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O PROJETO DO NÚCLEO DE ENSINO DA UNESP-RIO CLARO “ATLETISMO SE APRENDE

NA ESCOLA: APLICAÇÃO NA REALIDADE ESCOLAR”

Sara Quenzer MATTHIESEN,


Augusto César Lima SILVA,
Mellissa Fernanda Gomes da SILVA∗

Resumo: Inicialmente voltado à confecção de um caderno didático (2003) e à realização de


Oficinas Pedagógicas (2004), o Projeto do Núcleo de Ensino “Atletismo se aprende
na escola” procurou, em 2005, aplicar o conhecimento no campo do atletismo na
realidade escolar. Para tanto, desenvolveu-se em duas segundas séries de duas
escolas da Rede Municipal de Ensino de Rio Claro um mini-curso de atletismo sendo
no 1º. semestre, na E.M.E.I.E.F Professor Victorino Machado, cujas crianças haviam
tido um contato escolar prévio com o atletismo por meio de aulas de Educação
Física e pela visita à pista de atletismo da Unesp e, no 2º. semestre, na Escola
Municipal Profa. Diva Marques Gouvêa, cujos alunos não haviam tido um contato
escolar prévio com esta modalidade, fazendo do mini-curso algo essencial para a
introdução ao atletismo. Por meio de desenhos produzidos pelas crianças ao início e
final do mini-curso, pela avaliação das aulas e das respostas dos alunos às questões
elaboradas pelos estagiários ao final das aulas, notou-se, em ambos os casos, que,
apesar das particularidades institucionais de cada escola, o ensino do atletismo é
algo que motiva as crianças; estimula sua prática e amplia seus conhecimentos,
devendo ser alvo do trabalho dos profissionais de Educação Física em suas aulas.

Palavras-chave: atletismo; escola; educação física escolar; ensino.

INTRODUÇÃO

Com base na frase “Atletismo se aprende na escola”, fio condutor de um dos


Projetos do Núcleo de Ensino da Unesp- Rio Claro entre 2003 e 2005, o Projeto que será aqui
apresentado corresponde a uma ação didático-pedagógica cujo objetivo pautou-se na intervenção
na realidade da escola, em especial, da Educação Física Escolar. Foi, portanto, com esse objetivo,
que o Projeto do Núcleo de Ensino da Pró-Reitoria de Graduação da UNESP intitulado “Atletismo
se aprende na escola: aplicação na realidade escolar” desenvolvido entre abril e dezembro de
2005, procurou dar prosseguimento às etapas anteriores do Projeto iniciado em 2003, sobre as
quais nos referiremos, sinteticamente, a seguir.

BREVE HISTÓRICO DO PROJETO “ATLETISMO SE APRENDE NA ESCOLA”

Desenvolvido desde 2003, o Projeto do Núcleo de Ensino “Atletismo se aprende na


escola”, como parte das atividades desenvolvidas pelo GEPPA – Grupo de Estudos Pedagógicos
e Pesquisa em Atletismo, teve diferentes objetivos, os quais estiveram sempre interligados. Em


Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo do Departamento de Educação Física da UNESP – Campus de Rio Claro.

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2003, por exemplo, o Projeto dedicou-se à elaboração de material de ensino de fundamental
importância para a área de Educação Física. Entre outras coisas, o caderno didático de 58
páginas1 proporcionou: uma atualização bibliográfica; ampliou as possibilidades de ensino do
atletismo; formulou uma série de orientações didático-pedagógicas, preenchendo, com isso, uma
grande lacuna da bibliografia na área de Educação Física cuja predominância técnica, de
treinamento e normativa não explora as especificidades do trabalho didático-pedagógico voltado ao
atletismo no campo escolar.

Contudo, era preciso divulgar esse material, de modo a atingir seu objetivo primeiro
que consistia na difusão do atletismo no campo escolar. Não por outro motivo, desenvolvemos, em
2004, o Projeto “Atletismo se aprende na escola: oficinas pedagógicas”, promovendo inúmeras
oficinas sobre temas diversos no campo do atletismo, destinadas, sobretudo, aos professores de
Educação Física da Rede de Ensino vinculados à Diretoria de Ensino de Limeira e alunos de
graduação.

Desenvolvidas nas instalações do Departamento de Educação do Instituto de


Biociências da UNESP-Rio Claro, as atividades tiveram, no geral, cerca de 70 inscritos, que
circularam entre as diversas propostas implementadas ao longo do segundo semestre de 2004
obedecendo a dinâmica de Oficinas Pedagógicas, com uma carga horária variável, entre 2 e 6
horas. Ainda que maiores detalhes possam ser observados na leitura dos Anais do evento
“Conversas com quem gosta de atletismo III”,2 em linhas gerais, as Oficinas Pedagógicas
desenvolvidas pelo Projeto do Núcleo de Ensino tinham como objetivo fornecer orientações
básicas aos professores de Educação Física, procurando orientá-los na introdução das crianças
ao universo de movimentos próprios do atletismo, desmistificando, com isso, as dificuldades de
ensino que, aparentemente, lhe parecem inerentes. Assim, por meio de atividades recreativas que
mesclam um conhecimento geral sobre as habilidades motoras e um conhecimento específico
sobre provas particulares dessa modalidade esportiva, procuramos delinear orientações didáticas
capazes de contribuir para a aproximação das crianças desse conhecimento.

Com base no exposto e no êxito alcançado nos anos anteriores propusemos, para
2005, a continuidade deste projeto que em seus dois anos de existência contribuiu para a difusão
do atletismo. O objetivo central desta terceira fase do projeto original foi a aplicação do material
didático em aulas regulares de Educação Física, visando constatar a sua eficácia e limites.

