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HOSPITAL BASÍLIO MOLCHANSKY

DESAFIO NA ÁREA DE GESTÃO DE SUPRIMENTOS

Ana Barbetta Figueiredo


Larissa Araújo
Maria Stefania Mucsi

HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ


FACULDADE DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE (FECS)
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO HOSPITALAR EAD
Contextualização
● O Basílio Molchansky é um hospital de alta complexidade, contando com 250
leitos operacionais e 57 leitos de terapia intensiva.

● Contempla especialidades clínicas e cirúrgicas diversas

● Conta com um Centro de Material e Esterilização (CME), unidade funcional


destinada ao processamento de Produtos Para Saúde (PPS) nos serviços de
saúde.
Contextualização
● Possui área física de 205 m², sendo equipado com tecnologia moderna para
processamento de PPS e rastreabilidade dos processos de limpeza, preparo,
desinfecção e esterilização.

● Atende, em média, 1.000 cirurgias por mês.

● O CME tem por principal parceiro interno o Centro Cirúrgico (CC), sendo
responsável por fornecer materiais para atender diversos procedimentos
anestésico-cirúrgicos.
Levantamento do desafio
● No ano de 2020, o CME apresentava diversas dificuldades em sua
organização de trabalho diária. A principal delas era a falta de produtos para
atender a demanda das cirurgias, ocasionando atrasos ou cancelamentos de
procedimentos.

● Para o mapeamento das causas de tal problema foi utilizado como


ferramenta base o Diagrama de Ishikawa, também conhecido como
diagrama de causa-efeito.
Definição de prioridades de ação

A partir da listagem dos diferentes problemas e suas inter-relações pelo


diagrama de causa e efeito, utilizou-se outra ferramenta de gestão - a
matriz GUT, que se presta a organizar os problemas e demandas por
ordem de prioridade, permitindo analisar os problemas de acordo com
sua gravidade, urgência e tendência, melhorando o fluxo de trabalho e o
processo de tomada de decisão.
Descrição do Problema G U T SCORE *
Materual de OPME** incompleto em sala 5 5 5 125 1º
Falta de descrição dos materiais de OPME (Ex.: tamanho) 5 5 5 125 2º
Pedido de materiais específicos em sala sem agendamento prévio 4 5 5 100 3º
Cirurgias simultâneas com o mesmo material 5 4 4 80 4º
Divergências com o OPME: pedido x recebimento 4 4 4 64 5º
Falta fluxo unidirecional 4 4 4 64 6º
Quantidade de cirurgias agendadas maior que instrumentais disponíveis 4 3 3 36 7º
Falta de informações relacionadas a procedimentos conjuntos 4 3 3 36 8º
Falha na comunicação do agendamento de cirurgias de urgência e emergência 3 4 3 36 9º
Indisponibilidade do material consignado da empresa fornecedora 4 3 3 36 10º
Solicitação de instrumentais não disponíveis na instituição 3 4 3 36 11º
Entrega do material com menos de 6 horas de antecedência para o início da cirurgia 3 4 3 36 12º
Antecipação da cirurgia sem comunicar o CME 3 3 3 27 13º
Agendamento no período noturno sem ciência do CME 3 3 3 27 14º
Demora do pedido de material consignado 3 3 3 27 15º
Falta dos nomes dos procedimentos relacionados (ex: coluna lombar ou cervical) 3 3 3 27 16º
Dificuldades para realizar inspeção visual 4 3 2 24 17º
Itens na composição de caixas que não atendem as necessidades da equipe cirúrgica 3 2 3 18 18º
Falta de especificações de materiais extras e caixas específicas 3 2 3 18 19º
Falta de interação entre as equipes do CME e médica 2 3 2 12 20º
Liberação da autorização da operadora com menos de 24 horas de antecedencia da cirurgia 2 2 2 8 21º
Desconhecimento da equipe cirúrgica em relação aos materiais disponíveis 2 2 2 8 22º
Solicitações em duplicidades (caixas já enviadas para o CC) 2 2 2 8 23º

OPME: Órtese, Próteses e Materiais Especiais


Elaboração das propostas de solução:
“bate-mapa”

