Você está na página 1de 11

6.

Dosagem de concreto estrutural;

INTRODUÇÃO

No Brasil, inúmeros são os métodos de dosagem empregados para a obtenção da melhor


proporção entre os materiais constitutivos do concreto, também conhecido por traço ou composição.
Essa proporção ideal pode ser expressa em massa ou volume e as condições de preparo do concreto
são bem definidas pela NBR 12655 (ABNT, 2015). Porém a inexistência de um consenso nacional
numa norma brasileira sobre os procedimentos e parâmetros de dosagem tem propiciado vários
pesquisadores e/ou instituições a proporem seus próprios métodos de dosagem. A determinação de
um traço que atenda a todas as especificações não é uma tarefa fácil, pois, segundo Helene e Terzian
(1992), o concreto é constituído por materiais com propriedades e comportamentos diferentes, tanto
no estado fresco como no endurecido.
Percebe-se, então, que a definição da composição do concreto para usos estruturais não pode
ser realizada de forma empírica, é preciso um entendimento sobre o assunto, para, assim, poder
conciliar as características ótimas do concreto no estado fresco e quando endurecido.Deve ser
explicado que a determinação exata das proporções da mistura por meio de tabelas ou dados
computacionais, geralmente, não é possível, pois os materiais utilizados são, em essência, variáveis,
e diversas de suas propriedades não podem ser determinadas de maneira realmente quantitativa. Por
exemplo, a granulometria, a forma e a textura dos agregados não podem ser definidas de maneira
totalmente adequada. Em virtude disso, a melhor alternativa é fazer uma suposição inteligente das
combinações ótimas dos componentes, baseadas nas relações previamente estabelecidas. Portanto,
não é surpresa que, para obter uma mistura satisfatória, não somente devem ser calculadas ou
estimadas as proporções dos materiais disponíveis, mas também devem ser produzidas misturas
experimentais. As propriedades dessas misturas são verificadas e são feitos ajustes nas proporções,
sendo realizadas novas misturas experimentais até a obtenção de um concreto adequado
(NEVILLE, 2016).
A obtenção de bons desempenhos nas propriedades exigíveis ao concreto, tais como:
trabalhabilidade, resistência mecânica e durabilidade, dependerá tanto dos materiais componentes
como das proporções entre os mesmos e da tecnologia e recursos humanos disponíveis para o seu
preparo e controle. A necessidade econômica de reduzir custos na produção de concreto aperfeiçoa
o processo produtivo de maneira global, com o intuito de obter um produto de características e
propriedades uniformes, com desempenho e durabilidade compatíveis aos requisitos normativos



especificados pelo projeto estrutural da obra e com custo adequado às possibilidades do mercado
consumidor.

DEFINIÇÕES

A dosagem é o proporcionamento adequado e mais econômico de materiais, a saber:


cimento, água, agregados, adições e aditivos. O cimento se refere a material pulverulento que, ao
ser misturado com água formam uma pasta que pode ser facilmente moldada, endurecendo
gradativamente até produzir uma massa compacta e de grande dureza. Os agregados graúdo e
miúdo se referem à pedra britada e à areia respectivamente. As adições no traço são compostos de
origem mineral que atuam na função de melhoramento das características técnicas do concreto
armado (Pozolânicas, cimentantes e inertes). Aditivos para concreto são produtos que adicionamos
ao concreto ou a argamassas para modificar suas propriedades físicas. Sobretudo, são utilizados
para adaptar a mistura de cimento, água, areia e brita com base no resultado almejado em uma obra.
Embora nos Estados Unidos não haja uma diferença de nomenclatura entre ambas as soluções, no
Brasil é comum dizer que adições conferem ao concreto, propriedades que ele originalmente não
tinha, enquanto os aditivos potencializam ou enfraquecem uma característica previamente
encontrada no concreto.
Os requisitos que se buscam no concreto por meio da dosagem são:
• Trabalhabilidade
• Resistência físico-mecânica
• Permeabilidade/Porosidade
• Condição de exposição
• Custo

Neste sentido, cabe ressaltar que a resistência físico-mecânica à compressão simples do


concreto deve ser verificada em todos os projetos, por meio de ensaios específicos. Em projetos
especiais pode-se verificar também a tração por compressão, a tração na flexão, o módulo de
deformação e o desgaste por abrasão. Assim, entende-se de que forma cada material influencia nas
características do concreto.

