comunicação é essencial para a compreensão da mensagem, se você há de melhor no patrimônio literário do Brasil.
utiliza um código desconhecido, sua mensagem não é interpretada de maneira coerente. - Pode focalizar: memórias, lembranças da infância, flagrantes do cotidiano, comentários
d)Quando se utiliza uma linguagem diferente daquela que a pessoa está acostumada, existe metafísicos, considerações literárias, poemas em prosa e pequenos contos.
um problema de comunicação porque o código usado entre as pessoas é diferente. - A crônica brasileira privilegia a linguagem escrita e falada no contexto urbano, dando
e)O receptor da mensagem pode corresponder a uma só pessoa, como também pode se ênfase ao registro coloquial e informal da variedade padrão da língua portuguesa.
referir a um grupo de pessoas.
O beijo
TIPOS TEXTUAIS O beijo é uma coisa que todo mundo dá em todo mundo. Tem uns que gostam
muito, outros que ficam aborrecidos e limpam o rosto dizendo já vem você de novo e tem
NARRATIVO ainda umas pessoas que quanto mais beijam, mais beijam, como a minha irmãzinha que
- ficção e criação (personagens) quando começa com o namorado dá até aflição. O beijo pode ser no escuro e no claro. O
Gêneros: contos, lendas, fábulas, romances, crônicas, histórias em quadrinhos, texto beijo no claro é o que o papai dá na mamãe quando chega, o que eu dou na vovó quando
teatral. vou lá e mamãe obriga, e que o papai deu de raspão na empregada noutro dia, mas esse foi
tão rápido que eu acho quefoi sem querer... (Millôr Fernandes)
EXPOSITIVO ou INFORMATIVO
- divulgação de algum conhecimento
Gêneros: artigos científicos, conferências, sinopses, verbetes de enciclopédias A luta e a lição  Autor: Carlos Heitor Cony. Publicado na Flha Online

- relato de algo que ocorreu Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete após escalar pela
Gêneros: diários, reportagens, relatórios, biografias, notícias. segunda vez o ponto culminante do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço
de um cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou o
- processamento de informações cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.
Gêneros: bilhete, e-mail, telegrama, fax, memorando, ofício, resenhas não-críticas,
indicadores, previsão do tempo, cotações, obituários.
As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda. Aqui do meu
ARGUMENTATIVO canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no bondinho do Pão de Açúcar, fico
- defesa de um posicionamento meditando sobre os motivos que levam alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido
Gêneros: carta aberta, carta de leitor, carta de reclamação, abaixo-assinado, artigo de o cume mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada sem a ajuda do oxigênio
opinião, editorial, comentário, artigo, dissertações, resenha crítica, requerimento, suplementar. O que leva um ser humano bem sucedido a vencer desafios assim?
caricaturas, charges.
INSTRUCIONAL Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade. Se cada um repetisse
- informação de procedimentos meu exemplo, ficando solidamente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda
Gêneros: manuais, tutoriais, receitas, regras de jogos, regulamentos, estatutos estaríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando
nossas mulheres pelos cabelos, como os trogloditas –se é que os trogloditas faziam isso.
Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam a vida pelo risco. Bem verdade que
ALGUNS GÊNEROS TEXTUAIS escalar montanhas, em si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que prefere ficar
na cômoda planície da segurança.
CRÔNICA
Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor Negrete é a
- A crônica é uma forma que ganhou invulgar vitalidade literária nas últimas décadas, aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei
tendo experimentado momentos altos em Rubem Braga, Manuel Bandeira, Paulo Mendes até que ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo –e seu
Campos, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade. sacrifício- é uma lição de luta, mesmo sendo uma luta perdida.
Carta do Leitor: Carta de leitor é um gênero cujos textos aparecem em seções específicas
de jornais ou revistas, em que os leitores expressam suas opiniões sobre os textos
publicados.

