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Intertextualidade significa interação entre textos, um diálogo entre eles que pode ocorrer tanto
por meio de elementos formais quanto temáticos. Dessa forma, é comum, ao lermos determinado texto,
lembrarmos de outros inúmeros que façam parte de nosso repertório. A recorrência a outros textos é
muito comum na literatura e nas propagandas.
A) Intertextualidade explícita
Dentre a intertextualidade explícita, temos vários gêneros, como: epígrafe, citação, paráfrase,
paródia, tradução.
CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias
(trecho)
3) Paráfrase - A paráfrase é a reprodução do texto de outrem com as palavras do autor, com sua
ampliação ou interpretação particular. Ela não confunde com o plágio porque seu autor explicita a
intenção, deixa clara a fonte. Apesar de as palavras serem mudadas, a ideia do texto é confirmada pelo
novo texto, a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É
dizer com outras palavras o que já foi dito.
4) Paródia - A paródia é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe
com ele, sutil ou abertamente. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é
retomada para transformar seu sentido, levando o leitor a uma reflexão crítica.
5)Tradução - A tradução de um texto literário implica em recriação, por isso ela está no campo da
intertextualidade. Veja um poema de Edgar A. Poe traduzido por dois escritores da língua portuguesa:
O poema é o mesmo, mas Machado de Assis traduziu do francês para o português, enquanto Fernando
Pessoa partiu direto do inglês, por isso as traduções ficarem bem diferentes, embora a essência dele
continue nos dois textos traduzidos.
B) Intertextualidade implícita Quando uma articulista de jornal escreve sobre a importância dos
direitos humanos na atualidade, suas idéias fazem parte de um discurso ideológico, portanto, com certeza,
seu texto mantém diálogo implícito (ou explícito) com a Declaração Universal dos Direitos Humanos da
ONU e outros documentos.
Bibliografia
Paulino, Graça; Walty, Ivete; Cury, Maria Zilda Cury. Intertextualidades: Teoria e Prática, 1ª edição, Belo
Horizonte-MG, Editora Lê, 1995.
Barros, Diana Luz Pessoa de; Fiorin, José Luiz (organizadores). Dialogismo, Polifonia, Inter-
textualidade. lª edição, São Paulo, Edusp, 1994.
Exercícios
Álcool, crescimento e pobreza
O lavrador de Ribeirão Preto recebe em média R$ 2,50 por tonelada de cana cortada. Nos anos
80, esse trabalhador cortava cinco toneladas de cana por dia. A mecanização da colheita o obrigou a ser
mais produtivo. O corta-cana derruba agora oito toneladas por dia.
O trabalhador deve cortar a cana rente ao chão, encurvado. Usa roupas mal-ajambradas, quentes,
que lhe cobrem o corpo, para que não seja lanhado pelas folhas da planta. O excesso de trabalho causa a
birola: tontura, desmaio, cãibra, convulsão. A fim de agüentar dores e cansaço, esse trabalhador toma
drogas e soluções de glicose, quando não farinha mesmo. Tem aumentado o número de mortes por
exaustão nos canaviais. O setor da cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta US$ 8 bilhões. Gera toda
a energia elétrica que consome e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo contrata cientistas e
engenheiros para desenvolver máquinas e equipamentos mais eficientes para as usinas de álcool. As
pesquisas, privada e pública, na área agrícola (cana, laranja, eucalipto etc.) desenvolvem a bioquímica e a
genética no país. Folha de S. Paulo, 11/3/2007 (com adaptações).
“Natal 1961
Deslocados por uma operação burocrática – o recenseamento da terra – a Virgem e o carpinteiro José
aportam a Belém.
“Não há lugar para essa gente”, grita o dono do hotel onde se realiza um congresso internacional de
solidariedade.
O casal dirige-se a uma estrebaria, recebido por um boi branco e um burro cansado do trabalho.
Os soldados de Herodes distribuem elementos radioativos a todos os meninos de menos de dois anos.
Uma poderosa nuvem em forma de cogumelo abre o horizonte e súbito explode.
O menino nasce morto.” MENDES, Murilo. Conversa portátil. Poesia completa e prosa.Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1944. p. 1486.
O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período de 1988 a 2008.
5) A propaganda acima estabelece diálogo intertextual com uma outra. Esclareça a que outra propaganda
ela se vincula e que elemento deixa claro tal vínculo.
6) A propaganda acima parte da plurissignificação do vocábulo “enrolado” para gerar efeito de sentido.
Esclareça os dois sentidos deste adjetivo utilizados na propaganda e que palavras são modificadas por ele.