1. Cimento
Maior consumo de cimento acarreta:




• MAIOR plasticidade;
• MAIOR coesão;
• menor segregação;
• menor exsudação;
• MAIOR calor de hidratação;
• MAIOR variação volumétrica;

2. Agregado miúdo

Aumento do teor de agregado miúdo acarreta:

• Aumento do consumo de água;


• Aumento do consumo de cimento;
• Maior plasticidade;

3. Agregado graúdo

• Mais arredondado e liso maior plasticidade e menor aderência;


• Lamelar maior consumo de cimento, areia e água e menor resistência;
• Melhores agregados são cúbicos e rugosos;

MÉTODO DE DOSAGEM ABCP

O método de dosagem ABCP foi adaptado do método da ACI (American Concrete Institute)
para agregados brasileiros. É mais adaptado para os concretos de consistência plástica a fluida. Este
método fornece uma primeira aproximação da quantidade dos materiais devendo-se realizar uma
mistura experimental para verificar, de fato a residência final. Para esse método é preciso conhecer
as seguintes características dos materiais:

2. Cimento:
• Tipo
• Massa específica
• Resistência do cimento aos 28 dias


2. Agregados:
• Análise granulométrica
• Módulo de finura do agregado miúdo
• Dimensão máxima do agregado graúdo
• Massa específica
• Massa unitária compactada

3. Concreto
• Consistência deseja no estado fresco
• Condições de exposição
• Resistência de dosagem do concreto

fc28 = fck + 1,65 x sd


»sd = desvio padrão

As condições de preparo do concreto estão em função do desvio padrão:

CONDIÇÃO CARACTERÍSCITAS CLASSE


Condição A Materiais dosados em massa e a água de amassamento é Classe C 10 a C 80
(sd = 4,0 MPa) corrigida em função da correção d umidade dos agregados.
Condição B Cimento dosado em massa, agregados dosados em massa Classe C 10 a C 25
(sd = 5,5 MPa) combinada com volume, a umidade do agregado miúdo é
determinada e o volume do agregado miúdo é corrigido
através da curva de inchamento.
Condição C Cimento medido em massa, agregados e água em volume, Classe C 10 e C 15
(sd = 7,0 MPa) umidade dos agregados estimada.

Neste sentido, para a definição do traço (proporções de cada material da dosagem) do


concerto é utilizada a seguinte procedimento descrito na figura a seguir. A fixação do fator A/C é o
principal determinante na resistência do concreto, trata-se, portanto da relação entre a quantidade de
água e de cimento na mistura. A escolha deste fator leva em consideração a durabilidade requerida
para o concreto conforte a ACI ou NBR 12655. A escolha da relação água/cimento é função da
curva de Abrams do cimento.



Características dos materiais

Fixar a relação a/c

Determinar o consumo de materias

TRAÇO

A curva de Abrams relaciona a resistência à compressão sempre do concreto requerida aos


28 dias (MPa) com o fator A/C. Para utilizar esta curva deve-se conhecer a resistência normal do
cimento a ser utilizado aos 28 dias (MPa).

Na etapa de determinação do consumo do materiais do fluxograma deve-se definir o


consumo portanto, do cimento, da água e dos agregados (miúdo e graúdo).

Para a determinação aproximada do consumo de água (Ca) é preciso conhecer a função do


concreto na obra, pois, a escolha da quantidade de água está em função do abatimento que se deseja
obter, e, o abatimento mede a consistência do concreto, dessa forma, o consumo de água (Ca) da
mistura irá depender de da consistência desejada ao concreto. Além do abatimento, o fator A/C é
função do diâmetro máximo do agregado graúdo, em mm. Isto se deve ao fato de que agregados
com maior diâmetro tendem a diminuir a plasticidade e a aderência do concreto aumentando,
consequentemente, a necessidade de água para homogeneidade da mistura. (SEI Q NAO VAI
LEMBRAR A TABELA, MAS É BOM PRA SABER COMO É)

Uma vez obtido o consumo de água e já estando de posse da relação A/C, o consumo de
Cimento (Cc) depende diretamente do consumo de água, podendo ser definido pela seguinte
fórmula:
Ca
Cc =
a /c
Onde:
• Ca = Consumo de gua
• a/c = relaç o gua cimento

A determinaç o do consumo de agregado refere-se a determinaç o do:


• Teor ótimo de agregado graúdo
• Dimensão máxima do agregado graúdo
• Módulo de finura da areia
• Teor ótimo de areia
• Teor de pasta
• Consumo de agregado graúdo

A de iniç o do consumo de agregado gra do (Cb) est em funç o do M dulo de inura


da rea (MF), este m dulo de inido em laborat rio e refere-se a soma das percentagens retidas


á

á
ã
á

ã
ó

ó
ú

á
ã
ã

ó
f
acumuladas em massa de agregado, em todas as peneiras da série normal, dividida por 100, da a
necessidade de laborat rio para controle de materiais para a fabricaç o do concreto. Al m
isso, o Cb depende, assim como o Ca, do diâmetro máximo do agregado graúdo, em mm. No
primeiro momento obtemos o Volume de agregado graúdo (Vb) seco por m3 de concreto, por meio
de tabela que relaciona com os fatores elencados anteriormente (MF e Dmax). De posse do Vb
basta multiplicá-lo pela massa unitária compactada do agregado graúdo (brita.). Obtendo a equação:

