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Os significados da relação aluno-personal trainer:

aspectos para uma relação duradoura

José Roberto Ribeiro

São Paulo
2020
ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING PROGRAMA DE
MESTRADO PROFISSIONAL EM COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

JOSÉ ROBERTO RIBEIRO

OS SIGNIFICADOS DA RELAÇÃO ALUNO-PERSONAL TRAINER:


ASPECTOS PARA UMA RELAÇÃO DURADOURA

Dissertação de mestrado apresentada como


requisito para obtenção do título de Mestre em
Administração, com ênfase em Comportamento
do Consumidor, pela Escola Superior de
Propaganda e Marketing - ESPM.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Mariano Borges.

SÃO PAULO
2020
Ribeiro, José Roberto

Os significados da relação aluno-personal trainer: aspectos para uma


relação duradoura. José Roberto Ribeiro - São Paulo, 2020.

109 p.: tab.

Dissertação (Mestrado Profissional em Comportamento do


Consumidor), São Paulo, 2020.

Orientador: Prof. Dr. Fabio Mariano Borges


AGRADECIMENTOS

O desejo de tornar-me mestre é um projeto postergado continuamente


por cinco anos, principalmente por motivos ligados à minha atividade
profissional. Em 2018, finalmente, tomei a decisão de levar este projeto
adiante. Agora, a dissertação está concluída.
Esta dissertação representa uma importante conquista em minha vida.
Meu agradecimento e carinho a todos que contribuíram direta ou indiretamente
na elaboração deste trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Fábio Mariano Borges, por toda a paciência,
dedicação, ajuda e por encorajar-me em diversos momentos em que me senti
desmotivado.
À banca avaliadora: Profa. Dra. Flávia Galindo e Profa. Dra. Suzane
Strehlau, pela disponibilidade e contribuições tão valiosas na ocasião da
qualificação.
À Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e aos
professores do MPCC que auxiliaram cada um do seu jeito na execução e no
direcionamento da pesquisa à sua versão final, além das produtivas discussões
em sala de aula.
À minha mãe Edith e ao meu falecido pai José, pelo amor, dedicação,
sacrifício pessoal e sabedoria em educar-me da forma que o fizeram.
Aos meus irmãos Rosangela, Tania e Fernando pelo companheirismo,
carinho e por todo o apoio e estímulo durante o período do Mestrado.
Aos vários amigos que fiz durante a realização das disciplinas do
programa, pessoas maravilhosas, por toda a cumplicidade, auxílio e troca de
experiências.
Aos meus amigos pessoais que entenderam minha falta de tempo e
ausência em diversos momentos, em alguns encontros e festas que tanto
aprecio.
A todos os entrevistados que disponibilizaram seu tempo para receber-
me e responder a entrevista, pois sem sua preciosa colaboração a realização
deste trabalho não seria possível.
Enfim, a todos meu obrigado!
RESUMO

Na contemporaneidade, existe grande valorização dos cuidados com a


saúde, com o corpo e com a forma física, assuntos esses que são temas
recorrentes na mídia. Profissões que lidam com mudanças corporais, tais
como, cirurgiões plásticos, educadores físicos e nutricionistas, são
evidenciadas. Cresce também a procura por academias de ginástica e
musculação, levando à ampliação desse setor que hoje apresenta números
expressivos em faturamento e em número de alunos. A presente dissertação
investiga a relação de serviço pessoal e personalizada desenvolvida entre o
personal trainer e o aluno (cliente), identificando quais são os aspectos que são
valorizados e impactam positivamente na fidelização do aluno a esse serviço.
Trata-se de uma pesquisa exploratória com método qualitativo e aplicação de
entrevistas individuais semiestruturadas junto a 13 homens, praticantes de
musculação que são usuários dos serviços de personal trainers há mais de três
anos. Percebe-se a existência de fidelidade entre os entrevistados e seu atual
personal trainer, que se estabelece por um conjunto de aspectos, porém dois
deles se revelam fundamentais: o alcance, ao menos parcial, dos objetivos do
aluno com o programa de treinamento e, a existência de algum grau de
afinidade pessoal entre o aluno e o profissional. A confiança nas habilidades
técnicas e profissionais, a motivação transmitida ao aluno e a flexibilidade em
termos de reposição de aulas em dias ou horários alternativos são também
relevantes.

Palavras-Chave: comportamento do consumidor; personal trainer; corpo;


atividade física; academia de ginástica.
ABSTRACT

Nowadays, there is a great appreciation of health care, the body and the
physical form, subjects that are recurrent themes in the media. Professions that
deal with body changes, such as plastic surgeons, physical educators and
nutritionists, are highlighted. There is also a growing demand for gyms and
bodybuilding, leading to the expansion of this sector, which today has
expressive numbers in terms of revenue and in the number of students. This
dissertation investigates the relationship developed between the personal
trainer and the student (client), identifying which aspects are valued and
positively impact the student's loyalty to this service. This is an exploratory
research with a qualitative method and application of semi-structured individual
interviews with 13 male bodybuilders who have been users of personal trainers’
services for more than three years. It has been concluded that loyalty between
the interviewees and their current personal trainer established by a set of
aspects, but two of them are fundamental: the achievement, at least partially, of
the student's goals with the training program and the existence of some degree
of personal affinity between the student and the professional. Also, the
confidence in the technical and professional skills of the professional, the
motivation transmitted to the student and the flexibility in terms of replacing
classes on alternative days or times are very relevant.

Key-words: consumer behavior; personal trainer; body; physical activity; gym.


LISTA DE TABELAS.

Tabela 1 Perfil dos entrevistados 52

Tabela 2 Frequência semanal à academia e de uso dos 66


serviços do personal trainer

Tabela 3 Valor da hora/aula 68


LISTA DE FIGURAS.

Figura 1 Personal trainer supervisionando aluno 33

Figura 2 Academia localizada na região central da cidade 38


de São Paulo

Figura 3 Tabela de horário das diversas atividades 39


disponíveis em uma academia na região central
da cidade de São Paulo

Figura 4 Folheto de uma academia da região central da 40


cidade de São Paulo, informando a taxa
cobrada do personal trainer
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 11
1.1. Contextualização ............................................................................................ 11
1.2. Problema de pesquisa .................................................................................... 14
1.3. Objetivo geral .................................................................................................. 14
1.4. Objetivos específicos ...................................................................................... 14
1.5. Justificativa do estudo..................................................................................... 15
1.6. Estrutura da dissertação ................................................................................. 17
2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 18
2.1. Os cuidados dispensados ao corpo. ............................................................... 20
2.1.1. Da Grécia e Roma antigas ao século XIX. ............................................... 21
2.1.2. O corpo na contemporaneidade ............................................................... 26
2.1.3. A busca do corpo ideal ............................................................................. 28
2.1.4. O corpo na academia. .............................................................................. 31
2.2. O personal trainer ........................................................................................... 33
2.2.1. Competências e habilidades do personal trainer. .................................... 36
2.2.2. Públicos atendidos e locais de trabalho ................................................... 38
2.2.3. Objetivos ao contratar um personal trainer .............................................. 42
2.3. Definição de serviços e suas caraterísticas .................................................... 45
2.4. Relacionamento e fidelização. ........................................................................ 48
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................ 50
3.1. Natureza do trabalho e método de pesquisa .................................................. 50
3.2. Perfil da mostra ............................................................................................... 51
3.3. Instrumento de coleta de dados ...................................................................... 53
3.4. Tratamento dos dados .................................................................................... 54
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO ............... 56
4. 1. Categorias ..................................................................................................... 56
4.1.1. Categoria 1: objetivos com a contratação. ............................................... 57
4.1.2. Categoria 2: como escolhem o profissional .............................................. 61
4.1.3. Categoria 3: frequência e custo ............................................................... 66
4.1.4. Categoria 4: vantagens percebidas .......................................................... 70
4.1.5. Categoria 5: relacionamento .................................................................... 78
4.1.6. Categoria 6: motivos para a troca do profissional .................................... 85
4.1.7. Categoria 7: fidelização ............................................................................ 88
5. CONCLUSÕES ............................................................................... 95
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 103
7. ANEXOS. ........................................................................................ 107
11

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Na contemporaneidade, existe grande valorização dos cuidados com a saúde,


com o corpo e com a forma física. Esses são temas recorrentes na mídia, sendo
comuns em programas de televisão, na mídia impressa por meio de artigos
jornalísticos e revistas especializadas e na internet por intermédio de diversos sites,
blogs e vlogs1. Também existe uma apreciação dos serviços voltados às
necessidades específicas de cada cliente – o que explica o aumento da procura por
personal trainers, ocorrido a partir dos anos de 1990.
Segundo Sassatelli (2010), em seus estudos sobre a cultura relacionada ao
fitness, na maioria das sociedades, no decorrer da história, uma variedade de
práticas de decoração corporal, como por exemplo, roupas e adornos e mesmo
tatuagens e piercings são de extrema relevância para o indivíduo demonstrar sua
identidade social. O “corpo em forma” substitui de muitas maneiras a decoração
corporal, como uma das possibilidades de se demonstrar o status social e as
características de personalidade do indivíduo.
Já na visão de Silva et. al. (2013), ocorre intensa preocupação da população
com a aparência física e um descontentamento estético – aspectos que aumentam a
frequência às academias. Há ainda, uma busca por melhor qualidade de vida. Essas
preocupações beneficiam o personal trainer, uma vez que demandam a busca por
seus serviços.
Na definição de Sanches (2006, p. 51), o personal trainer é um “profissional
formado/graduado em educação física que ministra aulas personalizadas,
formulando e executando programas de treinamento específicos para cada aluno”.
Assim, o personal trainer trabalha com o que é chamado de personal training ou
treinamento personalizado, atividade definida por Domingues Filho (2002, p.19)
como uma:

Atividade física desenvolvida com base em um programa particular,


especial, que respeita a individualidade biológica, preparada e
acompanhada por profissional de Educação Física, realizada em horários
preestabelecidos para, com segurança, proporcionar um condicionamento
adequado, com finalidade estética, de reabilitação, de treinamento ou de
manutenção da saúde.

1 Amplamente difundido, o blog é um site de conteúdo autoral, basicamente composto por fotos e
textos. Já os vlogs, tecnicamente, são uma variação dos blogs porque apresentam vídeos.
12

Em sua obra, Roberts (1996) destaca que em meados dos anos de 1970,
algumas celebridades norte-americanas têm influência na divulgação do fitness,
como por exemplo, Arnold Schwarzenegger, no filme O exterminador do futuro e
Christopher Reeve, em Super homem. Na década seguinte, celebridades, tais como,
Cher, Madonna e outras “estrelas” de Hollywood, tornam-se divulgadoras, cabendo
destaque para Jane Fonda, por sua dedicação à produção de vídeos direcionados a
pessoas que desejam exercitar-se em casa.
A cobertura dada pela mídia ao treinamento personalizado ganha impulso no
início da década de 1980, assim como ginásios, localizados nas cidades de Los
Angeles e de Nova York, são citados em diversos artigos, como os locais onde surge
essa modalidade (BROOKS, 2008).
Para Deliberador (1998), a divulgação dos bons resultados obtidos por atrizes,
tais como, Madonna, Demi Moore e outras, torna-se relevante para que o
treinamento personalizado passasse a ser conhecido mundialmente.
No Brasil, a chegada da modalidade ocorre em meados dos anos 1980, com
grande avanço na década seguinte, em razão dos progressos científicos
relacionados ao exercício físico sistematizado e a divulgação pela mídia sobre a
importância e as vantagens da atividade física sob a orientação de profissionais
(BARBOSA e SIMÃO, 2008).
Desde então, esse tipo de serviço que, inicialmente é dirigido a um público
altamente elitizado, tais como, artistas, empresários e pessoas com alto poder
aquisitivo, tem se difundido e, hoje, atinge pessoas de outros segmentos
socioeconômicos (GARAY et al., 2008).
Segundo Gomes e Caminha (2014), a atual conjuntura aponta para a direção
da personalização dos serviços, favorecendo o tipo de serviço prestado por personal
trainers, que tem como base a elaboração de programas de treinamento específicos
para cada indivíduo.
A profissão é procurada por profissionais de Educação Física como forma de
obter maior remuneração do que aqueles empregados exclusivamente nas
academias. Acrescente-se ainda a maior satisfação do profissional em trabalhar com
o atendimento individualizado (CHIU et. al., 2010).
Não existem dados recentes sobre o perfil profissional dos personal trainers
no Brasil. A única pesquisa, abrangendo todos os estados da federação, intitula-se
Pesquisa nacional do perfil do personal trainer no Brasil, realizada em 2012, pelo
13

Portal de Educação Física e pela rede Test Trainer, com o apoio da Sociedade
Brasileira do Personal Trainer (SBPT).
O estudo objetiva traçar um cenário desse mercado, com informações
precisas sobre as formações acadêmicas, experiências profissionais, remunerações,
entre outros dados. Nessa pesquisa, os profissionais de Educação Física
preencheram um questionário quantitativo com perguntas objetivas sobre a
profissão. Foram enviados 2.307 questionários e 1.441 foram validados. Abaixo
seguem alguns dados sobre o perfil identificado:
• Gênero: 61% homens, 31% mulheres;
• Idade: a maioria dos profissionais (61%) situa-se na faixa dos 26 a 35
anos, apenas 6% tinham mais de 40 anos;
• Formação profissional: praticamente todos são formados em Educação
Física, o porcentual dos não formados em Educação Física é inferior a
0,5%. A maioria (76%) está entre 1 a 10 anos de formado, o que pode ser
explicado por se tratar de uma atividade que teve expansão recente na
área da Educação Física;
• Somente 13% atuam exclusivamente como personal trainer.
14

1.2. Problema de pesquisa

Atualmente, os cuidados com a saúde, com o corpo e com a forma física, são
valorizados, sendo temas constantemente abordados pela mídia. Há ainda um
incremento dos serviços direcionados às necessidades especificas de cada cliente,
caso do serviço prestado por personal trainers, cuja procura tem crescido desde os
anos 1990.
Este trabalho busca a compreender como numa relação de serviço pessoal e
personalizada, como é o caso do personal trainer, quais são os aspectos que são
valorizados e impactam positivamente na fidelização do aluno (cliente) a esse
serviço?

1.3. Objetivo geral

Para o personal trainer, que se encontra imerso num universo de competição


pela captura de novos clientes, torna-se necessário fidelizar o aluno à sua carteira
de clientes, já pelo lado do aluno, é de seu interesse, evitar a troca de profissional,
pois o processo de troca configura um incomodo.
Este trabalho tem como objetivo geral: compreender os significados da
relação estabelecida entre o aluno e o personal trainer e de que forma se estabelece
a fidelização do aluno ao profissional.

1.4. Objetivos específicos

A partir do ponto de vista dos alunos, a presente pesquisa tem como objetivos
específicos:
• Analisar quais são os objetivos com contratação do personal trainer;
• Examinar os motivos que levam a troca por outro profissional;
• Identificar as vantagens percebidas com a contratação e,
• Distinguir quais são os elementos valorizados na relação e que
impactam positivamente na fidelização ao serviço.
15

1.5. Justificativa do estudo

O setor de academias de ginástica e musculação apresentada números


expressivos, segundo os dados mais recentes, publicados pela Revista ACAD
Brasil (2018), editada pela Associação Brasileira de Academias, particularmente no
artigo IHRSA2 publica dados do mercado mundial de fitness, o mercado de
academias de ginásticas e musculação alcança em 2017, 174 milhões de clientes,
em 65 mercados, distribuídos por mais de 201 mil academias, com uma estimativa
de resultados da ordem de 87,2 bilhões de dólares.
Entre os anos de 2016 e 2017, embora o número de academias tenha se
mantido praticamente estável, ocorre crescimento no número de clientes e na
receita, com incremento de mais 12 milhões de clientes e de 5% na receita
(acréscimo de 4,1 bilhões de dólares). Segundo a publicação, o Brasil:
• Possui 34.509 academias e é o segundo no ranking mundial, sendo superado
apenas pelos Estados Unidos, com 38.477;
• Conta com mais de nove milhões de clientes, sendo o quarto no ranking
mundial, sendo superado por Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido e,
• Em termos de faturamento, está em décimo segundo lugar, com
aproximadamente 2,1 bilhões de dólares.
Esses resultados referem-se ao desempenho da indústria em 2017 e são
publicados pela IHRSA no Global Report - The State of the Health Club Industry,
relatório anual que traz dados sobre o fitness no mundo. O estudo coleta
informações de 65 mercados de quatro macrorregiões: Américas, Europa, Ásia-
Pacífico e MENA (sigla em inglês para Oriente Médio e Norte da África).
Como aluno de musculação há aproximadamente 15 anos, frequentei nesse
período, algumas academias e sou usuário dos serviços de personal trainers há
mais de nove anos. Na minha vivência em salas de musculação, observo um
interesse cada vez maior por parte dos alunos em obter um atendimento
personalizado e individualizado para a montagem e acompanhamento de exercícios
– circunstância que leva vários alunos a contratar os serviços de um personal trainer.
Nessa experiência, observei ainda ser comum o estabelecimento de uma
relação de longo prazo, muitas vezes de vários anos entre o profissional e o aluno,
tal situação aliada à importância econômica do setor de academias de musculação e

2
International Health, Racquet & Sportsclub Association.
16

ginástica, despertou-me o interesse, como aluno do Mestrado Profissional em


Comportamento do Consumidor - MPCC, em pesquisar essa relação de prestação
de serviço, baseada na pessoalidade e focada no atendimento das necessidades
específicas de cada indivíduo.
Durante a pesquisa bibliográfica, constata-se que para o tema “personal
trainer” a literatura disponível divide-se, basicamente em, duas grandes áreas: a
primeira, o treinamento físico propriamente dito, englobando a fisiologia, montagem
e a aplicação de programas de treinamento e, a segunda, assuntos relacionados ao
marketing, sendo abordadas, principalmente técnicas para a captação e a
manutenção do aluno junto à carteira de clientes do profissional.
Observa-se, também, que os livros e artigos pesquisados são normalmente
direcionados para profissionais de Educação Física que desejam atuar ou já atuam
como personal trainers. Esse material aborda a relação do personal trainer para com
o aluno, porém, quase sempre, sob a ótica do profissional, sendo menos comuns
artigos e livros sob a ótica do aluno (cliente), focando em seus desejos e impressões
sobre o trabalho desenvolvido pelo profissional.
A contribuição deste estudo está em abordar o tema sob a ótica do aluno,
tornando-se de grande relevância para profissionais que trabalham ou almejam
trabalhar com serviços corporais personalizados.
Para atuais ou futuros personal trainers, a presente investigação fornece
informações sobre quais são os aspectos que são valorizados pelos alunos em sua
relação com o profissional e que impactam positivamente na fidelização nesse tipo
de serviço.
Para os gestores e/ou proprietários de academias, as informações são úteis,
pois os alunos que contratam personal trainers são clientes mais rentáveis; eles têm
menor probabilidade de deixarem de frequentar a academia, além do que,
normalmente, existe uma parceria entre o profissional e a academia: o personal
trainer paga uma taxa mensal para a academia para utilizar suas instalações, ou
seja, a academia recebe duas vezes, uma do aluno e outra do profissional.
17

1.6. Estrutura da dissertação

Os capítulos estão estruturados da seguinte forma:

Introdução: aborda a importância do mercado de academias de ginástica e


musculação, o contexto histórico do surgimento do personal trainer e o crescimento
dessa atividade. Detalham-se também o problema de pesquisa, objetivos, objetivos
específicos, justificativa do estudo, método utilizado e como a dissertação é
organizada.
Referencial teórico: a revisão da literatura aborda a preocupação com o
corpo em diferentes momentos históricos, tendo como foco principal a
contemporaneidade. Elenca-se ainda as características e particularidades do
trabalho desenvolvido pelo personal trainer e como se processa o relacionamento
com seus alunos. E, por fim, discutem-se os aspectos relacionados à fidelização do
aluno ao serviço prestado.
Procedimentos metodológicos: contém a descrição do percurso
metodológico pelo qual a pesquisa é submetida, passando pela abordagem,
população da amostra, técnicas de coletas de dados e procedimentos de análise.
Apresentação dos resultados do estudo e discussão: depois da
transcrição e da leitura das entrevistas, são agrupados os trechos mais significativos
em categorias e subcategorias, o que permite identificar e entender quais são os
aspectos que impactam positivamente na fidelização ao serviço prestado pelo
personal trainer.
Conclusões: expõe as conclusões e possíveis limitações do estudo, bem
como sugestões para estudos futuros.
18

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Como ação inicial, efetiva-se uma pesquisa bibliográfica que, segundo


Fonseca (2002), é feita a partir do levantamento de referências teóricas já
analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, tais como, livros, artigos
científicos, páginas de web sites, entre outras fontes. Qualquer trabalho científico é
iniciado com uma pesquisa bibliográfica que permite ao pesquisador conhecer o que
já se estudou sobre o assunto
Durante a pesquisa bibliográfica sobre o tema personal trainer, constata-se
que a literatura disponível divide-se basicamente em duas grandes áreas: a primeira,
o treinamento físico propriamente dito, englobando a fisiologia e a montagem de
programas de treinamento e a segunda, o marketing.
Com relação ao treinamento físico, assinala-se que esse tema não é o objeto
de estudo desta dissertação. Quanto ao marketing, percebe-se que há
predominância do discurso empresarial, sendo comum a existência de livros e
artigos destinados a professores de Educação Física que pretendem iniciar ou
aprimorar seus conhecimentos como personal trainer. Nesses estudos, termos, tais
como, cliente, concorrência, negociação, marketing, aspectos contratuais,
credibilidade, serviço, propaganda, consumidor, produto, mercado e parcerias são
usados de maneira recorrente. Especificamente, sobre o formato dos livros, Bossle e
Fraga (2011. p. 152), afirmam que:

A maioria dos livros é concebida em formato de manual, pois prescreve


detalhadamente cada passo a ser dado em busca do sucesso como
personal trainer. Esses livros tipo “autoajuda” são endereçados a
professores de Educação Física que pretendem trabalhar como treinadores
personalizados e contêm orientações sobre estratégias de marketing,
marketing pessoal, marketing de adesão, captação de clientes, aspectos
contratuais, montagem de programas de treinamento e a preocupação com
a crescente concorrência no mercado de atividade física.