1
De reconhecido valor, este material foi publicado como livro, de acordo com a seguinte referência: MATTHIESEN, S. Q. (Org.).
Atletismo se aprende na escola. Jundiaí: Fontoura, 2005.
2
CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ATLETISMO III. Anais ... Rio Claro: UNESP, 2004.

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SOBRE O PROJETO “ATLETISMO SE APRENDE NA ESCOLA: APLICAÇÃO NA REALIDADE
ESCOLAR”

Apesar dos resultados, da qualidade do material confeccionado e do entusiasmo


demonstrado pelos professores da Rede Pública de Ensino com as atividades das Oficinas
Pedagógicas desenvolvidas em 2004 era preciso dar continuidade ao processo de incentivo de
trabalho com o atletismo.

Com apoio de 2 bolsistas, alunos do Curso de Licenciatura em Educação Física –


Mellissa Fernanda Gomes da Silva e Augusto César Lima e Silva - procuramos desenvolver as
seguintes atividades durante o ano do Projeto: discussão do projeto e elaboração de cronograma
de atividades; atualização da bibliográfica pertinente ao campo do atletismo; elaboração e
discussão das aulas a serem ministradas; contato com professor de Educação Física da Rede
Pública para discussão e implementação do projeto; visita ao local das aulas e preparação das
atividades; preparação das aulas de atletismo a serem ministradas no mini-curso; implementação
do mini-curso em duas escolas da Rede Municipal de Ensino de Rio Claro; avaliação de cada uma
das aulas ministradas e do mini-curso; divulgação do Projeto em eventos científicos; organização
de textos de divulgação sobre o Projeto.

Assim, com o objetivo de estimular o ensino do atletismo, difundindo seus


conhecimentos, por meio da divulgação de material confeccionado com o apoio do Núcleo de
Ensino, desenvolvemos, no período de abril a dezembro de 2005, atividades relacionadas ao
atletismo em duas escolas públicas da cidade de Rio Claro, cujos relatos, para fins didáticos, serão
realizados separadamente.

1. O Projeto na EMEIEF “Victorino Machado”3

Com 32 professores efetivos, a referida escola dispõe de: sala de vídeo (televisores,
DVD), mini-campo de futebol gramado, vasta área verde e várias salas de aulas.

Com base no respeito ao conhecimento da criança; na inclusão; na


interdisciplinaridade e na postura do professor reflexivo, a escola tem como objetivo no Ensino
Fundamental: o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o domínio
da leitura, da escrita e do cálculo; a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político,
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamentam a sociedade; o desenvolvimento
dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
assenta a vida social, entre outras coisas (Rio Claro, 2005).
3
Situada à Avenida M 27, Nº 1132 no Parque das Indústrias, em Rio Claro, a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino
Fundamental “Professor Victorino Machado” é responsável pela Educação Infantil, Ensino Fundamental Regular – ciclo I (1º e 2º séries)
e ciclo II (3º e 4º séries) e Educação de Jovens e Adultos.

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Respeitando os Parâmetros Curriculares Nacionais, a escola entende que a
Educação Física deve dar oportunidade a todos os alunos para desenvolver as suas
potencialidades, de forma democrática e não seletiva, assinalando que os alunos portadores de
deficiência física não poderão ser privados das mesmas. Assim, independente do conteúdo, as
aulas devem atender a todas as características dos alunos, respeitando sua cultura e movimentos,
visando ampliar a aquisição de seu acervo motor. Portanto, deve proporcionar um conhecimento
vivencial sobre a cultura corporal de movimento, ampliando suas oportunidades motoras, pautadas
nos seguintes princípios pedagógicas: cooperação, diversidade, aumento do grau de
complexidade, inclusão, ludicidade, não favorecimento da discriminação ou preconceito, prazer,
favorecimento da sociabilização e desenvolvimento dos conteúdos do ponto de vista dos conceitos,
atitudes e procedimentos. Assim, a Educação Física, no ciclo I do Ensino Fundamental, tem como
objetivo: participar de diferentes atividades corporais, procurando adotar uma atitude cooperativa e
solidária, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou
culturais; conhecer algumas de suas possibilidades e limitações corporais de forma a poder
estabelecer algumas metas pessoais (qualitativas e quantitativas); conhecer, valorizar, apreciar e
desfrutar de algumas das diferentes manifestações de cultura corporal presentes no cotidiano;
organizar autonomamente alguns jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais simples.

Para tanto, os conteúdos da Educação Física estão organizados em três blocos, a


saber: Esportes, jogos, lutas e danças; Atividades rítmicas e expressivas; Conhecimento sobre o
corpo, sendo que o atletismo faz parte do primeiro, o qual visa promover informações referentes à
história, origens e características dos esportes, jogos, lutas e danças, com base em jogos pré-
desportivos, jogos populares e brincadeiras infantis. Em especial, sobre o atletismo, os conteúdos a
serem trabalhados são: corridas de velocidade, de resistência, com obstáculo, de revezamento,
saltos em distância, salto em altura, salto triplo, salto com vara, arremesso do peso, lançamento do
martelo, do dardo e do disco. Além do atletismo, são trabalhados alguns esportes coletivos,
esportes com bastões e raquetes, esportes sobre rodas, lutas e diferentes tipos de ginástica.

Com relação ao Projeto, propriamente dito, vale registrar que a iniciativa de contato
para um trabalho conjunto entre a Universidade (Unesp) e a Escola Pública (EMEIEF V. M.),
ocorreu por parte da direção da escola, sendo que a partir da experiência que relataremos a seguir,
sentimo-nos estimulados a desenvolver o Projeto do Núcleo de Ensino naquele espaço escolar.
Portanto, antes do mini-curso, duas foram as atividades realizadas como fruto desta parceria. A
primeira foi uma visita à pista de atletismo da Unesp, realizada no dia 14 de maio de 2005, das 9 às
10:30 horas. Nessa oportunidade, as 133 crianças da escola tiveram a oportunidade de conhecer

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os setores específicos, vivenciando cada uma das provas, sendo orientados pelos estagiários do
Curso de Educação Física.

