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Faculdade Santíssimo Sacramento

Curso: Licenciatura em pedagogia


Disciplina: Metodologia de Ensino da Ed. Profissional e Eja
Docente: Marcio Vila Flor
Discente: Marivalda Santana Santos

As culturas negadas e silenciadas no currículo

A maior parte das escolas brasileiras, principalmente as públicas veem


seus alunos como um amontoado de robôs programados para passar de ano
sem terem um real entendimento e envolvimento com o conteúdo passado nas
aulas. As consequências de um sistema educacional ineficaz é a exclusão e
subaproveitamento de milhões de alunos todos os anos.
A urgente necessidade de uma intervenção curricular libertadora que
leve em conta a realidade e diversidade cultural dos discentes fez com que
várias instituições de ensino se comprometessem em adaptar suas grades
curriculares visando atender alunos em defasagem escolar, promovendo
práticas contínuas de ações que os capacitem para viverem em comunidade de
forma consciente usufruindo uma cidadania plena.
A seleção cuidadosa do conteúdo curricular a ser abordado assim como
a metodologia e os recursos aplicados farão com que esses alunos sejam
incluídos no sistema.
A geração atual é diversa da de outrora, com outras demandas e
características, então a escola tem o desafio de adaptar seu currículo a essa
nova geração que tem capacidades e necessidades diferentes, pois o que
servia para um aluno da década de 1930 não servirá para um da década atual,
nascido na era digital onde o avanço científico e tecnológico chegou a tal nível
que quem não os acompanham fica literalmente para trás, desconectados do
novo. A configuração social e cultural moderna fez com que várias instituições
de ensino revessem suas prioridades, casos contrários iam ver aumentar
drasticamente o abismo que separa alunos ricos de alunos pobres.
De maneira geral o conteúdo curricular didático presente nas escolas é
fortemente influenciado pela cultura de quem comanda política ou
economicamente, grupos minoritários como negros, mulheres, pobres e
homoafetivos são excluídos do processo criativo, a exemplo disso vemos o
caso das culturas do Estado espanhol que durante a ditadura do Generalíssimo
Franco teve suprimidas informações sobre vário povos da cultura espanhola e
estrangeiros, tidos como inferiores e exóticos, ou seja nos livros escolares
havia espaço apenas para o que fosse aprovado pelo governo e a elite. No
Brasil não é muito diferente um bom exemplo disso é a forma jocosa como
pessoas da zona rural são representadas nos livros, índios são vistos como
preguiçosos, negros como covardes, também o desprezo dado a culturas
populares como funk, pagode e forró que são classificadas como cultura de
gente pobre e vulgar. Nesse sentido a escola é o lugar ideal para se trabalhar a
multiplicidade existente na sociedade, pois nela se reúnem membros de várias
etnias, motivo pelo qual os currículos devem ser planejados de forma imparcial
de maneira a permitir que todos sejam inseridos sem exceção, sem negar ou
silenciar qualquer cultura e história.
Os representantes desses grupos citados e muitos outros não se veem
representados nos livros o que é lamentável pois a identidade de um povo é o
que ele tem de mais importante, resultado disso é o prejuízo de sua imagem a
autoestima baixa, é fundamental criar estratégias que valorizem os pontos
fortes e minimizem os pontos fracos, apenas uma pedagogia crítica e
libertadora será capaz de desenvolver o potencial desses alunos, ajudando-os
a refletir, compreender e a questionar criticamente toda forma de injustiça
existente no mundo e para além disso transformar a sociedade eliminando toda
forma de opressão.
Durante a visita técnica realizada ao Colégio Luiz Navarro de Brito
pudemos ver na prática as consequências da falta de investimento em
educação, um total de 710 alunos na faixa dos 18 aos 65 anos com defasagem
escolar frequentam a escola regularmente com o intuito de completarem sua
educação através do programa EJA, entre os problemas citados pela diretora
do estabelecimento, o que atrapalham a frequência escolar está a violência, o
tráfico de drogas, cansaço e a troca de professores, porém o desafio de manter
os alunos estudando é gratificante, pois ela sabe que todos eles enfrentam
grandes obstáculos para seguirem em frente.
Incluir democraticamente todos os jovens e também adultos no processo
educacional requer o compromisso de todos.
REFERÊNCIA:
Alienígenas na sala de aula/Tomaz Tadeu da Silva (org.)
11.ed - Petrópolis, RJ: Vozes, 2013/ (Coleção Estudo Culturais em Educação)
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