Assim sendo, a pesquisa bibliográfica aborda: a preocupação com o corpo em


diferentes momentos históricos, tendo como foco principal a contemporaneidade; as
características e particularidades do trabalho desenvolvido pelo personal trainer e
como se processa o relacionamento com seus alunos e, por fim, aspectos
relacionados à fidelização do aluno ao serviço prestado.
19

Quando a investigação recai sobre a relação personal trainer-aluno, observa-


se ser comum o uso, tanto do termo aluno quanto cliente. Desse modo, neste
trabalho, é usada a forma utilizada pelos autores referenciados. Porém, privilegia-se
o termo aluno, a fim de enfatizar a relação humana e de proximidade existente entre
o contratante (aluno) e o contratado (personal trainer).
O uso do termo aluno também denota o simbolismo da posição que o cliente
ocupa diante do personal trainer, uma vez que está numa hierarquia inferior de
conhecimento técnico, tem tarefas a cumprir e deve seguir as orientações dadas
pelo profissional, que é o professor nesse contexto. O termo aluno também serve pra
“trazer à tona”, como o cliente atribui significados e expectativas em relação ao
profissional.
O aluno que espera atingir seus objetivos em relação a melhorias
relacionadas à saúde, ao corpo e à estética. Já o professor, deve nesse jogo de
expectativas, ensinar, orientar, acompanhar e oferecer conhecimento técnico de
forma didática e aplicada às necessidades apresentadas pelo aluno. Nas
articulações entre aluno e professor estão fortemente presentes os papéis de
consumidor/cliente e contratado/fornecedor – o que acaba sendo um reflexo da
sociedade de consumo.
Sanches (2006) considera que o aluno é um consumidor, uma vez que se
estabelece uma relação de consumo entre as partes, ou seja, o profissional ao
prestar um serviço ao aluno deve ser remunerado por isso. De forma similar, Garay
et. al. (2008) consideram o uso do termo cliente adequado, pois cliente é uma
pessoa que consome um produto ou serviço, produzido ou disponibilizado por uma
empresa ou profissional.
20

2.1. Os cuidados dispensados ao corpo.

Para que se possa melhor entender os significados atribuídos ao corpo na


contemporaneidade, torna-se útil observar como o corpo é interpretado em
diferentes períodos históricos.
De acordo com Santin (apud Siebert, 1995, p. 17):

O corpo gerado pela filosofia não corresponde à realidade do corpo


existencial do homem e sim às exigências do saber racional, que no fundo
sustenta valores socioculturais, legitimando projetos econômicos e políticos.
O autor salienta que, com base em cada época, define-se o perfil corporal
do homem, de acordo com os valores, as exigências e os interesses de
projetos elaborados pela classe dominante.

Neste capítulo, apresentam-se, de modo breve, as diferentes interpretações


atribuídas ao corpo, desde a Grécia e Roma antigas até a contemporaneidade.
Pontuam-se os momentos históricos, nos quais ocorrem rupturas profundas na
forma como essa interpretação acontece.
21

2.1.1. Da Grécia e Roma antigas ao século XIX.

Na Grécia Antiga, a preocupação dos filósofos se centra nos cuidados que o


indivíduo deve dispensar para consigo. Tais cuidados possuem um sentido amplo; é
necessário preocupar-se com as perturbações do corpo físico e com as da alma. De
acordo com Foucault (1985, p.46) observa-se nos textos dos filósofos dos primeiros
séculos:

[...] a insistência sobre a atenção que convém ter para consigo mesmo; é a
modalidade, a amplitude, a permanência, a exatidão da vigilância que é
solicitada; é a com todos os distúrbios do corpo e da alma que é preciso
evitar por meio de um regime austero; é a importância de respeitar a si
mesmo.

Nas épocas helenística e romana, o cuidado individual se reflete,


principalmente na dietética, sendo essa um tipo de regime que fixa regras para a
conduta que abrange cuidados com o corpo e a alma. Sobre a dietética Foucault
(1984, p. 92-93) afirma que:

[...] a própria “dieta”, o regime é uma categoria fundamental através da qual


se pode pensar a conduta humana; ela caracteriza a maneira pela qual se
conduz a própria existência e permite fixar um conjunto de regras para a
conduta: um modo de problematização do comportamento que se faz em
função de uma natureza que é preciso preservar e a qual convém formar-se.
O regime é toda uma arte de viver.

Foucault (1984) diz que o regime leva em conta numerosos elementos da vida
de um homem, envolvendo medidas adequadas dos exercícios físicos, dos
alimentos, das bebidas, do sono e das relações sexuais. Em complemento, cita que
em relação aos exercícios se distinguem aqueles que são naturais, tais como, andar
e passear, e aqueles que são violentos, tais como, a corrida e a luta. Existem regras
sobre quais são adequados praticar e com que intensidade, em função da hora do
dia, do momento do ano, da idade do sujeito e da sua alimentação.
A partir desse ponto, discutem-se as atividades corporais propriamente ditas.
Para Siebert (1995), na Grécia antiga, o corpo é visto como elemento de glorificação
e de interesse do Estado. O corpo do atleta olímpico é valorizado ao ponto do
vencedor obter regalias do Estado.
Em Atenas há a preocupação com o modo de instrução corporal,
prevalecendo o ideal do homem belo e bom. Em Esparta, as atividades corporais
têm lugar de destaque na educação dos jovens, sendo-lhes exigido um corpo
saudável e fértil.
22

Nas demais cidades gregas, a atividade corporal contribui para o sucesso dos
famosos jogos olímpicos que servem de coesão cultural. Com a dominação romana
sobre os gregos, os mesmos sofreram um processo de aculturação, passando o
corpo, nas camadas mais pobres a ser preparado para exercícios de aplicabilidade
bélica, ou seja, é preparado para ações com predominância de natureza técnica.
Nas camadas mais abastadas da população, existia o culto ao belo.
Os autores Braustein e Pépin (1999) argumentam que, na sociedade grega, a
prática de exercícios físicos e a educação corporal são valorizadas e consideradas
como uma forma de se chegar mais próximo dos deuses, integrando corpo e
espírito. O corpo é um caminho de aproximação e de veneração aos deuses. O culto
ao corpo é relacionado à atividade religiosa, uma vez que é pelo corpo que os
gregos acreditam se assemelhar aos deuses.
O ensino da ginástica é confiado aos pendotribos que exercem,
simultaneamente, as funções de mestre de ginástica, professor de higiene, de
medicina do desporto e divulgadores da ética do comportamento desportivo. Os
locais onde se ensina a ginástica são indicados, indiferentemente, pelo termo ginásio
ou palestra. Palestra é o terreno do exercício rodeado do estádio, formando o
conjunto o ginásio. Deve-se aos atletas gregos o hábito do exercício em locais
especializados, sob a autoridade de professores ou com a ajuda de especialistas.
Com o domínio político do império romano sobre a Grécia, o atletismo e a
ginástica não são mais vistos como artes praticadas visando os jogos olímpicos. Os
jovens romanos são treinados, quase unicamente, com finalidades militares; treinam
sem procurar outra finalidade, além da eficácia no combate. Preparam-se para as
situações de guerra: saltar, lançar o dardo, correr, nadar, montar a cavalo,
endurecer-se contra o frio e o contra o calor e praticar esgrima.
Segundo Foucault (2006), com o crescimento do cristianismo, a filosofia do
cuidado consigo acaba sendo substituída pelos ideais cristãos que têm como
objetivos afastar as tentações, ilusões e seduções da vida terrena e,
consequentemente, possibilitar a salvação da alma.
Já Neves (1978) argumenta que a ideologia cristã procura esconder o corpo,
resultando num contexto social de repúdio a ele. Porém, nos momentos de
penitência, o corpo pode ser usado como uma possibilidade de salvação da alma,
como por exemplo, nas autoflagelações. Nesse período histórico, existe uma
dualidade na visão do corpo: ele pode ser, tanto responsável pelo pecado como pela
23

redenção da alma. As doenças e outros problemas corporais ou psicológicos são


encarados como justos castigos divinos, assim sendo, são incontestáveis.
Sobre a questão corporal, Siebert (1995, p. 18) diz que:

Os dados encontrados na Idade Média, quanto à cultura corporal, são de


acentuado desprestígio, isto é, toda e qualquer preocupação com o corpo foi
proibida. A influência da Igreja era grande extinguindo até os Jogos
Olímpicos. Os preceitos religiosos e o bem da alma eram colocados em
oposição ao corpo.

Por influência da Igreja Católica, surge a tendência de conceber o corpo como


algo pecaminoso, desvalorizado e profano. Há, portanto, uma separação entre corpo
e alma, sendo valorizada a alma em detrimento do corpo. Deve-se procurar a
salvação da alma que está acima dos desejos e prazeres da carne. Imagina-se o
corpo como culpado e perverso e, consequentemente, necessitando de purificação.
Com a chegada do Renascimento, ocorrem mudanças na forma de interpretar
a realidade e na concepção do corpo; Siebert (1995) aponta que surge a
preocupação com a liberdade do ser humano, valorizando a realização terrena por
meio do trabalho dos artesãos. Nesse período, acontece a redescoberta do corpo,
principalmente no que se refere às artes: o nu aparece com destaque para muitos
pintores famosos, tais como, Michelangelo, Leonardo Da Vinci, entre outros. Ocorre
ainda a retomada de ideais estéticos gregos com consequentes reflexos na forma de
se representar o corpo. Sobre esse aspecto Braustein e Pépin (1999, p. 95), dizem
que:

No século XVI, o estatuto do corpo modifica-se com isso: o corpo desnuda-


se; se bem que a arte deste período permanece cristã, ela continua a narrar
a paixão, mas mostra o corpo de Cristo, bem como o dos santos,
desnudado. O corpo grego está de volta, através de uma visão inteiramente
cristã.

No século XVIII, o saber científico ocupa lugar de destaque na sociedade.


Segundo Siebert (1995, p. 21):

O corpo passou a ser estudado e investigado num contexto médico-


científico preocupado em classificar os casos de patologia física e psíquica
com a finalidade de normalização de condutas tidas como
“anormais/desviantes”, dando origem a uma ciência que precisava saber
tudo sobre o corpo, para poder controla-lo melhor no campo da saúde
pública.

Para Braustein e Pépin (1999, p. 113), “o século XVIII tendo repelido o modelo
de compreensão do mundo dominado por um princípio de analogia, vai dar conta do
ser vivo, segundo uma explicação mecanicista”.
24

Conforme Siebert (1995), na Europa desse período é concebido o Estado


burguês e a burguesia. Essa como nova classe busca manter sua hegemonia,
investindo num tipo de homem que se adapte à nova ordem político-econômica.
Segundo a autora:

Para garantir o aumento das forças produtivas do corpo, é exigido um


sistema preciso de comando. Nesse sentido, são utilizados exercícios
bastante eficientes, orientados por ordens que não precisam ser explicadas
e que devem ser, se possível, transmitidas por sinais. O sinal como uma
técnica de comando/obediência deve ser associado a uma ordem que vai
provocar uma reação, produzindo o comportamento que se deseja. A
disciplina é que vai produzir, por coerção permanente, pela prescrição de
programas, da imposição de exercícios e de organização de táticas, o tipo
de indivíduo que se necessita em determinada época. (SIEBERT, 1995, p.
25).

Foucault (1987) aborda, em seu trabalho, a questão da disciplina corporal. De


acordo com autor, na era clássica3, com a revolução industrial, o corpo é percebido
como objeto e alvo de poder. É do interesse do Estado burguês, um corpo que pode
ser manipulado, modelado, treinado, que obedece (sem questionamentos), que se
torna hábil na execução de suas tarefas, um corpo cujas forças produtivas devem
ser potencializadas.
Nesse período, o corpo é entendido como um corpo-máquina. É através do
trabalho executado pelo corpo que são possíveis o desenvolvimento da manufatura
e a propagação do capitalismo. Ocorre, então, a ampliação das técnicas
disciplinares com a finalidade da obtenção de corpos dóceis e submissos. Segundo
o autor:

A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos dóceis. A


disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade)
e diminuí essas mesmas forças (em termos políticos de obediência).
(FOUCAULT, 1987, p.127).

No século XIX, com o capitalismo propaga-se a produção industrial na qual a


instrumentalização do corpo faz-se necessária para aumento da produtividade. A
padronização dos gestos e movimentos instaura-se nas manifestações corporais. As
novas tecnologias de produção em massa desencadeiam um processo de
homogeneização dos gestos e hábitos que se estende a outras esferas sociais, entre
elas, a educação do corpo que se identifica não só com as técnicas, mas também
com os interesses da produção (HOBSBAWN apud PELEGRINI, 2006).

3Foucault delimitou três grandes épocas da história da humanidade: o Renascimento (século XVI), a
Era Clássica (séculos XVII e XVIII) e a Era Moderna (séculos XIX e XX).
25

Nesse ponto, dá-se agora um salto para a contemporaneidade, período que é


foco desta dissertação, no qual são abordados aspectos relacionados à cultura do
fitness e ao trabalho do personal trainer. Note-se que esses assuntos são abordados
nos próximos capítulos.
26

2.1.2. O corpo na contemporaneidade

Na sociedade capitalista, acontece uma mudança na forma como o corpo é


interpretado. Segundo Baudrillard (2005, p. 136), o corpo torna-se um objeto de
consumo. Sobre esse aspecto, o autor diz que: “na sociedade capitalista, o estatuto
geral da propriedade privada aplica-se igualmente ao corpo, à prática social e à
representação mental que dele se tem”.
Ocorre uma valorização do corpo, corpo esse que está sempre em exposição
e para o qual são dispendidos vários tipos de cuidados. Observa-se que:

[...] a obsessão pela juventude, elegância virilidade/feminilidade, cuidados


regimes, práticas sacrificiais que com ele se conectam, o Mito do Prazer que
o circunda tudo hoje testemunha que o corpo se tornou objeto de salvação.
Substitui literalmente a alma, nesta função moral e ideológica.
(BAUDRILLARD, 2005, p. 136).

Nessa direção, o autor tem uma visão instrumental do corpo – um corpo-


objeto que deve ser cuidado com investimentos para a sua manutenção e,
possivelmente, modificações para atender ao padrão de beleza apregoado pela
sociedade de consumo.
Sassatelli (2010, p. 1) também aborda a questão da instrumentalidade do
corpo:

Na modernidade ocidental, o corpo humano tem sido investido de


racionalidade instrumental, sendo disciplinado como um instrumento de
trabalho, uma utilidade, uma função, enquanto continua a funcionar como o
símbolo supremo para que o sujeito demonstre que é possuído, civilizado ou
de outra forma valioso.

Por meio dos avanços da ciência, tais como, cirurgias plásticas, intervenções
estéticas e cuidados personalizados (contratação de um personal trainer, por
exemplo), pela primeira vez na história, tem-se a possibilidade de moldar e modificar
o corpo. Sobre o valor atribuído ao corpo Baudrillard (2005, p. 136) diz que:

[...] a obsessão pela juventude, elegância virilidade/feminilidade, cuidados


regimes, práticas sacrificiais que com ele se conectam, o Mito do Prazer que
o circunda tudo hoje testemunha que o corpo se tornou objeto de salvação.
Substitui literalmente a alma, nesta função moral e ideológica.

O corpo é ao mesmo tempo formador e reflexo da identidade do indivíduo. E


esse último é o responsável pela sua construção e manutenção ou, como diz Le
Breton (2008, p. 30):
27

A relação do indivíduo com seu corpo ocorre sob a égide do domínio de si.
O homem contemporâneo é convidado a construir o corpo, conservar a
forma, modelar sua aparência, ocultar o envelhecimento ou a fragilidade,
manter sua “saúde potencial”. O corpo é hoje um motivo de apresentação
de si.

Não se aceita mais passivamente as imperfeições do corpo; procura-se


transformá-lo, modificá-lo, reconstruí-lo com o objetivo de se atingir o corpo objeto
desejado e ser reconhecido socialmente através dele.
Giddens (2002) discute sobre o processo de estruturação da identidade do
indivíduo, abordando a importância do corpo nesse processo, porém seu trabalho
tem como enfoque a busca pelo indivíduo por seu lugar na sociedade globalizada e
na formação de estilos de vida.
Segundo o autor, o indivíduo adota comportamentos diferentes em função do
local, contexto ou situação na qual se encontra inserido, através dessa estratégia
visa sua integração e aceitação, possibilitando que se sinta mais confortável e
seguro.
Uma das possíveis estratégias utilizadas pelo indivíduo para encontrar essa
integração e aceitação são os regimes e as dietas, isto no que se referem aos
métodos empregados para manter a forma física (dietas, exercícios físicos etc.) ou
ainda, no sentido conotativo aplicado para estilos de vida, tais como, os regimes
sexuais (celibato, por exemplo). O autor aborda o significado da disciplina corporal:

A disciplina corporal é intrínseca ao agente social competente; é


transcultural mais do que especificamente ligada à modernidade [...]. E o
mais importante, o controle rotineiro do corpo é parte integrante da natureza
mesma tanto da agência quanto de ser aceito pelos outros como
componente. (GIDDENS 2002, p. 58-59).

E Giddens (2002, p. 59) completa ainda: “o controle regular do corpo é um


meio fundamental através do qual se mantém uma biografia de autoidentidade; e, no
entanto, ao mesmo tempo o eu está sempre ou quase sempre ”em exibição” para os
outros em termos de sua corporificação”.
Nesse sentido, o poder do corpo na vida em sociedade é incontestável: para
incluir-se, manter-se ou ter uma melhor posição em determinados grupos sociais,
torna-se necessário uma adequação do corpo aos modelos corporais compatíveis
com as exigências e expectativas do grupo.
28

2.1.3. A busca do corpo ideal

Dependendo do tipo de sociedade em que o indivíduo está inserido, existem


diferentes modelos de corpos socialmente desejáveis. Para Le Breton (2006), o
corpo é moldado em função do contexto social e cultural em que o indivíduo se
encontra; ele é um dos meios através do qual a relação com o mundo é construída.
O corpo hoje ocupa posição de destaque no imaginário social. Ele torna-se
um valor de distinção na vida, tanto de homens como mulheres, por estar sempre
em exposição; deve ser cuidado para atender aos padrões de beleza apreciados e
propagados pela mídia; não estar gordo, por exemplo, é quase que uma obrigação
social. Ter um corpo bonito, jovem e atraente é extremamente valorizado – constitui-
se numa espécie de obrigação a ser cumprida.
De acordo com Malysse (2002, p. 118):

A aparência corporal parece ter um papel determinante nos processos de


aquisição de identidade e de socialização; na condição de variável
determinante e determinada, vetor de símbolo de poder, ela se torna o
ponto de encontro de forças sociais múltiplas (política, economia, história,
religião).

Não cuidar do corpo, em determinados círculos sociais, principalmente nos


círculos de classe média ou alta, muitas vezes é associado à preguiça ou ao
desleixo. Da mesma forma que existe essa cobrança externa, existe a cobrança
interna, uma vez que o indivíduo acaba cobrando-se para atingir um corpo mais
próximo ao padrão de beleza hegemônico.
Hoje, há grande cobrança por uma boa aparência e um “corpo em ordem”.
Para Pàges-Delon (apud LE BRETON, 2006), a aparência corporal é de tal
relevância que constitui uma espécie de “capital” cuja apresentação física parece
valer socialmente pela apresentação moral. Dessa forma, a boa aparência torna-se
uma espécie de cartão de visitas do indivíduo.
Para Sabino (2004), na contemporaneidade, uma cultura corporal, na qual o
corpo passa a funcionar como uma maneira de classificar o indivíduo em grupos,
conforme o tipo de corpos que apresentam, está se estabelecendo, através de
padrões estéticos que passam a ser perseguidos por grande número de indivíduos
insatisfeitos com seus corpos. Almeja-se, muitas vezes, uma condição física
inalcançável, o que leva muitas vezes a procura de soluções químicas para
aumentar o ganho muscular, como por exemplo o uso de anabolizantes.
29

O corpo em forma é valorizado e isso é reforçado pela mídia:

O corpo ágil e energético, definido e esbelto, com seus contornos firmes e


tonificado é um ícone poderoso da cultura ocidental contemporânea,
especialmente como o proposto pela publicidade e pela cultura comercial.
Não só o corpo tonificado e em forma tornou-se uma imagem comercial,
mas também os ginásios de fitness e as clínicas de saúde tornaram-se
altamente visíveis como os locais onde tal corpo é produzido.
(SASSATELLI, 2010, p. 1).

Segundo a autora, existe uma cultura da aptidão física. Busca-se um “corpo


em forma”, um ideal relativamente abstrato que se relaciona com uma visão
instrumental das características subentendidas do corpo, tais como, resistência e
tónus muscular, compatíveis com diferentes formas de corpo. A aptidão física é
principalmente uma forma de negociar a relação corpo-consigo. O treinamento de
condicionamento físico é considerado um meio de mudar o próprio corpo, imagem,
capacidades, percepções e, portanto, o próprio eu. Em seu artigo sobre o discurso
associado à cultura do fitness, Schwengber et. al. (2018, p. 1174), dizem que:

Há um aparato discursivo-cultural que enaltece os corpos fortes,


energéticos, tonificados, firmes, objetivando e subjetivando os sujeitos (...).
Desse modo, ser um sujeito detentor de um corpo sarado, que apresenta
vitalidade e energia, é representativo da cultura do fitness. Esse fato tem
caracterizado as sociedades ocidentais contemporâneas e marcado um
status no qual existe um imperativo de que homens e mulheres cuidem e
desenvolvam atleticamente os seus corpos.