O sucesso dessa atividade foi comprovado por meio de três questões respondidas
pelas crianças (de 1ª à 4ª séries), das quais destacaremos o que segue:

Pergunta 1: O que você achou do lugar?

“Ótimo, pois o lugar era grande, bonito e com vários lugares para provas diferentes.”
“Eu achei lindo, eu acho que vou pedir para o meu pai que vou fazer faculdade na
Unesp.”
“Achei muito prático o lugar e os esportes muito trabalhosos, muito explicado e
interessantes, o ensino que eles dão aos visitantes que vão a Unesp é muito bom.”

Pergunta 2: O que você achou das atividades?

“Eu achei muito diferente do lugar onde eu faço na escola”.


“As atividades foram muito legais e diferentes do que eu faço, gostaria de fazer
sempre”.
“Eu gostei de todas as atividades porque era tudo de verdade.”

Pergunta 3: O que você achou das pessoas que você conheceu lá?

“Gostei muito das pessoas. Elas eram legais e nos trataram muito bem.”
“As pessoas são legais, porque elas têm muita paciência para ensinar.”
“Todos os professores eu gostei muito. Queria ir lá de novo.”

A segunda atividade desenvolvida antes do início do mini-curso foi uma exposição


de imagens na própria escola, entre os dias 06 e 12 de junho de 2005, reunindo diferentes fotos do
atletismo, as quais foram vistas por toda a comunidade.

1.1. Registro das aulas do mini-curso

O mini-curso de atletismo foi desenvolvido nesta escola por meio de 6 aulas de


cinqüenta minutos entre os dias 13 e 29 de junho de 2005, às segundas e quartas-feiras, das 10:40
às 11:30 horas. Para que se tenha uma idéia das atividades desenvolvidas, reproduziremos os
planos das aulas, que servirão como registro das atividades também desenvolvidas na Escola
Municipal “Profa. Diva Marques Gouvêa” – seguidas pelas impressões dos alunos bolsistas – aula
a aula - responsáveis pelo desenvolvimento do mini-curso.

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Plano de Aula: Nº 01 -Tema: Conhecendo o atletismo - aula introdutória.

Objetivo: Identificar o conhecimento inicial das crianças sobre o atletismo, com base na realização
de desenhos e análise de imagens de competições esportivas.

Material/Equipamento necessário: lápis de cor; papel sulfite; televisão; DVD “História das
Olimpíadas”, da Revista Placar; implementos oficiais do atletismo.

Local: Sala de aula e sala de vídeo. Série: 2º Nº de alunos: 30 Sexo: M/F

Data: 13/06/05 – segunda-feira, das 10:40 às 11:30 horas.

Parte Inicial (5 – 10 min) - Apresentação dos estagiários e conversa sobre o objetivo e conteúdo
do mini-curso.

Parte Principal (40 - 45 min) - Em uma folha de sulfite, as crianças desenharão aquilo que
conhecem do atletismo, antes de qualquer explanação do estagiário a respeito dessa modalidade
esportiva. A seguir, irão à sala de vídeo para a apresentação de trechos do filme “História das
Olimpíadas” acompanhada pelas intervenções do estagiário questionando-lhes sobre os
movimentos, as provas, os implementos, explicando e respondendo às perguntas feitas pelos
alunos. Durante esta atividade, os alunos poderão conhecer, por meio das imagens e pela
manipulação de alguns deles, os materiais oficiais do atletismo.

Parte final (5 minutos) Despedida dos estagiários, anunciando os objetivos da próxima aula.

Avaliação dos estagiários: “Foi uma aula muito fácil de ser dada, pois, os alunos se mostraram
bem receptivos conosco, sem qualquer problema fora do esperado. Houve uma pequena confusão,
quando o termo atletismo foi utilizado para a explicação do desenho. Tivemos que lembrar o que
era o atletismo para que eles pudessem realizar a tarefa. (lembrando que essa era uma classe de
alunos que já tinham algum conhecimento sobre o Atletismo, devido às aulas de Educação Física
na escola e à visita realizada na UNESP). Durante o filme todos os alunos prestaram muita
atenção, contudo alguns logo cansaram e pediram para passar futebol, mas acredito que foi por
impulso, pois no fim todos gostaram do atletismo, ao menos de vê-lo”.

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Plano de Aula: Nº 02 - Tema: Introdução às corridas do Atletismo.

Objetivo: Introduzir as corridas e ensino da saída baixa.

Material/Equipamento necessário: Figura de um atleta realizando uma saída baixa.

Local: gramado da escola. Série: 2º Nº de alunos: 30 Sexo: M/F.

Data: 15/06/05 – quarta-feira, das 10:40 às 11:30 horas.

Parte Inicial (10 -15 min) - Conversa inicial para uma breve explicação sobre corridas do
atletismo. Aquecimento: Corrida com tempo: ao sinal das palmas do estagiário, os alunos farão
uma corrida, obedecendo o ritmo imposto. Quanto mais (ou menos) freqüentes forem as palmas,
mais rápido (ou não) os alunos deverão correr.