Para a elaboração das propostas de solução, passamos a realizar


diariamente reuniões de mapa cirúrgico ou “bate-mapa”, que consistem
na elaboração de relatórios de definição dos agentes envolvidos nos
procedimentos cirúrgicos: profissionais que os realizarão, datas, horários,
informações do paciente, local da cirurgia, recursos utilizados,
equipamentos necessários e demais informações relevantes que
garantirão o atendimento mais correto ao paciente.
Elaboração das propostas de solução:
“bate-mapa”
Participantes:

- enfermeiros do CME e do CC;


- responsáveis pelo agendamento cirúrgico;
- técnico de enfermagem
- farmacêuticos do CC
- enfermeiro da hemodinâmica
- em algumas reuniões específicas, a liderança do setor de materiais
consignados.
Principais ações tomadas a partir das
reuniões de bate-mapa

● Remanejamento do horário de cirurgias simultâneas com o mesmo


material.

● Atendimento das solicitações do material em sala é respeitado de


acordo com o agendamento prévio e disponibilidade do mesmo.

● Solicitações de OPME são realizadas logo após a autorização da


solicitação.
Ações tomadas a partir das reuniões de
bate-mapa
● Consulta a outras empresas fornecedoras quando a indisponibilidade do
material consignado da empresa de primeira escolha em situações de
urgência e emergência, conforme critérios estabelecidos previamente.

● Realização da conferência do material de acordo com a solicitação médica e


autorização do convênio no ato da entrega do consignado.

● Solicitação do material pelo setor de consignados por contato telefônico e e-


mail à empresa fornecedora.

● Em caso de atraso, o enfermeiro do CME realiza uma nova ligação telefônica


para nova previsão de entrega do material.
Ações tomadas a partir das reuniões de
bate-mapa
● O setor de agendamento cirúrgico deve comunicar via telefone e e-mail o
CME sobre a ocorrência de procedimentos de urgência e emergência

● Revisão das informações dos agendamentos pelo enfermeiro responsável


pelo setor

● Antecipação de cirurgia somente após verificação de disponibilidade dos


instrumentos e materiais pelo enfermeiro do CME
Ações tomadas a partir das reuniões de
bate-mapa
● No documento “Aviso Cirúrgico”, no qual consta a informação sobre
materiais e equipamentos relativos à cirurgia de um paciente, assim como
em um sistema informatizado com rastreabilidade, devem constar os
registros das caixas enviadas ao CC

● Com o objetivo de melhorar o gerenciamento, convite às equipes cirúrgicas


para conhecerem os materiais referentes a suas especialidades disponíveis
no CME

● Ouvir as sugestões dos cirurgiões e instrumentadores para reformular a


composição das caixas
Ações tomadas a partir das reuniões de
bate-mapa
● Em parceria com enfermeiros do CME e equipes cirúrgicas, definir a compra
de novas caixas

● Buscando esclarecer dúvidas, apresentar propostas para soluções de


situações problemas relacionados aos instrumentos, será mantida a
presença dos enfermeiros do CME em SO durante o período Perioperatório
quando necessário, em contato direto com a equipe multidisciplinar

● Contatar a equipe cirúrgica, caso venham a surgir dúvidas ao receber


material consignado.
Resultados

● Com a utilização e a otimização da metodologia “bate-mapa”, da


participação ativa dos seus integrantes e da adoção de ferramentas de
gestão, várias ações foram tomadas, o que levou à solução de fragilidades.

● As ações implantadas resultaram em soluções que contribuíram para


melhoria do indicador de cancelamento de cirurgias
Resultados

● Nos últimos 5 anos, a taxa de cancelamentos atingiu seu ápice em 2018


(3,8%), pior resultado em decorrência do desafio aqui abordado

● Em 2020, antes da adoção das soluções aqui apresentadas, a taxa era de


2,9%

● Em 2022, menos de 0,5% dos procedimentos anestésico-cirúrgicos


agendados foram cancelados.
Referências

Tamiasso, R. S. S., Santos, D. C., Fernandes, V. D. O., Ioshida, C. A. F.,


Poveda, V. B., & Turrini, R. N. T. (2018). Ferramentas de gestão de qualidade
como estratégias para redução do cancelamento e atrasos de cirurgias.
Revista SOBECC, 23(2), 96–102. https://doi.org/10.5327/Z1414-
4425201800020007

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