Outra preocupação da contemporaneidade é evitar a velhice. Procura-se


ampliar a duração do corpo humano através do uso de todos os recursos
disponíveis. Porém, não basta viver mais; é preciso também investir na manutenção
de uma aparência jovem, ter um corpo “em ordem” e aparentar juventude. Tudo isso
é o objeto de desejo a ser perseguido. Sobre essa característica Melucci (2004, p.
129) diz que “(...) o envelhecer e o ser velho são temas que projetam uma sombra
de inquietude sobre a sociedade solar, que celebra o culto do corpo jovem e
eficiente”.
A velhice surge como um problema a ser evitado de todas as formas
possíveis. Deve-se manter o corpo jovem e saudável. Faz-se necessário, pelo
menos, para aqueles que têm poder aquisitivo suficiente, o auxílio de especialistas,
tais como, médicos, cirurgiões plásticos, nutricionistas, personal trainers, entre
outros.
30

Melucci (2004, p. 105) defende que a vida cotidiana “(...) não é mais o campo
da experiência e das relações, mas um espaço de atenção e de intervenção para
uma quantidade de especialistas que identificam problemas e nos propõe soluções”.
Para se alcançar o corpo desejado, os exercícios físicos tornam-se o caminho
a ser seguido – fato que leva à busca por academias de ginástica e musculação.
Segundo Novaes (2001), diversas pesquisas demonstram que a adesão à prática do
exercício físico, em especial o realizado em academias de ginástica, tem
apresentado crescimento e se tornado um fenômeno sociocultural importante.
Para o universo dos frequentadores das academias, particularmente para
aqueles que desejam um atendimento personalizado e adequado às suas
necessidades, torna-se uma opção, caso disponham dos recursos financeiros, a
contratação de um especialista em cuidados corporais, o personal trainer.
31

2.1.4. O corpo na academia.

Ter um “corpo em ordem” é para muitos um projeto de vida, no qual se deve


investir tempo e recursos financeiros para sua execução. Nesse contexto, as
academias são os locais onde existem os recursos humanos, tais como, professores
das mais diversas modalidades (musculação, step, yoga, bike etc.) e instrumentais
(equipamentos para diversas finalidades). São locais onde se torna possível, com
mais eficiência, a execução desse projeto. É também, nas academias que,
normalmente, o personal trainer desenvolve seu trabalho junto a seus clientes.
Sobre as academias Sassatelli (2010, p.7) diz que:

As academias estão firmemente presentes no discurso do exercício físico


como o principal local onde o corpo em forma é produzido e consumido, são
instituições específicas onde os formadores traduzem as suas competências
para o público para satisfazer as expectativas, ilusões e delírios dos
consumidores e proporcionam um espaço dedicado onde os significados e
objetivos do treino físico são continuamente negociados juntamente com as
identidades dos participantes.

A autora argumenta que as academias surgem como subprodutos ou como a


reação de injunções normativas lideradas comercialmente e que convidam os
indivíduos a assumir responsabilidade pelos seus corpos e a investir em sua
manutenção para realizar uma autoapresentação culturalmente apropriada.
Para Malysse (2002), o corpo que se busca nas classes médias brasileiras e,
consequentemente, nas academias é o corpo propagandeado pela mídia, um corpo
quase perfeito em suas formas e contornos, um corpo irreal e que o autor chama de
corpo “virtual”. Sobre esse aspecto diz que:

O corpo “virtual” apresentado pela mídia é um corpo de mentira, medido,


calculado e artificialmente preparado antes de ser traduzido em imagens e
de tornar-se uma poderosa mensagem de corpolatria. (MALYSSE, 2002, p.
93).

Na sociedade contemporânea, marcada pelo individualismo, a academia é um


dos locais onde o indivíduo tem uma clara oportunidade de investir em si mesmo;
investir em seu projeto corporal que pode ser variado, como por exemplo, perder
peso, ganhar músculos, aumentar a flexibilidade e a agilidade, aprender uma luta,
entre outros possíveis.
De acordo com Sassatelli (2010, p. 2), na sociedade ocidental
contemporânea, vive-se numa cultura da aptidão física. A autora afirma que: “a
cultura contemporânea da aptidão física ocorre no contexto histórico de um aumento
32

do investimento em poder/conhecimento no corpo através do uso de técnicas


disciplinares expansivas e positivas”.
Sobre a finalidade das atividades desenvolvidas nas academias Malysse
(2002, p.95), diz que:

[…] o objetivo não é a performance esportiva ou a socialização graças a um


esporte de equipe, mas sim a busca de um bem-estar físico e psíquico, a
busca da boa forma e da magreza que permitem uma boa apresentação do
corpo aos outros e, portanto, a socialização por meio de uma performance
mais estética do que esportiva.

Sassatelli (2010) também aborda a questão do bem-estar físico e psíquico


dos frequentadores de academias. Conforme a autora, os clientes que superam a
fase inicial de adaptação à atividade escolhida, sem desistirem – o que nessa fase
inicial é bastante comum – relatam que investir em seu projeto corporal, embora
demande esforço e suor é gratificante, pois o indivíduo sente que está investindo em
algo útil que traz resultados positivos para sua vida em termos de saúde, estética e
convívio social.
33

2.2. O personal trainer

O personal trainer é definido por Sanches (2006, p. 51) como um “profissional


formado/graduado em Educação Física que ministra aulas personalizadas,
formulando e executando programas de treinamento específicos para cada aluno”.
Ele trabalha com o que é chamado de personal training ou treinamento
personalizado, atividade definida por Domingues Filho (2002, p.19) como uma:

(...) atividade física desenvolvida com base em um programa particular,


especial, que respeita a individualidade biológica, preparada e
acompanhada por profissional de Educação Física, realizada em horários
preestabelecidos para, com segurança, proporcionar um condicionamento
adequado, com finalidade estética, de reabilitação, de treinamento ou de
manutenção da saúde.

Segundo Chiu et. al. (2011), o personal trainer fornece instruções


personalizadas dos exercícios físicos adequados para o aluno, levando em
consideração as suas condições de saúde (Figura 1). Para atingir esse fim,
emprega sua formação acadêmica e experiência profissional, dando atenção à
execução adequada do exercício e a sua segurança.

Figura 1: Personal trainer supervisionando aluno. Fonte:


https://www.ergolife.com.br/blog/academia/personal-trainer-e-mesmo-necessario/. Acesso em 10 out.
2019
34

No Brasil, de acordo com a resolução nº 046 de 2002 do Conselho Federal de


Educação Física (CONFEF), para exercer a função de personal trainer é preciso ser
graduado em Educação Física.
O trabalho é desenvolvido, normalmente, através de um número de encontros
semanais previamente acordados. Normalmente, as aulas duram 60 minutos.
Quanto à duração das aulas, nas palavras de Barbosa e Simão (2008, p. 153):

A duração do tempo que ficamos com cada cliente durante a sessão de


treinamento deve ser o suficiente para aplicarmos adequadamente o
treinamento pretendido e que constitua um ótimo benefício personal-cliente,
no que se refere ao valor cobrado pelo tempo despendido. A duração de
uma hora das sessões de treinamento personalizado já está padronizada
pela grande maioria dos profissionais que atuam nesse segmento

Quanto à faixa etária dos alunos, Bossle (2009 p. 39) comenta que:

Não há limite de faixa etária para esta modalidade: crianças, adolescentes,


adultos e idosos fazem parte do público atendido pelo personal trainer. As
aulas ou treinamentos precisam ser flexibilizados e diversificados pelo
personal trainer para que estejam adequados às características de cada
faixa etária, seus objetivos e preferências.

O personal trainer desenvolve seu trabalho, normalmente, com apenas um


aluno, durante o período de sua aula, tendo como função a elaboração de
programas de treinamento específicos para as particularidades de cada indivíduo,
assim, a literatura aponta para o profissional como um especialista em cuidados
corporais (GOMES e CAMINHA, 2014).
O profissional exerce grande influência nas rotinas de seus clientes,
envolvendo além da prescrição adequada da série de exercícios, aspectos, tais
como, alimentação e suplementação. Segundo Monteiro (2011), o personal trainer é,
antes de tudo, um educador e um modificador de comportamentos. É um profissional
que assume a responsabilidade de conduzir o seu cliente no caminho da educação
para a saúde.
De acordo com os parâmetros colocados por Novaes e Viana (1998), o
profissional pode desenvolver seu trabalho de três formas: individualmente, em
grupos reduzidos ou fazendo supervisão. Sobre cada uma dessas modalidades de
atendimento, dispõe-se que:
• Individualmente: é considerada a maneira ideal, pois com ele o aluno recebe
uma orientação constante, não só em relação aos exercícios e tarefas que
realiza, mas também conta com uma observação e correção permanente dos
seus movimentos, além de ser motivado para a conclusão de seu treino.
35

• Grupos reduzidos: o ideal é que não ultrapasse quatro alunos


simultaneamente, para que se possa manter maior personalização do
atendimento. Essa forma normalmente traz vantagens em relação ao preço
para os alunos, já que o valor da hora aula de um grupo resulta,
provavelmente, em um desconto. Também o fator motivacional tem suas
vantagens, pois os grupos reduzidos normalmente são formados por pessoas
que já possuem um bom relacionamento e procurarão incentivar umas às
outras para o cumprimento das atividades.
• Supervisão: o aluno recebe um programa de treinamento, uma planilha, na
qual devem constar as atividades propostas, o tempo de duração, o ritmo, o
local etc. Não há o acompanhamento individualizado das sessões, mas
ocorrem revisões periódicas através de relatórios semanais ou mensais que o
aluno é obrigado a entregar ao personal trainer. Essa forma é mais utilizada
com atletas, pois estes já estabeleceram um grau de conhecimento tanto das
atividades propostas como do próprio corpo. Além de que os atletas
dependem de seus resultados para a sua sobrevivência no esporte, o que
lhes proporciona maior responsabilidade no cumprimento das tarefas.
36

2.2.1. Competências e habilidades do personal trainer.

Para se exercer a função de personal trainer são necessárias algumas


habilidades, tais como, treinamento acadêmico, experiência prática, inteligência,
julgamento correto e excelentes habilidades de comunicação. Deve também ter um
forte compromisso com o aluno e entender o valor do seu trabalho (O’Brien, 1999).
O profissional deve possuir algumas competências específicas, dentre elas,
desenvolver um programa particular de treinamento que respeite as individualidades
fisiológicas de cada cliente, preparar e acompanhar os alunos e realizar as
atividades em horários preestabelecidos. São necessários conhecimentos nas áreas
de treinamento desportivo, primeiros socorros, marketing esportivo, atividades
aquáticas, avaliação física, entre outros (TEIXEIRA, 2013).
Sobre as habilidades necessárias, Gomes e Caminha (2014, p. 569),
consideram desejável que o profissional apresente:

Flexibilidade; autonomia; versatilidade; atualização constante (formação


continuada); motivação intrínseca e equilíbrio entre experiência
prática/conhecimentos teóricos. Além destas, os estudos apontam a
necessidade de o profissional saber lidar com situações-problema de forma
eficaz, favorecendo a obtenção da confiança do cliente. Isto irá resultar na
fidelização do mesmo.

De acordo com Chiu et. al. (2011), no tipo de serviço prestado, o personal
trainer interage a cada nova aula com o aluno, sendo por isso considerado um
prestador de serviços de alto contato. Uma vez que o contato com o aluno é muito
frequente, muitas vezes existem várias aulas na semana, para o personal trainer é
fundamental estabelecer e manter um bom relacionamento pessoal com seu aluno.
Assim sendo, para Brooks (2008), não são suficientes para ser um bom
profissional apenas certificados e estudos. É necessário saber se relacionar com
pessoas, sendo a melhor combinação o profissional que entende como os clientes
reagem a seu incentivo e tem os conhecimentos adequados para fundamentar seus
métodos.
Na visão de Palmatier et. al. (2006), para que os clientes percebam o valor
proporcionado num relacionamento, é necessário que recebam benefícios reais
desse convívio, como por exemplo, a economia de tempo, a conveniência e o
companheirismo. Isto aumenta a sua vontade para desenvolver vínculos relacionais.
Tem ocorrido, nos últimos anos, um aumento da procura pelos serviços de
37

personal trainers. Os consumidores estão mais exigentes em relação ao profissional,


tendo como consequência a exigência de habilidades e de competências que não
ficam restritas à prescrição e ao acompanhamento adequado dos exercícios. Torna-
se necessário ainda o entendimento das preferências desses clientes e, nesse
contexto, aspectos referentes ao marketing tornam-se instrumentais para captar e
manter os clientes (COSTA et. al., 2011).
38

2.2.2. Públicos atendidos e locais de trabalho

Quando se pensa em personal trainer, logo se imagina o profissional que


trabalha exclusivamente numa academia de ginástica, orientando séries de
musculação, porém, esse profissional pode trabalhar com outros públicos, como por
exemplo, atletas, obesos, cardiopatas, entre outros (BROOKS, 2008; BOSSLE,
2009; BARBOSA e SIMÃO, 2008).
Segundo Novaes e Viana (1998), o trabalho desenvolvido pelo personal
trainer pode ser realizado em diversos locais, de preferência do profissional ou do
aluno, sendo os mais utilizados: academias, clubes, domicílio, parques, ruas e
condomínios.

Academias:

Segundo Hansen e Vaz (2004), as academias são espaços dedicados à


tonificação corporal, lugares onde através de sua infraestrutura e do público que as
frequenta, o discurso o treinamento desportivo é colocada em prática.
Para Novaes e Viana (1998), pela diversificação das atividades propostas, as
academias (Figura 2) adquirem lugar de destaque na realização das atividades
físicas e no trabalho do personal trainer.

Figura 2: Academia localizada na região central da cidade de São Paulo. Fonte: foto do autor.

Além da musculação, os clientes têm a opção de várias modalidades de


ginástica e aulas em grupo, como por exemplo, aeróbica, local, alongamento,
39

funcional, step, body pump, bike, entre outras (Figura 3). Dentro da academia, o
profissional tem a opção de trabalhar o público-alvo de duas formas: individualmente
ou em grupos reduzidos.

Figura 3: Tabela de horário das diversas atividades disponíveis em uma academia da região central
da cidade de São Paulo. Fonte autor

Em conversas com alguns profissionais, constata-se que existe uma parceria


entre esses e a academia, na qual atendem seus alunos: o personal trainer paga
uma taxa, normalmente, mensal para a academia para utilizar suas instalações.
40

Cabe observar que independente dessa taxa o aluno paga sua mensalidade para a
academia normalmente.
A taxa paga pelo personal trainer para a academia pode ser por aluno
atendido e por um valor mensal fixo, acertado entre ele e a academia – essa
segunda opção é mais comum, quando o profissional atende vários alunos na
mesma academia.
Abaixo segue folheto afixado numa academia da região central da cidade de
São Paulo (Figura 4), informando aos personal trainers disponíveis, o valor da taxa
mensal que deve ser pago para o atendimento de até cinco alunos, quantidade essa
informada pelo gerente da academia.

Figura 4: Folheto de academia da região central da cidade de São Paulo, informando a taxa cobrada
pela academia do personal trainer. Fonte: autor

Segundo Novaes e Viana (1998), fora da academia, os demais locais de


atendimento, apresentam algumas particularidades, conforme detalhado abaixo:
41

Clubes.

A maioria dos clubes modernos possui uma estrutura parecida com a das
academias. Os associados podem optar por algumas das modalidades que
poderiam realizar em uma academia ou escolher atividades esportivas, como
futebol, voleibol, basquetebol etc.

Domicílio.

Alguns clientes possuem verdadeiras academias dentro de suas residências,


o que logicamente facilita a função do personal trainer. Mas, poucos têm condições
financeiras ou estruturais para isso. O profissional deve recomendar ao cliente que
adquira, gradualmente, o material mínimo necessário para a realização das
atividades propostas. De qualquer maneira, o profissional deve possuir um
equipamento de viagem que leva sempre que necessário.

Parques, ruas e condomínios.

Para esses locais, o personal trainer deve levar parte de seus equipamentos e
utilizar o espaço físico e estrutural oferecido. Normalmente, o trabalho é realizado
para grupos reduzidos, principalmente em condomínios.
42

2.2.3. Objetivos ao contratar um personal trainer

Segundo Oliveira (1999, p. 7- 8), a procura por personal trainers surge no


Brasil, basicamente pelos seguintes motivos:
• procura por profissionais sérios e habilitados da área de Educação
Física para ministrar um programa de atividade física;
• busca de resultados significativos a curto prazo;
• falta de um melhor atendimento ao cliente na maioria das academias;
• o desinteresse de muitas pessoas, principalmente as da faixa etária
acima de 30 anos, em frequentar as academias por motivos diversos;
• a “falta de tempo” e a exigência de privacidade de pessoas muito
ocupadas profissionalmente;
• a necessidade, manifestada das pessoas, de serem bem orientadas,
num programa de exercícios físicos, para a melhora da qualidade de
vida;
• recomendação médica;
• treinamento específico para atletas, principalmente de esportes
individuais e,
• treinamento para grupos especiais.

Já Barbosa e Simão (2008) dizem que, ao contratar um personal trainer, os


alunos têm como objetivos: a estética, o desempenho, a qualidade de vida e a
reabilitação.
A estética é uma característica cada vez mais valorizada na
contemporaneidade. Ela resulta, em grande parte, da forte influência que os meios
de comunicação de massa imprimem na sociedade. 200(NOVAES, 1). Segundo
Elbas e Simão (2004), a estética é ainda hoje o principal motivo de frequência da
população em geral às academias.
De acordo com Barbosa e Simão (2008), a busca do corpo perfeito parece ser
o responsável pela elevada rotatividade de clientes, pois esse ideal estético é
praticamente inatingível, ocasionando frequentemente frustação e levando a
desistência do treinamento e muitas vezes o cliente a duvidar da capacidade do
profissional. Quando o desempenho é o motivo principal do treinamento, o caminho
43

torna-se mais fácil, uma vez que ao se aplicar corretamente os conceitos fisiológicos
do treinamento, certamente, os resultados surgem e trazem satisfação ao cliente.
Ainda, segundo os autores, qualidade de vida vem se tornando um dos
objetivos mais presentes nas pessoas que buscam a atividade física, isso se dá, em
grande parte, pela divulgação feita pela mídia dos estudos que comprovam ou
sugerem os diversos benefícios para a saúde alcançados por meio de atividades
corporais. Esses benefícios são físicos (corpo e funções) e psicológicos (tais como,
o aumento da autoestima e a redução da ansiedade).
Também, apontam que outro mercado em expansão é o da reabilitação, cujos
pacientes liberados pelos médicos podem e devem fazer exercícios físicos,
logicamente, dependendo de cada situação específica, tanto para acelerar o
processo de recuperação, quanto para a prevenção de novas doenças e lesões.
A motivação também é um fator importante, segundo Aragão, et. al. (2002),
para alguns indivíduos, praticar uma atividade física, contando com um atendimento
exclusivo, também representa uma oportunidade de inter-relacionamento social.
Para Chiu et. al. (2011), um personal trainer pode ajudar um cliente das
seguintes formas:
• Melhorar a sua aptidão física geral através de instrução em termos de
flexibilidade do corpo, postura, resistência muscular, cardiovascular e
pulmonar, além de aumento da força muscular;
• Alcançar um regime de exercícios adequado, destinado a reduzir a
gordura corporal, conseguindo esculpir o corpo e fortalecer os
músculos em busca de uma composição de peso e corpo ideal;
• Manter um alto nível de motivação e entusiasmo;
• Atender as suas necessidades especiais de saúde, desenvolvendo
projetos de treino individualizados e de forma a aumentar a eficácia do
exercício;
• Garantir o uso de técnicas adequadas e seguras, além de minimizar a
possibilidade de lesões esportivas;
• Atingir seus objetivos de uma maneira mais eficiente;
• Ensinar-lhes conhecimentos e técnicas de esportes, juntamente com os
conceitos e posturas apropriadas;
• Melhorar a sua saúde física e mental e,
44

• Dedicar mais de sua energia para o esporte praticado, juntamente com


o treinador, que é seu o melhor parceiro de treino, possibilitando
alcançar melhores resultados em termos de saúde.
45

2.3. Definição de serviços e suas caraterísticas

Segundo Lovelock e Wright (2004, p.5), duas definições capturam a essência


dos serviços:
• é um ato ou desempenho de uma parte para outra. Embora o
processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho
é essencialmente intangível e normalmente não resulta em
propriedade de nenhum dos fatores de produção.

• são atividades econômicas que criam valor e fornecem


benefícios para clientes em tempos ou lugares específicos, como
decorrência da realização de uma mudança desejada no – ou em
nome do – destinatário do serviço.

Zeithaml et. al. (2011) descrevem quatro particularidades do serviço:


intangibilidade, heterogeneidade, geração e consumo simultâneos e perecibilidade.
Cada uma dessas particularidades é descrita abaixo:

Intangibilidade: é a principal característica dos serviços, uma vez que os


serviços são execuções, ações e não objetos. Esses serviços não podem ser
vistos, sentidos, experimentados ou tocados da mesma maneira que um bem
tangível. Serviços não podem ser armazenados, não podem ser expostos ou
transportados rapidamente ao cliente. As decisões sobre o que deve ser
incluído na propaganda e em outros materiais promocionais representam um
desafio, assim como a precificação. Os custos reais de uma “unidade de
serviço” são de difícil definição e a relação entre preço e qualidade é
complexa.

Heterogeneidade: uma vez que os serviços são ações, muitas vezes


executadas por seres humanos, não há dois serviços exatamente idênticos.
Os funcionários que executam um serviço muitas vezes são o que estão na
frente do cliente e as pessoas apresentam níveis diferentes de desempenho a
cada dia, ou mesmo a cada hora. A heterogeneidade também ocorre por
conta de dois clientes nunca serem exatamente iguais. Cada cliente tem
46

exigências exclusivas ou constrói uma experiência única com o serviço. A


qualidade dos serviços depende de muitos fatores que não podem ser
totalmente controlados pelo prestador de serviços, tais como, a habilidade do
consumidor em expressar suas necessidades, a capacidade e a disposição da
equipe de serviços em atender a essas necessidades.

Geração e consumo simultâneos: ao passo que, em sua maior parte, os


bens sejam produzidos, vendidos e consumidos nessa ordem, os serviços são
vendidos com antecedência e, em seguida, gerados e consumidos
simultaneamente. Os clientes estão presentes durante a geração dos serviços
e, portanto, testemunham é até participam da geração desse processo, como
cogeradores ou coprodutores do mesmo. Como os serviços são gerados e
consumidos ao mesmo tempo, a qualidade do serviço e a satisfação do
cliente dependem do que acontece “em tempo real”, incluindo as ações de
funcionários e as interações entre esses e os clientes.

Perecibilidade: refere-se ao fato de que os serviços não podem ser


armazenados, revendidos ou devolvidos. A perecibilidade contrasta com os
produtos tangíveis que podem ser estocados, vendidos outro dia ou mesmo
devolvidos se o consumidor não estiver satisfeito. O fato de os serviços não
serem devolvidos ou revendidos implica a necessidade de estratégias
eficientes de recuperação quando algo dá errado.