Parte Principal (35 - 40 min) - Sentados um ao lado do outro, os alunos ficarão na posição em que
o estagiário solicitar. Ao sinal, os alunos deverão se levantar e correr até o ponto determinado pelo
estagiário. Fazer inúmeras variações da posição inicial: sentados, de joelhos, deitados, de costas
etc. Reunir todos os alunos, para elaboração de perguntas sobre a saída baixa, pedindo que a
demonstrem ou falem como ela é. Os alunos deverão observar os movimentos dos colegas,
corrigindo-os com base nas orientações do estagiário que realizará o movimento correto. Com
base nestas explicações, os alunos farão o primeiro exercício dessa etapa da aula, a partir da
realização da saída baixa do atletismo. Em duplas, os alunos farão a saída baixa, utilizando a
ordem de saída ensinada pelo estagiário: “Às suas marcas, prontos, já”, além de auxiliarem na
correção dos movimentos dos colegas. Jogo das duplas: em duplas, um aluno à frente do outro.
Quem estiver atrás deverá lançar uma bola (rasteira ou pelo ar), de modo que esta sirva como
estímulo para aquele que está na frente, o qual sairá correndo, devendo recuperá-la antes que esta
ultrapasse um determinado ponto da quadra (ou pista). (MATTHIESEN, 2005, p. 32).

Avaliação dos estagiários: Foi uma aula muito boa, mas o tempo foi muito curto. Das atividades
previstas, todas tiveram que ser encurtadas, pois, caso contrário não daria tempo para a realização
de todas elas.

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Plano de Aula: Nº 03 - Tema: Introdução à corrida de obstáculos do Atletismo.

Objetivo: Introduzir os fundamentos das corridas de obstáculo do Atletismo.

Material/Equipamento necessário(s): Cordas.

Local: Gramado. Série: 2º Nº de alunos: 30 Sexo: M/F.

Data: 20/06/05- segunda-feira, das 10:40 às 11:30 horas.

Parte Inicial (10 – 15 min) - Breve explicação sobre as corridas com obstáculos no Atletismo.
Aquecimento: pega – pega ajuda: um jogo de pegador, em que quem é pego ajuda a pegar os
outros.

Parte Principal (35 - 40 min) - As crianças correrão livremente em uma área estipulada pelo
estagiário. Depois, será colocada uma corda no chão para que os alunos, ao correrem, passem
sobre ela. A corda será elevada aos poucos. Sentados, os alunos receberão algumas orientações
para realizarem a passagem sobre as cordas (obstáculos), ainda com um pequeno grau de
complexidade. O estagiário demonstrará como se deve fazer a passagem correta do obstáculo,
sendo que, a seguir, os alunos tentarão fazer a passagem sobre as cordas. Individualmente, os
alunos realizarão a passagem pela corda, recebendo as orientações do estagiário.

Avaliação dos estagiários: Essa aula foi bem difícil de ser dada. Os alunos demoraram para
entender como deveriam fazer o movimento. A agitação dos alunos tomou muito tempo da aula.
Por isso não deu para fazer tudo o que se tinha planejado.

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Plano de Aula: Nº 04 - Tema: Introdução do salto em distância do Atletismo.

Objetivo: Introduzir o salto em distância do Atletismo.

Material/Equipamento necessário: Cordas

Local: Gramado Série: 2º Nº de alunos: 30 Sexo: M/F.

Data: 22/06/05- quarta-feira, das 10:40 às 11:30 horas.

Parte Inicial (5 – 10 min) - Breve explicação do salto em distância do atletismo.

Parte Principal (40 - 45 min) - Dança dos Arcos (adaptado com cordas): Alunos correndo
livremente ao redor de arcos (cordas) espalhados pelo chão. Ao sinal, deverão saltar com impulso
em um dos pés para dentro dos arcos, aprimorando o movimento do salto grupado. O mesmo
exercício poderá ser feito saltando-se sobre os arcos (cordas), a fim de ampliar a passada
(MATTHIESEN, 2005, p. 54). Individualmente os alunos farão saltos sobre as cordas, que a
princípio estarão no chão, próximas uma das outras. A medida em que os alunos forem saltando, a
primeira corda será elevada e a de trás será afastada, aumentando-se a distância entre elas. Será
acrescentada uma corda suspensa para que os alunos façam o movimento dos braços, e uma
outra corda mais distante, para que os alunos tentem saltar mais longe. Por fim, será realizado o
salto propriamente dito. As cordas ficarão na forma do setor de queda do salto em distância, para
que se realize o salto completo.

Avaliação dos estagiários: “Nesta aula, as crianças se mostraram muito mais agitadas do que
nas outras aulas, tanto é que nem conseguimos concluir a aula da forma como desejávamos, pois
o sinal deles já havia tocado”. “Mas, a aula foi muito boa. As crianças entenderam muito facilmente
os exercícios e o fizeram com muita facilidade. E mais, gostaram muito de fazê-la.”

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Plano de Aula: Nº 05 - Tema: Introdução ao salto em altura do atletismo.

Objetivo: Introduzir o salto em altura do Atletismo.

Material/Equipamento necessário(s): cordas e cabos de vassoura, garrafas pets.

Local: Gramado Série: 2º Nº de alunos: 30 Sexo: M/F.

Data: 27/06/05, segunda-feira, das 10:40 às 11:30 horas.

Parte Inicial (10 – 15 min) - Breve explicação sobre o salto em altura. Aquecimento: Morto/Vivo:
quando o estagiário falar “morto” ou “vivo” os alunos deverão ficar respectivamente, agachados ou
em pé. Aquele que errar muda de lado na fileira.

Parte Principal (35 - 40 min) - Depois de uma breve explicação do movimento básico do salto em
altura (saltar com um pé), os alunos farão os seguintes exercícios: Cobrinha: em duas colunas, os
alunos deverão correr em direção a uma corda que está sendo movimentada no chão em ondas,
por dois alunos, como uma “cobrinha” (MATTHIESEN, 2005, p. 61) Corda inclinada: em duas
colunas, os alunos deverão correr em direção à corda que está parada e elevada a poucos
centímetros do chão. A elevação deverá ser progressiva, mantendo a corda em um plano inclinado
de forma que todas as crianças permaneçam saltando durante a atividade (MATTHIESEN, 2005,
p.62).