Cb = V bx Mu

O termo massa unitária, segundo a NBR 7810 é a massa da unidade de “volume aparente”
do agregado, isto é, incluindo na medida deste volume os vazios entre os grãos.
É comum a composição da mistura com dois agregados graúdos de granulometrias
diferentes. Isto confere um menor volume de vazios visando obter a maior massa unitária
compactada. Esta composição é de escolha do calculista do traço mas deve levar em conta a
granulometria do agregado, ou seja, agregados muito pequenos (Brita 0 e Brita 1) em geral fazem
uma composição entre si de 30% B0 e 70% B1. Para as demais granulometrias é comum utilizar
50% para cada brita.
O consumo de agregado miúdo (Cm) é calculado conforme as fórmulas a seguir:

( γc γa )
Cc Cb Ca
Vm = 1 − + +
γb

Cm = γm xVm
Onde:
Vm = Volume de agregado miúdo
Cc
Cb
Ca
γc
γc
γc




é
í

De posse desses valores podemos fazer a apresentação do traço da seguinte forma:

Cc Cm Cb Ca
: : :
Cc Cc Cc Cc

Onde os valores Cc, Cm, Cb e Ca que representam o consumo de cimento, areia, brita (que
pode ser dividida em duas granulometrias) e água são divididos pelo valor da concentração de
cimento (Cc). Os valores desse traço referem-se à massa de cada material para cada unidade de
massa de cimento.
É comum nas obras o traço ser apresentado em valor por saco de cimento (50Kg) assim
sendo, todos os valores anteriores são multiplicados por 50 para se obter a massa de cada material.
Além disso é mais usual para concreto dosado no canteiro optar pela Condição B (sd = 5,5 MPa)
onde o cimento dosado em massa, agregados dosados em massa combinada com volume, a
umidade do agregado miúdo é determinada e o volume do agregado miúdo é corrigido. Isto se
deve ao fato de ser difícil definir com balança a massa de cada agregado em obra. Dessa forma o
volume de cada agregado deve ser calculado dividindo o valor da massa pela massa específica do
material.

COLOCAR FÓRMULA

O consumo de água deve ser gradativo para evitar segregação na massa e obter a
consistência desejada. Dessa forma, é uma boa prática da construção adicionar inicialmente na
mistura 50% do total da água, e, por último, depois de todos os outros materiais, adicionar os outros
50% de maneira gradativa. Ainda sobre a água da mistura é importante fazer a correção da umidade
da areia no traço. Ou seja, retirar da quantidade de agua a quantidade de areia presente na areia.
Para isso, ao final do cálculo do traço deve realizar seguinte procedimento:

Mac = Ma – [(Mm*(1+umid))-Mm]

Onde:
Mac = Massa de água corrigida (Lembre-se que um Kg de água é igual a um L)
Ma = Massa de água
Mm = Massa de areia






umid: Teor de umidade (em decimais)

No caso da areia, além de se calcular o volume do agregado, por meio da divisão pela massa
específica, deve-se fazer a correção do inchamento da área. Ou seja, quando a massa é transformada
em volume, deve-se acrescer o fator de inchamento, uma vez que este refere-se ao aumento de
volume que sofre a areia seca ao absorver água. Esse fenômeno deve ser levado em consideração na
medida do volume do agregado para os traços de concreto em volume. O efeito do inchamento da
areia pode influir em até 30% na medição de seu volume.
A dosagem normalmente é feita em volume, o cimento é medido em sacos inteiros e
a água em recipientes graduados. Desta forma obtemos boa precisão na medidas desses
materiais. Para medir os agregados após a sua transformação em volumes correspondentes a
um saco de cimento, o usual é providenciar padiolas que são caixotes de madeira na qual o
volume deve corresponder ao volume do agregado. Considerando que as padiolas são transportadas
por dois homens, não convém que a massa total ultrapasse os 60 Kg. São Medidas usuais são
largura = 35 cm e comprimento = 45 cm.

Medidas usuais são


largura = 35 cm e
comprimento
= 45 cm.

Exemplo de planilha com cálculo de traço

Unit. 1saco Volume AreiaUm. Padiolas


Materiais 1,0 m3
(kg) (kg) (ℓ) 6%Inc.30% (cm)
Cimento 421 1,0 50 50kg 50kg 1saco
(A)
Areia 710 1,686 84 57 2x(45x35x24)
74
(B)
Brita1 858 2,038 102 71 2x(45x35x23)
71
(C)
Brita2 214 0,508 25 18 18 1x(45x35x11)
(D)
Água 200 0,475 24 19 19ℓ
19

Você também pode gostar