Com relação às particularidades do serviço descritas anteriormente, as quatro


particularidades do serviço estão presentes, pois: o personal trainer presta um
serviço intangível, seu contratante (aluno), não adquire um bem, um objeto, mas sim
adquire a perspectiva de atendimento de um ou mais objetivos, como por exemplos,
a melhoria da forma física, aumento da massa muscular, perda de peso, entre
outros. Trata-se de um serviço totalmente personalizado que não pode ser
armazenado, tocado ou transportado, pois o profissional elabora um programa de
exercícios formatado e adequado às necessidades e objetivos de cada aluno.
O serviço é heterogêneo, uma vez que é um serviço executado por um ser
humano para outro ser humano; o serviço é único, pois cada aluno tem
necessidades e exigências específicas – o que resulta num programa de exercícios
47

personalizado. Mesmo que o programa de exercícios aplicado seja idêntico na


sequência de exercícios, a percepção do serviço é diferente para cada aluno, pois
ocorrem diferenças na disposição para a realização dos exercícios, no estado de
humor, nos diálogos mantidos, entre outros fatores, da mesma existem diferenças na
disposição do personal trainer em ministrar a aula, no seu humor, nos diálogos
mantidos, enfim a experiência com o serviço é única.
A geração e o consumo são simultâneos, pois o aluno (cliente) participa
ativamente da produção do serviço que se resume na orientação e no
acompanhamento do personal trainer da execução de série de exercícios prescrita.
Qualquer problema que ocorra com a qualidade do serviço, desatenção do
profissional, por exemplo, é sentida “em tempo real”.
O serviço é perecível, pois o serviço ofertado pelo personal trainer, acontece
no momento da interação com o aluno, uma aula em que o aluno esteja indisposto,
por exemplo, é uma aula com um rendimento menor, com resultados inferiores, que
não pode ser recuperada, pois o tempo já transcorre. O mesmo ocorrendo, por
exemplo, se o personal trainer ficar trocando mensagens no seu celular e não ficar
focado no aluno: a qualidade da aula (serviço) torna-se comprometida e não pode
ser recuperada. Esse tipo de serviço não pode ser devolvido, não existe um órgão
de defesa do consumidor a se reclamar, se o serviço não estiver satisfazendo o
cliente, só resta ao mesmo encerrar o vínculo com o profissional.
48

2.4. Relacionamento e fidelização.

No tipo de serviço prestado pelo personal trainer, os aspectos inerentes ao


relacionamento assumem grande relevância. Trata-se de uma relação baseada na
pessoalidade, na qual se estabelece proximidade entre o aluno e o profissional – as
partes desenvolvem o trabalho, muitas vezes, com vários encontros semanais.
Assim sendo, para Rodrigues (1992, p. 33) é importante praticar as relações
interpessoais, procurando:

(...) perceber o outro tal qual ele se apresenta, estabelecendo uma atitude
de empatia, compreendendo-o e respeitando sua individualidade. As
pessoas diferem da sua maneira de pensar, agir e sentir, o que são
diferenças individuais inevitáveis com influência significante nas dinâmicas
intra e interpessoais.

O mercado de trabalho para personal trainers é bastante disputado, sendo


possível para o aluno procurar um novo profissional, caso não se sinta satisfeito com
o trabalho desenvolvido. É de grande importância entender e atender as
expectativas do aluno, de forma a gerar a satisfação de seu cliente com o serviço
prestado, procurando obter a fidelidade do cliente e mantê-lo em sua carteira de
clientes.
Para Singh e Sirdeshmukh (2000), que estudam a lealdade no contexto dos
serviços, a lealdade é caracterizada pela intenção de cumprir um conjunto de
comportamentos que indicam motivação para sustentar um relacionamento com o
prestador de serviços.
De acordo com (Lloyd e Luk, 2011), um dos pontos que firmam a fidelidade se
dá pela satisfação do aluno com o trabalho desenvolvido pelo personal trainer. As
vantagens de se obter a fidelidade do cliente são várias. Para Kotler e Keller (2012),
o cliente fiel está propenso a comprar mais, a investir em lançamentos, a
recomendar a empresa a outros clientes, dando menos atenção a concorrência e
sentindo-se à vontade para sugerir ideias.
O cliente fiel dá menos atenção à concorrência. Isto é de grande relevância
para o personal trainer, uma vez que o aluno, normalmente, tem acesso ao trabalho
dos concorrentes, principalmente observando o trabalho de outros profissionais que
atuam na mesma academia ou por comentários feitos por amigos ou conhecidos que
também utilizam o serviço.
49

Para Zeithaml, et. al. (2011), o cliente fiel é a garantia de um negócio


duradouro a baixo custo de atendimento, quando comparado ao esforço dispendido
na captação de um novo cliente; o cliente fiel constitui um sólido alicerce para as
operações da empresa e representa um forte potencial de crescimento.
50

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. Natureza do trabalho e método de pesquisa

Este estudo tem como natureza o tipo exploratório, com o propósito de


desenvolver uma compreensão sobre o fenômeno pesquisado. O método de
pesquisa aplicado é o qualitativo, tido como o mais adequado para se entender
sensações, motivações e os sentimentos associados à subjetividade dos indivíduos.
A pesquisa qualitativa é descrita por Flick (2009, p. 16) como:

Uma atividade situada que posiciona o observador no mundo. Ela consiste


em um conjunto de práticas interpretativas e materiais que tornam o mundo
visível. Essas práticas transformam o mundo, fazendo dele uma série de
representações, incluindo notas de campo, entrevistas, conversas,
fotografias, gravações e anotações pessoais. Nesse nível, a pesquisa
qualitativa envolve uma postura interpretativa e naturalística diante do
mundo. Isso significa que os pesquisadores desse campo estudam as
coisas em seus contextos naturais, tentando entender ou interpretar os
fenômenos em termo dos sentidos que as pessoas lhes atribuem.

Gaskell (2002, p. 65) afirma que a pesquisa qualitativa “fornece os dados


básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores
sociais e sua situação. O objetivo é uma compreensão detalhada das crenças,
atitudes, valores e motivação, em relação aos comportamentos das pessoas em
contextos sociais específicos”.
Segundo Glazier e Powell (2011), os dados qualitativos se constituem em
descrições detalhadas de fenômenos ou comportamentos; citações diretas de
pessoas sobre suas experiências; trechos de documentos, registros,
correspondências; gravações ou transcrições de entrevistas e discursos; dados com
maior riqueza de detalhes/profundidade e interações entre indivíduos, grupos e
organizações.
Godoy (1995a, p. 58) diz que:
A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos
estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados.
Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à
medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados
descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato
direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender
os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos
participantes da situação em estudo.

Como método de coleta de dados, são realizadas entrevistas individuais, a


partir de um roteiro semiestruturado, mas que também permite a abordagem e
condução espontânea do entrevistado.
51

3.2. Perfil da mostra

A partir de um roteiro de entrevistas previamente definido, foram entrevistadas


13 pessoas. Uma vez que o público atendido por personal trainers é diversificado,
abrangendo pessoas de ambos os gêneros, com objetivos variados, opta-se por uma
amostra mais homogênea. Desse modo, são entrevistados somente homens,
praticantes de musculação, sem uma faixa etária pré-definida e que utilizam os
serviços de personal trainers há no mínimo três anos.
Esse período mínimo de tempo estipulado, não necessariamente tem que ser
contínuo, porém, foram excluídos alunos que dentro desse período ficaram sem
utilizar os serviços por mais de três meses.
O autor deste estudo frequenta, há mais de oito anos, uma grande academia,
na região da Bela Vista, bairro da região do central da cidade de São Paulo, onde
atuam vários personal trainers. A partir de indicações feitas por três desses
profissionais, de alunos que correspondem ao perfil desta pesquisa, são contatados
alguns dos entrevistados, os demais são por indicação de amigos e conhecidos.
Sendo assim, os entrevistados têm seus encontros com personal trainers em
diversas academias.
Inicialmente, faz-se um contato com os possíveis entrevistados, visando
verificar se estão dentro do perfil definido para a pesquisa e se estão é agendado
dia, horário e local para a entrevista. Todas as entrevistas são realizadas pelo autor
deste estudo, no período de outubro a novembro de 2019, sendo oito presenciais e
cinco através da utilização dos programas Skype ou Messenger.
A maioria dos entrevistados utiliza os serviços do profissional em academias
localizadas na cidade de São Paulo (10 entrevistados), um em academia no
município de Barueri (município da região metropolitana da cidade de São Paulo) e
um na cidade de Belo Horizonte.
Das entrevistas realizadas presencialmente, seis ocorrem na academia
frequentada pelos entrevistados, em uma área mais silenciosa, normalmente o café
ou lanchonete existente na própria academia. Uma das entrevistas é realizada num
café nas proximidades do trabalho do entrevistado e outra acontece na residência do
entrevistado.
52

Tabela 1. Perfil dos entrevistados:


TEMPO TEMPO
ENTREVISTADO IDADE SOZINHO ÚLTIMO
TREINAMENTO COM PT

C.E.M. 38 20 04 16 01
B.A.R. 39 10 07 03 02
W.L.S. 40 14 11 03 11
C.A. 43 20 10 10 06
G.L.N. 44 13 12 01 01
B.V.C.M. 44 20 12 08 10
V.M. 45 15 07 08 04
R.N. 46 06 05 01 05
M.M.L. 46 15 06 09 06
R.M.M.A. 47 09 09 00 09
M.K.L. 49 15 11 04 01
E.L.M. 52 27 09 18 09
L.G. 54 11 10 10 10
Fonte: o autor.

Observação: no caso do entrevistado L.G. que possui dois personal trainers, é considerado o tempo
com primeiro contratado.

A faixa etária predominante situa-se entre 40 e 49 anos (colunas destacadas


em amarelo na Tabela 1). Existem dois entrevistados abaixo dessa faixa etária,
porém, muito próximos (idades de 38 e 39 anos). Há também dois entrevistados
acima dessa faixa etária (idades de 52 e 54 anos).
Quanto ao tempo de uso dos serviços, são em sua maioria usuários a longo
tempo, existindo inclusive seis entrevistados que se utilizam a dez ou mais anos.
Com exceção do entrevistado R.M.M.A. que, quando decide praticar musculação, de
imediato já contrata um personal trainer, todos os demais “malharam” um período
somente sob a supervisão dos “professores de sala”.
53

3.3. Instrumento de coleta de dados

Existem diferentes técnicas de coleta de dados, para esta dissertação é


escolhida a entrevista semiestruturada que, segundo Martins e Theóphilo (2009),
define-se por ser uma técnica de pesquisa para coletar informações, dados e
evidências. Essa técnica tem como objetivo básico compreender os significados que
os entrevistados dão às questões e situações. Existem diferentes tipos de
entrevistas, empregada de acordo com o propósito do entrevistador, são elas: as
estruturadas, semiestruturadas e não estruturadas.
Segundo Bervian e Cervo (2002), a entrevista semiestruturada é definida
como uma conversa realizada pessoalmente pelo pesquisador junto ao entrevistado,
seguindo um método para se obter informações sobre determinado assunto.
A entrevista é orientada por um roteiro previamente estabelecido, com as
perguntas desse roteiro aplicadas a todos os entrevistados. (MARTINS e
THEÓPHILO, 2009; MARCONI e LAKATOS, 2010).
Entre as vantagens desse tipo de entrevista, Marconi e Lakatos (2010)
destacam a flexibilidade, uma vez que é possível repetir ou esclarecer perguntas,
oferecer maior oportunidade para avaliar atitudes e condutas e, existe a
possibilidade de se conseguir informações mais precisas.
Nessa modalidade de entrevista, permite-se ampla explanação do pesquisado
sobre um tema específico, visto que ele deve discorrer livremente pelo tema
perguntado – situação diferente das limitações impostas por questionários, com
respostas pré-definidas pelo pesquisador.
O roteiro de entrevista (Anexo 1) é elaborado pelo autor desta dissertação;
inicialmente é feita uma entrevista-teste que possibilita ajustes para se chegar a
versão final.
As entrevistas são realizadas, até o momento em que as respostas, se tornam
repetitivas em seu núcleo central, não trazendo mais novos elementos ao estudo,
assim sendo, são realizadas 13 entrevistas. Todas as entrevistas são gravadas,
transcritas e, posteriormente, são examinadas a partir da técnica de análise de
conteúdo.
54

3.4. Tratamento dos dados

Para uma melhor interpretação das informações coletadas é utilizada a


análise de conteúdo, considerada uma técnica para o tratamento de dados que visa
identificar o que está sendo dito a respeito de um determinado tema (VERGARA,
2012).
Para Bardin (2011, p. 47), o termo análise de conteúdo designa:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por


procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.

Godoy (1995b) afirma que a análise de conteúdo, segundo a perspectiva de


Bardin (2011), consiste em uma técnica metodológica que pode ser aplicada em
discursos diversos e a todas as formas de comunicação. Nessa análise, o
pesquisador busca compreender as características, estruturas ou modelos que estão
por trás dos fragmentos de mensagens tomados em consideração.
O esforço do analista é, então, duplo: entender o sentido da comunicação,
como se fosse o receptor normal, e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra
significação, outra mensagem, passível de se enxergar por meio ou ao lado da
primeira.
Segundo Martins e Theóphilo (2009), a análise dos dados qualitativos
consiste em três etapas:
1) Redução dos dados, compreendendo processos de seleção,
simplificação, abstração e transformação dos dados;
2) Representação dos dados, entendendo a organização dos dados e
dando margem ao pesquisador a possibilidade de tirar conclusões e
tomar decisões e;
3) Delineamento e busca de uma conclusão, abarcando a identificação de
padrões, explicações, configurações e fluxos de causa e efeito,
alicerçado entre a plataforma teórica e as descobertas da investigação.

A etapa de organização da análise dos dados é dividida em três fases: pré-


análise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e
interpretação (BARDIN, 2011).
55

A codificação e categorização são fundamentais para a análise de conteúdo


em pesquisa qualitativa, principalmente quando os dados resultam de entrevistas,
grupos focais ou observações. (FLICK, 2009). As categorias utilizadas nesta
dissertação são detalhadas no próximo capítulo.
56

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

4. 1. Categorias

No caso desta dissertação, são definidas previamente sete categorias


abordando temas específicos e que são explorados no roteiro de entrevistas
semiestruturado:
- Categoria 1: objetivos com a contratação.
- Categoria 2: como escolhem o profissional.
- Categoria 3: frequência e custo.
- Categoria 4: vantagens percebidas.
- Categoria 5: relacionamento.
- Categoria 6: motivos para troca do profissional.
- Categoria 7: fidelização.

Pela análise de conteúdo, feita a partir da transcrição das entrevistas, são


identificadas posteriormente as subcategorias, a partir de elementos que são
constantes ou altamente frequentes nas entrevistas. As categorias e suas
subcategorias encontram-se detalhadas na sequência deste trabalho.
57

4.1.1. Categoria 1: objetivos com a contratação.

No roteiro de entrevista, há uma questão: quais eram os seus objetivos com a


contratação ou contratações (caso o entrevistado já tenha se utilizado dos serviços
de mais de um personal trainer)? As principais subcategorias identificadas seguem:

Quero um corpo melhor.

Percebe-se que o fator estético está presente em todos os depoimentos,


configurando-se o principal objetivo para a contratação. Os entrevistados buscam
mudanças em seu corpo; o desejo de ter um corpo com baixos índices de gordura,
com os músculos definidos ou mais evidentes (hipertrofiados) está presente em
maior ou menor grau em todas as entrevistas.
Alguns também relatam a necessidade de perder ou manter o peso, porém
mesmo estes, não deixam de mencionar o desejo de ter os músculos tonificados.

(...) eu tinha uma preocupação mais em ter um físico bonito, porque eu tinha
acabado de me separar, de um relacionamento de seis anos e meio, eu tava
com a minha autoestima muito abalada na época, precisando de
autoafirmação, precisando de autoestima e então eu passei na época pra
esse personal que eu queria dar um up no meu visual. (G.L.N.).

Eu buscava é, desenvolvimento muscular, conseguir um corpo que não


tinha, porque eu não conseguia sair daquilo, eu queria mais volume, mais
tamanho. (C.A.).

Os meus objetivos primeiro, sempre foi mudar a minha forma física que eu
era muito magro, não preciso mentir (...). (B.A.R.).

Eu sempre lutei com a perda de peso, então eu tinha problema de


sobrepeso e queria tonificar e dar uma endurecida (...). (M.K.L.).

E quando eu resolvi treinar era pra mudar um pouco o físico, né? Era pra
mudar um pouco, tentar secar mais (...) na época eu tava um pouco gordo e
queria emagrecer e ficar mais definido (...). (B.V.C.M.).

(...) e também queria estética porque na época eu até me achava muito


magrinho e tal, então eu queria dar uma melhorada de corpo também (...)
(E.L.M.).

(...) eu comecei com ele já tinha passado dos 35, então já tá, naturalmente o
corpo não estava respondendo com a mesma facilidade que respondia
quando eu era mais novo, então o objetivo seria esse, eu conseguir manter
a quantidade de massa magra, o perfil corporal (...). (C.E.M.).
58

Alcançar melhores resultados.

A totalidade dos entrevistados menciona como um dos objetivos para a


contratação do profissional obter melhores resultados com o treinamento, a partir de
programa de treinamento personalizado e cuja execução é acompanhada e
supervisionada pelo personal trainer.
A obtenção de melhores resultados está relacionada ao desejo de ter um
corpo melhor (fator estético), analisado na subcategoria anterior. Esses resultados
referem-se à aquisição de um corpo com baixos índices de gordura, com os
músculos definidos ou mais evidentes (hipertrofiados).
Com exceção de um entrevistado, que nunca tinha praticado musculação sem
supervisão, os demais, inicialmente, praticaram sob a orientação dos professores
que atendiam na sala de musculação da academia que frequentavam. Esses
profissionais são chamados corriqueiramente pelos alunos de “professores de sala”.
Os entrevistados relatam as dificuldades que enfrentaram em treinar
“sozinhos”. Eles usam esse termo quando “malham” somente sob a supervisão dos
“professores de sala”. Os resultados alcançados ficavam aquém de seus objetivos,
gerando desmotivação, o que os levava a ter faltas constantes frequentes,
prejudicando ainda mais os resultados alcançados.

(...) eu percebia que por mais que eu fizesse; que eu fosse à academia, não,
não me desenvolvia, por isso que eu procurei ajuda de um profissional.
(C.A.).

(...) pra ter ajuda, para conseguir progredir naquele treino, porque chega
uma hora que você não vai conseguir mais botar peso e levantar sozinho,
vai ficar pesado demais, aí o personal vem me ajudar nisso aí. (R.M.M.A.).

(...) eu sempre ouvia falar que resultado com personal, o resultado do treino
seria melhor, mas efetivo. E (...) é isso então, eu comecei (...). (M.K.L.).

(...) os resultados são alcançados com mais facilidade, porque você não
perde tempo, não tem tempo ocioso no treino, porque às vezes você tá
ficando no celular, e com o personal você tem, segue um cronograma diário.
(G.L.N.).

(...) o resultado é diferente de você fazer sozinho, pelo que eu acho que
deva ser o desenvolvimento e tal, com o personal sempre tem um
desenvolvimento muito maior (...). (W.L.S.).

(...) mas eu decidi começar com personal pra tentar potencializar resultados
e pra tentar dar um estímulo extra, porque na verdade depois de tanto
tempo fazendo a mesma atividade, a vontade de fazer diminui, a frequência
diminui. (C.E.M.).
59

Busco saúde e qualidade de vida.

Vários entrevistados relatam como um dos objetivos para a contratação do


profissional é buscar ou manter uma melhor saúde, sendo valorizados aspectos
relacionados aos benefícios do exercício físico que podem proporcionar bem-estar
físico e emocional, além da redução do estresse.
Porém, percebemos que o discurso da saúde está fortemente associado às
buscas estéticas, como adquirir maior definição ou hipertrofia musculares, além da
perda ou manutenção de peso – o que pode ser percebido nos próximos
depoimentos.

(...) na maioria das vezes as pessoas procuram a academia por saúde, mas
eu acho que lá mesmo no fundo é mais estético que saúde, então todo
mundo quer estar bonito, quer estar bem, quer o padrão de beleza que hoje
impera, a pessoa quer estar bem, tanto mentalmente quanto fisicamente
né? Isso ajuda em tudo realmente, mas eu acho que o mais, é você estar
bem fisicamente, né? Com o tempo que vai passando, você manter o corpo,
então acho que isso é o maior motivo. (M.M.L.).

Com certeza a saúde, né? Porque (...) pensando um pouco lá na frente né?
Acho que tudo isso pra mim vai ser bom lá na frente, essa estruturação,
essa musculação, a própria dieta, então eu vejo mais esses dois motivos,
saúde e vaidade, não sei se é essa a palavra. (L.G.).

B.V.C.M., quando foi estimulado pelo entrevistador a detalhar melhor o


objetivo de saúde, que havia mencionado, diz que:

(...) eu tava ficando cansado; tava com sobrepeso e tenho um ritmo de


trabalho muito acelerado e eu acabei vindo pra isso, pra emagrecer um
pouco e pra também, ficar mais definido e ganhar massa, ficar mais forte é
isso. (B.V.C.M.).

B.A.R. deixa claro que o principal objetivo era estético e em segundo lugar a
saúde.

Os meus objetivos, primeiro sempre foi mudar a minha forma física que eu
era muito magro, não preciso mentir e em segundo lugar, eu tava
preocupado com a saúde. Primeiro foi literalmente a aparência e depois foi
saúde. Saúde, saúde do corpo mesmo, a minha saúde, saúde no geral, boa
alimentação, atividade física que os médicos recomendam; esse tipo de
coisa. (B.A.R.).

Entre os entrevistados, G.L.N. sofreu um enfarto de certa extensão e, no seu


caso específico, a preocupação com a saúde é intensificada, passando a ser um
fator preponderante para a escolha de um novo profissional, contratado após esse
evento.
60

(...) e ele era um cara muito criterioso, ele era um cara muito sério, eu sabia
que ele fazia mestrado em fisiologia, ou seja, ele já tinha um conhecimento
muito bom nessa área clínica e eu optei por ele porque eu me senti mais
seguro após o infarto em treinar com um personal que tivesse esse nível de
conhecimento sobre as funções cardíacas etc. e tal. (G.L.N.).

Posteriormente, G.L.N. troca novamente de profissional e em virtude de sua


condição. Novamente, a preocupação com a saúde é mencionada, como pode ser
observado em seu depoimento, quando aborda suas preocupações com a
contratação.

(...) que tivesse conhecimento técnico em cardiologia, em clínica, que


tivesse um, um critério rigoroso na hora de, de fazer o atendimento de
personal porque eu não, eu não poderia forçar é, o meu, o meu coração
durante o treino, eu tenho que fazer os treinos com o frequencímetro no
pulso e respeitar certo limite máximo de frequência cardíaca. (G.L.N.).