Parte final: O salto em altura será realizado com o movimento tesoura, utilizando garrafas pets e
cabos de vassoura.

Avaliação dos estagiários: “A aula foi muito boa. O entendimento dos alunos, dessa vez, foi
melhor, por isso a aula não ficou tão apertada como das outras vezes. Mas, a agitação das
crianças faz com que se perca muito tempo para conseguirmos que eles prestem atenção no que
está sendo dado”.

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Plano de Aula: Nº 06 - Tema: Introdução ao lançamento no atletismo e Avaliação.

Objetivo: Introduzir os lançamentos do Atletismo e avaliar o conteúdo dado durante o mini-curso


de atletismo.

Material/Equipamento necessário: lápis de cor; folha sulfite; bolas de borracha pequenas.

Local: Gramado e Sala de aula. Série: 2º Nº de alunos: 30 Sexo: M/F.

Data: 29/06/05- quarta-feira, das 10:40 às 11:30 horas.

Parte Inicial (5 min) - Breve explicação de como é feito o lançamento da pelota.

Parte Principal (45 min)

Em duplas, cada qual com uma bolinha, distantes um do outro. Parados, os alunos deverão fazer o
lançamento para o colega da dupla, repetindo o movimento várias vezes. De um ponto
determinado os alunos, em colunas, farão o lançamento da bola em deslocamento para o
companheiro da dupla, posicionado em uma outra coluna à frente. Este, por sua vez, pegará a bola
e correrá em direção à coluna de lançamentos. Na classe, os alunos farão novamente um desenho
sobre o que aprenderam durante o mini-curso de atletismo, como forma de verificação do conteúdo
apreendido.

Avaliação dos estagiários: “Não sei se foi o dia ou as atividades, pois dessa vez todos
participaram, e apesar de agitados, quando íamos explicar a atividade eles prestavam atenção,
apesar de sempre terem uns que davam um pouco de trabalho, mas nada fora de controle”. “Esta
aula ficou de certa forma corrida, pois tivemos que passar duas atividades na mesma aula, ou seja,
os lançamentos e o encerramento”.

1.2. Registro das avaliações realizadas pelos alunos do minicurso

Composta pelos desenhos realizados ao início e final do mini-curso, as avaliações


do mini-curso, por parte dos alunos, nos levam a mencionar as seguintes observações:

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DESENHO 1
DESENHO A DESENHO B

Visão geral da pista do atletismo A criança realizando um movimento específico


da corrida na pista de atletismo

DESENHO 2
DESENHO A DESENHO B

Material oficial do atletismo Material alternativo do minicurso

DESENHO 3
DESENHO A DESENHO B

Visão geral do atletismo em espaço oficial Resumo do minicurso por meio das atividades
aplicadas no espaço escolar ou nas aulas de
Educação Física

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1.3. Considerações gerais sobre o desenvolvimento do mini-curso na EMEIEF “Victorino
Machado”

A utilização do desenho logo no início do curso foi uma ótima idéia para
identificarmos aquilo que já fazia ou não parte do universo de conhecimentos acerca desta
modalidade. Foi nítida a diferença nos desenhos entre aqueles que participaram da visita à
UNESP, daqueles que não compareceram. Além disso, a referência a esta visita foi fundamental
para que as crianças iniciassem os desenhos, pois apenas a solicitação do estagiário de que
gostaria que elas desenhassem o que conheciam do atletismo, não foi suficiente. Foi necessária a
referência a uma experiência que certamente foi marcante para todas as crianças que tomaram
parte da atividade.

Na sala de vídeo, as crianças se entusiasmaram com as imagens de atletismo


projetadas e arriscaram vários palpites para atender às perguntas feitas pelos estagiários. Além
disso, o contato com os materiais oficiais: disco; bastão, martelo etc, foi muito importante e todas
queriam manipulá-los. Foi um ótimo início para a realização do mini-curso, cuja aula foi
acompanhada pelo professor de Educação Física da referida turma.

Nas aulas práticas, em função da liberdade do espaço físico, houve, certamente,


mais dificuldade de concentração por parte das crianças. Aos poucos, foi possível ir identificando
as características emocionais de cada um; aqueles que faziam todas as atividades propostas;
aqueles que logo desistiam das atividades; aqueles que brigavam; aqueles que queriam ajudar o
estagiário, criando-se um vínculo com as crianças.

A estratégia de utilização dos desenhos ao final do mini-curso foi surpreendente e


nos mostrou diversas coisas. Por exemplo: os materiais alternativos foram mencionados,
demonstrando a possibilidade de realização dos exercícios propostos em outros locais para além
da escola; a diversidade de atividades no campo do atletismo foi registrada por várias crianças,
que exprimiram particularidades do conteúdo.

2. O Projeto na Escola Municipal “Profa. Diva Marquês Gouvêa”

O “Grupo Escolar do Bairro Estádio” foi instalado em 13 de Março de 1961, com seis salas
de aula e 250 alunos. O terreno, na Avenida da Saudade, fora doado pela Prefeitura Municipal e o
prédio foi construído pelo IPESP. Em 17 de Outubro de 1962, o Grupo Escolar do Bairro Estádio
passou a chamar-se Grupo Escolar “Profª Diva Marques Gouvêa” e logo passou para dez classes
e 386 alunos (1962) e treze classes e 457 alunos (1963).4

4
Outras informações em: SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação, Coordenadoria de Ensino do Interior; Secretaria de Ensino
Região de Limeira; E.E. “Profª Diva Marques Gouvêa” – Rio Claro. PROJETO Político Pedagógico: Plano de Trabalho. Rio Claro, 2005.