"Li ontem o artigo da senadora Marina Silva ('Leitura obrigatória', Opinião) e penso que o
verbo "regularizar" deveria ser banido do vocabulário brasileiro, pois ele tem construído
uma consciência política de que não vale a pena cumprir a lei, já que sempre é possível
"regularizar" uma situação de fato, mesmo que ilegal.
Assim, surgem monstruosidades como a MP 458, o Código Ambiental Catarinense e outras
tantas anistias fiscais." ANTÔNIO JOSÉ MOREIRA DA SILVA (Chapecó, SC)
Sinopse: A sinopse é um gênero cujos textos normalmente aparecem em domínios
"Se a criminosa Suzane von Richthofen for solta, estará provado que, no Brasil, o crime jornalísticos, sites de editoras, em materiais publicitários ou na ciência, sua composição
compensa. Matar os pais, ameaçar o irmão e ficar apenas três anos presa... Isso é um existe o predomínio do tipo expositivo e narrativo, depende do assunto da sinopse. Se a
convite ao crime. Fica fácil matar, dar uma de santa dentro da prisão e então ser solta. sinopse for de um filme, além do resumo da trama, o texto já traz algum posicionamento
Para crimes como esse deveria ser obrigatório o cumprimento das penas na sua totalidade. crítico (uma classificação por estrelinhas, por exemplo, e que nos auxilia a levantar
Sem essa de diminuição de pena, o que apenas servirá de exemplo a outros." hipóteses sobre o que iremos assistir).
ANTONIO JOSÉ G. MARQUES (São Paulo, SP)
“Billy Elliot”, de Stephen Daldry (2000)
Charge Billy Elliot (interpretado por Jamie Bell) é um menino de onze anos, filho de mineiro de
As charges, caricaturas e ilustrações editoriais são um meio visual e extremamente carvão do norte da Inglaterra, que, em plena greve dos mineiros de 1984, decide ter aulas de
eloqüente de expressar opiniões, geralmente por meio de técnicas de humor. ballet com a Sra. Wilkinson (Julie Walters). Billy se escondendo do pai viúvo e do irmão,
ambos participantes ativos do movimento grevista. Mas logo seu segredo vem a tona e suas
esperanças são barradas. Entretanto a paixão de Billy pela dança e seu talento são
reconhecidos pelo pai que o leva a inscrever-se no Royal Ballet em Londres. O filme de
Daldry busca exprimir de forma alegórica a transição de uma época histórica para outra
(este é, por exemplo, o mesmo tema de The Full Monty, de Peter Cattaneo, realizado em
1997 e que utilizou o mote da flexibilização do corpo para traduzir as novas disposições de
subjetivação do capital pós-fordista). Billy é o contraste pessoal de seu irmão mais velho,
Tony Elliot - enquanto ele é mineiro e sindicalista, vinculado à sociedade industrial de
velho tipo, das minas de carvão e da indústria de chaminé; Billy, por outro lado, é o jovem
talentoso e sensivel, entusiasmado pela arte do ballet, cujas qualidades pessoais (e a escolha
profissional) estão ligadas à denominada "sociedade pós-industrial de serviços".

Artigo de Opinião: O artigo de opinião é um texto de caráter argumentativo, publicado em