Gustavo, atualmente, continua fazendo atividades de musculação, com o


acompanhamento de seu personal trainer. O objetivo de melhorar sua massa
muscular continua a ser perseguido, porém ocorre a valorização dos cuidados com
sua saúde e a busca por profissionais com conhecimento em cardiologia.
Alguns entrevistados também informam sobre a busca pela qualidade de vida
que, quando mencionada, normalmente, está associada à redução do nível de
estresse, o que pode ser observado no depoimento de V.M.:

Olha, eu acho que qualidade de vida, acho que todo mundo hoje busca a
qualidade de vida, tirar um pouco do estresse do dia a dia (...). (V.M.).
61

4.1.2. Categoria 2: como escolhem o profissional

Constata-se que os entrevistados escolhem seu personal trainer através da


observação do trabalho de profissionais que conhecem, dentro da academia que
frequentam ou através de indicações de amigos ou conhecidos. Nesse processo de
escolha, um ponto relevante refere-se à importância atribuída à boa aparência,
sendo quesitos valorizados a definição muscular e não estar “acima do peso”.

Observação do trabalho na sala de musculação.

Com exceção de um entrevistado, os demais “malharam” um considerável


período de tempo, muitas vezes anos, somente sob a orientação dos “professores
de sala”. A observação do trabalho desenvolvido por profissionais que conhecem na
própria academia que frequentam, principalmente dos que atuam na sala de
musculação, mostra-se ser o principal critério de escolha.
Trata-se de uma observação que avalia também aspectos, tais como, os
resultados observados por outros alunos, boa aparência, forma física e capacidade
de comunicação. O valor atribuído à observação do trabalho do profissional na sala
de musculação pode ser percebida nos depoimentos que seguem:

Nos dois casos, eu malhava na academia e os via dando aula e achava que
o método deles era bom, eu via que havia resultado nos alunos, então
geralmente, depois de uns dois meses de treinar sozinho, e vendo os
personal trainers que estavam lá, no meu horário, eu escolhia um deles, que
eu achava que tinha a ver e perguntava se tinha horário (...) (C.A.).

(...) o segundo, eu já tinha observado o trabalho dele, porque como eu


treinava com o Takashi e eles são amigos, eu já tinha visto um pouco do
trabalho dele (...). (B.V.C.M.).

O primeiro era professor, foi professor de sala aqui da academia, eu já


conhecia daqui da sala, aí, eu tinha um amigo que fazia a aula de personal
com ele e me indicou ele pra personal, como eu já conhecia ele aqui da
academia, às vezes ele montava treino pra mim, daí esse foi o quesito de
usar para a escolha. (C.E.M.).

Eu cheguei a observar um pouco ele com os alunos dele, e eu vi (...) que ele
tinha todo um cuidado, e outra, a maioria dos alunos, eles são médicos,
então médico sabe avaliar bem melhor do que eu o personal que ele tem.
(W.L.S.).

(...) ele já era meu professor de spinning, e eu gostava dele, eu achava ele
pouco intimidador, foi uma questão de empatia mesmo. (M.K.L.).

(...) ele era um professor de sala e quando eu estava fazendo o treino, ele
acabava me ajudando. “faz o exercício dessa maneira”, “faz o exercício
daquela maneira”, “foca na sua postura”, então foi mais por afinidade
mesmo, por ele ter me ajudado no momento. (B.A.R.).
62

Indicação.

A indicação por profissionais de Educação Física, colegas de academia,


conhecidos ou amigos também é relatada, sendo muitas vezes combinada à
observação do trabalho do profissional na sala de musculação.

Um amigo já tinha treinado com ele, parado na época e tava retomando o


treino com ele e me indicou então nós fomos; nós fomos conversar com ele
juntos. (E.L.M.).

O Renato, ele já era da academia, mesmo antes de ser personal, trabalhava


no salão, como contratado né? E depois ele passou a dar aula, e aí por
indicação de um amigo, que já fazia com ele a alguns anos, falou que eu
deveria fazer em caráter experimental (...), falou “vai lá que você vai gostar”,
e aí desde então, comecei a fazer e não parei mais.” (M.M.L.).

E daí um aluno meu me recomendou, falou: “Ah, por que você não faz com
personal, e tal”, eu nunca tinha pensado nisso, (...) ele me recomendou o
próprio professor dele e a gente conversou e deu certo e desde então
continuo. (R.N.).

(...) quem me indicou um personal foi o Dario, que também é personal aqui,
na época ele fazia avaliação física da academia, e ele acabou me indicando
o primeiro personal. (B.V.C.M.).
63

A aparência é importante.

Há uma questão específica sobre a importância da aparência na escolha do


personal trainer. Todos os entrevistados consideram que a boa aparência influi
positivamente no processo de escolha. Foi mencionada principalmente a
necessidade de o profissional ter um corpo com uma boa definição muscular e não
estar “acima do peso”
A situação anteriormente relatada, está em sintonia com o artigo de Palazzi
Junior e Cardoso (2017), que através de uma pesquisa quantitativa realizada com
332 respondentes, demonstram que a aparência física do personal trainer está
relacionada positivamente com a intenção de contratar do aluno.
Dentro do universo dos entrevistados para esta dissertação, percebeu-se que
alguns valorizam o aspecto da boa aparência mais do que outros, porém são
comuns as ressalvas, de que não se constitui no único critério de escolha, sendo
considerados também: as referências obtidas junto a outros profissionais, amigos ou
conhecidos; os resultados observados no corpo de outros alunos, atendidos pelo
profissional na mesma academia, entre outros aspectos.
É comum ser mencionada a necessidade de coerência, uma vez que um
personal trainer que não cuida adequadamente de seu corpo e “prega” que o aluno
deve se esforçar para mudar o seu, procurando, normalmente, um aumento de sua
definição ou hipertrofia muscular, além de ser disciplinado com o programa de
treinamento, está sendo incoerente, pois defende um tipo de comportamento que ele
mesmo não tem. O personal trainer é visto como um exemplo a ser seguido, o fato
de ter um corpo “em forma” constitui um incentivo para o aluno, seu corpo constitui
uma espécie de “cartão de visitas” no processo de contratação.

(...) é complicado dizer, mas um profissional de Educação Física que


trabalha com o corpo, né? Que tá propondo te auxiliar a fazer uma mudança
corporal, atingir um objetivo, que seja de emagrecimento, ganho de massa,
qualquer que seja o objetivo, né? E ele pessoalmente, não tenha uma
aparência que seja condizente com a proposta de trabalho que ela tá
fazendo, eu acho que é complicado.

O primeiro profissional ele não tinha esse cuidado com o corpo, foi inclusive
objeto de algumas conversas que nós tivemos, eu falava pra ele assim, “eu
acho que você precisa cuidar um pouco mais do corpo, eu acho que você, é
seu cartão de visita”, uma pessoa que vai procurar um personal,
indiretamente, ela procura alguém que tenha o corpo, não precisa ser um
atleta, não precisa ser um modelo, mas alguém que tenha um corpo
minimamente adequado pra profissão que exerce.
64

O segundo, como eu te disse, é atleta de fisiculturismo, daí já tem, talvez


indiretamente, isso reflita na percepção que você tenha da capacidade que
o profissional tem de te auxiliar, mudar o seu corpo, se ele consegue mudar
o corpo dele, ele conseguiria mudar o seu corpo. Não tô dizendo que é um
fator preponderante, que é o único fator a ser considerado, mas sim, eu
acho que pra um profissional de Educação Física isso conta. (C.E.M.).

(...) eu não queria ter aula com um personal que fosse magrinho, que fosse
fraquinho, que fosse fisicamente feio, né? .... Feio, dentro dos meus critérios
né? Então assim, eu queria inspiração naquele personal em todos os
sentidos, né? Se ele tivesse um corpo bonito, fosse uma pessoa simpática,
fosse uma pessoa agradável, que tivesse um ritmo de aulas que eu já
tivesse visto; que fosse dentro daquilo que eu esperava, tava escolhido, era
isso que eu queria, né? (G.L.N.).

Eu acho que se eu encontrasse um profissional que tivesse uma aparência


desleixada, que não malha, entendeu? Eu acho que isso me desanimaria de
contratar. (M.K.L.).

Então o físico dele me chamou atenção, porque eu falei “esse cara deve
saber treinar”, deve saber se alimentar e eu via também que os alunos dele
tinha um desenvolvimento legal, eu acompanhava tipo, como eu te falei, eu
demorei uns dois, três meses pra começar usar, então nesse período eu via
que os alunos estavam se desenvolvendo, né? (C.A.).

Olha, físico, porque, né? Acho que um personal que não está com físico em
dia, não pratica o que ele vende (...) se o cara tá em dia, corpo em dia,
sabe, se ele treina (...). (R.M.M.A.).

(...) porque eu acho assim, as pessoas têm que viver o que elas (...). O que
elas dizem, né? Então, ele come, ele se alimenta muito bem, ele tem um
porte bom, tem um físico bom, então eu acho que eu tipo de coisa que você
acaba levando em conta, né? Se a pessoa fala: “não coma chocolate”, mas
ela come o dia inteiro significa que você não põe muita fé (...). Ele é mais
definido, na verdade. Ele é mais magro, mas ele é bem definido (R.N.).

(...) eu não contrataria um personal acima do peso ou obeso, porque a


gente é exatamente aquilo que a gente vende né? Eu acho que vai de
contramão, pode ser que seja um personal maravilhoso tecnicamente
falando, mas a gente geralmente compra aquilo que tá na vitrine né? Então
você olha e a primeira impressão é a que fica, então, nossa o cara tá super
bem, se cuida, então vai poder me dar uma aula totalmente legal (...).
(M.M.L.).

(...) contratar um personal que é obeso, não faz sentido, alguma coisa tá
errada, né? Então certamente, a parte física dele faz diferença, quer dizer,
como é que você tá trabalhando com um cara que ele mesmo não acredita
no que ele faz, né? O aspecto dele já te passa uma mensagem (...). (L.G.).

(...) por exemplo, se eu quero ter um corpo malhado, se eu quero ter um


aspecto saudável, óbvio que eu vou talvez me identificar com um
profissional desse perfil entendeu? Não precisa ter um corpo 100%
malhado, mas eu acho que ele precisa me passar segurança de que isso é
possível, entendeu?

Seria no aspecto de atender um requisito de viabilidade, digamos assim,


talvez você, você se projeta no personal e diz: “Não, acho que tô no
caminho certo” sei lá, alguma coisa nesse sentido, entendeu? Como eu te
disse não foi esse requisito, não foi avaliado por mim quando eu o contratei.
Hoje, se eu mudar de personal eu acho que, sim será um quesito
65

ponderável, não excludente. Vai depender de quem me indicar o profissional


ou se eu conhecer o profissional (...) como é que eu vou te explicar? Se. a
metodologia dele é bacana, se ele tem conhecimento, se ele sabe, tem uma
série de circunstâncias, mas não adianta também a pessoa ter um, um perfil
X, um estereótipo Y e não ter o, o restante, né? Então é uma conjugação, é
como eu te disse, mas prudente, mas talvez seja importante como um
cartão de visita, acho que sim, acho que sim. (E.L.M.).
66

4.1.3. Categoria 3: frequência e custo

Frequência.

Questiona-se quantas vezes o entrevistado “malha” por semana e quantas


vezes na companhia do personal trainer. Os resultados encontram-se na Tabela 2.

Tabela 2: Frequência semanal à academia e de uso dos serviços do personal trainer.

FREQUÊNCIA COM FREQUÊNCIA SEM


ENTREVISTADO FREQUÊNCIA. SEMANAL
PT PT
B.A.R.. 06 06 00
R.M.M.A. 06 06 00
C.E.M. 05 06 01
C.A. 05 05 00
B.V.C.M. 05 05 00
M.M.L. 05 05 00
E.L.M. 05 05 00
R.N. 04 04 00
L.G. 04 06 02
V.M. 03 03 00
M.K.L. 03 03 00
W.L.S. 02 03 01
G.L.N. 02 02 00
Fonte: o autor
Nota-se pela análise da Tabela 2 que existe uma frequência semanal elevada
de aulas, orientada pelo personal trainer, pois a maioria (dez) utiliza os serviços
entre três e cinco vezes por semana, existindo ainda um caso que utiliza seis vezes.
A frequência inferior a três aulas, não é comum, somente existindo dois casos, com
duas aulas semanais.
Somente três entrevistados retornam à academia para se exercitar sem o
acompanhamento do profissional (observar as colunas em amarelo na Tabela 2).
Desses três, dois dizem que “malham” um dia sozinhos, porém, observam que o
rendimento do treinamento é menor sem a orientação do profissional; há ainda o
caso do entrevistado L.G., relato descrito abaixo, que informa ir sozinho, dois dias à
academia, mas exclusivamente para fazer atividades aeróbicas.
67

Eu malho quatro vezes por semana e quando eu não trabalho com eles, eu
venho e faço aeróbica, então eu só não treino no domingo; faço seis dias na
semana. (L.G.).

L.G. tem uma situação única, entre todos os entrevistados, ele tem dois
personal trainer: treina três vezes na semana com um e no sábado com outro. Em
sua opinião, as diferentes visões sobre o treinamento se completam.

Cada um é um estilo de treinamento, né? Cada um tem uma característica,


eu acho que eu me benefício disso, né? Cada um prima com uma espécie
de visão sobre a parte física e eu acho que eles se complementam assim,
um trabalha muito mais a parte de resistência, o outro trabalha mais a parte
de força e cada um tem um estilo e eu acho interessante isso. (L.G.).
68

Quanto paga pelo serviço e forma de pagamento.

Pergunta-se quanto é pago pelos serviços e de que forma é efetuado esse


pagamento. Todos têm acertado com seu personal trainer uma quantidade de aulas
semanais e, consequentemente, de aulas mensais. Vale enfatizar que para o
profissional é relevante que o aluno cumpra essa programação, assim, ele programa
seus rendimentos. Também, é importante para o aluno cumprir a programação para
conseguir os resultados desejados.
Pelos relatos, quando o aluno não pode ir e avisa com alguma antecedência a
aula é reposta. Também ocorre a reposição, quando o profissional não pode
comparecer. Em alguns casos, como viagens de férias e/ou tratamentos médicos
dos alunos as aulas não são cobradas.
Todos os entrevistados são estimulados a relatar o valor pago por aula: 10
informam o valor exato ou aproximado e tr somente informam o valor mensal que
pagam – nesse caso, chega-se ao valor da aula, dividindo-se esse valor mensal pelo
número médio de aulas no mês, assim, os valores obtidos são arredondados.^

Tabela 3: Valor da hora/aula.

ENTREVISTADO HORA/AULA (R$)


V.M. --------
C.E.M. 60,00
M.K.L. 60,00
M.M.L. 70,00
B.A.R. 80,00
G.L.N. 90,00
E.L.M. 90,00
R.M.M.A. 95,00
W.L.S. 100,00
C.A. 100,00
R.N. 100,00
L.G. 120,00
B.V.C.M. 125,00
Fonte: o autor
Observação: o valor da hora/aula para V.M não é mencionado em função de não ser possível apurá-
lo, uma vez que utiliza o serviço do seu personal trainer também como orientador do grupo de corrida
que participa, estando os custos dos dois serviços “misturados” no valor quinzenal que paga ao
profissional.
69

Percebe-se grande variação nos valores cobrados: a hora/aula varia de R$


60,00 a R$ 125,00, havendo predominância de valores entre R$ 80,00 a R$ 100,00
(7 entrevistados, destacados em amarelo na Tabela 3).
Os valores mensais gastos declarados com o serviço, situa-se entre R$
800,00 e R$ 2.500,00. Os entrevistados, em sua maioria, fecham uma quantidade de
aulas mensais e fazem o pagamento, normalmente, no final ou no início do mês. No
início do mês, pagam as aulas antecipadamente e no final do mês, pagam a
posteriori as aulas efetuadas, procuram seguir a programação de aulas de forma a
evitar acertos financeiros.
Detectam-se também outras três formas de pagamento, o entrevistado V.M.
paga quinzenalmente, após a realização das aulas; M.K.L. paga antecipadamente
um “pacote” de dez aulas e, M.M.L. paga antecipadamente o ano inteiro, seu caso
em particular, chama a atenção pela grande confiança depositada em seu personal
trainer – o que pode ser verificado em seu relato.

(...) é porque já tô a bastante tempo né? E ele é bem determinado assim e


disciplinado com horário, com tudo né? Então já é o segundo ano que eu
repito esse mesmo esquema, de pagar antecipado anualmente. (M.M.L.).

Existe um equilíbrio entre os que pagam as aulas antecipadamente (7


entrevistados) e os que pagam após sua execução (6 entrevistados).
70

4.1.4. Categoria 4: vantagens percebidas

Questionam-se quais vantagens são percebidas no trabalho desenvolvido


pelo personal trainer. Cada respondente é instigado a apontar pelo menos três
vantagens. Todos enxergam vantagens que justificam os altos custos envolvidos na
contratação. As subcategorias identificadas são listadas a seguir.

Obtenho melhores resultados.

Os melhores resultados alcançados com o programa de treinamento


personalizado, desenvolvido e supervisionado pelo personal trainer, são relatados
por todos, como sendo a principal vantagem em relação a se continuassem a
“malhar” somente sobre a supervisão dos “professores de sala”.
Os resultados alcançados estão associados aos fatores estéticos, tais como,
definição corporal ou hipertrofia da musculatura, aumento da força e a perda ou
manutenção de peso. Observe-se que existe uma questão específica sobre os
objetivos almejados com a contratação do personal trainer e outra específica sobre
as vantagens percebidas com a contratação ao longo do tempo.
A importância da obtenção de melhores resultados associados à estética é
apontada em ambas as questões, além de ser o principal objetivo com a contratação
(veja Categoria 1: objetivos com a contratação, subcategoria: alcançar melhores
resultados), também é apontada como sendo a principal vantagem percebida ao
longo do tempo
Todos os entrevistados relatam que obtêm melhores resultados com o
programa de treinamento personalizado, elaborado e acompanhado por seu
personal trainer, em comparação ao treino somente sob a supervisão dos
“professores de sala”. Percebe-se que existe satisfação por parte dos entrevistados
com os resultados alcançados até o momento. Outro ponto assinalado é a motivação
e a disciplina impostas pelo personal trainer – esses dois aspectos são abordados
adiante em subcategorias específicas.

(...) ter um desenvolvimento coordenado né, o resultado é diferente, de você


fazer sozinho, pelo que eu acho que deva ser o desenvolvimento e tal, (....)
com o personal sempre tem um desenvolvimento muito maior. (W.L.S.).

(...) vejo os resultados físicos também no meu corpo, eu acho que o


profissional ali ficando em cima de mim no treino, me força a (...), eu tenho
melhores resultados, eu treino com mais peso (...) eu acho que eu continuo
com personal pra me manter disciplinado e pra garantir melhores
71

resultados, tonificar e manter o peso que, eu acho que eu tô ideal agora (...)
eu sinto resultados nas minhas roupas, no meu físico, no espelho etc.
(M.K.L.).

Bom, primeiro, que ele tá ali disponível para atender suas necessidades,
então assim, se ele for um bom personal, se ele for uma pessoa realmente
preocupada com os resultados de quem ele tá treinando, ai ele vai buscar
atingir isso, com o consentimento do aluno, como é o meu caso, então é
assim: “olha, precisava fazer um trabalho melhor de perna”, “então vamos
focar treino em perna”, “trabalho melhor de costas”, “vamos focar em treino
em costas”, “Trabalho melhor, de tríceps, de bíceps” e por ai vai (...), eu
tinha uma deficiência de costas e a gente fez um trabalho longo e extensivo,
mas com bons resultados, então o personal trainer, pra mim ele auxilia
nisso, ele trabalha bem direcionado. (B.A.R.).

(...) eu treinava e não via resultado porque eu treinava e treinava, mas às


vezes (...) eu tinha o metabolismo meio acelerado na época e quando eu
emagrecia, eu emagrecia demais, então a partir do treino com o personal eu
comecei a conseguir segurar um pouco mais de massa magra, né?
(B.V.C.M.).

(...) em primeiro lugar, ter um resultado, né? Sentir que realmente com o
passar do tempo eu tenho atingido o resultado, tenho me sentindo melhor,
mais forte, né? (...) tem todo um processo que, que quanto mais você faz,
mais você tem resultado, né? Então a questão da parte dele, eu sinto que
eu tô satisfeito, ele tá fazendo todo o possível (...). (R.N.).

(...) e o que eu esperava do resultado era que eu tivesse mesmo um


resultado mais positivo, e a partir de três meses eu já comecei a evoluir, a
ganhar mais massa muscular e me senti mais motivado (...) e desde então,
eu senti uma mudança radical no meu corpo (...). (M.M.L.).

Estou satisfeito, sim. Eu acho que eu tive uma evolução muito bacana (...),
eu acho que a gente sempre quer um pouco mais daquilo que tem, né? (...)
adquiri massa magra, adquiri peso, era tudo que eu queria; esteticamente
me sinto melhor e saudável também. Então eu estou satisfeito, sim.”
(E.L.M.).

(...) a meta vai subindo, o que é legal, você vê que você tá evoluindo, a
minha meta já não é mais a que eu tinha quando comecei a treinar com ele,
já passei por várias metas, consegui passar por várias metas. (C.A.).

Se pelos menos parte dos resultados almejados não é alcançada a relação


cessa, pois perde o sentido para o aluno; se os resultados não são alcançados, por
exemplo, ao aluno não se adaptar ao estilo de treinamento proposto pelo personal
trainer, certamente, ele procurará um novo profissional ou passará a “malhar” sobre
a supervisão dos “professores de sala”. Alguns entrevistados relatam que se não
tivessem resultados, não manteriam o trabalho com o profissional – esse é o caso de
B.A.R. e B.V.C.M..

(...) é sempre bom receber um feedback, não só dele, mas como das
pessoas, que veem que você tá executando um treino legal e tá obtendo
resultado (...) se não tivesse obtendo resultado, eu já teria trocado. (B.A.R.).
72

(...) mas, eu acho que o principal ponto é ter um resultado (...), combinamos
uma estratégia de trabalho e esse resultado tem que aparecer, esse é o
ponto principal pra eu manter. (B.V.C.M.).

Nesse ponto, torna-se relevante observar que todos os entrevistados são


alunos com longo período de uso dos serviços de personal trainers (no mínimo, 3
anos). Desse modo, são alunos com significativa vivência nas academias e na
prática de musculação. Provavelmente, em função dessa experiência, a maioria
relata que a obtenção de resultados depende de um bom trabalho desenvolvido pelo
personal trainer e também do esforço e do envolvimento do aluno – o que pode ser
observado nos próximos depoimentos.