758
Em 1976, a escola passou a atender estudantes da 1ª a 8ª série, passando, a
chamar-se Escola Estadual de Primeiro Grau “Profª Diva Marques Gouvêa”, além de implantar
curso noturno e supletivo, sendo que em 1996, voltou a se dedicar aos quatro primeiros anos –
Ciclo I – do Ensino Fundamental.

No dia 1º de Agosto de 2005, a Escola Estadual “Profª Diva Marques Gouvêa” foi
municipalizada, passando a chamar-se Escola Municipal “Profª Diva Marques Gouvêa”, com um
total aproximado de 780 alunos, dos quais cerca de 60% proveniente de bairros muito distantes –
e até fora do perímetro urbano (Itapé, Batovi), recebendo, também, alunos de entidades
assistenciais como a Casa da Criança e o Lar Esperidião Prado, e do Instituto Allan Kardec,
portadores de Deficiência Mental leve, incluídos em classes regulares.

Entre outros objetivos, esta escola visa proporcionar aos alunos do Ciclo I o acesso
à cidadania e à realização pessoal, assegurando, nestes anos inicias de estudos, bases para que
cada aluno tenha chances de tornar-se um dia “tudo aquilo que ele puder ser”, explorando suas
potencialidades – sempre respeitando as diferenças e trabalhando para suprir suas carências.
Como metas prioritárias a escola visa: o desenvolvimento das habilidades básicas, para que cada
aluno possa construir o seu conhecimento – com destaque para o desenvolvimento de linguagens
e a abertura para o pensamento crítico, a observação do meio (espaço e tempo) e a solução de
problemas; atitudes favoráveis ao desenvolvimento dos alunos e a sua harmoniosa e produtiva
integração no meio.

Para alcançar seus objetivos a escola: utiliza o método construtivista,


proporcionando aos alunos experiências e vivências significativas, produtivas e estimulantes;
mantêm um ambiente de cordialidade e harmonia; promove eventos e atividades escolares;
procura estreitar os laços com a comunidade escolar, para que todos gostem da escola; incentiva
o espírito crítico e o espírito comunitário; busca adequar-se ao alunado extremamente
heterogêneo etc.

Em relação aos conteúdos e objetivos da Educação Física, a escola se apóia nos


PCN’s sendo eles: esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rítmicas e expressivas;
conhecimento do corpo, sendo que, dada a municipalização que ocorreu recentemente, aguarda
aprovação do novo Projeto Pedagógico sobre o qual se assentará o plano para a Educação Física.
Porém, até então, cada professor (não só de Educação Física) deve entregar um semanário ao
final de cada semana com todos os planos de aula que foram dadas, para a Orientadora. Vale
destacar que cada semestre escolar é divido por temas, sobre o qual todos os professores devem
basear suas aulas.

759
Em relação ao mini-curso proposto para desenvolvimento entre 01 e 29 de setembro
de 2005, devemos ressaltar que este obedeceu a mesma seqüência das aulas realizadas na
EMEIEF “Victorino Machado”, apesar das particularidades de cada uma das escolas. As aulas
foram realizadas às quintas-feiras, das 7:50 às 8:40 e às sextas-feiras, das 10:40 às 11:30 horas.

Nesse sentido, não registraremos aqui o plano de cada uma das aulas, mas nos
remeteremos a elas por meio dos números correspondentes, evidenciando apenas as impressões
dos estagiários em relação à avaliação de cada uma delas.

Vale destacar que, na Escola Municipal “Diva Marques Gouvêa”, o mini-curso teve
uma aula a mais, tendo em vista as dificuldades apresentadas no desenvolvimento do Projeto na
outra escola. Ou seja, a aula de lançamentos foi realizada em uma aula de 50 minutos, de modo
que a avaliação, realizada por meio dos desenhos e respostas às questões formuladas pelos
estagiários, foi realizada na aula seguinte. Além disso, devemos reforçar que não houve nenhuma
atividade prévia de atletismo em relação ao conteúdo do mini-curso, como ocorreu na outra escola.
Assim, nem o professor de Educação Física havia trabalhado com o atletismo em suas aulas, nem
os alunos tiveram a oportunidade de visitar a pista de atletismo da UNESP ou apreciar a exposição
de imagens. Esse, certamente, foi um ponto diferenciador entre as duas escolas durante a
implementação do Projeto.

2.1. Registro da avaliação e observações dos estagiários em relação às aulas do mini-curso

Aula 1 – 01/09/2005 – Quinta-feira – 7:50 às 8:40 horas


Avaliação dos estagiários: “Num primeiro contato com os alunos percebemos que eram muito
agitados. Porém, os alunos, de modo geral, se mostraram muito interessados no conteúdo
transmitindo, principalmente, quando lhes mostramos os materiais oficiais, como o peso, o disco, o
martelo e o dardo” (...) o vídeo ficou um pouco prejudicado devido à falta de tempo e
comportamento dos alunos.

Aula 2 – 02/09/2005 – Sexta-feira - 10:40 às 11:30 horas


Avaliação dos estagiários: “Para minha surpresa os alunos se comportaram muito melhor na
aula prática”. “Tiveram um comportamento melhor e participaram muito bem da aula, fazendo as
atividades com prazer. Foi interessante observar que os alunos gostaram muito de fazer a posição
de saída baixa”.

760
Aula 3 – 08/09/2005 – Quinta-feira - 7:50 às 8:40 horas
Avaliação dos estagiários: “Primeiramente, observamos a dificuldade que os alunos tinham de
ficar em fila, e isso, talvez, tenha acarretado o mau andamento dessa aula. Aqueles alunos que
participaram das aulas, ao meu ver, tiveram grande prazer em fazer as atividades propostas, mas
reclamaram um pouco quanto à dificuldade de algumas”.