jornais, revistas e internet. É marcado pela opinião do articulista/autor sobre uma questão
Tira: A tira é um gênero cujos textos normalmente aparecem em domínios jornalísticos, em polêmica de relevância social.
sua composição existe o predomínio dos tipos narrativo e argumentativo. Na tira abaixo, NOVO ENEM: PRENÚNCIO DE UMA NOVA ERA
observe como a argumentação foi utilizada para nos levar a pensar. Anunciada pelo Ministro da Educação, a mudança no sistema de seleção para as
universidades, mais conhecido como vestibular, é uma realidade. A proposta de unificar o
exame e modificar a natureza dos conteúdos, baseando-se no atual modelo do ENEM, para
um recrutamento mais justo e democrático, foi recebida de forma satisfatória por mais de
90% das instituições públicas consultadas, apesar da necessidade de um planejamento
sereno e responsável.
Toda mudança, é óbvio, requer uma adaptação ao processo. Em relação a isso, o Cassildo Souza em http://centraldasletras.blogspot.com/2009/04/novo-enem-prenuncio-de-
Brasil continua o mesmo. A proposta inicial era de que todos os aderentes (48 das 52 uma-nova-era.html
instituições que participaram do encontro no Ministério) já adotassem as mudanças para
este ano. Isto poderia inviabilizar a seleção em certas instituições, como a UFRN, a qual Texto instrucional: volta-se a regular ou indicar formas de agir. Eles descrevem etapas que
modificou o vestibular há apenas dois anos. Depois de algumas ponderações, ficou acertado devem ser seguidas: receitas culinárias, tutoriais, manuais de instrução para montar
que cada universidade terá autonomia para decidir quando e como inicia o novo processo. equipamentos, manual de economia de energia elétrica, programa de dieta alimentar,
Elas adaptar-se-ão conforme suas necessidades e realidades, não havendo um modelo pré- instruções de jogos.
definido ou imposição do Governo Federal. Instruções para economizar água:
Com o novo sistema, um aluno poderá, realizando um único processo seletivo, No banheiro
concorrer a vagas para mais uma instituição. Isso é um dos pontos positivos. Alguém que  Feche a torneira ao escovar os dentes e ao fazer a barba
realiza, por exemplo, cinco processos seletivos em lugares diferentes vive um verdadeiro  Não tome banhos demorados
massacre mental, um desgaste que nem todos têm condições de superar. O outro ponto-  Mantenha a válvula de descarga do vaso sanitário sempre regulada e não use o
chave é que os alunos terão mais liberdade de raciocínio, pois não precisarão, vaso como lixeira ou cinzeiro
necessariamente, decorar fórmulas ou conceitos para fazer uma boa prova. Aspecto que tem  Conserte os vazamentos o quanto antes
sido discutido ao longo das décadas nas escolas e órgãos de ensino superior. Assim, para se Na cozinha
ter uma vaga idéia, uma questão de Língua Portuguesa (Linguagens e Códigos) priorizará a  Antes de lavar pratos e panelas, remova bem os restos de comida e jogue-os no
capacidade interpretativa e gramatical, mas não do ponto de vista técnico e sim, do lixo
raciocínio, pela depreensão, hipótese, inferência. Não será necessário decorar o que é  Mantenha a torneira fechada ao ensaboar as louças
VERBO TRANSITIVO DIRETO. Ao aluno caberá apenas entender que determinado  Deixe de molho as louças com sujeira mais pesada
vocábulo é indispensável numa sentença por atribuir sentido ao elemento anterior,
 Só ligue a máquina da lavar louça quando estiver cheia
independentemente de saber-se o nome desse elemento. Continua sendo imprescindível
No jardim, quintal e calçada
dominar o conteúdo. Ou seja, os melhores continuarão a ser os escolhidos.
 Evite lavar o carro durante a estiagem, se necessário use um balde e pano, nunca a
A prova de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira é um exemplo claro. O aluno
mangueira
que se limita a decorar nomes de elementos gramaticais, que não lê integralmente as obras
ou, lendo-as, não faz as devidas conexões com as temáticas sociais, é sempre um candidato  Não use a mangueira para limpar a calçada, use uma vassoura
ao fracasso. Isso, em minha maneira de enxergar, é um avanço na medida em que  Prefira o uso de regador ao da mangueira para regar as plantas
precisamos realmente é raciocinar e não fazer do vestibular um motivo para conhecer Exercícios
técnicas de memorização. A decoreba é deixada de lado, não sendo suficiente para
promover no aluno os recursos que ele precisa para ser bem-sucedido. A adaptação, nesse O texto abaixo servirá de referência para responder as questões 01 a 03
sentido, não deverá provocar maiores traumas.
No entanto, o aspecto negativo dessa nova proposta também existe. Essa pressa de A nuvem
querer que todas as universidades façam o ajuste desde agora revela um problema crônico
em nosso país, que é a falta de planejamento. Reitero que mudança exige cautela, análise - Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever
cuidadosa e aperfeiçoamento dos profissionais da educação, para que ao invés de virar um uma
problema, transforme-se em solução, em melhoria na qualidade das seleções. É um semana inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar!
momento de transição ao qual nos devemos acostumar, sem aquela resistência ao novo, E meu amigo falou da água, telefone, Light em geral, carne, batata, transporte,
típica, desnecessária e inexplicável. Mas tudo deve ser da maneira correta, sem excessos e custo de vida, buracos na rua, etc. etc. etc.
sensacionalismos baratos. Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, grávido de razões. Mas
Observadas tais questões, vejo nesse processo o início de uma nova era. Se que posso fazer? Até que tenho reclamado muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar
trabalharmos corretamente, se nos dispusermos a encarar esse sistema como um rezingando todo dia, estou roubado: quem é que vai agüentar me ler? Acho que o leitor
crescimento do ponto de vista educacional, certamente os frutos saudáveis virão em maior gosta de ver suas queixas no jornal, mas em termos.
escala. É evidente que precisamos encontrar meios para fazermos dessa nova empreitada Além disso, a verdade não está apenas nos buracos das ruas e outras mazelas.
um salto de qualidade na seleção de pessoas mais preparadas e com perspectivas futuras Não é verdade que as amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas
muito positivas, sendo o raciocínio, agora, o elemento definidor da qualidade dos vermelhas voando no ar? E ficaria demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando
escolhidos. de mim?
Ah, bem sei que esses encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. a) Propõe uma reflexão sobre a importância do respeito à diversidade.
São caprichos de certa fase. Mas que importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e b) Reflete sobre a impossibilidade de o homem vir, um dia, a superar suas próprias
gravemente; sem melancolia, porque sem ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta na limitações.
brisa, que se tinge um instante de púrpura sobre as cinzas de meu crepúsculo. c) Aponta leis da natureza que se contrapõem à necessidade de o homem lutar pela
E olhem só que tipo de frase estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. diversidade.
Deixe a nuvem, olhe para o chão - e seus tradicionais buracos. (Rubem Braga, Ai de ti, d) Incita o engajamento dos homens em campanhas de defesa do meio ambiente.
Copacabana) e) Demonstra que muitos dos preconceitos sociais derivam da ampla variedade de formas
da natureza.
1. É correto afirmar que, a partir da crítica que o amigo lhe dirige, o narrador cronista:
5. Assinale a alternativa correta em relação à estratégia empregada pelo autor em cada uma
a) sente-se obrigado a escrever sobre assuntos exigidos pelo público; das passagens a seguir:
b) reflete sobre a oposição entre literatura e realidade; a) No trecho “Deve haver normas que protejam o que é essencial à humanidade – nossa
c) reflete sobre diversos aspectos da realidade e sua representação na literatura; diversidade”, apesar do uso de expressões como “deve haver” e “é essencial”, o texto
d) defende a posição de que a literatura não deve ocupar-se com problemas sociais; procura fazer o leitor duvidar dos argumentos apresentados.
e) sente que deve mudar seus temas, pois sua escrita não está acompanhando os novos b) Em “Será que realmente queremos um mundo sem homossexuais ou no qual não haja
tempos. pessoas de olhos castanhos?”, a forma interrogativa iniciada por “será” e o subjuntivo do
verbo “haver” confirmam a concordância do autor com as idéias expressas na frase.
2. Em "E olhem só que tipo de frase estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga", o c) No trecho “Recentemente viajei para o norte da Califórnia para ver as sequóias. Elas são
narrador: fantásticas. Maravilhosas”, o testemunho em primeira pessoa (“viajei”) e o verbo ser na
forma do presente do indicativo exprimem a postura de distanciamento do autor em relação
a) chama a atenção dos leitores para a beleza do estilo que empregou; aos fatos narrados.
b) revela ter consciência de que cometeu excessos com a linguagem metafórica; d) Com a frase interrogativa “Mas será que queremos que todas as árvores sejam sequóias?”
c) exalta o estilo por ele conquistado e convida-se a reverenciá-lo; , o autor do texto revela uma hesitação pessoal quanto à importância da defesa da
d) percebe que, por estar velho, seu estilo também envelheceu; diversidade.
e) dá-se conta de que sua linguagem não será entendida pelo leitor comum. e) Em “Acho que também precisamos de palmeiras, de bordos, carvalhos e, quem sabe, de
algumas ervas daninhas”, as formas verbais de primeira pessoa produzem sentidos de
inclusão e cumplicidade que tornam mais convincente a opinião defendida pelo autor.
3. Com relação ao gênero do texto, é correto afirmar que a crônica:

a) parte do assunto cotidiano e acaba por criar reflexões mais amplas; São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação
b) tem como função informar o leitor sobre os problemas cotidianos; atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a
c) apresenta uma linguagem distante da coloquial, afastando o público leitor; números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas
d) tem um modelo fixo, com um diálogo inicial seguido de argumentação objetiva; pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento,
e) consiste na apresentação de situações pouco realistas, em linguagem metafórica. pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:
— Quantos são aqui?
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:
“Deve haver normas que protejam o que é essencial à humanidade – nossa diversidade. Na — Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.
verdade, a questão é a mesma. Será que realmente queremos um mundo sem homossexuais E outro:
ou no qual não haja pessoas de olhos castanhos? Recentemente viajei para o norte da — Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota
Califórnia para ver as sequóias. Elas são fantásticas. Maravilhosas. Mas será que queremos dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)
que todas as árvores sejam sequóias? Acho que também precisamos de palmeiras, de E outro:
bordos, carvalhos e, quem sabe, de algumas ervas daninhas.” (GAVRAS, Costa. O Estado — Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A
de São Paulo, São Paulo, 11 fev. 1996.) sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!
Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).
4. Nesse texto, o autor:
6. O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento
—, apresenta característica marcante do gênero crônica ao
A expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a idéia de
uma coisa por meio de outra.
B manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só
espaço.
C contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens
psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.
D evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do
cotidiano, para manter as pessoas informadas.
E valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que
recebe tratamento estético.

7. “Enquanto a discussão volta a mobilizar estudiosos, novas gírias são criadas e


absorvidas numa velocidade impressionante.” Qual das alternativas a seguir está de acordo
com a relação lógica estabelecida na frase anterior?
a) Novas gírias são criadas e absorvidas em grande velocidade; mesmo assim, a discussão
volta a mobilizar estudiosos.
b) Embora novas gírias sejam criadas e absorvidas em grande velocidade, a discussão volta
a mobilizar estudiosos.
c) Ao mesmo tempo que novas gírias vão sendo criadas e absorvidas em grande velocidade,
a discussão volta a mobilizar estudiosos.
d) Caso a discussão volte a mobilizar estudiosos, novas gírias serão criadas e absorvidas em
grande velocidade.
e) Novas gírias são criadas e absorvidas em grande velocidade, pois a discussão volta a
mobilizar estudiosos.

Você também pode gostar