(...) eu só não tô mais satisfeito por causa da minha própria indisciplina, né?
Se eu fosse uma pessoa mais disciplinada, eu teria um resultado muito mais
legal, muito mais expressivo, né? Mas isso é uma questão minha, uma
culpa minha, os personal trainers que me atenderam sempre foram
excelentes e eu sempre tive resultado muito bacanas com o trabalho deles,
sempre mesmo, sempre fiquei muito satisfeito. (G.L.N.).

(...) eu também faço uma avaliação pessoal, porque às vezes o não


atingimento do resultado não é culpa do personal, é culpa do aluno, que não
tá contribuindo com a alimentação, não tá contribuindo no descanso, ou
alguma coisa nesse sentido, mas considerando como eu te disse; que eu
sou disciplinado pra atividade física, então quando eu tenho uma dieta pra
fazer eu cumpro a dieta, então com base nesses parâmetros externos, se
eu não consigo um resultado com o personal, eu acho que ele não tá
atingindo, não tá conseguindo trabalhar da forma adequada. (C.E.M.).

(...) profissionalismo do personal e o comprometimento do aluno. Eu acho


que são duas coisas inseparáveis. Se o personal é profissional e o aluno
não é comprometido, não vai adiantar, e vice-versa, se o aluno é
comprometido e o personal não é profissional, a coisa também não vai
adiante, tem que ter a conjugação dessas duas coisas: profissionalismo
dele, do personal e o meu comprometimento pessoal (...). (E.L.M.).

(...) o resultado do trabalho dele, também depende do meu trabalho, né?


Mas, eu acho que o principal ponto é ter um resultado que a gente, tipo
assim, nós combinamos uma estratégia de trabalho e esse resultado tem
que aparecer, esse é o ponto principal pra eu manter. (B.V.C.M.).

(...) a gente percebe que o treinamento é parte do negócio, o seu


comportamento diário também faz diferença, então que tipo de alimentação,
você come muito carbo, você come muito açúcar, você come, como é que é
isso? Então, você tem um objetivo interior também né? (...), você por um
lado percebe que cumpre a sua parte no físico, nos treinamentos e tal, mas
tem um outro lado que aqui é uma hora, uma hora e meia que eu passo aqui
dentro, né? Todo dia, só que tem vinte e duas, vinte e três horas lá fora e
como é que eu cuido disso lá fora também, né? Então é, com relação a
aqui, essa uma hora e meia eu tô satisfeito, né? Às vezes a gente tem que
se olhar lá fora também, porque faz parte do negócio, faz o todo, né? (L.G.).
73

Faço os exercícios de forma segura e evito lesões.

A quase totalidade dos entrevistados relata de forma espontânea e sem


qualquer tipo de estímulo, que fazer os exercícios de modo correto e seguro –
evitando possíveis lesões – é uma das importantes vantagens percebidas. Alguns
narram que já sofreram lesões, quando não tinham a orientação de um personal
trainer. As lesões ocorrem, normalmente, por problemas posturais e excesso de
carga durante a realização dos exercícios.

Em vários depoimentos é ressaltada a atenção com que o profissional


acompanha os movimentos e a pertinência das correções feitas, pois os alunos,
quando executam sua série de exercícios “sozinhos”, acabam não percebendo que
estão fazendo os movimentos de forma incorreta.

A correção que ele faz na hora que eu tô praticando o exercício, sozinho eu


não me vejo e não sei aonde eu tô errando, são movimentos que são sutis
na hora que você faz o posicionamento dos membros, dos músculos e tudo
mais, né? Então é importante que ele faça essa correção, ele tá ali me
acompanhando (...), então eu acho importante isso, a diferença é que ele
corrige quando eu tô fazendo errado, alguma postura que tá errada, as
costas, os braços e, assim por diante, então, é isso que eu acho que é a
vantagem maior até pra que evite que eu me machuque; me lesione
sozinho, fazendo de maneira errada o exercício, né? (L.G.).

(...) todo esse tempo que eu tô com ele, seis anos, eu nunca tive uma lesão
por conta de treino, e eu vivia, me machucando anteriormente, eram dores
por conta de fazer movimento errado, excesso de carga, então essa eu
acho que é a maior vantagem, cuidado em fazer o exercício da forma mais
adequada, mais correta, né? E que não vai te trazer lesões, só benefícios,
não vai trazer nada de ruim (...). (M.M.L.).

(...) ele ainda tem aquele cuidado de fazer exercícios que não me
machuque, né? Não levantar muito peso para ter um resultado bacana, ele
tem uma preocupação muito grande com isso (...). (W.L.S.).

E eu vejo os resultados físicos também no meu corpo, eu acho que o


profissional ali ficando em cima de mim no treino (...), eu tenho melhores
resultados, eu treino mais peso, eu me machuco menos (...). (M.K.L.).

(...) terceiro é a correção dos teus movimentos, que eu acho que é o


segredo de todo exercício. Você não pode fazer um exercício com
movimentos errados (...). (E.L.M.).

Então, eu acho que a principal mudança em relação à atividade física


sozinho é isso, é ter alguém que supervisione pra evitar que você faça um
movimento errado, que você se machuque (...). (C.E.M.).

(...) essa questão da postura, da correção da minha postura é muito


importante pra mim porque eu, se deixar, eu faço exercício errado, eu posso
me lesionar, e eu sei que o personal vai tá atento a isso. (G.L.N.).
74

O personal me motiva.

A motivação e o estímulo proporcionados pelo personal trainer são fatores


apontados pela quase totalidade dos entrevistados como vantagem percebida com a
contratação do profissional. A motivação é percebida de diversas formas, seja
através de elogios, quando o profissional aponta, através de comentários, as
melhoras obtidas na definição ou hipertrofia muscular, o aumento da massa magra,
o aumento da força, a perda de peso (quando esse for um dos objetivos do aluno),
entre outros aspectos.
Geralmente, esses comentários são carregados de bom-senso de humor – o
que torna a aula mais “leve”. Eles também são, ao mesmo tempo, frases de
incentivo e de cobrança, como por exemplo, “vamos, vamos, você pode...”, “vai,
você aguenta...”, “não faz corpo mole não”, entre outras.
Uma vez que a prática de musculação é composta de séries de exercícios
que precisam ser repetidos uma ou várias vezes na semana e, muitos alunos
consideram realizar a mesma série de exercícios monótono e desestimulante, é
relatado que o profissional não deixa o treino ficar monótono, uma vez que com
frequência existem variações nos exercícios e no seu modo de execução. Todas as
formas de motivar, mencionadas anteriormente, podem ser observadas nos
depoimentos a seguir:

Foram dois profissionais, são duas pessoas que tendo um senso de humor
legal, que no dia que eu tô mais desanimado, consegue me incentivar, esse
de agora tá sempre apontando os resultados que renderam no meu corpo,
então isso é importante para mim. (M.K.L.).

(...) ele sempre tá ali do lado incentivando a fazer o exercício completo da


forma correta, então, isso pra mim é bem legal, eu gosto desse tipo de
incentivo, então se faz certo ele me fala que foi certinho, eu acho bacana
tudo isso. (B.A.R.).

(...) aí ele fala que quanto tá bom, quanto tá ruim, ele fala que a alimentação
tá ruim, até isso ele fala, “ó você tá com alimentação ruim, tá inchado, tem
que diminuir um pouco, se não tiver dieta” é tudo uma corrente né? Se
quebra um elo, você acaba tendo perda, então ele sempre tá puxando (...),
com o tempo também “ ó vamo, vamo, já é o próximo, já é o próximo” de um
exercício pra outro, coisa que se eu tivesse sozinho não faria. (M.M.L.).

(...) mesmo porque, se o personal deixa o treino cair na monotonia, não faz
sentido você continuar naquele local e sendo atendido por aquele personal,
então assim os personal trainers que me atenderam, sempre me motivaram
bastante (...) mas, o personal pra mim sempre foi fundamental nessa
questão da motivação. (G.L.N.).

(...) motivar, sem dúvida, quando você tá mais cansado, quando você tá
treinando sozinho no primeiro sinal de fadiga você para o exercício, quando
75

você tem um profissional do lado, ele te estimula, te motiva, te ajuda a


completar o exercício, isso também reflete no ganho final, né? (C.E.M.).

(...) “vamos lá, vinga, luta, vamos lá, vai mais um, faltam mais três só e tal”,
o cara vai te motivando também né? Então, é ele ao passo que te ajuda a
vamos assim dizer, assumir a sua régua de exigência, física, ele também vai
ao mesmo tempo te incentivando, te botando pra cima, pra atingir, aumentar
o nível de dificuldade que você, que você tá desenvolvendo ali no treino.
(L.G.).

Essa motivação que todo dia o exercício é diferente, por mais que, às
vezes, é o mesmo exercício (...) é a maneira de fazer é diferente. Algumas
vezes a gente faz com mais carga, então é menos repetição, às vezes com
mais repetição, então é mais aeróbico, muda muito (...). (C.A.).

Ele faz o papel dele, ele liga, ele cobra, sabe? Tipo, “viajou uma semana,
então no dia que você chegar, vem ao menos se alongar”. Ele fica meio que
em cima, lógico, que tem uma coisa, um ganho, né? Se eu não for, ele não
ganha. Ele me incentivando, tem um motivo a mais né? De você continuar
ali no treino de você não desistir, se você estiver cansado, enfim (...). Essa
semana eu trabalhei muito, eu tô com dor aqui, tô com dor ali, eu tô
cansado, eu tô meio sem energia, então ele consegue, fazer com que o
treino fique ao meu favor. (R.M.M.A.).

(...) é um treinador, é um colt, então ele tem que motivar, ele tem que
chamar a atenção pra pessoa fazer aquilo ali (...). (B.V.C.M.).

Ele mima, fala: “olha quanto você já evoluiu”, (...) muda os exercícios de vez
em quando, vai fazendo uma coisa pra realmente não ficar também meio
chato, né? (R.N.).
76

O compromisso

O compromisso de seguir um cronograma semanal de aulas junto ao


profissional é mencionado como vantagem por vários entrevistados. Em virtude
desse compromisso, as faltas praticamente não ocorrem – e, quando ocorrem,
normalmente, a aula é reposta. Assim sendo, os alunos têm frequência nos treinos
maior do que na época em “malham” somente sob a supervisão dos “professores de
sala”. Diversos entrevistados relatam que se não tivessem o compromisso com o
personal trainer, eles faltariam com facilidade, isto porque trocariam as aulas por
algum compromisso de trabalho ou particular.
Segundo alguns depoimentos, as faltas devem ser evitadas por dois motivos:
o econômico, pois é assumido o compromisso de certa quantidade de aulas
semanais ou mensais e, a consideração ao profissional, que tem aquele horário
reservado para o aluno, podendo inclusive ocorrer de o personal trainer não se sentir
confortável em treinar um aluno sem empenho. Também foi mencionado o ganho em
termos de autodisciplina. Os alunos passam a encarar seu treino com seriedade e
interiorizam a importância de não faltar às aulas programadas.

(...) ele, consegue manter em mim essa disciplina de treino diário ou quase
que diário, em alguns momentos é impossível, mas praticamente ele
consegue fazer com que eu tenha essa autodisciplina do treino, porque nem
sempre o treino é algo tão fácil, às vezes você tá cansado, você tá
assoberbado de trabalho, com muitas coisas, ou às vezes você não tá muito
disposto e, eu acho que pra mim sem o personal seria primeira coisa a, a
deixar de fazer seria o treino, entendeu?

Gosto muito de treinar, mas essa disciplina, esse comprometimento com o


treino, eu acho que eu também adquiri com ele, entendeu? Ele me ajudou
muito a eu ter essa disciplina, então, hoje eu procuro não faltar os meus
treinos, procuro sempre dar um prosseguimento, uma execução continuada,
sistemática no meu treino. Tem muito dele aí entendeu? Tem muito dele me
incutindo na minha, na minha mente a necessidade de eu me manter ativo,
quase que diariamente nesse aspecto de treino (...). (E.L.M.).

(...) eu vejo como um incentivo, assim, independentemente de estar


disposto ou não, você tendo um compromisso com um personal, você não
vai deixar de ir, porque você está tendo um gasto à toa (...). (R.M.M.A.).

(...) eu preciso ter uma pessoa, que foi paga e muito caro, me esperando na
academia pra eu me sentir obrigado a ir, porque senão eu não vou, pra
academia. Eu tenho muita preguiça de ir sozinho pra uma academia e
chegar lá e treinar sozinho (...). (G.L.N.).

Você tem aquele horário, é tipo uma consulta, é tipo um horário que você
tem obrigação, entendeu? (...) normalmente, como eu tenho muitos eventos,
quando eu não tenho esse tipo de compromisso, eu acabo que não
treinando todos os dias. (B.V.C.M.).
77

(...) do momento que você começa a pagar, você se sente na obrigação de


vir, até por uma questão de respeito do horário do outro que vem todos os
dias, né? (M.M.L.).

(...) tem o fato que a gente é indisciplinado, se não tiver alguém aqui no
horário esperando você pra fazer o treino, é capaz da gente não vir né?
Todo dia você arruma uma desculpa e tal, gente é indisciplinado e nesse
sentido eu acho que o personal te ajuda um pouco né? ser mais regrado,
ser mais racional nos treinos, né?” (L.G.).

(...) a disciplina que eu tenho; o horário marcado, compromisso de estar lá


(...). (M.K.L.).

(...) ele me cria obrigação de vir, porque se eu venho eu pago, se não venho
eu pago, ele me cria uma rotina, ele me obriga a vir, então pra mim isso é
uma vantagem, porque poderia pagar e não vir, mas ele também perde o
tempo dele, é mais uma questão de respeito eu acho, respeito pelo tempo
dele, pra mim a vantagem é criar rotina. (B.A.R.).

(...) ele acaba me chamando pros treinos, né? Principalmente segunda-feira


acho que é um dia que, dos mais difíceis de malhar e eu tendo a aula
marcada, né? Eu tendo o compromisso com ele, eu vou pra academia, se
eu não tivesse esse compromisso com certeza, depois do final de semana,
normalmente na segunda segunda-feira, eu não iria pra academia. (V.M).
78

4.1.5. Categoria 5: relacionamento

Afinidade pessoal é importante.

O relacionamento pessoal é altamente relevante para o personal trainer, uma


vez que é um tipo de serviço, no qual o contato entre o aluno e o profissional se dá,
muitas vezes, quase diariamente. Trata-se de uma relação de muita proximidade,
inclusive física, com o profissional tocando o corpo do aluno corriqueiramente para
corrigir seus movimentos, ajudá-lo na realização correta de determinados exercícios
ou para alongar seus músculos.
Todos os entrevistados relatam ter bom relacionamento pessoal com seu
atual personal trainer, inclusive alguns, também mencionam de forma positiva o
relacionamento pessoal que tiveram com os anteriores.
Cada entrevistado é estimulado através de uma questão específica a falar
sobre o significado que atribui à afinidade pessoal, dentro da relação existente com
seu personal trainer, porém independentemente dessa questão, em vários pontos
das entrevistas, a afinidade pessoal é citada como um fator importante. Percebe-se
a existência de afinidade pessoal, em maior ou menor grau, entre todos os
entrevistados e seu personal trainer, sendo que todos valorizam sua existência.
Torna-se evidente uma característica: sem a existência de algum grau de
afinidade pessoal, a relação não prossegue. Isto porque o aluno encerra a relação,
por não se sentir confortável com o profissional. Entre os pontos valorizados estão: a
afinidade em termos de comportamentos e a filosofia de vida.
Alguns definem seu personal trainer como uma espécie de terapeuta, como
alguém com quem podem dividir e discutir alguns problemas de sua vida particular,
tal situação ocorre somente quando existe grande afinidade pessoal. Outros
mencionam ainda, que ocorre um processo de troca, com o aluno conversando
sobre alguns de seus problemas particulares; ao passo que o profissional retribui,
falando de alguns dos seus.
Para boa parte dos entrevistados, a afinidade pessoal é grande, sendo que a
maioria considera seu personal trainer como um amigo. O grau de intimidade dessa
amizade varia de mais superficial, na qual se discute alguns assuntos extra treino,
até mais profunda, na qual o profissional e o aluno frequentam um a residência do
outro, conhecendo também seus parceiros, chegando muitas vezes a fazer
programas de lazer em conjunto.
79

Muitos alunos estão com o mesmo profissional há vários anos. Para alguns
entrevistados, a afinidade pessoal associada ao longo tempo de convivência parece
ser um fator que possibilita considerar seu personal trainer como um amigo com alto
grau de proximidade. É possível observar que, nesse caso, o aluno percebe que se
torna importante separar a amizade do lado profissional.
O que predomina nos depoimentos é a amizade mais superficial,
principalmente entre os alunos que têm a característica de ser mais calados durante
o treino – o que talvez seja o esperado, por praticamente não falarem de assuntos
extra treino, ficando mais difícil o desenvolvimento de maior proximidade. As
variações no grau de afinidade pessoal e no nível de amizade estabelecida podem
ser observadas nos depoimentos que se seguem:

Você tem que ter, eu acho que até certa admiração pelo trabalho daquela
pessoa né? Pelo jeito que ela se comporta, pelas ideias. Você não vai
treinar uma hora, uma hora e meia por dia mudo. Você vai conversar, então,
você tá ali, tipo conversando com uma pessoa “boçal” com um papo
horrível, que acredita em coisas que você não acredita; isso acaba
afetando, de certa forma, você está todos os dias com aquela pessoa, e não
é uma pessoa tipo, que você conviva e consiga ignorar, o que ela acha o
que ela pensa, porque ela vai ter uma contato direto contigo, é diferente de
alguém que trabalhe com você (...) uma pessoa que tem ideias esdruxulas,
que você não acredita, você consegue ignorar aquela pessoa ali, consegue
ter uma convivência profissional, “oi”,” bom dia”, “boa tarde”, “tudo bem”,
“tchau” e você só vai ver no outro dia. Personal além de tudo, você paga pra
ele, então, se você não tem afinidade, eu acho que não rola, pra mim não
rola. (R.M.M.A.).

(...) se tem um personal e você se encontra com ele várias vezes por
semana, tem um contato de no mínimo uma hora com essa pessoa, e tem
até contato físico, porque essa pessoa às vezes tem que manipular o seu
corpo pra determinada atividade ou fazer um alongamento pra te ajudar em
algum aparelho, alguma coisa, não tem como você não ter uma intimidade
com essa pessoa, uma intimidade que eu digo, respeitando isso lógico, o
aspecto profissional, mas uma intimidade no sentido de ser amigo mesmo,
de ter confiança plena nessa pessoa, confiança no sentido até de contar
intimidades da vida pessoal, da vida profissional, trocar ideias, pedir
conselhos, oferecer conselhos também porque é uma troca, né?

O personal ele não tá ali só pra te ouvir como se fosse um psicólogo em


determinados momentos e te aconselhar, mas ele também pede conselhos,
também se abre em alguns momentos, fala das dificuldades, de alegrias,
experiências que ele também vive, então eu acho importante esse tipo de
troca, porque todo mundo se sente mais à vontade dessa maneira né? Eu
não me sentiria à vontade, por exemplo, de treinar com um personal que
fosse extremamente técnico, muito sério, aquela coisa sisuda, sabe? Como
se fosse um, um médico atendendo, com muita frieza, sem o aspecto
emocional participando da situação (...).(G.L.N.).

Sim, a gente se dá muito bem, conversa, brinca, é bem legal, é uma


experiência positiva (...) eu considero que ele seria amigo depois desse
tempo assim, é claro que é profissional, mas também nós temos uma, uma
amizade, uma relação boa (...) eu acho que pra qualquer tipo de atividade
80

que, ainda mais com adultos, né? As pessoas têm que se dar bem e ter
uma afinidade, senão fica uma coisa meio escola, né? Meio forçado, que
não rola legal. (R.N.).

(...) a gente é confidente um do outro, né? Então é com ele que eu conto as
coisas que eu não quero contar pra todo mundo, e ele eu também, eu acho,
que acaba falando um pouco dele, né? É meio uma relação de confiança,
como eu já tô há mais de seis anos com ele, já dá pra confiar né? Que uma
coisa que eu contar pra ele não vá vazar, que ele não vai contar pra alguém,
que eu não queira que conte, então, né? (...) somos confidentes sim.
(M.M.L.).

(...) começou dar aula pra outro amigo e aí, vimos que tínhamos amigos em
comum enfim, aí aconteceu de já saímos juntos, eu já fui à casa dele ele já
veio na minha casa, ficou mais íntima a relação entendeu? A aproximação.
hoje eu conto com ele não só como personal, mas como um amigo mesmo
se eu precisar dele eu dou uma ligadinha pra ele, a gente conversa e tá tudo
resolvido, entendeu? Não é uma relação 100% profissional, hoje eu já tenho
uma amizade com ele, mas separamos muito bem o lado profissional da
amizade. Isso eu quero que fique muito claro, nós temos uma relação
profissional e ao mesmo tempo somos amigos. (E.L.M.).

(...) é bastante importante. Se você compreende mais ou menos, ou melhor,


ele compreende mais ou menos até como é que tá o seu dia, né? Tem dias
que ele força mais ou força menos, de acordo com o que ele percebe
também as suas características, é pelo seu semblante talvez, não sei, você
passa uma mensagem e ele, por ser muito semelhante em comportamento,
então ele acaba percebendo, tem dias que ele força mais, tem dias (...) que
ele fala um pouco mais, conversa um pouco menos e assim por diante,
depende, ele captura sua própria maneira de como é que tá seu dia, se
você tá muito cansado, se tá muito irritado, então ele trabalha mais porque
ele percebe mais isso em você também né? (L.G.).

(...) a gente conversa, assim, eu não sou muito de falar, então talvez esse
seja um terceiro fator que me leve a escolher um profissional, uma pessoa
que não fique o tempo inteiro do treino falando, que aquilo tira um pouco
minha concentração, me cansa um pouco. Então, afinidade pessoal que eu
vejo também é isso, quando o profissional entende que você é mais quieto,
ou você conversa mais, (...) com o primeiro personal tinha uma relação
maior de amizade, de frequentar casa, esse tipo de coisa, mas com o
segundo é uma relação muito boa, mas profissional. (C.E.M.).