Aula 4- 09/09/2005 – Sexta-feira - 10:40 às 11:30 horas


Avaliação dos estagiários: “Apesar de ter tido uma grande dificuldade em realizá-la, os alunos
que participaram dessa aula, demonstraram grande interesse durante as atividades,
principalmente porque todos eles participaram ao mesmo tempo, em algumas atividades
individualizadas”.

Aula 5 – 22/09/2005 – Quinta-feira - 7:50 às 8:40 horas


Avaliação dos estagiários: “As atividades se desenrolaram muito bem, até o ponto em que as
atividades começaram a ficar um pouco mais complexas, como na atividade em que o salto em
altura tinha que ser realizado com uma perna específica, de acordo com o lado. Os alunos ficaram
bastante confusos, e não conseguiram realizá-la direito. Nesse momento, os alunos começaram a
ficar mais agitados aparecendo os problemas com a organização da fila, apresentando
comportamentos das aulas anteriores.

Aula 6 – 23/09/2005 – Sexta-feira – 10:40 as 11:30 horas


Avaliação dos estagiários: “Esta aula foi a mais difícil de todas, em que houve maior desgaste
por parte do estagiário para passar as atividades, pois era a aula de lançamento. Então, cada
dupla de alunos possuía uma bolinha e com isso a distração foi muito grande. O mini-curso era
para ser encerrado neste dia com uma atividade em sala de aula, mas devido à turma ser muito
agitada não daria tempo de fazer o encerramento no mesmo dia.”

Aula 7-29/09/2005 – Quinta-feira - 7:50 às 08:40 horas


Avaliação dos estagiários: “Essa aula foi incluída, pois não haveria tempo para realizá-la junto à
aula de lançamento. A aula serviu para podermos observar quanto os alunos aprenderam durante
o curso de atletismo, por meio de desenhos. A maioria dos alunos fez direitinho os desenhos, sem
problemas, mas alguns não queriam fazer e de tanto nós insistirmos acabaram copiando o
desenho do colega de classe”.

761
2.2. Registro das avaliações realizadas pelos alunos do mini-curso

Composta pelos desenhos e respostas realizados pelas crianças, observamos o


seguinte em relação ao desenvolvimento do minicurso.

DESENHO 1
DESENHO A DESENHO B

Universo restrito em relação ao atletismo Ampliação do universo do atletismo com provas


específicas

DESENHO 2
DESENHO A DESENHO B

Atividade de saltar sem vínculo com a Transposição para uma prova do atletismo
modalidade

DESENHO 3
DESENHO A DESENHO B

Apresentação de um conteúdo específico do Apresentação de um conteúdo que mais se


atletismo: salto com vara aproximou do interesse inicial

762
2.2.3. Considerações gerais sobre o desenvolvimento do mini-curso na Escola Municipal
“Profa. Diva Marques Gouvêa”

Desde o primeiro contato com os alunos estabeleceu-se um vínculo bastante


próximo com a equipe de trabalho, que, ao contrário da outra escola, não teve nenhum contato
prévio com as crianças. Além disso, pelo o que pudemos averiguar, as crianças não haviam tido,
até então, nenhum contato institucional com o atletismo, o que, talvez, tenha contribuído para o
interesse, já que cada aula era uma “novidade”.

A cada aula, os estagiários perguntavam: “o que é atletismo?”, de forma que as


crianças, desde o início, puderam se familiarizar, pouco a pouco, com o conteúdo que estava
sendo transmitido, recordando sempre, tudo o que fora dado anteriormente. Isso, certamente,
favoreceu a aprendizagem conforme pudemos constatar por meio das avaliações dos desenhos
que em sua maioria revelam uma ampliação do conhecimento específico no campo do atletismo.
Aliás, a apreensão do conteúdo foi surpreendente, revelando a facilidade de assimilação do
atletismo em função das estratégias utilizadas no mini-curso que se valeu, fundamentalmente, de
jogos pré-desportivos e atividades básicas relacionadas ao atletismo.

As questões, entretanto, não nos ofereceram muito material para análise, uma vez
que foram muito sucintas, copiadas por alguns, sendo as que se destacaram estão a seguir,
prescritas na íntegra, inclusive com os erros de português expressos pelas crianças.

1. O que é atletismo?

Realizada ao início de cada aula, esta pergunta serviu para fundamentar os


conhecimentos em torno do atletismo. Apesar dos erros de português, próprios da faixa escolar,
pudemos verificar que as crianças, de maneira geral, sedimentaram os conhecimentos que nos
propusemos a transmitir durante as aulas do mini-curso. Vejamos algumas das respostas:

A- Corrida, salto em distantancia, salto em atura, aremeso de bola.


B- Salta, aremesar.
C- Arremesso, lansar, sauto em altura, corrida.
D- Corrida, lancar, arremeçar e sautar.

763
2. O que você achou das aulas de atletismo?

Quando questionadas em relação às aulas desenvolvidas durante o mini-curso, as


crianças, expressaram nas respostas a mesma receptividade que apresentaram nas aulas,
afirmando, por exemplo:

A- Eu achei u macimo de corasão.


B- Maneiro.
C- Eu adorei as aulas.
D- Legais, divertidas e maneiras.

3. O que você achou dos professores que deram aulas de atletismo?

Ressaltamos, anteriormente, a proximidade das crianças com os estagiários, fato


que favoreceu, inclusive, o bom andamento e sucesso do mini-curso. Apesar de sucintos, as
crianças expressaram suas impressões, dizendo:

A- Eu gostei muito dele.


B- Demais
C- Muito legais na verde maravilhosos.
D- Os profesores são legais e divertidos.

764
CONSIDERAÇÔES FINAIS SOBRE O PROJETO COMO UM TODO

Coroado de êxito, o Projeto “Atletismo se aprende na escola: aplicação na realidade


escolar” demonstrou ser plenamente possível o ensino do atletismo na escola.

Apesar das dificuldades de espaço físico, materiais, tempo restrito, entre outras,
notou-se um grande entusiasmo por parte das crianças independentemente de terem ou não tido
contato prévio com a modalidade.

As atividades desenvolvidas foram registradas por meio de fotografias, arquivadas


no banco de dados do GEPPA, capaz de ser acessado por qualquer interessado.

Entre outros problemas, a indisciplina escolar, as dificuldades de aprendizagem, o


desinteresse e apatia de alguns, a agressividade de outros, revelam aspectos comuns entre as
duas realidades escolares. Entretanto, uma das coisas que mais nos impressionou foi a dificuldade
de alguns alunos, na verdade, muitos deles, com a escrita, sobretudo por estarem na 2a série
escolar em que já deveriam estar alfabetizados. Os relatos escritos das crianças, em especial, nos
desenhos, revelam essa dificuldade por meio de palavras, tais como: “sato em autura”; “aremeço
de bolota”, “deznho”, “santo em atura”, “sauto em autura”, “corendo” “pula do baranco”, “salto em
alutura”, “salto com varra”, “salto tesora”, “sato em estenção”, “corida”, “salto tisora”, “lansamento”,
“lanchar”, “encina”, “lanssar”, entre outras.

Além do contato entre a Universidade e a Escola Pública proporcionado pelo


desenvolvimento deste Projeto, cabe destacar a difusão desta experiência em diferentes eventos
científicos. Nesse sentido, o Projeto do Núcleo de Ensino, em 2005, foi apresentado em sessões
científicas, quer como pôster, quer como comunicação oral em diversos eventos, além de ser
publicado nos respectivos anais ou cadernos de resumos5.

Por fim, concluímos que os benefícios deste Projeto foram muitos. Só para
mencionarmos alguns: favoreceu a aprendizagem do atletismo por parte das crianças; contribuiu
para a experiência profissional dos estagiários, alunos de Educação Física; produziu e divulgou
conhecimento científico por meio da elaboração de artigo e de apresentação de trabalhos em
eventos científicos; demonstrando que esta modalidade esportiva detém um universo amplo para o
investimento daqueles que querem trabalhar, pesquisar, estudar e fazer atletismo.
5
MATTHIESEN, S. Q.; SILVA, A. C. L.; SILVA, M. F. G. da. De 2003 a 2005: o Projeto do Núcleo de Ensino da UNESP-Rio Claro
“Atletismo se aprende na escola”. IN: Anais do IX Encontro Fluminense de Educação Física Escolar, Niterói, p. 148-149, 29 a 31/7/2005;
FAGANELLO, F. R.; SILVA, A. C.L; MATTHIESEN, S. Q.; GIMENE, M. H. P..; PRIORI, M. E. K.; PRIORI, R.A. V.; SARGAÇO, V. J.
Uma manhã na pista de atletismo: a visita da EMEIEF “Professor Victorino Machado”. In: Conversas com quem gosta de atletismo IV,
Rio Claro, 20 e 21 de outubro de 2005, p. 19; SILVA, A. C. L.; MATTHIESEN, S. Q.; SILVA, M. F. G. Atletismo se aprende na escola: o
projeto do Núcleo de Ensino da UNESP-Rio Claro de 2003 a 2005. In: Conversas com quem gosta de atletismo IV, Rio Claro, 20 e 21
de outubro de 2005, p. 12; SILVA, M. F. G. da; SILVA, A. C. L.; MATTHIESEN, S. Q. De 2003 a 2005: o Projeto do Núcleo de Ensino da
UNESP-Rio Claro “Atletismo se aprende na escola”. IN: Congresso de Iniciação Científica da UNESP, Rio Claro, 8-9/11/2005;
MATTHIESEN, S. Q.; SILVA, A. C. L.; SILVA, M. F. G. da. Atletismo se aprende na escola: aplicação na realidade escolar. IN: VIII
Seminário de Educação Física Escolar, São Paulo, 10 a 13/11/2005.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ATLETISMO III. Anais ... Rio Claro: UNESP, 2004.
MATTHIESEN, S. Q. Uma abordagem escolar do Atletismo como manifestação esportiva. In:
Manifestações dos esportes/Comissão de Especialistas de Educação Física [do Ministerio do
Esporte]. – Brasilia: Universidade de Brasilia/CEAD, 2005.
_____. Atletismo se aprende na escola. Rio Claro: NE, 2003. 58p.
_____. Atletismo se aprende na escola. Jundiaí: Fontoura, 2005.
_____; CALVO, Adriano Percival; SILVA, Augusto César de Lima E; FAGANELLO, Flórence
Rosana. Atletismo se aprende na escola. Motricidade, Santa Maria da Feira, Portugal, v.1, n.1, p.
36-47, 2005.
RIO CLARO. Prefeitura Municipal de Rio Claro, Secretaria Municipal de Educação. Planejamento
Curricular 2005, Educação Física. Rio Claro, 2005.
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação, Coordenadoria de Ensino do Interior; Secretaria
de Ensino Região de Limeira; E.E. “Profª Diva Marques Gouvêa” – Rio Claro. PROJETO Político
Pedagógico: Plano de Trabalho. Rio Claro, 2005.
SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Educação. Plano de Trabalho: Escola Municipal de
Educação Infantil e Ensino Fundamental “Professor Victorino Machado”. Rio Claro, 2005.

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