(...) tem que ter uma afinidade, mas uma afinidade num plano, num plano
de, não tá nos gostos dele ou nos meus gostos, é mais uma coisa de
pessoa mesmo, de valores, eu acho (...) a construção da carreira dele, ou a
vida dele, os objetivos dele, essas coisas têm a ver comigo, a gente
consegue conversar sobre isso, sobre objetivos, sobre desafios da vida. Os
meus desafios são totalmente diferentes do dele, mas são desafios, então,
como superá-los? São da mesma forma, então nesse sentido a gente
consegue conversar.

Agora assim, sobre, sei lá, sobre lugar pra gente jantar ou filme pra assistir,
não, ou música, esse tipo de coisa, não tem nada a ver, e não precisa ter,
eu acho, eu não preciso, eu não tô esperando ter um amigo de balada, sei
lá, não é isso. Acho que ele também não, a gente se dá muito bem assim,
uma sintonia muito boa, mas uma questão de personalidade mesmo. (C.A.).

(...) objetivo de vida nem tanto, mas coisas assim, maneiras de pensar e tal,
(...) eu acho que eu sou mais próximo dele, a gente se tornou amigos
mesmo nesses (...) dez anos (B.V.C.M.).
81

(...) onze anos, tem gente que não tem uma, eu nunca tive um
relacionamento com alguém de onze anos, e a gente tem uma relação,
tanto com ele há onze anos, até o ano passado a gente fazia três vezes por
semana, então a pessoa que tá com você três vezes por semana, durante
dez anos, gera muita possibilidade (...) às vezes eu chego com algum
problema, comento com ele, ele é uma pessoa mais experiente, sempre me
dá opinião, mesmo que a opinião não seja o que eu quero ouvir, mas ele é
muito sincero, e eu tô, eu respeito sempre o que ele fala. (W.L.S.).

(...) todos eles, até o dia de hoje, eu sou amigo de todos eles, a gente
conversa sempre, a gente acaba se encontrando saindo, acho que cria um
vínculo, você está ali com a pessoa todos os dias, então é normal você ter
esse vínculo, eu tenho amizade com todos eles até hoje (...) converso,
treino, saio, somos amigos sim, com certeza. (B.A.R.).

Hoje somos grandes amigos, ele conhece o meu marido eu conheço a


namorada dele, a gente faz alguns churrascos em alguns finais de semana
juntos, fazemos programas, alguns programas de teatro quando possível
juntos (...) se não tivesse afinidade eu acho que não, não teria tanto tempo
juntos, não teria. Eu acho que, é como se fosse um, é, um casamento né?
Tem de tudo um pouco né, tem uns momentos, como eu falei, tem uns
momentos de discussão, têm uns momentos de alegria, a gente fala em
assuntos distintos do treino, né? Tem os momentos de motivação, tem os
seus momentos de puxão de orelha, né? Tem aquele momento é, vou
aumentar o peso, e eu chorando dizendo “não, não vamos aumentar”, tal
né? (...) é um casamento. (V.M).
82

Confio em meu personal.

Os entrevistados depositam alto grau de confiança no trabalho desenvolvido


por seu atual personal trainer. Além do conhecimento técnico e de estar atualizado
com as novidades, através de cursos de aperfeiçoamento, são valorizadas a atenção
e a preocupação dispensadas para que o aluno execute seu treino de forma correta
e eficaz, evitando sobrecarga e possíveis lesões.
Os alunos não costumam checar formalmente as referências acadêmicas,
“vale” o que o profissional diz nas entrevistas iniciais de contratação e,
posteriormente, os cursos que comunica estar fazendo.

(...) é, eu confio, é cegamente, ele sempre tá se atualizando, né? (...) ele


fez vários cursos, ele sempre tá trazendo coisas novas, ele sempre tá
preocupado com os demais alunos, né? Tem aluno que tem limitação, eu
vejo que ele sempre tá preocupado, então ele aplica realmente o exercício,
a parte técnica, de acordo com a necessidade do aluno e dentro do que o
aluno suporta né? (M.M.L.).

(...) primeiro ele tem uma formação muito boa, ele não só estudou Educação
Física como também nutricionismo, então ele tem uma visão melhor das
coisas, né? Não é só aquele tipo de pessoa que fala: “malha aí, faz aí, se
arrebenta (...)”. Não, ele se preocupa bastante com a saúde, se preocupa
com fazer as coisas certas, então eu acho que isso, é muito importante para
mim. (R.N.).

(...) ele tem muito mais embasamento técnico de musculatura, até de dieta,
de nutrição, com tudo que ele aprendeu, do que o anterior que eu tinha.
Então, eu vejo que no período que eu treinei com o Cézar, eu evoluí muito
mais do que o período que eu evolui com o Vicente. (C.A.).

Sim, confio (...) essa confiança pra mim é elementar, né? Sem ela não se
estabelece uma relação, né? Por isso eu estou com ele a tanto tempo, né?
Acho que se não tivesse esse perfil, eu não, eu não estaria com ele há tanto
tempo. (E.L.M.).

(...) eu sou muito chato, né? Se eu não confiasse, não estaria com ele há
bastante tempo, né? De novo, não foi a aparência que me chamou atenção,
né? E hoje eu continuo com ele justamente pela pessoa que ele é,
justamente pelo profissional que ele é né? E pela capacidade que ele tem.
(V.M.).

(...) você desenvolve uma relação com eles né? Então, acaba certamente
tendo um aspecto de confiança e tudo mais, né? (L.G.).

Confio 100%, até porque ele, além de um professor de Educação Física, ele
é fisioterapeuta, tem uma preocupação muito grande de não cometer
excessos (...) eu vou te falar de mim, o que eu valorizo confiança no
profissional dele. (W.L.S.).
83

O personal tem que ser flexível.

A flexibilidade do profissional, isto é, a capacidade de entender as dificuldades


do aluno, entre elas, os compromissos de trabalho, e a facilidade na reposição das
aulas em horários alternativos, é diversas vezes citada como fator relevante no
relacionamento e na continuidade do trabalho. Alguns relatam a existência de uma
parceria com seu personal trainer, elogiando sua postura profissional e a
preocupação em repor aulas, mesmo sabendo que, se não for possível, a reposição,
normalmente, a aula é paga.

Ele tá sempre disposto a repor a aula, então ele sempre se adianta em me


passar os dias que ele tem e os horários disponíveis pra eu decidir quando
que eu posso ir, né? (G.L.N.).

(...) ele tem flexibilidade de horário conforme disponibilidade de agenda (...)


não necessariamente ter um horário fixo na semana, até porque com essa
minha nova função eu não consigo ter isso, né? Então, muito
provavelmente, por exemplo, hoje eu malhei de manhã, né? Normalmente,
final de semana eu não malho, mas na segunda-feira eu vou ter que malhar
com ele depois do expediente, né? Então a gente consegue tá encaixando
os horários que ele tem disponível conforme a minha agenda também.
(V.M.).

(...) eu acho que é importante, que o personal, seja uma pessoa flexível,
entender as necessidades, às vezes eu tenho um compromisso e eu não
posso comparecer nas aulas das 18h, e eu sempre converso com Diogo,
olha tem algum aluno seu, que pode adiantar ou atrasar, ou eu posso fazer
a aula de hoje outro horário? Então isso é importante pra mim, porque ele
sempre flexibiliza, eu já escutei casos de personal, que não flexibilizam,
então isso é ruim, na minha agenda não comporta, não existir flexibilidade,
eu preciso disso. (B.A.R.).

Olha, ele é muito parceiro, e ele tá muito envolvido em que eu evolua, então
ele me puxa muito mais do que eu, do tipo, se eu falto algumas vezes por
trabalho, eu falo pra ele “ah deixa, não vou treinar amanhã, porque tô
cansado” ele: “não, não, vamos repor, tem que repor, não pode ficar aí
parado” (...) ele se importa de repor em outro dia, na verdade assim,
geralmente, sou eu que não posso, não ele, quando ele não pode,
automaticamente, tem reposição, mas mesmo quando eu não posso, que eu
estaria pagando aula de qualquer maneira, ele repõe pra mim, então a
gente sempre repõe aula. (C.A.).

Então, a gente normalmente conversa, né? Como o meu horário é um


pouco mais flexível do que a maioria das pessoas, então normalmente eu
ajustei um horário mais ou menos definido, mas tem certa flexibilidade
também, se eu for fazer uma tradução, uma coisa, a gente troca, se ele
também tá precisando daquele horário, eu também cedo, então, sabe? Uma
relação assim mais, mais flexível. (R.N.).

Nunca foi uma coisa muito combinada, assim em contrato, não; mas os dois
profissionais que eu já trabalhei, sempre foram muito flexíveis, se eu tinha
um imprevisto ou amanhecia adoentado, eles deram o ok com cancelar a
aula, sem me cobrar por ela. Muitas vezes eu que nem precisava insistir
assim, “não, mas eu cancelei encima da hora, então eu faço questão de
84

pagar”, quando eu cancelo encima da hora eu faço questão de pagar (...)


essa flexibilidade com o profissional me ajuda a ser fiel a ele. (M.K.L.).

E outra coisa é isso, eu acho que a disponibilidade dele, de conseguir te


atender dentro das suas variedades de tempo, das suas limitações e
dificuldades, essa disponibilidade dele também é legal. (L.G.).
85

4.1.6. Categoria 6: motivos para a troca do profissional

Entre os 13 entrevistados, oito trocam de personal trainer, pelo menos, uma


vez. Desses, oito depoentes que trocam de profissional somente dois trocam por
insatisfação com algum aspecto do trabalho desenvolvido. Todas as demais trocas
são relacionadas à impossibilidade de continuidade do trabalho por motivos
referentes à indisponibilidade do aluno ou do profissional em continuar na mesma
academia.
Não são mencionadas trocas devido a problemas de relacionamento com o
personal trainer. Ao contrário, todos os entrevistados relatam ter tido um bom
relacionamento com todos os profissionais com os quais trabalharam, embora com
alguns tivessem mais afinidade pessoal e maior proximidade. As razões identificadas
para as trocas encontram-se nas subcategorias a seguir.

Mudança de emprego do aluno com mudança de academia.

A impossibilidade de continuar o trabalho com o profissional devido à


alteração de local de trabalho, com consequente mudança de academia é, na
maioria dos casos, o motivo apontado para a troca, o que pode ser observado nos
depoimentos, abaixo relacionados.

A troca foi porque, isso que eu te falei, eu fui morar fora. Não era nada com
o personal, né? A gente se dava super bem e eu tava evoluindo, embora ele
não tivesse a pegada de dieta. Era só exercício mesmo e eu tive que parar
porque fui morar fora. (C.A.).

(...) eu troquei de academia (...) aí eu, forçosamente, eu fui obrigado a trocar


de personal também, porque meu personal, na verdade eles acabam não se
deslocando muito, a não ser que valha a pena pagar o pagamento, (...) eu
troquei de academia e troquei de personal, aí a terceira vez, com o Diogo
era a mesma coisa, na verdade eu troquei de trabalho, acabei trocando de
academia e de personal de novo. (B.A.R.).
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Não pode mais me atender na academia que frequento.

Existem profissionais que por diversos motivos, como por exemplo, a


mudança de bairro ou de cidade, não podem mais atender o aluno na academia em
que, atualmente, se desenvolve o treinamento. Nesses casos, forçosamente, o aluno
busca um novo personal trainer ou volta a “malhar” somente sobre a supervisão dos
“professores de sala”.

(...) eu acabei trocando por uma questão que na realidade, essa professora
acabou saindo da academia, né? Ela foi pra outra academia porque ela
acabou se mudando de bairro, e aí, o bairro pra onde ela foi, era um bairro
longe da minha casa (...). (V.M.).

O primeiro foi, mais ou menos um ano, ele acabou tendo que ir pro Japão,
(...) e eu acabei, na sequência, (...) já comecei a treinar com o César, e de
2008 pra cá eu tô com ele direto. (B.V.C.M.).

(...) eu fiquei dez anos com um, e há um ano eu mudei de personal porque o
outro profissional precisou sair da academia, mas eu fiquei dez anos com
um. (M.K.L.).

Não estou satisfeito com o trabalho desenvolvido.

Um entrevistado (C.E.M.) relata insatisfação com o trabalho desenvolvido por


seu primeiro personal trainer. O entrevistado tem alguns problemas ósseos
decorrentes de um acidente e o profissional “tem medo” de aplicar-lhe exercícios
com maior intensidade. Isto porque, talvez, por não possua conhecimento técnico
adequado.

O segundo profissional sim, teve um quesito que era mais técnico, tenho
alguns problemas ósseos, decorrente de alguns acidentes, e esse primeiro
personal que eu escolhi, ele tinha muito medo de fazer qualquer tipo de
exercício um pouco mais, (...) que exigisse um pouco mais de mim, então,
as aulas dele eu acabava achando muito fracas. O segundo profissional, eu
procurei um profissional que no caso ele trabalha, além de trabalhar aqui na
sala também, ele é atleta de fisiculturismo, tem um conhecimento diferente
do que o primeiro tinha. (C.E.M.).

Outro entrevistado (R.M.M.A.) relata não estar propriamente insatisfeito com o


trabalho desenvolvido por seu primeiro personal trainer, com o qual fica
aproximadamente um ano. Porém, pela observação do trabalho desenvolvido por
outros profissionais na mesma academia, chega à conclusão de que seu personal
trainer não exercita seu próprio corpo com afinco e que existem profissionais que
87

têm maior número de alunos com bons resultados e, por isso efetua a troca – o
depoimento está reproduzido abaixo:

(...) observei, quem que realmente treinava na academia; observei os


alunos, os resultado que os alunos tinham, até a troca foi meio por conta
disso, ele não tinha uma frequência de treino tão regular, para quem
trabalha com aquilo, e acabei mudando pra um que tá estava dentro do
padrão de personal, eu não via fazendo muitos exercícios, ele sempre
estava com uma desculpa que estava cansado, “Ah, essa semana eu não
treinei”, aí fica meio complicado, né? É a mesma coisa que você, fazer uma
consulta com um médico, que trata do pulmão e ele fuma, alguma coisa vai
ter de errado. Posso até está sendo preconceituoso, mas na minha cabeça,
se eu vou contratar algum tipo de serviço, a pessoa que me vende aquele
serviço, ela tem que ter excelência naquilo, praticar o que ela vende, se não,
não faz muito sentido. (R.M.M.A.).

É muito comum o aluno observar outros profissionais dentro da mesma


academia, sendo um dos critérios da escolha para a contratação do personal trainer
(ver categoria 2: como escolhem o profissional).
88

4.1.7. Categoria 7: fidelização

São percebidas diversas vantagens no treinamento personalizado e


supervisionado por personal trainers. Os melhores resultados alcançados são a
principal vantagem identificada, isto porque é mencionada em diversos momentos e
com ênfase em todas as entrevistas. Também merecem destaque a motivação e a
disciplina proporcionadas pelo profissional. Todos esses aspectos são abordados,
anteriormente, na categoria 3: vantagens percebidas.
Os entrevistados relatam estar satisfeitos com o trabalho desenvolvido e
percebe-se fidelidade a seu atual personal trainer. Adiante são abordadas,
especificamente as categorias que demostram a satisfação e a disposição em
continuar com o atual profissional.

Estou satisfeito com o trabalho desenvolvido.

A satisfação com o trabalho do atual personal trainer é demonstrada na


ênfase dada aos resultados alcançados. São citados os aspectos relacionados à
estética, particularmente, a melhora da massa muscular obtida através de exercícios
para a definição ou hipertrofia muscular. É destacado também o controle do peso
corpo corporal.
Outros pontos surgidos nos depoimentos, que somados aos resultados
alcançados são importantes para a satisfação são: o estímulo e a motivação, a
disciplina obtida e a afinidade pessoal. Os entrevistados se declaram fiéis a seu
atual personal trainer – o que é detalhado na subcategoria “sou fiel a meu personal”.

Estou satisfeito, sim. Eu acho que eu tive uma evolução muito bacana, (...),
eu acho que a gente sempre quer um pouco mais daquilo que tem, né? (...)
adquiri massa magra, adquiri peso, era tudo que eu queria, esteticamente
me sinto melhor e saudável também. Então eu estou satisfeito, sim”
(E.L.M.).

(...) eu só não tô mais satisfeito por causa da minha própria indisciplina, né?
Se eu fosse uma pessoa mais disciplinada, eu teria um, um resultado muito
mais legal, muito mais expressivo né, mas isso é uma questão minha, uma
culpa minha, os personal trainers que me atenderam sempre foram
excelentes e eu sempre tive resultado muito bacanas com o trabalho deles,
sempre mesmo, sempre fiquei muito satisfeito (...). (G.L.N.).

(...) e no trabalho que aluno quer fazer, né? No meu caso, eu tinha uma
deficiência de costas e a gente fez um trabalho longo e extensivo, mas com
bons resultados (...). (B.A.R.).
89

(...) a meta vai subindo, o que é legal, você vê que você tá evoluindo, a
minha meta já não é mais a que eu tinha quando comecei a treinar com ele,
já passei por várias metas, consegui passar por várias metas. (C.A.).

(...) tem todo um processo que, que quanto mais você faz, mais você tem
resultado, né? Então a questão da parte dele, eu sinto que eu tô satisfeito,
ele tá fazendo todo o possível (...). (R.N.).

(...) e o que eu esperava do resultado era que eu tivesse mesmo um


resultado mais positivo, e a partir de três meses eu já comecei a evoluir, a
ganhar mais massa muscular e me senti mais motivado (...) e desde então,
eu senti uma mudança radical no meu corpo (...). (M.M.L.).

(...) eu acho que eu continuo com personal pra me manter disciplinado e pra
garantir melhores resultados (...) tonificar e manter o peso que, eu acho que
eu tô ideal agora (...) eu sinto resultados nas minhas roupas, no meu físico,
no espelho etc. (M.K.L.).

Sim, a gente se dá muito bem, conversa, brinca, é bem legal, é uma


experiência positiva (...) eu considero que ele seria amigo depois desse
tempo assim, é claro que é profissional, mas também nós temos uma, uma
amizade, uma relação boa (...). (R.N.).
90

Quero ter um personal por muito tempo.

Dos treze entrevistados, onze relatam a intenção de continuar os serviços


com os personal trainers, por um longo período de tempo. Duas situações se
diferenciam das onze acima relatadas: um entrevistado, fortemente, vinculado ao
seu atual personal trainer, informa que não sabe se continua com os serviços de
outro profissional – caso o trabalho com o atual se encerre. Outro entrevistado relata
que não sabe, ao certo, por quanto tempo continua com seu atual, porém, mesmo
nesse caso, descreve que sua intenção é continuar com o trabalho, enquanto estiver
percebendo resultados em sua forma física.
Os entrevistados expõem a não disposição de voltar a “malhar” somente
sobre a supervisão dos “professores de sala”. Alguns ainda dizem que sem o
acompanhamento de um profissional, provavelmente, deixariam de frequentar a
academia, inclusive, definem-se como “dependentes” desse tipo de serviço. O
principal limitador para a continuidade dos serviços é a questão financeira, por se
tratar de um serviço de valor elevado.

(...) eu pretendo manter sempre, enquanto tiver condições, (...) é um serviço


que você tem que desprender certa quantia considerável, né? Então,
enquanto eu tiver condições, eu pretendo manter sim, pretendo manter. A
ideia é que eu faça sempre com o acompanhamento do personal,
entendeu? Espero que eu consiga! (E.L.M.).

(...) se não tiver personal eu não faço mais academia, pra vir sozinho, se
não tiver companhia, sai fora totalmente da minha rotina, se eu não tivesse
obrigação, eu nem venho mais pra cá. (B.A.R.).

(...) eu não penso em ficar sem um serviço de um personal, não penso, na


verdade enquanto eu puder, tiver condições, eu vou fazer, vou utilizar do
serviço de um personal, não me imagino vindo pra academia e treinar
sozinho, não me imagino, acho que acostumei tanto que as facilidades e
tudo mais, a gente acaba sendo meio preguiçoso, eu pelo menos sou um
pouco preguiçoso. (L.G.).

Eu tenho 49 anos, eu acho que eu vou malhar por muitos e muitos anos, e
se eu puder pagar por esse serviço, eu vou pagar pra sempre. (M.K.L.).

(...) eu não me vejo assim parando, né? (...) não é necessidade básica, mas
eu fiquei meio dependente mesmo, hoje eu não me vejo indo sozinho pra
academia é, eu treinava com amigos, mas aí um ia embora e depois
mudava de academia, e aí não queria mais treinar naquele horário, então
eu, eu não evoluía. (M.M.L.).

(...) até poder pagar, enquanto puder pagar (...). (B.V.C.M.).

(...) eu consigo ter mais motivação pra ir pra academia, porque eu sei que
tem alguém lá me esperando, que eu paguei, né? Um valor alto, e que é
uma pessoa com quem eu tenho a empatia (...) eu nunca vou abrir mão de
91

ter um personal pra fazer, fazer os treinos de musculação na academia.


(G.L.N.).

(...) eu não tenho nenhuma intenção de, de parar, né? Agora é claro, a
gente sabe que tem vários fatores, né? Mas de momento, enquanto eu
puder, eu quero manter. (R.N.).

(...) é claro que você precisa ter um, sei lá, ter uma grana pra ficar pagando
isso todos os meses, né? Em alguns momentos talvez não seja tão simples,
mas se eu puder, se daqui pra frente eu tiver condições de pagar um
personal, eu vou sempre ter um personal. (C.A.).

(...) num time que se tá ganhando não se mexe, fui me mantendo com ele e
acho que a relação é muito bacana (...) os ganhos são muito grandes, (...)
enquanto der pra fazer, eu gostaria de fazer.” (M.M.L.).
92

Sou fiel a meu personal.

Nota-se a existência de fidelidade ao atual personal trainer, a partir de


declarações dos próprios entrevistados. Alguns deles relatam que somente
deixariam seu atual personal trainer por motivos de força maior, como por exemplo,
necessidade de mudança de academia, em decorrência de mudanças em seu local
de trabalho.
Conforme abordado, anteriormente, os resultados alcançados pelo programa
de treinamento constituem aspecto fundamental para a fidelização do aluno, porém,
são valorizados também, quesitos, tais como, a confiança nas habilidades
profissionais e a afinidade pessoal.

Enquanto ele não se aposentar, e enquanto eu tiver condição de pagar (...).


(W.L.S.).

(...) não tenho intenção de mudar, mas se fosse uma situação de força
maior, eu gostaria de continuar fazendo nem que fosse com outra pessoa.
(...) eu já vi o benefício e realmente pra mim é muito melhor do que treinar
sozinho. (R.N.).

(...) virou uma amizade mesmo, e ele é um excelente profissional,


realmente. De fato, ele sempre tá preocupado, empenhado, qualquer coisa
que aconteça no período que não ocorreu legal, ele fica atento (...). Durante
todos os dias perguntando se você melhorou; como você tá, ele tem uma
preocupação muito grande (...). (M.M.L.).

(...) mas, quando eu tenho a oportunidade, eu indico sim, só que também


ele não tem muito horário. (B.V.C.M.).

(...) essa confiança pra mim é elementar, né? Sem ela não se estabelece
uma relação aí, né? Eu, por isso eu estou tanto tempo com ele também, né?
(...) hoje eu conto com ele, não só como personal, mas como um amigo
mesmo, se eu precisar dele eu dou uma ligadinha pra ele, a gente conversa
e tá tudo resolvido, entendeu? Não é uma relação 100% profissional, hoje
eu já tenho uma amizade com ele, mas separamos muito bem o lado
profissional da amizade. Isso eu quero que fique muito claro, nós temos
uma relação profissional e ao mesmo tempo somos amigos. (E.L.M.).

(...) não pensaria em nada que eu gostaria de mudar, não tem nada que me
ocorre assim, porque é muito amplo o que a gente faz, né? Em todas as
partes, você é muito bem regrado nos treinamentos, segunda faz uma coisa,
na quarta eu faço outra, na sexta eu faço outra e no sábado outra e assim
por diante, então é um treino que diz respeito à proposta de um personal
que é trabalhar a parte física, eu não posso reclamar. (L.G.).

O entrevistado C.A. demonstra fidelidade a seu atual personal trainer,


relatando que, se o mesmo passar a atuar em outra academia, ele também muda
para continuar a ser seu aluno.
93

(...) pra mim foi muito importante, tá sendo muito importante o personal (...)
no caso do Cézar, se ele mudar de academia, eu mudo com ele, a
academia não é uma questão, a questão é continuar malhando com ele.
(C.A.).
94

Eu recomendo este tipo de serviço

Os entrevistados valorizam o acompanhamento personalizado, proporcionado


por personal trainers, devido a todas as vantagens percebidas e recomendam esse
tipo de serviço. São valorizados principalmente aspectos, tais como, os melhores
resultados obtidos, a motivação e o estímulo proporcionados e a segurança em
executar os exercícios de forma correta e segura.

Não só como recomendo como eu acho fundamental. Eu acho muito


importante é, eu questiono muito as pessoas que vão pra academia
sozinhas e fazem aquele treino que alguém foi lá e colocou no sistema,
sabe? Segue aquele treino sozinho ou por conta própria mesmo, vai pra
academia e define o que é melhor pra fazer no momento sem a ajuda de
alguém do lado fazendo tipo o acompanhamento técnico, direcionamento.

Eu questiono muito porque não é só o que você vai fazer, mas é como você
vai fazer o exercício né? É por que você vai fazer o exercício, e cada um
tem uma fisiologia, o meu corpo é diferente do seu, a minha necessidade
em determinado aparelho, determinada função é diferente da sua, a minha
capacidade também é diferente da sua.

Então, eu não vejo como padronizar um treinamento, eu acho que um


treinamento tem que ser individualizado, é como o médico, o médico não
atende um grupo de pacientes ao mesmo tempo e oferece o mesmo
remédio pra todo mundo, né? Ele oferece um pra cada um, dependendo do
diagnóstico de cada um, então eu acredito que daí a importância do
personal trainer. (G.L.N.).

(...) eu indico sempre pra pessoa fazer com o personal, um personal, né?
Mas, a maioria das pessoas não faz, por questão financeira mesmo (...).
(B.V.C.M.).

Recomendo. Se a pessoa quiser mais disciplina, quiser resultados mais


concretos, o personal é importante. (M.K.L.).

(...) eu indicaria justamente por essa questão, por exemplo, no meu caso eu
sou uma pessoa que eu não, não gosto de academia, não gosto de “puxar
ferro”, (...) e existe essas pessoas também que não gostam de malhar mas
precisam malhar, hoje eu entendo que todo mundo precisa malhar, haja
visto a questão que se tem do estresse, do trabalho e tudo mais, você
acaba conseguindo é, relaxar, ter uma noite de sono mais, mais tranquila e
tal, e considerando que você malha, que você tem um, uma atividade física,
entendeu? Então, toda essa atividade física tem que ser feita com
acompanhamento né? (V.M.).

(...) é importante assim você ter um, se todas as pessoas pudessem ter um
orientador físico individual, né? Como é o caso que eu tô fazendo agora
todos os dias, seria muito importante, porque você tem muito ganho (...).
(M.M.L.).
95

5. CONCLUSÕES

Através de entrevistas realizadas com treze homens praticantes de


musculação, há, no mínimo três anos, traça-se um perfil abrangente da relação entre
o personal trainer e o aluno, sendo que algumas particularidades dessa relação,
além de aspectos que impactam positivamente na fidelização do aluno ao
profissional são apresentados mais adiante.
Constata-se que os custos para a contratação do personal trainer são
elevados, com grande variação no valor da hora/aula. Na amostra analisada, o
menor valor é de R$ 60,00 e o maior R$ 125,00, predominando os valores entre R$
80,00 a R$ 100,00. São sete entrevistados pagando valores nesse intervalo. O gasto
mensal com o pagamento do personal trainer é elevado e situa-se entre R$ 800,00 e
R$ 2.500,00.
Embora, nos últimos anos, tenha ocorrido o aumento da procura pelo serviço,
em decorrência da percepção das vantagens do treinamento personalizado e da
prática de preços mais baixos, percebe-se, pelo valor dispendido, que contratar os
serviços do profissional, continua a ser acessível somente para uma elite econômica.
A maioria dos entrevistados (dez) utiliza-se dos serviços do profissional entre três e
cinco vezes por semana, somente dois usam duas vezes e somente um utiliza o
serviço seis vezes.
A contratação ocorre principalmente dentro da academia frequentada pelos
alunos. Ela ocorre pela observação do trabalho de outros personal trainers ou de
“professores de sala” que se tornam o personal trainers em período parcial ou
integral. A indicação de amigos, colegas de academia ou de outros profissionais de
Educação Física também é frequente e, muitas vezes, apresenta-se combinada com
a observação, anteriormente mencionada.
Durante o processo de contratação, a boa aparência influi positivamente,
sendo valorizado ter um corpo com boa definição muscular e não estar “acima do
peso”. Sobre este ponto, é comum ser mencionada a necessidade de coerência,
pois um personal trainer que não cuida adequadamente de seu corpo e “prega” que
o aluno deve se esforçar para mudar o seu torna-se incoerente, isto porque ele
defende um tipo de comportamento que ele mesmo não tem. O profissional é visto
como um exemplo a ser seguido – o fato de ter um corpo “em forma” constitui um
96

incentivo para o aluno, seu corpo constitui uma espécie de “cartão de visitas” no
processo de contratação.
O principal motivo para a contratação de um profissional é a estética. Todos
os entrevistados desejam algum tipo de mudança em seu corpo. Percebe-se que o
desejo de ter um corpo com baixos índices de gordura, com os músculos definidos
ou mais volumosos (hipertrofiados) está presente em maior ou menor grau em todas
as entrevistas.
Alguns também relatam a necessidade de perder ou manter o peso, porém,
mesmo esses, não deixam de enfatizar a importância de ter os músculos tonificados.
Outros motivos para a contratação são a busca por melhores resultados com o
programa de exercícios, as preocupações relacionadas à saúde e à qualidade de
vida e a necessidade maior estímulo e motivação.
Os entrevistados afirmam a dificuldade em treinar somente sob a orientação
dos “professores de sala”, pois consideram essa orientação deficiente, porque o
professor precisa atender diversos alunos e não conseguem dar um atendimento
adequado. Ainda, nessa situação, os depoentes definem-se como treinando
“sozinhos”. Relatam também como os resultados alcançados ficam aquém de seus
objetivos, gerando muitas vezes desmotivação – o que os levam, com frequência, a
ter faltas constantes, prejudicando ainda mais os resultados que almejam; a
contratação do personal trainer é vista como uma forma de alcançar resultados
melhores e em menor tempo.
A preocupação com a saúde e a qualidade de vida também é citada, porém
em menor frequência, quando comparada à estética. São mencionados os
benefícios do exercício físico que podem proporcionar bem-estar físico e emocional,
além da redução do estresse. Contudo, constata-se que o discurso da saúde está
fortemente associado à busca de melhorias estéticas.
Muitos alunos relatam que que estavam desmotivados e sem estímulo para
realizar sua série de exercícios, sendo comum não cumprir a programação de aulas
semanais além de faltas constantes. Desse modo, o profissional é visto como capaz
de motivá-los para a frequência adequada e maior empenho.
Todos os entrevistados têm um longo período de convivência com personal
trainers. Assim sendo, são alunos experientes nesse tipo de relação e podem
apontar diversas vantagens que percebem nos serviços prestados por esse tipo de
profissional. A principal vantagem percebida é a obtenção de melhores resultados,
97

que são alcançados através de um programa de exercícios personalizado e


supervisionado – esse aspecto é apontado por todos os entrevistados e, muitas
vezes, em vários pontos de seus relatos.
Cabe observar que a busca por melhores resultados já integra parte do desejo
dos alunos, quando contratam o profissional, sendo o principal motivo relatado para
a contratação. Os resultados alcançados estão associados à definição corporal ou
hipertrofia da musculatura, ao aumento da força e à perda ou manutenção de peso.
A obtenção de, pelo menos, parte dos resultados constitui o principal fator
para a manutenção da relação entre o profissional e o aluno. Caso isso não
aconteça, a relação cessa, perdendo o sentido para o aluno; que acaba procurando
um novo profissional ou volta a “malhar” sob a supervisão dos “professores de sala”,
sem o elevado custo do personal trainer.

A maioria dos entrevistados relata que a obtenção de resultados depende do


bom trabalho desenvolvido pelo personal trainer somado ao seu esforço pessoal e
envolvimento com o programa de treinamento. Percebe-se que existe o sentimento
de satisfação nos entrevistados, a partir dos resultados alcançados até o momento,
sendo frequentemente relatadas as mudanças observadas em seus corpos.

Outras vantagens percebidas são: fazer os exercícios de forma segura e


evitar lesões, a motivação e o estímulo proporcionados pelo profissional e a maior
frequência em decorrência do compromisso assumido. Com referência a fazer os
exercícios de modo seguro, alguns relatam já terem sofrido lesões, quando não
tinham a orientação de um profissional; as lesões ocorrem, comumente, por
problemas posturais e excesso de carga durante a realização dos exercícios. É
muito valorizado o cuidado e a atenção dispensada pelos profissionais no
acompanhamento da execução dos exercícios.

A motivação e o estímulo são indicados como outra vantagem. A motivação é


obtida por diversos meios: seja através de estímulos, como, por exemplo, elogios,
nos quais são apontadas as melhoras obtidas na definição ou hipertrofia muscular,
no aumento da massa magra, no acréscimo de força, na perda ou manutenção de
peso (quando esse for um dos objetivos), entre outros aspectos; seja através de
comentários carregados de sendo de humor – o que torna a aula mais “leve”.
A prática de musculação é composta por séries de exercícios que precisam
ser repetidas e, muitos alunos consideram fazer essas repetições extremamente
98

desestimulantes, então, é registrado que o profissional não deixa o treino ficar


monótono, uma vez que com frequência existem variações nos exercícios que
compõem o treino.
O compromisso de executar um cronograma semanal de aulas junto ao
profissional é tido como outra vantagem. O sentimento de compromisso coíbe as
faltas. Elas praticamente não ocorrem. Quando ocorrem, normalmente, a aula é
reposta. Assim, os entrevistados têm uma frequência nos treinos maior do que
teriam, quando “malham” somente sob a supervisão dos “professores de sala”.
Diversos entrevistados relatam que se não tivessem o compromisso com o
personal trainer, eles faltariam com facilidade, pois acabariam trocando as aulas por
algum compromisso de trabalho ou particular. Também é relatado o ganho em
termos de autodisciplina, com os alunos encarando seu treino com seriedade e
interiorizando a importância de não faltar às aulas programadas.
Manter um bom relacionamento pessoal é relevante para o personal trainer,
pois é um relação baseada na pessoalidade e com contato frequente, muitas vezes
diário, com o aluno. Trata-se de uma relação de muita proximidade física. O personal
toca o corpo do aluno para corrigir seus movimentos ou para alongar seus músculos.
Todos os entrevistados relatam ter bom relacionamento com seu atual
personal trainer. A existência de afinidade entre o personal trainer e seu aluno é um
facilitador para um bom relacionamento. Constata-se que, sem a existência de
algum grau de afinidade, a relação não prossegue; o aluno não se sente confortável
com o profissional. É valorizada a afinidade em termos de comportamentos e
filosofia de vida.
Alguns entrevistados definem seu personal trainer como uma espécie de
terapeuta, como alguém com quem podem dividir e discutir alguns problemas de sua
vida particular; outros relatam que ocorre um processo de troca, no qual o aluno
pode conversar sobre seus problemas e o profissional retribui, falando dos seus. São
comuns os relatos que indicam o personal trainer como amigo.
O grau de intimidade dessa amizade varia. Para a maioria dos entrevistados,
verifica-se a existência de uma amizade superficial, na qual se discute poucos
assuntos extra treino. A amizade superficial é relatada, principalmente pelos alunos
que têm a característica de serem mais calados durante o treino – o que talvez seja
o esperado por, praticamente, não falarem de assuntos alheios ao programa de
treinamento, ficando mais difícil o desenvolvimento de maior proximidade.
99

Já para outros, verifica-se uma elevada afinidade pessoal associada,


geralmente, a um longo tempo de convivência, existindo uma amizade profunda, na
qual se discutem assuntos pessoais, podendo ocorrer de o personal trainer e o aluno
frequentarem um a residência do outro, conhecendo também seus parceiros, caso
existam, e muitas vezes fazerem programas de lazer juntos.
Os entrevistados depositam alto grau de confiança no trabalho desenvolvido
por seu atual personal trainer, além do conhecimento técnico e de estar atualizado
com as novidades, são também valorizadas a atenção e a preocupação dispensadas
para que executem seu traino de forma correta e eficaz, evitando possíveis lesões.
A flexibilidade do profissional (especialmente quando ele compreende as
dificuldades do aluno em função de seus compromissos e a facilidade de reposição
das aulas em dias ou horários alternativos) é fator altamente relevante para o bom
relacionamento e para a continuidade do trabalho. Nota-se que as trocas de
profissional ocorrem, principalmente por mudanças do local de trabalho ou de
residência do aluno ou, ainda, por incompatibilidade de sua agenda com a do
profissional. Vale ressaltar que, raramente, ocorrem por mudanças de residência ou
local de trabalho do personal trainer.
Quando ocorre a troca, nem sempre, existe propriamente uma insatisfação
com o trabalho desenvolvido ou por problemas na relação com o profissional. Com
frequência, ocorre a observação do trabalho elaborado por outros personal trainers.
O aluno identifica-se mais com o tipo de comportamento e/ou de trabalho
desenvolvido por outro profissional, esperando com a troca obter melhores
resultados com o treinamento. Não são relatadas trocas devido a problemas de
relacionamento, pelo contrário, todos os entrevistados relatam ter tido um bom
relacionamento com todos os profissionais com os quais trabalharam, embora, com
alguns tivessem mais afinidade pessoal e maior proximidade.
Percebe-se a existência de uma relação de fidelidade entre os entrevistados e
seu atual personal trainer. Essa relação se estabelece por um conjunto de aspectos,
porém dois deles se revelam fundamentais: o alcance, ao menos parcial, dos
objetivos do aluno com o programa de treinamento e, a existência de algum grau de
afinidade pessoal entre o aluno e o profissional. A confiança nas habilidades
técnicas e profissionais, a motivação transmitida ao aluno e a flexibilidade, em
termos de reposição de aulas em dias ou horários alternativos são também
100

relevantes. Nota-se que, além de fidelidade ao atual personal trainer, os


entrevistados são fiéis a esse tipo de serviço pelos motivos abaixo:
• existe a não disposição de voltar a “malhar” somente sob a supervisão
dos “professores de sala”. Alguns relatam que sem o acompanhamento
de um personal trainer, provavelmente, deixariam de frequentar a
academia;
• quando inquiridos se, numa situação hipotética, como por exemplo, a
incompatibilidade de sua agenda com a de seu atual personal trainer
ou uma mudança do mesmo para outra cidade, continuariam a utilizar
desse tipo de serviço, através da contratação de outro profissional, dos
treze entrevistados, doze, dizem que sim, procurariam outro
profissional.

Como consequência das várias vantagens que percebem no serviço prestado,


todos os entrevistados, quando perguntados se indicariam os serviços de personal
trainers para seus amigos e conhecidos, responderam que sim, apesar de que
consideram o preço elevado, sendo essa uma limitação para a contratação.
101

Contribuições aplicáveis para o personal trainer na relação com seus alunos.

Os atuais ou futuros personal trainers devem se atentar que:

• os alunos consideram importante a atualização técnica; embora,


normalmente, não questionem o profissional sobre esse assunto. Ele
deve se atualizar, fazendo uma pós-graduação ou cursos de
atualização e no transcorrer de sua atividade com o aluno, informá-lo
sobre a realização desses cursos;
• deve ser um motivador. São formas eficazes de motivar: estímulos,
como por exemplo, elogios, nos quais são apontadas as melhoras
corporais obtidas com o programa de treinamento ou, ainda,
comentários carregados de senso de humor – o que torna a aula mais
“leve”;
• periodicamente, deve promover ajustes no programa de treinamento,
não deixando o aluno desmotivar ou ficar entediado pela repetição
constante da mesma série de exercícios;
• deve estabelecer uma relação de parceria, na qual ele participa com
seu conhecimento técnico e supervisão do treinamento e o aluno com
seu esforço;
• é importante que o aluno perceba em seu corpo os resultados com o
programa de treinamento;
• o profissional deve manter seu corpo com baixos índices de gordura e
com boa definição muscular. Esses são aspectos valorizados pelos
alunos, no momento da contratação e até mesmo para a manutenção
do profissional, pois o corpo “em ordem” constitui uma espécie de
“cartão de visitas” e inspira maior confiança no profissional;
• deve ter flexibilidade de horários para a reposição de aulas;
• deve respeitar as características de personalidade de cada aluno,
alguns são mais calados, outros mais comunicativos, porém a
comunicação deve sempre “fluir” de forma natural. Caso contrário, o
aluno não se sente confortável e a relação cessa.
102

Embora este estudo aborde o serviço prestado por personal trainers,


apresenta contribuições para profissionais que prestam outros tipos de serviços
corporais, nos quais se possa atender de forma personalizada, como por exemplo,
professores de pilates e yoga. Esses dois serviços apresentam semelhanças. Isto
porque, através do atendimento personalizado, são atendidas as necessidades
específicas do aluno, além de que necessitam de um contato muito próximo,
existindo o contato físico para a correta orientação e execução do programa de
exercícios.

Limitações do estudo e sugestões para estudos futuros.

Nesse ponto, considera-se como limitação do estudo a amostra selecionada


abranger somente o público masculino. Avalia-se como oportuno que o mesmo tipo
de estudo seja realizado junto ao público feminino, possibilitando que os resultados
sejam comparados. Assim sendo, seria possível identificar possíveis diferenças na
forma como o personal trainer é “visto” e que podem se refletir nos aspectos que
impactam positivamente no processo de fidelização ao serviço.
Outra possibilidade interessante também seria replicar o estudo em outros
tipos de serviços corporais em que se possa atender de forma personalizada como,
por exemplo, aulas de pilates e yoga.
103

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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107

7. ANEXOS.

Anexo 1: roteiro de entrevista semiestruturada.

● Apresentação da metodologia de pesquisa.

INTRODUÇÃO ● Pedir autorização do entrevistado para


gravar a conversa.

● Nome da pessoa

IDENTIFICAÇÃO ● Idade

● Profissão

● Você pratica musculação há quanto tempo?

● Inicialmente, você praticava sem o auxílio


de um PT? (Se sim, quanto tempo praticou
sem acompanhamento de um PT?)

● Há quanto tempo você utiliza os serviços


O TEMPO DE
de PTs, desde seu primeiro PT, caso tenha
UTILIZAÇÃO DO
sido aluno de mais de um profissional?
SERVIÇO,
● Você já foi aluno de mais de um
FREQUENCIA DE
profissional? Se sim, quanto tempo foi
USO, MOTIVOS
aluno de cada um deles?
DA
CONTRATAÇÃO ● Em que local o PT te atende?
E RAZÕES PARA ● Quantas vezes por semana você “malha”?
TROCA DO Quantas vezes na companhia do PT?
PROFISSIONAL
● Quanto você paga pelos serviços? De que
forma é efetuado o pagamento?

● Como você escolheu/conheceu os


profissionais, desde seu primeiro PT?
108

● Quais eram os seus objetivos com a


contração? (incentivar a citar ao menos três
objetivos).

● Quais características foram valorizadas na


escolha de cada um dos profissionais?

● A aparência foi importante?

● Quais eram as razões para a troca do PT?

● Quais vantagens você percebe no


atendimento personalizado proporcionado
por um PT? Cite ao menos três.

● Você se sente motivado por seu PT?


Considera a motivação importante?

● Você confia nas habilidades profissionais


de seu PT?

● Existe afinidade pessoal entre você e seu


VANTAGENS
PT? Você a considera a afinidade pessoal
PERCEBIDAS,
importante?
RELACIONAMEN
TO E ● Você está satisfeito com os resultados
FIDELIZAÇÃO AO alcanças pelo programa de treinamento até
PROFISSIONAL/S o momento?
ERVIÇO ● De forma geral você está satisfeito com o
trabalho desenvolvido por seu PT?

● Você pretende continuar se utilizando dos


serviços de seu PT? Se sim, por quanto
tempo?

● Você se imagina “malhando” sozinho?


109

● Se por algum motivo, como por exemplos:


incompatibilidade de sua agenda para com
a do seu atual PT ou a mudança do mesmo
para outra cidade, você pretende continuar
a se utilizar dos serviços de outro
profissional?

● Pensando de forma geral, quais fatores


você considera importante para se
estabelecer uma relação de longo prazo
(superior a um ano) com um PT? Cite ao
menos três.

● Você recomenda para amigos ou


conhecidos contratar um PT?

● Há algo mais que você gostaria de


acrescentar?

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